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256_marx-karl-o-capital-1

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e dinheiro — e duas pessoas, nas mesmas máscaras de personagens
econômicas, um comprador e um vendedor. Cada um dos dois ciclos é
a unidade das mesmas fases contrapostas e, em ambos os casos, essa
unidade é mediada pelo surgimento de três contraentes, dos quais um
apenas vende, outro apenas compra, mas o terceiro alternadamente
compra e vende.
O que, no entanto, separa de antemão ambos os ciclos M — D
— M e D — M — D é a sucessão inversa das mesmas fases contrapostas
de circulação. A circulação simples de mercadorias começa com a venda
e termina com a compra, a circulação do dinheiro como capital começa
com a compra e termina com a venda. Lá a mercadoria, aqui o dinheiro
constitui o ponto de partida e o ponto de chegada do movimento. Na
primeira forma é o dinheiro, no outro, inversamente, é a mercadoria
que media o transcurso global.
Na circulação M — D — M, o dinheiro é finalmente transformado
em mercadoria que seria de valor de uso. O dinheiro está, pois, defi-
nitivamente gasto. Na forma inversa, D — M — D, o comprador gasta
dinheiro para como vendedor receber dinheiro. Com a compra, ele lança
dinheiro na circulação, para retirá-lo dela novamente pela venda da
mesma mercadoria. Ele libera o dinheiro só com a astuciosa intenção
de apoderar-se dele novamente. Ele é, portanto, apenas adiantado.223
Na forma M — D — M, a mesma peça monetária muda duas
vezes de lugar. O vendedor a recebe do comprador e paga-a adiante
a outro vendedor. O processo global, que começa com o recebimento
do dinheiro por mercadoria, termina com a entrega de dinheiro por
mercadoria. Inversamente, na forma D — M — D. Não é a mesma
peça monetária que muda aqui duas vezes de lugar, mas a mesma
mercadoria. O comprador a recebe das mãos do vendedor e a depõe
nas mãos de outro comprador. Assim como na circulação simples de
mercadorias a dupla mudança de lugar da mesma peça monetária acar-
reta a sua transferência definitiva de uma mão para outra, assim aqui
a dupla mudança de lugar da mesma mercadoria acarreta o refluxo
do dinheiro a seu primeiro ponto de partida.
O refluxo do dinheiro a seu ponto de partida não depende de a
mercadoria ser vendida mais cara do que ela foi comprada. Essa cir-
cunstância influi apenas na grandeza da soma de dinheiro refluente.
O próprio fenômeno do refluxo ocorre assim que a mercadoria comprada
é revendida, portanto o ciclo D — M — D está completamente descrito.
Essa é, portanto, uma diferença que salta aos olhos entre a circulação
do dinheiro como capital e sua circulação como mero dinheiro.
MARX
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223 "Se uma coisa é comprada para ser novamente vendida, chama-se a soma aplicada nisso
de dinheiro adiantado; se comprada para não ser revendida, ela pode ser designada como
gasta." (STEUART, James. Works etc. Edit. por General Sir James Steuart, seu filho.
Londres, 1805. v. I, p. 274.)

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