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Habilidades Clínicas P3 E x a m e N e u r o l ó g i c o Marcella do Nascimento Tenório Cavalcante - avaliação do estado mental, principais sinais de irritação meníngea e estudo clínico dos pares cranianos - avaliação da força muscular, dos reflexos superficiais e profundos, do tônus muscular e dos movimentos extrapiramidais (atetose, distonias, tremores, tiques, balismo, coréia, parkinsonismo) - sensibilidade superficial e profunda, coordenação dos movimentos, marchas mais comuns, equilíbrio estático e dinâmico. Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 Estado Mental Mini Exame do Estado Mental (MEEM): https://aps.bvs.br/apps/calculadoras/?page=11 ➔ Normal: 27-30 ➔ Anormal: < 23 Níveis de Consciência MEEM Alerta Acordado e com respostas adequadas às perguntas Confusão mental Configura -se por perda de atenção, o pensamento não é claro, as respostas são lentas e não há percepção normal do ponto de vista temporoespacial, podendo surgir alucinações, ilusão e agitação. Sonolência O paciente é facilmente despertado, responde mais ou menos apropriadamente e volta logo a dormir. Obnubilação Quando a consciência é comprometida de modo pouco intenso, mas seu estado de alerta é moderadamente comprometido. Torpor ou estupor A alteração de consciência é mais pronunciada, mas o paciente ainda é despertado por estímulos mais fortes, tem movimentos espontâneos e não abre os olhos. Coma Não há despertar com estimulação forte, e o paciente está sem movimentos espontâneos. Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 https://aps.bvs.br/apps/calculadoras/?page=11 Escala de coma de Glasgow sINAIS de irritação meníngea Movimentos da cabeça: pede -se ao paciente que execute movimentos de extensão, flexão, rotação e lateralização da cabeça. Havendo dificuldade ou limitação, isso deve ser assinalado, com a respectiva graduação. Eventual dificuldade ou limitação pode estar relacionada com doenças osteoarticulares, musculares, meningites, radiculopatias e hemorragia subaracnóidea. Rigidez da nuca: o examinador coloca uma das mãos na região occipital do paciente em decúbito dorsal e, suavemente, tenta fletir a cabeça dele. Se o movimento for fácil e amplo, não há rigidez nucal, ou seja, a nuca é livre. Caso contrário, fala -se em resistência, defesa ou simplesmente rigidez da nuca. Esta última situação é frequentemente encontrada na meningite e na hemorragia subaracnóidea. Prova de Brudzinski: o examinador repousa uma das mãos sobre o tórax do paciente em decúbito dorsal e membros estendidos e, com a outra, colocada na região occipital, executa uma flexão forçada da cabeça. A prova é positiva quando o paciente flete os membros inferiores, havendo casos nos quais se observam flexão dos joelhos e expressão fisionômica de sensação dolorosa. Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 Provas de estiramento de raiz nervosa: • Prova de Lasègue: com o paciente em decúbito dorsal e os membros inferiores estendidos, o examinador faz a elevação de um membro inferior estendido. A prova é positiva quando o paciente reclama de dor na face posterior do membro examinado, logo no início da prova (cerca de 30° de elevação) • Prova de Kernig: consiste na extensão da perna, estando a coxa fletida em ângulo reto sobre a bacia e a perna sobre a coxa. Considera -se a prova positiva quando o paciente sente dor ao longo do trajeto do nervo ciático e tenta impedir o movimento. Outra manobra de Kernig é elevar ambos os MMII ao mesmo tempo; positiva se desencadear dor e flexão nos joelhos (Figura 20.2). Essas provas são utilizadas para o diagnóstico da meningite, da hemorragia subaracnóidea e da radiculopatia ciática. Pares cranianos I. OLFATÓRIO II. ÓPTICO III. Oculomotor IV. Troclear VI. Abducente V. TrigêmEo VII. Facial VIII. Vestibulococlear IX. Glossofaríngeo X. Vago XI. Acessório XII. hipoglosso Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 Pares cranianos I. OLFATÓRIO II. ÓPTICO ● Fechar uma narina e aspirar com a outra ● Acuidade visual ● Reflexo pupilar ● Fundo de olho ● Campo visual ○ Comparar campos visuais ○ Fechar um olho ○ Quantos dedos? ○ Mexendo ou parado? III. Oculomotor IV. Troclear VI. Abducente III. Oculomotor ● Nove posições do olhar ● Olhar para o nariz e dedo do examinador ● Reflexo fotomotor ● Convergência: paciente olhando para o dedo do examinador, aproximar devagar o dedo em direção ao nariz. V. Trigêmeo ● Tocar na córnea com algodão ● Abrir e fechar a boca ● Abrir a boca e colocar o queixo de um lado para o outro ● Morder as espátulas com força e comparar ● Músculos masseter e temporal SENSIBILIDADE SUPERFICIAL!!! VII. Facial ● Franzir a testa ● Fechar os olhos com força ● Sorriso forçado ● Bico ● Contrair o músculo platisma ● Encher as bochechas com ar e segurar ● VIII. Vestibulococlear ● Percebe o barulhinho? é parecido dos dois lados? ● O som é parecido dos dois lados? ● Quando parar de ouvir avise ● O examinador deve ouvir o som por mais alguns segundos ● Teste de Weber ● Tem alguma diferença nos lados? ● Teste de Rinne ● Quando parar de ouvir pela condução óssea deve continuar pela aérea. Atrito suave das polpas digitais próximo ao ouvido IX. Glossofaríngeo X. Vago Reflexo vestíbulo-ocular ● Olhar para o nariz do examinador enquanto gira a cabeça de um lado para o outro Reflexo nauseoso ● Tocar na úvula ● Pedir para o paciente abrir a boca, colocar a língua para fora e falar AAA… Observando elevação do palato XI. Acessório XII. hipoglosso ● Eleve os ombros e não deixe abaixar os ombros ● Vire a cabeça empurrando a mão do avaliador com o queixo ● Abrir a boca ● Colocar a língua para um lado, para outro e para cima ● Empurrar a mão com a língua Força Muscular ● Empurrar a mão do avaliador ● Puxar o braço ● Esticar o braço ● SEMPRE comparar um lado com o outro! Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 ● Não deixar abaixar/ abrir a mão, punho e dedos ● Empurrar a mão do avaliador ● Puxar a perna para trás em direção a maca ● Pisar como se fosse o acelerador de um carro ● Não deixar abaixar o pé ● Estender os braços com a palma das mãos viradas para cima ou para frente por 1 minuto OU ● Manobra de Mingazzini - segurar por 1 minuto Nos casos de discreta ou duvidosa deficiência motora dos membros realizam -se as denominadas “provas deficitárias”, representadas pelas provas de Barré, Mingazzini e dos braços estendidos. ◗ Literalmente: em que se anota a graduação e a sede: • Força normal nos quatro membros • Força discretamente diminuída na extensão do antebraço direito • Força moderadamente diminuída na flexão da perna esquerda • Força muito reduzida na extensão do pé direito • Força abolida na flexão da coxa esquerda ◗ Convencionalmente: de acordo com a Medical Research Council Scale, anotando se também a sede: • 5: força normal • 4+: movimento submáximo contra resistência • 4: movimento moderado contra resistência • 4–: movimento discreto contra resistência • 3: movimento contra a gravidade, mas não contra resistência • 2: movimento quando a gravidade é eliminada • 1: contração muscular sem deslocamento articular • 0: sem contração muscular. Queda dos membros inferiores em abdução Reflexos superficiais● Reflexo cutâneo Abdominal ● Reflexo cutâneo ● plantar Hoffman's sign positive: https://www.youtube.com/watch?v=GJ-Q2ibYAHs Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 https://www.youtube.com/watch?v=GJ-Q2ibYAHs Reflexos profundos ● Braquiorradial ● Tricipital ● Bicipital Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 Reflexos profundos ● Patelar ● Aquileu ● Adutor Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 Tonûs Muscular ● Avaliador movimenta braço e punho do paciente ● Enquanto avaliador movimenta o punho, abrir, fechar e dar tchau com a mão oposta ● Movimentar ombros ● Movimentar perna ● Balançar perna ➔ Hipotonia ➔ Hipertonia MovimentosExtrapiramidais ● atetose ● distonias ● tremores ● tiques ● balismo ● coréia ● parkinsonismoAtetose https://www.youtu be.com/watch?v= Ax_TYvI62xc&t=2 s Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 https://www.youtube.com/watch?v=Ax_TYvI62xc&t=2s https://www.youtube.com/watch?v=Ax_TYvI62xc&t=2s https://www.youtube.com/watch?v=Ax_TYvI62xc&t=2s https://www.youtube.com/watch?v=Ax_TYvI62xc&t=2s Coréia https://www.youtube.com/ watch?v=Vyp5VJECgaY https://www.youtube.com/watch?v=Vyp5VJECgaY https://www.youtube.com/watch?v=Vyp5VJECgaY Ataxia https://www.youtube.com/watch?v=OK_qaAN 0uYk&list=PLLhMFVj-upYPNg5P9MIkW29LF UdhYKg8A https://www.youtube.com/watch?v=OK_qaAN0uYk&list=PLLhMFVj-upYPNg5P9MIkW29LFUdhYKg8A https://www.youtube.com/watch?v=OK_qaAN0uYk&list=PLLhMFVj-upYPNg5P9MIkW29LFUdhYKg8A https://www.youtube.com/watch?v=OK_qaAN0uYk&list=PLLhMFVj-upYPNg5P9MIkW29LFUdhYKg8A Hemibalismo https://www.youtube.co m/watch?v=ERnvNaqB p00 https://www.youtube.com/watch?v=ERnvNaqBp00 https://www.youtube.com/watch?v=ERnvNaqBp00 https://www.youtube.com/watch?v=ERnvNaqBp00 Distonia https://www.youtube.com/watch?v=_DmvDGXjkak https://www.youtube.com/watch?v=_DmvDGXjkak Sensibilidade Superficial ● “A picada aqui e aqui é parecida?” ● Comparar os lados - ○ Rosto ○ Ombros e braços ○ Tórax e abdome ○ Membros inferiores ● Comparar de proximal para distal ● Sensibilidade tátil: ○ Hipoestesia ○ Anestesia ○ Hiperestesia ● Sensibilidade dolorosa: ○ Hipoalgesia ○ Analgesia ○ Hiperalgesia ● Estereognosia: capacidade de reconhecer objetos com a mão sem o auxílio da visão. ○ Astereognosia ou agnosia tátil ● Grafestesia: desenhar e identificar ● Sensibilidade tátil: Algodão ou pincel macio ● Sensibilidade térmica: quente e frio ● Dolorosa: agulha Sensibilidade profunda ● “O dedo está para cima ou para baixo?” ● Sensibilidade vibratória (palestesia): diapasão colocado em saliências ósseas ● Sensibilidade a pressão (barestesia): compressão digital ou manual em qualquer parte do corpo. ● Cinética postural ou artrocinética (batiestesia): desloca-se suavemente o polegar (flexão e extensão) ● Sensibilidade dolorosa profunda: compressão moderada de massas musculares e tendões. (normalmente não há dor) Coordenação dos Movimento ● Índex Nariz (olhos abertos e fechados) ● Índex-nariz-índex do Examinador ● Bater as mãos no colo com o dorso e a palma da mão rapidamente ● Calcanhar-Joelho ● Calcanhar Joelho Sensibilizado (deslizando pela perna) ● Hálux-index do examinador Eumetria/Dismetria Diadococinesia/ disdiadococinesia/ Adiadococinesia Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 Marchas Disbasia: todo e qualquer distúrbio da marcha Helicópode, ceifante ou hemiplégica Anserina ou de pato O paciente mantém o membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adução e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. Por essa razão, a perna tem de se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Este modo de caminhar lembra o movimento de uma foice em ação, daí o nome de marcha ceifante. Ocorre nos pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral. O paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco ora para a direita ora para a esquerda, lembrando o andar de um pato. É observada em doenças musculares e traduz uma diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas Cerebelar ou Marcha do Ébrio O doente ziguezagueia como uma pessoa embriagada. Este tipo de marcha traduz incoordenação de movimentos em decorrência de lesões do cerebelo Claudicante O paciente “manca” para um dos lados. Ocorre na insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor De pequenos passos Caracterizada por passos muito curtos, e, ao caminhar, o paciente arrasta os pés como se estivesse “patinando”. Ocorre na paralisia pseudobulbar e em doenças extrapiramidais. Às vezes, o paciente não consegue sair do lugar (“freezing”). Idosos também podem apresentar marcha de pequenos passos Em tesoura ou Espástica Os dois membros inferiores enrijecidos e espásticos permanecem semifletidos, os pés se arrastam, e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar. O movimento das pernas lembra uma tesoura em ação. Este tipo de marcha é bastante frequente nas formas espásticas da paralisia cerebral Parkinsoniana Quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, ao tentar caminhar toca com a ponta do pé o solo e tropeça. Para evitar isso, levanta acentuadamente o membro inferior, lembrando o “passo de ganso” dos soldados prussianos. Escarvante O doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça permanece inclinada para frente e os passos são miúdos e rápidos, dando a impressão de que o doente “corre atrás do seu centro de gravidade” e que irá sofrer uma queda para frente. Ocorre na síndrome parkinsoniana. Tabética Vestibular Do idoso Para se locomover, o paciente mantém o olhar fixo no chão; os membros inferiores são levantados abrupta e explosivamente e, ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo de modo intenso. Com os olhos fechados, a marcha piora acentuadamente ou se torna impossível. Indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula. Um exemplo é a tabes dorsalis (neurolues) O paciente com lesão vestibular (labirinto) apresenta lateropulsão quando anda; é como se fosse empurrado para o lado quando tenta se mover em linha reta. Se o paciente é solicitado a ir de frente e voltar de costas, com os olhos fechados, em um ambiente amplo, ele descreverá uma figura semelhante a uma estrela, daí ser denominada também marcha em estrela. Nos idosos a marcha pode apresentar se alentecida, com passos curtos e diminuição dos movimentos associados de membros superiores. Alterações no equilíbrio, coordenação, sensibilidade e força muscular aumentam os riscos de queda, podendo levar a diversas complicações. Equilíbrio Estático Prova de Romberg No indivíduo livre de qualquer acometimento, nada se observa, ou apenas ligeiras oscilações do corpo são notadas (prova de Romberg negativa). Na vigência de determinadas alterações neurológicas, ao cerrar as pálpebras, o paciente apresenta oscilações do corpo, com desequilíbrio e forte tendência à queda (prova de Romberg positiva). 1. Solicita -se ao paciente que continue na posição vertical, com os pés juntos, olhando para a frente. Nesta postura, deve permanecer alguns segundos. 2. Em seguida, ordena- se a ele que feche as pálpebras durante alguns segundos. Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 ● Junte os pés ● Feche os olhos ● Coloque um pé na frente do outro ● Junte os pés de novo ● Coloque o outro pé na frente ● Fique na ponta do pé ● Fique no calcanhar Equilíbrio Dinâmico ● Andar no mesmo lugar - “marchando ” -Olhos abertos e fechados -Teste de Fukuda ● Puxar bruscamente pelos ombros ● Marcha - Andar normal ● Andar com um pé na frente do outro ● Andar na ponta dos pés ● Andar nos calcanhares ● Andar para frente e para trás com os olhos fechados ● PEDIR PARA O PACIENTE TIRAR OS CALÇADOS! Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 Velocidade de movimento Realizar o mais rápido que conseguir: ● Pinça com os dedos ● Abrir e fechar as mãos ● Bater o pé no chão com o calcanhar fixo (um pé de cada vez) Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 Referências Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=znGNZe1lLeY Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l56w8StrthE - Marchas Portinho Exame Clínico - 8° Edição Youtube: Neurofuncional Marcella Cavalcante | Medicina Unit P3 2020.1 https://www.youtube.com/watch?v=znGNZe1lLeY https://www.youtube.com/watch?v=l56w8StrthE