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Microbiologia Geral e Clínica Aplicada à Farmácia Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Camilla de Paula Pereira Uzam Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos • Reconhecer toda a cadeia, desde a coleta até o cultivo e contagem dos microrganismos. OBJETIVO DE APRENDIZADO • Coleta e Transporte de Amostras para Análise; • Processamento das Amostras; • Contagem Total de Microrganismos em Placas. UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos Coleta e Transporte de Amostras para Análise O planejamento é a primeira etapa do processo de coleta de amostras. Auxilia tanto na ordenação do fluxo de trabalho como também na garantia da qualidade do material coletado. Nessa etapa, avalia-se o risco envolvido na amostragem, a estabilidade da amos- tra, o prazo necessário (e possível) para emissão do resultado e os custos envolvidos na coleta, transporte, conservação e armazenamento da amostra. Segundo o Guia n°19 de Laboratórios Analíticos, desenvolvido pela Anvisa, é necessário responder às seguintes perguntas no planejamento: * Exemplos: programa de monitoramento, denúncias, demanda judicial, demanda policial. O que coletar? Quando coletar? Por que coletar?* Quanto coletar? Como coletar?Onde coletar?Quem vai coletar? Figura 1 Fonte: Adaptado de Anvisa – Laboratórios Analíticos – Guia 19, p. 10 Importante! Os vídeos disponibilizados no decorrer do conteúdo fazem parte da unidade e podem ser solicitados na avaliação. Vale ressaltar que esta unidade não tem pretensão de substituir os manuais técni- cos disponíveis, e sim sintetizar as principais regras adotadas. Além dessas técnicas, os laboratórios devem seguir as Boas Práticas de Laboratório, possuir procedimen- tos operacionais que descrevam os meios de transporte e armazenamento adequa- dos para cada tipo de coleta, para garantir que o analista execute adequadamente a atividade. Seguir sempre o Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos, Reso- lução Anvisa n° 302 de 13 de outubro de 2005 e suas atualizações. Disponível em: https://bit.ly/2JJOoOO e https://bit.ly/34f4ppE Fase Pré-analítica e Coleta de Amostras A coleta de amostra pode ser considerada a etapa principal do processo analítico, pois a qualidade e confiabilidade dos resultados liberados por laboratório de micro- biologia depende da qualidade da amostra recebida. 8 9 Diversas são as fontes de amostras, que podem ser de origem biológica ou não. As amostras mais comuns são as biológicas, como sangue e secreções e os alimentos, mas a pesquisa de contaminantes pode ser explorada nos mais diversos materiais. Como todo processo amostral, esse deve ser representativo, ou seja, uma parte deve representar o todo. Ficou difícil de entender? Vamos pensar na seguinte situa- ção. Estamos fazendo uma pesquisa sobre a automedicação da população brasileira e, como não é possível entrevistar toda a população, decidimos utilizar uma parte, ou seja, uma amostra dessa população. Agora vamos pensar juntos: se entrevistarmos somente familiares e amigos, as respostas que vamos obter irão representar a população brasileira? Provavelmente não. Para ser uma amostra representativa, seria necessário entrevistar pessoas dos diferentes estados e municípios, considerar pessoas de todos os poderes aquisitivos, o acesso ao sistema de saúde e outras variáveis, sem esquecer que a quantidade de pessoas entrevistadas deve ser cuidadosamente definida, para não gerar um resulta- do tendencioso ou falso em nossa entrevista. O mesmo acontece com as amostras de material biológico: o material coletado deve representar o processo infeccioso e por isso é fundamental escolher adequa- damente o local da coleta (sítio da lesão) e definir a quantidade de amostra. Se você está investigando uma infecção urinária, iria coletar secreção nasal para os exames? Esse é um exemplo bem simplório, mas que pode auxiliar no entendimento desse conceito de local de coleta. Tubo simples, nenhum anticoagulante. Forma-se coagulo. Geral Geral Geral Glicemia Coleta de sangue arterial CoagulgramaAnálise desangue total. Lípdeos e lipoproteínas Tubo simples: Contém gel EDTA Anticoagulante Heoarina Anticoagulante Flureto Seringa heparinizada Citrato Figura 2 – Tubos para coleta de sangue e transporte até o laboratório Fonte: Adaptado de socialboor.com Falhas na coleta e transporte podem causar falhas no isolamento do agente, fa- vorecer o desenvolvimento de contaminantes, interferindo no resultado da análise. Procedimentos adequados de coleta devem ser adotados para evitar o isolamento de um “falso” agente etiológico, entre eles: • Observar que os materiais de coleta devem estar estéreis e devidamente arma- zenados; 9 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos • Escolher o melhor local para coleta, ou seja, aquele em que a probabilidade de isolamento do microrganismo seja maior; • No caso de microrganismos patogênicos, para escolha do material é necessário considerar o estágio da doença, por exemplo: quando o agente patogênico é entérico, causadores de diarreia, são encontrados em maior quantidade e, por- tanto, mais facilmente isolados durante a fase aguda (diarreica). Outro exemplo importante é nas suspeitas de febre tifoide, a coleta poderá ser de sangue ou fezes, dependendo da fase da doença; • Tentar prever a quantidade necessária para a análise, para que seja suficiente para todos os testes necessários. Quando a quantidade de amostra for insufi- ciente, priorizar os testes mais importantes; • Observar que o pedido do exame deve conter, além da identificação do pacien- te, dados como idade, doença de base e indicação do uso de antibióticos ou outros medicamentos; • Evitar o contato dos microrganismos com os anestésicos utilizados durante a coleta, que poderão exercer atividade bactericida. Figura 3 – Tubos para coleta de líquor e transporte até o laboratório Fonte: socialboor.com Como nos demais laboratórios, as regras de biossegurança devem ser observadas, especialmente os critérios de segurança biológica, como: • Utilizar as barreiras de proteção necessárias a cada procedimento; • Independente da suspeita, sempre tratar a amostra como perigosa (potencial- mente patogênica); • Sempre escolher frascos e meios de transporte adequados ao material que será coletado; • As amostras não devem ser manuseadas em trânsito. Sempre transportar em embalagens adequadas, de preferência, térmicas; 10 11 • A superfície externa dos frascos de coleta deve estar limpa e bem fechada. Em caso de respingo ou contaminação na parte externa, descontaminar com álcool 70% ou outra solução antisséptica disponível; • Preservar a solicitação médica (guia ou receituário), para que não seja conta- minado durante a coleta. É ideal que a guia de solicitação seja embalada em plástico antes do início do processo de coleta; • Identificar as amostras com todos os dados sobre a amostra e paciente, inclusive hora da coleta (não colocar a identificação na tampa). Colocar as amostras em um saco plástico para o transporte; • Armazenar em frasco adequado (de preferência térmico) e encaminhar o mais rápido possível para o laboratório. Figura 4 – Tubos para coleta de fezes, urina, escarro e transporte até o laboratório Fonte: Divulgação O cuidado com esses critérios garante resultados confiáveis, evitando problemas básicos como a falta de identificação ou discrepância entre as informações na iden- tificação da amostra e seu conteúdo, falta de dados como origem, ou amostra não condizente com o teste que será realizado. Fase pré-clínica e coleta de sangue, disponibilizado pelo Conselho Regional de Farmácia do Paraná, com Dra. Ivana Regina Machado Stumm, acesse: https://youtu.be/Ega8I6rUhYk São problemas comuns encontrados nas amostras recebidas pelos laboratórios: •Material clínico recebido em solução de fixação inadequada; • Presença da ponta de cateter de Foley; • Conservação inadequada da amostra (temperatura errada, tempo de coleta su- perior ao limite ou armazenadas em condições inadequadas, por exemplo, urina de duas horas devem ficar sob refrigeração, até no máximo 24 horas); 11 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos • Frascos de amostra não estéreis; • Vazamentos, frascos quebrados ou sem tampa, ou contaminações externas; • Um único swab com diversas requisições de testes microbiológicos; • Swab seco; • Culturas recebidas em condições inadequadas. Quando a amostra recebida não está adequada, ou existe suspeita de integridade da amostra que possa comprometer o resultado, é necessário realizar o contato com o solicitante para esclarecimentos, podendo chegar ao caso de se solicitar uma nova coleta de amostras. Os Principais Erros Pré-Analíticos no Laboratório Clínico, disponibilizado pelo Conselho Regio- nal de Farmácia do estado do Paraná, apresentado pela Drª. Ivana Regina Machado Stumm, disponível em: https://youtu.be/RLgfLW4BbpE Tabela 1 – Exemplos de critérios de rejeição para amostras clínicas Problemas de identificação Amostras inadequadas • Desconexão entre a amostra recebida e o pedido do médico; • Falha de identificação da amostra; • Falta de dados como: origem da amostra, tipo da amostra, hora da coleta, dados do paciente etc.; • Falta de dados sobre a análise solicitada (teste não especificado, falha na nomenclatura, duplicidade de solicitação etc. • Frascos não estéreis; • Amostras para anaeróbios sem condições de anaerobiose; • swab de local que deveria ser biopsia (queimadura, perirretal, gangrena, úlcera de decúbito, lesão periodontal etc.); • Falha na conservação (atraso no tempo de envio, temperatura inadequada, meio de cultura inadequado ou fora do meio de cultura, material fixado em formol etc.); • Frascos/Materiais inadequados (swab não padronizado – “cotonete”, frasco não padronizado). Fonte: Adaptado de ANVISA Transporte A amostra coletada deve ser transportada do local de coleta ao laboratório. Quando temos a coleta sendo realizada no mesmo espaço físico dos laboratórios analíticos, o processo de transporte é mais simples, sendo necessário garantir so- mente a conservação do produto do momento da coleta até o setor em que irá proceder as análises. Uma preocupação maior ocorre quando a coleta é realizada em local distinto do laboratório de análise. A agilidade no transporte da amostra garante a integridade do microrganismo coletado, pois ele precisa estar viável para ser isolado. Outro ponto importante é que o microrganismo não pode crescer demais, situação que pode acarretar em erro de interpretação nas culturas quantitativas. A tabela a seguir apresenta algumas regras para o transporte de amostras. 12 13 Tabela 2 – Tempo crítico para entrega da amostra ao laboratório e meios de transporte Amostra Tempo crítico Temperatura Meio de transporte Anaeróbicos 30 minutos Ambiente Fragmento ou aspirado em frasco estéril, meio de transporte semi-sólido Fezes 1 hora Ambiente Frasco seco estéril 12 horas Ambiente Meio Cary Blair3 Fragmentos 30 minutos Ambiente Frasco estéril 8 horas Ambiente Meio de transporte Líquido Pleural Imediatamente Ambiente Tubo seco estéril Líquor Imediatamente Ambiente Tubo seco estéril Material respiratório 30 minutos Ambiente Tubo seco estéril Sangue 1 hora Ambiente2 Passar para caldo nutriente imediata-mente após a coleta Swab1 Até 8 horas Ambiente Meio semi-sólido (Stuart ou Amies) Urina 1 hora Ambiente Frasco seco estéril 12 horas Refrigerada Frasco seco estéril Fonte: ANVISA 1-2-3 Montagem de caixa de transporte de amostras biológicas: https://youtu.be/cT_k6F1WLYA Instruções gerais de coleta Quando pensamos em coleta, subentende-se que o profissional envolvido já está treinado e conhece as características de estabilidade do material que será coletado e a importância do rápido transporte do material ao laboratório, tem consciência sobre os riscos biológicos envolvidos e a importância do uso adequado dos equipamentos de proteção individual e está treinado quanto aos procedimentos que devem ser ado- tados em caso de acidente, tanto pessoal quanto no ambiente, lembrando que todo treinamento deve ser inicial e periódico (reciclagem). Independentemente do tipo de material que será coletado para análises microbio- lógicas, recomenda-se: • Coletar antes do uso de antibióticos, ou imediatamente antes do horário da próxima medicação quando o paciente já estiver em uso com o medicamento; • O paciente deve receber as instruções sobre o procedimento de coleta desde o preparo (cuidados que o paciente terá antes da coleta); • Os materiais para coleta, armazenamento e transporte devem estar devidamen- te higienizados e estéreis; 1 Evitar Swab transportado em tubo seo estéril pois o tempo de espera pode levar ao ressecamento excessivo do material e perda da viabilidade de alguns micro-organismos. 2 Para rotinas automatizadas, não incubar o frasco em estufa comum, deixar em temperatura amiente até incubação no equipamento. 3 Meio Cary Blair para transporte de fezes, com pH 8,4, apresenta boa recuperação para Vibrio sp. e Campylo- bacter sp. Se a amostra não for entregue no laboratório em uma hora, conservar em geladeira de – 4 a 8°C, no máximo por um período de 12 horas. Marcar a data e horário da coleta. 13 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos • Escolher o local de coleta que proporcione maior probabilidade de isolar o mi- crorganismo, evitando tecidos necrosados ou secreções acumuladas no local da lesão. Lembrando que o estágio da doença poderá interferir no isolamento do microrganismo e, portanto, na escolha do material; • Coletar quantidade suficiente para as análises; • Nunca manusear as amostras durante o transporte. A seguir, você encontrará o resumo de algumas recomendações para coletas. Para mais informações, consultar os guias ou manuais técnicos disponíveis. Muitos são disponibilizados pela Anvisa e outros pelas secretarias de saúde de cada estado, lembrando que podem ter pequenas alterações de métodos validados de acordo com o laboratório, sem interferir na qualidade do resultado, devendo o profissional conhe- cer e se adequar aos procedimentos adotados pelo laboratório. Hemoculturas As técnicas para hemocultura apresentadas aqui são as determinadas no Manual de Procedimentos Básicos em microbiologia clínica para o controle de infecção hos- pitalar do Ministério da Saúde. É possível encontrar pequenas variações de método, dependendo da referência adotada, por isso é importante cautela na escolha da refe- rência para não comprometer o resultado apresentado. A quantidade coletada também pode ser influenciada pela suspeita clínica, por exem- plo, se for suspeita de endocardite bacteriana aguda, deve-se coletar 3 amostras de pun- ções venosas distintas e com intervalo de 15 a 30 minutos entre elas, já para infecções sistêmicas como sepsis, meningite e pneumonia bacteriana, recomenda-se a coleta de dois pontos venosos diferentes, com intervalo de 5 minutos entre as coletas (10 – 20ml), para crianças, o volume de amostra pode oscilar de 0,5mL a 4mL de amostra. Hemocultura, disponibilizado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná, Palestrante: Farmacêutica Dra. Laura Gogo. Disponível em: https://youtu.be/qkx-yz2W5yE Técnicas de Coleta • Higienizar mãos e antebraços; • Retirar os lacres dos frascos de hemocultura e fazer assepsia prévia nas tampas com álcool 70%; • Colocar o garrote no braço do paciente e palpar para selecionar a veia mais adequada; • Higienizar a área definida com álcool 70%, de forma circular e de dentro para fora; Nota: É possível utilizar solução de iodo (tintura de iodo 1% a 2% ou PVPI 10%) para higienizar a área. Aplicar do mesmo modo, movimentos circulares e de dentro para fora e aguardar o iodo secar pararealizar a coleta (um a dois minutos); 14 15 • A quantidade coletada deverá ser suficiente para os testes que serão realizados; • Quando o iodo for utilizado, deve ser retirado do braço do paciente com álcool 70%; • Identificar cada frasco e enviar ao laboratório. Observações: • A guia de solicitação deve acompanhar todas as etapas, desde a coleta; • O paciente deve ser orientado de todos os procedimentos que serão realizados; • Sempre utilizar punções venosas para coletas (não se recomenda coleta através de cateteres ou cânulas); • Não é recomendado trocar agulhas entre a punção de coleta e distribuição do sangue no frasco de hemocultura; • O método de coleta do sangue e a quantidade coletada interferem na viabilidade do microrganismo e na interpretação adequada dos resultados. Coleta de sangue venoso, disponibilizado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina com base na Referência: SBPC. Procedimentos de Coleta de Sangue Venoso. In: Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de sangue venoso. 2. ed. Barueri, SP: Minhas Editora, 2010. p. 16-29. Disponível em: https://youtu.be/T5oqEUOVYhk Outros pontos a serem observados na coleta para hemoculturas O volume ideal deve corresponder a 10% do volume total do frasco de coleta, ou seja, em um frasco de 40mL, deve-se coletar cerca de 4mL de sangue. Os frascos de 10mL os mais indicados e o polianetolsulfonato de sódido (SPS) é o anticoagulante mais recomendado. Quanto maior o volume de sangue inoculado no meio de cultura, por amos- tra, melhor a recuperação do microrganismo, respeitando-se a proporção sangue/ meio citada, pois o sangue em desproporção com o meio pode inibir o crescimento de microrganismos. Os frascos e o pedido médico devem estar identificados com o nome do paciente e hipótese diagnóstica (possível diagnóstico), e o frasco deve ser identificado com a hora e local da coleta. As amostras de hemocultura não devem ser refrigeradas, devendo ser mantidas em temperatura ambiente e enviadas rapidamente ao laboratório. Geralmente, três frascos são suficientes para testes de endocardite ou bacteremia, porém, a definição do número de frascos deve ser feita de acordo com a condição do paciente e tipo de exames solicitados. Não há necessidade nem benefício em se coletar mais de 4 amostras para o mesmo teste. 15 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos Escarro Nesse caso, é necessária a colaboração do paciente para a coleta do material, porém, sempre que possível, é interessante que o paciente esteja acompanhado por um enfermeiro ou fisioterapeuta. Apesar de ser pouco utilizado, pois outras fontes apresentam resultados mais confiáveis, como hemocultura, lavado dos brônquios ou aspirado da traqueia, é im- portante conhecer as recomendações para coleta ideal: • Coletar escarro, de preferência de manhã, antes da refeição. Atenção, não co- letar a saliva; • O paciente deve escovar os dentes somente com água e enxaguar com água várias vezes a boca antes da coleta; • Respirar profundamente e tossir vigorosamente; • Recolher a amostra em um tubo estéril de boca larga; • Caso a quantidade de amostra não seja suficiente, proceder à nebulização do paciente antes de realizar nova coleta (somente uma coleta ao dia); • Se for suspeita de microbactérias ou fungos, coletar 3 dias seguidos. Para pacientes que não conseguem escarrar, ou pacientes entubados, deve-se pro- ceder à aspiração, que pode ser transtraqueal (ATT – aspirado transtraqueal) ou por sonda de aspiração. Um dos grandes problemas dessas coletas é o risco de o resultado refletir uma colonização do local de aspiração, podendo levar a um erro no tratamento. O lavado broncoalveolar (BAL) é a técnica utilizada para pacientes submetidos à ventilação mecânica. É uma técnica mais confiável para investigações microbiológi- cas do trato respiratório inferior. Em todos os casos, recomenda-se o processamento da amostra em 30 minutos. Líquor O exame realizado no líquido cefalorraquidiano é muito comum para pesquisas de microrganismos, especialmente os causadores de meningite. O líquido é coletado pela equipe médica especializada e deve ser imediatamente encaminhado ao laboratório, que procederá à sua análise. Caso somente um tubo de amostra seja coletado, essa amostra deve ser processada com prioridade. A amostra não pode ser refrigerada. Feridas, abscessos e exsudatos • Higienizar e descontaminar ao redor da lesão, utilizando soluções de iodo e solução fisiológica; • Coletar o material na parte mais profunda da lesão, quando possível, aspirando com agulha; • Somente utilizar o swab quando não for possível coletar com seringa. 16 17 Tecidos Os tecidos para análise podem ser extraídos de diversos locais, desde amostras de pele e tecido subcutâneo como amostras de feridas de queimaduras colonizadas ou não por microrganismos patogênicos, sendo biópsias mais profundas indicadas para evitar falsos resultados, ou outros, como tecido ósseo, lesões superficiais, mucosas, entre outros. Mas, para todos, é necessário preparar a superfície de forma adequada higienizando com preparações de iodo (tintura de iodo, PVP-I). Para mais detalhes sobre os processos de amostragem em diferentes tecidos, consulte o Guia da Microbiologia Clínica, p. 28 e 29. Disponível em: https://bit.ly/2UMyI3E Fezes Recomenda-se a coleta das fezes na fase aguda da doença e de preferência antes do uso de medicamentos. Após a coleta em frasco coletor apropriado, transferir o material para meio Cary Blair ou Salina tamponada para transporte. A quantidade equivalente a uma colher de sobremesa costuma ser suficiente para análise, sempre preferindo porções com mucosas ou com presença de sangue. A amostra que não for encaminhada imediatamente ao laboratório, deve ser conservada em refrigeração (4°C) por até 12 horas. Há a possibilidade de realizar swab umedecido em solução fisiológica estéril na região do reto. O swab deve ser inserido na região do reto e a coleta feita em movi- mentos circulares, certificando que existe coloração de fezes no swab. Encaminhar o material coletado ao laboratório ou adicionar em meio de transporte adequado. Urina É um exame não invasivo muito importante no diagnóstico de doenças renais e não renais. Coleta-se preferencialmente a primeira urina da manhã, desprezando o primeiro jato. Quando não é possível coletar a primeira urina, coletar após retenção e duas horas. Técnicas de Coleta • Higienizar mãos e antebraços; • Higienizar a região genital com água e sabão, ou lenço umedecido antisséptico caso a coleta seja realizada no laboratório; • Utilizar frasco coletor; • Coletar cerca de 50mL de urina (no caso de mulheres, orientar a separar os grandes lábios para a coleta); • O ideal é que os exames de rotina sejam realizados o mais rápido possível após a coleta, mas para os casos em que a coleta é feita em casa, orientar o pacien- te para manter a amostra na geladeira e encaminhar o mais rápido possível ao laboratório. 17 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos Para crianças que ainda não conseguem controlar a micção, utilizar sacos cole- tores estéreis, fazendo a troca do saco a cada 30 minutos. Se, ainda assim, não for possível realizar a coleta, o médico pode proceder à punção vesical suprapúbica para retirada do material. Secreções As secreções são fluidos corporais produzidos de acordo com a necessidade, como a lágrima ou a saliva. É através da secreção que as células liberam ao meio externo as substâncias produzidas. Nas doenças, as secreções podem ser liberadas de forma alterada, e podem ser utilizadas como meio para investigação e diagnóstico dessas doenças. As secreções oculares devem ser coletadas com swab, antes do uso de medica- ção, na parte interna da pálpebra inferior, retirando antes a secreção superficial, já as secreções de ouvido são provenientes do ouvido externo e médioe a coleta tem algumas particularidades, de acordo como local da coleta. Para coleta no ouvido externo, inicia-se retirando a secreção superficial com au- xílio de swab umedecido em solução fisiológica estéril e a coleta realizada com outro swab, em movimentos de rotação. O material coletado deve ser inserido em meio de transporte (Stuart). Quando for no ouvido interno, a coleta é feita com seringa para realizar a punção na membrana do tímpano ou outro sistema de aspiração. Caso a membrana esteja rompida, o médico pode coletar com espéculo ou cone do otoscópio. Em ambos os casos, realizar a limpeza da secreção superficial como descrito anteriormente. Tenha acesso aos procedimentos completos de coleta no material de Microbiologia Clínica – Módulo 4: Procedimentos Laboratoriais: da Requisição do Exame à Análise Microbiológica e Laudo Final, da página 19 até 40, disponível em: https://bit.ly/2UO6upm Processamento das Amostras Após o recebimento das amostras, elas serão separadas de acordo com sua carac- terística. Algumas precisam ser coradas e outras podem ser analisadas diretamente, sem coloração. Meio Direto sem Coloração É possível realizar a análise direta sem coloração, para os meios de tipo salina, hidróxido de potássio, exame em campo escuro e tinta de China, conforme a tabela a seguir: 18 19 Tabela 3 Meio Descrição Indicação Salina A amostra (colônia) é adicionada à lâmina com 1 a 2 gotas de solução fisiológica e coberta por lamínula, para observação em 40x ou 100x. É possível observar morfologia bacteriana, motili- dade celular. Indicada para pesquisas de Trichomonas, fungos leve- duriformes e filamentosos. Hidróxido de Potássio A amostra é adicionada à lâmina com 1 a 2 gotas de so- lução de hidróxido de potássio (10 – 20%) e coberta por lamínula. Após 30 minutos, deve-se aquecer a lamínula ligeiramente para agilizar o clareamento. Observar em aumento de 10x ou 40x, fechando o diafragma. Este processo auxilia a microscopia pois destaca estru- turas ao dissolver a queratina e o muco. Indicada para pesquisa de fungos leveduriformes e fi- lamentosos em amostras de muco, pele e tecido ósseo. Campo escuro Necessita de um microscópio com condensador de campo escuro, e o preparo já descrito para salina. A observação deve ser feita por imersão em 100x, de preferência objetiva 100x com íris. Observar as parti- cularidades da coleta (exsudato, urina etc.). Utilizada para observar motilidade de bactérias que não são observadas com a salina, como a Leptospira sp., Campylobacter sp. e Treponema pallidum. Tinta da China A amostra de colônia ou sedimento do líquor deve ser misturado com 1 gota da tinta de china. O resultado desta mistura deve ser adicionado de forma que fique uma fina camada entre a lâmina e lamínula (pode se adicionar salina para deixar mais fina). Observar em aumento de 10x ou 40x. Utilizada para pesquisa no líquor de criptococos. O fundo negro permite a visualização da cápsula. Fonte: Adaptado de ANVISA Coloração de GRAM Método centenário mais utilizado em bacteriologia, a coloração de Gram é utiliza- da na classificação bacteriana através do comportamento estrutural em relação aos corantes utilizados. Recebeu esse nome em homenagem ao seu desenvolvedor, o médico dinamarquês Hans Cristian Joaquim Gram. Permite caracterizar as bactérias de acordo com seu tamanho, formato celular e diferença de coloração. É um teste rápido e eficiente, proporcionando um acerto de cerca de 80% nos diagnósticos sem a necessidade de testes adicionais, além de baixo custo e instala- ção simples. Para sua execução, é necessário uma bancada com água corrente, um bico de Bunsen (que pode ser substituído por uma lamparina), microscópio com objetiva de imersão e os corantes específicos. Outro ponto clínico importante dessa coloração é a diferenciação das bactérias em Gram-positivas e Gram-negativas, classificação obtida de acordo com a colo- ração da parede celular bacterina e de extrema importância na escolha do agente antimicrobiano adequado. Utiliza-se na coloração o cristal violeta (violeta de metila, ou em manuais mais antigos, a violeta genciana). A vantagem da violeta de metila é dispensar a chama para fixação. Como diferenciado, utilizamos o álcool etílico absoluto (99,5°GL), mas alguns métodos mais antigos indicam o uso da acetona, ou ainda, uma mistura de corantes, métodos que estão caindo em desuso. 19 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos O corante secundário utilizado atualmente é a safranina, que substitui a fucsina feni- cada que apresenta uma coloração diferencial mais nítida e permite melhor diferencia- ção das bactérias positivas das negativas. Outra grande diferença entre esses dois coran- tes é a solubilidade, sendo a safranina solúvel em água enquanto a fucsina é insolúvel. Saiba mais sobre o preparo dos corantes em “Técnica de Coloração de Gram”, 1997 – p. 17 a 20, disponível em: https://bit.ly/2V8CVxO Ácido Teicóico Lipoteicóico Lipoproteína Peptidoglicano (mureína) Peptidoglicano (mureína) Parede celular Poro Lipopolissacarídeo Gram-negativa Gram-positiva Parede celular Membrana celular Membrana celular Figura 5 – Estrutura básica da parede celular Gram-negativa e Gram-positiva Fonte: Adaptado de epsjv.fiocruz.br, p. 1229 O processo de coloração consiste em corar um esfregaço por 1 minuto com o corante violeta (cristal violeta, violeta fenicada ou violenta genciana), podendo ou não lavar a lâmina após esta etapa (dependendo do autor). Após escorrer, cobre-se o esfregaço com uma solução de lugol, também por 1 minuto, seguida por lavagem (também opcional dependendo da referência). Após essas duas colorações iniciais, descora-se com álcool absoluto por cerca de 30 segundos e seguindo com lavagem com água. A última etapa da coloração é com safranina ou fucsina e lavar. Após secar, observar por imersão em aumento de 100x. Após a coloração, as bactérias Gram-negativa irão corar-se de vermelho e as Gram-positivas em roxo. Você verá mais detalhes sobre a técnica de coloração no material de laboratório de microbiologia geral e clínica. 20 21 Figura 6 – Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas após a coloração de Gram F onte: Adaptado de Wikimedia Commons Coloração de Gram , disponível em: https://youtu.be/30D1FUyTccU Contagem Total de Microrganismos em Placas É necessário saber o tamanho da população de microrganismos ou somente sua presença em determinados locais já indica uma condição de “perigo”? Em diversas situações, é importante conhecer o tamanho da população de microrganismos, por exemplo, ao se trabalhar com fermentações, no acompanhamento de tratamentos antimicrobianos, na pesquisa de novos agentes, no controle de qualidade de água e alimentos, nas avaliações de eficácia de métodos de higiene ou simplesmente para avaliar as condições clínicas de um paciente, pois a simples presença de um micror- ganismo não indica que uma infecção está instalada. Podemos quantificar o tamanho da colônia de forma direta, ou seja, através da contagem do número de células, ou de forma indireta, por análises como turbidez, peso seco ou concentração de marcadores químicos (determinadas proteínas, enzi- mas ou intermediários metabólicos). Contagem direta A contagem direta é realizada com auxílio de câmaras de contagem, como a câmara de Neubauer e a de Petroff-Hauser. Em ambas, uma pequena quantidade da amostra em suspensão é adicionada ao dispositivo e o número de células, feita a contagem da parcela e o tamanho da cultura determinado matematicamente. 21 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos É um método rápido, mas tem como desvantagem não diferenciar as células viá- veis das células mortas e pouca sensibilidade para populações menores (com menos de 1 milhão de células). Procedimento para contagem de células em câmara de Neubauer. Disponível em: https://bit.ly/2Xh7VhS Figura 7 – Contagem microscópica diretade bactérias, utilizando um contador de células de Petroff-Hausser Fonte: TORTORA, 2017, p. 171 O número médio de células no quadrado grande multiplicado pelo fator 1.250.000 fornece o número de bactérias por mililitro. Contagem eletrônica A contagem eletrônica é um processo mais rápido, no qual a amostra em sus- pensão passa por um pequeno orifício que contém um fluxo de elétrons. As células, como moléculas orgânicas, não são boas condutoras e sua passagem altera a resis- tência do fluído. Essa alteração do fluxo de elétrons é registrada, relacionando-a com o número de células que passam pelo orifício. Assim como o método de contagem direta, também tem a mesma desvantagem de detectar células viáveis e não viáveis, ou ainda, outros contaminantes inertes pre- sentes na amostra. Análise espectrofotométrica ou método turbidimétrico A análise espectrofotométrica é um método indireto, no qual a quantidade de microrganismos é estimada através da análise de turbidez da amostra. A turbidez 22 23 se relaciona à concentração de células na amostra, quanto maior o número de células, mais turva é a solução. Esse método mede a transmitância (luz transmi- tida) no espectrofotômetro a 600ηm. A quantidade de luz que chega ao detector do espectrofotô metro é inversamente proporcional ao nú mero de bacté rias (quanto menos luz chega ao detector, mais células estão presentes na amostra). É possível realizar as leituras de absorba ̂ncia, em base logarítmica que podem ser ú teis para a montagem de gráficos. Figura 8 – Determinação do nuḿero de bacteŕias por turbidimetria Fonte: TORTORA, 2017, p. 171 Contagem em placas A vantagem da contagem em placas é a possibilidade de quantificar as células viáveis, porém, demora no mínimo 24 horas para ocorrer a formação de colônias, o que podemos considerar uma desvantagem, especialmente quando não é possível esperar tanto para o resultado, por exemplo, no caso de controle de qualidade de produtos perecíveis como o leite. Esse método considera que cada bactéria cresce e se multiplica para formar uma colônia, apesar de não ser exatamente desse modo, pois algumas bactérias formam agregados ou cadeias. Esse conceito de que uma bactéria forma a colônia deu origem à unidade UFC (unidade formadora de colônias). Não se recomenda esse método para mais do que 250 colônias, devendo ser realiza- das as diluições seriadas como nos outros métodos quando necessário. Filtração Técnica utilizada quando a quantidade de bactérias a ser contada é muito peque- na, como em análise de água. Utiliza-se microfiltração por membrana e as bactérias 23 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos retidas no filtro são transferidas para uma placa com meio de cultura para que pos- sam se desenvolver. Fora essas citadas, outros métodos ainda existem, como o método do número mais provável, que realiza diversas diluições até que não exista mais nenhuma bacté- ria na diluição, ou ainda a contagem microscópica direta, onde um volume definido é adicionado a uma lâmina e a observação é feita por objetiva de imersão. Todos esses métodos podem ser usados para contagem dos microrganismos. Alguns têm aplicações específicas, como a contagem do número de microrganismos no leite ou numa cultura pura, ou quando é necessário determinar a população de células viáveis. Sempre observar qual o método mais adequado, de acordo com as características da amostra. 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Coleta – Análise Microbiológica e Fisíco-Química Vale lembrar que análises microbiológicas não são realizadas somente em fluidos biológicos. O vídeo a seguir apresenta algumas informações sobre a coleta de água para análise microbiológica. https://youtu.be/VH1aV1U8WLY Laboratório Del Porto – M1 V47 – Centrifugação, alíquota e tubos de transporte de amostras https://youtu.be/F5OMN5Hh4Wc Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras – Português https://youtu.be/AhhatXAJIdo Mini curso de interpretação de hemograma – Telessaúde Goiás https://youtu.be/7ynU-v-KJTE Leitura Farmacia e Controle das Infecções Hospitalares https://bit.ly/2wjQ7aA Controle Microbiológico do Ambiente Interno de Farmácias de Manipulação https://bit.ly/2UNaF4E Microbiologia aplicada – e-TEC https://bit.ly/2yGRDo9 25 UNIDADE Coleta, Transporte, Estocagem e Contagem de Microrganismos Referências BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Módulo 4: Procedi- mentos Laboratoriais: da requisição do exame à análise microbiológica e laudo final/ Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Brasília: Anvisa, 2013. Disponível em: <http://www.saude.mt.gov.br/upload/controle-infeccoes/pasta13/modulo4.pdf>. Acesso em: fev. 2020. _______. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS. Técnica de Coloração de Gram. Brasília: Ministério da Saú- de, 1997. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/115_03gram. pdf>. Acesso em fev. 2020. HOITMAN, J.; TRAVASSOS, L. J. Tratado de microbiologia. V. 1. São Paulo: Manole, 1971. JAY, J. M. Microbiologia de alimentos. São Paulo: Artmed, 2005. MOREIRA, J. L. B.; CARVALHO, C. V. M.; FROTA, C. C. Visualização bacteria- na e colorações. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2015. Disponível em: <http:// www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16672/1/2015_liv_jlbmoreira.pdf>. Acesso em: fev. 2020. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre : Artmed, 2017. TRABULSI, L. R.; TOLEDO, M. R. F. Microbiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1991. VIEIRA, D. A. P; FERNANDES, N. C. A. Q. Microbiologia Aplicada. Inhumas: IFG; Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2012. Disponível em: <https://www.ufsm.br/unidades-universitarias/ctism/cte/wp-content/uploads/si- tes/413/2018/12/04_microbiologia_aplicada.pdf>. Acesso em: fev. 2020. Sites visitados <http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/cap3.pdf>. <http://www.ufjf.br/nupis/files/2016/04/aula-10-Preparo-de-amostras.pdf>. 26