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Profa. Walkiria Rigolon UNIDADE I Educação de Jovens e Adultos: Fundamentos e Metodologia Esta disciplina abordará a Educação de Jovens e Adultos, que na atualidade se caracteriza como uma modalidade de ensino. Hoje, quando nos referimos à EJA, nos referimos a uma modalidade que faz parte da educação básica, assim como outras. O Panorama da Educação de Jovens e Adultos A Educação de Jovens e adultos só se tornou um direito a partir da Constituição de 1988. Somente a partir da Lei 9.394, de 1996, a EJA foi definida como uma modalidade de ensino dentro da Educação Básica. O Panorama da Educação de Jovens e Adultos A EJA historicamente esteve atrelada a ações filantrópicas, em uma perspectiva assistencialista, não sendo entendida como um direito. A oferta do Ensino Fundamental às crianças e adolescentes atingiu, em 2000, 97%, atingindo quase 100% desse período de escolarização, contudo, neste mesmo ano, mais de 13% dos brasileiros com mais de 15 anos eram analfabetos. De acordo com PNAD, em 2013 ainda tínhamos mais de 13 milhões de analfabetos com mais de 15 anos. O Panorama da Educação de Jovens e Adultos 39 milhões de jovens e adultos em 2000 haviam frequentado menos de 4 anos de escola. É preciso reconhecer o direito à educação deste jovens e adultos e parar de olhar para a EJA de forma negativa, culpando aqueles que foram vítimas de um sistema excludente. O Panorama da Educação de Jovens e Adultos Se desejarmos uma sociedade mais justa e igualitária, precisamos garantir que a educação seja um direito de todos os excluídos devido ao analfabetismo ou à alfabetização funcional. Para se garantir uma educação de qualidade para essa modalidade de ensino, em primeiro lugar temos de conhecê-la, ou seja, conhecer o perfil destes estudantes. O Panorama da Educação de Jovens e Adultos Precisamos romper com a ideia da EJA como supletivo, pautada numa educação compensatória, entendida como recuperação do tempo perdido ou como aceleração de estudos. Estes jovens e adultos estiveram fora da escola, mas não fora da vida, seguiram aprendendo muitas coisas, contudo, muitas vezes ainda não estão alfabetizados. Como as pessoas jovens e adultas analfabetas resolvem as suas situações cotidianas? Cabe à escola valorizar os saberes destes jovens e adultos que tiveram suas trajetórias escolares cortadas. A história de Luzia e sua estratégia de enfrentamento do analfabetismo... Como as pessoas jovens e adultas analfabetas resolvem as suas situações cotidianas? É preciso que a escola oferte atividades pedagógicas que sejam significativas para os jovens e adultos da EJA, dialogando com suas necessidades, levando em conta o perfil destes estudantes. Como professores, precisamos conhecer as expectativas destes estudantes, conhecendo seu desejos, valores e crenças. A escola e a construção do conhecimento Imagine as dificuldades enfrentadas por um analfabeto hoje, em uma sociedade letrada, enfrentando o dia a dia, por exemplo, tendo de utilizar um caixa eletrônico. O estigma é a evidência que se faz a qualquer marca diferencial de uma pessoa, reduzindo-a socialmente a esse sinal. As dificuldades enfrentadas pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos A partir do que discutimos nesta primeira unidade, podemos afirmar que esta modalidade de ensino, historicamente, institui-se a partir de ações: a) criadas por dispositivos legais. b) assistencialistas e medidas legais. c) filantrópicas e assistencialistas. d) filantrópicas e medidas legais. e) desenvolvidas por empresas e institutos. Interatividade A partir do que discutimos nesta primeira unidade, podemos afirmar que esta modalidade de ensino, historicamente, institui-se a partir de ações: a) criadas por dispositivos legais. b) assistencialistas e medidas legais. c) filantrópicas e assistencialistas. d) filantrópicas e medidas legais. e) desenvolvidas por empresas e institutos. Resposta Para Arroyo, a EJA é um campo não consolidado no âmbito da pesquisa das políticas públicas, das diretrizes educacionais, da formação de professores e das intervenções pedagógicas, por isso há uma diversidade de tentativas que buscam, a todo momento, configurar sua especificidade. Trata-se de um campo indefinido e por isso está exposto, vulnerável a amadores e a ações improvisadas. A EJA de acordo com Miguel Gonzáles Arroyo O reconhecimento do direito à educação se concretiza no direito de aprender a vida inteira, o que implica que parcelas expressivas da população mais adulta tenham acesso a um processo formativo que lhes considere como sujeitos. No que diz respeito à escolarização, é possível reconhecer algumas conquistas no campo do direito. É preciso avançar no campo conceitual, tendo como foco o jovem e o adulto concretos como sujeitos de direitos e não de favores. A EJA de acordo com Miguel Gonzáles Arroyo A EJA correu sempre à margem da construção do sistema escolar, recebendo atendimento por meio de campanhas, movimentos sociais, ONGs, igrejas, sindicatos, voluntários. Precisamos repensar as bases escolares com que a educação de adultos tem contado. É necessário buscar parâmetros próprios, específicos, na diversidade de formas tentadas para garantir o direito à educação. Os estudantes da EJA Em geral, os estudantes da EJA não tiveram a oportunidade e/ou possibilidade de concluir sua escolaridade por inúmeros motivos. Estes jovens e adultos, apesar da diferença etária, vivenciaram situações de exclusão, de marginalização e pertencem à mesma classe social. Os estudantes da EJA Precisamos perceber que a presença de milhões de jovens e adultos fazendo sacrifícios por sua educação pode ser entendida como um sinal de que estes se reconhecem como sujeitos de direitos. A EJA somente se afirmará quando for entendida como um direito. Para tanto, faz-se necessário criar condições para a continuidade dos estudos de jovens e adultos populares. Os estudantes da EJA Os professores da EJA não podem esquecer que estão diante de sujeitos que não tiveram seu direito à educação garantido. Muitas vezes, as turmas de EJA são formadas por pessoas que, embora alfabetizadas, possuem muitas dificuldades de leitura e de escrita e que, por isso, fazem pouco uso destas capacidades. Neste caso, cabe à escola consolidar a alfabetização funcional destes estudantes. Os professores da EJA Estigmatizar é colocar um rótulo em alguém. A formação do pensamento preconceituoso, estigmatizante, sempre estabelece uma relação vertical de superioridade-inferioridade, forjando diferenças entre as pessoas, olhando sempre a partir do que lhes falta. Os estudantes da EJA costumam ser estigmatizados socialmente. Estigmas e preconceitos A modalidade da EJA ainda não se constituiu como um campo de estudo consolidado. Segundo Miguel Arroyo, é um campo indefinido e exposto ao improviso. A prática pedagógica na EJA, de acordo com a LDB 9.394/96, deve respeitar o perfil cultural do estudante desta modalidade. No que se refere ao atendimento dos estudantes, de acordo com a LDB 9.394/96, podem se matricular no Ensino Fundamental da EJA jovens a partir dos 15 anos e, no Ensino Médio, jovens com 18 anos completos. A EJA constitui-se como um campo do conhecimento? É preciso respeitar as experiências e saberes dos estudantes da EJA, que trazem para seus professores um duplo desafio: ensinar o conteúdo que eles têm o direito de aprender e recuperar a crença destes estudantes em sua capacidade de aprender. A EJA constitui-se como um campo do conhecimento? Inicialmente, o atendimentoa jovens e adultos ocorreu à margem do sistema escolar, por meio de campanhas, igrejas, comunidades de bairros, ONGs etc. Na década de 1930, a educação torna-se um problema, pois não seria possível alcançar o progresso sem educação. A EJA na pauta das políticas públicas Em 1940, o recenseamento geral apontou que 50% da população com mais de 15 anos era analfabeta. No final da década de 1950 surge a Campanha de Erradicação do Analfabetismo, pois ele era causa da pobreza e da marginalização. Houve um tempo em que ser analfabeto não era um visto como um problema. A EJA na pauta das políticas públicas Garantir um ambiente de acolhimento e respeito aos saberes advindos da vida concreta destes estudantes, garantindo-lhes a autonomia necessária para que avancem em suas aprendizagens. É preciso que os professores da EJA levem em conta que os estudantes constroem saberes, conhecimentos, adquirem experiências na vida cotidiana e estes saberes precisam ser considerados. A prática pedagógica com jovens e adultos É essencial que os professores da EJA conheçam o perfil dos estudantes desta modalidade de ensino, que levem em conta a história de vida e expectativas destes sujeitos que tiveram suas trajetórias escolares impedidas. Os professores que forem atuar nesta modalidade precisam conhecer como se deu o histórico da EJA no Brasil para: a) compreender esta modalidade de ensino como um direito. b) agilizar o processo educativo desses estudantes. c) estigmatizar os estudantes que não conseguem concluir seus estudos. d) saber como lidar com jovens e adultos que apresentam dificuldades de aprendizagem. e) saber como simplificar o ensino. Interatividade É essencial que os professores da EJA conheçam o perfil dos estudantes desta modalidade de ensino, que levem em conta a história de vida e expectativas destes sujeitos que tiveram suas trajetórias escolares impedidas. Os professores que forem atuar nesta modalidade precisam conhecer como se deu o histórico da EJA no Brasil para: a) compreender esta modalidade de ensino como um direito. b) agilizar o processo educativo desses estudantes. c) estigmatizar os estudantes que não conseguem concluir seus estudos. d) saber como lidar com jovens e adultos que apresentam dificuldades de aprendizagem. e) saber como simplificar o ensino. Resposta Paulo Freire foi o mais célebre educador brasileiro (1921-1997), com atuação e reconhecimento internacionais, autor de “Pedagogia do Oprimido” e “Pedagogia da Autonomia”, defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a “ler o mundo” para poder transformá-lo. Paulo Freire e a Educação de Jovens e Adultos Paulo Freire criou um método específico de alfabetização de adultos. Na cidade de Angicos, em 1963, ele alfabetizou 300 trabalhadores em 45 dias. Seu método envolvia a consciência de classe por meio da politização. Freire partia dos saberes destes trabalhadores e pautava-se em uma relação dialógica. Este método se expandiu e foi criada a Comissão de Alfabetização, em Brasília, com o intuito de alfabetizar adultos em todo o país. Paulo Freire e a Educação de Jovens e Adultos Durante toda sua vida, Paulo Freire lutou por uma educação popular emancipatória, que entendia a prática educativa como um ato político. Respeitar os saberes com os quais os alunos chegam à EJA, partir dos saberes que eles já possuem e estimular a curiosidade crítica. Realizar sempre levantamento dos conhecimentos prévios. Princípios Pedagógicos de Paulo Freire Contextualização. Problematização. Propor atividades significativas, que façam sentido para os estudantes da EJA. Princípios Pedagógicos de Paulo Freire Considerar a realidade concreta vivida pelos alunos, bem como suas experiências, saberes, conhecimentos. Desenvolver o senso crítico, a autonomia. Princípios Pedagógicos de Paulo Freire Paulo Freire cria a métafora da “Educação Bancária” a fim de explicitar o modelo educacional que criticava e que se pautava na crença de que “ensinar é transferir conhecimento”. Paulo Freire defendia a ideia de que educar não é transferir conhecimento, mas criar condições para que o estudante construa o conhecimento. Paulo Freire e a Educação Bancária O professor enquanto ensina, aprende com seu aluno. Negação da educação bancária. Articular teoria e prática. Princípios Pedagógicos de Paulo Freire Ser ético. Ser generoso. Dominar o conhecimento científico e respeitar o senso comum, incentivando o desenvolvimento do artesanato intelectual. Corporificar seu discurso e ter rigorosidade metódica. Para Paulo Freire, cabe ao professor Negar qualquer forma de discriminação e preconceito. Garantir que os estudantes, por meio da educação, se desenvolvam plenamente. Função social da escola é transformar a realidade. Para Paulo Freire, cabe ao professor Aquele que ensina, aprende ao ensinar e quem aprende, ensina ao aprender. Paulo Freire afirmava que... Não é possível pensar os seres humanos longe da ética. A experiência educativa não deve ancorar-se no treino, mas na formação humana. Paulo Freire afirmava que... “Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes!” Paulo Freire Parábola da canoa Paulo Freire é nossa principal referência ao tratarmos de Educação de Jovens e Adultos. Ensinar não é transferir conhecimento, mas garantir as condições para sua construção. Parábola da canoa Paulo Freire criou a nomenclatura de “Educação bancária” para: a) explicar como a educação de jovens e adultos deveria ser compreendida. b) valorizar o modelo educacional conservador. c) exemplificar os princípios pedagógicos que defendia. d) resumir o modelo educacional que criticava. e) resgatar a teoria educacional que ajudou a instaurar na década de 1960. Interatividade Paulo Freire criou a nomenclatura de “Educação bancária” para: a) explicar como a educação de jovens e adultos deveria ser compreendida. b) valorizar o modelo educacional conservador. c) exemplificar os princípios pedagógicos que defendia. d) resumir o modelo educacional que criticava. e) resgatar a teoria educacional que ajudou a instaurar na década de 1960. Resposta Paulo Freire denominou como Educação Bancária a concepção de educação que ele criticava. Nesta metáfora, a educação era comparada um sistema bancário, em que se pode depositar, transferir e sacar conhecimento. Paulo Freire e a Educação Bancária Nesta concepção, a educação é reduzida ao ato de depositar, transmitir, transferir valores e conhecimentos, contribuindo com a ideologia opressora. Na educação bancária os homens são vistos como seres que se adaptam, que se ajustam no mundo sem visar a transformá-lo. Paulo Freire e a Educação Bancária Na educação bancária, o “saber” é uma doação dos que se julgam mais sábios, aos que julgam nada saber. Esta concepção expressa a ideologia opressora, incapaz de reconhecer o saber do outro. A rigidez desta posição nega a educação e o conhecimento como um processo de busca. Paulo Freire e a Educação Bancária A concepção bancária produz educandos: passivos, ingênuos, adaptados, acríticos, conformistas. A educação bancária está a serviço da desumanização, tanto do educador quanto do educando. Paulo Freire e a Educação Bancária A concepção bancária reflete a sociedade opressora. Neste tipo de educação: O educador é o que educa, os educandos são educados. O educador é o que sabe, os educandos os ignorantes. O educador é quem fala, os educandos escutam docilmente. O educador é o que disciplina, os educandos sãodisciplinados. O educador atua, os educandos são passivos. O educador é o sujeito do processo, os educandos, meros objetos. Paulo Freire e a Educação Bancária A concepção bancária visa a dificultar o pensamento autêntico, criativo, de inúmeras formas, por exemplo: no distanciamento entre educando e educador; em uma prática autoritária; por meio de atividades alienantes e sem sentido. A educação bancária nega justamente o diálogo, que é a essência da educação. Paulo Freire e a Educação Bancária A concepção bancária estimula a ingenuidade e não a criticidade, satisfazendo aos opressores. A educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem com a libertação não pode apoiar-se em uma compreensão de homens como seres vazios, com consciência compartimentada, alienada. Paulo Freire e a Educação Bancária O diálogo deve ser compreendido como a essência da educação e como prática da liberdade, pois ele aproxima, contextualiza, problematiza, sistematiza, humaniza o homem. De acordo com Freire, a existência humana não pode ser muda, silenciosa e nem tampouco nutrir-se de falsas palavras. Existir humanamente é pronunciar o mundo, é modificá-lo. Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra. Paulo Freire e a relação dialógica Não é possível haver diálogo sem: humildade, escuta respeitosa, amor aos homens e ao mundo, intensa fé nos homens e em seu poder de recriar o mundo. O diálogo se faz em uma relação de confiança e não poderá fazer-se em meio à desesperança. Nosso papel de educador não é falar ao educando sobre nossa visão de mundo ou tentar impor esta, mas dialogar com ele sobre a sua visão e a nossa. Paulo Freire e a relação dialógica Na ação dialógica não há um ser que domina pela conquista e um objeto dominado, o que existem são sujeitos que se encontram para transformar o mundo. A colaboração é a principal característica da ação dialógica, o diálogo é o fundamento da colaboração. Na teoria da ação dialógica só há lugar para adesão e não para imposição. Paulo Freire e a relação dialógica A pedagogia do oprimido é uma pedagogia humanista e libertadora e se constitui em dois momentos distintos: 1. Os oprimidos desvelam o mundo. 2. Transformam sua realidade. Paulo Freire e a Pedagogia do Oprimido Cabe ao professor desafiar e provocar os educandos para ajudá-los a avançar na construção do seu conhecimento de mundo. Um professor não deve sonegar conhecimento, esconder verdades e castrar a liberdade de seus alunos. Paulo Freire e o papel do professor Compreender nossa tradição de luta historicamente construída. Considerar os saberes e as trajetórias de vida dos estudantes. Buscar uma atitude democrática, reflexiva e crítica. Paulo Freire e o papel do professor De acordo com Paulo Freire, a relação dialógica só é possível quando: a) professor e aluno sabem bem qual o seu lugar na sala de aula. b) se estabelece de forma clara o autoritarismo em sala de aula. c) não há diferença entre professor e aluno. d) o professor respeita o senso comum de seus estudantes e não tenta mudá-los. e) quando há escuta respeitosa, generosidade e ética por parte do professor em relação aos seus estudantes. Interatividade De acordo com Paulo Freire, a relação dialógica só é possível quando: a) professor e aluno sabem bem qual o seu lugar na sala de aula. b) se estabelece de forma clara o autoritarismo em sala de aula. c) não há diferença entre professor e aluno. d) o professor respeita o senso comum de seus estudantes e não tenta mudá-los. e) quando há escuta respeitosa, generosidade e ética por parte do professor em relação aos seus estudantes. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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