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A pena inicia a partir da expedição da guia de recolhimento após o trânsito em julgado da sentença que aplicar a pena privativa de liberdade. A guia de recolhimento deve ter: • nome do condenado, • sua qualificação civil e número do RG, • inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, • certidão do trânsito em julgado, • antecedentes e grau de instrução, • data da terminação da pena e • outras pessoas indispensáveis. A guia é expedida pelo juízo do processo de conhecimento e remetida para o juízo da execução. Obs.: pode ser provisória, quando o sentenciado começar a cumprir a pena antes do trânsito em julgado, porém, deve constar expressamente que é provisória. A guia de recolhimento e os demais documentos que a acompanham formam o título executivo, sem o qual não há execução da pena. Do roteiro de penas: ❶ O cálculo de penas conterá a data do início do cumprimento de pena (ICP), todas as frações de lapso temporal para a obtenção dos institutos despenalizadores, detração de penas, remição de penas e o término do cumprimento de pena (TCP). Obs.: o roteiro pode sofrer modificações diante das intercorrências. ❷ Analisar a guia de recolhimento é essencial para que se verifique se os dados inseridos nela estão corretos e de acordo com a sentença penal condenatória. ❸ Analisar o cálculo das penas para fins de verificação. ❹ Feito isso, e se os cálculos estiverem corretos, passa-se à análise das frações depenas para aferir se o sentenciado já atingiu lapso temporal para postular o reconhecimento de algum direito. Autos principais – guia de recolhimento + documentos Apensos: - roteiro de penas - progressão de regime - comutação de penas - indulto - faltas disciplinares - livramento condicional - remição de penas - conversão da pena em medida de segurança - prestação de informações em recursos e habeas corpus aos tribunais Da extinção da pena: A pena é extinta pelo integral cumprimento, porém, outros fatores podem ensejar a extinção da pena, como: • a morte do agente • anistia, graça ou indulto • retroatividade de lei que não mais considera o fato criminoso • prescrição Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto em liberdade, se por outro motivo não estiver preso. Uma vez transitada em julgado a decisão que extingue a punibilidade, o juiz não pode voltar atrás, visto que a coisa julgada é direito fundamental do sentenciado. Das penas privativas de liberdade: ▪ Reclusão – destinada exclusivamente aos autores de crimes considerados graves. Ex.: homicídio. ▪ Detenção – destinada aos autores de crimes menos graves e a todos os crimes culposos. Ex.: lesão corporal culposa. ▪ Prisão simples – destinada exclusivamente aos autores de contravenções penais. Ex.: disparo de arma de fogo. Dos regimes prisionais: fechado semiaberto aberto A depender da quantidade de pena imposta, circunstâncias judiciais e reincidência do agente, ele poderá iniciar o cumprimento de pena em um dos regimes existentes. Regime fechado: Iniciam em regime fechado os sentenciados que forem condenados pela prática de crimes puníveis com reclusão, cuja pena seja superior a 8 anos. Atenção: em razão disso, aqueles sentenciados pela prática de crimes puníveis com detenção jamais poderão iniciar a pena em regime fechado. • O cumprimento da pena se dá em estabelecimento de segurança máxima ou média. • Serão submetidos para a realização de exame criminológico de classificação para a individualização da pena. • Ficará sujeito ao trabalho no período diurno e isolamento no noturno. Regime semiaberto: Iniciam o cumprimento da pena aqueles que forem condenados pela prática de crimes puníveis com reclusão ou detenção, não reincidentes, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8. Obs.: apenas a reincidência não é fundamento automático para a adoção do regime mais severo, devendo ser analisadas as demais circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal. Ainda, mesmo que o condenado seja reincidente, se a condenação se der pela pena de detenção, o regime não poderá ser o fechado, conforme expressamente previsto no art. 33 do Código Penal. • O cumprimento se dá em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. • As regras quanto ao trabalho são as mesmas do regime fechado, com a diferença de que no período noturno, permanecerão em colônia, etc. Regime aberto: Iniciarão no regime aberto os sentenciados condenados pela prática de crimes puníveis com reclusão ou detenção, não reincidentes, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos. A observação quanto a reincidência feita no tópico acima deve ser observada aqui também. • O cumprimento se dá em casa de albergado ou estabelecimento adequado. • Se baseia na autodisciplina e senso de responsabilidade. • O condenado deverá trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada sem vigilância. • Deve permanecer recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. • Audiência admonitória – audiência onde ocorre a aceitação de seu programa e condições impostas pelo juiz. Atenção: só pode ingressar no regime aberto o condenado que estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente e apresentar fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade ao novo regime (art. 114, LEP). Obs.: há precedentes de que, em razão de o Brasil ser um país com altos índices de desemprego, este critério deve ser interpretado com temperamento. → Outras condições: art. 115, LEP. A exigência de trabalho é dispensável aos condenados maiores de 70 anos, cometidos de doença grave, que tiverem filho menor ou deficiente físico/mental e gestantes. Súmula 493 do STJ: É inadmissível a fixação de pena substitutivo (art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto. Da sentença omissa quanto ao regime inicial: No caso de ocorrer omissão, a dúvida deve ser resolvida em prol do regime mais benéfico, desde que juridicamente cabível. Da aplicação concomitante de reclusão e detenção: É possível que o sentenciado seja condenado em dois crimes, sendo um punível com reclusão e outro com detenção. Nesse caso, a solução é executar as penas sucessivamente, iniciando pela mais grave (art. 69 do CP).
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