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A mulher no mercado de trabalho e sua participação em cargos de poder 
Marcele Acosta Viana 
Ao longo da história, é possível observarmos a assídua luta das mulheres por direitos igualitários nos âmbitos políticos, trabalhistas, civis e jurídicos dentro da sociedade. Neste texto, iremos analisar a população feminina no mercado de trabalho, com ênfase em cargos de poder e as políticas públicas que envolvem este tema. Para entendermos o assunto, é fundamental contextualizar os fatos históricos. No período que antecede a 1° Guerra Mundial, a grande maioria das mulheres executavam apenas trabalhos domésticos em seus lares dependendo dos homens da família para terem seu sustento garantido, porém esta realidade se modificou a partir do momento em que um significante número de homens partiram para a guerra. A economia sentiu grande impacto e as mulheres necessitavam continuar sustentando suas famílias e se introduziram no mercado de trabalho no período da Revolução Industrial, conquistando um certa autonomia, porém com jornadas de trabalhos absurdos, salários exploradores e ambientes insalubres. No Brasil, o direito ao voto foi conquistado em 1932 durante a Era Vargas e foi considerado um marco histórico na luta feminina brasileira. Em cargos de poder políticos no Brasil, somente participaram a partir de 1929. 
Analisando as organizações que participam do processo de políticas públicas para obter a equidade no mercado de trabalho são consideradas instituições que possuem uma série de práticas e projetos sociais, inclusive governamentais e não governamentais, que a longo prazo visam atingir seus objetivos. Estas instituições utilizam de forma organizada constituições, leis e formalização de regras para que assim sejam criados projetos eficazes e possuem um ciclo de elaboração, que consiste em: Identificar o problema, formular uma agenda, formular uma alternativa, a tomada de decisões, implementar as medidas, avaliar os resultados e a extinção. 
Segundo os conceitos de políticas públicas, é necessário identificar o problema, que neste caso é a desigualdade de gêneros. A população feminina vem adquirindo cada vez mais garantias e espaço no corpo social, mas ainda assim, a desigualdade de gêneros pode ser nítida em alguns setores, principalmente no mercado de trabalho. Segundo pesquisas do IBGE, as mulheres trabalham em média 3 horas a mais semanalmente que os homens, combinando com trabalhos remunerados, domésticos e pessoais, e ainda recebem 23,5% a menos que a população masculina, além disso, a pesquisa apresenta dados informando que as mulheres possuem menores índices de atraso escolar. Por este e vários demais motivos é necessário a existência de grupos e atividades que auxiliam a assegurar os direitos das mulheres, além de implementações de novas ações para que se continue avançando ainda mais na causa dos direitos femininos e na inclusão da mulher no mercado de trabalho. O método que as políticas públicas utilizam para enfrentar a questão é em forma de leis, projetos do governo, auxílio de organizações não governamentais, projetos sociais realizados por empresas privadas, além de incentivos para estudos e campanhas publicitárias que ao longo do texto será apresentado. Estes projetos sociais pretendem abrir caminhos para que as mulheres se posicionem no seu devido lugar dentro da sociedade, e para aquelas que não possuem renda que consiga atingir melhores condições de vida.
A visibilidade e as ações de combate desta causa se dá a partir de agentes que reconhecem a desigualdade como uma necessidade de políticas públicas como partidos políticos, organizações não governamentais e agentes políticos. Atualmente, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) lançou uma campanha que incentiva a candidatura de mulheres para cargos de poder e decisão com o intuito de eleger no mínimo uma vereadora em cada um dos 5,7 mil municípios brasileiros nas Eleições de 2020. Visto que, o ranking de representatividade feminina no poder do atual governo é de 9% , sendo 2 mulheres ministras, este número é considerado muito baixo se comparado com outros países. Além disto, a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SNPM) irá auxiliar nas denúncias de casos de violência na política. Estas são apenas algumas das problemáticas da agenda, que são trazidos à tona principalmente em épocas de eleição. A agenda significa um grupo de temas considerados significativos a realização de ações de intervenção de políticas públicas, podendo ser passageiras ou não. 
Não somente em cargos de poderes políticos, a desigualdade também está presente em áreas de cargos científicos. Apesar de representarem o maior percentual de matrículas em ensinos superiores, no mundo, as mulheres representam 35% dos alunos matriculados nestas áreas, sendo ainda menor o percentual para setores de engenharia e tecnologia com 28% dos acadêmicos, segundo pesquisa da ONU Mulheres. Os números podem ser considerados preocupantes se considerarmos que atualmente com os avanços da tecnologia e ciência, estes campos estejam se expandindo havendo grande números de ofertas de empregos. Pensando neste problema, a empresa L’oreal em conjunto com a UNESCO originou um prêmio de incentivo a mulheres na ciência, de âmbito nacional e internacional. Este programa existe a mais de 15 anos no Brasil, e seleciona em torno de 7 jovens anualmente de diversas áreas da ciência para terem suas pesquisas financiadas com uma bolsa-auxílio, visando a igualdade de gêneros nestas áreas em que as mulheres possuem pouca representatividade. Prêmios e concursos são considerados alguns dos instrumentos de políticas públicas que auxiliam a solucionar o problema na implementação de políticas públicas.
Em cargos de chefias, as mulheres ainda estão bem abaixo da metade das ocupações de vagas, pois no Brasil, apenas 13% das empresas possuem CEOs mulheres conforme uma pesquisa realizada por Insper com a Talenses. A carência de mulheres em cargos de decisão em empresas públicas e privadas fez com que a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher aprovasse uma proposta que exige a presença de 30% de mulheres nos conselhos de administração de empresas públicas e privadas, sociedades de economia mista e demais empresas em que a União, direta ou indiretamente, possua a maioria do capital social com direito a voto. Caso seja aprovado, a vigência passa a ter validade a partir de 2022. Este projeto pode ser identificado como mais um instrumento de política públicas chamado discriminação seletiva positiva, que assegura a compensação de carência através de regulação, além de ser considerado uma política redistributiva, que segundo a Tipologia de Lowi, são políticas que beneficiam apenas poucas categorias, neste caso, mulheres. 
Aprofundando um pouco mais na desigualdade dentro do ramo de atividades trabalhistas, devemos também analisar no meio do grupo de mulheres, o contraste entre mulheres negras e brancas, pois possui uma disparidade ainda maior neste conjunto em relação a disputa nas oportunidades em comparação com homens. Segundo A Folha de São Paulo, o rendimento médio mensal de uma mulher negra é quase metade do salário de um homem branco, além de possuir uma taxa de desemprego de 16,6% enquanto mulheres brancas possuem 11% e homens brancos possuem 8,3%. Visando diminuir estas diferenças, a Coca Cola realizou uma ação em conjunto com outras instituições para captar fundos a 16 projetos de empoderamentos para mulheres negras. Entre os projetos, está o AFROLAB — MULHERES NEGRAS MÚLTIPLAS POTÊNCIAS que possui como objetivo incentivar e auxiliar o desenvolvimento das mulheres negras em atividades de empreendedorismo para que as mesmas adquiram seu negócio próprio. Portanto, atitudes como estas de empresas privadas são iniciativas necessárias, pois esta parcela da população brasileira, além de serem mulheres ainda possuem o fator racial que acaba por atrapalhar na hora de conseguir um emprego. 
Realizando uma básica avaliação dos benefícios que os resultados destas políticas públicas trariampara o desenvolvimento da população no geral, conseguimos identificar que o crescimento do acesso de mulheres no mercado de trabalho e a diminuição da diferença de gênero elevaria a economia, além de colaborar ainda mais com o desenvolvimento tecnológico e intelectual de diversas áreas. Isto é, o aumento da eficiência econômica e a produtividade, pois segundo pesquisas do IBGE, o número de mulheres que são responsáveis de sustentar suas famílias ultrapassam 34,4 milhões atingindo a metade do número de famílias brasileiras. além disso prevalece também o aumento da equidade, que é o principal objetivo destas políticas. 
Apesar de ser um assunto muito familiar no nosso cotidiano, devemos perceber a relevância e a necessidade de medidas que exercem estas intervenções, além do papel que certas mulheres desempenharam no passado e que atuaram na contribuição desta causa, mesmo sendo poucas, existem diversas figuras que foram extremamente importantes para o desenvolvimento da tecnologia, ciência, artes e demais áreas, como por exemplo, Marie Curie, primeira mulher a ganhar um Nobel da paz. Estas mulheres consequentemente acabando por servir de inspiração até os dias de hoje para grande parte da população feminina, principalmente as que quebraram paradigmas em cargos de poder ou até as que decidem operar em cargos considerados não convencionais ao público feminino. A importância da representatividade para que futuramente seja alcançado ainda maiores níveis de igualdade para que não haja mais diferença na questão de gêneros, apesar de termos a consciência de que para que isto aconteça, é necessário ainda muito trabalho em políticas públicas além da conscientização da população para que seja atingido a extinção destas medidas pela não mais necessidade realização, alcançando o último passo do ciclo de políticas públicas. 
Referências bibliográficas
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-64/mulher-e-mercado-de-trabalho/
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/20234-mulher-estuda-mais-trabalha-mais-e-ganha-menos-do-que-o-homem
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/mais-mulheres-na-politica/videos/mais-mulheres-na-politica-campanha-incentiva-participacao-feminina-nas-eleicoes-2020
https://www.camara.leg.br/noticias/554554-baixa-representatividade-de-brasileiras-na-politica-se-reflete-na-camara/
https://www.creditas.com/exponencial/igualdade-de-genero-e-lideranca/
http://www.onumulheres.org.br/noticias/desigualdades-de-genero-empurram-mulheres-e-meninas-para-longe-da-ciencia-avaliam-especialistas-executivas-e-empresarias/
https://www.paramulheresnaciencia.com.br/
https://www.camara.leg.br/noticias/520761-comissao-fixa-cota-de-30-de-mulheres-em-conselhos-de-administracao-de-empresas-publicas/
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/10/negras-ganham-menos-e-sofrem-mais-com-o-desemprego-do-que-as-brancas.shtml
https://www.cocacolabrasil.com.br/historias/negras-potencias-voce-pode-ajudar-16-projetos-de-empoderamento-a-captarem-500-mil-em-matchfunding
https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2020/02/16/internas_economia,1122167/quase-metade-dos-lares-brasileiros-sao-sustentados-por-mulheres.shtml

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