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0 RESUMO A discussão sobre o empoderamento feminino está presente na sociedade e em todas as organizações, mas com o passar do tempo esta palavra começou a ser usada de forma banalizada, deixando assim seu real significado longe da prática. O presente estudo visa corroborar com diversos autores sobre equidade de gênero e igualdade dentro das organizações financeiras, bem como salientar a importância das mulheres em cargos gerenciais dentro das organizações, de forma que este estudo possa contribuir com a diversidade nas organizações financeiras, conscientizar e reforçar a necessidade de ações dentro das empresas para promover a equidade entre homens e mulheres e praticar a igualdade em todos os níveis hierárquicos dentro das entidades empresariais. Além disso, este artigo visa evidenciar a necessidade de mais mulheres negras em posições gerenciais, o treinamento e desenvolvimento elas dentro das organizações e a quebra do racismo estrutural. Palavras-chave: Empoderamento feminino. Mulher. Mulher negra. Diversidade. ABSTRACT The discussion about female empowerment is present in society and in all organizations, but over time this word began to be used in a trivialized way, thus leaving its real meaning far from practice. This study aims to corroborate with several authors on gender equity and equality within financial organizations, as well as to emphasize the importance of women in management positions within organizations, so that this study can contribute to diversity in financial organizations, raise awareness and reinforce the need for actions within companies to promote equity between men and women and to practice equality at all hierarchical levels within business entities. In addition, this article aims to highlight the need for more black women in managerial positions, training and developing them within organizations and breaking structural racism. Keywords: Female empowerment. Woman. Black woman. Diversity. 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 04 2. REFERENCIAL TEÓRICO 08 2.1. O PAPEL DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO E A DISPARIDADE SALARIAL ENTRE HOMENS E MULHERES 08 2.2. A IMPORTÂNCIA DA IGUALDADE DE GÊNERO NAS EMPRESAS 09 2.3. DESAFIOS, AINDA PRESENTES, PARA A MULHER NO CONTEXTO DE EMPRESAS FINANCEIRAS 11 2.4. A (FALTA DE) OPORTUNIDADES DA MULHER NEGRA EM EMPRESAS FINANCEIRAS 12 2.5. AÇÕES ORGANIZACIONAIS E EMPODERAMENTO FEMININO EM EMPRESAS FINANCEIRAS 13 3. METODOLOGIA 15 4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS 17 4.1. JORNADA DUPLA, DESAFIOS E MUDANÇAS NECESSÁRIAS PARA EQUIDADE DE GÊNERO 18 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25 APÊNDICE I - PESQUISA | EXECUTIVOS(AS) DO MERCADO 29 APÊNDICE II - QUESTIONÁRIO - EXECUTIVAS DO MERCADO FINANCEIRO 31 2 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um país diverso, com uma cultura riquíssima e que busca sempre evidenciar o melhor que tem a oferecer. Tanto no mercado interno, como no externo, a imagem do brasileiro é de um povo guerreiro, batalhador e que busca a igualdade. Ainda que diverso, o País passa por muitas transformações, seja em sua evolução constante ou em pontos mais específicos, como o mercado de trabalho. Conforme Cotrim, Teixeira e Proni (2020), no Brasil, a trajetória feminina no mercado profissional permanece com barreiras, evidenciando o viés de gênero na forma como se distribuem os sexos nos setores da economia e posições de trabalho. Embora a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 7º confira igualdade de gênero no trabalho, e apesar de no decorrer das últimas décadas grandes alterações terem ocorrido, ainda está longe do ideal em comparação com a participação masculina nas empresas. Rocha (2020) ainda evidencia que, para que uma mulher venha ser o profissional que demanda e cobra resultados em uma nova posição, ela deve primeiro demonstrar ser capaz de desenvolver suas novas atividades. Esse raciocínio diverge da demanda dos profissionais do sexo oposto, em que não há necessidade de comprovar eficiência. Assim como em outros países, no Brasil, os homens predominam no mercado de trabalho. Dispersos em cargos iniciais ou na liderança, o profissional masculino está presente em todos os ramos de atuação e muitos consideram que sua “capacidade” emocional superior foi evidenciada por muitos anos. Rocha (2020) evidencia que as mulheres são mais suscetíveis ao assédio moral e sexual, causando diversos impactos negativos às profissionais, como: estresse emocional, ansiedade, submissão, diminuição na produtividade e motivação, insegurança e baixo autoestima. E hoje, não só aqui, como no mundo todo, há uma grande procura pela equidade de gênero e maior alocação das mulheres no mercado profissional. Ainda assim, a mulher não é vista da mesma forma que o homem, uma vez que é discriminada quanto a seu gênero. Esse problema se agrava ao incluir o fator étnico, que afeta homens e mulheres, mas que é mais acachapante para as mulheres. 3 Segundo Carmo (2020), diversos estudos evidenciam a desvalorização da mulher no mercado de trabalho diante da análise da remuneração salarial entre gêneros. Uma pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE) aponta – de forma abrangente e sem recortes por níveis – que as trabalhadoras brasileiras recebem 20,5%, em média, a menos que os homens. Essa assimetria é comum em qualquer cargo em diferentes esferas. Apesar de uma ligeira queda nessa desigualdade entre os anos 2012 e 2018, a variação pode ser maior ou menor de acordo com as posições ocupadas. A mulher e o homem nunca tiveram papéis igualitários no desenvolvimento da sociedade, em que a mulher era constantemente relegada aos serviços domésticos, à maternidade e aos cuidados familiares. Já ao homem relegou-se o papel de provedor, primeiramente de alimentos, em épocas pré-históricas e posteriormente de recursos financeiros para a família. Elucida Rocha (2020, p.18): “Se voltarmos na história, as mulheres sempre estavam em posição inferior ao homem, não apenas no trabalho, mas em praticamente em tudo. Depois da liberdade do voto, militantes mulheres defendendo seus direitos, outras mulheres começam a se inspirar e seguir a linha de atuação.” De acordo com Cotrim, Teixeira e Proni (2020), independente dos ciclos econômicos, houveram poucas mudanças quanto às diferenças salariais entre homem x mulher – em empregos formais – as diferenças de gênero permanecem ainda relevantes. As mulheres são predominantes em determinados setores econômicos e com rendimento – em média – 15% inferior aos do sexo oposto. Por muito tempo, as mulheres foram o “sexo frágil”, sendo consideradas inferiores aos homens, até o momento em que ganharam o direito de ocupar os espaços no ambiente profissional, as novas configurações familiares e mudanças econômicas – atualmente é raro um homem sustentar seu lar sozinho. Rocha (2020) cita que mesmo que muitos países já tenham transitado para uma maior igualdade de gênero, a mulher ainda ocupa o lugar de “sexo frágil”. Todavia, deve-se ressaltar que, nos últimos anos, essa percepção esteja mudando, com as mulheres conquistando maiores espaços no mercado de trabalho e na política. 4 Atualmente, as mulheres ainda lutam pela igualdade e pela equidade de gênero, conforme elucida a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso I que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Segundo Baylão e Schettino (2014, p.2): “A entrada da mulher no mercado de trabalho ocorreu devido à necessidade de sua contribuição nos serviços que estavam ligados ao ganho financeiro da família, com início na Revolução Industrial absorvendo de forma importante a mão-de-obra feminina pelas indústrias com o objetivo de baratear os salários e também pela maior facilidade de disciplinaresse novo grupo de operárias, onde trazendo definitivamente, a mulher na produção.” Além da discriminação pelo gênero no mercado de trabalho, ainda existe uma discriminação pela etnia da mulher, em que mulheres negras veem-se sempre associadas a trabalhos braçais. Esses trabalhos são, frequentemente, sem registro quando não subempregos, sem direito a férias, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), multa rescisória e outros benefícios. Segundo Junior (2018), a desigualdade entre pessoas negras já é elevada, quando falamos de mulheres negras é ainda maior, e com reflexos expressivos no mercado de trabalho, onde 39,8% delas são submetidas a condições precárias de trabalho, e mesmo com o aumento na escolaridade, apenas 10,4% delas possuem curso superior, segundo o IBGE. A mulher negra sempre foi a profissional de suporte aos lares ricos, relegada ao subemprego, onde não há benefícios e muito menos importância com o valor do ser humano, onde a cor da pele dita as regras. Bento (1995, p. 482) cita que o lugar da mulher negra no mercado de trabalho está atrelado à prática de serviços domésticos e atividades manuais. Ainda, no imaginário da alta gestão e profissionais de recursos humanos é como se as mulheres negras tivessem o mesmo espaço que os outros profissionais. REICHMANN (1995, p. 498) ainda cita que as mulheres negras, além de serem discriminadas por serem mulheres, também sofrem como negras. Embora os estudos iniciados em 1970 tenham começado a evidenciar que as mulheres sempre ganharam menos – houveram mudanças, mas não significativas – e levando em consideração que muitas mulheres têm a mesma qualificação que os homens, ainda existe uma diferença exponencial na renda do homem ou da mulher, mesmo em grandes centros. E ainda há as mulheres negras que ganham menos que as brancas, em posições similares e com a mesma formação. 5 Rocha (2020) cita que empoderar é o ato de tomar o poder sobre si mesmo, não aceitar os modelos pré-determinados de suas características, evidenciando assim que muitas mulheres não possuem conhecimento do poder que tem sobre si mesmas na sociedade e a diferença que isso pode fazer. Seu objetivo é trazer equilíbrio através de ações que visam conquistar espaços e direitos para o coletivo, além da equidade de gênero. O termo empoderamento é muito utilizado na atualidade, de forma que seu significado se torna banalizado, atrelando o empoderamento a sentir-se bela, focando- se, ainda, na objetificação da mulher. Bayone e Burrowes (2019) citam que as marcas apostam na ideia de usar o feminismo como estratégia de comunicação para as vendas, muitas vezes tratando a mulheres como estereótipo para que esta publicidade seja de forma “empoderada” deturpando então seu real significado que é desmistificar a ultrapassada concepção de igualdade entre os gêneros e é contra a objetificação da mulher. Diante do exposto, no presente estudo, pretende-se analisar acerca das percepções das mulheres entrevistadas frente ao conceito de empoderamento da mulher nas empresas, em específico da mulher negra, e às medidas organizacionais para promoção do empoderamento, bem como evidenciar algumas ações das empresas do meio financeiro para diminuição dessa discriminação neste ramo. A relevância deste estudo se dá pela necessidade da evidenciação do papel da mulher na sociedade, como chave e componente essencial em qualquer ramo de trabalho, mas essencialmente no financeiro e notabilizar as diferenças no tratamento, nos salários e na percepção de colegas de trabalho e superiores. Por meio de entrevistas com executivas gerenciais das organizações, de forma a trazer opiniões estruturadas de situações vividas pelas profissionais e que corroborem com esta e outras literaturas já publicadas. 6 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. O PAPEL DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO E A DISPARIDADE SALARIAL ENTRE HOMENS E MULHERES O Brasil está em constante desenvolvimento, repleto de empresas multinacionais e com a cultura de inclusão, diversidade e em constante evolução para todos. Neste contexto, podemos dizer que a mulher, em seu momento de independência, decidiu pela sua emancipação das tarefas domésticas optou por uma jornada dupla, desenvolvendo durante o dia as atividades laborais, e no período da noite as atividades de casa, cuidar dos filhos e marido. Conforme Baylão e Schettino (2014, p.6): “A mulher brasileira vem escrevendo sua história com base na taxa de flexibilidade e no aumento no nível de fecundidade e no aumento no nível de instrução da população feminina, devido a esse processo de evolução as mulheres estão consolidando sua posição no mercado e adiando a maternidade, com menos filhos, as mulheres, hoje, podem conciliar melhor o papel de mãe e trabalhadora.” Segundo Carmo (2020) uma pesquisa desenvolvida pela Catho em 2018, elencou que 30% das mulheres já deixaram o mercado trabalho para cuidar dos filhos, já os homens, representam 7% dessa mostra com mais de 2,3 mil respondentes, ou seja, as mulheres desistem de suas carreiras para que possam cuidar dos filhos – que já tinham uma jornada dupla – já para os homens este percentual não é expressivo. Em alguns momentos da vida, a mulher é obrigada a optar entre casar, ter filhos e ser a dona do lar ou ter uma carreira consolidada, pois a mulher é conhecida como a edificadora do lar e o marido o provedor, tendo em vista que ainda hoje muitas empresas deixam de promover a mulher por uma gravidez, e existem casos de não promover pois a mulher é muito séria ou mulher solta, ou seja, não existe receita do sucesso para mulher, já o homem pode fazer o que quiser e não terá sua seriedade questionada. Um estudo da Forbes, desenvolvido por McCarthy (2015), cita 15 países com o maior tempo de licença paternidade remunerado, sendo o maior a Coreia do Sul e os menores a Áustria, Alemanha e Croácia, com 52,6 semanas e 8,7 semanas, respectivamente, mas o fato relevante é que na Coreia do Sul e Japão (2º país do ranking) o usufruto da licença paternidade é quase nula por tanto tempo, apenas 2%, um estudo na Coreia do Sul relevou que o fato para isso ocorrer é que os pais 7 acreditam que a criação é obrigação da mulher. Já na Suécia (10º no ranking) 90% dos homens utilizam a licença paternidade que têm por direito. Levando em consideração a última afirmação, é possível assimilar a muita coisa presente no mundo em relação ao empoderamento feminino – hoje totalmente banalizado pela mídia – hoje, os filmes e séries demonstram muito o que se passava com as mulheres, sejam elas brancas ou negras. “A discriminação motivada por sexo e por pertencimento a um grupo de cor/raça encontra-se disseminada em diversos campos da vida social. [...] muitos dos estereótipos de gênero existentes em nossa sociedade, no caso da questão racial, ainda se constitui uma esfera marcada por fortíssimas desigualdades no acesso e na permanência dos indivíduos dos diferentes grupos populacionais. (IPEA, 2008, p. 4).” De acordo com Mendonça e Vlacic (2019): a série “Coisa Mais Linda”, desenvolvi pela plataforma de streaming Netflix, as mulheres têm uma representação transgressora e totalmente de quebra de paradigmas, associado ao fato das mulheres trabalharem e transitarem na esfera pública, não somente aos papéis sociais de mãe e esposa, buscando suas independências financeiras e lugar de fala, além da coragem e força das personagens para enfrentar suas lutas – mostrando que a mulher não é o sexo frágil – a “falta” do final feliz da época, que seria casar e ter filhos, como a personagem de Lígia, que realizou um aborto, o abandono dos maridos, que de alguma maneira dificultava a realização dos desejos e protagonismo das mulheres naquela época. 2.2. A IMPORTÂNCIA DA IGUALDADE DE GÊNERO NAS EMPRESAS A relevância dos stakeholders e da imagem das organizaçõesna sociedade tornou-se uma preocupação muito maior nos últimos anos pois o cliente interno é o mais importante de todo o mercado, como aponta Pacheco (2009, p. 9). Além disso, o investimento em capacitação e desenvolvimento dos colaboradores faz com que as empresas advêm de uma necessidade de diferencial de mercado visando um retorno, seja financeiro, de imagem ou por pressão social. Atualmente, prêmios como o GPTW1, que engloba também o GPTW Mulher que elenca as melhores empresas para as mulheres trabalharem, constroem imagens positivas das empresas para a sociedade. Esses prêmios são abertos para que as 1 Conhecido como Great Place to Work, um prêmio que elenca as melhores empresas para trabalhar. 8 empresas possam se inscrever e os próprios funcionários realizam a votação para que a empresa receba o título em determinado ano. De acordo com Romero (2016): “As empresas que têm mais mulheres em posições de comando são mais rentáveis, de acordo com um estudo do Peterson Institute for International Economics que investiga o impacto da diversidade de gênero nas empresas. O estudo, que analisou 21.980 empresas em 91 países, mostra que o desempenho das empresas melhora quanto maior é a proporção de mulheres em posições de liderança corporativa. A diferença não é pequena: empresas com pelo menos 30% de presença feminina em cargos executivos seniores têm lucro 15% maior do que aquelas cuja presença é menor.” Ao analisarem o perfil de onde os colaboradores da empresa, a GPTW evidenciou que 52% do quadro de funcionários é composto por mulheres, e representam 43% na contagem das empresas não-premiadas. No quadro gráfico abaixo salienta que a presença de profissionais no prêmio é representativa no recorte da liderança: Gráfico 1: Presença feminina nas empresas premiadas e não premiadas Fonte: Great Place to Work Mulher, 2020. O mesmo artigo do GPTW cita que as mulheres recebem 20% a menos que os homens em mesmos cargos e funções, de acordo com os dados do IBGE, e nas empresas que receberam a premiação a diferença da remuneração diminui para 2%. Rotatividade também é um ponto importante a destacar, a média Brasileira é de 24% 9 segundo o relatório da Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) de 2018, e nas empresas premiadas a taxa cai para 10%. A preocupação com o bem estar e igualdade da mulher no mercado de trabalho – na teoria, ao menos – está mais evidente, como se vê no texto desenvolvido pelo GPTW. 2.3. DESAFIOS, AINDA PRESENTES, PARA A MULHER NO CONTEXTO DE EMPRESAS FINANCEIRAS Com o passar dos anos o número de mulheres no mercado de trabalho, tem crescido, e com isso as mulheres têm ganhado cada vez mais espaço e destaque nas organizações, em qualquer atividade que venham a desempenhar, inclusive no mercado financeiro, onde por muitos anos foi predominante por profissionais de sexo masculino. De acordo com Almeida (2019) esse não foi um caminho fácil para as mulheres, e ainda não é, cheio de percalços, e mesmo com essas dificuldades as mulheres continuam a subir à liderança de instituições financeiras, mas a diversidade não ocorre em todos os segmentos do ramo financeiro, em alguns especificamente, como: Investimentos em fundos, Private Equity e Venture Capital é raro encontrarmos gestoras do sexo feminino, e presidente de bancos, nunca tivemos essa posição ocupada por mulher no Brasil. De acordo com Costa e Dinis (2020, p. 4): “O gap de gênero no Brasil está disseminado em todos os setores, sendo a indústria financeira uma representante particularmente interessante dessa realidade. Apesar de observarmos algum aumento na representatividade feminina em posições de liderança nos últimos anos, o ritmo é lento e ainda estamos longe de uma situação de equilíbrio.” A mulher cada vez passa a ocupar cargos de liderança cada vez mais nas empresas de serviços financeiros, principalmente por seu interesse crescente no mercado financeiro, as universidades que hoje oferecem cursos voltamos para os temas em diversas esferas - graduação, pós-graduação, MBA, mestrado e doutorado – evidenciam um número cada vez maior de alunas, sendo mais de 30% das turmas mulheres, buscando novos conhecimentos e atualização, mantendo-se assim atualizadas, buscando sempre aprender mais e buscando debates e sanar todas dúvidas que possuem. (Isto é dinheiro, 2018). 10 O grande desafio da mulher é ter que provar insistentemente que possui o conhecimento e que seu trabalho, análises, recomendações e resultados estão corretos e não há necessidade de um profissional do sexo masculino para corroborar com seus apontamentos e o desenvolvimento de suas atividades. Elucidam Rodrigues e Silva (2015, p. 4): “As mulheres têm que provar diariamente que são tão competentes e qualificadas quanto os homens para conseguirem manter-se em suas funções, submetendo-se até mesmo, em algumas vezes, a assumir posturas tidas como “masculinas” para firmar-se em suas posições. Essa briga por direitos iguais é equivocada para a mulher hoje. Na verdade, a luta deve ser pela igualdade de direitos civis e sociais e pela valorização financeira e moral da capacidade feminina no desenvolvimento em toda a sociedade, nos mais diferentes aspectos.” Ainda existem diversos fatores que corroboram e reforçam o papel social originalmente designado para a mulher. Esses fatores ajudam e reforçam o conflito entre a vida profissional e pessoal, desta forma definindo um padrão que gera custos sociais e econômicos para a mulher que trabalha, é um grande desafio que deve ser quebrado e esta tarefa é de responsabilidade das grandes instituições e políticas públicas do Brasil. Além disso, é necessário quebrar o ciclo que está presente no estimulo de que as mulheres seguem profissões relacionadas e estereotipadas por seu gênero. (Costa e Dinis, 2020). 2.4. A (FALTA DE) OPORTUNIDADES DA MULHER NEGRA EM EMPRESAS FINANCEIRAS Apesar de já evidenciado neste artigo, a mulher negra recebe o preconceito duas vezes, por ser mulher e por ser mulher negra. De acordo com Sodré (2020) quando falamos sobre a luta pela equidade de gênero, é notável que o direito de poder trabalhar é uma das principais bandeiras, fazendo esse recorte por raça, vemos que a mulher negra sempre trabalhou, na época da escravidão, onde desenvolvia apenas trabalhos domésticos e braçais, apesar dessa realidade não ter mudado muito. Não há muitos estudos que corroboram com esta literatura em relação as oportunidades da mulher negra em empresas financeiras, mas uma entrevista fornecida pela Co-CEO e presidente da companhia americana Ariel Investments, Mellody Hobson à rádio 4 da BBC, e transcrita por Vasconcelos (2019) cita que desde criança Mellody nunca desejou ser pobre durante sua vida toda e se interessa por finanças desde criança, além de ser preparada por sua mãe para enfrentar o racismo, 11 de forma que ela nunca ficasse surpresa, chocada ou perdesse a direção em algum desses momentos por ser negra. Após muita dedicação e estudo, Mellody se tornou uma mulher negra empoderada, atingindo um dos maiores cargos desejado pelos profissionais de finanças. Ainda quando falamos sobre o universo financeiro e racismo, vemos que grandes instituições financeiras, como bancos, não possuem um quadro de funcionários muito diverso, além dos rendimentos não serem iguais aos de outros profissionais. De acordo com o Sindicato dos bancários de Campo Grande MS e Região – SEEBCG-MS (2019) o Censo da Diversidade de 2014, evidenciou que apenas 24% dos bancários são negros, enquanto 71% são brancos, em questão de remuneração, o rendimento médio do negro é 87% do rendimento médio do branco, já para mulher negra esse percentual diminui para 68% em relação ao rendimento médio de homens brancos. Em entrevista ao G1 e Globo News, a Superintendente de Administração Fiduciáriado Itaú Unibanco, relatou à Trevisan e Bridi (2019) que em sua carreira, em alguns momentos sentiu estranhamento quando representou a organização que trabalha, por não representar o estereótipo que as pessoas esperam de um superintende do Itaú, as vezes nos fóruns que representa o banco, gera um incomodo, até mesmo um certo ruído, do tipo “cadê ela” e a situação fica um pouco desconfortável. 2.5. AÇÕES ORGANIZACIONAIS E EMPODERAMENTO FEMININO EM EMPRESAS FINANCEIRAS Atualmente, as organizações têm uma cultura muito forte para promover a igualdade e diversidade dentro das organizações, apesar de ser assunto relevante e crescente dentro das empresas, a realidade tende a ser muito diferente. De acordo com o relatório sobre igualdade 2020 do Fórum Econômico Mundial, transcrito por Mendes (2020) evidencia que a equidade de gênero no âmbito organizacional está longe de ser alcançada, é estimado que serão necessários, ao menos, 250 anos para que a igualdade homens e mulheres. Caso o desenvolvimento seja acelerado, em uma hipótese paralela, o número diminui para 94,5 anos. 12 Ainda que existem diversas ações para a equidade de gênero dentro das organizações, sempre haverá outras diferenças, salarial, técnica e até mesmo o reconhecimento dos profissionais é diferente. De acordo com Silva (2017, p. 9 e 10): “No cenário atual, mulheres e homens que ocupam cargos de liderança na mesma posição muitas vezes são vistos com diferença tanto em gênero como em valorização salarial e técnica. Algumas empresas desenvolvem plano de cargo, salário e carreira, a fim de não fazerem discriminação.” Ainda em sua pesquisa Silva (2015) evidencia que as mulheres têm lutado pela igualdade há muito tempo, sempre buscando melhores oportunidades, salários, cargos e o mais importante, respeito social e profissional. Desde sua entrada no mercado de trabalho, a sociedade ganhou muito e sua valorização fez com que as empresas crescessem e cresçam exponencialmente em resultado qualitativos e quantitativos. De acordo com a entrevista à a Superintendente de Administração Fiduciária do Itaú Unibanco – já citada no último tópico – para Trevisan e Bridi (2019), Renata percebe que as empresas estão mais comprometidas em relação a questão da igualdade racial, desde a preocupação com a retenção dos talentos até mesmo para a transformação da sociedade no geral, ela também evidencia que no início de sua carreira no banco, o assunto mais recorrente era a meritocracia, assuntos como diversidade não era citados. Hoje as empresas percebem que para continuarem presentes no mercado, é necessário representatividade, os consumidores apreciam ver pessoas como elas ocupando os mais diversos cargos, e a partir disso a diversidade e o ascensão das mulheres pode crescer dentro das organizações. De acordo com Instituto Brasileiro de Coaching – IBC (2018) o empoderamento feminino é necessário não só no mundo corporativo, mas na sociedade como um todo. O número de mulheres no mercado de trabalho é muito maior que anos atrás, ocupando posições gerenciais, empreendendo ou investindo, mas mesmo com todos esses avanços, a desigualdade entre homens e mulheres ainda permanece, desta forma as empresas têm usado do empoderamento feminino como diferencial para seus negócios e sua cultura. 13 3. METODOLOGIA A metodologia deste projeto se dá por meio de uma pesquisa qualitativa, por meio de formulário e entrevistas com executivas. A expressão "pesquisa qualitativa" assume diferentes significados no campo das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo o traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação. (...)2 (MAANEN, 1979a, p.520) Por meio de pesquisa em literaturas anteriores, evidenciaram-se os principais tópicos relacionados ao empoderamento da mulher nas empresas e às medidas organizacionais que devem promover este empoderamento, caminhando e impulsionando para a equidade de gênero dentro das entidades empresariais financeiras. Como técnica de coleta de dados, o formulário foi desenvolvido de forma semiestruturada, de forma a obter uma mostra significativa e um comentário específico relacionado ao objetivo de pesquisa e as entrevistas ocorreram de forma estruturada com perguntas desestruturadas para que as executivas pudessem expressar suas opiniões de acordo com as perguntas e corroborar com este estudo. A partir do embasamento bibliográfico e consulta a literatura anterior, foi possível elaborar um formulário, com a finalidade de elencar possíveis mulheres dispostas a participar da entrevista e evidenciar suas opiniões sobre os principais desafios da mulher e como as empresas podem auxiliar na equidade de gênero dentro das organizações. Devido à pandemia, todo processo foi desenvolvido por meio de um formulário online e as entrevistas ocorreram por telefone e ferramentas online de comunicação simultânea. A pesquisa – disponível no apêndice I – teve o total de 222 participações, qualificando 88 para mostra representativa dentro do setor financeiro, na qual 8 2 The expression "qualitative research" assumes different meanings in the field of social sciences. It comprises a set of different interpretive techniques that aim to describe and decode the components of a complex system of meanings. Its purpose is to translate and express the meaning of the phenomena of the social world; It is a question of reducing the distance between indicator and indicated, between theory and data, between context and action. (...) (MAANEN, 1979a, p.520) 14 gestoras se dispuseram a participar da entrevista, realizada anonimamente, de forma a garantir a privacidade das entrevistadas. 15 4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS Os resultados da pesquisa evidenciam que 67% das executivas acreditam que as empresas não se preocupam com a diversidade, não possuem comunicação clara e que a sociedade também deve se preocupar com a equidade de gênero. Além disso, essas executivas acreditam que é necessário dar mais oportunidade as mulheres e implementar os valores para que a igualdade seja alcançada. Segundo Barbosa (2007) a comunicação interna é muito importante para a organização e deve ser aplicada de forma clara e objetiva, para que todos os níveis hierárquicos e organizacionais recebam a mesma comunicação. Desta forma, a organização garante que seja disseminada a mensagem de forma correta, assim como suas diretrizes, código de ética, promoção à diversidade, auxilia na construção de um ambiente justo, e outras mensagens-chave que a empresa deve comunicar. Já as executivas entre 26 e 36 anos, representando 34% da mostra, comentam que as empresas estão desatualizadas, que os processos seletivos são focados em determinado gênero para as vagas, não existe ação corretiva para casos reportados – assédio, preconceito e outros, a remuneração deve ser igual, não há muitas profissionais do sexo feminino, além da estagnação em uma determinada posição. Em um comentário em específico, a executiva cita que as empresas devem analisar o quadro de funcionários para evidenciar quantas mulheres negras ocupam cargos de liderança e a partir disso providenciar incentivos e metas para mudar este cenário. 57% das entrevistadas – acima dos 36 anos – corroboram com o que suas colegas citam e ainda salientam a falta de treinamentos e conscientização, a dissonância entre discurso e prática, onde a maioria das empresas não dá o devido valor à equidade anunciada, em adição ao preconceito velado – quando falamos de profissionais negras. Ainda, a maioria dos gestores é homem e branco dentro do ramo financeiro.Souza e Santos (2014) destacam que os homens predominam em quase todos os postos de trabalho, em especial aqueles que fornecem os melhores salários e benefícios, de forma que as mulheres ocupam esses cargos, mas ainda em menor número. Uma pequena parcela das executivas cita a maternidade, com 4,54% delas evidenciando que sentem falta uma política interna ou programa de apoio e 16 desenvolvimento para mulheres após o retorno de licença-maternidade. As entrevistadas citam que ambos gêneros devem estar atrelados à licença, tanto maternidade quanto paternidade, fazendo assim com que as empresas tenham maior equidade. Moretti afirma que de acordo com a legislação brasileira, a licença- paternidade é de 5 dias, em alguns casos, se a empresa for associada ao Programa Empresa Cidadã ou órgão público, esse período se estende para 20 dias. 4.1. JORNADA DUPLA, DESAFIOS E MUDANÇAS NECESSÁRIAS PARA EQUIDADE DE GÊNERO As entrevistas ocorreram com 8 executivas, sendo 2 coordenadoras, 3 gerentes e 3 diretoras do ramo financeiro, por meio de perguntas abertas, onde buscou-se evidenciar os principais desafios enfrentados ao conciliar vida pessoal e profissional e outras perguntas disponíveis no apêndice II. Todas as executivas concordam que possuem ao menos uma jornada dupla, quando se trata de ocupar um cargo gerencial e realizar as tarefas domésticas, citando que muitas vezes 24 horas não é o suficiente para desenvolver todas as atividades de casa e trabalho. Conforme Duarte e Spinelli (2018, p.1): “A dupla jornada de trabalho é algo que está introduzido na realidade de muitas mulheres, fazendo com que precisem conciliar afazeres domésticos e trabalho formal remunerado. Há estereótipos socialmente construídos que definem as mulheres como seres frágeis, belos, indefesos e incompletos em relação ao homem. Esses mecanismos sociais condicionam o sexo feminino a comportamentos ligados a reprodução, cuidado, socialização e educação, de maneira que a saída para o mercado de trabalho formal não exime a responsabilização junto ao trabalho doméstico.” Desta forma, podemos chamar atenção para algumas respostas das executivas em relação aos desafios que elas enfrentam para conciliar a vida pessoal com a profissional: “O maior desafio principalmente é conciliar a casa, família, filhos, trabalho muito além do horário com toda a responsabilidade de um time. Não sobrando tempo para uma atividade física para ajudar no estresse e na ansiedade em tudo estar 100%. Meu maior desafio foi quando me tornei mãe, conciliar a jornada de trabalho e ser mãe é realmente algo muito difícil, gerir diversas equipes e cuidar de uma criança e da casa não são tarefas fáceis. Sobrecarga de tarefas na jornada dupla, o que resultada em um volume maior de horas trabalhadas em casa e no trabalho, quase não tendo momentos para descanso. 17 O tempo, tem dias que penso que 24 horas não são suficientes para trabalhar, cuidar da casa, filhos e marido. Dupla e/ou tripla rotina, gerenciando casa, filho, esposo e empresa. Administração do tempo, muitas vezes tenho que optar pelo que vou fazer, se é ficar e entregar o trabalho ou ver e passar um tempo com meus filhos.” Quando perguntadas sobre as oportunidades para as mulheres no ramo financeiro e em posições estratégicas, quase todas as executivas acreditam que está aumentando a participação das mulheres em posições estratégicas – devagar – mesmo que tenham que se provar constantemente com remuneração menor, principalmente em uma área que é predominante masculina. Como comentam: “Aos poucos, é possível observar uma evolução e participação feminina, entretanto ainda é uma área com expressiva participação masculina, pois muitas empresas consideram as mulheres com um emocional difícil, pensando que desta forma elas podem se confundir e errar em provisões ou pagamentos. Sim, mesmo que muitas vezes mais cansativo, mas ainda há muito o que se trabalhado para que essa equidade de gênero ocorra - ao menos - nos próximos 5 anos. Na minha visão às vezes aparecem oportunidades, porém, como disse em outra questão, quem ocupa essa posição precisa estar sempre provando seu valor/competência. Ainda precisa mudar muita coisa para chegar à equidade de gênero, creio que a primeira delas é sair da teoria de que estamos caminhando e realmente praticar. Ver o indivíduo como profissional competente, não levando em conta credo, cor, gênero e forma física. Ainda não, pois o que costumamos ver são gerencias com um número considerável de mulheres, mas quando olhamos para a diretoria de uma mesma organização, o número é majoritariamente masculino. Entendo que temos ainda que quebrar barreiras como a mulher com o mesmo cargo dos homens sendo menos remuneradas que eles. Somos totalmente capazes em lidar com mais trabalhos que os homens e precisamos nos dedicar 200% por ser mulher.” Na última resposta, é notável que as mulheres não são número considerável em diretorias, além das mulheres terem que se provar, e acreditam que elas devem ser vistas como indivíduo e não um rótulo por seu gênero. Ferreira e Santos (2011) salientam que nos quadros de trabalho das organizações são notáveis barreiras sobre a participação da mulher no mercado de trabalho que resultam em perdas para ambos os lados, desta forma, é importante que as empresas promovam a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, para que possam ter uma boa reputação na sociedade e também com as mulheres, que representam uma grande força de opinião pública e mercadológica. 18 Quando questionadas sobre as mudanças que devem ocorrer para que as oportunidades sejam iguais, as executivas elencam que: “Acredito que não seja o mercado de trabalho que deva mudar, mas sim as mulheres devem se preparar para brigar por estas oportunidades, excluindo a mentalidade de que o colaborador ou executivo deve ser contratado pelas características físicas e sim pelo potencial e preparo. Em primeiro, acredito que todas as pessoas devem se preparar. Buscar um constante aprendizado. Estar sempre aberto a captar as novidades. Em segundo lugar, as pessoas devem ser vistas como profissional e testadas suas competências, não importando a casca que esse profissional tem. Não há um ponto específico e sim a mentalidade do mercado quanto ao todo. As competências devem ser analisadas independente do sexo. Quebra de paradigma em relação às mulheres no comando, dar oportunidades a mulheres. O pré-conceito de que as capacidades não são as mesmas devido ao gênero. Os gestores precisam entender que não existe sexo, raça, cor, opção sexual e sim profissionalismo.” De todas as entrevistas, apenas uma cita que nunca teve suas entregas questionadas por ser mulher, mas algumas comentaram que os gestores duvidam de suas capacidades, questionam suas análises, são interrompidas com palpites durantes apresentações, colocando assim à prova tudo o que está sendo desenvolvido pela executiva, como nos trechos abaixo. “Os gestores duvidam muito da capacidade das mulheres, além de questionar análises que foram estudadas e embasadas, usando apenas o "palpitez" para dizer que sabe mais que uma profissional mulher. Homens me interrompendo enquanto eu falava ou apresentava algum resultado. Recém formada, fui questionar a prometida promoção e fui recebida com a seguinte frase " Para uma menina da sua idade, o que recebe é mais que suficiente!" Ter meus conhecimentos e análises colocados a prova enquanto apresentava resultados. Entrega não, mas oportunidade de promoção por ser mulher, a diretoria não queria uma gerente financeira, porque a área tinha mais homens que mulheres, aliás eu era a única mulher entre uma equipe de 7 homens.” De 8 entrevistas, apenas 2 executivas se declararam parda ou negra, respondendo duas questões adicionais. Quando questionadas sobre a percepção sobre o panorama atual em relação à desigualdadede gênero e etnicidade, ambas citam que existe uma preocupação na forma da abordagem da questão racial, forçando as organizações a fazerem processos seletivos apenas para agradar ao invés de treinar e desenvolver quem já pertence a companhia. 19 “Tenho uma certa preocupação em estarmos errando a abordagem e forçando as organizações a realizarem "campanhas" de contratação apenas para agradar ao invés de preparar e promover quem está diariamente se dedicando a cia. Além de trabalhar a desconstrução dos gestores, que são os responsáveis pela contratação e que deveriam ser os principais motivadores da igualdade dentro das equipes, mas ainda escutamos, algo como: "O currículo dele era muito bom, mas achei muito afeminado, para trabalhar com os engenheiros..." ou "O cabelo dela era enorme, parecia uma militante!" (entrevistas realizadas recentemente para uma mesma vaga). Acredito que o assunto em evidência acaba gerando cada vez mais preconceito, principalmente pelos negros e pardos.” As gestoras também foram questionadas sobre os principais desafios e medos ao procurar uma oportunidade de trabalho devido sua etnia, onde citam que cada vez mais que o assunto é evidenciado o preconceito cresce e que a idade também é fator determinante para profissionais negras. Ser discriminada pelo meu gênero e etnia, mesmo não tendo sentido na pele a questão da etnia sempre existe esse medo. A idade, além de ser negra o receio é que pessoas a partir dos 40 anos sofrem certo preconceito ao procurar por novas oportunidades. Quando se trata de contratar profissionais negros, podemos citar dois episódios específicos em 2020, o comentário tecido pela cofundadora da fintech Nubank afirmando ser difícil encontrar candidatos negros para vagas de liderança, pois não adianta contratar alguém que não vai conseguir trabalhar com as equipes da empresa, desta forma criando um problema, não solucionando e afirmou ainda que não dá para nivelar por baixo. Enquanto esse primeiro episódio mostrou um lado interessante de uma das maiores fintechs em ascensão do mercado, a Magalu abriu um dos primeiros processos seletivos para trainee exclusivo para negros, onde muitas pessoas, incluindo pessoas politicamente expostas, afirmavam que o processo excluía todas as outras raças existentes no Brasil e praticava o “racismo reverso”. Desta forma, ao promover uma ação de igualdade a empresa recebeu diversas críticas por parte de seu público. Segundo Daniel Teixeira, advogado especialista em direito público do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) transcrito por Silveira e Basilio (2020): “A Constituição Federal traz no artigo 170 os princípios que regem a ordem econômica e, entre eles, no inciso 7, está a redução das desigualdades sociais. Então, como se trata de um artigo que rege a ordem econômica, as 20 empresas devem obedecer, elas precisam cumprir essa norma. Um princípio é uma norma e tem ainda mais importância quando está na Constituição Federal” Ainda há muito o que trabalhar para que possamos chegar a um cenário igualitário dentro do mercado de trabalho, e existe uma barreira ainda maior para o setor financeiro, onde é predominante a atuação de profissionais do sexo masculino na gestão dessas áreas. Existem diversas mulheres interessadas e engajadas em fazer o mercado financeiro crescer ainda mais, vale as empresas pensar, investir, treinar e desenvolver essas profissionais. 21 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo buscou se aprofundar no empoderamento feminino dentro das organizações financeiras, bem como a equidade de gênero e igualdade entre homens e mulheres em posições gerenciais, além disso, buscou evidenciar a ausência de mulheres negras ocupando as posições mais elevadas dentro das empresas. A trajetória feminina no mercado de trabalho sempre foi cheia de barreiras, sempre mostrando que os homens estavam sempre sendo mais valorizados, mesmo que fosse um direito garantido pela Constituição Federal, não existe igualdade de gênero nas organizações. Além disso, ao ocupar uma nova posição a mulher sempre deve estar se demonstrando sua capacidade para depois poder demandar e cobrar resultados, diferente de profissionais do sexo masculino. Diversos estudos evidenciam que as mulheres deixam o mercado de trabalho após se tornarem mães, muito disso se dá ao estresse constante de suas jornadas duplas – muitas vezes triplas – trabalhando, cuidando dos filhos e de sua residência. Desta forma, muitas mulheres têm que optar por casar-se, ter filhos ou desenvolver sua carreira. Outros estudos apontam que as mulheres recebem ao menos 20% menos que homens em mesmos cargos e funções. Mesmo que ainda não haja uma grande igualdade no ramo empresarial, as mulheres estão cada vez mais ocupando cargos gerenciais, principalmente por estarem sempre se atualizando, adquirindo mais conhecimento em seu interesse no mercado financeiro. Mesmo ocupando cargos gerenciais, e como foi evidenciado pelas executivas entrevistadas, existe uma grande necessidade por parte dos outros executivos para que as mulheres provem que tem o conhecimento para que seu trabalho seja desempenhado da melhor forma possível, enquanto não existe essa necessidade para os profissionais do sexo oposto. Quando falamos sobre mulheres negras, é necessário evidenciar que a luta por equidade é muito importante, pois a mulher negra sempre desenvolveu papéis secundários no mercado de trabalho, os trabalhos braçais e domésticos, apesar de não ter mudado muito com o passar dos anos. Não existem muitos estudos que salientem a falta de oportunidades às mulheres negras em empresas financeiras. 22 As entrevistadas negras evidenciaram que existe uma grande preocupação da forma que é abordada as questões raciais pelas empresas, de forma que percebem que certas ações só ocorrem para promover a imagem e reputação da empresa, enquanto internamente existem profissionais que podem ser treinadas e desenvolvidas para ocupar essas posições. Mesmo que as empresas estejam caminhando para a igualdade de gênero dentro das organizações existe um grande caminho a ser percorrido que pode demorar muitos anos para ser alcançada, além da necessidade de mudar a mentalidade de diversos profissionais dentro do mercado financeiro, que é predominante masculino. 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Marília. Preconceitos e desafios no mercado financeiro: mulheres contam trajetórias. Exame, 2019. 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Qual seu gênero? i. Feminino ii. Masculino iii. Prefiro não dizer 2. Qual a sua idade? i. Entre 16 e 21 anos ii. Entre 21 e 26 anos iii. Entre 26 e 31 anos iv. Entre 31 e 36 anos v. Entre 36 e 40 anos vi. Acima de 40 anos 3. Qual etnia você se alto declara? i. Branco (a) ii. Negro (a) iii. Indigêna ou amarelo (a) iv. Pardo (a) 4. Qual seu cargo? i. Auxiliar ii. Assistente iii. Analista iv. Coordenador (a) /Supervisor (a) v. Gerente vi. Diretor (a) vii. Sócio (a) viii. Presidente/CEO 5. Qual o seu ramo de atuação? i. Contábil ii. Fiscal iii. Controladoria iv. Serviços financeiros v. Outros 6. Já sofreu alguma discriminação no trabalho por conta do seu gênero? i. Sim 28 ii. Não 7. Qual é, na sua percepção, a maior deficiência das organizações que não se preocupam com a equidade de gênero? Como isso pode mudar? 8. Aceita ser contatada para uma entrevista? i. Sim ii. Não 9. Caso afirmativo na última pergunta, deixe seu telefone e e-mail abaixo. 29 APÊNDICE II - QUESTIONÁRIO - EXECUTIVAS DO MERCADO FINANCEIRO Este questionário tem como intuito evidenciar as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no ramo financeiro, contábil, fiscal ou de serviços profissionais (consultoria, auditoria e outros) 1. Qual o seu cargo atual? 2. Quais os principais desafios enfrentados para conciliar a vida pessoal e profissional? 3. Qual sua percepção sobre as oportunidades para as mulheres dentro do setor financeiro? 4. Na sua visão, há oportunidades para as mulheres no mercado de trabalho em posições estratégicas? Estamos trilhando a trajetória da equidade de gênero nas organizações? 5. Em sua perspectiva, o que deve mudar no mercado de trabalho para que as oportunidades sejam iguais para todos? 6. Pode comentar alguma vez que suas entregas foram questionadas por conta de seu gênero? 7. Você é uma mulher parda ou negra? i. Sim ii. Não 8. Qual a sua percepção sobre o panorama atual em relação à desigualdade de gênero e etnicidade? 9. Quais os principais desafios e medos ao procurar uma oportunidade de trabalho?
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