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Introdu__Economia_-_Mankiw_cap_2011DD

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DESiGUALDAL
POBREZA
A\
umca diferenca entre os ricos e os outros", disse Mary Colum a Ernest
Hemingway, "é que os ricos tern mais dinheiro". Pode ser. I\4as essa afirmacao deixa
muitas questaes sem resposta. A cliferenca entre os ricos e os pobres é urn topic()
de estudo fascinante e importante — para os confortavelmente ricos, para os pobres
que se esforcam e para a classe media, corn suas preocupacoes e aspiracoes.
Corn base nos dois capitulos anteriores, voce ja deve ter algum entendimento
de por que pessoas diferentes tern rendas diferentes. Os ganhos de uma pessoa
dependen-i da oferta e demanda pelo seu trabalho, que por sua vez depende do
talent() natural, do capital human°, dos diferenciais compensatorios, da discrimi-
nacao e assim por diante. Como os ganhos do trabalho representam cerca de tres
quartos da renda total da economia americana, os fatores que determinam os sala-
rios sa-o tambem, em g,rande medida, responsaveis por determinar como a renda
total da economia é distribuida entre os v6rios membros da sociedade. Em outras
palavras, dies determinam quern é rico e quern é pobre.
Neste capitulo, discutiremos a distribuicao de renda — urn topic° que levanta
questoes fundamentals a respeito do papel da politica econemica. Urn dos Dez
Principios de Economia do Capitulo 1 é de que os governos as vezes podem melho-
rar os resultados de mercado. Essa possibilidade é particularmente importante
"Pelo que me diz respeito,
podem fozer o que quiserem
com o solOrio mThimo, desde
que ri,ao interfiram com o
solOrio mOximo."
430 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
quando consideramos a distribuiao de renda. A mao invisível do mercado age de
maneira a alocar recursos com eficiência, mas isso nao garante, necessariamente,
que eles sejam alocados com justia. Como resultado, muitos economistas - mas
nao todos - acreditam que o governo deve redistribuir a renda para conseg,uir uma
maior igualdade. Ao fazer isso, o governo se depara com outro dos Dez Principios de
Economin: As pessoas enfrentam tradeoffs. Quando o governo adota politicas para
tornar a distribui o de renda mais eqüitativa, distorce os incentivos, altera os com-
portamentos e torna a alocaao de recursos menos eficiente.
Nossa discussao da distribuiao de renda se dara ern tr's etapas. Primeiro, avalia-
ren-los o grau de desigualdade que ha em nossa sociedade. Em seguida, considerare-
mos alguns dos diferentes pontos de vista sobre a funa.- o que o govemo deveria
desempenhar na altergao da distribuiao de renda. Por fim, discutiremos diversas
polificas pUblicas que tth-n por objetivo ajudar os membros mais pobres da sociedade.
gri-h
NIENSURACAO DA DESIGUALDADE
Comeamos nosso estudo da distribuiao de renda abordando quatro quesh5es
ligadas à mensurgao:
• Quanta desigualdade ha em nossa sociedade?
• Quantas pessoas vivem na pobreza?
• Quais os problemas que surgem na mensuraao da desigualdade?
• Com que frecjincia as pessoas mudam de uma classe de renda para outra?
Essas yuestes de mensuraao sao o ponto de partida natural a 13artir do qual se
discutem as politicas púhlicas que pretendem mudar a distribuiao de renda.
Desiguaidade de Renda nos Estados Unidos
Imag,ine que você enfileirasse todas as familias da economia segundo sua renda
anual e enta- o as dividisse em cinco grupos ig,uais: o quinto inferior, o segundo
quinto, o quinto intermediario, o quarto quinto e o quinto superior. A Tabela 1 mos-
tra as faixas de renda de cada um desses grupos. E mostra tambem a renda de corte
para os 5% superiores. 
TABELA 2
Desigualdade de Renda nos
Estados Unidos
Esta tabela mostra a
porcentagem da renda total,
antes do pagamento de impostos,
recebida pelas familias em coda
quint° do distribuicao de renda e
pelas familia que se encontram
entre os 5% mais ricos.
Fonte: U.S. Bureau of the Census.
CAPITULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 431
Ano
Quinto
inferior
Segundo
Quint°
Quint°
Intermediario
Quarto
Quinto
Quinto
Superior
5010
Superiores
2000 4,3010 9,8% 15,50/0 22,80/0 47,40/0 20,8%
1990 4,6 10,8 16,6 23,8 44,3 17,4
1980 5,2 11,5 17,5 24,3 41,5 15,3
1970 5,5 12,2 17,6 23,8 40,9 15,6
1960 4,8 12,2 17,8 24,0 41,3 15,9
1950 4,5 12,0 17,4 23,4 42,7 17,3
1935 4,1 9,2 14,1 20,9 51,7 26,5
Para examinar as cliferencas de distribuicao de renda ao longo do tempo, os eco-
nomistas consideram mais titil apresentar os dados de renda como na Tabela 2. Essa
tabela mostra a parcela da renda total recebida por cada grupo de famIlias. Em
2000, o quinto inferior das fan-iflias recebeu 4,3% de toda a renda, e o quint° supe-
rior, 47,4`)/0 de toda a renda. Em outras palavras, embora os quintos superior e infe-
rior incluam o mesmo rdimero de familias, o quinto superior tern cerca de dez vezes
mais renda do que o quinto inferior.
A Ultima coluna da tabela mostra a parcela da renda total recebida pelas famf-
lias mais ricas. Em 2000, as familias do grupo dos 5% de maior renda receberam
20,8% da renda total. A renda total dos 5% de familias mais ricas foi maior do que
a renda total dos 40`)/0 mais pobres.
A Tabela 2 mostra tambem a distribuicao de renda em diversos anos a partir de
1935. A primeira vista, a distribuicao de renda parece ter se mantido notavelmente
estavel ao longo do tempo. Nas ultimas decadas, o quinto inferior das famIlias rece-
beu cerca de 4% a 5% da renda, enquanto o quinto superior recebeu cerca de 40%
a 50% da renda. Mas uma inspecao mais cuidadosa da tabela mostra algumas ten-
dencias quanto ao grau de desigualdade. De 1935 a 1970, a distribuicao tornou-se,
g,radualmente, mais igual. A participacao do quinto inferior subiu de 4,1% para
5,5% e a participacao do quinto superior caiu de 51,7% para 40,9%. Em anos mais
recentes, essa tendencia se reverteu. De 1970 a 2000, a participacao do quint° infe-
rior caiu de 5,5% para 4,3%, e a do quinto superior aumentou de 40,9% para 47,4%.
Discutimos, no Capitulo 19, algumas explicacoes para esse recente aumento da
desigualdade. 0 crescimento do comercio internacional corn 'Daises onde os sal6-
rios sao baixos e as mudancas tecnologicas reduziram a demanda por mao-de-obra
nao-qualificada e aumentaram a demanda por mao-de-obra qualificada. Como
resultado, os salOrios dos trabalhadores nao-qualificados cafram em relacao aos
salOrios dos trabalhadores qualificados e essa mudanca dos salarios relativos
aumentou a desigualdade de renda entre as familias.
Estudo de Caso
0 1VIOVIMENTO FEMINISTA E A DISTRIB KAO DE RENDA
Nas ultimas decadas, houve uma mudanca drarnatica no papel das mulheres na
economia. A porcentagem de mulheres empregadas aumentou de aproximadamen-
432 I PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
A maior iguaidade entre as
mulheres significou uma
menor igualdade entre as
rendas familiares.
te 32%, na decada de 1950, para cerca de 54%, na decada de 1990. Como as donas
de casa em tempo integr, al ficaram mais raras, os ganhos da mulher têrn adquirido
importancia cada vez maior como componente da renda total da família tipica.
Embora o movimento feminista tenha levado a uma maior ig,ualdade entre
homens e mulheres no que se refere ao acesso à educa o e aos empregos, tambem
levou a uma maior desigualdade em relgo à renda familiar. Isso se deve ao fato
de que o aumento da participa o da mulher na foNa de trabalho não foi o mesmo
em todas as faixas de renda. Em particular, o movimento feminista teve maior
in-ipacto sobre as mulheres de familias de alta renda. As mulheres de familias de
baixa renda ha muito tempo tC.m altas taxas de participayo na foNa de trabalho.
Isso ocorre desde a decada de 1950, e seu comportamento n •Jio se alterou muito.
Em sintese, o movimento feminista alterou o comportamento das esposas de
homens de alta renda. Na decada de 1950, um executivo ou um medico provavel-
mente se casaria com uma mulher que ficaria em casa e cuidaria dos filhos. Hoje,
o
mesma, uma executiva ou medica. Com isso, as familias ricas ficaram ainda mais
`-1 ricas, um padrio que aumentou a desigualdade da renda familiar.
Como mostra esseexeMplo, há determinantes tanto sociais quanto econ micos
na distribui o de renda. Alem disso, a viso simplista cie que "desigualdade de
renda é ruim" pode ser enganosa. Aumentar as oportunidades disponiveis para as
mulheres foi, certamente, uma boa mudaNa para a sociedade, ainda que um de
seus efeitos tenha sido uma maior desig,ualdade da renda familiar. Ao avaliar qual-
quer mudaNa na distrihuição de renda, os formuladores de politicas precisam
estudar os motivos da mudanyi antes de decidir se ela é ou n -ao um problema para
a sociedade. •
P.sthde de Caso
DESIGUALDADE AO REDOR DO MUNDO
Como a desigualdade de renda nos Estados Unidos se compara com a de outros
paises? Essa questk) e interessante, mas dar resposta a ela e problematico. Para
alg,uns paises, n -ao há dados disponiveis. E mesmo quando hEl, nem todos os pai-
ses coletam dados da mesma maneira; por exemplo, alguns coletam dados sobre a
renda individual, enquanto outros, sobre a renda familiar. Outros, ainda, coletam
dados sobre a despesa, em vez da renda. Como resultado, sempre que encontra-
mos uma diferenc;a entre dois paises, nunca podemos ter certeza de que ela reflita
uma diferenyi verdadeira entre as duas economias ou meramente uma difereNa
na forma de coletar os clados.
Com essa advert'encia em mente, observe a Tabela 3, que compara a desig,ual-
dade en-i 12 paises. Os paises esto classificados do mais igual para o mais desigual.
No topo da lista está o Japão, onde os • 0% mais ricos da popula o tth-n renda ape-
nas 4,5 vezes maior do que os 10% mais pobres. No final da lista est-1 o Brasil, onde
os 10% mais ricos t&n renda 46,7 vezes maior do que os 10°/0 mais pobres. En-ibora
todos os paises apresen tem desigualdade substancial, o grau de desig,ualdade varia
substancialrnente ao redor do mundo.
a esposa de um executivo ou de um medico tem maiores chances de ser, ela
CAPITULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 433
Pais 10% mais pobres 10% mais ricos Raza"o
TABELA 3
Japao 4,8% 21,7% 4,5
A Desigualdade pelo Mundo
Alemanha 3,3 23,7 7,2 Esta tabelo mostra a porcentagem do renda que os
Canada 2,8 23,8 8,5 10% mais ricos e os 10% mais pobres do populacOo
India 3,5 33,5 9,6 deteLp. A razoo entre esses dois numeros mede a
Reino Unido 2,6 27,3 10,5 diferenca entre ricos e pobres.
China 2,4 30,4 12,7 Fonte: World Development Report: 2002, p. 234-235.
Estados Unidos
Russia
1,8
1,7
30,5
38,7
16,9
22,8
Copyright 4: 2002 Banco Mundial. Reproduzido corn
permissao do Banco Mundial no formato livro-texto via
Copyright Clearance Center.
Nigeria 1,6 40,8 25,5
Mexico 1,6 41,1 25,7
Africa do Sul 1,1 45,9 41,7
Brasil 1,0 46,7 46,7
Quando os paises sao classificados por grau de desig-ualdade, os Estados Unidos
ficam no meio do gr, upo. Em comparacao corn °taros paises economicamente
avancados, como Japao, Alemanha e Canada, os Estados Unidos apresentam desi-
g-ualdade substancial. Mas os Estados Unidos tem distribuicao de renda mais ig-ual
do que muitos paises em desenvolvimento, como Mexico, Africa do Sul e Brasil. •
A Taxa de Pobreza
Uma medida comum da distribuicao de renda é a taxa de pobreza. A taxa de
pobreza é o percentual da populac5o cuja renda familiar se encontra abaixo de urn
nivel absoluto chamado linha de pobreza. A linha de pobreza 6 estabelecida pelo
govemo federal em aproximadamente tres vezes o custo de uma dieta aclequada.
Essa linha depende do tamanho da familia e é ajustada a cada ano para levar em
conta =dal-lc:as no nivel de precos.
Para se ter uma ideia do que nos diz a taxa de pobreza, vamos considerar os
dados de 2000. Naquele ano, a familia mediana teve rencla media de $ 50.890 e a
linha de pobreza para uma familia de quatro pessoas era de $ 17.603. A taxa de
pobreza era de 11,3%. Em outras palavras, 11,3% da populacao era membro de
familias corn rencla inferior a linha de pobreza.
A Figura 1 mostra a taxa de pobreza clesde 1959, quando comecam os dados ofi-
ciais. Poclemos ver que a taxa de pobreza caiu de 22,4%, em 1959, para 11,1%, em
1973. Essa queda nao surpreende porque a renda media da economia (descontada
a inflacao) cresceu rnais de 50% nesse period°. Como a linha de pobreza é urn
padrao absoluto, nao relativo, mais familias sac) traziclas }.-)ara cima da linha mecii-
da que o crescimento economic° conduz toda a distribuicao de renda para cima.
Como disse John F. Kennedy, a mare alta erg-ue todos os barcos.
Desde o inicio da decada de 70, contudo, a mare alta da economia deixou alguns
barcos para tras. Apesar do crescimento continuado da renda media, a taxa de
pobreza nao ficou abaixo do nivel atingido em 1973. Essa falta de avancos na redu-
cao da pobreza nas tiltimas decadas esti estreitamente relacionacia ao aumento da
desigualciade que vimos na Tabela 2.
taxa de pobreza
o percentual da populacao
cuja renda familiar se
encontra abaixo de urn nivel
absoluto denominado linha
de pobreza
linha de pobreza
urn nivel absoluto de renda
fixado pelo governo federal
para cada tamanho de
abaixo do qua l a
familia e considerada em
estado de pobreza
A Taxa de Pobreza
A taxa de pobreza mostra a por-
centagem da populacao com renda
inferior a um nivel absoluto chama-
do linha de pobreza.
Fonte: U.S. Bureau of the Census.
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000
Percentual da
Popula0.o
Abaixo da
Linha de
Pobreza
25
Taxa de pobreza
20
15
10
5
0 
1960
434 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
FIGURA 1
Embora o crescimento econOmico tenha aumentado a renda da famflia tipica, o
aumento c-ia desigualdade tem impedido as famflias mais pobres de compartilhar
essa maior prosperidade econOmica.
A pobreza e uma doeNa econOmica que afeta todos os g-rupos da populg:a-o,
mas 1-1' o os afeta com igual freqencia. A Tabela 4 mostra as taxas de pobreza de
diversos grupos e revela tres fatos marcantes:
• A pobreza está correlacionada à rac;a. Neg,ros e hispffi-licos tem cerca de tres
vezes mais probabilidade de viver na pobreza do que os brancos.
• A pobreza está correlacionada à idade. As criaNas tem probabilidade acima da
media de pertencer a fan-iflias pobres e os idosos tem menos probabilidade do
que a media de ser pobres.
• A pobreza está correlacionada à composição da farnflia. As fainflias encabeyidas
por um adulto do sexo feminino e sem cOnjuge tem cinco vezes mais probabi-
lidade de viver na pobreza do que as farnflias encabeadas por urn casal.
Esses tres fatos descrevem a sociedade an-iericana há muitos anos e mostram quais
pessoas tem maior probabilidade de ser pobres. Esses efeitos tambem trabalham
juntos: entre as crianyis negras e hispffilicas que vivem em fan-iflias encabeadas
por n-iulheres, cerca de metade vive na pobreza.
Problemas na Mensura0o da Desiguaidade
Embora os dados sobre distribui o de renda e taxa de pobreza nos ajudem a ter
alguma ideia do g,rau de desigualdade na sociedade norte-americana, interpretar
esses dados não é tão simples e direto quanto pode parecer à primeira vista. Os
dados se baseiam nas rendas anuais das famflias. Mas o que interessa às pessoas
não e sua renda, mas sua capacidade de manter um bom padr .. o de vida. Por diver-
sos motivos, os dados sobre distribui o de renda e taxa de pobreza oferecem um
quadro incompleto da desigualdade de padr" o de vida. Examinaremos esses moti-
vos a seguir.
CAPITULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 435
'TABETA 4
Grupo Taxa de Pobreza
Tod os 11,3%
Brancos nao-hispanicos 7,5
Negros 22,0
Hispanicos 21,2
Asiaticos, ilheus do Pacifico 10,7
Criancas (abaixo de 1 8 anos) 16,1
ldosos (acima de 64 anos) 10,2
Familias encabecadas por casal 5,6
Familias encabecadas por mulheres, sem presenca do conjuge 27,9
Quern E Pobre?
Esta tabela mostra que a taxa de pobreza vatic]
muito entre as diferentes grupos do populacao.
Fonte: U.S. Bureau of the Census. Dados de 2000.
Transierencias em Generos As medidas da distribuicao de renda e da taxa
de pobreza se baseiam na renda monetaria clas famflias. Mas, por meio de diversos
programas governamentais, os pobres recebem itens nao-monetarios, incluindo
vales-alimentacdo,auxilio-moradia e servicos medicos. As transferencias aos po-
bres dadas em forma de bens e servicos, ao inves de dinheiro, sao chamadas de
transferencias em generos. As meclidas-padrao do grau de desig-ualdade nao
levam em consideracao essas transferencias em especie.
Como as transferencias em generos sao recebidas predominantemente pelos
membros mais pobres da sociedade, a sua na-o-inclusao na renda afeta em muito a
taxa de pobreza medida. De acordo corn urn estucio do Census Bureau, se as trans-
ferencias em generos fossem incluidas na renda pelo seu valor de mercado, o
ntimero de familias em estado de pobreza seria cerca de 10% menor do que indi-
cam os dados padronizados.
0 importante papel desempenhacio pelas transferencias em generos toma mais
dificil a avaliacao das mudancas na pobreza. Ao longo do tempo, coin a evolucao
das politicas ptiblicas de amparo aos pobres, a composicao da assistencia em ter-
mos de dinheiro e transferencias em generos muda. Parte das flutuagoes da taxa de
pobreza medida, portanto, reflete a forma do amparo oferecido pelo govern° e nao
a verdadeira medida da privacao economica.
0 Cicio de Vida Economic° A renda varia de maneira previsivel durante a
vida de cada pessoa. Um trabalhador jovem, especialmente se estiver estudando,
tern renda baixa. A renda aumenta a medida que o trabalhador ganha maturidade
e experiencia, atinge seu pico em tomo dos 50 anos de idade e cal acentuadamen-
te quando o trabalhador se aposenta, por volta dos 65 anos. Esse padrao regular de
variacao da renda é chamado de ciclo de vida.
Como as pessoas podem tomar emprestimos e poupar para suavizar as varia-
goes da renda durante o ciclo de vida, seu padrao de vida en-1 qualquer ano depen-
de mais da renda ao longo da vida do que da renda naquele ano. Os jovens muitas
vezes se endividam, seja para pagar os estudos, seja para comprar uma casa, e
entao pagam esses emprestimos quando sua renda aumenta. As pessoas tern sua
major taxa de poupanca quando chegam a meia-idade. Como elas podem poupar
antes de se aposentar, a g,rande queda da renda por ocasiao da aposentadoria nao
leva a uma queda semelhante do padrao de vida.
Esse padrao normal do ciclo de vida causa uma desigualdade na distribuicao
anual de renda, mas nao representa verdadeira desig-ualdade em termos de padrao
de vida. Para medir a desigualdade do padrao de vida em nossa sociedade, a dis-
transferencias em generos
transferencias aos pobres
dadas em forma de bens e
servicos, em vez de dinheiro
cid() de vida
o padrao regular de variacao
da renda ao longo da vida de
uma pessoa
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436 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
renda permanente
a renda normal de uma
pessoa
tribuieo de renda ao longo da vida e mais relevante do que a distribuieJio de renda
anual. Infelizmente, os dados sobre renda ao longo da vida nk, est5o prontamen-
te disponiveis. Ao analisar quaisquer dados sobre desig,ualdade, contudo, é impor-
tante ter em mente o ciclo de vicla. Con-io a renda das pessoas ao longo da vida
suaviza os altos e baixos do ciclo de vida, as rendas ao longo da vida esth- o, com
certeza, mais igualmente distribuidas entre a populae"a'o do que as rendas anuais.
Renda Transit6ria versus Renda Permanente As rendas variam ao longo
da vida das pessoas nk) s6 por causa da variae"a"o previsivel resultante do ciclo de
vida, mas tan-ibem por causa de foreas aleat6rias e transit6rias. Em um ano a geada
destr6i a safra de laranja da Fl6ricla, e os produtores de laranja da Fl6rida veem sua
renda cair temporariamente. Ao mesmo tempo, a geada na FlOrida faz o preeo da
laranja subir, e os produtores da Calif6rnia veem sua renda aumentar temporaria-
mente. No ano seguinte, pode acontecer o inverso.
Assim como as pessoas podem tomar emprestimos e poupar para suavizar as
variae -6es de renda ao longo do ciclo de vida, tambem podern tomar e conceder
emprestimos para suavizar uma variae-o transitOria da renda. Quando os produto-
res de laranja da Califfirnia tem um bom ano, como no exemplo anterior, seriam
tolos se gastassem toda a sua renda adicional. Em vez disso, eles poupam uma
parte dela, sabendo que sua boa sorte provavelmente n'a"o persistinl. De forma simi-
lar, os produtores da Fl6rida reagem a sua renda temporariamente baixa fazendo
retiradas de sua poupanea ou tomando emprestimos. Na n-iedida ern que uma
familia poupa e se endivida para proteger-se de variaees ten-lporalrias da renda,
essas variaees não afetam seu pacIro de vida. A capacidade que uma familia tem
de comprar bens e servieos depende, em grande parte, de sua renda permanente,
que é sua renda normal, ou media.
Para medir a desigualdade dos padres cle vida, a distribuie5o da renda perma-
nente é mais relevante clo que a distribuieo da renda anual. Embora seja dificil
medir a rencla permanente, trata-se de um conceito importante. Por excluir varia-
e6es transit6rias da rencla, a rencla permanente é distribuida de forrna mais igual
do que a renda corrente.
Mobilidade EconOmica
As 1_->essoas às vezes referen-i-se aos "ricos"e aos "pobres"como se esses g,nipos con-
sistissem das mesmas famflias, ano apOs ano. Mas isso não é verdade. A mobilida-
de econ3mica, a movimentae'a'o das pessoas entre as classes de renda, e substancial
na economia dos Estados Unidos. Movimentos para cima na escala de renda podem
ser devidos à boa sorte ou ao trabalho duro, e movimentos para baixo podem ser
devidos à má sorte ou à indolencia. Parte dessa rnobilidade reflete variae -6es transi-
t6rias da renda, enquanto parte reflete mudaneas mais persistentes na renda.
Como a mobiliclade econ6mica e grande, muitas clas pessoas abaixo da linha de
pobreza s6 est5o ali ten-iporariamente. A pobreza é um problema de longo prazo
para um niimero relativamente pequeno de famflias. Ern um periodo tipico de dez
anos, cerca de un-ia em cada quatro familias fica abaixo da linha de pobreza pelo
menos um ano. Mas menos de 3% das famflias se mantem pobres por oito ou mais
anos. Como e provvel que os temporariamente pobres e os persistentemente
pobres enfrentern problemas diferentes, as politicas que tenham como prop6sito o
combate à pobreza precisam disting-uir entre esses g,rupos.
Outra maneira de avaliar a mobilidade econ8mica é a persistencia do sucesso
econOmico de gerae .a'o para geraec'io. Os economistas que estudaram esse tOpico
identificaran-i mobilidade substancial. Se um pai ganha 20% mais do que a renda
media de sua gerae^a"o, seu filho provavelmente ganhar 8°/0 mais clo que a
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t-9 Citai
AlAIM 010) 0 çw Waa,
CAPITULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 437
rencia media de sua geracao. No ha praticamente qualquer correlacao entre a
renda de urn avO e a de seu net°.
Um rcsultado dessa grande mobilidade econOmica é o fato de que a economia
americana esta repleta de milionarios que se fizeram por si proprios (assim como
de seus herdeiros que esbanjaram as fortunas que herdaram). De acordo corn esti-
mativas para o ano de 1996, cerca de 2,7 milhoes de familias dos Estacios Unidos
tem patrimonio liquido (ativo menos dividas) superior a $ 1 milhao. Essas familias
repres -I am os 2,(7 0 ma's *co. ca o 1 çao. Cerca de quatro em cada cinco des-
ses miliondrios fizeram sua riqueza por si prOprios, seja fundando uma empresa,
seja subindo a escada da hierarquia corporativa. Apenas urn de cada cincorios herdou sua fortuna.
Teste Rapid° 0 que mede a taxa de pobreza? • Descreva ties problemas em potencial na interpreta-
cao da mensuracao da taxa de pobreza.
A F1LSOF1A Pal11CA IA REMSTR1BUIcA0 DE RENDA
Acabamos de ver como a renda da economia é distribuida e examinamos alguns
dos problemas existentes corn a interpretacao da desig,ualdade medicia. Essa dis-
cussao foi posith7a no sentido de que se limitou a descrever o mundo como é. Agora
nos voltamos para a questao normativa corn quo se deparam os formuladores de
politicas: 0 quo o govern() dove fazer a respeito da desigualdade economica?
Essa questa° nao é meramente econemica. A analise econOmica, por si so, nao
pode nos dizer se os formuladores de politicas deveriam ou nao tentar fazer nossa
sociedade mais igualitaria. Nossas opinioes sobre esse ponto sao, em grande medi-
da, uma questa° de filosofia politica. Contudo, como o papel do governo na redis-
tribuicao de renda é central para muitos debates de politica econemica, vamos nos
desviar aqui da ciencia economica para tratar urn pouco da filosofia politica.
Utilitarismo
Uma proeminente escola de filosofia poiftica é o utilitarismo. Seus fundadores
foram os filosofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-
1873). Em g,rande medida, o objetivo dos utilitaristas é aplicar a 16g,ica da tot-nada de
decisoes individual a questoes ligacias a moralidade e as politicas publicas.
0 ponto de partida do utilitarismo é o conceit° de utilidade — o nivel de felici-
dade ou satisfacao que alguem obtem do suas condicOes. A utilidade é uma medi-
da de hem-estar e, segundo os utilitaristas, é o objetivo ultimo de todas as acoes
ptiblicas e privadas. 0 objetivo adequado do govern°, eles alegam, é maximizar a
soma de utilidade para todos os membros da sociedade.
0 arg-urnento utilitarista para a redistribuicao de renda se baseia na hipotese da
utilidade marginal decrescente. Parece razoavel que urn dOlar a mais de renda para
uma pessoa pobre lhe proporcione mais utilidade adicional do que urn Mar a mais
para uma pessoa rica. Em outras palavras, a medida que a renda de uma pessoa
aumenta, o bem-estar adicional derivado de urn Mar adicional de renda diminui.
Essa suposicao bastante plausivel, junto corn o objetivo utilitarista de maximizacao
da utilidade total, implica que o govern° deveria tentar atingir uma distribuicao de
renda mais ig-ualitaria.
0 arg,umento é simples. Imagine quo Peter e Paul sejam iguais, a nao ser pelo
fato de quo Peter ganha $ 80 mil, e Paul, $ 20 mil. Nesse caso, tirar urn Mar de Peter
e entregzi-lo a Paul reduzira a utiliciade de Peter e aumentara a utilidade de Paul.
utilitarisrno
a filosofia politica segundo a
qual o governo deve escolher
politicas que maximizem a
utilidade total de todos na
sociedade
utilidade
uma medida de felicidade ou
satisfacao
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438 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
Mas por causa da utilidade marginal decrescente, a utilidade de Peter cai menos do
que a utilidade de Paul aumenta. Assim, essa redistribuiao de rencla aumenta a uti-
lidade total, que é o objetivo dos utilitaristas.
primeira vista, esse argumento utilitarista parece implicar que o governo deve
continuar a redistribuir a renda ate que todos os membros da sociedade tenham
exatarnente a mesma renda. Realmente, seria esse o caso se a quantidade total de
renda — $ 100 mil no nosso exemplo — fosse fixa. Mas, de fato, ela nao e. Os utilita-
ristas rejeitam a completa equalizaao das rendas porque aceitam um dos Dez
Prindpios de Economia apresentados no Capitulo 1: As pessoas reagem a incentivos.
Para tirar de Peter e dar a Paul, o governo precisa adotar politicas que redistri-
buam a renda, tais como o imposto de renda federal e o sisten-ia de bem-estar
social. Com essas politicas, as pessoas que tem renda elevada pagam impostos ele-
vados e as que tem baixa renda recebem transferencias de renda. Mas, como vimos
nos Capitulos 8 e 12, os impostos distorcem os incentivos e causam peso morto. Se
o governo retirar a rencla adicional que as pessoas podem ganhar por meio de
impostos mais altos ou reduzindo as transferencias, tanto Peter quanto Paul teriam
menos incentivos para trabalhar mais duramente. Como eles trabalham menos, a
renda da socieclade diminui e, com ela, a utilidade total. 0 governo utilitarista pre-
cisa equilibrar os ganhos da maior igualdade com as perdas da distoNao de incen-
tivos. Portanto, para maximizar a utilidade total, o govemo nao deve criar uma
sociedade totalmente igualitaria.
Un-ia f)arabola famosa esclarece a 16g,ica utilitarista. Imagine que Peter e Paul
sejam viajantes sedentos, presos em lugares diferentes do cleserto. 0 oasis de Peter
tem muita ag,ua; o de Paul, pouca. Se o govemo pudesse transferir agua de um oasis
para o outro sem custo, maximizaria a utilidade total da agua, ig-,ualando a quanti-
dade dela nos dois lugares. Mas suponha que o govemo tenha somente um balde
com furos. Quando tenta transportar a agua de um lugar para outro, parte dela se
perde pelo caminho. Nesse caso, um governo utilitarista ainda assim poderia ten-
tar transferir alguma agua de Peter para Paul, dependendo de quanto Paul estives-
se sedento e de quantos furos o balde tivesse. Mas, se dispuser apenas de um balde
furaclo, um governo utilitarista na- o tentara atingir a ig,ualdade completa.
Liberalismo
USUARIO
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CAPITULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 439
de porque precisamos pensar em coma elas afetarao cada pessoa. Como coloca
Rawls, "Desde que todos estao em situacao semelhante e ninguem é capaz de esta-
belecer principios que favorecam suas condicoes pessoais, os principios de justica
sao resulfado de acordo ou negociacao justos". Estabelecer politicas palicas e ins-
tituicoes dessa maneira nos permite ser objetivos a respeito de quais politicas sao
justas.
Rawls passa, entao, a considerar o que a politica publica concebida por tras
(Jesse veil de ignorancia tentaria atingir. Mais especificamente, ele considera qual
distribuicao de renda uma pessoa acharia justa se nao soubesse se iria estar no
topo, na base ou no meio da distribuicao. Rawls argumenta que uma pessoa na
posicao original estaria particularmente preocupada corn a possibilidade de se ver
na base da distribuicao de renda. Ao estabelecer politicas ptiblicas, 'portant°, deve-
mos procurar aumentar o bem-estar da pessoa que esta em pior situacao na socie-
dade. Ou seja, em vez de maximizar a soma da utilidade de todos, como fariam os
utilitaristas, Rawls maximizaria a utilidacle minima. A reg,ra de Rawls é chamada de
criterio maximin.
Como o criteria maximin enfatiza a pessoa menos afortunada da sociedade, ele
justifica politicas publicas que tenham par objetivo equalizar a distribuicao de
renda. Transferindo renda dos ricos para os pobres, a sociedade aumenta o bem-
estar dos menos afortunados. Entretanto, o criteria maximin nao levaria a uma
sociedade inteiramente igualitaria. Se o governo prometesse ig,ualar completamen-
te a renda de todos, as pessoas nao teriam incentivos para trabalhar duramente, a
renda total da sociedade cairia substancialmente e a pessoa menos afortunada se
veria em pior situacao. Assim, o criteria maximin ainda permite disparidades de
renda porque elas podem melhorar os incentivos e, corn isso, aumentar a capaci-
dade da sociedade de ajudar os pobres. Ainda assim, como a filosofia de Rawls poe
peso apenas nos membros menos afortunados da sociedade, ela requer uma major
redistribuicao de renda do que o utilitarismo.
Os pontos de vista de Rawls s5o controversos, mas o raciocinio experimental queele propoe tern forte apelo. Mais especificamente, seu raciocinio experimental
nos permite considerar a redistribuicao de renda como uma forma de seguro social.
Ou seja, da perspectiva da posicao original, por tras do veil de ignorancia, a redis-
tribuicao de renda é coma uma apOlice de seguro. Os proprietarios de imoveis
fazem seg,uros contra incendio para se proteger do risco de que sua casa peg-ue logo.
De maneira similar, quando nos, enquanto sociedade, escolhemos politicas que tri-
butam os ricos para suplementar a renda dos pobres, estamos todos contratando
um seg,uro contra a possibilidade de virmos a ser membros de uma familia pobre.
Como as pessoas tern aversao ao risco, deveriamos estar felizes por termos nascido
em uma socieciade que proporcione esse tipo de seg,uro.
Mas nao esti claro que as pessoas racionais por tras do veu de ig,norancia seriam
realmente Ca() avessas ao risco a panto de seg,uir o criterio maximin. De fato, como
uma pessoa na posicao original poderia ficar em qualquer ponto-da distribuicao de
renda, ela poderia tratar odos os resultados possiveis da mesma maneira ao esta-
belecer politicas p-Ciblicas. Nesse caso, a melhor politica por tras do \feu de ignoran-
cia seria maximizar a -utilidade media dos membros da sociedade, e a nocao de jus-
tica resultante seria mais utilitarista do que rawlsiana. I
Libertarismo
Uma terceira visa.° da desigualdade é o chamado libertarismo. Os dais pontos de
vista de que tratamos ate aqui — o utilitarismo e o liberalism° — veem a rencia total
da sociedade como urn recurso compartilhaclo que urn planejador social pode livre-
criterio maximin
a afirmacao de que o governo
deveria ter por objetivo
maximizar o bem-estar da
pessoa em pior situacao na
sociedade
libertarismo
a filosofia politica segundo a
qual o governo deveria punir
os crimes e fazer valer as
acordos voluntarios, mas nao
redistribuir a renda
440 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
mente redistribuir para atingir alg,um objetivo social. Os libertaristas, por outro
lado, argumentam que a sociedade em si n'a"o ganha renda — apenas membros indi-
viduais da sociedade ganham renda. Segundo os libertaristas, o governo não deve-
ria tirar de alg,uns individuos e dar a outros com o objetivo de alcanar uma
huição de renda particular.
Por exemplo, o fil sofo Robert Nozick escreveu o sepinte, em seu famoso livro
Anarquia, Estado e Utopia, de 1974:
Não estamos na posi o de criaNas que receberam fatias de torta de alguem
que agora faz ajustes de últirna hora para corrigir cortes malfeitos. Não hz1 dis-
tribuição central, não há uma pessoa ou um gnipo encarregado de controlar
todos os recursos, decidindo em conjunto como devem ser distribuidos. 0 que
cada pessoa recebe, recebe de outros que lhe fflo em troca de algo, ou como
presente. Em uma sociedade livre, diferentes pessoas controlam diferentes
recursos e novas propriedades surgem das trocas e de ac;5es pessoais.
Enquanto utilitaristas e liberalistas procuram julgar quanto de desig-ualdade
desej&vel em un-ia socieclade, Nozick nega a i_->rOpria validade da quest5o.
A alternativa libertarista à avaliação dos resultados econ6micos é avaliar o pro-
cesso por meio do qual esses resultados surgen-i. Quando a distribui o de renda
ating,ida de maneira injusta — por exemplo, quando uma pessoa furta de outra o
govemo tem o direito e o dever de remediar o problema. Mas na medida em que
o processo que determina a distribui o de renda seja justo, a distribui o resultan-
te tambern o ser& não importa o quão desig,ual seja.
Nozick critica o liberalismo de Rawls fazendo uma analogia entre a distribui o
de renda na sociedade e a distribui o de notas em um curso. Suponha que voce
fosse chamado para avaliar a eqiiidade das notas do curso de economia em que
está matriculado.Voce se imaginaria por trs de um veu de ignorkicia e escolheria
uma distribui o de notas sem conhecer o talento e o esfoNo de cada aluno? Ou
se certificaria cie que o processo de atrihuição de notas aos alunos é justo, indepen-
dentemente de a distribui o de notas resultante ser igual ou desig,ual? Pelo menos
no caso das notas, a enfase dos libertaristas no processo, em detrirnento do resul-
tado, é convincente.
Os libertaristas concluem que a igualdade de oportunidades é mais importante
do que a ig,ualdade de rendas. Eles acreditam que o govemo deve fazer valer os
direitos individuais para garantir que todos tenham a mesma oportunidade de usar
seus talentos e ter sucesso. Uma vez estabelecidas as regras do jogo, o governo
tem qualquer rnotivo para alterar a distrihuição de renda resultante.
Teste R4icio Pam ganha mais do que Pauline. Alguem prope tributar Pam para suplementar a renda
de Pauline. Como essa proposta seria avaliada por um utilitarista, um liberalista e um liber-tarista?
POUTICAS DE REDUC -40 DA POBREZA
Como acabamos de ver, os filOsofos politicos tem diversas teorias sobre o papel que
o crovemo deve desempenhar na altera o da distrihuição de renda. 0 debate
tico entre a g,rande populaio de eleitores reflete uma discusso semelhante.
Apesar desses debates, contudo, a maioria das pessoas acredita que, no mínimo, o
governo deveria tentar ajudar os mais necessitados. De acordo com uma metfora
popular, o governo deveria oferecer uma "rede de seguraNa" para impedir que
qualquer cidado sofra uma grande queda.
CAPiTULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 441
A pobreza é urn dos problemas mais dificeis enfrentados pelos formuladores de
politicas. As families pobres estao mais sujeitas, do que a populacdo em geral, a
falta de abrigo, depenciencia de drogas, violencia domestica, a problemas de
saLide, a gravidez na adolescencia, ao analfabetismo, ao desemprego e ao baixo
gr, au de escolaridade. Os membros de families pobres tern mais probabilidade de
praticar crimes ou de serem vitimas de crimes. Embora seja dificil separar as cau-
sas da pobreza de seus efeitos, nab he citivide de que ela esteja associada a diver-
SOS males economicos e sociais.
Suponha que voce seja um formulador de politicas governamentais e que sua
meta seja reduzir o numero de pessoas que vivem na pobreza. Como voce atingi-
ria esse objetivo? Aqui, examinaremos algumas opcoes de politicas que voce pode-
ria considerar. Embora cada uma dessas opcoes ajude algumas pessoas a escaper
da pobreza, nenhuma é perfeita, e decidir qual delas é a melhor nao é fedi.
Legisiacao do Salado Minim°
A legislacao que estabelece o salerio minim° que deve ser pago aos trabalhadores
'Delos empregadores é uma fonte constante de debates. Os defensores enxergam o
salario minim() como uma maneira de ajudar o trabalhador pobre sem qualquer
custo pare o governo. Os criticos acreditam que ele prejudice aqueles a quern pre-
tende ajudar.
0 salario minim() pode ser facilmente compreenciido corn as ferramentas de
oferta e demanda que vimos pela primeira vez no Capitulo 6. Para trabalhadores
corn baixos niveis de qualificacao e experiencia, urn salerio minim° elevado leva o
salario acima do nivel que equilibra oferta e demanda. Corn isso, aumenta o custo
da mao-de-obra pare as empresas e reduz a quantidade de rnao-de-obra que elas
demandam. 0 resulted° é urn major desemprego entre os g,rupos de trabalhado-
res afetados pelo salerio minima Embora os trabalhadores que mantem seus
empregos sejam beneficiados por urn salerio major, aqueles que poderiam empre-
gar-se a urn salerio menor sao prejudicados.
A magnitude desses efeitos depende crucialmente da elasticidade da demanda.
Os defensores de urn salerio minim° elevado arg-umentam que a demanda por
mao-de-obra nao-qualificada é relativamente inelastica, de modo que urn salerio
minim° elevado diminuiria muito pouco o nivel de emprego. Os criticos do salario
minim° argumentam que a demanda por mao-de-obra C mais elastica, especial-
mente no longo prazo, quando as empresas podem ajustar producao e emprego
mais plenamente. Observam tambem que muitos trabalhadores que recebem sale-
rio minim° sao adolescentes de families de classe media, de mod° que o saleriominim° é uma politica imperfeita de assistencia aos pobres.
Bem-Estar
Uma maneira de elevar o padrao de vide dos pobres é a suplementacao de sua
renda pelo governo. A principal via adotada pelo govemo nesse sentido é o siste-
ma de hem-estar. Bem-estar é urn termo amplo que inclui diversos programas
governamentais. A Temporary Assistance for Needy Families (Tanf) (Assistencia
Temporaria a Families Necessitadas) é um programa que assiste families corn
criancas, mas sem adultos capazes de sustentar a familia. Em uma familia tipica
beneficiaria do programa, o pai este ausente e a mae fica em case cuidando dos
filhos 1.-)equenos. Outro programa de bem-estar é a Supplemental Security Income
— SSI (Rende de Seguranca Suplementar), que oferece assistencia aos pobres que
sao doentes ou invelidos. Observe que ninguem pode se candidatar a qualquer urn
desses dois programas simplesmente por ter uma renda baixa. 0 beneficierio pre-
bem-estar
programas governamentais
que suplementam a renda
dos necessitados
442 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
NOTIICIAS
0 GOVERNO DEVER1A TENTAR AJUDAR AS REGlaJES POBRES?
Muitos programas antipobreza objetivam atThgir Oreas pobres do pais. 0 economista Edward Glaeser apresento argumentos contra essa abordagem
geogrOfica.
Ajudar as Pessoas Pobres,
Não os Lugares Pobres
Por Edward L. Glaeser
0 tour do presidente Clinton por seis cida-
des, chamado de "Novos Mercados", realiza-
do no comeco deste verk sinalizou um foco
renovado sobre os problemas enfrentados
pelos pobres. Mas enquanto a preocupack
do presidente é apreciada por todos n6s que
nos preocupamos com as ilhas de pobreza
no mar de abun&ncia dos Estados Unidos,
suas propostas são fundamentalmente fa-
lhas. Elas ainda podem ajudar alguns pobres,
mas tambem correm o risco de repetir os
piores erros da era Johnson.
0 problema das recomenda0es do
presidente é que elas violam a primeira re-
gra econ6mica da politica para a pobreza
urbana: os programas deveriam ser basea-
dos nas pessoas, não nos lugares.
Os economistas há muito afirmam que
os programas baseados nos lugares são um
erro. Eles preferem politicas baseadas nas
pessoas, as quais criem transferencias, direi-
tos ou assistencia a partir de regulamenta-
ck com base em caracteristicas pessoais.
São exemplos de politicas baseadas nas
pessoas o Earned Income Tax Credit (Cre-
dito de Imposto de Renda Recebido) e a GI
Bill (Lei dos Recrutas).
As politicas baseadas nos lugares,
por outro lado, concedem transferencias ou
outros tipos de assistencia governamental
com base na localizack. São exemplos des-
cisa provar ter tamb m alguma "necessidade" adicional, como filhos pequenos ou
uma incapacidade.
Uma critica comum aos progr, amas de bem-estar social é que eles criam incen-
tivos para que as pessoas se tornem"necessitadas". Por exemplo, esses prog,ramas
podem incentivar a desestruturg'a- o familiar, porque muitas famflias s6 fazem jus
assistencia financeira se o pai estiver ausente. Os programas tambem podem
incentivar os nascimentos ilegítinios, porque muitas mulheres pobres e solteiras
se qualificam para a assistencia se tiverem filhos. Como as mks pobres e solteiras
são uma parte muito importante da questk da pobreza e como os progr, amas de
bem-estar social parecem aumentar o n mero de mks pobres e solteiras, os
cos do sistema de bem-estar afirmam que essas politicas exacerbam os problemas
que deveriam sanar. Em conseqijencia desses argumentos, o sistema de bem-estar
foi reformado em 1996 por uma lei que limitou o prazo pelo qual os beneficiarios
poderiam permanecer no programa.
Qual a severidade desses problemas potenciais enfrentados pelo sistema de
bem-estar social? Ninguem sabe ao certo. Os defensores do sistema observam que
ser uma iiiãe solteira e pobre dependente do bem-estar social e, na melhor das
hipteses, uma vida difícil e duvidam que muitas pessoas seriam incentivadas a
levar esse tipo de vida se esse sistema rik lhes fosse imposto. Alem disso, as ten-
dencias ao longo do tempo rik sustentam a visk de que o declinio das familias
com pai e rnãe seja um sintoma do sistema de bem-estar social, como os criticos
do sistema por vezes afirmam. Desde o inicio da decada de 70, os beneficios do
bem-estar social (descontada a inflg:d. o) diminufram, mas a porcentagem de crian-
as que vivem com apenas um dos pais aumentou.
CAPiTULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 443
sas politicas os programas de moradia popu-
lar e as zonas de empreendimento. A recen-
te Assistencia a Moradia Rural e Desen-
volvimento EconOmico (Rural Housing and
Economic Development Assistance) para o
estado do Kentucky ou a nova Concessao de
Potencializacao de Zona (Empowerment
Zone Grant) para o Leste de St. Louis, Illinois,
sk) exemplos tipicos das politicas baseadas
nos luga res.
0 problema com programas baseados
nos lugares e que eles criam incentivos a
manutencao dos pobres nos guetos. Ao sub-
sidiar o lugar e nao a pessoa que la vive, essas
politicas fazem com que seja mais atraente
para os pobres continuarem nas areas de alta
pobreza. De fato, pesquisas recentes mos-
tram que as politicas supostamente benevo-
lentes de habitacao e transferencias para os
pobres representam um papel crucial na con-
centracao dos pobres em guetos.
E dificil entender a logica em limitar arti-
ficialmente a migracao e em concentrar os
pobres em areas de baixa produtividade.
Movimentos para fora das areas de baixa
produtividade e alto desemprego sao uma
das razOes pelas quais as taxas de desem-
prego nos Estados Unidos se mantem bai-
xas. Alern disso, a fuga dos guetos permitiu
que muitos afro-americanos evitassem o
custo social de viver neles e a segregacao de
negros e brancos nos Estados Unidos decli-
nou substancialmente por causa dela.
Os programas baseados nos lugares tam-
bern sofrem pelo fato de que uma parcela
desproporcional de seus beneficios vai para
os proprietarios de imoveis nas areas visadas
— e nao para os beneficiarios pretendidos. Se
o governo oferece beneficios fiscais as empre-
sas que investem em uma regiao pobre, por
exemplo, entao elas irk se estabelecer nessa
area, elevando o preco das propriedades e os
alugueis. Mas os beneficios da maior ativida-
de econOmica evaporarao porque o custo
mais alto da moradia ira corroer os beneficios
planejados para os necessitados...
Se as politicas baseadas nos lugares sac)
tao ruins, como podem ser tao populares?
Um observador cinico poderia dizer que os
moradores dos sub6rbios ricos preferem
que os pobres permanecam nos guetos.
Uma explicacao mais pratica e de que temos
politicos baseados nos lugares que fazem
lobby por politicas baseadas nos lugares...
Uma sabia alternativa a essa defeituosa
assistencia aos pobres baseada nos lugares
seria um programa que oferecesse benefi-
cios fiscais as empresas que empregassem
os necessitados. Este seria um meio menos
distorcido de ajudar os pobres.
Fonte: The Wall Street Journal, 12 ago. 1999, p. A22.
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livro-texto via Copyright Clearance Center.
I mpost° de Renda Negativo
Sempre que o govern° escolhe urn sistema de arrecaciacao de impostos, isso afeta
a distribuicdo de renda. Isso é claramente verdade no caso do imposto de renda
prog,ressivo, segundo o qual as familias de alta renda pagam uma 1,-)orcentagem
major de sua renda ern impostos do que as familias de baixa rencia. Como vimos
no Capitulo 12, a equidade entre gr, upos de renda é urn criterio importante no pro-
jeto de urn sistema tributario.
Muitos economistas sao favoraveis a suplementar a renda dos pobres usando
urn imposto de renda negativo. Segundo essa politica, todas as familias cleclara-
riam sua renda ao govern°. As familias de alta renda pagariam um impost() basea-
do em suas rendas. As farnilias de baixa renda receberiam urn subsidio. Ern outras
palavras, "pagariam"urn "imposto negativo".
Suponha, por exemplo, que o govern° use a seguinte formula para calcular
quanto uma familia deveem impostos:
Impostos devidos = (1/3 da renda) — $ 10 mil.
Nesse caso, uma familia que ganhasse $ 60 mil pagaria $ 10 mil em impostos, e
uma que ganhasse $ 90 mil, pagaria $ 20 mil. Uma familia que ganhasse $ 30 mil
nao pagaria nada. E uma que ganhasse $ 15 mil "deveria" — $ 5 mil. Em outras pala-
was, o governo enviaria a essa familia urn cheque no valor de $ 5 mil.
Corn urn imposto de renda negativo, as familias pobres receberiam assistencia
financeira sem que precisassem demonstrar sua necessidade. A Unica qualificacao
necessaria para receber a assistencia seria uma baixa renda. Dependenclo do ponto
de vista, essa caracteristica pode ser uma vantagem ou uma desvantagem. Por urn
impost° de renda negativo
um sistema tributario que
arrecada receita das Tam [has
de alta renda e concede
transferencias a familias de
baixa renda
444 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
lado, um imposto de renda negativo não incentiva nascimentos ilegitimos nem a
desestnitura o familiar, como os criticos do sistema de bem-estar social acreditam
que a atual politica fga. Por outro lado, um imposto de renda negativo subsidiaria
aqueles que s"&) simplesmente indolentes e que, na vis^k3 de alg,umas pessoas, 11. 10
merecen-i apoio do governo.
Uma clkisula do sistema tributkio que funciona muito como se fosse um
imposto de renda negativo é o Eamed Income Tax Credit (EITC), um cr&lito de
imposto de renda. Esse crklito permite que familias de trabalhadores pobres rece-
bam restitui aes de imposto de renda maiores do que os impostos pagos durante
o ano. Como o EITC se aplica somente aos pobres que est^ o empregados, ele
desestimula o trabalho, como dizem que os outros programas de combate à pobre-
za fazem. Pelo mesmo motivo, contudo, não ajuda a aliviar a pobreza que resulta
do desemprego, da doenyi ou de outra caracteristica que impka o trabalho.
Transferkcias em Gkeros
Outra n-ianeira de ajudar os pobres é lhes fornecer diretamente alguns dos bens e
servios de que precisam para elevar seu padro de vida. Por exen-Iplo, 1-11 institui-
(;6es de caridade que, no Natal, oferecem aos necessitados alimentos, abrigo e brin-
quedos. 0 govemo fornece às familias pobres vales-alimenta o, que s"k) vales do
governo que podem ser usados para comprar comida; as lojas depois trocam os
vales por dinheiro. 0 govemo tambthn dá a muitas pessoas pobres assistencia
por meio de um prog,rama chamado Medicaid.
n-lelhor ajudar os pobres com essas transferencias em generos ou com paga-
n-ientos em dinheiro? NIo há resposta clara.
Os defensores das transferencias en-1 generos afim-iam que elas garanten-1 que os
pobres recebam aquilo de que mais precisam. Entre os membros mais pobre.s da
sociedade, o vicio ern álcool e droga é mais comum do que na sociedade como um
todo. Ao proporcionar alimentos e abrigo aos pobres, a sociedade pode estar mais
segura de n5o estar ajudando a sustentar o vicio. Esse é um dos n-iotivos pelos quais
as transferencias em generos s • - o mais 1,-)opulares politicamente do que os paga-
mentos em dinheiro aos pobres.
Os defensores dos pagamentos em dinhciro, por outro lado, argumentam que
as transferencias em generos so ineficientes e desrespeitosas. 0 govemo 1-1 0 sabe
de que bens e servios os pobres mais necessitam. Muitos dos 1,-)obres são pessoas
comuns que não tiveram sorte. Apesar de seu infortimio, eles est"k) na melhor posi-
ção 1.->ara decidir como elevar o pr6prio pac-Ho de vida. Em vez de dar aos pobres
transferencias em espkie dos bens e servios que eles podem não desejar, talvez
seja melhor lhes dar dinheiro e permitir que comprem aquilo que pensam ser mais
necessik-io.
Programas Antipobreza e Incentivos ao Trabalho
Muitas politicas que tem por objetivo ajudar os pobres podem ter o efeito
intencional de desencoraj -los a escapar da pobreza por si pn5prios. Para ver 1.->or
que, imag,ine o seg,uinte exemplo: suponha que uma familia precise de uma rencia
de $ 15 mil para manter um padro de vida razovel. E suponha que, por sua preo-
cupa o com os 1_-)obres, o governo prometa garantir essa renda a cada familia. Seja
qual for a renda da familia, o governo complernentará a difereNa entre essa renda
e os $ 15 mil. Que efeito teria essa politica?
Os seus efeitos em termos de incentivos so Obvios: qualquer pessoa que
ganhasse menos de $ 15 mil trabalhando não teria qualquer incentivo para procu-
rar e manter um emprego. Para cada dOlar que essa pessoa ganhasse, o govemo
reduziria a renda complementar em um dOlar. Na prkica, o governo taxaria 100%
CAPITULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA
de cada ganho adicional. Uma aliquota marginal efetiva de 100°/0 é certamente uma
politica corn grande peso morto.
Os efeitos adversos dessa alta taxa efetiva podem persistir ao longo do tempo.
Uma pessoa desencorajada a trabalhar perde o treinamento em uma empresa que
poderia contrati-la. Alem disso, os filhos dessa pessoa perdem as licoes que pode-
riam aprender ao observa-la trabalhando em tempo integral, e isso pode ter efeitos
adversos sobre sua capacidade de encontrar e manter urn emprego.
Embora o programa antipobreza que estivemos debatendo seja hipotetico,
é tao irreal como pode parecer a primeira vista. 0 bem-estar social, o Medicaid, os
vales-alimentacao e o programa de restituicao do imposto de renda (EITC) sdo
programas que tem por objetivo ajudar os pobres e estdo todos ligados a rencia
familiar. A medida que a renda da famflia aumenta, ela deixa de ter direito a esses
prog,ramas. Quando todos esses programas sao tornados em conjunto, é comum
para as familias se depararem com aliquotas marg,inais efetivas muito altas. Al-
gumas vezes, a aliquota marginal efetiva chega a mais de 100%, de modo que
alg,umas familias pobres ficariam em pior situacao se ganhassem mais. Ao tentar
ajudar os pobres, o govern° desencoraja essas familias a trabalhar. De acordo corn
os criticos dos programas de combate a pobreza, esses programas alteram as ati-
tudes em relacao ao trabalho e criam uma "cultura de pobreza".
Pode parecer que h uma solucdo simples para esse problema: reduzir os bene-
ficios das familias gradualmente, a urn ritmo mais lento que o aumento de sua
renda. Por exemplo, se uma familia pobre perde 30 centavos em beneficios para
cada &Aar que ganha, sua aliquota marginal efetiva sera de 30%. Embora essa all-
quota reduza o esforco do trabalho em certa medida, rid° elimina completamente
o incentivo ao trabalho.
0 problema dessa solucdo é que ela aumenta em muito o custo dos programas
de combate a pobrcza. Se os beneficios forem reduzidos g,radualmente a medida
que a renda das familias pobres aumenta, entdo as familias logo acima do nivel de
pobreza tambem estardo qualificadas a receber beneficios substanciais. Quanto
mais gradual a reducdo dos beneficios, mais familias estardo qualificadas — e maio-
res sera() os custos do programa. Assim, os formuladores de politicas se deparam
corn um tradeoff entre onerar os pobres corn aliquotas marginais elevadas e onerar
os contribuintes corn programas dispendiosos para a reducdo da pobreza.
Hi diversas outras maneiras de tentar reduzir o desestimulo ao trabalho causado
pelos prog,ramas de combate a pobreza. Uma é exigir que qualquer pessoa que rece-
ba os beneficios aceite urn emprego dado pelo governo — urn sister-11a por vezes cha-
mado de workfare'. Outra possibilidade é oferecer os beneficios por urn prazo limita-
do. Esse caminho foi adotado quancio cia reforma do sistema de bem-estar social, em
1996. Os defensores do limite de tempo apontam para a reducdo da taxa de pobreza
no final da decada de 1990 como evidencia que da suporte a essa abordagem. Seus
criticos arg,umentam que os limites de tempo sdo crueis para os membros mais desa-
fortunados da sociedade e que a queda da taxa de pobreza no final da decada de 1990
deveu-se mais a uma economia forte do que a reforma do sistema de bem-estar.
Teste Rapid() Indique tres politicos que tenham por objetivo ajudar os pobres e discuta seus pros e contras.
CONC1 USA°
As pessoas ha muito refletem sobrea distribuicdo de renda na sociedade. Platao, o
filosofo da Grecia antiga, concluiu que em uma sociedade ideal a renda da pessoa
2 NRT: Programa de obras ptiblicas (iniciativa tomada pelo governo para diminuir o ntimero de
desempregados).
445
446 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
NOTliklAS
VALES-EDUCKAO
Um dos objetivos da educacao universal é reduzir a diferenca entre ricos e pobres. Mas a educacao finonciada pelo govemo nao exige escolos adminis-
tradas pelo govemo.
0 Mercado Pode Transformar
as Nossas Escolas
Por Milton Friedman
A decisk da Suprema Corte sobre os vales
abre caminho para uma grande expansk da
possibilidade de escolha da escola pelos
pais. Os opositores da liberdade de escolha
rik podem mais usar a Clusula do Esta-
belecimento Religioso da Primeira Emenda
para atacar os programas de vales agora que
a Suprema Corte declarou que o programa
de Cleveland é constitucional, muito embo-
ra a maioria dos vales fosse para escolas
paroquiais.
0 estado de Ohio oferecia vales no
valor de at $ 2.250 para os pais de baixa
renda de Cleveland que optassem por
enviar seus filhos a escolas privadas que
cobrassem pelo custo da instru0o não mais
do que $ 2.500 por crianca. 0 vale era ofe-
recido como alternativa à instruck governa-
mental, que custava aproximadamente tr6
vezes mais por estudante. Mas cerca de
4 mil pais de baixa renda ainda achavam
preferfvel a alternativa privada — o suficiente
para pagar 100/0 das anuidades das escolas
com seu pr6prio dinheiro. Que acusack
contra as escolas do governo!
A maioria das escolas que aceitam vales
religiosa por um motivo simples e que
facilmente corrigido. 0 motivo é o baixo
valor do vale. Não é fácil — e talvez seja
impossivel — oferecer educack satisfat6ria a
$ 2.500 por aluno. A maioria das escolas pri-
vadas gasta mais do que isso. Mas as esco-
las paroquiais conseguem aceitar esses
vales de baixo valor porque são subsidiadas
por suas igrejas.
Se o valor do vale aumentar para $ 7 mil
— o que o estado de Ohio e os governos
locais gastam hoje, por aluno, nas escolas
pbIicas — e estiver disponivel para todos os
alunos e não só para os estudantes de farni-
lias de baixa renda, a maioria das escolas pri-
vadas que aceitam vales ri^k será mais reli-
giosa. Surgiria uma multidk de escolas com
mais rica ruo deveria ser mais do que quatro vezes maior que a da pessoa mais
pobre. Embora a n-iensurgao da desigualdade seja difícil, é claro que nossa socie-
dade tem muito mais desigualdade do que a recomendada por Platao.
Um dos Dez Principios de Economia discutidos no Capitulo 1 é de que os gover-
nos podem, alg-umas vezes, melhorar os resultados de mercado. Mas ha pouco
consenso sobre como esse principio deveria ser aplicado à distribui0o de renda.
Os fil&sofos e formuladores de politicas de hoje nao concordam sobre quanto de
desigualdade de renda é desejavel, ou ate se as politicas pUblicas deveriam ter
como objetivo alterar a distribuiao de renda. Grande parte do debate pUblico
reflete essa discordancia. Sempre que os impostos aumentam, por exemplo, os
legisladores discutem a respeito de quanto do aumento deve recair sobre os ricos,
a classe media e os pobres.
Outro dos Dez Principlos de Econontia é de que as pessoas se deparam com
tradeoffs. É importante ter em mente esse principio quando se pensa a respeito da
desig,ualdade econ.5mica. Politicas que penalizam os bem-sucedidos e recompen-
sam os malsucedidos reduzem o incentivo para o sucesso. Conseq-Lientemente, os
formuladores de politicas se deparam com um tradeoff entre ig,ualdade e efici"en-
cia. Quanto mais ig-,ualmente o bolo esta dividido, menor ele se toma. Essa é uma
lição relativa à distribui ao de renda sobre a qual quase todos concordam.
CAPITULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 447
ou sem fins lucrativos. Os alunos portadores
dos vales seriam, entao, menos dependen-
tes das escolas paroquiais de baixo custo de
instrucao.
Entao os pais realmente teriam escolha,
e a qualidade da educacao — tanto nas esco-
las p6blicas quanta nas escolas privadas —
aumentaria par causa da competicao. Isso
aconteceu em Milwaukee, onde o programa
de vales evoluiu ao longo dos ultimos dez
anos. Desde a criacao do programa, foram
abertas 37 novas escolas, das quais quase
dais tercos eram nao-religiosas.
0 fato de o governo assumir a responsa-
bilidade pela educacao de todas as criancas
no significa que ela deva ser proporcionada
par escolas estatais — assim coma as vales-
alimentacao do governo nao precisam ser
gastos em supermercados do governo.
Alem disso, a enfase na liberdade de
escolha da escola nao e nova, mesmo entre
programas pOblicos. A Lei dos Recrutas, san-
cionada apos a Segunda Guerra Mundial,
demonstra coma a liberdade de escolha
pode funcionar bem. 0 programa oferecia
vales para o ensino superior — que podiam
ser usados em instituicoes religiosas ou nao-
religiosas — a milhoes de veteranos de guer-
ra; isso transformou a educacao universitaria
e gerou a lideranca educacional que repre-
sentou um papel de destaque nas mudan-
cas politicos e econOrnicas no pos-guerra.
Quando a Lei dos Recrutas foi sanciona-
da, houve d6vidas sabre a capacidade de as
faculdades se expandirem cam a rapidez
necessaria para absorver o influxo de novas
alunos. Mas o nthero de alunos matricula-
dos nas faculdades quase dobrou nos dais
anos apos o fim da guerra. A oferta se expan-
diu para fazer frente a explosao da demanda.
0 mercado respondera cam igual plenitu-
de e rapidez a maior demanda par escolas pri-
vadas gerada pela expansao dos vales para a
educacao fundamental e media. Programas
privados de vales, financiados par fundacoes e
pessoas fisicas, e as limitados programas
governamentais conduzidos ate o momenta
ja causaram uma resposta do mercado.
Os vales-educacao podem tirar o ensino
fundamental e media do seculo XIX e trazé-
lo para o seculo XXI par meio da introducao
da competicao em larga escala, da mesma
forma que a competicao permitiu o progres-
so em todas as demais areas da vida econO-
mica e civil.
A grande vencedora corn tal revolucao
educacional é a sociedade americana coma
urn todo. Uma forca de trabalho mais quali-
ficada promete maior produtividade e cresci-
mento econOrnico mais rapid°. E, o que é
ainda mais importante, urn melhor ensino
pode ajudar a reduzir a diferenca de renda
entre as trabalhadores mais qualificados e as
menos qualificados e afastar a perspectiva
de uma sociedade dividida entre as que tern
e as que nao tern, uma sociedade em que
uma elite instruida providencia para que haja
urna classe permanente de pessoas inade-
quadas ao trabalho.
Fonte: The New York Times, 2 jul. 2002, p. A21.
Copyright C 2002 The New York Times Co.
Reproduzido corn permissao. 
• Os dados sobre a distribuic5o de renda mostram
uma ampla disparidade na sociedade norte-ameri-
cana. 0 quint° mais rico das familias ganha cerca
de dez vezes mais renda do que o quinto mais
pobre.
• Como as transferencias em especie, o ciclo de vida
economic°, a renda transitoria e a mobilidade eco-
nemica sac) tao importantes para a compreensao
das variacoes da renda, é dificil medir o g,rau
desigualdade na sociedade usando dados de distri-
buicao de renda somente de urn ano. Quando esses
outros fatores sao levados em conta, tendem a
sugerir que o hem-estar economic° é distribuido
mais igualmente do que a renda anual.
• Os filosofos politicos divergem em suas teorias
sobre o papel do govemo na alterac5o da distribui-
cao de renda. Utilitaristas (como John Stuart Mill)
escolheriam a distribuicao de renda que maximiza
a soma das utilidades de todos na sociedade.
Liberalistas (como John Rawls) deteminariam a
distribuicao de renda como se estivessemos por
tnis de urn "vet' de ignorancia" que nos impedisse
de conhecer a situacao em que viveriamos.
Liberais (como Robert Nozick) 1.-)refeririam que o
govern° assegurasse os direitos individuals para
garantir urn processo justo, mas nao se preocupa-
riam corn a desigualdade da distribuicao derenda
resul tante.
• Diversas politicas tern por objetivo ajuclar os
1,-) obres — legislacao do salad° minim°, bem-estar
social, impost() de renda negativo c transferencias
em generos. Embora cac-la uma dessas politicas
448 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
ajude alg-umas familias a escapar da pobreza, tani-
bem tem efeitos colaterais nc--io-intencionais. Co-
mo a assistencia financeira diminui à medida que
a renda aumenta, os pobres freqiientemente se de-
param com uma aliquota marg,inal efetiva muito
elevada. Essas aliquotas efetivas elevadas desenco-
rajam as farnilias pobres a escapar da pobreza
si prOprias. 
taxa de pobreza, p. 433 renda permanente, p. 436 criterio maximin, p. 439
linha de pobreza, p. 433 utilitarismo, p. 437 libertarismo, p. 439
transferencias em generos, p. 435 utilidade, p. 437 bem-estar social, p. 441
ciclo de vida, p. 435 liberalismo, p. 438 imposto de renda negativo, p. 443
QUESTI5E5 PARA REVS-A.0
1. 0 quinto mais rico da popula o americana tem
renda duas, quatro ou dez vezes maior que o quin-
to mais pobre?
2. Como a desig,ualdade de renda nos Estados Unidos
se compara com a de outras nay5es ao redor do
rnundo?
3. Que g,rupos da popula o tem maior probabilida-
de de viver na pobreza?
4. Por que as variay5es transit6rias e ciclicas da renda
causam dificuldades na avalia o do grau de desi-
o-ualdacle?
5. Como um utilitarista, um liberalista e um liberta-
rista deterininam o g,rau perinissivel de desigual-
dade de renda?
6. Quais s" "o os prOs e os contras das transferencias
eiii generos (em vez de dinheiro) para os 13obres?
7. Descreva como os programas de combate à pobre-
za podem desencorajar os pobres a trabalhar. Co-
mo você reduziria esse desestirnulo? Quais as des-
vantagens da sua proposta politica?
PROBLEMAS E APLICAGES
1. A Tabela 2 mostra que a desigualdade de renda
aumentou nos Estados Unidos nos últirnos 20 anos.
Alguns fatores que contribuiram para esse aumen-
to foram discutidos no Capitulo 19. Quais s rio eles?
2. A Tabela 4 mostra que o percentual de criaNas em
familias com renda abaixo da linha de pobreza
excede em muito a porcentagem de idosos nessas
Como a alocay-io de dinheiro do govemo
entre diferentes programas sociais contribuiu para
esse fen6meno? (Dica: ver Capitulo 12.)
3. Os economistas freqiientemente encaram a varia-
ção da renda durante o ciclo de vida como uma
forma de varia o transitOria da renda em tomo da
renda permanente das pessoas. Nesse sentido,
como sua renda corrente se compara com a sua
renda permanente? Voce considera que sua renda
corrente reflete corretamente seu 1.->adr - o de vida?
4. 0 capitulo discute a importSncia da mobilidade
econOmica.
a. Que politicas o govemo poderia empregar para
aumentar a mobilidade econmica dentro de
uma gerac;. o?
b. Que politicas o governo poderia empregar para
aumentar a mobilidade econ3mica entre gera-
es?
c. Em sua opinio, devemos reduzir as despesas
com os atuais progTamas de bem-estar social a
fim de aumentar as despesas com programas que
intensifiquem a mobilidade econOmica? Quais
s'a- o as vantagens e desvantagens de fazer isso?
5. Considere duas comunidades. Em uma delas, dez
familias te‘m renda de $ 100 cada e dez familias
tem renda de $ 20 cada. Na outra comunidade, dez
familias tem renda de $ 200 cada e dez familias
tem renda de $ 22 cada.
CAPITULO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 449
a. Em qual comuniclade a distribuicao de renda é
mais desig,ual? Em qual das comunidades o pro-
blema da pobreza tende a ser pior?
b. Qual distribuicao de renda Rawls preferiria? Ex-
plique.
c. Qual distribuicao de renda voce preferiria?
Explique.
6. 0 capitulo faz uma analogia corn um "balde fura-
do" para explicar uma restricab i redistribuiciio de
renda.
a. Oual element() do sistema americano de redis-
tribuicdo de renda cria furos no balde? Seja
especifico.
b. Em sua opinido, quern, em geral, acredita que o
balde usado para redistribuir a renda est a mais
furado, republicanos ou democratas? Como essa
crenca afeta suas opiniaes sobre o montante de
redistribuic5o de renda que o govemo deveria
realizar?
7. Suponha que haja duas distribuicoes de renda
possiveis em uma sociedade de dez pessoas. Na
primeira distribuicao, nove pessoas teriam renda
de $ 30 mil e uma teria renda de $ 10 mil. Na
seg,unda, todas as dez pessoas teriam renda de
$ 25 mil.
a. Se a sociedade tivesse a primeira distribuicao,
qual seria o argument° utilitarista para redistri-
buir renda?
b. Qual distribuicao de renda Rawls consideraria
mais equitativa? Explique.
c. Qual distribuicdo de renda Nozick consideraria
mais eqiiitativa? Explique.
8. A taxa de pobreza seria substancialmente menor
se o valor de mercado das transferencias em
generos fosse somado a renda das familias. 0
croverno aosta mais dinheiro com o Medicaid do
que corn qualquer outra transferencia em generos,
corn despesas por farnIlia beneficiaria em tomb de
$ 5 mil ao ano.
a. Se o govemo entregasse a cada familia beneficiEi-
ria urn cheque nesse valor, em vez de inscreve-la
no programa Medicaid, voce acha que a maioria
dessas familias usaria essa quantia para fazer urn
piano de assistencias medica? (Lembre-se de que
a linha de pobreza é abaixo de $ 15 mil para uma
familia de quatro pessoas.) Por que?
b. Como sua resposta a parte (a) afeta sua opinido
sobre se deveriamos determinar a taxa de
pobreza atribuindo as transferencias em gene-
ros valor igual ao preco que o govern° paga por
elas? Explique.
c. Como sua resposta a parte (a) afeta sua opiniao
sobre se deveriamos oferecer assistencia aos
pobres sob a forma de dinheiro ou transferen-
cias em generos? Explique.
9. Suponha que o impost() a pagar de uma
seja igual a sua renda multiplicada por meio,
menos $ 10 mil. Nesse sistema, algumas familias
pagariam impostos ao govern° e outras recebe-
riam dinheiro dele por meio de urn "impost° de
renda negativo".
a. Considere familias corn rendas, antes do impos-
to, de $ 0, $ 10 mil, $ 20 mil, $ 30 mil e $ 40 mil.
Crie uma tabela mostrando a renda antes do
impost°, o impost° pago ao govemo ou o
dinheiro recebido dele e a renda de cada
apos o pagamento do impost°.
b. Qual a aliquota marginal desse sistema? (Ver o
Capitulo 12 se precisar relembrar a definicao de
aliquota marginal.) Qua! a renda maxima em
quo Lima familia Iva* dinheiro do govemo?
c. Suponha agora que a tabela do impost() mude,
de modo que cada farnflia deva sua renda mul-
tiplicada por urn quarto, menos $ 10 mil. Qual a
aliquota marginal do novo sistema? Qual a
renda maxima ern que uma farnflia recebe di-
nheiro do govemo?
d. Qual a principal vantagem de arida uma das
tabelas de impost° aqui discutidas?
10. John e Jeremy sac) utilitaristas. John acredita que a
oferta de mdo-de-obra é altamente elastica, e
Jeremy, que ela é bastante inelastica. Em sua opi-
niao, em quo diferem as opinioes deles sobre
redistribuicdo de renda?
11. Voce concorda ou nao corn cada uma das coloca-
goes a seguir? Quais as implicacbes que suas opi-
nioes trazem para politicas publicas como impos-
tos sobre a heranca?
a. "Os pais tern o direito de trabalhar duro c pou-
par a fim de dar a seus filhos uma vida melhor."
b."Crianca alguma dove ser prejudicada pela inclo-
lencia ou rn sorte de seus pais."

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