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SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES (SCO) Um Guia Prático para Responder Situações Críticas, Desastres e Crises Defesa Civil do Estado de Santa Catarina Diretoria de Gestão de Educação Defesa Civil do Estado de Santa Catarina Diretoria de Gestão de Educação 1ª Edição 2020 SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES (SCO) Um Guia Prático para Responder Situações Críticas, Desastres e Crises IN ST IT UC IO N A L GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA Carlos Moisés da Silva DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA Chefe da Defesa Civil Aldo Neto DIRETOR DE GESTÃO DE EDUCAÇÃO Alexandre Corrêa Dutra Marcos de Oliveira 1ª Edição Florianópolis Defesa Civil do Estado de Santa Catarina 2020 SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES (SCO) Um Guia Prático para Responder Situações Críticas, Desastres e Crises O RG A N IZ A Ç Ã O Defesa Civil do Estado de Santa Catarina. Oliveira, Marcos de. Sistema de Comando em Operações (SCO): um guia prático para responder situações críticas, desastres e crises. 1ª ed. Florianópolis, 2020. DESIGN INSTRUCIONAL: Maria Hermínia Benincá Schenkel PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Walter Stodieck ILUSTRAÇÃO: Makian Boaventura Soares SU M Á RI O LIÇÃO 01 ............................................................................................................. 13 LIÇÃO 02 ........................................................................................................... 35 LIÇÃO 03 ...........................................................................................................65 LIÇÃO 04 ...........................................................................................................97 LIÇÃO 05 .......................................................................................................... 115 LIÇÃO 06 ..........................................................................................................133 REFERÊNCIAS ................................................................................................157 Este livro contém alguns recursos para facilitar o processo de aprendizagem e aprofundar seu conhecimento. São eles: Questão: quando temos uma pergunta impor- tante sobre o assunto que está sendo tratado. Zoom: toda imagem que apresentar este ícone poderá ser expandida ao clicar nela. Dica: uma informação para complementar o que está sendo visto. Destaque: são informações importantes dentro do texto. Balão: serve para explicar uma palavra ou um conceito. Resumo da Lição: é a síntese da Lição. C O M O U SA R ES TE LI V RO COMO USAR O NOSSO LIVRO A PR ES EN TA Ç Ã O Prezado cursista, Seja bem-vindo! Você está iniciando agora o Curso de Capacitação em Sistema de Comando em Operações (SCO), que foi preparado e está sendo oferecido pela Defesa Civil catarinense, através de sua Diretoria de Gestão de Edu- cação (DIGE). Os materiais didáticos disponíveis na modalidade de educação a distância permitirão que você aprenda sobre a metodologia do SCO e esteja melhor preparado para responder desastres e crises. Os conteúdos da capacitação foram divididos seis (06) lições: Lição 01 - Introdução ao Curso (Conceito, Origem e Benefícios do SCO) SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 10 Lição 02 - Princípios orientadores do Cigerd/Defesa Civil e as 14 características gerenciais do SCO Lição 03 - Estrutura organizacional e elementos do SCO Lição 04 - Instalações e áreas predefinidas do SCO Lição 05 - Formulários Padronizados Série 200 do SCO Lição 06 - O SCO na prática O principal objetivo do curso é o de promover uma melhor compreensão sobre a teoria e prática do Sistema de Comando em Operações (SCO), de forma a oferecer a você cursista, uma metodologia de atuação padronizada, baseado em boas práticas gerenciais, que permitam uma atuação mais segura, integrada e cooperativa para enfrentar as demandas e complexidades crescentes dos riscos e desas- tres, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais. Os conteúdos do curso foram revisados e atualizados de forma a proporcionar uma ampla base teórica e oportunizar a discussão sobre o emprego do SCO, a partir da descrição de exercícios e dicas de espe- cialistas, tão necessárias para a melhoria e o aperfeiçoamento dos processos de comando, controle e coordenação de situações críticas, desastres e crises. Espera-se que a capacitação forneça uma visão geral de como funciona o SCO, incluindo conceitos- -chave, dicas de comunicação, estrutura organizacional integrada, entendimento sobre as responsabi- lidades de cada função do organograma básico, emprego de formulários padronizados, planejamento de ações, etc. Obrigado pela participação e sucesso na caminhada de aprendizagem! LI Ç Ã O 0 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao finalizar esta lição, você será capaz de: - Compreender o funcionamento do Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres de Santa Catarina (Cigerd), seus protocolos, procedimentos e a adoção do SCO como modelo padronizado de resposta para desastres e crises; -Identificar os principais problemas encontrados nas ações de resposta de desastres, crises e situações críticas; - Diferenciar situações críticas e emergências comuns; - Conceituar o Sistema de Comando em Operações (SCO), bem como, descrever sua origem, evolução e benefícios. INTRODUÇÃO (CONCEITO, ORIGEM E BENEFÍCIOS DO SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - SCO) Ilustração: Makian Boaventura Soares DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 15 A primeira estrutura de Defesa Civil catarinense foi criada no Governo Colombo Machado Salles, em 18 de maio de 1973, através da Lei nº 4.841. Se considerarmos a evolução histórica, desde sua criação, devido a necessidade de modernização e melhor atendimento das necessidades de proteção ao povo catarinense, sua estruturação sofreu várias reformulações, passando inicialmente de uma Coordenadoria Estadual de Defesa Civil para Departa- mento Estadual, tendo posteriormente seu status elevado para Secretaria de Estado em 2011, e atual- mente, com base na Lei Complementar nº 741/2019 passou a ser chamada simplesmente de Defesa Civil, identificada com a sigla DC. Por consequência, o denominado “secretário”, conforme anteriormen- te previsto, agora possui a atribuição de Chefe da Defesa Civil. Recentemente, com base na Lei Complementar nº 741/2019, a Defesa Civil catarinense passou por uma ampla mudança na sua estrutura organizacional, com a criação e disposição de novos cargos e funções, demandando a adequação do seu organograma e das competências organizacionais. A NOVA ESTRUTURA FUNCIONAL DA DEFESA CIVIL ESTADUAL Em 12 de junho de 2019 foi pu- blicada a Lei Complementar nº 741/2019, de autoria do Gover- no do Estado, a qual dispôs so- bre a estrutura organizacional básica e o modelo de gestão da Administração Pública Esta- dual. Trata-se da reforma e re- estruturação administrativa da organização do Poder Executivo Estadual de Santa Catarina, a qual acabou influenciando a re- estruturação da Defesa Civil de Santa Catarina, no que tange a composição de suas Diretorias e respectivas Gerências e Coor- denadorias. A Defesa Civil Estadual representa o órgão central que coordena o Sistema Estadual de Prote- ção e Defesa Civil (SIEPDEC), e tem por objetivo maior o de planejar, articular e coordenar as ações de proteção e defesa civil em todo o território catarinense. SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 16 Para fins de atendimento ao público em geral, a sede da DC está estruturada em um Gabinete do Chefe da DC, uma Área Administrativa (que conta com a Diretoria de Gestão Administrativa e Financeira - DGAF e sete Gerências) e uma Área Operacional (que conta com três Diretorias, a Diretoria de Gestão de Riscos - DGRI, a Diretoria de Gestão de Desastres – DGDE e a Diretoria de Gestão de Educação – DI- GEalém de doze Gerências e duas Coordenadorias). A estrutura conta ainda com o apoio do Grupo de Ações Coordenadas(GRAC) e do Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDC). DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 17 A DC tem sua sede localizada em Florianópolis, Santa Catarina, na Avenida Ivo Silveira, nº 2.320, Bairro Capoeiras, no mesmo prédio onde funciona o Centro Integrado de Gestão de Riscos e de Desastres (CI- GERD Estadual), o qual conta ainda com outras 20 estruturas de CIGERD’s Regionais, localizados juntos as Coordenadorias Regionais de Proteção e Defesa Civil (COREDEC’s), criados de acordo com o Decreto nº 1879, de 29 de novembro de 2013. Os novos paradigmas de gestão da Defesa Civil Estadual A DC entende que, atualmente, o maior desafio das organizações está em aprender a converter o co- nhecimento dos seus colaboradores e especialistas em conhecimento organizacional. Nesse contexto, enquanto as organizações privadas buscam criar estratégias de gestão que as possibilitem sobreviver e lucrar, as organizações públicas buscam, principalmente, qualidade, eficiência, efetividade social e desenvolvimento econômico e social. Buscando implementar um novo paradigma de gestão, com base na Gestão do Conhecimento, foi efeti- vada uma parceria entre a Defesa Civil de Santa Catarina (DC), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), como a implementação de dois projetos para o desenvolvimento de práticas de gestão do conhecimento liga- das aos processos de atuação do Centro Integrado de Gestão de Riscos e Desastres – CIGERD. O processo de implementação da Gestão do Conhecimento na Defesa Civil de Santa Catarina acabou dividido em quatro etapas: diagnosticar, planejar, desenvolver e implementar. SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 18 Para que você conheça melhor essas etapas, elas estão descritas em documentos já produzidos pela Defesa Civil. Assim, as 1a e 2a etapas estão descritas no manual “Mapeamento do conhecimento: Diagnosticar & Planejar”, a 3a etapa de desenvolvimento foi estruturada no manual “Procedimentos: Desenvolver & Revisar”, que apresenta os protocolos de atuação conjunta e procedimentos (adminis- trativos, gerenciais e operacionais), com o objetivo de proporcionar um espaço permanente de consulta e padronização das atividades desenvolvidas por cada diretoria, gerência e coordenadoria da DC. A 4a e última etapa é registrada no manual “Práticas de Gestão do Conhecimento: Implementar”, onde são descritas sete práticas de Gestão do Conhecimento identificadas e priorizadas como as mais adequa- das para a Defesa Civil de Santa Catarina. Paralelamente, foi desenvolvido o Programa SC Resiliente que tem como objetivo fortalecer as ações de Redução de Risco e Desastre (RRD) e resiliência nos municípios catarinenses, por meio de incentivo direto e reconhecimento formal da Defesa Civil estadual (Santa Catarina, 2019). Gestão do Conhecimento Desenvolver ImplementarPlanejarDiagnosticar DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 19 O funcionamento do Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e De- sastres de Santa Catarina – CIGERD O Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres de Santa Catarina – CIGERD representa uma ideia e um esforço do Governo Estadual na busca por integrar os diversos setores e órgãos do Es- tado de Santa Catarina para o gerenciamento dos riscos e de desastres e, com isso, reduzir os impactos dos eventos adversos na população e no meio ambiente. SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 20 O CIGERD faz parte do Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil (SIEPDEC), e possui a missão de promover, facilitar e apoiar os esforços conjuntos das Secretarias de Estado e suas respectivas Insti- tuições vinculadas, na prevenção e preparação para responder e se recuperar de desastres no território catarinense. Pode-se afirmar que o CIGERD faz parte de uma nova proposta para o sistema de proteção e defesa civil em desenvolvimento em Santa Catarina, e sua estrutura conta com uma (01) estrutura central (CIGERD Estadual), sediada na Capital, e mais vinte (20) CIGERD’s Regionais, sediados junto às Coordenadorias Regionais de Defesa Civil (COREDEC’s), conforme estabelecido no Anexo Único do Decreto N° 1.879, de 29 de novembro de 2013.O documento que determina a utilização da metodologia do Sistema de Comando em Ope- rações (SCO) como modelo pa- drão de comando, coordenação e controle de ações de resposta e gestão de desastres e crises é o Procedimento Operacional Nr 029, de 31/01/19, do Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CIGERD). As condutas e forma de atua- ção dos integrantes do CIGERD e da própria estrutura da DC (Diretorias, Gerências e Coor- denadorias) estão padroniza- dos em dois documentos prin- cipais, a saber: 14 Protocolos de Atuação Conjunta (PAC’s) e 97 Procedimentos (sendo oito gerenciais, 23 administrativos e 66 operacionais). Além disso, o CIGERD utiliza a metodologia do Sistema de Comando em Operações (SCO) como mode- DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 21 lo padrão de comando e coordenação de ações para reduzir a complexidade da gestão dos desastres por meio da cooperação e união de esforços. Metodologias disponíveis para responder desastres e situações críticas Durante muito tempo, a gestão de desastres concentrou-se unicamente em ações reativas desenvolvi- das após o impacto do evento adverso, envolvendo basicamente atividades de resposta, ou seja, ações de socorro e assistência às pessoas atingidas. Mais recentemente, com o aperfeiçoamento do sistema de proteção e defesa civil nacional, conside- ração de múltiplas fontes (Estratégia Internacional para a Redução de Desastres das Nações Unidas, Banco Mundial) e diálogo com técnicos e especialistas, o foco de atuação acabou sendo redirecionado para atividades mais concentradas nas ações de prevenção, mitigação e preparação, com foco na re- dução dos riscos. Atualmente, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), em conformidade com o Art. 3º, da Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012, abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, res- posta e recuperação de desastres, sem uma área de ação prioritária, com o objetivo maior de construir cidades e comunidades resilientes contra riscos e desastres através de políticas públicas de desenvol- vimento sustentável. Sabemos também que existem diferentes instrumentos de gerenciamento que podem auxiliar as orga- nizações que participam dessas ações a desenvolver suas atividades de forma colaborativa, integrada, eficiente e eficaz. SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 22 De forma geral, nas ações desenvolvidas durante os processos de gestão de riscos (que ocorrem normalmente em períodos de normalidade, ou seja, nos intervalos caracterizados pela ausência de eventos de desastres ou crises onde são desenvolvidas prioritariamente ações preventivas, de mitiga- ção e de preparação), devemos atuar com foco na construção de planos de contingências e ações de preparação para emergências. Um plano de contingência nada mais é do que um documento que registra o planejamento elaborado a partir do estudo de uma determinada hipótese de desastre ou cenário de risco. Todo Plano de Contingência tem a função de preparar as instituições, seus profissionais e a população em geral para uma preparação e resposta efetivas. Seu desenvolvimento envolve a tomada de decisão de forma antecipada no que diz respeito à gestão dos recursos humanos, materiais e tecnológicos a serem utilizados em uma situação de emergência real. Já nas ações desenvolvidas durante os processos de gestão de desastres (que ocorrem normalmente em períodos de anormalidade, ou seja, nos intervalos de tempo caracterizados pela ocorrência de even- tos extremos, desastres ou crises com potencial para alterar gravemente o funcionamento normal de uma comunidade ou sociedade) devemos buscar o emprego da metodologia do Sistema de Comando emOperações (SCO), pois ela representa uma ferramenta gerencial consolidada que permite que seus usuários adotem uma estrutura organizacional integrada para planejar e enfrentar as demandas e com- plexidades de um desastre, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais. A Defesa Civil catarinense compreende que, mais do que estar preparada e pronta para oferecer uma adequada resposta para situações de desastres e crises de toda ordem, deve utilizar uma metodologia DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 23 padronizada, confiável e aceita por todos aqueles que irão envolver-se nas ações de resposta e recupe- ração. Para tal, faz-se necessária a capacitação de seus integrantes e demais colaboradores eventuais, de forma que todos possam atuar de forma integrada, padronizada, segura e eficiente, permitindo que as ações de Governo estejam alinhadas nas esferas Federal, Estadual e Municipais, permitindo uma atuação cooperativa e integrada com os setores privados e com as organizações não-governamentais. Prova disso é que a DC catarinense foi pioneira na capacitação de parceiros em Sistema de Comando em Operações, promovendo em 2004, um primeiro Curso de Capacitação em SCO, na modalidade EaD, que de certa forma representou um ponto de inflexão importante e serviu para consolidar a metodolo- gia como modelo padrão de resposta às situações de crise e desastre de toda ordem. Agora a DC catarinense, através da Diretoria de Gestão de Educação (DIGE), oferece uma nova opor- tunidade de capacitação em SCO, que permitirá àqueles que realizem o treinamento ampliar seus co- nhecimentos sobre o tema e melhor compreender a importância do SCO como ferramenta de gestão padronizada para responder desastres, crises ou mesmo eventos planejados de toda ordem. A padronização de condutas servirá para fornecer um modelo consistente que permita que toda a co- munidade e os usuários do sistema trabalhem em conjunto para prevenir, mitigar, preparar, responder e recuperar-se dos efeitos das emergências e desastres, independentemente de sua causa, tamanho, localização ou complexidade. Apesar de ser uma capacitação aberta ao público interessado em geral, acredita-se que a clientela pre- ferencial do Curso seja constituída por integrantes de órgãos de Proteção e Defesa Civil, estudantes e voluntários interessados no tema, bem como, integrantes de instituições públicas ligadas à segurança SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 24 A evolução conceitual do Sistema de Comando em Operações – SCO De acordo com a primeira capacitação oferecida pela DC catarinense, o conceito do Sistema de Coman- do em Operações se baseava no Incident Command System (ICS), metodologia criada e desenvolvida nos Estados Unidos da América a partir dos anos 70, e era o seguinte: “O SCO é uma ferramenta gerencial para comandar, controlar e coordenar as operações de resposta em situações críticas, fornecendo um meio de articular os esforços de agências individuais quando elas atuam com o objetivo comum de estabilizar uma situação crítica e proteger vidas, propriedades e o meio ambiente ”. Os conteúdos da capacitação foram revisados e atualizados de forma a proporcionar uma ampla base teórica e oportunizar a discussão sobre o emprego do SCO, a partir de conteúdos e exercícios didáticos tão neces- sários à melhoria e ao aperfeiçoamento dos processos de comando, con- trole e coordenação de situações críticas, a partir dos conteúdos do Curso Incident Command System/ICS da U.S. Department of Homeland Security - Federal Emergency Management Agency (FEMA), os quais também so- freram uma aguardada revisão em outubro de 2017, sob coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes Norte-americano - Na- tional Incident Management System (NIMS). pública, saúde, assistência e de serviços essenciais, que diariamente atuam na resposta de emergên- cias e situações críticas. DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 25 Atualmente, o conceito foi revisto pela National Incident Management System (NIMS), e publicado pela Federal Emergency Management Agency (FEMA) em outubro de 2017, conforme segue: “Ferramenta de gestão padronizada para atender às demandas de situações pequenas ou grandes de emergência ou não-emergência. Representa as melhores práticas e se tornou o padrão para o gerencia- mento de emergências nos EUA”. Percebe-se que o conceito evoluiu de uma simples ferramenta gerencial para o modelo padrão de ge- renciamento de respostas para qualquer tipo de emergência ou mesmo não-emergência, representan- do o conjunto das melhores práticas e lições aprendidas ao longo dos tempos. Boas práticas e lições aprendidas: representam um processo de identifi- cação daquilo que deu certo (boas práticas) e daquilo que não funcionou bem, com vistas a proposição de soluções de melhoria e aperfeiçoamento de condutas (lições aprendidas). A Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) é uma agência do governo dos Esta- dos Unidos da América, subor- dinada ao Departamento de Segurança Interna (Homeland Security), criada em 1979, a qual tem por objetivo principal coor- denar as respostas a desastres que ocorrem nos EUA e que su- perem os recursos das autorida- des e organizações locais e do estado. SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 26 Por questões didáticas, a Defesa Civil catarinense define o SCO como: “uma abordagem padronizada que representa as melhores práticas para facilitar o comando, o controle e a coordenação de ações de resposta, com vistas ao alcance de objetivos e prio- ridades previamente estabelecidas e o uso compartilhado e eficaz dos recursos (humanos, materiais, financeiros, tecnológicos e de informação) disponíveis”. Assim, o emprego padronizado das boas práticas do SCO possibilita que seus usuários adotem uma estrutura organizacional integrada para enfrentar as incertezas e complexidades de um desastre, crise ou mesmo um evento planejado, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais, evitando jogos de poder e disputas institucionais. O uso do SCO permite ainda que diferentes atores e organizações, possam atuar em uma estrutura hierárquica temporária, fornecendo procedimentos de resposta padronizados, com o objetivo de redu- zir os problemas de falta de comunicação e melhorar a segurança e eficácia das ações de resposta, transformando complexidade e confusão em compreensão, colaboração e união de esforços em torno do alcance de objetivos comuns. A origem e desenvolvimento do Sistema de Comando em Operações – SCO O Sistema de Comando de Incidentes (do inglês, Incident Command System – ICS) foi desenvolvido inicialmente para resolver problemas existentes entre agências de resposta a incêndios florestais na Califórnia e no Arizona, mas atualmente tornou-se um componente fundamental do Sistema Nacio- nal de Gerenciamento de Incidentes (National Incident Management System – NIMS) nos EUA, onde DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 27 evoluiu para uma abordagem baseada em boas práticas que padroniza a resposta de emergências e não-emergências em geral. Além disso, o ICS norte-americano serviu de inspiração e atuou como uma espécie de modelo para a construção de abordagens semelhantes em todo o mundo. Historicamente, o conceito inicial do ICS surgiu em 1968 durante uma reunião com chefes de bombei- ros no sul da Califórnia. O programa inicial foi construído seguindo a doutrina militar de gerenciamento adotada pela Marinha dos EUA, mas foi concebido para auxiliar nas ações de resposta e supressão de incêndios florestais na interface urbana da Califórnia. Durante a década de 1970, o problema dos incêndios florestais nos EUA tornou-se tão grave que uma série de incêndios devastadores ocorridos na Califórnia suplantou o sistema de proteção do Estado. A falta de conceitos unificados e modelos padronizados de resposta resultou em problemas operacio- nais sem precedentes. Como resultado, o CongressoNorte-Americano recomendou ao Departamento Florestal (U.S. Forestry) que desenvolvesse um sistema que pudesse resolver a questão e o estudo do ICS foi retomado. Sob a coordenação do U.S. Forestry, reuniram-se vários departamentos de bombei- ros para desenvolver um sistema de gestão para emergências. Este grupo de trabalho ficou conhecido como FIRESCOPE (Firefighting Resources of California Organized for Potential Emergencies). Os estu- dos determinaram que os problemas encontrados nas ações de resposta geralmente estavam relacio- nados a deficiências de comunicação e gerenciamento, em vez de falta de recursos ou falhas táticas de emprego operacional. Dois produtos importantes emergiram deste trabalho inicial: a finalização do Incident Command System (ICS) e o Multi-Agency Coordination System (MACS). SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 28 De acordo com Gomes Jr. (2009, p.3-5), a origem e o desenvolvimento do Sistema de Comando de Incidentes (do inglês, Incident Command System/ICS) “pode ser dividida em três etapas distintas, ou seja: sua origem na década de 70, sua consolidação nos anos 80 e 90 e, finalmente, a sua inclusão no Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes (do inglês, National Incident Management System) como ferramenta padrão para resposta emergencial nos EUA”. Os ataques terroristas ocorridos nos EUA, em 11 Setembro de 2001, marcaram uma data emblemática para a consolidação do Incident Command System. Como Nova Iorque não adotava o ICS na ocasião, seu desempenho foi comparado ao de Washington, DC, onde a resposta ao atentado contra o Pentágo- no foi considerada melhor gerenciada, com base na metodologia do ICS. A Comissão do Congresso que investigou os atentados recomendou então a criação de um sistema nacional padrão para gerenciamento de incidentes. Em decorrência disso, em 28 de fevereiro de 2003, o Presidente George W. Bush emitiu a Diretiva Presidencial de Segurança Interna 5 (do inglês, Homeland Security Presidential Directive ou HSPD-5) e criou Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes (do inglês, National Incident Management System - NIMS) estabelecendo um sistema nacional único, padronizado e abrangente de gerenciamento de incidentes nos EUA, tornando o Sistema de Comando de Incidentes (ICS) um conceito familiar entre o pessoal de gerenciamento de emergências e resposta a incidentes nos Estados Unidos. Logo, muitas pessoas apontam enganosamente o NIMS como o início do aplicativo ICS, no entanto, o sistema foi desenvolvido e evoluiu desde seu desenvolvimento original na década de 1970 para contro- lar incêndios florestais até chegar a um verdadeiro sistema de gerenciamento de incidentes para todos os riscos e operações (STAMBLER; BARBERA, 2011). O NIMS representa o Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes padrão dos EUA e se baseia em 3 componentes fundamentais (Gerenciamento de Recursos, Comando e Co- ordenação, e Comunicação e Informações). O ICS faz parte do eixo ligado ao Comando e Coordenação, e representa o principal elemento que define o padrão de estrutura organiza- cional para resposta nos EUA, modelada em boas práticas. DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 29 A importância do Sistema de Comando em Operações – SCO O conhecimento e a experiência acumulada pelas organizações de proteção e defesa civil ao longo dos últimos anos, indica que entre os vários problemas encontrados nas ações de resposta aos desastres, situações críticas e crises em geral encontram-se principalmente questões relacionadas com: • Falta de uma clara estrutura de comando; • Dificuldade em estabelecer objetivos e prioridades comuns entre as pessoas e instituições emprega- das na operação; • Ausência de planos e ordens consolidados para toda a operação; • Falta do uso de uma terminologia comum entre os envolvidos; • Dificuldades de integração e padronização nas comunicações; Imagem 01 - Emblema do sistema no nacional de gerenciamento de incidentes dos EUA Fonte: Imagem da Internet Na figura 01 vemos o emblema do Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes dos EUA (do inglês, National Incident Ma- nagement System - NIMS) que foi criado pela Diretiva Presidencial do Departamen- to de Segurança Interna Nr 05 (do inglês, Homeland Security Presidential Directive ou HSPD-5. SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 30 • Falta de controle ou utilização inadequada de recursos disponíveis; • Dificuldade no estabelecimento de áreas, acessos e instalações; • Falta de compartilhamento ou produção precária/fragmentada de inteligência; • Relacionamento precário com a imprensa. Além disso, situações críticas e crises acabam se diferenciando de emergências comuns por pos- suírem características especiais, tais como: risco elevado, complexidade, confusão, ações isoladas e dinâmicas, que exigem além de uma intervenção imediata de profissionais capacitados, uma postura organizacional não rotineira para o gerenciamento integrado e colaborativo das ações de resposta. Alguns exemplos dessas situações são os acidentes automobilísticos que envolvem múltiplas vítimas, os incêndios florestais de grande monta, os acidentes com produtos perigosos, negociações de crise com reféns, rebeliões em prisões, desastres naturais extremos, greve de serviços essenciais, etc. Foi exatamente essa constatação que despertou a necessidade e a importância da utilização de um sistema padronizado de boas práticas para o gerenciamento de situações críticas e crises, motivo pelo qual a DC catarinense está oferecendo essa capacitação. Os benefícios do uso do Sistema de Comando em Operações – SCO O adequado emprego do SCO como ferramenta gerencial para padronizar as ações de resposta em emergências e não-emergências propicia os seguintes benefícios: As emergências ditas comuns são aquelas que exigem uma intervenção imediata de pro- fissionais capacitados com equipamentos adequados, mas que podem ser atendidas pelos recursos normais de resposta a emergências, sem a necessida- de de ações de gerenciamento ou procedimentos especiais. São as ocorrências ordinárias atendidas cotidianamente por bombeiros, policiais, guardas municipais, equipes médicas do SAMU, equipes de manutenção de redes elétricas, agentes e técnicos de proteção e defesa civil, etc. DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 31 1) Fornece uma abordagem padronizada ba- seada em boas práticas que facilita o coman- damento das ações de resposta de qualquer natureza, complexidade ou dimensão; 2) Permite que pessoas de diferentes orga- nizações se integrem rapidamente em uma estrutura hierarquizada temporária de geren- ciamento comum; 3) Facilita o uso compartilhado e eficaz de recursos operacionais e logísticos tão neces- sários aos trabalhos de resposta; 4) Amplia a integração das comunicações e os fluxos de informações, melhorando os trabalhos de coleta, compartilhamento e divulgação de informações, planejamento e inteligência; 5) Fornece apoio de planejamento, logístico e administrativo/financeiro para o pessoal empregado nas atividades operacionais em cena; 6) Melhora a articulação do comando com elementos internos e externos à operação, facilitando rela- ções Institucionais e Governamentais; 7) Agrega valor à operação evitando a duplicação de esforços, disputas e jogos de poder, através do compartilhando de conhecimentos, planejamento e recursos, com vistas à construção de medidas colaborativas e de união de esforços em torno do alcance de objetivos comuns (BRASIL, 2010, p.22). SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES 32 RESUMO DA LIÇÃO 1 - O que é o SCO? Um sistema padronizado que representa as melhores práticas para facilitar o comando, o controle e a coordenação de ações de resposta, com vistas ao alcance de objetivos e prioridades previamente estabelecidas e o uso compartilhado e eficaz dos recursos (humanos, materiais, financeiros, tecnológicos e de informação) disponíveis. - Para que serveo SCO? Para permitir que esferas de governo federal, estadual e municipal atuem de forma inte- grada e efetiva com o setor privado e organizações não-governamentais, sem prejuízo de suas competências e limites jurisdicionais, evitando jogos de poder e disputas insti- tucionais. - Como funciona o SCO? Como ferramenta gerencial para planejar, organizar, liderar e controlar os efeitos de- correntes de situações críticas e crises, independentemente de sua causa, tamanho, configuração, localização ou complexidade. A partir de uma estrutura organizacional hierárquica temporária, o SCO permite que diferentes atores e organizações utilizem procedimentos gerenciais baseados em boas práticas com o objetivo de reduzir os pro- blemas gerenciais e melhorar a segurança e a eficácia das ações de resposta, transfor- DEFESA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA 33 mando complexidade e confusão em compreensão, colaboração e união de esforços em torno do alcance de objetivos comuns. - Qual foi o primeiro uso do SCO? Muitas pessoas, especialmente durante a realização de cursos de capacitação, questio- nam qual a primeira ocorrência na qual o SCO foi utilizado em Santa Catarina. Infeliz- mente, essa questão específica acabou perdida na história, mas como a metodologia foi inicialmente utilizada por integrantes do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de Santa Catarina é fácil deduzir que o SCO tenha sido utilizado inicialmente em algum acidente com múltiplas vítimas ou em algum incêndio de maior proporção, no final dos anos 90. Outro aspecto importante a destacar é que, com o desenvolvimento e consolidação do SCO para outras organizações de resposta, é provável que a metodologia tenha sido utilizada por integrantes da Defesa Civil catarinense em trabalhos de capacitação e na resposta de desastres a partir deste mesmo período. INTRODUÇÃO (CONCEITO, ORIGEM E BENEFÍCIOS DO SISTEMA DE COMANDO EM OPERAÇÕES - SCO) PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO CIGERD/DC E AS 14 CARACTERÍSTICAS GERENCIAS DO SCO ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E ELEMENTOS FUNCIONAIS DO SCO INSTALAÇÕES E ÁREAS PREDEFINIDAS DO SCO FORMULÁRIOS PADRONIZADOS SÉRIE 200 DO SCO O SCO NA PRÁTICA LIçÃO 01 Organograma Extendido: Botão 3: Mapa SC: Mapa Expandido: Encerrar Mapa: Benefícios: Benefícios Expandido: Encerrar Benefícios: Organograma 01:
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