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História Antiga
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 1 25/06/14 20:09
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 2 25/06/14 20:09
História Antiga
Guilherme Cantieri Bordonal
Jean Carlos Morell
Graciela Márcia Fochi
Taíse Ferreira da Conceição Nishikawa
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 3 25/06/14 20:09
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Morell, Jean Carlos
M841h História antiga / Jean Carlos 
Morell, Guilherme Cantieri Bordonal, Graciela Márcia 
Fochi, Taíse Ferreira da Conceição Nishikawa. – 
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014. 
 192 p.
 ISBN 978-85-68075-49-4
 1. Ágrafas. 2. Civilizações. I. Bordonal, Guilherme 
Cantieri. II. Fochi, Graciela Márcia. III. Nishikawa, Taíse 
Ferreira da Conceição. IV. Título
 CDD 930
© 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, 
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e 
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora 
e Distribuidora Educacional S.A.
Diretor editorial e de conteúdo: Roger Trimer
Gerente de produção editorial: Kelly Tavares
Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso
Coordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento
Editor: Casa de Ideias
Editor assistente: Marcos Guimarães
Revisão: Âmala Barbosa
Capa: Katia Megumi Higashi, Fernanda Caroline de Queiroz Costa 
e Mariana Batista de Souza
Diagramação: Casa de Ideias
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 4 25/06/14 20:09
Unidade 1 — Sociedades ágrafas ...................................1
Seção 1 A importância da Pré-História ..............................................4
1.1 O conceito de Pré-História ..................................................................4
Seção 2 A arqueologia e o conhecimento histórico .........................11
2.1 A importância da arqueologia para o conhecimento histórico ...........11
2.2 Arqueologia e os primeiros humanos .................................................14
2.3 Uma proposta de educação patrimonial ............................................19
Seção 3 Paleolítico e neolítico .........................................................22
3.1 O período paleolítico .........................................................................22
3.2 O período neolítico ...........................................................................24
3.3 A migração para o continente americano ...........................................26
3.4 O homem pré-histórico no Brasil .......................................................28
Seção 4 O estado, a escrita e a agricultura ......................................31
4.1 O estado ............................................................................................31
4.2 A invenção da escrita .........................................................................33
Unidade 2 — Civilizações orientais .............................47
Seção 1 A questão do orientalismo ..................................................49
1.1 Introdução .........................................................................................49
1.2 Orientalismo: perspectivas .................................................................50
Seção 2 A sociedade egípcia ............................................................55
2.1 Introdução .........................................................................................55
2.2 Aspectos básicos do Egito Antigo .......................................................55
Seção 3 As sociedades cosmológicas ...............................................68
3.1 Introdução .........................................................................................68
3.2 As sociedades cosmológicas: a perspectiva de Eric Voegelin ..............68
Sumário
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 5 25/06/14 20:09
vi H I S T Ó R I A A N T I G A
Seção 4 Mesopotâmia e o seu nascimento das águas .......................75
4.1 Introdução .........................................................................................75
4.2 Principais aspectos dos povos mesopotâmicos ...................................75
Unidade 3 — Grécia Antiga .........................................85
Seção 1 Os principais momentos históricos .....................................88
1.1 Povoamento e formação social: período pré -homérico.......................89
1.2 Período homérico ..............................................................................90
1.3 Período arcaico .................................................................................91
1.4 O período clássico .............................................................................92
1.5 As guerras médicas ...........................................................................93
1.6 A guerra do peloponeso .....................................................................94
1.7 A escravidão ......................................................................................96
1.8 O período helenístico ........................................................................98
Seção 2 A experiência da pólis e da democracia ............................100
2.1 A pólis .............................................................................................100
2.2 Atenas ..............................................................................................100
2.3 Esparta .............................................................................................103
2.4 A democracia .................................................................................105
Seção 3 Aspectos culturais da Grécia Antiga .................................108
3.1 O belo e os esportes ........................................................................108
3.2 O teatro e a tragédia grega: uma finalidade moral e política ............110
Seção 4 O declínio e o legado da civilização grega .......................115
4.1 O declínio da civilização grega .......................................................115
4.2 O legado à tradição ocidental ..........................................................118
Unidade 4 — Roma Antiga .........................................129
Seção 1 A formação da Roma Antiga ............................................130
1.1 As origens escritas de Roma .............................................................131
1.2 Aspectos arqueológicos sobre a formação de Roma .........................137
1.3 Para além das origens de Roma: sua formação política, social e 
cultural ............................................................................................142
1.4 A república romana ........................................................................145
1.5 A expansão romana e a formação do exército ..................................151
Seção 2 O império romano ............................................................159
2.1 Aspectos culturais da sociedade romana: a educação e a religião ....172
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 6 25/06/14 20:09
 Seção 1: A importância da Pré-História
Caro acadêmico, para uma compreensão mais ampla 
desta fase da história precisamos discutir aspectos 
que são fundamentais, mas que podem ser questões 
divergentes entre os historiadores. São questões 
como o conceito de Pré-História e a abordagem que 
delimita as fases Pré-História e história.
 Seção 2: A arqueologia e o conhecimento histórico
A segunda seção apresenta as características da ar-
queologia como ciência e como um ramo da história. 
O objetivo desse campo do conhecimento procura 
reconstituir o modo de vida do passado de socieda-
des extintas ou contemporâneas. Assim, o campo de 
pesquisa da arqueologia sobre o patrimônio cultural 
deixado pelas sociedades, se materializa através do 
estudo dos fósseis e vestígios nos sítios, cavernas ou 
escavações.Seção 3: Paleolítico e neolítico
Esta seção tem o objetivo de levantar aspectos que 
envolvem a classificação da Pré-História entre paleolí-
Objetivos de aprendizagem: Esta Unidade tem por objetivos 
abordar temas relevantes sobre as sociedades ágrafas, a historio-
grafia, a Pré-História geral e americana, bem como contribuir para a 
formação teórica no exercício profissional e docência de áreas afins.
Sociedades ágrafas
Unidade 1
Jean Carlos Morell
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 1 25/06/14 20:09
tico e neolítico. Além disso, é relevante compreender 
que os períodos de migração do ser humano para o 
continente americano determinam, na historiografia, 
a transição entre Pré-História e história. Nesse con-
texto, o aparecimento das sociedades letradas na 
América é um fator determinante nesta classificação.
 Seção 4: O estado, a escrita e a agricultura
A última seção demonstra os principais aspectos que 
definem a transição entre a Pré-História e Idade An-
tiga. A junção de diversos contextos possibilitou um 
salto qualitativo na organização e no modo de vida 
social das comunidades. A consolidação da agricul-
tura, a organização das primeiras formas de estado 
e a sedentarização possibilitaram a alteração social 
capaz de articular: a invenção da escrita, ampliação 
demográfica e a administração pública.
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 2 25/06/14 20:09
S o c i e d a d e s á g r a f a s 3
Introdução ao estudo
Caro(a) acadêmico(a), o estudo sobre a Pré-História é uma ação fundamental 
para a construção do conhecimento histórico e para a sua formação profissional. 
As seções desta primeira Unidade de Estudo, além de destacar os conteúdos 
relativos às sociedades ágrafas e Pré-História, destacam a preocupação em 
refletir sobre diferentes compreensões do passado das sociedades. 
Nesse sentido, surgem perguntas relevantes como:
 Quais fontes históricas podem trazer elementos sobre a história das sociedades?
 Existe somente uma Pré-História? 
 Se o surgimento da escrita é o marco divisor entre a Pré-História e a his-
tória, então as sociedades ágrafas não fazem parte da história?
É necessário compreender que todas essas questões surgem porque o co-
nhecimento histórico não é hegemônico, nem mesmo um conhecimento exato. 
Este se apresenta com divergências teóricas e diferentes abordagens conceituais.
Na primeira seção, vamos apresentar e discutir o conceito de Pré-História. 
Assim, um aspecto relevante para tal discussão, é o papel da escrita como 
marco divisor da transição para a Idade Antiga. Logo, a presença ou ausência 
da escrita nas sociedades passa a ter diferentes abordagens na formação do 
conhecimento histórico.
A segunda seção foi dedicada para que você possa familiarizar-se com as 
dimensões de uma área de estudo chamado arqueologia, um campo de trabalho 
em expansão para a profissão do historiador.
Na terceira seção apresentaremos as principais divisões e características da 
Pré-História e as evoluções adquiridas pela humanidade no paleolítico e neolítico. 
Como proposta para última seção você poderá compreender a complexidade 
cultural que possibilitou o surgimento do Estado e dos primeiros impérios da 
Idade Antiga.
Também é indispensável reforçar que um estudo como este não pretende 
esgotar o conteúdo ou dar conta de apresentar toda a complexidade sobre a 
Pré-História e as sociedades ágrafas. Nosso esforço pretende levantar alguns co-
nhecimentos que forneçam material suficiente para você continuar pesquisando 
e ampliando seus horizontes teóricos. Por isso, em sua trajetória profissional, 
jamais deixe de pesquisar e aprofundar seus conhecimentos.
Desejamos dedicação e sucesso em sua caminhada de estudos!
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 3 25/06/14 20:09
4 H I S T Ó R I A A N T I G A
Seção 1 A importância da Pré-História
O primeiro aspecto a ser compreendido deriva de uma discussão que 
envolve a palavra “Pré-História”. Ao usar o prefixo “pré”, em geral, estamos 
nos referindo ao que vem antes da história. Logo, parece estranho formular 
o seguinte pensamento: é possível existir algo antes da história? Por isso, é 
indispensável, como ponto de partida, que a discussão seja centralizada no 
conceito de Pré-História. 
1.1 O conceito de Pré-História
Essa divergência ficou estabelecida com a consolidação do saber histórico 
tradicional como ciência, no século XIX, pelo qual se acreditava ser uma ver-
dade histórica do passado somente quando houvesse tempos registrados pela 
escrita. Em outras palavras, numa visão tradicional, o passado só pode ser 
comprovado por documentos escritos. Logo, nessa compreensão, e por motivos 
didáticos, a invenção da escrita passa a ser o marco divisório entre as fases: 
Pré-História e história. E o que se situa antes dessa invenção fica num período 
incerto à luz da verdade e da ciência.
Assim, nessa divisão, a Pré-História inicia-se aproximadamente há 4,5 
milhões de anos, com o aparecimento do primeiro grupo humano e termina 
com o desenvolvimento da escrita, entre 4000 e 3500 a.C. (GUGLIELMO, 
1999; CHILDE, 1971). Interessante ressaltar uma curiosidade. Veja que, mesmo 
sendo referida com o prefixo “pré”, cronologicamente é a maior das fases da 
história. E como escreveu Braidwood (1988, p. 6) “Na realidade, mais de 99% 
da história humana é Pré-História”. 
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 5
Figura 1.1 Esteio pintado com figuras humanas
Fonte: Pichugin Dmitry/Shutterstock (2014).
Figura 1.2 Arqueologia pré-colombiana
Fonte: mj007/Shutterstock (2014).
Entretanto, você não precisa aceitar ingenuamente a visão tradicional que 
diminui o prestígio dessa fase da humanidade tão extensa e ainda pouco com-
preendida. Nesse aspecto reside uma contradição, pois o tempo anterior ao 
desenvolvimento da escrita também pode ser considerado histórico. As figuras 
anteriores (1.1. e 1.2) apresentam uma pista da diversidade material e cultural 
das sociedades ágrafas. Isso também revela que, se por um lado a historiografia 
já negligenciou a produção cultural da Pré-História, por outro, ainda há muito 
o que ser pesquisado através da investigação histórica e da ampliação dos 
estudos nos sítios arqueológicos. Acompanhe:
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 5 25/06/14 20:09
6 H I S T Ó R I A A N T I G A
Considerado o período mais extenso da História, formal-
mente o início da Pré-História é associado ao surgimento 
do primeiro hominídeo, há aproximadamente 4,5 milhões 
de anos, e termina com a criação da escrita, por volta de 
5.000 anos antes do presente. No entanto, como vere-
mos, as mudanças ocorridas na pesquisa historiográfica 
dos últimos anos vêm questionando essa divisão e até 
mesmo o conceito de Pré-História. O surgimento de novas 
fontes, problemas e objetos trouxeram reflexões sobre 
este importante momento da humanidade (SOPHIATI; 
HEUER, 2013, p. 4).
Hoje, a Pré-História pode ter uma nova abordagem. Mas qual será a rela-
ção entre o modelo de ciência da história e as diferentes abordagens? Com a 
colaboração de outras ciências, como antropologia, arqueologia e paleonto-
logia, novos materiais passaram a servir de indícios do passado de um povo: 
imagens, relatos orais, vestígios, artefatos, ossos, armas, fotografias, músicas, 
construções e outros objetos. Essas fontes podem ser tão importantes quanto a 
escrita no processo de resgate do passado de uma civilização ou comunidade 
(KUPER, 2008). 
É com base nessa discussão que o conceito de “sociedades ágrafas” permite 
empregar novos significados e desconstruir o reducionismo que cercava os 
termos Pré-História e povos primitivos. O próprio termo primitivo sempre foi 
carregado de um sentido desqualificador na história.
Mesmo assim, o marco do surgimento da escrita ainda continua a delimitar 
a divisão entre a Pré-História e a história antiga. 
Didaticamente a divisão histórica tradicional ainda é 
utilizada. No entanto, o conceito de Pré-História mudou. 
Agora, desde o surgimento do primeirohominídeo na 
Terra, começa a grande aventura humana, sem esquecer 
todo o período que antecede o aparecimento dos seres 
humanos, que também faz parte da Pré-História (SO-
PHIATI; HEUER, 2013, p. 17).
Isso nos faz pensar em outro aspecto. Veja que, na visão tradicional, a Pré-
-História é dividida nos períodos paleolítico e neolítico, como veremos em outra 
seção. Essa divisão pode permanecer por uma questão didática. Entretanto, 
com novas descobertas pela arqueologia, essa maneira de classificar não se 
apresenta tão simples e linear. Vale a pena continuar pesquisando e mergulhar 
nesse universo do conhecimento.
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 6 25/06/14 20:09
S o c i e d a d e s á g r a f a s 7
A Figura 1.3 apresenta e delimita a Pré-História geral e brasileira. Apesar de 
ser uma visão linear e simplificada, a imagem contribui para a compreensão 
pontual do tema. Contudo, você pode perceber que as divisões e delimitações, 
por uma questão didática, negligenciam as divergências entre os historiadores 
e apresentam algumas datas aproximadas.
Figura 1.3 A Pré-História
Fonte: Do autor (2014).
Então, pelo mundo existiu mais de uma Pré-História? O quadro anterior 
dá algumas pistas dessa situação, entretanto acompanhe nossa reflexão com 
a seguinte ideia:
Da mesma forma, se a Pré-História acaba com o início 
da escrita, nem todas as regiões terminam a Pré-História 
em uma mesma época. No continente americano, seu fim 
é associado à chegada dos colonizadores europeus, por 
volta do século XV, embora se saiba que em algumas áreas 
do continente americano já existia escrita muito antes da 
chegada dos europeus (SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 17).
Diante dos argumentos levantados, ainda vale a pena acrescentar que, 
segundo a história tradicional, a Pré-História brasileira iniciou-se por volta de 
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 7 25/06/14 20:09
8 H I S T Ó R I A A N T I G A
32 mil anos atrás, dados os vestígios encontrados no território até então. Essa 
fase vai até o ano de 1500 (época do descobrimento), datação dos primeiros 
documentos sobre essas terras. Assim, qualquer tempo antes do descobrimento 
pode ser classificado como pertencente à Pré-História brasileira. Interessante 
discutir que, entre os historiadores, foi consenso o fato de a Pré-História ame-
ricana ter iniciado com as primeiras migrações há cerda de 13 mil anos, com 
o fim da última glaciação. Entretanto, recentes achados no Chile revelaram 
instrumentos de 33 mil anos. Já outro achado da Dra. Niède Guidon, no estado 
do Piauí, foi uma série de ferramentas de quartzo com 31,5 mil anos. Essas 
descobertas colocam à prova o que já se sabia sobre a Pré-História americana 
(GUGLIELMO, 1999).
Saiba mais sobre a Pré-História brasileira. Pesquise e surpreenda-se com as novas descobertas 
da arqueóloga Niède Guidon. Leia o livro O paraíso é no Piauí: a descoberta da arqueóloga 
Niède Guidon, de Solange Bastos.
Para saber mais
Sem dúvida, é relevante compreender a classificação da Pré-História geral 
e brasileira. No entanto, não é possível ficar alheio ao debate que questiona 
a classificação linear dos tempos históricos. A compreensão desse tempo da 
história humana é cercada por desafios imensuráveis. A escassez de documen-
tos impele os pesquisadores a se valerem dos mais diversificados campos de 
conhecimento para tentar promover a retomada das primeiras ações do homem 
na Terra.
Os primeiros fósseis definitivamente hominídeos foram 
encontrados em Laetoli, na Tanzânia, e Hadar, na Etiópia, 
com datas entre 3 e 3,5 milhões de anos, e receberam o 
nome de Australopitecos afarensis. Um dos achados mais 
espetaculares deste espécime é um esqueleto quase com-
pleto, apelidado de Lucy, encontrado por Don Johanson 
e Tim White por volta de 1970, no sítio de Hadar. Alguns 
especialistas apontam o A. afarensis como o ancestral 
direto dos hominídeos posteriores. Outros, contudo, 
argumentam que eles não eram a única categoria taxo-
nômica existente e que os ancestrais do gênero Homo e 
dos australopitecíneos já haviam se ramificado há cerca 
de 4 milhões de anos (GUGLIELMO, 1999, p. 24-25).
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 8 25/06/14 20:09
S o c i e d a d e s á g r a f a s 9
Convém lembrar que nossa conversa aqui não tem a pretensão de aprofundar 
ou dar conta de todas as questões da Pré-História, mas propor um ponto de par-
tida capaz de incentivá-lo para novos estudos. Realize novas leituras, supere essa 
visão inicial e continue pesquisando sobre a construção de artefatos, as primeiras 
estruturas que serviram de morada, o desenvolvimento da arte, as relações sociais 
entre as comunidades primitivas e o desenvolvimento da agricultura. Todas são 
dimensões que fazem parte do intrigante mundo da Pré-História.
 Acadêmico(a), a partir dessa discussão é possível visualizar a exis-
tência de diversas Pré-Histórias?
 Seria possível determinar uma Pré-História predominante na história 
geral?
Questões para reflexão
 1. Determinadas atividades artísticas da Pré-História, como as pinturas 
nas paredes das cavernas, foram chamadas de “arte rupestre”. Vestígios 
dessa forma artística são fontes de pesquisa da arqueologia e contri-
buem para a compreensão sobre a vida das sociedades ágrafas. Sobre a 
arte durante os períodos da Pré-História, analise as sentenças a seguir:
 I. As atividades cotidianas do paleolítico foram registradas pela arte 
rupestre, entretanto, os registros mais antigos desse tipo de arte 
foram produzidos no período neolítico.
 II. Nas sociedades ágrafas, a arte é resumida pelas atividades fú-
nebres e rituais religiosos, pois somente esses aspectos foram 
encontrados pelos arqueólogos.
 III. O debate sobre o conceito de Pré-História questiona e reflete 
sobre as fontes que podem revelar o passado das comunidades 
primitivas, em destaque, os registros escritos.
 IV. O século XIX foi relevante para o reconhecimento da história 
como conhecimento científico, embora isso tenha construído 
uma visão reducionista da Pré-História.
Atividades de aprendizagem
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 9 25/06/14 20:09
10 H I S T Ó R I A A N T I G A
Agora, assinale a alternativa correta:
( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
( ) As afirmativas II e III estão corretas.
 2. A arqueologia é a ciência que estuda os artefatos criados pela huma-
nidade. Esse tipo de pesquisa é realizado em locais chamados sítios 
arqueológicos ou outros que revelem informações históricas. Entre-
tanto, em abordagens diferenciadas, outros materiais podem servir de 
estudo. Descreva que outras fontes podem construir o conhecimento 
sobre os povos do passado.
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 10 25/06/14 20:09
S o c i e d a d e s á g r a f a s 11
Seção 2 A arqueologia e o conhecimento 
histórico
O século XIX foi um divisor de águas para o estudo da história, pois a partir 
desse marco essa área do conhecimento consolidou seu status de ciência. E 
dentre as ciências que contribuem para o estudo da história está a arqueologia. 
Compreender a arqueologia é um passo fundamental na definição de fonte 
história e patrimônio cultural.
2.1 A importância da arqueologia para o 
conhecimento histórico
É para reconstituir o passado e o estilo de vida de sociedades atuais ou 
extintas, que a arqueologia investiga o patrimônio cultural deixado por essas 
sociedades, sejam elas letradas ou ágrafas. São estudados vestígios ou fósseis 
descobertos em locais como escavações, cavernas ou sítios arqueológicos. Os 
vestígios podem ser pinturas, gravuras, artefatos, ossos, ferramentas e outros 
materiais que sofreram ação do homem.
O termo arqueologia, que vem do grego, significa estudo do passado. Mas 
essa modalidade do conhecimento certificou, durante a história, diferentes 
significados profissionais ao pesquisador. As primeiras menções sobre o estudo 
da arqueologia surgem entre o fim da Idade Média e o início da Idade Modernaconfundindo os papéis do arqueólogo e do paleontólogo. Houve tempo em que 
rotularam o arqueólogo como “o cientista dos dinossauros” (CHILDE, 1971; 
GUGLIELMO, 1999).
Mesmo nesse estágio embrionário da arqueologia, já existia a preocupação 
em desenvolver uma maneira de descrever como determinadas sociedades se 
desenvolveram e tiveram etapas distintas nessa trajetória. Para tal intento, foram 
criados métodos de estudo, instrumentos de escavação e técnicas para análise 
dos artefatos em laboratório.
 Sendo assim, será a arqueologia a ciência que define melhor o conheci-
mento da Pré-História?
Uma curiosidade interessante que podemos conferir na figura que segue. 
Na atualidade, a arqueologia conta com a tecnologia de precisão e ima-
gem para o auxílio das escavações. Um exemplo disso é o “radar de solo” 
utilizado para mapear e descobrir o que existe abaixo no solo, Figura 1.4.
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 11 25/06/14 20:09
12 H I S T Ó R I A A N T I G A
Figura 1.4 Radar de solo
Fonte: Peter Macdiarmid/Getty Images/AFP (2014).
A pesquisa arqueológica acontece inicialmente em locais chamados de 
“sítios arqueológicos”, denominados assim por terem vestígios materiais tanto 
de sociedades ágrafas quanto sociedades com escrita. O debate que já fizemos 
na seção anterior vale a pena continuar pesquisando. Além disso, a arqueolo-
gia estuda além da Pré-História, o material de qualquer época histórica e que 
esteja associado à ação humana.
A Arqueologia, contudo, pode transcender os quadros es-
tritos da historiografia assentada nas fontes escritas, cujo 
viés de classe constitui sua própria essência e a cultura 
material pode tratar de temas simplesmente ausentes ou 
ignorados pela documentação, como no caso das grandes 
maiorias, da vida rural e do quotidiano. O discurso verbal 
e artefatual entrecruzam-se, de diferentes modos, nas so-
ciedades históricas e o desenvolvimento de técnicas para 
tratar de tais inter-relacionamentos permanece uma ques-
tão fundamental no seio da disciplina (FUNARI, 2007, 37).
Vamos complementar nosso argumento. No século XIX, os arqueólogos, 
financiados pelos países imperialistas, iniciaram uma corrida pela busca aos 
tesouros históricos. Um exemplo foi o trabalho do pioneiro Horward Carter, 
arqueólogo britânico que descobriu a tumba de Tutancamón, no Egito, em 
1922. A frase do documentário Tumba do Faraó Tutancamón explica bem esse 
fenômeno: “a arqueologia chega ao Egito com um exército de escavadores”. 
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 12 25/06/14 20:09
S o c i e d a d e s á g r a f a s 13
Você pode encontrar facilmente este interessante documentário no Youtube. 
Acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=Msa4R3Jpwrc>.
A etapa que sucede a pesquisa de campo em sítios transporta o profissional 
para o trabalho em laboratório somando diversas especialidades como traba-
lho com cerâmica, metalurgia, biologia, geologia e química. No laboratório 
os materiais escavados e catalogados passam por limpeza e acomodação de 
maneira a ser preservado com segurança. Ali eles podem ser minuciosamente 
estudados e comparados com materiais de origem de outros sítios.
Para determinar a idade de um achado arqueológico são utilizadas várias técnicas e métodos. 
Um exemplo é a utilização do componente químico do carbono 14 que permite estabelecer 
datações em fósseis de seres vivos. Durante toda a sua vida, os seres vivos absorvem o carbono 
14. No momento de sua morte, a quantidade de carbono 14 começa a cair e são emitidos 
elétrons. Assim, é calculada a quantidade de elétrons emitidos por minuto em cada grama do 
material. Através do carbono 14, é possível determinar datas de carvões, fósseis animais e 
vegetais, alguns artefatos, tintas vegetais, entre outros (SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 4).
Para saber mais
Figura 1.5 Arqueologia no Egito
Fonte: bumihills/Shutterstock (2014).
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14 H I S T Ó R I A A N T I G A
 E no Brasil, quais são as dimensões que a arqueologia pode apresentar? 
 A arqueologia tem campo de estudo e trabalho?
Apesar de pouco difundido e reconhecido, esse estudo tem considerável 
campo de pesquisa. Podemos destacar sítios arqueológicos como os existen-
tes na Serra da Capivara no estado do Piauí, pesquisados desde 1973. Possi-
velmente, o estado do Piauí guarde o maior tesouro arqueológico do Brasil 
(MOSNA, 2013). 
Figura 1.6 Pintura rupestre
Fonte: Yuttasak Jannarong/Shutterstock (2014).
2.2 Arqueologia e os primeiros humanos
No Brasil, os primeiros estudos arqueológicos são de ossadas humanas 
encontrados em 1843 nas cavernas de Lagoa Santa em Minas Gerais. Já nesse 
mesmo século XIX também foram feitas as primeiras escavações nos sambaquis 
de Santa Catarina e São Paulo. Mas foi só a partir de 1950 que iniciou um projeto 
nacional de pesquisa arqueológica. A partir disso foram sendo descobertos e 
catalogados, mesmo com tímidos investimentos, os principais sítios arqueoló-
gicos brasileiros. (PROUS, 2007). Citamos alguns a seguir:
 Parque Nacional Serra da Capivara — São Raimundo Nonato, PI.
 Parque Nacional do Catimbau — Buíque, PE.
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 15
 Sítio Arqueológico de Inhazinha e Rodrigues Furtado — Perdizes, MG.
 Sítio Arqueológico de Mangueiros — Macaíba, RN.
 Sítio Arqueológico Lapa Vermelha — Lagoa Santa, MG.
 Sítio Arqueológico do Solstício — Calçoene, AP.
 Sítio Arqueológico de Pedra Pintada — Pacaraima, RR.
 Sítio Arqueológico São João Batista — Entre-Ijuís, RS.
 Sítio Arqueológico do Lajedo de Soledade — Apodi, RN.
O Parque Nacional Serra da Capivara está localizado no sudeste do estado do Piauí, ocupando 
áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. A 
superfície do parque é de 129 ha e seu perímetro é de 214 km. A cidade mais próxima do Parque 
Nacional é Cel. José Dias, e São Raimundo Nonato é o maior centro urbano (FUMDHAM, 2014).
Para saber mais
Hoje, o profissional da arqueologia pode desenvolver seu trabalho em 
instituições de ensino e pesquisa lecionando ou fazendo parte de projetos 
específicos (Figura 1.7). Além disso, a pesquisa arqueológica pode atuar em 
licenciamentos ambientais para obras de infraestrutura com intuito de veri-
ficar os impactos socioambientais, se o espaço abranger algum patrimônio 
arqueológico.
Caro(a) acadêmico(a), há pouco mencionamos a palavra sambaqui. Você 
sabe o que isso significa? 
É um tipo de sítio arqueológico encontrado perto de regiões litorâneas. 
Em geral, são espaços que foram habitados por povos coletores e caçadores 
que tinham vínculo com as regiões litorâneas na Pré-História. Veja que para 
compreender a relevância de sítios arqueológicos como os sambaquis, precisa-
mos superar a dicotomia entre mito e história, primitivo e civilizado, letrado e 
iletrado. Assim, os sítios indígenas passam a ter atenção merecida nas pesquisas 
históricas (FUNARI, 2007).
Aprofunde seu conhecimento, surpreenda-se com o livro O Brasil antes dos 
Brasileiros, de André Prous, e saiba mais sobre a Pré-História de nosso país. 
Conheça também o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB). Acesse: <http://
www.arqueologia-iab.com.br/2009/view.php?show=33&pag=14>.
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16 H I S T Ó R I A A N T I G A
Figura 1.7 Escavação
Fonte: ChameleonsEye/Shutterstock (2014).
Foi somente a partir de descobertas nos sítios arqueológicos pelo mundo que 
algumas hipóteses sobre a trajetória da humanidade na Pré-História puderam 
ser elaboradas.
O momento em que os nossos ancestrais deixaram de 
ser quadrúpedes para se tornar bípedes sempre foi um 
mistério sem resposta na ciência evolutiva, mas um novo 
estudo publicado pela revista Current Biology dá outras 
pistas. Os cientistas acreditam que os nossos antepas-
sados podem ter começado a andar sobre duas patas 
em uma tentativa de monopolizar recursos e para levar 
comida, em maior quantidade e de forma maiseficiente 
(SOPHIATI; HEUER, 2013). 
Pela indicação dos fósseis e ferramentas mais antigas encontradas, a evolução 
da história humana iniciou nas savanas da África, entre 3 e 4 milhões de anos, onde 
apareceram os primeiros ancestrais. Naquele tempo, algumas espécies sobrevive-
ram e outras foram extintas. É a partir dessa “era” que foram surgindo as espécies 
de hominídeos, como ramapithecus, afarensis, erectus, habilis, australopithecus, 
neandertalenses e sapiens (GUGLIELMO, 1999; BRAIDWOOD, 1988). Entretanto, 
a “cultura” humana, como conhecemos hoje, possivelmente foi resultado do flo-
rescimento exclusivo de uma espécie, o homo sapiens. Ao aprofundar o assunto, 
você terá conhecimento de mais de uma dezena de espécies de hominídeos e 
alguma divergência entre os autores sobre sua datação e características.
As Figuras 1.8 e 1.9 podem lançar alguma luz sobre esse tema e fazer 
compreender a complexidade que envolve a Pré-História. Há muito a ser des-
coberto, discutido e verificado.
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 17
Figura 1.8 Evolução e os hominídeos
Fonte: Sabatini (2011).
Figura 1.9 Os ancestrais do homem moderno
australopithecus.
Fonte: Instituto Refletir (2012). 
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18 H I S T Ó R I A A N T I G A
Apresentamos neste momento um destaque para alguns hominídeos e 
suas características (SOPHIATI; HEUER, 2013; CHILDE, 1971; GUGLIELMO, 
1999). Confira:
 O Australopithecus, também chamado de afarensis, que significa macaco 
do sul, viveu há 3,2 milhões de anos, e uma prova de sua existência foi 
um fóssil encontrado em 1974 que foi denominado de Lucy.
 O Homo habilis viveu entre 2,4 e 1,5 milhão de anos. O primeiro fóssil 
de Homo habilis foi encontrado na região do Quênia, em 1963. Vivia 
em grupo, utilizava os instrumentos rudimentares de pedra para caçar 
pequenos animais e sua alimentação era centrada na caça.
 Homo erectus, que em latim significa homem em pé, recebeu esse nome 
pois foi o primeiro a ter um andar semelhante ao do homem atual, com 
coluna e cérebros alinhados. Viveu aproximadamente há 1,3 milhões de 
anos na África e Ásia. Há indícios de que dividia as atividades diferente-
mente entre o próprio grupo. Sua maior conquista foi o domínio do fogo.
 O Homem de Neanderthal tinha 1,6 m de altura e características pe-
culiares, pois se adaptou ao período glacial. Desenvolveu técnicas de 
fabricação de rochas para caçar grandes animais. Possivelmente, essa 
espécie foi contemporânea do homo sapiens.
 O Homo sapiens, o homem moderno do qual somos descendentes di-
retos. Surgiu há 100 mil anos construindo o que conhecemos por cul-
tura humana. Logo, sua maior diferença dos outros hominídeos foi a 
cultura da arte, da comunicação, da escrita e do sedentarismo.
Ao tentar estudar os hominídeos podemos nos questionar: por que 
algumas espécies de hominídeos desapareceram? Qual a relação entre 
a permanência do Homo sapiens e o desenvolvimento da cultura?
Questões para reflexão
Enfim, o estudo sobre os primeiros humanos só foi possível graças ao avanço 
da arqueologia, mas o caminho dessa descoberta está no início. Como há mais 
dúvidas que certezas, ainda há muito o que pesquisar e estudar. Em seu estudo, 
não se restrinja ao conteúdo que disponibilizamos. Pesquise, descubra e am-
plie seu conhecimento. Tratar do tema sobre os hominídeos requer paciência 
e muita leitura.
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 19
Como você encontra algumas diferenças teóricas entre autores, o melhor a 
fazer é estar por dentro das novas publicações.
Recomendo uma fantástica leitura. Conheça o livro Homens pré-históricos, de Robert J. 
Braidwood, que já foi citado em nosso texto. Não deixe de ler outra obra de destaque: A rein-
venção da sociedade primitiva, de Adam Kuper.
Para saber mais
2.3 Uma proposta de educação patrimonial
Aproveitamos a oportunidade do tema para apresentar uma atividade da 
história contemporânea que aproxima a educação e o patrimônio histórico. O 
objetivo é apresentar uma atividade educacional que articula os conceitos de 
patrimônio histórico, sítio arqueológico e meio ambiente histórico. Além disso, 
o texto faz uma proposta de ação educacional. Confira.
Ao visitar um monumento, local de preservação ou sítio histórico com 
algum grupo, alunos ou não, é importante que as pessoas sejam orientadas a 
observar o máximo de dimensões possíveis inseridas no ambiente. O objetivo 
é avaliar a influência da ação do homem sobre o espaço e sobre a paisagem 
natural. Nesta exploração é possível alcançar as áreas de diversas disciplinas 
de ensino como: história, geografia, matemática e arte.
Na análise da educação patrimonial, durante a atividade, devem ser cons-
truídas algumas questões (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999). Logo, 
algumas perguntas podem servir de ponto de partida:
 Como é o lugar hoje e como foi no passado?
 Quais elementos do passado permanecem no local?
 Como seria viver neste local hoje e no passado?
 Este local tem semelhanças com o passado de outras regiões?
 As transformações que ocorreram também agiram sobre outros locais que 
conhecemos?
 Quais elementos que são específicos do presente e que estão tanto neste 
local como em outros espaços rurais ou urbanos?
Ao estudar um local, monumento ou sítio arqueológico, e a interação entre 
a atividade humana e a paisagem, pode-se usar um conjunto estruturado de 
perguntas como essas, como base para que os alunos/pesquisadores proponham 
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 19 25/06/14 20:09
20 H I S T Ó R I A A N T I G A
suas próprias questões. Isso deixa o trabalho ainda mais interessante. (HORTA; 
GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).
Cada pergunta pode gerar outras questões. A questão fundamental como era 
este lugar? É o ponto de partida para a coleta de dados, o trabalho de campo, 
as observações orientadas e as diferentes atividades. A partir dessa pergunta, é 
possível observar, entre outros aspectos:
Onde ele está situado? Como ele se insere na paisagem natural? Quantas 
estruturas existiam? De que eram feitas? Para que serviam? Quantas pessoas 
viviam ali?
Perguntas como essas podem ser aplicadas a alunos de todas as idades, 
com a ajuda do professor para os mais jovens. Apesar de serem colocadas 
separadamente, as questões se relacionam entre si. Um conjunto de perguntas 
depende de outras. Entretanto, colocá-las separadamente ajuda a compreen-
der e a estruturar os diferentes passos de uma pesquisa (HORTA; GRUNBERG; 
MONTEIRO, 1999).
O uso e a compreensão de mapas, desenhos, esquemas, fotografias aéreas, 
fotos antigas e recentes, documentos, são outras habilidades envolvidas na 
exploração orientada de um sítio ou monumento histórico. E os monumentos 
históricos podem ser encontrados em diversos contextos rurais e urbanos. 
Para as crianças, com um tempo de vida mais recente e menor que o dos 
adultos, quase tudo que as rodeia é produto de um passado distante, do tempo 
da vovó. A própria casa, a família ou a escola podem ser material útil para 
iniciar a compreensão da mudança e continuidade (HORTA; GRUNBERG; 
MONTEIRO, 1999).
As estruturas remanescentes do passado são encontradas em diferentes 
estados de preservação: intactas (escolas, casas...), incompletas (ruínas, mo-
numentos históricos, prédios antigos...), enterradas (estruturas desaparecidas) 
e monumentos tombados, sítios históricos de importância para a cultura na-
cional e protegidos por lei através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-
tico Nacional — IPHAN, ou por instituições estaduais e municipais (HORTA; 
GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).
Numa visitação nem todas as perguntas serão respondidas no local. É impor-
tante que os alunos percebam que também podem existir limitações nas evidên-
cias e na verdade levantada sobre um determinado local. Essa conscientização 
pode levar a novos questionamentos, hipóteses e a percepção do risco de con-
clusões precipitadasou distorcidas (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 21
Aproveite a ideia e quando puder desenvolva projetos educacionais que 
envolvam o patrimônio histórico e natural. Contribua para o desenvolvimento 
da educação patrimonial e ambiental. Explore com seus alunos os conceitos de 
cultural, patrimônio, conservação, ambiente natural e cultural. Bons trabalhos!
 1. O surgimento dos hominídeos ainda é objeto de discussão e muita 
divergência entre historiadores e arqueólogos, pois sobre o tema da 
Pré-História ainda há muito o que pesquisar e descobrir. Sobre os 
hominídeos, assinale a alternativa CORRETA:
( ) A característica essencial que diferencia os hominídeos dos outros 
animais é a cultura.
( ) Durante a Pré-História não ocorreu a coexistência entre diferentes 
hominídeos.
( ) A prova da existência do Homo habilis é a descoberta do fóssil de Lucy.
( ) O homem de Neandertal é o único hominídeo que não faz parte 
da Pré-História. 
 2. Depois de criado, o Parque Nacional da Serra da Capivara esteve 
abandonado durante dez anos por falta de recursos federais. Análises 
comparativas das fotos de satélite evidenciaram esse fato. Durante 
esse período, a Unidade de Conservação foi considerada “terra de 
ninguém e, como tal, objeto de depredações sistemáticas”. A des-
truição da flora tomou dimensões incalculáveis; caminhões vindos 
do Sul do país desmatavam e levavam, de maneira descontrolada, 
as espécies nobres. O desmatamento dessas espécies, próprias da 
caatinga, aumentou depois da criação do Parque, em decorrência 
de falta de vigilância (FUMDHAM, 2014).
O texto anterior denota um dos desafios que a arqueologia brasileira 
enfrenta. Entre eles estão: a falta de investimentos, a articulação entre 
os setores público e privado da sociedade, o avanço da urbanização, 
exploração e extrativismo entre outros. Pense em algum sítio arqueo-
lógico de seu conhecimento ou em sua região e descreva quais os 
desafios que podem estar diante da arqueologia nesse caso específico.
Atividades de aprendizagem
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22 H I S T Ó R I A A N T I G A
Seção 3 Paleolítico e neolítico
Caro(a) acadêmico(a), é comum encontrarmos na linguagem cotidiana o 
termo “idade da pedra” ou a “era das cavernas” quando se quer mencionar a 
Pré-História. Os termos, apesar de serem generalistas, fazem menção ao ele-
mento das rochas e, de certa maneira, é a relação do homem com o trabalho 
e com a matéria-prima que sugere a divisão da Pré-História em paleolítico e 
neolítico. Vejamos a seguir o modo de classificação da Pré-História e como 
isso interfere na concepção da Pré-História americana.
3.1 O período paleolítico
O nome paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, indica a produção de 
objetos com pontas ou lascas de pedras. Considerada a fase mais extensa da 
humanidade, o Paleolítico iniciou-se aproximadamente 3 milhões de anos 
atrás e encerrou-se em 10.000 a.C., sendo dividida em duas partes: paleolítico 
inferior e superior.
Foi o tempo do desenvolvimento da caça em grupo e utilização das primeiras 
ferramentas de pedras ou feitas de chifre de animais. Os vestígios daquela época 
foram encontrados na Europa, na África e no Oriente. A utilização da caverna 
como lar foi característica por causa das baixas temperaturas enfrentadas pelos 
Australiopithecus, Homo Habilis e Homo Sapiens. 
Veja, acadêmico(a), o que um historiador diz sobre o paleolítico:
O período mais longo e a mais antiga era da Pré-História 
é chamado de Paleolítico. Ele iniciou-se há pelo menos 
2,5 milhões, como atestam os instrumentos simples de 
pedra encontrados no sítio de Hadar, Etiópia, e pode ser 
estendido há cerca de 10.000 anos. O modo de produ-
ção de suas populações hominídeas pode ser descrito 
como o de carniceiros, caçadores, coletores e pesca-
dores. Não havia domesticação de plantas ou animais, 
com exceção dos cães e, talvez, cavalos, que surgem só 
mais para o fim do período (GUGLIELMO, 1999, p. 35).
Mas, de todas as invenções e conquistas humanas no paleolítico, o controle 
do fogo é digno de ser o primeiro grande passo na emancipação do homem em 
relação à servidão de seu ambiente. Ao controlar e dominar o fogo, o homem 
tinha o comando sobre parte de duas forças da natureza: a química e a física 
(CHILDE, 1971).
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 23
Fique atento e perceba que as datas que delimitam as fases geralmente são 
aproximadas, sobretudo quando tratamos de uma fase tão distante e cujos indí-
cios são provas irrefutáveis. Veja a Figura 1.10 e acompanhe agora um esquema 
sintético sobre as realizações no paleolítico (CHILDE, 1971; GUGLIELMO, 1999):
 Paleolítico inferior (cerca de 3,5 milhões a 50 mil anos)
 Florescem as primeiras estruturas sociais entre os humanos.
 Os primeiros artefatos e utensílios começam a ser fabricados pelo 
homem.
 Surgem os primeiros indícios de convívio e afeto familiar.
 Domínio do uso do fogo.
 Paleolítico superior (50 mil — 10 mil anos)
 O homem de Cro-Magnon desenvolveu armadilhas terrestres.
 Organização de comunidades mais numerosas.
 São frequentes as migrações constantes para escapar do frio.
 Além das cavernas, foram construídas moradias rústicas com peles de 
animal.
 Desenvolvimento de pinturas rupestres.
 Destaque nas atividades de coleta de alimentos (povos coletores).
 Primeiras noções sobre a existência da sobrenaturalidade.
O fim dessa era histórica (10 mil anos atrás) também é marcado por uma 
variação climática importante na evolução das comunidades humanas: o fim 
de uma era glacial com variações climáticas que amenizou o frio intenso. Tal 
resultado criou um contexto bem mais favorável para se viver. Uma revolução 
que dá início ao período neolítico. Compreenda melhor essa revolução climá-
tica e cultural nos próximos parágrafos.
Figura 1.10 Divisões da Pré-História
 Fonte: Do autor (2014).
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As manifestações artísticas mais antigas do homem já encontradas são as pinturas rupestres 
produzidas na caverna de Lascaux, com data de 11 mil a 15 mil anos. Acredita-se que os artistas 
utilizavam técnicas variadas, como o uso de plumas de aves molhadas em tintas naturais, bem 
como musgos, peles de animais ou as próprias mãos (SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 93).
Para saber mais
3.2 O período neolítico
O neolítico, ou “Nova Idade da Pedra”, ou “Idade da Pedra Polida” foi 
um salto histórico da humanidade. Essa revolução humana só pode ser com-
preendida se visualizarmos o que ocorreu de fantástico na transição entre o 
paleolítico e neolítico. 
Mas o que aconteceu de tão especial? 
Entenda o que ocorreu em algumas frases.
Há aproximadamente 10 mil anos, o Hemisfério Norte foi marcado pela 
redução das geleiras. Surgiram florestas que ocupam regiões onde só havia a 
tundra. Diminuiu a presença de animais de grande porte como os mamutes. As 
comunidades humanas passaram a adotar uma cultura mais próxima ao mar e às 
florestas, e o cão foi domesticado, o que ajudou na caça de pequenos animais. 
A proximidade com as florestas contribuiu para o desenvolvimento de mate-
riais e ferramentas mais sofisticadas. Possivelmente, esse é um dos embriões da 
cultura do trabalho e da consciência de si (GUGLIELMO, 1999). E ainda mais:
Ocorre aqui uma crescente separação entre o homem e 
a natureza. [...] Cada vez que o homem tenta extrair da 
natureza o que necessita e sente sua hostilidade, procura 
vencê-la utilizando seu cérebro para entendê-la e dominá-
-la. Cada vez que isso ocorre, o conhecimento se amplia 
e a consciência se desenvolve (GUGLIELMO, 1999, p. 37)
Mesmo que não seja possível estabelecer uma data exata, sugere-se que 
o período neolítico tenha iniciado por volta de 8.000 a.C., após grandes mu-
danças climáticas e culturais. Vejamos quais foram os avanços culturais mais 
expressivosdo neolítico:
 É consolidada a visão do homem como um ser social.
 Percebem-se as vantagens de cooperar e trabalhar em grupos.
 Destaque e presença de lideranças nas comunidades.
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 24 25/06/14 20:09
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 Maior preocupação com a qualidade de vida.
 Desenvolvimento da agricultura (trigo, milho, legumes, feijões). 
 Fenômeno do sedentarismo.
 Trabalho com metais (iniciando com o cobre).
 Construção de armas manuais.
 Domesticação de animais e plantas.
 Manipulação e domínio da reprodução das plantas.
A Idade dos Metais é considerada o último período da Pré-História (e está situada dentro do 
período neolítico), tendo iniciado há 6 mil anos a.C. e terminado por volta de 4.000 a.C. A 
Idade dos Metais está dividida em três fases: Idade do Cobre, Idade do Bronze e Idade do Ferro 
(SOPHIATI; HEUER, 2013).
Para saber mais
Ainda podemos comentar algumas consequências do novo estilo de vida 
desenvolvido pelo homem no período neolítico, e não mais somente no con-
tinente africano, mais em novos espaços da Europa e do Oriente Médio. É 
interessante ressaltar o fenômeno da agricultura no “Crescente Fértil”, região 
que se estende da foz do rio Nilo até a bacia entre os rios Tigre e Eufrates, local 
onde hoje é o Iraque.
O fenômeno da sedentarização resultou de conquistas adquiridas que per-
mitiram ao homem estabelecer local fixo de morada e abandonar o estilo de 
vida nômade. Foram conquistas como: a agricultura; moradias de materiais com 
possibilidade de manutenção; divisão do trabalho entre mulheres e homens; o 
surgimento de atividades de lazer; o desenvolvimento da cerâmica e até a ideia 
de dinheiro representada por sementes ou pedras trabalhadas (GUGLIELMO, 
1999; PINSKY, 2001).
A domesticação de animais é um dos temas que atrai muito nossa atenção 
à Pré-História, em especial ao neolítico. Ocorreram a domesticação do cão, 
a criação de porcos, cabras e gado. O convívio com animais domesticados, 
além de contribuir para atividades como a caça, força para o trabalho e reserva 
de alimento (carne), reforçou o sentimento de que o homem teria o destino de 
explorar a fauna e a flora (recursos da natureza) disponíveis no planeta.
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O tempo ocioso, que é possibilitado pela sedentarização, também permitiu 
a especialização da produção de roupas em prol do conforto e facilidade 
de locomoção. Percebam que o neolítico marca para o homem a criação 
de conceitos como conforto, lazer, local de moradia fixa, senso de hierarquia, 
liderança e visão social.
Não seria sensato utilizarmos o termo “fim do período neolítico”, e, sim, 
a transição para a Idade Antiga. E três condições, em especial, constituíram essa 
transição: o trabalho com os metais, o surgimento da escrita e a criação do estado.
3.3 A migração para o continente americano
Por certo tempo, a teoria que explicava a migração do ser humano para o 
continente americano foi hegemônica entre os historiadores, entretanto, novas 
descobertas nos sítios arqueológicos de Clovis (Estados Unidos), Monte Verde 
(Chile) e São Raimundo Nonato (Piauí) colocaram em questão a veracidade 
dos fatos, ampliando as hipóteses sobre o tema. Em especial, os estudos da 
historiadora e arqueóloga Niède Guidon, que tem reconhecimento mundial, já 
apresentam novos dados sobre os primeiros homens americanos na Pré-História. 
A primeira teoria aceita retrata a chegada do ser humano no continente 
americano (há cerca de 13 mil anos) através da Ásia, passando pelo Estreito 
de Bering e alcançando o Alasca e a América do Norte (GUGLIELMO, 1999).
Entretanto, a descoberta de uma segunda rota já é aceita e complementa a 
explicação através de descobertas nos sítios arqueológicos da América do Sul. 
Segundo a hipótese, essa rota atravessa o Oceano Pacífico através da Oceania 
e Polinésia. Artefatos encontrados nos sítios arqueológicos apontam para o 
fato de algumas migrações terem ocorrido há mais de 30 mil anos, sugerindo 
que levas de migração para a América aconteceram em tempos diversificados 
(GUGLIELMO, 1999). O que nos resta são mais hipóteses que verdades e que 
há muito que pesquisar no campo da arqueologia americana. 
Ao trabalhar com as hipóteses de migração do ser humano para o 
continente americano, surgem importantes perguntas: é possível que 
sejam encontradas novas rotas da migração para a América? Serão 
realmente duas as rotas possíveis para essa migração? O clima gelado 
do Estreito de Bering permitiria a passagem do ser humano?
Questões para reflexão
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 26 25/06/14 20:09
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Novas descobertas ainda surpreenderão os historiadores. Confira nos mapas 
(Figuras 1.11 e 1.12) uma demonstração interessante sobre as rotas possíveis 
para a migração Pré-histórica das sociedades americanas.
Figura 1.11 Caminhos pré-colombianos
Fonte: Aiyelujara (2013).
Figura 1.12 Caminhos pré-colombianos
Fonte: Aiyelujara (2013).
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 27 25/06/14 20:09
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3.4 O homem pré-histórico no Brasil
Além dos povos do sambaqui, que eram caçadores coletores, dos quais 
se tem notícia pela arqueologia, os povos indígenas, encontrados na época 
da “descoberta” pelos portugueses, formaram a Pré-História brasileira como 
sociedades ágrafas. Ao desfecho desse encontro, a palavra “catástrofe” resume 
com êxito os infortúnios sofridos pelas sociedades ágrafas ou ameríndias. Sua 
sorte até hoje não alterou o rumo dos fatos.
Quando os europeus chegaram à terra que mais tarde viria ser o Brasil, en-
contraram uma população ameríndia culturalmente diversa e distribuída pela 
costa e dentro das bacias fluviais. Se admitirmos grosseiramente a homoge-
neidade dessas culturas, podemos distinguir dois grandes blocos subdividindo 
essa população: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis estavam 
presentes por quase toda a costa brasileira e os tapuias (às vezes chamados 
de tupinambás) ocupavam o litoral do norte até onde hoje é o estado de São 
Paulo (FAUSTO, 2001).
A economia dos tupis era basicamente de subsistência e destinada ao con-
sumo próprio. Praticavam a caça, pesca, coleta de frutas e raízes e desenvolviam 
a agricultura do milho, feijão, abóbora, mandioca, da qual produziam um tipo 
de farinha. Cada aldeia produzia e coletava em seu espaço para satisfazer às 
suas necessidades, havendo poucas trocas de gêneros alimentícios com outras 
aldeias, podendo acontecer a migração de local caso ocorresse a exaustão da 
terra (FAUSTO, 2001).
A chegada dos portugueses representou para os índios 
uma verdadeira catástrofe. Vindos de muito longe, com 
enormes embarcações, os portugueses e em especial os 
padres foram associados na imaginação dos tupis aos 
grandes xamãs, que andavam pela terra, de aldeia em 
aldeia, curando, profetizando e falando de uma terra de 
abundância. Por outro lado, por não existir uma nação 
indígena e sim grupos dispersos muitas vezes em conflito, 
foi possível aos portugueses encontrar aliados indígenas 
na luta contra os grupos que lhes resistiam. Em seus 
primeiros anos de existência, sem o auxílio dos tupis de 
São Paulo, a vila de São Paulo de Piratininga muito pro-
vavelmente teria sido conquistada pelos tamoios. Tudo 
isso não quer dizer que os índios não tenham resistido 
fortemente aos colonizadores, sobretudo quando se tratou 
de escravizá-los. Uma forma excepcional de resistência 
consistiu no isolamento, alcançado através de contínuos 
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 29
deslocamentos para regiões cada vez mais pobres. Em 
limites muito estreitos, esse recurso permitiu a preserva-
ção de uma herança biológica, social e cultural (FAUSTO, 
2001, p. 16).
Os índios sofreram violências de toda espécie: cultural, epidemias, per-
seguição, escravização e morte. Do contato com os europeus resultou uma 
populaçãomestiça cuja expressão cultural e participação política é normal-
mente silenciada. A palavra catástrofe é bem adequada para definirmos o que 
aconteceu com a população ameríndia. Milhões de índios viviam no Brasil 
na época da conquista. As hipóteses variam o número entre 2 a 5 milhões de 
indivíduos. E, hoje, apenas um número entre 300 e 350 mil sobrevive sob as 
ameaças do progresso (FAUSTO, 2001).
 1. O solo brasileiro esconde tesouros surpreendentes. Relatos de antes 
da história escrita, que explicam as origens dos povos da América e 
são comparáveis, em importância, aos principais achados arqueo-
lógicos do Velho Mundo. Quando desembarcou no Brasil em 1825, 
o dinamarquês Peter Lund se surpreendeu com o que encontrou. 
Estabeleceu-se por aqui em definitivo em 1832. Passou a esquadri-
nhar a região de Lagoa Santa, Minas Gerais, em busca de vestígios 
do passado. Explorou mais de 200 grutas, descobriu cerca de 12 mil 
fósseis. E o grande achado: um cemitério com 30 esqueletos humanos, 
ao lado de ossos de mamíferos da chamada megafauna. Eram ani-
mais de dimensões bem maiores que as atuais, como os gliptodontes 
(tatus de cerca de um metro de altura), as macrauquênias (herbívoros 
semelhantes a lhamas com trombas) e preguiças de até seis metros 
de comprimento e cinco toneladas (WINKEL, 2014).
Analise o texto citado e, a partir desse contexto, assinale a alternativa 
correta:
( ) Além dos fósseis humanos encontrados, a região de Minas Gerais 
é fonte de estudo para a botânica e zoologia da Pré-História.
( ) A região de Lagoa Santa foi descredenciada pelo pesquisador 
Peter Lund por não encontrar fósseis humanos.
Atividades de aprendizagem
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30 H I S T Ó R I A A N T I G A
( ) O estudo dos fósseis apenas pode contribuir com a área da pa-
leontologia em prejuízo da arqueologia.
( ) Os fósseis da fauna encontrada em Lagoa Santa são de animais 
da era contemporânea.
 2. O Sul do Brasil é uma das principais áreas a registrar a existência 
dos sambaquis, formações Pré-históricas compostas da fossilização 
de conchas, moluscos, ossos humanos e animais. Sambaquis fluviais 
e marítimos já abrigavam grupos humanos há cerca de 9 mil anos, 
em algumas regiões do país. Mas é no litoral de Santa Catarina que 
estão os maiores sambaquis do mundo, com centenas de metros de 
extensão e aproximadamente 5 mil anos de idade. No interior dessas 
formações foram encontrados vestígios de fogueiras e instrumentos 
cortantes, além de ossos de peixes, répteis e baleias — sinais da exis-
tência de grupos de caçadores e coletores de alimentos. O povo dos 
sambaquis já produzia artefatos em pedra polida, como mostram os 
instrumentos de caça, ornamentos e esculturas representando animais. 
Bons nadadores e remadores, tinham em média 1,60 m de altura. 
Ainda não se sabe como esses grupos desapareceram. A hipótese 
mais aceita é de que tenham sido eliminados ou aculturados pelos 
tupis, há cerca de mil anos (WINKEL, 2014).
O texto se refere a um tipo de sítio arqueológico muito peculiar, o 
sambaqui. Assinale a alternativa correta:
( ) O sambaqui abrigava os povos da Pré-História de mais de 9 mil 
anos atrás, contendo artefatos de pedra polida.
( ) Descobertas recentes apontam a América Central como a maior 
concentração de sambaquis do mundo.
( ) A hipótese sobre o desaparecimento do homem do sambaqui 
está ligada a chegada dos Europeus no continente americano.
( ) Estudos apontam que o homem do sambaqui já não fazia parte 
dos grupos de coletores da Pré-História.
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 30 25/06/14 20:09
S o c i e d a d e s á g r a f a s 31
Seção 4 O estado, a escrita e a agricultura
Caro(a) acadêmico(a), em nosso estudo sobre as sociedades ágrafas na Pré-
-História, é relevante citar alguns nomes como Império Egípcio, Inca, Asteca, 
Chinês... São alguns exemplos dos primeiros estados que demonstraram na 
história da humanidade um projeto de ordem social em grande escala. Tal acon-
tecimento se deve a uma conjuntura específica que evolveu aspectos como a 
agricultura, explosão demográfica, surgimento do processo de sedentarização 
e o surgimento da escrita.
4.1 O estado
Com a consolidação da agricultura surgiram grandes cidades e impérios 
que caracterizaram a transição para a próxima fase: a História Antiga. E mais! 
As novidades neolíticas, como a sedentarização, a agricultura e o aumento do 
número de crianças, geraram o crescimento populacional e, por consequên-
cia, a elevação da densidade demográfica. Essa ampliação social também teve 
novos resultados. E o que ocorreu foi o desenvolvimento acelerado de novas 
ferramentas de trabalho, técnicas produtivas e novas formas de vida social. Em 
suma, novas tecnologias sociais e materiais foram ganhando espaço. Acredita-se 
que as primeiras cidades tenham surgido na região da Mesopotâmia há cerca 
de 7 mil anos. 
Segundo estudos arqueológicos, nas ruínas da cidade 
foram encontrados restos de alimentos, cerâmica e provas 
de que já existia culto aos mortos com rituais fúnebres. 
Outra cidade do mesmo período foi Çatalhöyük. Em 
1958, os arqueólogos descobriram um povoado em uma 
coluna da Turquia central, datado de 7 mil anos e com 
uma população de 8 mil habitantes, distribuídos em 2 mil 
casas, de tamanho variado entre 1 e 48 metros quadrados 
(SOPHIATI; HEUER, 2013, p. 104).
Veja só que curioso. O desenvolvimento da agricultura facilitou o cuidado e o sustento das 
crianças. E, diferente do nomadismo paleolítico, em que o número de filhos dificultava o des-
locamento, no neolítico, quanto mais crianças e adolescentes, mais fácil ficava o trabalho familiar 
com as plantas e animais.
Para saber mais
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32 H I S T Ó R I A A N T I G A
As cidades que surgiram próximo aos rios Nilo, Tigre e Eufrates se comple-
xificaram cada vez mais, e com o aumento da população foram necessárias 
estratégias para aumentar a produção de alimentos e a construção de obras. 
Perceba que, à medida que a população crescia e as cidades ficavam depen-
dentes do uso sistemático de água retirada dos rios, foi necessária a construção 
coletiva de obras como estradas, diques, canais, sistemas de irrigação. Podemos 
citar ainda as cidades de Uruk, Ur e Nínive. Todas dentro da delimitação do 
Crescente Fértil (SOPHIATI; HEUER, 2013).
Qual acidente geográfico foi mais determinante para a formação das 
primeiras cidades? Teria sido a presença do rio ou a barreira do deserto?
Questões para reflexão
Entretanto, quanto mais visível fosse a aparelhagem técnica e agrícola de 
uma cidade, maior seria sua necessidade de proteção contra cidades inimigas 
ou invasores, fato que exigiu melhorias na organização social e administrativa. 
Possivelmente, essa centralização seja um ponto de partida para o surgimento 
do Estado, que centralizou as necessidades de desenvolvimento, proteção, 
distribuição de alimentos e obras coletivas de infraestrutura. Mas a pessoa do 
patriarca já não dava conta de tal empreitada administrativa, o que sugere o 
aparecimento de uma figura político-religiosa, o rei.
Não é por menos que nas primeiras cidades do Egito, da Mesopotâmia, 
nos reinos da África, China e Índia, os reis foram considerados também figu-
ras sacerdotais. E não foi diferente com reinos americanos dos incas, maias, 
astecas e olmecas.
Tal forma de governar foi denominada “poder teocrático” (que em grego 
significa poder baseado na vontade divina). Nesse contexto, o rei tinha funções 
como escolher os funcionários públicos, idealizar a construção de templos, 
liderar a administração das cidades e o controle do excedente da produção 
agrícola. Mas o rei não estava sozinho, para isso contava com a ajuda de sa-
cerdotes, governadores e um especialista chamado de escriba, um funcionário 
que fosse letrado para tarefas da contabilidade ou de documentação das leis 
(SOPHIATI; HEUER, 2013). Os escribas foram peças-chave para a organização 
da administração dos reinos,pois eram os poucos que dominavam a escrita. 
Motivo de nossa próxima discussão.
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 33
4.2 A invenção da escrita
Com todo o avanço social, político e técnico, foi inevitável a presença de uma 
ferramenta capaz de potencializar o conhecimento, em especial nas atividades 
administrativas como a contabilidade da colheita. Tal ferramenta foi a escrita, que 
surgiu em locais diversos do planeta entre 4 e 2 mil anos antes de Cristo. Mas até 
então, os registros mais antigos encontrados são da escrita cuneiforme da Suméria, 
região entre os rios Tigre e Eufrates, como você pode visualizar na Figura 1.13.
Figura 1.13 Placa de argila com escrita cuneiforme
 Fonte: Musée du Louvre, Paris (2014).
Será a escrita cuneiforme o registro sistematizado mais antigo da huma-
nidade? Os sacerdotes da região da Mesopotâmia, além de suas funções reli-
giosas, também se incumbiam de administrar a produção e comercialização 
de rebanhos e colheitas. Assim, as primeiras formas de escrita tinham essa 
função de contabilidade. Um sistema chamado de pictográfico que consistia 
em pequenos desenhos imitando e representando coisas como um boi, uma 
planta ou ave (SOPHIATI; HEUER, 2013).
Já num segundo momento, passaram a utilizar símbolos que podiam repre-
sentar ideias como cozinhar, colher ou rezar e não apenas miniaturas de coisas 
materiais. Tal maneira de escrita levou o nome de escrita ideográfica, somando 
a possibilidade de representar tais símbolos através de sons da fala humana. E 
por fim, cerca de 3000 a.C., os sumérios incorporaram à escrita a diversidade 
da produção legislativa, religiosa e até literária (CHILDE, 1971).
Mas você pode questionar: o alfabeto nasceu desse trabalho? Até agora, 
acredita-se que os fenícios, essencialmente comerciantes e navegadores do 
Mediterrâneo, desenvolveram o primeiro alfabeto. Tinha 22 letras com sons, o 
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34 H I S T Ó R I A A N T I G A
que serviu para facilitar o trabalho comercial. Esse alfabeto primitivo possuía 
somete consoantes e os gregos o aperfeiçoaram acrescentando as vogais.
Como você pôde observar na imagem anterior, a escrita dos sumérios tinha 
forma de pequenos triângulos ou cunhas, por isso o nome escrita cuneiforme. A 
base material para essa escrita eram placas de argila, seguidas da invenção do papiro 
(papel) e do pergaminho (couro). Sem dúvida, a escrita é uma das invenções de 
significante impacto à cultura e foi uma marca da transição entre a Pré-História e 
da Idade Antiga, fato que não exclui, mas dá crédito especial para ambas as fases. 
A transição da Pré-História para a Idade Antiga foi marcada por uma re-
volução que não tem data exata. Trata-se de um marco contextual. Então, 
será a agricultura ou a escrita o principal responsável pelo surgimento da 
organização social (estado e da administração pública)? Pense a respeito.
Questões para reflexão
 1. A necessidade de registrar os acontecimentos surgiu com o homem 
primitivo no tempo das cavernas, quando este começou a gravar 
imagens nas paredes. Durante milhares de anos os homens sentiram 
a necessidade de registrar as informações e construíram progressiva-
mente sistemas de representação. Desenvolvida também para guardar 
os registros de contas e trocas comerciais, a escrita tornou-se um ins-
trumento de valor inestimável para a difusão de ideias e informações. 
Foi na antiga Mesopotâmia, cerca de 6 mil anos atrás, que se desenvol-
veu a escrita ideográfica, um dos inventos na progressão até a escrita 
alfabética, agora usada mundialmente. Em época bastante remota, 
homens e mulheres utilizam figuras para representar cada objeto. Essa 
forma de expressão é chamada pictográfica. A fase pictórica apresenta 
uma escrita bem simplificada dos objetos da realidade, por meio de 
desenhos que podem ser vistos nas inscrições astecas presentes em 
cavernas, ou nas inscrições de cavernas do noroeste do Brasil. Em se-
guida, os gregos adaptaram o sistema de escrita fenícia agregando as 
vogais e criando assim a escrita alfabética. (Alfabeto, palavra derivada 
Atividades de aprendizagem
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 35
de alfa e beta, as duas primeiras letras do alfabeto grego.) Posterior-
mente, a escrita grega foi adaptada pelos romanos, constituindo-se o 
sistema alfabético greco-romano, que deu origem ao nosso alfabeto. 
Esse sistema representa o menor inventário de símbolos que permite a 
maior possibilidade combinatória de caracteres, isto é, representação 
dos sons da fala em unidades menores que a sílaba (MEC, 2014).
O texto referenciado aborda aspectos do desenvolvimento da escrita 
e do alfabeto. Nesse contexto, assinale a alternativa correta: 
( ) A história do alfabeto tem uma inovação com a cultura grega, o 
que possibilitou a origem do nosso alfabeto atual.
( ) O alfabeto latino foi influenciado pelo surgimento da escrita pic-
tográfica com influência dos hieróglifos da Pré-História.
( ) As primeiras letras do alfabeto grego fazem parte da evolução 
direta dos sistemas de desenhos rupestres.
( ) A pista mais aceita sobre o surgimento do alfabeto foi encontrada 
no Vale dos Reis no Egito e nas ruínas de Roma.
 2. Os chineses utilizavam tiras de bambu como material para escrita. As 
tiras eram obtidas do caule da planta, raspadas internamente e coloca-
das para secar. Depois, para formar o livro, as fichas eram furadas nas 
extremidades e unidas por fios de seda. Apesar de o bambu ter sido 
usado antes dos papiros, a evolução da escrita está intimamente ligada 
à utilização do papiro pelos escribas. As folhas de papiro escritas 
eram emendadas e formavam rolos. Os rolos de papiro, criados pelos 
egípcios, eram chamados Volumem (rolos). O volumem dificultava a 
leitura, pois o leitor tinha de mantê-lo aberto, utilizando as duas mãos. 
O título do livro era escrito no final do rolo. O pergaminho, outro tipo 
de suporte à escrita, é obtido a partir do couro cru esticado. Era um 
material mais resistente, fino e durável que o papiro, além de permi-
tir a escrita em suas duas faces. Lavado ou lixado, permitia escrever 
diversas vezes. Foi o pergaminho que possibilitou o desenvolvimento 
do codex (ancestral do livro contemporâneo), por meio da costura 
pelo vinco, sem que as folhas se rasgassem ou se desgastassem pelo 
manuseio. Assim, os manuscritos foram evoluindo e desenvolvendo 
novos suportes, até chegarem ao papel tal qual hoje o conhecemos 
(MEC, 2014).
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36 H I S T Ó R I A A N T I G A
Diante do texto apresentado sobre os materiais que contribuíram para 
o desenvolvimento da escrita, assinale a alternativa que corresponde 
aos materiais e suas fontes de matéria prima:
( ) Papiro/papel; Pergaminho/couro; Bambu/fibras; Codex/pergaminho.
( ) Papiro/argila; Bambu/pergaminho; Codex/couro; Pergaminho/papel.
( ) Pergaminho/bambu; Codex/papiro; Papiro/argila; Papel/fibras.
( ) Codex/papiro; Pergaminho/argila; Silex/sedimentos; Papiro/fibras.
 3. Texto 1 — É possível que a etapa mais importante da história humana 
tenha sido a “invenção” das cidades. Foi o ponto de partida para o 
desenvolvimento das primeiras cidades, da escrita, dos sistemas de 
comércio, do dinheiro, da estratificação e hierarquias sociais (clero, 
nobreza, povo etc.), da religião e da educação organizada, da agricul-
tura sistemática, e de muitas outras coisas mais. Até recentemente, os 
historiadores situavam a origem das primeiras cidades na Mesopotâmia 
(espaço situado entre os rios Tigre e Eufrates, que ficam no atual Iraque), 
cerca de cinco a seis mil anos atrás. As cidades mais famosas foram Ur e 
Uruk. No seu auge, em 2.500 a.C., Ur tinha cerca de 40 mil habitantes, 
o que era uma megalópole para a época (SABBATINI, 2000).
Texto 2 — Na realidade, não deve ter existido uma transição tão 
abrupta entre as aldeias comuns de povos seminômadesou se-
dentários, ou seja, entre os povos da Pré-História e as cidades da 
Idade Antiga. Diferente do que ocorreu nas civilizações mesoa-
mericanas, como nas transições dos povos: Tolteca, Maia e Asteca 
(SABBATINI, 2000).
Após uma atenta leitura dos textos 1 e 2, analise as afirmativas:
 I. Os textos 1 e 2 se referem ao início das cidades na história.
 II. No texto 1 existe uma relação entre a invenção da agricultura e 
das cidades.
 III. O texto 1 faz alusão à ruptura brusca entre a Idade Antiga e a 
Pré-História.
 IV. O texto 2 cita características das cidades de Ur e Uruk.
Assinale a alternativa correta:
( ) As afirmativas I e II estão corretas.
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( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
Caro(a) acadêmico(a), nesta Unidade foi relevante discutir que:
 A Pré-História foi a maior fase da humanidade e, a partir do século XX, 
novos debates da historiografia apontam para a superação da análise 
reducionista antes as outras fases.
 O conhecimento e reflexão sobre as sociedades ágrafas pode ajudar a 
desconstruir a visão linear da história, em que somente as civilizações que 
deixaram herança escrita são incluídas nas fontes do conhecimento científico.
 A partir do fim do século XIX e início do XX, novas fontes foram aceitas 
para a construção do conhecimento da história.
 Novos materiais passaram a servir de indícios do passado de um povo, 
como imagens, relatos orais, vestígios, artefatos, ossos, armas, fotogra-
fias, músicas, construções e outros objetos.
 O paleolítico e o neolítico são as principais classificações da Pré-História 
e que a revolução cultural no fim do neolítico permitiu uma passagem 
entre a Pré-História e a Idade Antiga.
 Somente é possível estabelecer uma data aproximada para o fim da Pré-
-História, entre 3000 e 4000 a.C., momento em que ocorreram revolu-
ções culturais como o surgimento das cidades, impérios, da agricultura, 
do estado e da escrita.
 A Pré-História brasileira segue uma linha do tempo diferente, logo, 
faz-se necessária uma abordagem mais ampla e profunda sobre as 
sociedades ágrafas.
 O trabalho da arqueologia é investigar o patrimônio cultural deixado 
por essas sociedades, sejam elas letradas ou ágrafas. 
 Na arqueologia são estudados vestígios ou fósseis descobertos em locais 
como escavações, cavernas ou sítios arqueológicos.
Fique ligado!
INICIAIS_Historia_Antiga.indb 37 25/06/14 20:09
38 H I S T Ó R I A A N T I G A
Parabéns por chegar a essa etapa do trabalho. Sabemos que é indispen-
sável ao perfil do historiador contemporâneo tornar sua formação uma 
contínua busca pelo saber. Sempre que puder, faça pesquisas, descubra 
outros livros e fontes eletrônicas de conhecimento histórico. Conheça e 
pesquise sobre as agências de preservação do patrimônio histórico, de 
educação patrimonial e de pesquisa nos sítios arqueológicos.
Fique por dentro das conquistas e dos desafios que se apresentam ao 
historiador contemporâneo. Busque ampliar a compreensão das diferentes 
abordagens do conhecimento histórico sobre as sociedades ágrafas no 
Brasil e no mundo. Procure novos materiais, forme sua biblioteca pessoal, 
descubra artigos científicos disponíveis on-line e construa o hábito de 
visitar bibliotecas. Amplie seus horizontes e sua capacidade profissional 
perante os desafios do campo de trabalho profissional.
Contribua para a valorização do patrimônio histórico e do profissional 
da história. Por fim, desejamos sucesso em sua trajetória de vida e trabalho.
Para concluir o estudo da unidade
 1. A invenção da escrita não é um evento isolado na história ou exclusivo 
de um povo. As referências mais antigas são da Suméria, com a escrita 
cuneiforme, entretanto, em diversas partes do planeta essa invenção 
foi surgindo de contextos diferentes sem haver alguma ligação ou 
linearidade. Em outras palavras, a escrita pôde ser desenvolvida na 
China, na Mesopotâmia e na América sem que seus povos tivessem 
conhecimento um do outro. Nesse contexto, analise as afirmativas:
 I. As primeiras formas de escrita foram adaptadas pelos povos da 
Ásia e seguiam os moldes da escrita hieroglífica egípcia.
 II. A Suméria foi um dos primeiros locais de surgimento da escrita, 
em destaque com a escrita cuneiforme.
Atividades de aprendizagem da unidade
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S o c i e d a d e s á g r a f a s 39
 III. Para a historiografia tradicional, a escrita e o estado são duas in-
venções que contribuíram para a transição da Pré-História para 
a Idade Antiga.
 IV. Segundo descobertas, a data aproximada para o surgimento da 
escrita na Suméria é por volta de 3000 a.C.
Assinale a alternativa correta:
( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
( ) Somente a afirmativa I está correta.
 2. [...] a agricultura neolítica se expandiu pelo mundo de duas formas 
principais: os sistemas pastorais e de cultivo de derrubada-queimada. 
Os sistemas de criação por pastoreio estenderam-se às regiões com 
vegetação herbácea e se mantiveram até nossos dias nas estepes e nas 
savanas de diversas regiões, na Eurásia Setentrional, na Ásia Central, 
no Oriente Médio, no Saara, no Sahel, nos Andes etc. Por um lado, os 
sistemas de cultivo de derrubada-queimada conquistaram progressi-
vamente a maior parte das zonas de florestas temperadas e tropicais, 
onde se perpetuaram durante séculos, senão milênios, e perduram 
ainda em certas florestas da África, da Ásia e da América Latina. 
Desde essa época pioneira, na maior parte das regiões originalmente 
arborizadas, o aumento da população conduziu ao desmatamento e 
até mesmo, em certos casos, à desertificação. Os sistemas de cultivo 
de derrubada-queimada cederam lugar a numerosos sistemas agrários 
pós-florestais, muito diferenciados conforme o clima, que estão na 
origem de séries evolutivas distintas e relativamente independentes 
umas das outras. Dessa forma, nas regiões áridas, os sistemas agrá-
rios hidráulicos com cultivos de inundação ou cultivos irrigados 
constituíram-se desde o fim da época neolítica na Mesopotâmia, nos 
vales do Nilo e do Indo, nos oásis e nos vales do Império Inca. Nas 
regiões tropicais úmidas (China, Índia, Vietnã, Tailândia, Indonésia, 
Madagáscar, costa da Guiné na África etc.), sistemas hidráulicos de 
outro tipo, baseados na rizicultura aquática, desenvolveram-se por 
etapas sucessivas, reestruturando primeiro os espaços mais regados e 
drenados (planícies e interflúvios), em seguida os espaços acidentados 
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(montante dos vales), ou de difícil proteção e drenagem (jusante dos vales 
e deltas) ou, ainda, espaços que exigiam irrigação. Ao mesmo tempo, 
as ferramentas e os equipamentos foram aperfeiçoados e o número de 
colheitas aumentou a cada ano (MAZOYER; ROUZART, 2010).
Observando com atenção o texto sobre o desenvolvimento da agri-
cultura, é possível compreender melhor os elementos dessa revolução 
humana da Pré-História. Assinale V para as afirmativas verdadeiras e 
F para as falsas.
( ) A agricultura foi uma revolução iniciada na Idade Antiga com 
elementos que só foram compreendidos durante a Idade Média.
( ) A utilização de ferramentas para o desenvolvimento agrícola só 
foi possível após a revolução industrial de 1750.
( ) O desenvolvimento agrícola já na Pré-História apresentou a inclu-
são de técnicas, tecnologias instrumentais e sistemas de cultivo.
( ) Apesar de destacar a região do Crescente Fértil, o desenvolvi-
mento da agricultura na Pré-História foi simultâneo em diversas 
áreas do planeta.
Assinale a sequência correta:
a) F — F — V — V.
b) V — V — F — F.
c) F — V — F — V.
d) V — F — V — V.
 3. Walter Benjamin procura ver a história

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