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História Antiga INICIAIS_Historia_Antiga.indb 1 25/06/14 20:09 INICIAIS_Historia_Antiga.indb 2 25/06/14 20:09 História Antiga Guilherme Cantieri Bordonal Jean Carlos Morell Graciela Márcia Fochi Taíse Ferreira da Conceição Nishikawa INICIAIS_Historia_Antiga.indb 3 25/06/14 20:09 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Morell, Jean Carlos M841h História antiga / Jean Carlos Morell, Guilherme Cantieri Bordonal, Graciela Márcia Fochi, Taíse Ferreira da Conceição Nishikawa. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014. 192 p. ISBN 978-85-68075-49-4 1. Ágrafas. 2. Civilizações. I. Bordonal, Guilherme Cantieri. II. Fochi, Graciela Márcia. III. Nishikawa, Taíse Ferreira da Conceição. IV. Título CDD 930 © 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Diretor editorial e de conteúdo: Roger Trimer Gerente de produção editorial: Kelly Tavares Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso Coordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento Editor: Casa de Ideias Editor assistente: Marcos Guimarães Revisão: Âmala Barbosa Capa: Katia Megumi Higashi, Fernanda Caroline de Queiroz Costa e Mariana Batista de Souza Diagramação: Casa de Ideias INICIAIS_Historia_Antiga.indb 4 25/06/14 20:09 Unidade 1 — Sociedades ágrafas ...................................1 Seção 1 A importância da Pré-História ..............................................4 1.1 O conceito de Pré-História ..................................................................4 Seção 2 A arqueologia e o conhecimento histórico .........................11 2.1 A importância da arqueologia para o conhecimento histórico ...........11 2.2 Arqueologia e os primeiros humanos .................................................14 2.3 Uma proposta de educação patrimonial ............................................19 Seção 3 Paleolítico e neolítico .........................................................22 3.1 O período paleolítico .........................................................................22 3.2 O período neolítico ...........................................................................24 3.3 A migração para o continente americano ...........................................26 3.4 O homem pré-histórico no Brasil .......................................................28 Seção 4 O estado, a escrita e a agricultura ......................................31 4.1 O estado ............................................................................................31 4.2 A invenção da escrita .........................................................................33 Unidade 2 — Civilizações orientais .............................47 Seção 1 A questão do orientalismo ..................................................49 1.1 Introdução .........................................................................................49 1.2 Orientalismo: perspectivas .................................................................50 Seção 2 A sociedade egípcia ............................................................55 2.1 Introdução .........................................................................................55 2.2 Aspectos básicos do Egito Antigo .......................................................55 Seção 3 As sociedades cosmológicas ...............................................68 3.1 Introdução .........................................................................................68 3.2 As sociedades cosmológicas: a perspectiva de Eric Voegelin ..............68 Sumário INICIAIS_Historia_Antiga.indb 5 25/06/14 20:09 vi H I S T Ó R I A A N T I G A Seção 4 Mesopotâmia e o seu nascimento das águas .......................75 4.1 Introdução .........................................................................................75 4.2 Principais aspectos dos povos mesopotâmicos ...................................75 Unidade 3 — Grécia Antiga .........................................85 Seção 1 Os principais momentos históricos .....................................88 1.1 Povoamento e formação social: período pré -homérico.......................89 1.2 Período homérico ..............................................................................90 1.3 Período arcaico .................................................................................91 1.4 O período clássico .............................................................................92 1.5 As guerras médicas ...........................................................................93 1.6 A guerra do peloponeso .....................................................................94 1.7 A escravidão ......................................................................................96 1.8 O período helenístico ........................................................................98 Seção 2 A experiência da pólis e da democracia ............................100 2.1 A pólis .............................................................................................100 2.2 Atenas ..............................................................................................100 2.3 Esparta .............................................................................................103 2.4 A democracia .................................................................................105 Seção 3 Aspectos culturais da Grécia Antiga .................................108 3.1 O belo e os esportes ........................................................................108 3.2 O teatro e a tragédia grega: uma finalidade moral e política ............110 Seção 4 O declínio e o legado da civilização grega .......................115 4.1 O declínio da civilização grega .......................................................115 4.2 O legado à tradição ocidental ..........................................................118 Unidade 4 — Roma Antiga .........................................129 Seção 1 A formação da Roma Antiga ............................................130 1.1 As origens escritas de Roma .............................................................131 1.2 Aspectos arqueológicos sobre a formação de Roma .........................137 1.3 Para além das origens de Roma: sua formação política, social e cultural ............................................................................................142 1.4 A república romana ........................................................................145 1.5 A expansão romana e a formação do exército ..................................151 Seção 2 O império romano ............................................................159 2.1 Aspectos culturais da sociedade romana: a educação e a religião ....172 INICIAIS_Historia_Antiga.indb 6 25/06/14 20:09 Seção 1: A importância da Pré-História Caro acadêmico, para uma compreensão mais ampla desta fase da história precisamos discutir aspectos que são fundamentais, mas que podem ser questões divergentes entre os historiadores. São questões como o conceito de Pré-História e a abordagem que delimita as fases Pré-História e história. Seção 2: A arqueologia e o conhecimento histórico A segunda seção apresenta as características da ar- queologia como ciência e como um ramo da história. O objetivo desse campo do conhecimento procura reconstituir o modo de vida do passado de socieda- des extintas ou contemporâneas. Assim, o campo de pesquisa da arqueologia sobre o patrimônio cultural deixado pelas sociedades, se materializa através do estudo dos fósseis e vestígios nos sítios, cavernas ou escavações.Seção 3: Paleolítico e neolítico Esta seção tem o objetivo de levantar aspectos que envolvem a classificação da Pré-História entre paleolí- Objetivos de aprendizagem: Esta Unidade tem por objetivos abordar temas relevantes sobre as sociedades ágrafas, a historio- grafia, a Pré-História geral e americana, bem como contribuir para a formação teórica no exercício profissional e docência de áreas afins. Sociedades ágrafas Unidade 1 Jean Carlos Morell INICIAIS_Historia_Antiga.indb 1 25/06/14 20:09 tico e neolítico. Além disso, é relevante compreender que os períodos de migração do ser humano para o continente americano determinam, na historiografia, a transição entre Pré-História e história. Nesse con- texto, o aparecimento das sociedades letradas na América é um fator determinante nesta classificação. Seção 4: O estado, a escrita e a agricultura A última seção demonstra os principais aspectos que definem a transição entre a Pré-História e Idade An- tiga. A junção de diversos contextos possibilitou um salto qualitativo na organização e no modo de vida social das comunidades. A consolidação da agricul- tura, a organização das primeiras formas de estado e a sedentarização possibilitaram a alteração social capaz de articular: a invenção da escrita, ampliação demográfica e a administração pública. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 2 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 3 Introdução ao estudo Caro(a) acadêmico(a), o estudo sobre a Pré-História é uma ação fundamental para a construção do conhecimento histórico e para a sua formação profissional. As seções desta primeira Unidade de Estudo, além de destacar os conteúdos relativos às sociedades ágrafas e Pré-História, destacam a preocupação em refletir sobre diferentes compreensões do passado das sociedades. Nesse sentido, surgem perguntas relevantes como: Quais fontes históricas podem trazer elementos sobre a história das sociedades? Existe somente uma Pré-História? Se o surgimento da escrita é o marco divisor entre a Pré-História e a his- tória, então as sociedades ágrafas não fazem parte da história? É necessário compreender que todas essas questões surgem porque o co- nhecimento histórico não é hegemônico, nem mesmo um conhecimento exato. Este se apresenta com divergências teóricas e diferentes abordagens conceituais. Na primeira seção, vamos apresentar e discutir o conceito de Pré-História. Assim, um aspecto relevante para tal discussão, é o papel da escrita como marco divisor da transição para a Idade Antiga. Logo, a presença ou ausência da escrita nas sociedades passa a ter diferentes abordagens na formação do conhecimento histórico. A segunda seção foi dedicada para que você possa familiarizar-se com as dimensões de uma área de estudo chamado arqueologia, um campo de trabalho em expansão para a profissão do historiador. Na terceira seção apresentaremos as principais divisões e características da Pré-História e as evoluções adquiridas pela humanidade no paleolítico e neolítico. Como proposta para última seção você poderá compreender a complexidade cultural que possibilitou o surgimento do Estado e dos primeiros impérios da Idade Antiga. Também é indispensável reforçar que um estudo como este não pretende esgotar o conteúdo ou dar conta de apresentar toda a complexidade sobre a Pré-História e as sociedades ágrafas. Nosso esforço pretende levantar alguns co- nhecimentos que forneçam material suficiente para você continuar pesquisando e ampliando seus horizontes teóricos. Por isso, em sua trajetória profissional, jamais deixe de pesquisar e aprofundar seus conhecimentos. Desejamos dedicação e sucesso em sua caminhada de estudos! INICIAIS_Historia_Antiga.indb 3 25/06/14 20:09 4 H I S T Ó R I A A N T I G A Seção 1 A importância da Pré-História O primeiro aspecto a ser compreendido deriva de uma discussão que envolve a palavra “Pré-História”. Ao usar o prefixo “pré”, em geral, estamos nos referindo ao que vem antes da história. Logo, parece estranho formular o seguinte pensamento: é possível existir algo antes da história? Por isso, é indispensável, como ponto de partida, que a discussão seja centralizada no conceito de Pré-História. 1.1 O conceito de Pré-História Essa divergência ficou estabelecida com a consolidação do saber histórico tradicional como ciência, no século XIX, pelo qual se acreditava ser uma ver- dade histórica do passado somente quando houvesse tempos registrados pela escrita. Em outras palavras, numa visão tradicional, o passado só pode ser comprovado por documentos escritos. Logo, nessa compreensão, e por motivos didáticos, a invenção da escrita passa a ser o marco divisório entre as fases: Pré-História e história. E o que se situa antes dessa invenção fica num período incerto à luz da verdade e da ciência. Assim, nessa divisão, a Pré-História inicia-se aproximadamente há 4,5 milhões de anos, com o aparecimento do primeiro grupo humano e termina com o desenvolvimento da escrita, entre 4000 e 3500 a.C. (GUGLIELMO, 1999; CHILDE, 1971). Interessante ressaltar uma curiosidade. Veja que, mesmo sendo referida com o prefixo “pré”, cronologicamente é a maior das fases da história. E como escreveu Braidwood (1988, p. 6) “Na realidade, mais de 99% da história humana é Pré-História”. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 4 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 5 Figura 1.1 Esteio pintado com figuras humanas Fonte: Pichugin Dmitry/Shutterstock (2014). Figura 1.2 Arqueologia pré-colombiana Fonte: mj007/Shutterstock (2014). Entretanto, você não precisa aceitar ingenuamente a visão tradicional que diminui o prestígio dessa fase da humanidade tão extensa e ainda pouco com- preendida. Nesse aspecto reside uma contradição, pois o tempo anterior ao desenvolvimento da escrita também pode ser considerado histórico. As figuras anteriores (1.1. e 1.2) apresentam uma pista da diversidade material e cultural das sociedades ágrafas. Isso também revela que, se por um lado a historiografia já negligenciou a produção cultural da Pré-História, por outro, ainda há muito o que ser pesquisado através da investigação histórica e da ampliação dos estudos nos sítios arqueológicos. Acompanhe: INICIAIS_Historia_Antiga.indb 5 25/06/14 20:09 6 H I S T Ó R I A A N T I G A Considerado o período mais extenso da História, formal- mente o início da Pré-História é associado ao surgimento do primeiro hominídeo, há aproximadamente 4,5 milhões de anos, e termina com a criação da escrita, por volta de 5.000 anos antes do presente. No entanto, como vere- mos, as mudanças ocorridas na pesquisa historiográfica dos últimos anos vêm questionando essa divisão e até mesmo o conceito de Pré-História. O surgimento de novas fontes, problemas e objetos trouxeram reflexões sobre este importante momento da humanidade (SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 4). Hoje, a Pré-História pode ter uma nova abordagem. Mas qual será a rela- ção entre o modelo de ciência da história e as diferentes abordagens? Com a colaboração de outras ciências, como antropologia, arqueologia e paleonto- logia, novos materiais passaram a servir de indícios do passado de um povo: imagens, relatos orais, vestígios, artefatos, ossos, armas, fotografias, músicas, construções e outros objetos. Essas fontes podem ser tão importantes quanto a escrita no processo de resgate do passado de uma civilização ou comunidade (KUPER, 2008). É com base nessa discussão que o conceito de “sociedades ágrafas” permite empregar novos significados e desconstruir o reducionismo que cercava os termos Pré-História e povos primitivos. O próprio termo primitivo sempre foi carregado de um sentido desqualificador na história. Mesmo assim, o marco do surgimento da escrita ainda continua a delimitar a divisão entre a Pré-História e a história antiga. Didaticamente a divisão histórica tradicional ainda é utilizada. No entanto, o conceito de Pré-História mudou. Agora, desde o surgimento do primeirohominídeo na Terra, começa a grande aventura humana, sem esquecer todo o período que antecede o aparecimento dos seres humanos, que também faz parte da Pré-História (SO- PHIATI; HEUER, 2013, p. 17). Isso nos faz pensar em outro aspecto. Veja que, na visão tradicional, a Pré- -História é dividida nos períodos paleolítico e neolítico, como veremos em outra seção. Essa divisão pode permanecer por uma questão didática. Entretanto, com novas descobertas pela arqueologia, essa maneira de classificar não se apresenta tão simples e linear. Vale a pena continuar pesquisando e mergulhar nesse universo do conhecimento. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 6 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 7 A Figura 1.3 apresenta e delimita a Pré-História geral e brasileira. Apesar de ser uma visão linear e simplificada, a imagem contribui para a compreensão pontual do tema. Contudo, você pode perceber que as divisões e delimitações, por uma questão didática, negligenciam as divergências entre os historiadores e apresentam algumas datas aproximadas. Figura 1.3 A Pré-História Fonte: Do autor (2014). Então, pelo mundo existiu mais de uma Pré-História? O quadro anterior dá algumas pistas dessa situação, entretanto acompanhe nossa reflexão com a seguinte ideia: Da mesma forma, se a Pré-História acaba com o início da escrita, nem todas as regiões terminam a Pré-História em uma mesma época. No continente americano, seu fim é associado à chegada dos colonizadores europeus, por volta do século XV, embora se saiba que em algumas áreas do continente americano já existia escrita muito antes da chegada dos europeus (SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 17). Diante dos argumentos levantados, ainda vale a pena acrescentar que, segundo a história tradicional, a Pré-História brasileira iniciou-se por volta de INICIAIS_Historia_Antiga.indb 7 25/06/14 20:09 8 H I S T Ó R I A A N T I G A 32 mil anos atrás, dados os vestígios encontrados no território até então. Essa fase vai até o ano de 1500 (época do descobrimento), datação dos primeiros documentos sobre essas terras. Assim, qualquer tempo antes do descobrimento pode ser classificado como pertencente à Pré-História brasileira. Interessante discutir que, entre os historiadores, foi consenso o fato de a Pré-História ame- ricana ter iniciado com as primeiras migrações há cerda de 13 mil anos, com o fim da última glaciação. Entretanto, recentes achados no Chile revelaram instrumentos de 33 mil anos. Já outro achado da Dra. Niède Guidon, no estado do Piauí, foi uma série de ferramentas de quartzo com 31,5 mil anos. Essas descobertas colocam à prova o que já se sabia sobre a Pré-História americana (GUGLIELMO, 1999). Saiba mais sobre a Pré-História brasileira. Pesquise e surpreenda-se com as novas descobertas da arqueóloga Niède Guidon. Leia o livro O paraíso é no Piauí: a descoberta da arqueóloga Niède Guidon, de Solange Bastos. Para saber mais Sem dúvida, é relevante compreender a classificação da Pré-História geral e brasileira. No entanto, não é possível ficar alheio ao debate que questiona a classificação linear dos tempos históricos. A compreensão desse tempo da história humana é cercada por desafios imensuráveis. A escassez de documen- tos impele os pesquisadores a se valerem dos mais diversificados campos de conhecimento para tentar promover a retomada das primeiras ações do homem na Terra. Os primeiros fósseis definitivamente hominídeos foram encontrados em Laetoli, na Tanzânia, e Hadar, na Etiópia, com datas entre 3 e 3,5 milhões de anos, e receberam o nome de Australopitecos afarensis. Um dos achados mais espetaculares deste espécime é um esqueleto quase com- pleto, apelidado de Lucy, encontrado por Don Johanson e Tim White por volta de 1970, no sítio de Hadar. Alguns especialistas apontam o A. afarensis como o ancestral direto dos hominídeos posteriores. Outros, contudo, argumentam que eles não eram a única categoria taxo- nômica existente e que os ancestrais do gênero Homo e dos australopitecíneos já haviam se ramificado há cerca de 4 milhões de anos (GUGLIELMO, 1999, p. 24-25). INICIAIS_Historia_Antiga.indb 8 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 9 Convém lembrar que nossa conversa aqui não tem a pretensão de aprofundar ou dar conta de todas as questões da Pré-História, mas propor um ponto de par- tida capaz de incentivá-lo para novos estudos. Realize novas leituras, supere essa visão inicial e continue pesquisando sobre a construção de artefatos, as primeiras estruturas que serviram de morada, o desenvolvimento da arte, as relações sociais entre as comunidades primitivas e o desenvolvimento da agricultura. Todas são dimensões que fazem parte do intrigante mundo da Pré-História. Acadêmico(a), a partir dessa discussão é possível visualizar a exis- tência de diversas Pré-Histórias? Seria possível determinar uma Pré-História predominante na história geral? Questões para reflexão 1. Determinadas atividades artísticas da Pré-História, como as pinturas nas paredes das cavernas, foram chamadas de “arte rupestre”. Vestígios dessa forma artística são fontes de pesquisa da arqueologia e contri- buem para a compreensão sobre a vida das sociedades ágrafas. Sobre a arte durante os períodos da Pré-História, analise as sentenças a seguir: I. As atividades cotidianas do paleolítico foram registradas pela arte rupestre, entretanto, os registros mais antigos desse tipo de arte foram produzidos no período neolítico. II. Nas sociedades ágrafas, a arte é resumida pelas atividades fú- nebres e rituais religiosos, pois somente esses aspectos foram encontrados pelos arqueólogos. III. O debate sobre o conceito de Pré-História questiona e reflete sobre as fontes que podem revelar o passado das comunidades primitivas, em destaque, os registros escritos. IV. O século XIX foi relevante para o reconhecimento da história como conhecimento científico, embora isso tenha construído uma visão reducionista da Pré-História. Atividades de aprendizagem INICIAIS_Historia_Antiga.indb 9 25/06/14 20:09 10 H I S T Ó R I A A N T I G A Agora, assinale a alternativa correta: ( ) As afirmativas III e IV estão corretas. ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas. ( ) As afirmativas II e III estão corretas. 2. A arqueologia é a ciência que estuda os artefatos criados pela huma- nidade. Esse tipo de pesquisa é realizado em locais chamados sítios arqueológicos ou outros que revelem informações históricas. Entre- tanto, em abordagens diferenciadas, outros materiais podem servir de estudo. Descreva que outras fontes podem construir o conhecimento sobre os povos do passado. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 10 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 11 Seção 2 A arqueologia e o conhecimento histórico O século XIX foi um divisor de águas para o estudo da história, pois a partir desse marco essa área do conhecimento consolidou seu status de ciência. E dentre as ciências que contribuem para o estudo da história está a arqueologia. Compreender a arqueologia é um passo fundamental na definição de fonte história e patrimônio cultural. 2.1 A importância da arqueologia para o conhecimento histórico É para reconstituir o passado e o estilo de vida de sociedades atuais ou extintas, que a arqueologia investiga o patrimônio cultural deixado por essas sociedades, sejam elas letradas ou ágrafas. São estudados vestígios ou fósseis descobertos em locais como escavações, cavernas ou sítios arqueológicos. Os vestígios podem ser pinturas, gravuras, artefatos, ossos, ferramentas e outros materiais que sofreram ação do homem. O termo arqueologia, que vem do grego, significa estudo do passado. Mas essa modalidade do conhecimento certificou, durante a história, diferentes significados profissionais ao pesquisador. As primeiras menções sobre o estudo da arqueologia surgem entre o fim da Idade Média e o início da Idade Modernaconfundindo os papéis do arqueólogo e do paleontólogo. Houve tempo em que rotularam o arqueólogo como “o cientista dos dinossauros” (CHILDE, 1971; GUGLIELMO, 1999). Mesmo nesse estágio embrionário da arqueologia, já existia a preocupação em desenvolver uma maneira de descrever como determinadas sociedades se desenvolveram e tiveram etapas distintas nessa trajetória. Para tal intento, foram criados métodos de estudo, instrumentos de escavação e técnicas para análise dos artefatos em laboratório. Sendo assim, será a arqueologia a ciência que define melhor o conheci- mento da Pré-História? Uma curiosidade interessante que podemos conferir na figura que segue. Na atualidade, a arqueologia conta com a tecnologia de precisão e ima- gem para o auxílio das escavações. Um exemplo disso é o “radar de solo” utilizado para mapear e descobrir o que existe abaixo no solo, Figura 1.4. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 11 25/06/14 20:09 12 H I S T Ó R I A A N T I G A Figura 1.4 Radar de solo Fonte: Peter Macdiarmid/Getty Images/AFP (2014). A pesquisa arqueológica acontece inicialmente em locais chamados de “sítios arqueológicos”, denominados assim por terem vestígios materiais tanto de sociedades ágrafas quanto sociedades com escrita. O debate que já fizemos na seção anterior vale a pena continuar pesquisando. Além disso, a arqueolo- gia estuda além da Pré-História, o material de qualquer época histórica e que esteja associado à ação humana. A Arqueologia, contudo, pode transcender os quadros es- tritos da historiografia assentada nas fontes escritas, cujo viés de classe constitui sua própria essência e a cultura material pode tratar de temas simplesmente ausentes ou ignorados pela documentação, como no caso das grandes maiorias, da vida rural e do quotidiano. O discurso verbal e artefatual entrecruzam-se, de diferentes modos, nas so- ciedades históricas e o desenvolvimento de técnicas para tratar de tais inter-relacionamentos permanece uma ques- tão fundamental no seio da disciplina (FUNARI, 2007, 37). Vamos complementar nosso argumento. No século XIX, os arqueólogos, financiados pelos países imperialistas, iniciaram uma corrida pela busca aos tesouros históricos. Um exemplo foi o trabalho do pioneiro Horward Carter, arqueólogo britânico que descobriu a tumba de Tutancamón, no Egito, em 1922. A frase do documentário Tumba do Faraó Tutancamón explica bem esse fenômeno: “a arqueologia chega ao Egito com um exército de escavadores”. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 12 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 13 Você pode encontrar facilmente este interessante documentário no Youtube. Acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=Msa4R3Jpwrc>. A etapa que sucede a pesquisa de campo em sítios transporta o profissional para o trabalho em laboratório somando diversas especialidades como traba- lho com cerâmica, metalurgia, biologia, geologia e química. No laboratório os materiais escavados e catalogados passam por limpeza e acomodação de maneira a ser preservado com segurança. Ali eles podem ser minuciosamente estudados e comparados com materiais de origem de outros sítios. Para determinar a idade de um achado arqueológico são utilizadas várias técnicas e métodos. Um exemplo é a utilização do componente químico do carbono 14 que permite estabelecer datações em fósseis de seres vivos. Durante toda a sua vida, os seres vivos absorvem o carbono 14. No momento de sua morte, a quantidade de carbono 14 começa a cair e são emitidos elétrons. Assim, é calculada a quantidade de elétrons emitidos por minuto em cada grama do material. Através do carbono 14, é possível determinar datas de carvões, fósseis animais e vegetais, alguns artefatos, tintas vegetais, entre outros (SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 4). Para saber mais Figura 1.5 Arqueologia no Egito Fonte: bumihills/Shutterstock (2014). INICIAIS_Historia_Antiga.indb 13 25/06/14 20:09 14 H I S T Ó R I A A N T I G A E no Brasil, quais são as dimensões que a arqueologia pode apresentar? A arqueologia tem campo de estudo e trabalho? Apesar de pouco difundido e reconhecido, esse estudo tem considerável campo de pesquisa. Podemos destacar sítios arqueológicos como os existen- tes na Serra da Capivara no estado do Piauí, pesquisados desde 1973. Possi- velmente, o estado do Piauí guarde o maior tesouro arqueológico do Brasil (MOSNA, 2013). Figura 1.6 Pintura rupestre Fonte: Yuttasak Jannarong/Shutterstock (2014). 2.2 Arqueologia e os primeiros humanos No Brasil, os primeiros estudos arqueológicos são de ossadas humanas encontrados em 1843 nas cavernas de Lagoa Santa em Minas Gerais. Já nesse mesmo século XIX também foram feitas as primeiras escavações nos sambaquis de Santa Catarina e São Paulo. Mas foi só a partir de 1950 que iniciou um projeto nacional de pesquisa arqueológica. A partir disso foram sendo descobertos e catalogados, mesmo com tímidos investimentos, os principais sítios arqueoló- gicos brasileiros. (PROUS, 2007). Citamos alguns a seguir: Parque Nacional Serra da Capivara — São Raimundo Nonato, PI. Parque Nacional do Catimbau — Buíque, PE. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 14 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 15 Sítio Arqueológico de Inhazinha e Rodrigues Furtado — Perdizes, MG. Sítio Arqueológico de Mangueiros — Macaíba, RN. Sítio Arqueológico Lapa Vermelha — Lagoa Santa, MG. Sítio Arqueológico do Solstício — Calçoene, AP. Sítio Arqueológico de Pedra Pintada — Pacaraima, RR. Sítio Arqueológico São João Batista — Entre-Ijuís, RS. Sítio Arqueológico do Lajedo de Soledade — Apodi, RN. O Parque Nacional Serra da Capivara está localizado no sudeste do estado do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. A superfície do parque é de 129 ha e seu perímetro é de 214 km. A cidade mais próxima do Parque Nacional é Cel. José Dias, e São Raimundo Nonato é o maior centro urbano (FUMDHAM, 2014). Para saber mais Hoje, o profissional da arqueologia pode desenvolver seu trabalho em instituições de ensino e pesquisa lecionando ou fazendo parte de projetos específicos (Figura 1.7). Além disso, a pesquisa arqueológica pode atuar em licenciamentos ambientais para obras de infraestrutura com intuito de veri- ficar os impactos socioambientais, se o espaço abranger algum patrimônio arqueológico. Caro(a) acadêmico(a), há pouco mencionamos a palavra sambaqui. Você sabe o que isso significa? É um tipo de sítio arqueológico encontrado perto de regiões litorâneas. Em geral, são espaços que foram habitados por povos coletores e caçadores que tinham vínculo com as regiões litorâneas na Pré-História. Veja que para compreender a relevância de sítios arqueológicos como os sambaquis, precisa- mos superar a dicotomia entre mito e história, primitivo e civilizado, letrado e iletrado. Assim, os sítios indígenas passam a ter atenção merecida nas pesquisas históricas (FUNARI, 2007). Aprofunde seu conhecimento, surpreenda-se com o livro O Brasil antes dos Brasileiros, de André Prous, e saiba mais sobre a Pré-História de nosso país. Conheça também o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB). Acesse: <http:// www.arqueologia-iab.com.br/2009/view.php?show=33&pag=14>. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 15 25/06/14 20:09 16 H I S T Ó R I A A N T I G A Figura 1.7 Escavação Fonte: ChameleonsEye/Shutterstock (2014). Foi somente a partir de descobertas nos sítios arqueológicos pelo mundo que algumas hipóteses sobre a trajetória da humanidade na Pré-História puderam ser elaboradas. O momento em que os nossos ancestrais deixaram de ser quadrúpedes para se tornar bípedes sempre foi um mistério sem resposta na ciência evolutiva, mas um novo estudo publicado pela revista Current Biology dá outras pistas. Os cientistas acreditam que os nossos antepas- sados podem ter começado a andar sobre duas patas em uma tentativa de monopolizar recursos e para levar comida, em maior quantidade e de forma maiseficiente (SOPHIATI; HEUER, 2013). Pela indicação dos fósseis e ferramentas mais antigas encontradas, a evolução da história humana iniciou nas savanas da África, entre 3 e 4 milhões de anos, onde apareceram os primeiros ancestrais. Naquele tempo, algumas espécies sobrevive- ram e outras foram extintas. É a partir dessa “era” que foram surgindo as espécies de hominídeos, como ramapithecus, afarensis, erectus, habilis, australopithecus, neandertalenses e sapiens (GUGLIELMO, 1999; BRAIDWOOD, 1988). Entretanto, a “cultura” humana, como conhecemos hoje, possivelmente foi resultado do flo- rescimento exclusivo de uma espécie, o homo sapiens. Ao aprofundar o assunto, você terá conhecimento de mais de uma dezena de espécies de hominídeos e alguma divergência entre os autores sobre sua datação e características. As Figuras 1.8 e 1.9 podem lançar alguma luz sobre esse tema e fazer compreender a complexidade que envolve a Pré-História. Há muito a ser des- coberto, discutido e verificado. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 16 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 17 Figura 1.8 Evolução e os hominídeos Fonte: Sabatini (2011). Figura 1.9 Os ancestrais do homem moderno australopithecus. Fonte: Instituto Refletir (2012). INICIAIS_Historia_Antiga.indb 17 25/06/14 20:09 18 H I S T Ó R I A A N T I G A Apresentamos neste momento um destaque para alguns hominídeos e suas características (SOPHIATI; HEUER, 2013; CHILDE, 1971; GUGLIELMO, 1999). Confira: O Australopithecus, também chamado de afarensis, que significa macaco do sul, viveu há 3,2 milhões de anos, e uma prova de sua existência foi um fóssil encontrado em 1974 que foi denominado de Lucy. O Homo habilis viveu entre 2,4 e 1,5 milhão de anos. O primeiro fóssil de Homo habilis foi encontrado na região do Quênia, em 1963. Vivia em grupo, utilizava os instrumentos rudimentares de pedra para caçar pequenos animais e sua alimentação era centrada na caça. Homo erectus, que em latim significa homem em pé, recebeu esse nome pois foi o primeiro a ter um andar semelhante ao do homem atual, com coluna e cérebros alinhados. Viveu aproximadamente há 1,3 milhões de anos na África e Ásia. Há indícios de que dividia as atividades diferente- mente entre o próprio grupo. Sua maior conquista foi o domínio do fogo. O Homem de Neanderthal tinha 1,6 m de altura e características pe- culiares, pois se adaptou ao período glacial. Desenvolveu técnicas de fabricação de rochas para caçar grandes animais. Possivelmente, essa espécie foi contemporânea do homo sapiens. O Homo sapiens, o homem moderno do qual somos descendentes di- retos. Surgiu há 100 mil anos construindo o que conhecemos por cul- tura humana. Logo, sua maior diferença dos outros hominídeos foi a cultura da arte, da comunicação, da escrita e do sedentarismo. Ao tentar estudar os hominídeos podemos nos questionar: por que algumas espécies de hominídeos desapareceram? Qual a relação entre a permanência do Homo sapiens e o desenvolvimento da cultura? Questões para reflexão Enfim, o estudo sobre os primeiros humanos só foi possível graças ao avanço da arqueologia, mas o caminho dessa descoberta está no início. Como há mais dúvidas que certezas, ainda há muito o que pesquisar e estudar. Em seu estudo, não se restrinja ao conteúdo que disponibilizamos. Pesquise, descubra e am- plie seu conhecimento. Tratar do tema sobre os hominídeos requer paciência e muita leitura. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 18 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 19 Como você encontra algumas diferenças teóricas entre autores, o melhor a fazer é estar por dentro das novas publicações. Recomendo uma fantástica leitura. Conheça o livro Homens pré-históricos, de Robert J. Braidwood, que já foi citado em nosso texto. Não deixe de ler outra obra de destaque: A rein- venção da sociedade primitiva, de Adam Kuper. Para saber mais 2.3 Uma proposta de educação patrimonial Aproveitamos a oportunidade do tema para apresentar uma atividade da história contemporânea que aproxima a educação e o patrimônio histórico. O objetivo é apresentar uma atividade educacional que articula os conceitos de patrimônio histórico, sítio arqueológico e meio ambiente histórico. Além disso, o texto faz uma proposta de ação educacional. Confira. Ao visitar um monumento, local de preservação ou sítio histórico com algum grupo, alunos ou não, é importante que as pessoas sejam orientadas a observar o máximo de dimensões possíveis inseridas no ambiente. O objetivo é avaliar a influência da ação do homem sobre o espaço e sobre a paisagem natural. Nesta exploração é possível alcançar as áreas de diversas disciplinas de ensino como: história, geografia, matemática e arte. Na análise da educação patrimonial, durante a atividade, devem ser cons- truídas algumas questões (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999). Logo, algumas perguntas podem servir de ponto de partida: Como é o lugar hoje e como foi no passado? Quais elementos do passado permanecem no local? Como seria viver neste local hoje e no passado? Este local tem semelhanças com o passado de outras regiões? As transformações que ocorreram também agiram sobre outros locais que conhecemos? Quais elementos que são específicos do presente e que estão tanto neste local como em outros espaços rurais ou urbanos? Ao estudar um local, monumento ou sítio arqueológico, e a interação entre a atividade humana e a paisagem, pode-se usar um conjunto estruturado de perguntas como essas, como base para que os alunos/pesquisadores proponham INICIAIS_Historia_Antiga.indb 19 25/06/14 20:09 20 H I S T Ó R I A A N T I G A suas próprias questões. Isso deixa o trabalho ainda mais interessante. (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999). Cada pergunta pode gerar outras questões. A questão fundamental como era este lugar? É o ponto de partida para a coleta de dados, o trabalho de campo, as observações orientadas e as diferentes atividades. A partir dessa pergunta, é possível observar, entre outros aspectos: Onde ele está situado? Como ele se insere na paisagem natural? Quantas estruturas existiam? De que eram feitas? Para que serviam? Quantas pessoas viviam ali? Perguntas como essas podem ser aplicadas a alunos de todas as idades, com a ajuda do professor para os mais jovens. Apesar de serem colocadas separadamente, as questões se relacionam entre si. Um conjunto de perguntas depende de outras. Entretanto, colocá-las separadamente ajuda a compreen- der e a estruturar os diferentes passos de uma pesquisa (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999). O uso e a compreensão de mapas, desenhos, esquemas, fotografias aéreas, fotos antigas e recentes, documentos, são outras habilidades envolvidas na exploração orientada de um sítio ou monumento histórico. E os monumentos históricos podem ser encontrados em diversos contextos rurais e urbanos. Para as crianças, com um tempo de vida mais recente e menor que o dos adultos, quase tudo que as rodeia é produto de um passado distante, do tempo da vovó. A própria casa, a família ou a escola podem ser material útil para iniciar a compreensão da mudança e continuidade (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999). As estruturas remanescentes do passado são encontradas em diferentes estados de preservação: intactas (escolas, casas...), incompletas (ruínas, mo- numentos históricos, prédios antigos...), enterradas (estruturas desaparecidas) e monumentos tombados, sítios históricos de importância para a cultura na- cional e protegidos por lei através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artís- tico Nacional — IPHAN, ou por instituições estaduais e municipais (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999). Numa visitação nem todas as perguntas serão respondidas no local. É impor- tante que os alunos percebam que também podem existir limitações nas evidên- cias e na verdade levantada sobre um determinado local. Essa conscientização pode levar a novos questionamentos, hipóteses e a percepção do risco de con- clusões precipitadasou distorcidas (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999). INICIAIS_Historia_Antiga.indb 20 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 21 Aproveite a ideia e quando puder desenvolva projetos educacionais que envolvam o patrimônio histórico e natural. Contribua para o desenvolvimento da educação patrimonial e ambiental. Explore com seus alunos os conceitos de cultural, patrimônio, conservação, ambiente natural e cultural. Bons trabalhos! 1. O surgimento dos hominídeos ainda é objeto de discussão e muita divergência entre historiadores e arqueólogos, pois sobre o tema da Pré-História ainda há muito o que pesquisar e descobrir. Sobre os hominídeos, assinale a alternativa CORRETA: ( ) A característica essencial que diferencia os hominídeos dos outros animais é a cultura. ( ) Durante a Pré-História não ocorreu a coexistência entre diferentes hominídeos. ( ) A prova da existência do Homo habilis é a descoberta do fóssil de Lucy. ( ) O homem de Neandertal é o único hominídeo que não faz parte da Pré-História. 2. Depois de criado, o Parque Nacional da Serra da Capivara esteve abandonado durante dez anos por falta de recursos federais. Análises comparativas das fotos de satélite evidenciaram esse fato. Durante esse período, a Unidade de Conservação foi considerada “terra de ninguém e, como tal, objeto de depredações sistemáticas”. A des- truição da flora tomou dimensões incalculáveis; caminhões vindos do Sul do país desmatavam e levavam, de maneira descontrolada, as espécies nobres. O desmatamento dessas espécies, próprias da caatinga, aumentou depois da criação do Parque, em decorrência de falta de vigilância (FUMDHAM, 2014). O texto anterior denota um dos desafios que a arqueologia brasileira enfrenta. Entre eles estão: a falta de investimentos, a articulação entre os setores público e privado da sociedade, o avanço da urbanização, exploração e extrativismo entre outros. Pense em algum sítio arqueo- lógico de seu conhecimento ou em sua região e descreva quais os desafios que podem estar diante da arqueologia nesse caso específico. Atividades de aprendizagem INICIAIS_Historia_Antiga.indb 21 25/06/14 20:09 22 H I S T Ó R I A A N T I G A Seção 3 Paleolítico e neolítico Caro(a) acadêmico(a), é comum encontrarmos na linguagem cotidiana o termo “idade da pedra” ou a “era das cavernas” quando se quer mencionar a Pré-História. Os termos, apesar de serem generalistas, fazem menção ao ele- mento das rochas e, de certa maneira, é a relação do homem com o trabalho e com a matéria-prima que sugere a divisão da Pré-História em paleolítico e neolítico. Vejamos a seguir o modo de classificação da Pré-História e como isso interfere na concepção da Pré-História americana. 3.1 O período paleolítico O nome paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, indica a produção de objetos com pontas ou lascas de pedras. Considerada a fase mais extensa da humanidade, o Paleolítico iniciou-se aproximadamente 3 milhões de anos atrás e encerrou-se em 10.000 a.C., sendo dividida em duas partes: paleolítico inferior e superior. Foi o tempo do desenvolvimento da caça em grupo e utilização das primeiras ferramentas de pedras ou feitas de chifre de animais. Os vestígios daquela época foram encontrados na Europa, na África e no Oriente. A utilização da caverna como lar foi característica por causa das baixas temperaturas enfrentadas pelos Australiopithecus, Homo Habilis e Homo Sapiens. Veja, acadêmico(a), o que um historiador diz sobre o paleolítico: O período mais longo e a mais antiga era da Pré-História é chamado de Paleolítico. Ele iniciou-se há pelo menos 2,5 milhões, como atestam os instrumentos simples de pedra encontrados no sítio de Hadar, Etiópia, e pode ser estendido há cerca de 10.000 anos. O modo de produ- ção de suas populações hominídeas pode ser descrito como o de carniceiros, caçadores, coletores e pesca- dores. Não havia domesticação de plantas ou animais, com exceção dos cães e, talvez, cavalos, que surgem só mais para o fim do período (GUGLIELMO, 1999, p. 35). Mas, de todas as invenções e conquistas humanas no paleolítico, o controle do fogo é digno de ser o primeiro grande passo na emancipação do homem em relação à servidão de seu ambiente. Ao controlar e dominar o fogo, o homem tinha o comando sobre parte de duas forças da natureza: a química e a física (CHILDE, 1971). INICIAIS_Historia_Antiga.indb 22 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 23 Fique atento e perceba que as datas que delimitam as fases geralmente são aproximadas, sobretudo quando tratamos de uma fase tão distante e cujos indí- cios são provas irrefutáveis. Veja a Figura 1.10 e acompanhe agora um esquema sintético sobre as realizações no paleolítico (CHILDE, 1971; GUGLIELMO, 1999): Paleolítico inferior (cerca de 3,5 milhões a 50 mil anos) Florescem as primeiras estruturas sociais entre os humanos. Os primeiros artefatos e utensílios começam a ser fabricados pelo homem. Surgem os primeiros indícios de convívio e afeto familiar. Domínio do uso do fogo. Paleolítico superior (50 mil — 10 mil anos) O homem de Cro-Magnon desenvolveu armadilhas terrestres. Organização de comunidades mais numerosas. São frequentes as migrações constantes para escapar do frio. Além das cavernas, foram construídas moradias rústicas com peles de animal. Desenvolvimento de pinturas rupestres. Destaque nas atividades de coleta de alimentos (povos coletores). Primeiras noções sobre a existência da sobrenaturalidade. O fim dessa era histórica (10 mil anos atrás) também é marcado por uma variação climática importante na evolução das comunidades humanas: o fim de uma era glacial com variações climáticas que amenizou o frio intenso. Tal resultado criou um contexto bem mais favorável para se viver. Uma revolução que dá início ao período neolítico. Compreenda melhor essa revolução climá- tica e cultural nos próximos parágrafos. Figura 1.10 Divisões da Pré-História Fonte: Do autor (2014). INICIAIS_Historia_Antiga.indb 23 25/06/14 20:09 24 H I S T Ó R I A A N T I G A As manifestações artísticas mais antigas do homem já encontradas são as pinturas rupestres produzidas na caverna de Lascaux, com data de 11 mil a 15 mil anos. Acredita-se que os artistas utilizavam técnicas variadas, como o uso de plumas de aves molhadas em tintas naturais, bem como musgos, peles de animais ou as próprias mãos (SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 93). Para saber mais 3.2 O período neolítico O neolítico, ou “Nova Idade da Pedra”, ou “Idade da Pedra Polida” foi um salto histórico da humanidade. Essa revolução humana só pode ser com- preendida se visualizarmos o que ocorreu de fantástico na transição entre o paleolítico e neolítico. Mas o que aconteceu de tão especial? Entenda o que ocorreu em algumas frases. Há aproximadamente 10 mil anos, o Hemisfério Norte foi marcado pela redução das geleiras. Surgiram florestas que ocupam regiões onde só havia a tundra. Diminuiu a presença de animais de grande porte como os mamutes. As comunidades humanas passaram a adotar uma cultura mais próxima ao mar e às florestas, e o cão foi domesticado, o que ajudou na caça de pequenos animais. A proximidade com as florestas contribuiu para o desenvolvimento de mate- riais e ferramentas mais sofisticadas. Possivelmente, esse é um dos embriões da cultura do trabalho e da consciência de si (GUGLIELMO, 1999). E ainda mais: Ocorre aqui uma crescente separação entre o homem e a natureza. [...] Cada vez que o homem tenta extrair da natureza o que necessita e sente sua hostilidade, procura vencê-la utilizando seu cérebro para entendê-la e dominá- -la. Cada vez que isso ocorre, o conhecimento se amplia e a consciência se desenvolve (GUGLIELMO, 1999, p. 37) Mesmo que não seja possível estabelecer uma data exata, sugere-se que o período neolítico tenha iniciado por volta de 8.000 a.C., após grandes mu- danças climáticas e culturais. Vejamos quais foram os avanços culturais mais expressivosdo neolítico: É consolidada a visão do homem como um ser social. Percebem-se as vantagens de cooperar e trabalhar em grupos. Destaque e presença de lideranças nas comunidades. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 24 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 25 Maior preocupação com a qualidade de vida. Desenvolvimento da agricultura (trigo, milho, legumes, feijões). Fenômeno do sedentarismo. Trabalho com metais (iniciando com o cobre). Construção de armas manuais. Domesticação de animais e plantas. Manipulação e domínio da reprodução das plantas. A Idade dos Metais é considerada o último período da Pré-História (e está situada dentro do período neolítico), tendo iniciado há 6 mil anos a.C. e terminado por volta de 4.000 a.C. A Idade dos Metais está dividida em três fases: Idade do Cobre, Idade do Bronze e Idade do Ferro (SOPHIATI; HEUER, 2013). Para saber mais Ainda podemos comentar algumas consequências do novo estilo de vida desenvolvido pelo homem no período neolítico, e não mais somente no con- tinente africano, mais em novos espaços da Europa e do Oriente Médio. É interessante ressaltar o fenômeno da agricultura no “Crescente Fértil”, região que se estende da foz do rio Nilo até a bacia entre os rios Tigre e Eufrates, local onde hoje é o Iraque. O fenômeno da sedentarização resultou de conquistas adquiridas que per- mitiram ao homem estabelecer local fixo de morada e abandonar o estilo de vida nômade. Foram conquistas como: a agricultura; moradias de materiais com possibilidade de manutenção; divisão do trabalho entre mulheres e homens; o surgimento de atividades de lazer; o desenvolvimento da cerâmica e até a ideia de dinheiro representada por sementes ou pedras trabalhadas (GUGLIELMO, 1999; PINSKY, 2001). A domesticação de animais é um dos temas que atrai muito nossa atenção à Pré-História, em especial ao neolítico. Ocorreram a domesticação do cão, a criação de porcos, cabras e gado. O convívio com animais domesticados, além de contribuir para atividades como a caça, força para o trabalho e reserva de alimento (carne), reforçou o sentimento de que o homem teria o destino de explorar a fauna e a flora (recursos da natureza) disponíveis no planeta. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 25 25/06/14 20:09 26 H I S T Ó R I A A N T I G A O tempo ocioso, que é possibilitado pela sedentarização, também permitiu a especialização da produção de roupas em prol do conforto e facilidade de locomoção. Percebam que o neolítico marca para o homem a criação de conceitos como conforto, lazer, local de moradia fixa, senso de hierarquia, liderança e visão social. Não seria sensato utilizarmos o termo “fim do período neolítico”, e, sim, a transição para a Idade Antiga. E três condições, em especial, constituíram essa transição: o trabalho com os metais, o surgimento da escrita e a criação do estado. 3.3 A migração para o continente americano Por certo tempo, a teoria que explicava a migração do ser humano para o continente americano foi hegemônica entre os historiadores, entretanto, novas descobertas nos sítios arqueológicos de Clovis (Estados Unidos), Monte Verde (Chile) e São Raimundo Nonato (Piauí) colocaram em questão a veracidade dos fatos, ampliando as hipóteses sobre o tema. Em especial, os estudos da historiadora e arqueóloga Niède Guidon, que tem reconhecimento mundial, já apresentam novos dados sobre os primeiros homens americanos na Pré-História. A primeira teoria aceita retrata a chegada do ser humano no continente americano (há cerca de 13 mil anos) através da Ásia, passando pelo Estreito de Bering e alcançando o Alasca e a América do Norte (GUGLIELMO, 1999). Entretanto, a descoberta de uma segunda rota já é aceita e complementa a explicação através de descobertas nos sítios arqueológicos da América do Sul. Segundo a hipótese, essa rota atravessa o Oceano Pacífico através da Oceania e Polinésia. Artefatos encontrados nos sítios arqueológicos apontam para o fato de algumas migrações terem ocorrido há mais de 30 mil anos, sugerindo que levas de migração para a América aconteceram em tempos diversificados (GUGLIELMO, 1999). O que nos resta são mais hipóteses que verdades e que há muito que pesquisar no campo da arqueologia americana. Ao trabalhar com as hipóteses de migração do ser humano para o continente americano, surgem importantes perguntas: é possível que sejam encontradas novas rotas da migração para a América? Serão realmente duas as rotas possíveis para essa migração? O clima gelado do Estreito de Bering permitiria a passagem do ser humano? Questões para reflexão INICIAIS_Historia_Antiga.indb 26 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 27 Novas descobertas ainda surpreenderão os historiadores. Confira nos mapas (Figuras 1.11 e 1.12) uma demonstração interessante sobre as rotas possíveis para a migração Pré-histórica das sociedades americanas. Figura 1.11 Caminhos pré-colombianos Fonte: Aiyelujara (2013). Figura 1.12 Caminhos pré-colombianos Fonte: Aiyelujara (2013). INICIAIS_Historia_Antiga.indb 27 25/06/14 20:09 28 H I S T Ó R I A A N T I G A 3.4 O homem pré-histórico no Brasil Além dos povos do sambaqui, que eram caçadores coletores, dos quais se tem notícia pela arqueologia, os povos indígenas, encontrados na época da “descoberta” pelos portugueses, formaram a Pré-História brasileira como sociedades ágrafas. Ao desfecho desse encontro, a palavra “catástrofe” resume com êxito os infortúnios sofridos pelas sociedades ágrafas ou ameríndias. Sua sorte até hoje não alterou o rumo dos fatos. Quando os europeus chegaram à terra que mais tarde viria ser o Brasil, en- contraram uma população ameríndia culturalmente diversa e distribuída pela costa e dentro das bacias fluviais. Se admitirmos grosseiramente a homoge- neidade dessas culturas, podemos distinguir dois grandes blocos subdividindo essa população: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis estavam presentes por quase toda a costa brasileira e os tapuias (às vezes chamados de tupinambás) ocupavam o litoral do norte até onde hoje é o estado de São Paulo (FAUSTO, 2001). A economia dos tupis era basicamente de subsistência e destinada ao con- sumo próprio. Praticavam a caça, pesca, coleta de frutas e raízes e desenvolviam a agricultura do milho, feijão, abóbora, mandioca, da qual produziam um tipo de farinha. Cada aldeia produzia e coletava em seu espaço para satisfazer às suas necessidades, havendo poucas trocas de gêneros alimentícios com outras aldeias, podendo acontecer a migração de local caso ocorresse a exaustão da terra (FAUSTO, 2001). A chegada dos portugueses representou para os índios uma verdadeira catástrofe. Vindos de muito longe, com enormes embarcações, os portugueses e em especial os padres foram associados na imaginação dos tupis aos grandes xamãs, que andavam pela terra, de aldeia em aldeia, curando, profetizando e falando de uma terra de abundância. Por outro lado, por não existir uma nação indígena e sim grupos dispersos muitas vezes em conflito, foi possível aos portugueses encontrar aliados indígenas na luta contra os grupos que lhes resistiam. Em seus primeiros anos de existência, sem o auxílio dos tupis de São Paulo, a vila de São Paulo de Piratininga muito pro- vavelmente teria sido conquistada pelos tamoios. Tudo isso não quer dizer que os índios não tenham resistido fortemente aos colonizadores, sobretudo quando se tratou de escravizá-los. Uma forma excepcional de resistência consistiu no isolamento, alcançado através de contínuos INICIAIS_Historia_Antiga.indb 28 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 29 deslocamentos para regiões cada vez mais pobres. Em limites muito estreitos, esse recurso permitiu a preserva- ção de uma herança biológica, social e cultural (FAUSTO, 2001, p. 16). Os índios sofreram violências de toda espécie: cultural, epidemias, per- seguição, escravização e morte. Do contato com os europeus resultou uma populaçãomestiça cuja expressão cultural e participação política é normal- mente silenciada. A palavra catástrofe é bem adequada para definirmos o que aconteceu com a população ameríndia. Milhões de índios viviam no Brasil na época da conquista. As hipóteses variam o número entre 2 a 5 milhões de indivíduos. E, hoje, apenas um número entre 300 e 350 mil sobrevive sob as ameaças do progresso (FAUSTO, 2001). 1. O solo brasileiro esconde tesouros surpreendentes. Relatos de antes da história escrita, que explicam as origens dos povos da América e são comparáveis, em importância, aos principais achados arqueo- lógicos do Velho Mundo. Quando desembarcou no Brasil em 1825, o dinamarquês Peter Lund se surpreendeu com o que encontrou. Estabeleceu-se por aqui em definitivo em 1832. Passou a esquadri- nhar a região de Lagoa Santa, Minas Gerais, em busca de vestígios do passado. Explorou mais de 200 grutas, descobriu cerca de 12 mil fósseis. E o grande achado: um cemitério com 30 esqueletos humanos, ao lado de ossos de mamíferos da chamada megafauna. Eram ani- mais de dimensões bem maiores que as atuais, como os gliptodontes (tatus de cerca de um metro de altura), as macrauquênias (herbívoros semelhantes a lhamas com trombas) e preguiças de até seis metros de comprimento e cinco toneladas (WINKEL, 2014). Analise o texto citado e, a partir desse contexto, assinale a alternativa correta: ( ) Além dos fósseis humanos encontrados, a região de Minas Gerais é fonte de estudo para a botânica e zoologia da Pré-História. ( ) A região de Lagoa Santa foi descredenciada pelo pesquisador Peter Lund por não encontrar fósseis humanos. Atividades de aprendizagem INICIAIS_Historia_Antiga.indb 29 25/06/14 20:09 30 H I S T Ó R I A A N T I G A ( ) O estudo dos fósseis apenas pode contribuir com a área da pa- leontologia em prejuízo da arqueologia. ( ) Os fósseis da fauna encontrada em Lagoa Santa são de animais da era contemporânea. 2. O Sul do Brasil é uma das principais áreas a registrar a existência dos sambaquis, formações Pré-históricas compostas da fossilização de conchas, moluscos, ossos humanos e animais. Sambaquis fluviais e marítimos já abrigavam grupos humanos há cerca de 9 mil anos, em algumas regiões do país. Mas é no litoral de Santa Catarina que estão os maiores sambaquis do mundo, com centenas de metros de extensão e aproximadamente 5 mil anos de idade. No interior dessas formações foram encontrados vestígios de fogueiras e instrumentos cortantes, além de ossos de peixes, répteis e baleias — sinais da exis- tência de grupos de caçadores e coletores de alimentos. O povo dos sambaquis já produzia artefatos em pedra polida, como mostram os instrumentos de caça, ornamentos e esculturas representando animais. Bons nadadores e remadores, tinham em média 1,60 m de altura. Ainda não se sabe como esses grupos desapareceram. A hipótese mais aceita é de que tenham sido eliminados ou aculturados pelos tupis, há cerca de mil anos (WINKEL, 2014). O texto se refere a um tipo de sítio arqueológico muito peculiar, o sambaqui. Assinale a alternativa correta: ( ) O sambaqui abrigava os povos da Pré-História de mais de 9 mil anos atrás, contendo artefatos de pedra polida. ( ) Descobertas recentes apontam a América Central como a maior concentração de sambaquis do mundo. ( ) A hipótese sobre o desaparecimento do homem do sambaqui está ligada a chegada dos Europeus no continente americano. ( ) Estudos apontam que o homem do sambaqui já não fazia parte dos grupos de coletores da Pré-História. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 30 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 31 Seção 4 O estado, a escrita e a agricultura Caro(a) acadêmico(a), em nosso estudo sobre as sociedades ágrafas na Pré- -História, é relevante citar alguns nomes como Império Egípcio, Inca, Asteca, Chinês... São alguns exemplos dos primeiros estados que demonstraram na história da humanidade um projeto de ordem social em grande escala. Tal acon- tecimento se deve a uma conjuntura específica que evolveu aspectos como a agricultura, explosão demográfica, surgimento do processo de sedentarização e o surgimento da escrita. 4.1 O estado Com a consolidação da agricultura surgiram grandes cidades e impérios que caracterizaram a transição para a próxima fase: a História Antiga. E mais! As novidades neolíticas, como a sedentarização, a agricultura e o aumento do número de crianças, geraram o crescimento populacional e, por consequên- cia, a elevação da densidade demográfica. Essa ampliação social também teve novos resultados. E o que ocorreu foi o desenvolvimento acelerado de novas ferramentas de trabalho, técnicas produtivas e novas formas de vida social. Em suma, novas tecnologias sociais e materiais foram ganhando espaço. Acredita-se que as primeiras cidades tenham surgido na região da Mesopotâmia há cerca de 7 mil anos. Segundo estudos arqueológicos, nas ruínas da cidade foram encontrados restos de alimentos, cerâmica e provas de que já existia culto aos mortos com rituais fúnebres. Outra cidade do mesmo período foi Çatalhöyük. Em 1958, os arqueólogos descobriram um povoado em uma coluna da Turquia central, datado de 7 mil anos e com uma população de 8 mil habitantes, distribuídos em 2 mil casas, de tamanho variado entre 1 e 48 metros quadrados (SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 104). Veja só que curioso. O desenvolvimento da agricultura facilitou o cuidado e o sustento das crianças. E, diferente do nomadismo paleolítico, em que o número de filhos dificultava o des- locamento, no neolítico, quanto mais crianças e adolescentes, mais fácil ficava o trabalho familiar com as plantas e animais. Para saber mais INICIAIS_Historia_Antiga.indb 31 25/06/14 20:09 32 H I S T Ó R I A A N T I G A As cidades que surgiram próximo aos rios Nilo, Tigre e Eufrates se comple- xificaram cada vez mais, e com o aumento da população foram necessárias estratégias para aumentar a produção de alimentos e a construção de obras. Perceba que, à medida que a população crescia e as cidades ficavam depen- dentes do uso sistemático de água retirada dos rios, foi necessária a construção coletiva de obras como estradas, diques, canais, sistemas de irrigação. Podemos citar ainda as cidades de Uruk, Ur e Nínive. Todas dentro da delimitação do Crescente Fértil (SOPHIATI; HEUER, 2013). Qual acidente geográfico foi mais determinante para a formação das primeiras cidades? Teria sido a presença do rio ou a barreira do deserto? Questões para reflexão Entretanto, quanto mais visível fosse a aparelhagem técnica e agrícola de uma cidade, maior seria sua necessidade de proteção contra cidades inimigas ou invasores, fato que exigiu melhorias na organização social e administrativa. Possivelmente, essa centralização seja um ponto de partida para o surgimento do Estado, que centralizou as necessidades de desenvolvimento, proteção, distribuição de alimentos e obras coletivas de infraestrutura. Mas a pessoa do patriarca já não dava conta de tal empreitada administrativa, o que sugere o aparecimento de uma figura político-religiosa, o rei. Não é por menos que nas primeiras cidades do Egito, da Mesopotâmia, nos reinos da África, China e Índia, os reis foram considerados também figu- ras sacerdotais. E não foi diferente com reinos americanos dos incas, maias, astecas e olmecas. Tal forma de governar foi denominada “poder teocrático” (que em grego significa poder baseado na vontade divina). Nesse contexto, o rei tinha funções como escolher os funcionários públicos, idealizar a construção de templos, liderar a administração das cidades e o controle do excedente da produção agrícola. Mas o rei não estava sozinho, para isso contava com a ajuda de sa- cerdotes, governadores e um especialista chamado de escriba, um funcionário que fosse letrado para tarefas da contabilidade ou de documentação das leis (SOPHIATI; HEUER, 2013). Os escribas foram peças-chave para a organização da administração dos reinos,pois eram os poucos que dominavam a escrita. Motivo de nossa próxima discussão. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 32 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 33 4.2 A invenção da escrita Com todo o avanço social, político e técnico, foi inevitável a presença de uma ferramenta capaz de potencializar o conhecimento, em especial nas atividades administrativas como a contabilidade da colheita. Tal ferramenta foi a escrita, que surgiu em locais diversos do planeta entre 4 e 2 mil anos antes de Cristo. Mas até então, os registros mais antigos encontrados são da escrita cuneiforme da Suméria, região entre os rios Tigre e Eufrates, como você pode visualizar na Figura 1.13. Figura 1.13 Placa de argila com escrita cuneiforme Fonte: Musée du Louvre, Paris (2014). Será a escrita cuneiforme o registro sistematizado mais antigo da huma- nidade? Os sacerdotes da região da Mesopotâmia, além de suas funções reli- giosas, também se incumbiam de administrar a produção e comercialização de rebanhos e colheitas. Assim, as primeiras formas de escrita tinham essa função de contabilidade. Um sistema chamado de pictográfico que consistia em pequenos desenhos imitando e representando coisas como um boi, uma planta ou ave (SOPHIATI; HEUER, 2013). Já num segundo momento, passaram a utilizar símbolos que podiam repre- sentar ideias como cozinhar, colher ou rezar e não apenas miniaturas de coisas materiais. Tal maneira de escrita levou o nome de escrita ideográfica, somando a possibilidade de representar tais símbolos através de sons da fala humana. E por fim, cerca de 3000 a.C., os sumérios incorporaram à escrita a diversidade da produção legislativa, religiosa e até literária (CHILDE, 1971). Mas você pode questionar: o alfabeto nasceu desse trabalho? Até agora, acredita-se que os fenícios, essencialmente comerciantes e navegadores do Mediterrâneo, desenvolveram o primeiro alfabeto. Tinha 22 letras com sons, o INICIAIS_Historia_Antiga.indb 33 25/06/14 20:09 34 H I S T Ó R I A A N T I G A que serviu para facilitar o trabalho comercial. Esse alfabeto primitivo possuía somete consoantes e os gregos o aperfeiçoaram acrescentando as vogais. Como você pôde observar na imagem anterior, a escrita dos sumérios tinha forma de pequenos triângulos ou cunhas, por isso o nome escrita cuneiforme. A base material para essa escrita eram placas de argila, seguidas da invenção do papiro (papel) e do pergaminho (couro). Sem dúvida, a escrita é uma das invenções de significante impacto à cultura e foi uma marca da transição entre a Pré-História e da Idade Antiga, fato que não exclui, mas dá crédito especial para ambas as fases. A transição da Pré-História para a Idade Antiga foi marcada por uma re- volução que não tem data exata. Trata-se de um marco contextual. Então, será a agricultura ou a escrita o principal responsável pelo surgimento da organização social (estado e da administração pública)? Pense a respeito. Questões para reflexão 1. A necessidade de registrar os acontecimentos surgiu com o homem primitivo no tempo das cavernas, quando este começou a gravar imagens nas paredes. Durante milhares de anos os homens sentiram a necessidade de registrar as informações e construíram progressiva- mente sistemas de representação. Desenvolvida também para guardar os registros de contas e trocas comerciais, a escrita tornou-se um ins- trumento de valor inestimável para a difusão de ideias e informações. Foi na antiga Mesopotâmia, cerca de 6 mil anos atrás, que se desenvol- veu a escrita ideográfica, um dos inventos na progressão até a escrita alfabética, agora usada mundialmente. Em época bastante remota, homens e mulheres utilizam figuras para representar cada objeto. Essa forma de expressão é chamada pictográfica. A fase pictórica apresenta uma escrita bem simplificada dos objetos da realidade, por meio de desenhos que podem ser vistos nas inscrições astecas presentes em cavernas, ou nas inscrições de cavernas do noroeste do Brasil. Em se- guida, os gregos adaptaram o sistema de escrita fenícia agregando as vogais e criando assim a escrita alfabética. (Alfabeto, palavra derivada Atividades de aprendizagem INICIAIS_Historia_Antiga.indb 34 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 35 de alfa e beta, as duas primeiras letras do alfabeto grego.) Posterior- mente, a escrita grega foi adaptada pelos romanos, constituindo-se o sistema alfabético greco-romano, que deu origem ao nosso alfabeto. Esse sistema representa o menor inventário de símbolos que permite a maior possibilidade combinatória de caracteres, isto é, representação dos sons da fala em unidades menores que a sílaba (MEC, 2014). O texto referenciado aborda aspectos do desenvolvimento da escrita e do alfabeto. Nesse contexto, assinale a alternativa correta: ( ) A história do alfabeto tem uma inovação com a cultura grega, o que possibilitou a origem do nosso alfabeto atual. ( ) O alfabeto latino foi influenciado pelo surgimento da escrita pic- tográfica com influência dos hieróglifos da Pré-História. ( ) As primeiras letras do alfabeto grego fazem parte da evolução direta dos sistemas de desenhos rupestres. ( ) A pista mais aceita sobre o surgimento do alfabeto foi encontrada no Vale dos Reis no Egito e nas ruínas de Roma. 2. Os chineses utilizavam tiras de bambu como material para escrita. As tiras eram obtidas do caule da planta, raspadas internamente e coloca- das para secar. Depois, para formar o livro, as fichas eram furadas nas extremidades e unidas por fios de seda. Apesar de o bambu ter sido usado antes dos papiros, a evolução da escrita está intimamente ligada à utilização do papiro pelos escribas. As folhas de papiro escritas eram emendadas e formavam rolos. Os rolos de papiro, criados pelos egípcios, eram chamados Volumem (rolos). O volumem dificultava a leitura, pois o leitor tinha de mantê-lo aberto, utilizando as duas mãos. O título do livro era escrito no final do rolo. O pergaminho, outro tipo de suporte à escrita, é obtido a partir do couro cru esticado. Era um material mais resistente, fino e durável que o papiro, além de permi- tir a escrita em suas duas faces. Lavado ou lixado, permitia escrever diversas vezes. Foi o pergaminho que possibilitou o desenvolvimento do codex (ancestral do livro contemporâneo), por meio da costura pelo vinco, sem que as folhas se rasgassem ou se desgastassem pelo manuseio. Assim, os manuscritos foram evoluindo e desenvolvendo novos suportes, até chegarem ao papel tal qual hoje o conhecemos (MEC, 2014). INICIAIS_Historia_Antiga.indb 35 25/06/14 20:09 36 H I S T Ó R I A A N T I G A Diante do texto apresentado sobre os materiais que contribuíram para o desenvolvimento da escrita, assinale a alternativa que corresponde aos materiais e suas fontes de matéria prima: ( ) Papiro/papel; Pergaminho/couro; Bambu/fibras; Codex/pergaminho. ( ) Papiro/argila; Bambu/pergaminho; Codex/couro; Pergaminho/papel. ( ) Pergaminho/bambu; Codex/papiro; Papiro/argila; Papel/fibras. ( ) Codex/papiro; Pergaminho/argila; Silex/sedimentos; Papiro/fibras. 3. Texto 1 — É possível que a etapa mais importante da história humana tenha sido a “invenção” das cidades. Foi o ponto de partida para o desenvolvimento das primeiras cidades, da escrita, dos sistemas de comércio, do dinheiro, da estratificação e hierarquias sociais (clero, nobreza, povo etc.), da religião e da educação organizada, da agricul- tura sistemática, e de muitas outras coisas mais. Até recentemente, os historiadores situavam a origem das primeiras cidades na Mesopotâmia (espaço situado entre os rios Tigre e Eufrates, que ficam no atual Iraque), cerca de cinco a seis mil anos atrás. As cidades mais famosas foram Ur e Uruk. No seu auge, em 2.500 a.C., Ur tinha cerca de 40 mil habitantes, o que era uma megalópole para a época (SABBATINI, 2000). Texto 2 — Na realidade, não deve ter existido uma transição tão abrupta entre as aldeias comuns de povos seminômadesou se- dentários, ou seja, entre os povos da Pré-História e as cidades da Idade Antiga. Diferente do que ocorreu nas civilizações mesoa- mericanas, como nas transições dos povos: Tolteca, Maia e Asteca (SABBATINI, 2000). Após uma atenta leitura dos textos 1 e 2, analise as afirmativas: I. Os textos 1 e 2 se referem ao início das cidades na história. II. No texto 1 existe uma relação entre a invenção da agricultura e das cidades. III. O texto 1 faz alusão à ruptura brusca entre a Idade Antiga e a Pré-História. IV. O texto 2 cita características das cidades de Ur e Uruk. Assinale a alternativa correta: ( ) As afirmativas I e II estão corretas. INICIAIS_Historia_Antiga.indb 36 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 37 ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. ( ) As afirmativas II e IV estão corretas. ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas. Caro(a) acadêmico(a), nesta Unidade foi relevante discutir que: A Pré-História foi a maior fase da humanidade e, a partir do século XX, novos debates da historiografia apontam para a superação da análise reducionista antes as outras fases. O conhecimento e reflexão sobre as sociedades ágrafas pode ajudar a desconstruir a visão linear da história, em que somente as civilizações que deixaram herança escrita são incluídas nas fontes do conhecimento científico. A partir do fim do século XIX e início do XX, novas fontes foram aceitas para a construção do conhecimento da história. Novos materiais passaram a servir de indícios do passado de um povo, como imagens, relatos orais, vestígios, artefatos, ossos, armas, fotogra- fias, músicas, construções e outros objetos. O paleolítico e o neolítico são as principais classificações da Pré-História e que a revolução cultural no fim do neolítico permitiu uma passagem entre a Pré-História e a Idade Antiga. Somente é possível estabelecer uma data aproximada para o fim da Pré- -História, entre 3000 e 4000 a.C., momento em que ocorreram revolu- ções culturais como o surgimento das cidades, impérios, da agricultura, do estado e da escrita. A Pré-História brasileira segue uma linha do tempo diferente, logo, faz-se necessária uma abordagem mais ampla e profunda sobre as sociedades ágrafas. O trabalho da arqueologia é investigar o patrimônio cultural deixado por essas sociedades, sejam elas letradas ou ágrafas. Na arqueologia são estudados vestígios ou fósseis descobertos em locais como escavações, cavernas ou sítios arqueológicos. Fique ligado! INICIAIS_Historia_Antiga.indb 37 25/06/14 20:09 38 H I S T Ó R I A A N T I G A Parabéns por chegar a essa etapa do trabalho. Sabemos que é indispen- sável ao perfil do historiador contemporâneo tornar sua formação uma contínua busca pelo saber. Sempre que puder, faça pesquisas, descubra outros livros e fontes eletrônicas de conhecimento histórico. Conheça e pesquise sobre as agências de preservação do patrimônio histórico, de educação patrimonial e de pesquisa nos sítios arqueológicos. Fique por dentro das conquistas e dos desafios que se apresentam ao historiador contemporâneo. Busque ampliar a compreensão das diferentes abordagens do conhecimento histórico sobre as sociedades ágrafas no Brasil e no mundo. Procure novos materiais, forme sua biblioteca pessoal, descubra artigos científicos disponíveis on-line e construa o hábito de visitar bibliotecas. Amplie seus horizontes e sua capacidade profissional perante os desafios do campo de trabalho profissional. Contribua para a valorização do patrimônio histórico e do profissional da história. Por fim, desejamos sucesso em sua trajetória de vida e trabalho. Para concluir o estudo da unidade 1. A invenção da escrita não é um evento isolado na história ou exclusivo de um povo. As referências mais antigas são da Suméria, com a escrita cuneiforme, entretanto, em diversas partes do planeta essa invenção foi surgindo de contextos diferentes sem haver alguma ligação ou linearidade. Em outras palavras, a escrita pôde ser desenvolvida na China, na Mesopotâmia e na América sem que seus povos tivessem conhecimento um do outro. Nesse contexto, analise as afirmativas: I. As primeiras formas de escrita foram adaptadas pelos povos da Ásia e seguiam os moldes da escrita hieroglífica egípcia. II. A Suméria foi um dos primeiros locais de surgimento da escrita, em destaque com a escrita cuneiforme. Atividades de aprendizagem da unidade INICIAIS_Historia_Antiga.indb 38 25/06/14 20:09 S o c i e d a d e s á g r a f a s 39 III. Para a historiografia tradicional, a escrita e o estado são duas in- venções que contribuíram para a transição da Pré-História para a Idade Antiga. IV. Segundo descobertas, a data aproximada para o surgimento da escrita na Suméria é por volta de 3000 a.C. Assinale a alternativa correta: ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas. ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas. ( ) Somente a afirmativa I está correta. 2. [...] a agricultura neolítica se expandiu pelo mundo de duas formas principais: os sistemas pastorais e de cultivo de derrubada-queimada. Os sistemas de criação por pastoreio estenderam-se às regiões com vegetação herbácea e se mantiveram até nossos dias nas estepes e nas savanas de diversas regiões, na Eurásia Setentrional, na Ásia Central, no Oriente Médio, no Saara, no Sahel, nos Andes etc. Por um lado, os sistemas de cultivo de derrubada-queimada conquistaram progressi- vamente a maior parte das zonas de florestas temperadas e tropicais, onde se perpetuaram durante séculos, senão milênios, e perduram ainda em certas florestas da África, da Ásia e da América Latina. Desde essa época pioneira, na maior parte das regiões originalmente arborizadas, o aumento da população conduziu ao desmatamento e até mesmo, em certos casos, à desertificação. Os sistemas de cultivo de derrubada-queimada cederam lugar a numerosos sistemas agrários pós-florestais, muito diferenciados conforme o clima, que estão na origem de séries evolutivas distintas e relativamente independentes umas das outras. Dessa forma, nas regiões áridas, os sistemas agrá- rios hidráulicos com cultivos de inundação ou cultivos irrigados constituíram-se desde o fim da época neolítica na Mesopotâmia, nos vales do Nilo e do Indo, nos oásis e nos vales do Império Inca. Nas regiões tropicais úmidas (China, Índia, Vietnã, Tailândia, Indonésia, Madagáscar, costa da Guiné na África etc.), sistemas hidráulicos de outro tipo, baseados na rizicultura aquática, desenvolveram-se por etapas sucessivas, reestruturando primeiro os espaços mais regados e drenados (planícies e interflúvios), em seguida os espaços acidentados INICIAIS_Historia_Antiga.indb 39 25/06/14 20:09 40 H I S T Ó R I A A N T I G A (montante dos vales), ou de difícil proteção e drenagem (jusante dos vales e deltas) ou, ainda, espaços que exigiam irrigação. Ao mesmo tempo, as ferramentas e os equipamentos foram aperfeiçoados e o número de colheitas aumentou a cada ano (MAZOYER; ROUZART, 2010). Observando com atenção o texto sobre o desenvolvimento da agri- cultura, é possível compreender melhor os elementos dessa revolução humana da Pré-História. Assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) A agricultura foi uma revolução iniciada na Idade Antiga com elementos que só foram compreendidos durante a Idade Média. ( ) A utilização de ferramentas para o desenvolvimento agrícola só foi possível após a revolução industrial de 1750. ( ) O desenvolvimento agrícola já na Pré-História apresentou a inclu- são de técnicas, tecnologias instrumentais e sistemas de cultivo. ( ) Apesar de destacar a região do Crescente Fértil, o desenvolvi- mento da agricultura na Pré-História foi simultâneo em diversas áreas do planeta. Assinale a sequência correta: a) F — F — V — V. b) V — V — F — F. c) F — V — F — V. d) V — F — V — V. 3. Walter Benjamin procura ver a história
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