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4- NOÇOES DE DIR PROCESSUAL CIVIL

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DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
1 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. Jurisdição ......................................................................................................................................... 02 
2. Ação .................................................................................................................................................. 06 
3. O juiz: atuação e poderes ............................................................................................................... 16 
4. Partes e litisconsórcio ..................................................................................................................... 19 
5. Intervenção de terceiros ................................................................................................................ 23 
6. Ministério público, defensoria pública e advocacia pública e privada .................................... 29 
7. Formas dos atos processuais ..................................................................................................... 33 
8. Tutela de conhecimento (processo de conhecimento) ............................................................... 44 
9. Formação, suspensão e extinção do processo ............................................................................. 44 
10. Procedimento Comum ................................................................................................................... 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
2 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
JURISDIÇÃO 
 
 A Jurisdição pode ser caracterizada como o Poder de dizer o Direito. Em verdade, em nível 
doutrinário, várias teorias buscam conceituar a jurisdição, apresentando teses divergentes acerca do 
tema. Ocorre que, além de estar caracterizada como um poder, a jurisdição poderá ser entendida 
como uma função, uma atividade derivada diretamente da soberania estatal. 
 Uma primeira teoria classifica a Jurisdição como atuação da vontade da Lei. É a chamada 
Teoria Objetiva. Para parte da doutrina, a jurisdição seria a função do Estado de fazer atuar a 
vontade da lei. A função de fazer atuar a vontade concreta do direito objetivo. Seria a aplicação do 
direito objetivo no caso concreto. Chiovenda afirma que a atuação da vontade da lei, no caso de 
jurisdição, se dará pela participação do juiz, típica jurisdição, atividade substitutiva. 
 Muito bem conceituam esta tese os doutrinadores Antonio Carlos de Araujo Cintra, Ada 
Pelegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, a saber: 
“E assim, através do exercício da função jurisdicional, o que busca o Estado é fazer com que se 
atinjam, em cada caso concreto, os objetivos das normas de direito substancial. Em outras 
palavras, o escopo jurídico da jurisdição é a atuação (cumprimento, realização) das normas de 
direito substancial (direito objetivo)” (Teoria Geral do Processo, 24ª edição, pg. 149) 
 
 De outra banda, alguns doutrinadores sustentam a teoria de que a Jurisdição é a fonte 
produtora de Coisa Julgada. Adeptos a esta visão, Allorio, Liebman e Calamandrei. A crítica a esta 
teoria reside no fato de que não seria todo ato jurisdicional capaz de gerar coisa julgada, como a 
tutelar cautelar, os procedimentos de jurisdição voluntária, entre outros. 
 Para uma terceira corrente, a Jurisdição é a função do Estado de justa composição da lide, 
visão sustentada por Carnelutti. Nesta linha, a jurisdição pressupõe um embate, a pretensão 
resistida, a lide propriamente dita. Na clássica lição de Carnelutti – para a existência de lide ou litígio 
é necessário que ocorra “um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida”. 
“A função jurisdicional só atua diante de casos concretos de conflitos de interesses (lide 
ou litígio) e sempre na dependência da invocação dos interessados, por que são devedores 
primários destes à ordem jurídica e a aplicação voluntária de suas normas nos negócios 
jurídicos praticados.” (Citação de Humberto Theodor Junior, Curso de Direito Processual 
Civil, Volume I, Editora Forense, p. 39) 
 
Importa colacionar a visão de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery que afirmam 
em sua obra Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 11ª edição, pg. 176, que 
“Embora seja atividade típica do Poder Judiciário, a jurisdição pode, excepcionalmente, ser 
exercida pelo Poder Legislativo”, nos termos do art. 52, I e II da CF, quando da competência do 
Senado Federal para o julgamento do Presidente e do Vice-Presidente nos crimes de 
responsabilidade. Seria uma excepcional função jurisdicional afeta ao Poder Legislativo. 
Nos primórdios do desenvolvimento social, a justiça de mão própria, a vingança privada, a 
denominada ‘autotutela’, caracterizava-se como o meio de solução de conflitos de interesse. Com o 
desenvolvimento do conceito de Estado e a atração de diversos monopólios para este, a soberania 
estatal atraiu para si o monopólio da criação, aplicação e interpretação do direito. Desta feita, com a 
vedação da autotutela, surge o conceito da tutela jurisdicional, ‘o poder de dizer o direito com 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
3 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
definitividade em substituição à vontade das partes’, própria da soberania estatal. Cumpre salientar 
que com a atração deste monopólio da tutela jurisdicional, o Estado nem sempre foi eficiente na 
solução dos conflitos, em razão de sua morosidade. Nesta linha, começou, nos últimos anos, um 
incentivo muito grande aos chamados mecanismos de autocomposição, com a aproximação das 
partes, objetivando a solução dos conflitos de uma maneira célere e efetiva, inserindo-se a mediação 
como uma de suas principais técnicas. 
Neste diapasão, de igual forma, surge a arbitragem, apresentando na doutrina grande divergência 
acerca de sua natureza jurisdicional. A arbitragem é regulamentada pela Lei Federal 9.307/96. O principal 
questionamento reside no ponto de ter a arbitragem natureza jurisdicional ou contratual – cláusula 
compromissória e compromisso arbitral. Para uma teoria, a arbitragem é jurisdição, exercida por 
particulares com a autorização do Estado. Para outra tese, a arbitragem não é jurisdição, uma vez que 
pode ocorrer controle por parte do Poder Judiciário, por exemplo, na hipótese de nulidade da sentença 
arbitral, bem como a execução forçada, de igual forma, necessitaria da participação do Poder Judiciário. A 
jurisdição somente poderia ser exercida por pessoa investida na autoridade de juiz – juiz natural –, sendo 
a jurisdição indelegável. Predomina em nosso sistema jurídico a natureza contratual da arbitragem, seria, 
portanto, um equivalente jurisdicional. 
 
1.1. CARACTERÍSTICAS 
Podem ser citadas como características da jurisdição, além da chamada unidade ou unicidade do 
poder jurisdicional, outras virtudes que acabam por delinear o caminho da jurisdição, senão vejamos: 
 
1.1.1 INÉRCIA 
A jurisdição é inerte e necessita ser provocada. A prestação jurisdicional é efetiva somente quando 
solicitada. Nesta linha, a jurisdição necessita ser ‘provocada’, sendo do cidadão, e não do juiz, a iniciativa de 
movimentar ou não movimentar o Poder Judiciário. Esta inércia derivando no princípio da congruência 
restou solidificada no Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) que assim preceitua: 
CPC/2015: 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo 
as exceções previstas em lei. 
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado 
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como 
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.Exceção a ser considerada, resta positivada nos artigos abaixo indicados do CPC/2015: 
art.738 (herança jacente – o juiz procederá; art. 744 (arrecadação de bens do ausente - o juiz 
mandará) 
 
O Novo Código de Processo Civil insere no sistema uma “política pública de solução de 
conflitos”, ao fomentar a conciliação, a mediação e a autocomoposição, vejamos: 
Art. 3º (...) 
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. Política 
Pública de Solução de Conflitos 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão 
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério 
Público, inclusive no curso do processo judicial. 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
(...) 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
b) a transação; 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
 
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero, em sua obra “Novo Código 
de Processo Civil Comentado”, Revista dos Tribunais, p. 96-97, assim referem: 
“O novo Código tem como compromisso promover a solução consensual do litígio, sendo uma 
das suas marcas a viabilização de significativa abertura para a autonomia privada das partes – o que 
se manifesta não só no estímulo a que o resultado do processo seja fruto de um consenso das partes 
(art. 3º, §§ 2º e 3º, CPC), mas também na possibilidade de estruturação contratual de determinados 
aspectos do processo (negócios processuais, art. 190, CPC, e calendário processual, art. 191, CPC)”. 
Tipificação do que já restava estabelecido na Resolução n. 125 do CNJ. Estruturação do CPC 
tendente à conciliação, estímulo à autocomposição. 
 
1.1.2 SECUNDÁRIA E SUBSTITUTIVA 
A jurisdição não é originária, não é original, mas secundária. Atua em um segundo momento, 
diante de casos concretos de conflitos de interesses. Nesta linha, impõe ao autor o dever de provar o 
seu interesse de agir, a necessidade e utilidade de recorrer ao Poder Judiciário. 
Neste mesmo sentido, diz-se a jurisdição como substitutiva, pois estaria substituindo a 
vontade das partes e aplicando no caso concreto a vontade da lei. O artigo 501 do Código de 
Processo Civil de revela de plano esta característica, vejamos: 
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença 
que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da 
declaração não emitida. 
 
 Por fim, algumas outras características seriam agregadas à jurisdição, tais como 
indivisibilidade, indelegabilidade, declaratória de direitos, imparcialidade, entre outras, que 
fundamentam o conceito doutrinário de jurisdição. Ressalte-se que, pela letra da lei, não há 
conceituação e sequer elenco de características postos no Código de Processo Civil. 
 
1.2. MODALIDADES DE JURISDIÇÃO 
 Acerca das modalidades da jurisdição, restam evidentes duas modalidades: a jurisdição 
contenciosa e a jurisdição voluntária. 
 A Jurisdição Voluntária está prevista do art. 719 ao 770 do Código de Processo Civil. Pela 
teoria clássica (dominante), na jurisdição voluntária, o juiz realiza a gestão pública de interesses 
privados. Não há lide, mas negócio jurídico que necessita a chancela do Estado por meio de sua 
jurisdição. Torna eficaz o negócio desejado pelos interessados, sendo correta a denominação de 
‘procedimento de jurisdição voluntária’. Ex.: nomeação de tutores, nas alienações de bens de 
incapazes, entres outros (conforme Humberto Theodoro Junior, Curso de Direito Processual Civil, 
Volume I, Editora Forense). 
 Ainda, Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery afirmam em sua obra Código de 
Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 11ª edição, pg. 176: 
“É jurisdição somente na forma. Não é jurisdição pura porque o juiz não diz o direito 
substituindo a vontade das partes, mas pratica atividade integrativa do negócio jurídico 
privado administrado pelo Poder Judiciário. Esse negócio jurídico, contudo, não tem validade 
se não integrado pelo juiz, donde é lícito concluir não ser voluntária esta jurisdição, mas sim 
forçada. Nela não há processo, mas procedimento; não há lide, mas controvérsia; não há 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
partes, mas interessados; não incide o princípio dispositivo, mas sim o inquisitório; não há 
legalidade estrita, pois pode o juiz decidir por equidade”. 
 Na Jurisdição Contenciosa a atividade é jurisdicional, há a presença de lide (controvertido), 
chama-se de processo, há a presença de partes, produz coisa julgada e tem como critério de 
julgamento a legalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
 
 
 
AÇÃO 
 
 
 Com o Novo Código de Processo Civil, uma das maiores discussões doutrinárias diz respeito 
exatamente à questão da teoria da ação que foi adotada, o que impacta diretamente na 
continuidade ou não das chamadas “condições da ação” no sistema processual. 
A ação é um instituto de vital relevância para o direito processual civil. Para definir o 
significado de ação, surgiram diversas teorias, desenvolvidas ao longo do tempo por renomados 
processualistas. 
Diversas teorias se propõem a explicar o significado de ação, as quais contribuíram em grande 
medida para o desenvolvimento do instituto. Abaixo, faz-se um estudo das principais teorias da ação. 
 
2.1. TEORIA CIVILISTA (OU TEORIA IMANENTISTA) 
A ação é o próprio direito material que, sendo violado, vai a juízo pedir proteção. 
É também chamada de Teoria Imanentista da Ação. 
Savigny foi quem inicialmente desenvolveu essa teoria1. 
 
2.1.1 TEORIA CONCRETA 
É também conhecida como Teoria Concretista da Ação ou Teoria do Direito Concreto de Ação. 
Segundo essa teoria, a ação é o direito a um provimento jurisdicional favorável. A ação é autônoma, 
mas acessória ao direito material. 
Foi inicialmente desenvolvida por Adolf Wach. Teve a grande contribuição de ser a primeira a 
afirmar a autonomia da ação em relação ao direito material2. 
 
2.1.2 TEORIA DO DIREITO POTESTATIVO DE AGIR 
É uma variação da Teoria Concreta, desenvolvida com a particular concepção de Giuseppe 
Chiovenda.3 
Segundo Chiovenda, a ação é “o poder jurídico de dar vida à condição para a atuação da 
vontade concreta da lei”.4 
 
1 SILVA, Ovídio A. Baptista da. GOMES, Fábio Luiz. Teoria geral do processo civil. 4. ed. São Paulo : Revista dos Tribunais, 
2006. p. 94. 
2 CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. (trad. Paolo Capitanio). v. 1. 3. ed. Campinas : Bookseller, 
2002. p. 42. 
3 Observe-se que Chiovenda continua tendo uma concepção concretista. 
4 Nesse sentido: CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. (trad. Paolo Capitanio). v. 1. 3. ed. Campinas 
: Bookseller, 2002. p. 39. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Os direitos subjetivos em sentido amplo (direitos que a pessoa pode ter) são classificados em 
direitos subjetivos em sentido estrito e direitos potestativos. 
Direito subjetivo é o direito a uma prestação; a esse direito, corresponde um dever de prestar 
da outra parte. Os direitos subjetivos podem ser violados, gerando para o seu titular o direito de 
exigir que a outra parte cumpra determinada prestação. 
O direito potestativo é o direito à formação de uma nova situação jurídica. Ao direito 
potestativo, corresponde uma sujeição da outra parte, ou seja, o seu titular pode ingressar na esfera 
jurídica de outrem sem que este nada possa fazer.Sob essas premissas, Chiovenda desenvolveu a sua Teoria. Ele concebe a ação com uma visão 
concretista (na forma preconizada por Wach), mas acrescenta que ela é um direito potestativo.5 
Assim, para Chiovenda, “a ação é um poder que nos assiste em face do adversário em relação 
a quem se produz o efeito jurídico da atuação da lei. O adversário não é obrigado a coisa nenhuma 
diante desse poder: simplesmente lhe está sujeito”. 6 Assim, ao direito de ação, corresponde uma 
sujeição da outra parte ao provimento jurisdicional do Estado. 
Contudo, a Teoria do Direito Potestativo de Agir tem nitidamente uma concepção concretista, 
uma vez que entende a ação como o direito a um pronunciamento judicial favorável. 
 
2.1.3 TEORIA ABSTRATA DA AÇÃO 
A Teoria Abstrata é também conhecida como Teoria do Direito Abstrato de Agir. Tem como 
objetivo se opor à Teoria Concreta. 
A Teoria Abstrata defende que ação é “o direito subjetivo público que se exerce contra o 
Estado e em razão do qual sempre se pode obrigar o réu a comparecer em juízo. É o direito de agir, 
decorrente da própria personalidade, nada tendo em comum com o direito privado arguido pelo 
autor”7. Vale dizer, a ação é o direito de se obter um pronunciamento jurisdicional, 
independentemente de ser favorável ou desfavorável. Assim, para essa Teoria, há ação mesmo que 
o direito material não exista. 
Segundo a Teoria Abstrata, a Teoria Concreta não explica satisfatoriamente a improcedência 
da ação, pois esta não consegue justificar como o autor chega até o final da ação (improcedente) 
sem que o autor tivesse direito de ação. 
 
 
 
2.1.4 TEORIA ECLÉTICA DA AÇÃO 
Foi desenvolvida por Enrico Tullio Liebman. 
 
5 “Quanto a mim, que comecei a ocupar-me desses problemas quando a categoria dos direitos potestativos estava já 
largamente estudada na doutrina, não tive dificuldade, com o subsídio de semelhantes estudos, em ser o primeiro a 
inscrever a ação naquela categoria: reconhecendo a parte substancial da teoria de WACH, defini ação como um ‘direito 
potestativo’ (1093).” (CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. (trad. Paolo Capitanio). v. 1. 3. ed. 
Campinas : Bookseller, 2002. p. 41) 
6 CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. (trad. Paolo Capitanio). v. 1. 3. ed. Campinas : Bookseller, 
2002. p. 42. 
7 SILVA, Ovídio A. Baptista; GOMES, Fábio Luiz. Teoria geral do processo civil. 4. ed. São Paulo : Revista dos Tribunais, 2006. 
p. 109. 
 
 
 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
8 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Para Liebman, a ação é o direito de ir a juízo e obter um provimento de mérito (tem concepção 
abstrata), mas esse direito é condicionado. A esses requisitos para exercer a ação, dá-se o nome de 
condições da ação. 
A doutrina majoritária brasileira adota majoritariamente a Teoria Eclética da Ação. 
Como é cediço, Liebman teve grande influência na Escola Paulista de Processo Civil, tendo 
como discípulos Alfredo Buzaid e José Frederico Marques, dentre outros. 
Como Buzaid foi o autor do anteprojeto do CPC de 1973, o seu texto reflete claramente a 
adoção da Teoria Eclética, sobretudo quando disciplinava expressamente as condições da ação. 
O Novo Código de Processo Civil não traz expressamente a nomenclatura condições da ação, 
como fazia o CPC de 1973. Então, cabe perquirir o que significa tal categoria jurídica, bem como se 
ela permanece no direito processual civil brasileiro após a vigência do Novo CPC. 
 
2.2. AS CONDIÇÕES DA AÇÃO 
2.2.1 NOVO CPC: AS CONDIÇÕES DA AÇÃO E A POSSIBILIDADE JURÍDICA 
DO PEDIDO CONTINUAM PRESENTES NO SISTEMA PROCESSUAL CIVIL 
BRASILEIRO? 
De acordo com a Teoria Eclética da Ação, de Liebman, na sua formulação original, eram três as 
condições da ação: legitimidade, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido. Entretanto, o 
próprio Liebman reformulou a sua teoria original, passando a entender que possibilidade jurídica do 
pedido estaria, na verdade, contida no interesse de agir. Assim, para Liebman, ao final, as condições 
da ação eram apenas duas: legitimidade e interesse de agir. 
O CPC/1973 previa expressamente a nomenclatura “condições da ação”. Além disso, no 
sistema processual brasileiro antes do Novo CPC, a possibilidade jurídica do pedido continuava em 
vigor no art. 267, inc. VI, do CPC/1973, que previa que deveria ocorrer a extinção do processo sem 
resolução do mérito “quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade 
jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual”. 
No âmbito da jurisprudência, a possibilidade jurídica do pedido continuava sendo utilizada 
como condição autônoma da ação, ou seja, sem que se considerasse que ela estava dentro do 
interesse processual. 
O Novo Código de Processo Civil, por sua vez, não fala em nenhum dispositivo das condições 
da ação. Contudo, no seu art. 17, estabelece que “para postular em juízo é necessário ter interesse e 
legitimidade”. Além disso, o art. 485, inc. VI, do Novo CPC prevê que “o juiz não resolverá o mérito 
quando [...] verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual”. 
Portanto, a legitimidade e o interesse processual continuam no Novo CPC como condições ou 
requisitos para que a ação tenha o seu mérito julgado. 
Com base em tais premissas, alguns renomados processualistas, tais como Fredie Didier Jr., 
afirmam que a categoria jurídica condições da ação não existe mais na sistemática do direito 
processual civil brasileiro, razão pela qual legitimidade e interesse processual passaram a integrar a 
categoria pressupostos processuais.8 
 
8 DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de 
conhecimento. 17. ed. Salvador: Jus Podivm, 2015. p. 306. 
 
 
 
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9 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Outros, contudo, entendem que a categoria jurídica condições da ação continua presente, haja 
vista que interesse processual e legitimidade não podem ser enquadrados em outra categoria que 
não seja condições da ação. Nesse sentido, por exemplo, Daniel Neves.9 
De outro lado, José Garcia Medina, que integrou a Comissão do Anteprojeto do Novo CPC, 
afirma que, na Comissão, a retirada da categoria condições da ação do Novo CPC não ocorreu porque 
ela foi extinta, senão porque a legislação não pode prever expressamente uma teoria. Com efeito, as 
teorias devem ser desenvolvidas fora da legislação. Sobre isso, Medina ensina que: 
Essa opção do projeto, tomada, desde o início, pela comissão que elaborou o anteprojeto do 
novo CPC, nos parece a mais acertada. A lei, em princípio, não deve adotar um determinado 
conceito ou concepção doutrinária. O projeto, em outros casos, opta por “definir” institutos 
jurídico-processuais, aparentemente seguindo determinada concepção doutrinária, algo que 
não nos parece correto. Restará à doutrina e à jurisprudência definir se, à luz do NCPC, fará, 
ainda, sentido falar em “condições da ação”, ou se legitimidade e interesse processual 
seriam matérias que poderiam se inserir entre os pressupostos processuais ou no mérito. 
 
Desse modo, fica claro que a opção do Novo Código em não mencionar expressamente o 
termo condições da ação não tem por objetivo extinguir tal categoria jurídica, senão deixar de impor 
opções teóricas pelo texto legal. Nesse sentido, trata-se de inovação importante do Novo CPC. Tanto 
nas decisões judiciais vinculantes, quanto na legislação – ou seja, em decisões e normas que 
possuem caráter geral e abstrato –, são importantes os chamados “acordos teóricos incompletos”.10 
Vale dizer, se determinada decisão ou norma com caráter vinculante, geral e abstrato assumir 
expressamente determinada teoria, obstaculiza em grande medida o surgimento de novas teorias, e 
isso é problemático, na medida em que asinovações teóricas são o aporte necessário para a 
mudança e a “evolução” da doutrina, da jurisprudência e da legislação. Sem as novas teorias, fica 
mais difícil repensar os dogmas, pois eles comumente não são superados a partir de uma crítica 
interna. As teorias proporcionam uma análise crítica externa, que permite questionar os dogmas e, 
por conseguinte, são fundamentais para a doutrina, a jurisprudência e a legislação. Portanto, não se 
deve incluir na legislação uma teoria como dever-ser. 
Assim, a não inclusão das chamadas condições da ação no Novo CPC constitui-se em 
providência adequada, embora elas continuem a existir no sistema processual civil brasileiro, 
enquanto for adotada, no plano da dogmática, a Teoria Eclética de Liebman. 
Independentemente da concepção teórica que se adote, o fato é que legitimidade e interesse 
processual continuam presentes no Novo CPC como requisitos para o julgamento de mérito. Além 
disso, tais categorias são extremamente úteis, pois, se não estiverem presentes no caso concreto, é 
possível ao juiz extinguir o processo sem precisar analisar todo o conjunto probatório. Isto é, se tais 
condições ou requisitos não estiverem presentes no exercício de determinada ação, não é preciso 
 
9 “Como a legitimidade e o interesse dificilmente podem ser enquadrados no conceito de pressupostos processuais, por 
demandarem análise da relação jurídica de direito material alegada pelo autor, concluo que continuaos a ter no sistema 
processual as condições da ação.” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. p. 49) 
10 A esse respeito, existe aqui a mesma preocupação de Cass Sunstein com os acordos teóricos completos, na 
institucionalização de direitos: “Um julgamento teorizado de modo completo seria incapaz de acomodar mudanças em fatos 
ou valores. Se uma cultura realmente atingisse um teórico estágio final, tornar-se-ia rígida e calcificada; saberíamos o que 
pensar sobre tudo. A menos que a teorização completa fosse livre de erros, prejudicaria a posteridade. Portanto, decisões 
políticas teorizadas de modo incompleto são a chave para debates sobre igualdade no Direito e na política, com questões a 
serem salientadas sobre discriminação em função de orientação sexual, idade, deficiência e outros análogos à discriminação 
em função de raça; tais decisões políticas têm a importante vantagem de permitir um vasto grau de abertura a novos fatos e 
novas perspectivas.” (SUNSTEIN, Cass R.; Decisões políticas teorizadas de modo incompleto no direito constitucional. (trad. 
Letícia Borges Thomas). In: TEIXEIRA, Anderson Vichinkeski; OLIVEIRA, Elton Somensi de. (Org.). Correntes contemporâneas 
do pensamento jurídico. Barueri, SP : Manole, 2009. p. 294-317. p. 309) 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
que haja todo o gasto de atividade processual para, ao final, se dizer que a parte autora não tem o 
direito pretendido. 
Por todas essas razões, legitimidade e interesse processual podem ser enquadrados dentro da 
categoria jurídica condições da ação. Além disso, não parece que possam ser qualificados como 
pressupostos processuais, pois nada tem a ver com o processo, já que a sua relação é com o direito 
material invocado. Além disso, observe-se que o Novo CPC previu em outro dispositivo os 
pressupostos processuais como causa que leva o juiz a proferir sentença sem apreciar o mérito (art. 
485, inc. IV), ou seja, em dispositivo diverso da legitimidade e do interesse processual (art. 485, inc. 
VI), assim como fazia o CPC/1973. 
De outro lado, a possibilidade jurídica do pedido não foi prevista no Novo CPC, o que tem 
levado alguns doutrinadores a dizer que ela estaria dentro de interesse processual. Outros, contudo, 
entendem que, no Novo CPC, seria uma causa de julgamento de improcedência liminar. 
No âmbito da Comissão que elaborou o Anteprojeto do Novo Código de Processo Civil, a 
justificativa para exclusão da possibilidade jurídica do pedido, no entanto, foi outra. Segundo a 
exposição de motivos do Anteprojeto, o objetivo da retirada da possibilidade jurídica do pedido 
como condição da ação foi incluir a circunstância fática que a determina como causa de julgamento 
liminar de improcedência, a fim de se resolver definitivamente a controvérsia. Observe-se o teor do 
trecho em referência da exposição de motivos do Anteprojeto do Novo CPC: 
O novo sistema permite que cada processo tenha maior rendimento possível. Assim, e por 
isso, estendeu-se a autoridade da coisa julgada às questões prejudiciais. Com o objetivo de 
se dar maior rendimento a cada processo, individualmente considerado, e, atendendo a 
críticas tradicionais da doutrina, deixou, a possibilidade jurídica do pedido, de ser condição 
da ação. A sentença que, à luz da lei revogada seria de carência da ação, à luz do Novo 
CPC é de improcedência e resolve definitivamente a controvérsia.11 
 
Ocorre que o Novo CPC, na redação original que tratava da improcedência liminar do pedido, 
contemplava a hipótese da “impossibilidade jurídica do pedido” quando previa, como causa de 
improcedência liminar, a hipótese em que fosse “manifestamente improcedente o pedido” (art. 317, 
inc. I, do Anteprojeto do Novo CPC). No entanto, na redação final do Novo CPC (art. 332)12 , tal 
hipótese não foi contemplada como causa de “improcedência liminar do pedido. 
A esse respeito, observe-se o teor da regra no Anteprojeto e na versão final do Novo CPC: 
 
ANTEPROJETO DO NCPC NOVO CPC 
Art. 317. Independentemente de citação 
do réu, o juiz rejeitará liminarmente a 
demanda se: 
I – manifestamente improcedente o 
Art. 332. Nas causas que dispensem a 
fase instrutória, o juiz, 
independentemente da citação do réu, 
julgará liminarmente improcedente o 
 
11 BRASIL. Congresso Nacional. Senado Federal. Comissão de Juristas Responsável pela Elaboração de Anteprojeto de 
Código de Processo Civil. Anteprojeto do Novo Código de Processo Civil. Brasília : Senado Federal, Presidência, 2010. pp. 
28/29. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/senado/novocpc/pdf/Anteprojeto.pdf>. Acesso em: 16/9/2015. 
12 Novo CPC: “Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará 
liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior 
Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento 
de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de 
competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1º O juiz também poderá julgar 
liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.” 
 
 
 
 
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11 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
pedido, desde que a decisão proferida 
não contrarie entendimento do 
Supremo Tribunal Federal ou do 
Superior Tribunal de Justiça, sumulado 
ou adotado em julgamento de casos 
repetitivos; 
II – o pedido contrariar entendimento do 
Supremo Tribunal Federal ou do Superior 
Tribunal de Justiça, sumulado ou adotado 
em julgamento de casos repetitivos; 
III – verificar, desde logo, a decadência ou 
a prescrição. 
pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo 
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal 
de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo 
Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de 
recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente 
de resolução de demandas repetitivas ou 
de assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de 
justiça sobre direito local. 
§ 1º O juiz também poderá julgar 
liminarmente improcedenteo pedido se 
verificar, desde logo, a ocorrência de 
decadência ou de prescrição. 
 
 Portanto, caberia perquirir se a (im)possibilidade jurídica do pedido continuaria presente no 
sistema processual civil brasileiro. 
A pergunta, contudo, deve assumir um caráter funcional. Durante a vigência do CPC/1973, a 
possibilidade jurídica do pedido era utilizada pelos tribunais pátrios como condição da ação. Assim, 
seria possível juridicamente um pedido quando não contrariasse expressamente o ordenamento 
jurídico. Ocorre que, de acordo com a nova sistemática do CPC/2015, a impossibilidade jurídica do 
pedido deve ser tratada como hipótese atípica de julgamento liminar de improcedência, com base 
nos princípios da boa-fé processual, da instrumentalidade, da efetividade e da tempestividade da 
jurisdição. Isso porque não deve se admitir que uma demanda manifestamente improcedente 
(vedada pelo ordenamento jurídico) tenha prosseguimento.13 
Portanto, pode se dizer que legitimidade para agir e interesse processual continuam presentes 
no Novo CPC, bem como que pertencem à categoria jurídica processual condições da ação. Além 
disso, a (im)possibilidade jurídica do pedido deixou de existir no Novo CPC como condição da ação, 
mas permanecesse no sistema como hipótese atípica de julgamento liminar de improcedência. 
Sobre o julgamento liminar de improcedência, e suas hipóteses típicas e atípicas de cabimento, 
se abordará em item próprio, a seguir. 
 
2.2.2 LEGITIMIDADE DAS PARTES 
A legitimidade das partes, também conhecida pela sua designação do latim legitimatio ad 
causa, ou, ainda, pertinência subjetiva, é a aptidão específica para ser parte em determinada 
demanda, ou seja, para ser demandante ou demandado. 
 
13 Também nesse sentido: DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte 
geral e processo de conhecimento. 17. ed. Salvador: Jus Podivm, 2015. pp. 604/605. 
 
 
 
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12 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
A legitimidade para agir pode ser classificada em legitimidade ordinária e legitimidade 
extraordinária: 
a) Legitimidade ordinária: tem legitimidade aquele que tem um direito seu discutido no 
processo, isto é, aquele que faz parte da relação jurídica de direito material deduzida no 
processo. 
b) Legitimidade extraordinária: excepcionalmente, a lei pode conferir legitimidade a alguém 
que não tem um direito seu discutido no processo (art. 6º do CPC). 
Alguns doutrinadores tratam de forma indistinta legitimidade extraordinária e substituição 
processual. Outros entendem que legitimação extraordinária estaria ligada aos direitos difusos e 
coletivos, enquanto a substituição processual estaria ligada a direitos individuais. Uma terceira 
corrente ensina que a substituição processual é o exercício da legitimação extraordinária, que seria a 
aptidão genérica. São exemplos de legitimidade extraordinária: a legitimidade do Ministério Público 
para propor ação de investigação de paternidade; a legitimidade do partido político com 
representação no Congresso Nacional para propor mandado de segurança coletivo (art. 5º, inc. LXX, 
da CF); etc. 
A legitimidade de determinadas instituições para propor ações representando interesses cuja 
proteção consiste em função institucional é chamada de legitimidade autônoma ou legitimidade 
extraordinária autônoma. Por exemplo, é função institucional do Ministério Público a proteção do 
meio ambiente (art. 129, III, CF) e da Defensoria Pública a proteção dos necessitados 
economicamente (art. 134, CF). Por conseguinte, quando o Ministério Público propõe ação civil 
pública para proteção do meio ambiente ou a Defensoria Pública ajuíza essa ação em favor dos 
necessitados, estariam atuando como legitimados autônomos, na medida em que a legitimidade 
para a propositura de tais ações decorre das suas funções institucionais previstas na Constituição e 
em leis infraconstitucionais. 
 
2.2.2.1 QUESTÕES SUMULADAS SOBRE LEGITIMIDADE DAS PARTES 
Sobre a temática legitimidade das partes, é imperioso citar os seguintes entendimentos 
sumulados do STF e do STJ: 
Súmula 643 do STF: “O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública 
cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.” 
Súmula 630 do STF: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança 
ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.” 
Súmula 629 do STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe 
em favor dos associados independe da autorização destes.” 
Súmula 365 do STF: “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.” 
Súmula 254 do STJ: “A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente 
federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual.” 
Súmula 329 do STJ: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em 
defesa do patrimônio público.” 
Súmula 447 do STJ: “Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de 
restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores.” 
 
 
 
 
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13 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
5.2.3 INTERESSE EM AGIR (OU INTERESSE PROCESSUAL) 
Para alguém propor uma demanda, é necessário que possua interesse (art. 17, NCPC). 
O interesse processual tem três requisitos, conforme a maioria da doutrina, quais sejam, 
necessidade, utilidade e adequação. 
Para haver utilidade, o processo tem que trazer alguma situação de vantagem para aquele que 
propõe a demanda. 
A necessidade (interesse-necessidade) constitui-se na impossibilidade de se obter a satisfação 
do direito alegado sem a intervenção do Estado-juiz, ou seja, somente haverá interesse em se propor 
uma demanda quando o conflito não puder ser legitimamente resolvido extrajudicialmente. Enfim, 
haverá necessidade se houver resistência à pretensão; se não houve resistência pelo obrigado a uma 
determinada prestação em cumpri-la, não há necessidade do processo e, por conseguinte, faltará 
interesse processual. 
Nesse ínterim, é preciso salientar a existência das denominadas ações necessárias, isto é, 
aquelas que são necessárias por sua própria natureza, pois a satisfação do direito somente ocorre 
com a vontade integrativa do Estado-juiz. É o caso, por exemplo, da ação de anulação de contrato; da 
ação rescisória da sentença; etc. 
De outro lado, é pacífico o entendimento de que, como regra, não é exigível o prévio 
exaurimento da via administrativa para que a parte ajuíze a ação contra o Estado, em razão do 
princípio fundamental da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, inc. XXXV, CF). São exceções a essa 
regra o habeas data e a Justiça Desportiva. A Lei 9.507/1997 determina que somente poderá ser 
impetrado o habeas data se a petição inicial for acompanhada de comprovante da recusa da 
prestação de informações pelo órgão ou entidade depositária do banco de dados. A esse respeito, a 
Súmula 2 do STJ dispõe que “não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve recusa 
de informações por parte da autoridade administrativa”. Sobre a Justiça Desportiva, o § 1º do art. 
217 da Constituição Federal determina que “o Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina 
e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”. 
A adequação (interesse-adequação) significa a aptidão da via processual eleita para que o 
Estado-juiz possa tutelar o direito subjetivo alegado. Por exemplo, o autor não pode obter o despejo 
do imóvel locado propondo uma ação de reintegração de posse; da mesma forma, não pode pleitear 
o divórcio propondo uma ação anulatória do casamento. 
Contudo, estamos com aqueles doutrinadores que entendem que adequação não está ligada 
ao interesse processual, mas se trata de um pressupostoprocessual de validade.14 Com efeito, o 
problema da falta de adequação diz respeito ao processo e ao procedimento, e não à ação. Quando 
se está diante da inadequação da via eleita, deve se analisar a possibilidade de converter o 
procedimento errado ou inadequado no procedimento correto ou adequado. Portanto, a adequação 
não diz respeito ao interesse processual (condição da ação), pois se trata de um pressuposto 
processual objetivo intrínseco de validade. 
2.3. CONSEQUÊNCIAS DA AUSÊNCIA DE UMA DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO 
A ausência de alguma das condições da ação é denominada de carência de ação. A 
consequência da carência de ação é a extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do 
art. 485, inc. VI, do Novo CPC. 
 
14 DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 7. ed. Salvador 
: Juspodivm, 2007. p. 178/179. 
 
 
 
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14 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
A parte pode alegar a carência de ação em preliminar de contestação ou a qualquer momento 
no curso do processo. 
O juiz pode conhecer de ofício a ausência de qualquer das condições da ação.15 
 
2.4. TEORIA DA ASSERÇÃO (OU PROSPETTAZIONE) 
“Asserção” significa afirmação, sustentação. Segundo a Teoria da Asserção, a verificação das 
condições da ação deve ser feita in statu assertionis, vale dizer, com base na simples afirmação do 
autor feita na petição inicial. Se precisar analisar as provas, não será mais aferição de condição da 
ação, senão análise de mérito, sob pena de estar se utilizando a Teoria Concretista da Ação. 
A Teoria da Asserção também é conhecida como Teoria da Prospettazione. 
Grande parte da doutrina e da jurisprudência brasileiras adota a Teoria da Asserção, para a 
análise das condições da ação. 
2.5. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES SEGUNDO A TEORIA QUINÁRIA DE 
PONTES DE MIRANDA 
Para Pontes de Miranda, as ações podem ter cinco cargas de eficácia. Segundo a eficácia 
predominante, as ações podem ser classificadas em ação declaratória, ação constitutiva, ação 
condenatória, ação mandamental e ação executiva. 
 
2.5.1 AÇÃO DECLARATÓRIA 
É também conhecida como ação puramente declaratória ou meramente declaratória. 
Trata-se da ação em que se pleiteia apenas a certificação ou a declaração. No direito 
brasileiro, é possível postular a certificação de existência ou inexistência de uma relação jurídica ou 
a autenticidade ou falsidade de um documento. Com efeito, o art. 19 do Novo CPC prevê 
expressamente que o interesse do autor deve se limitar à declaração de existência, inexistência ou 
modo de ser de uma relação jurídica, ou ao reconhecimento da autenticidade ou falsidade de 
documento. Assim, como regra, não cabe ação declaratória para dar interpretação a texto de lei, ou 
para declarar um fato, salvo se esse fato for a autenticidade ou falsidade de determinado 
documento. 
De outro lado, o art. 20 prevê que “é admissível a ação meramente declaratória, ainda que 
tenha ocorrido a violação do direito”. Desse modo, por exemplo, num acidente de trânsito, um dos 
condutores pode propor ação declaratória com o objetivo de reconhecer que o outro é o culpado 
pelo acidente, sem que precise formular pedido condenatório (o pedido condenatório pode não lhe 
ser conveniente, porque, p. ex., o réu é pobre, ou porque o prejuízo do autor foi muito pequeno). 
De outro lado, a Súmula 181 do STJ estabelece que “é admissível ação declaratória, visando a 
obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual”. A Súmula 242 do STJ dispõe que 
“cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários”. 
 
15 “[...] AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR E DE LEGITIMIDADE ATIVA. TEORIA DA ASSERÇÃO. PRECEDENTE. CARÊNCIA DE 
AÇÃO NÃO CARACTERIZADA. [...] 1. A jurisprudência do STJ acolhe a teoria da asserção, segundo a qual a presença das 
condições da ação deve ser aferida a partir das afirmações deduzidas na petição inicial, dispensando-se qualquer 
atividade instrutória. [...]” (STJ, AgRg no AREsp 741.229/DF, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 
15/10/2015, DJe 23/10/201 
 
 
 
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15 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
São exemplos de ações declaratórias: a ação consignatória; a ação de usucapião; a ação 
declaratória de existência de sociedade de fato; a ação declaratória de união estável; a ação 
declaratória de nulidade (não de anulação) de negócio jurídico; a ação declaratória de inexistência de 
dívida. 
2.5.2 AÇÃO CONSTITUTIVA 
Trata-se de ação em que se postula a criação, a modificação ou a extinção de uma relação 
jurídica. 
São exemplos de ações constitutivas: divórcio; anulação de casamento; ação de anulação de 
negócio jurídico; regulamentação de visitas; ação de guarda; ação de suspensão e destituição do 
pátrio poder; ação de adoção; ação renovatória e revisional de locação; ação de desapropriação; 
ação popular; ação de divisão de terras; ação de extinção de condomínio. 
 
2.5.3 AÇÃO CONDENATÓRIA 
Trata-se da ação em que o autor busca a condenação do réu a uma prestação de pagar 
quantia, de entregar coisa, de fazer ou de não fazer. 
Pode-se citar, como exemplos de ações condenatórias, a ação de indenização; a ação de 
reparação; a ação de perdas e danos; a ação de ressarcimento; a ação de locupletamento; a ação de 
alimentos. 
 
2.5.4 AÇÃO MANDAMENTAL 
Há autores que não reconhecem a autonomia da ação mandamental e da ação executiva, 
fundamentando que estariam dentro da ação condenatória. 
No entanto, de acordo com a Teoria Quinária de Pontes de Miranda e os doutrinadores que a 
seguem, tais ações (mandamental e executiva) possuem autonomia classificatória, razão pela qual 
são assim tratadas aqui. 
A ação mandamental é aquela em que se pede a imposição de um dever e o seu cumprimento 
por meio de coerção indireta. A coerção é indireta porque atua na esfera psicológica daquele a quem 
se impõe a obrigação, a fim de que a cumpra, mas o Estado-juiz não consegue diretamente efetivar 
aquela obrigação. Por exemplo, num mandado de segurança em que se concede a implantação de 
determinado benefício a servidor público, o Estado-juiz não consegue entrar no sistema de recursos 
humanos do órgão pagador para incluir o benefício na folha de pagamento. Então, precisa-se de uma 
coerção indireta para que o órgão responsável tome essa providência que foi determinada 
judicialmente. 
São exemplos de ações mandamentais o mandado de segurança; o mandado de injunção; o 
habeas data; o interdito proibitório; os embargos de terceiro; a ação de depósito. 
 
 
2.5.5 AÇÃO EXECUTIVA 
Trata-se de ação em que se pede a imposição de um dever e o seu cumprimento por meio de 
coerção direta. Vale dizer, o Estado-juiz impõe uma obrigação e atua diretamente para o seu 
 
 
 
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16 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
cumprimento. A ordem não satisfeita pelo demandado é cumprida pela coerção direta do Estado-
juiz. Por exemplo, numa ação de despejo, a ordem de desocupação, caso não cumprida pelo 
locatário, será efetivada diretamente pelo oficial de justiça, inclusive com o auxílio de força policial. 
São exemplos de ações executivas: a ação reivindicatória; a ação de imissão de posse; a ação 
de reintegração de posse; a ação de petição de herança; a ação de adjudicação compulsória; a ação 
de busca e apreensão (Decreto-Lei 911/69); a ação de despejo. 
 
 
 
O JUIZ: ATUAÇÃO E PODERES 
 
 
 Todo juízo, independentemente do seu grau de jurisdição, é composto pelo juiz e pelos 
órgãos auxiliares, que são formados pelos serventuários (escrivães, oficiais de justiça, escreventes, 
técnicos e etc). 
 
3.1. O JUIZ: PODERES, DEVERES E RESPONSABILIDADES 
Ao juiz cabe o importante papel de dirigir o processo; ojuiz como diretor do processo. A direção 
deve ser exercida com segurança, firmeza, imparcialidade, urbanidade, prudência e humildade. O 
papel do diretor do processo não confere ao juiz poder hierárquico sobre o advogado e o membro do 
Ministério Público. Juiz, advogado e Ministério Público têm, no processo, independência entre si e 
devem tratar-se reciprocamente com urbanidade. Aqui vigora o princípio da cooperação, 
estabelecido no art. 6º do Código de Processo Civil, vejamos: 
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em 
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
O juiz possui o dever de buscar a rápida e justa solução da lide, se possível com a conciliação, 
bem como de coibir qualquer ato contrário à dignidade da justiça. Outro importante princípio 
norteador da atuação do juiz é o da inércia do poder judiciário, assim sendo, salvo situações 
excepcionais, o juiz deverá decidir a lide nos limites em que foi proposta, não sendo possível conhecer 
de questões que à parte incumbia suscitar e não o fez. Assim estabelece o Código de Processo Civil, 
com destaque nas principais inovações, abaixo indicadas: 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
II - velar pela duração razoável do processo; 
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações 
meramente protelatórias; 
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas 
ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de 
conciliadores e mediadores judiciais; 
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, 
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à 
tutela do direito; 
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da 
segurança interna dos fóruns e tribunais; 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las 
sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; 
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios 
processuais; 
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o 
Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a 
que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei 
no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da 
ação coletiva respectiva. 
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada 
antes de encerrado o prazo regular. 
A responsabilidade civil do juiz, restou, igualmente, prevista no Código de Processo Civil, 
exigindo-se por parte deste o dolo ou fraude, ou, ainda, quando o magistrado recuse, omita ou 
retarde, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte, 
senão vejamos a previsão do art. 143: 
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: 
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; 
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a 
requerimento da parte. 
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a 
parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no 
prazo de 10 (dez) dias. 
 
3.2. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO 
Impedimento e suspeição representam situações distintas, geradoras de consequências 
igualmente distintas. 
De acordo com Hélio Tornaghi, o impedimento “é a circunstância que priva o juiz do exercício de 
suas funções em determinado caso, dada a sua relação com o objeto da causa”, enquanto a suspeição, 
por sua vez, “é a desconfiança, a dúvida, o receio de que o juiz, ainda quando honesto e probo, não 
terá condições psicológicas de julgar com isenção dada a sua relação com qualquer das partes”16. 
O impedimento se apresenta como verdadeira proibição, imposta ao juiz, de oficiar no processo 
em que se encontre presente qualquer das circunstâncias apontadas no artigo 144 do Código de 
Processo Civil. As principais inovações no texto de 2015, restam abaixo destacadas: 
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: 
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro 
do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; 
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; 
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do 
Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, 
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; 
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, 
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; 
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no 
processo; 
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; 
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de 
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; 
 
16 TORNAGHI, Hélio. Comentários ao Código de Processo Civil, vol. I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1974. p. 416-417. 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L7347orig.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L8078.htm#art82
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L8078.htm#art82
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, 
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; 
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. 
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o 
advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da 
atividade judicante do juiz. 
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. 
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato 
conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado 
que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha 
diretamente no processo. 
O impedimento tem natureza de objeção processual, na medida em que pode ser alegado a 
qualquer tempo pela parte e deve, mesmo, ser reconhecido de ofício pelo juiz. Representa, portanto, 
obstáculo absoluto, intransponível ao exercício da função jurisdicional pelo juiz assim 
incompatibilizado, invalidando a sentença por ele proferida, conforme art. 966, II do NCPC. 
A suspeição, por sua vez, recomenda ao juiz o afastamento da presidência do processo sempre 
que se verificarem quaisquer dos motivos arrolados pelo artigo 145, com as principas inovações abaixo 
destacadas: 
Art. 145. Há suspeição do juiz: 
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; 
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de 
iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que 
subministrar meios para atender às despesas do litígio; 
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou 
companheiroou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; 
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. 
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de 
declarar suas razões. 
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: 
I - houver sido provocada por quem a alega; 
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. 
 
 Por fim, é imprescindível lembrar que os casos de impedimento e de suspeição não se aplicam 
tão-somente ao juiz, conforme previsão do art. 148: 
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: 
I - ao membro do Ministério Público; 
II - aos auxiliares da justiça; 
III - aos demais sujeitos imparciais do processo. 
§ 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição 
fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar 
nos autos. 
§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, 
ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando 
necessária. 
§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada pelo regimento interno. 
§ 4º O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de 
testemunha. 
 
 
 
 
 
 
 
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19 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
 
 
PARTES E LITISCONSÓRCIO 
 
 
 Segundo Humberto Theodoro Júnior, “pode-se definir a parte para o direito processual como a 
pessoa que pede ou perante a qual se pede, em nome próprio, a tutela jurisdicional.” Nesse contexto, 
o autor ou demandante é aquele que invoca a tutela jurisdicional, tomando a posição ativa de 
instaurar a relação processual. E o réu ou demandado é aquele que fica na posição passiva, sujeito à 
relação processual instaurada pelo autor. 
São capazes para estar em juízo aqueles que têm personalidade jurídica, tanto pessoas físicas 
(cuja personalidade jurídica começa com o nascimento com vida, nos termos do art. 2º do CC) como 
pessoas jurídicas (cuja personalidade jurídica inicia com o registro de seus atos constitutivos na 
repartição competente e na forma da lei, consoante caput do art. 45 do CC). 
 
4.1. PARTES 
4.1.1 REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA 
Conforme preceitua o art. 70 do NCPC, toda pessoa que se encontre no exercício de seus 
direitos tem capacidade para estar em juízo. Caso a parte não tenha capacidade para estar em juízo, 
necessita ser representada ou assistida. 
 
4.1.2 CURADOR ESPECIAL 
O curador especial é um representante legal nomeado ao incapaz somente para determinado 
processo. Ou seja, não se deve confundir curador especial com curador (nomeado para representar o 
incapaz num processo de interdição). O curador especial, diferentemente do curador, não se torna 
representante legal para todo e qualquer ato da vida civil, tampouco para outros processos para os 
quais não foi nomeado. Trata-se de um curador “ad hoc” somente para o processo específico em que 
foi nomeado. 
Será nomeado curador especial nas seguintes hipóteses: 
a) ao incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os 
daquele, enquanto durar a incapacidade; 
b) ao réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto 
não for constituído advogado. 
A curadoria especial é uma das funções institucionais da Defensoria Pública (art. 4º, inc. XVI, 
da Lei Complementar 80/94)17, bem como resta definido no art. 72, parágrafo único do NCPC. 
Se o executado for citado por edital ou por hora certa, e permanecer revel, o curador especial 
nomeado terá legitimidade para apresentação de embargos, conforme súmula 196 do STJ, que assim 
 
17 “Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: (...) XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em 
lei;” 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
prevê: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado 
curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos”. 
 
4.1.3 SUCESSÃO PROCESSUAL 
A sucessão processual ocorre quando, voluntariamente e nos casos permitidos em lei, há a 
entrada de uma parte no processo no lugar de outra, a qual é excluída do processo. 
O art. 109, caput, do NCPC prevê que a alienação do direito ou coisa litigiosa, no curso do 
processo, não altera a legitimidade das partes. Isso quer dizer que o alienante (que é parte no 
processo) passa a atuar no processo como substituto processual do adquirente, pois passa a 
defender em nome próprio o direito material alheio (do adquirente). 
O § 1º do art. 109 do NCPC prevê que o adquirente ou o cessionário do direito ou coisa 
litigiosa somente poderá ingressar no lugar da parte se houver o consentimento da parte contrária e 
do alienante ou cedente. Nesse tocante, é importante ressaltar que, consoante entendimento 
pacífico da doutrina, quando o adquirente entra no lugar do alienante, ocorre a sucessão processual 
(ingresso de alguém no lugar da parte do processo, excluindo-se esta). De outro lado, se a parte 
contrária não consentir, o adquirente ou o cessionário poderá intervir no processo como assistente 
do alienante ou do cedente (§ 2º). Neste caso em que o alienante ou o cedente continuam no 
processo, passam a atuar em nome próprio defendendo direito alheio (do adquirente ou 
cessionário), razão pela qual passam a ser substitutos processuais. 
Outro típico exemplo de sucessão processual é aquele que ocorre quando uma das partes do 
processo vem a falecer. Neste caso, haverá o ingresso do espólio ou dos herdeiros do falecido no seu 
lugar. Assim, ocorre a sucessão processual, conforme o art. 110 do NCPC. 
 
4.1.4 AUTORIZAÇÃO OU CONSENTIMENTO 
Trata-se da forma prevista em lei para que um cônjuge manifeste o seu consentimento a fim 
de que o outro proponha ação real imobiliária, ou ação possessória, quando exigido legalmente, 
conforme preceitua o art. 73, in verbis: 
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre 
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. 
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: 
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação 
absoluta de bens; 
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; 
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; 
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre 
imóvel de um ou de ambos os cônjuges. 
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é 
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. 
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos. 
 
 A consequência legal para a ausência de autorização é a invalidade do processo. No entanto, 
se a petição inicial não vier acompanhada da autorização do cônjuge para propor a ação, o juiz não 
deverá de plano extinguir o processo sem resolução de mérito (indeferir a petição inicial), senão 
intimar a parte para juntá-la aos autos.18 
 
4.2. LITISCONSÓRCIO 
Quando se tem dois ou mais autores e/ou dois ou mais réus, está-se diante de uma situação de 
 
18 TJDFT, 20100020021382AGI, Relator CRUZ MACEDO, 4ª Turma Cível, julgado em 05/05/2010, DJ 25/05/2010 p. 114. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
litisconsórcio. 
Litisconsórcio não é a pluralidade de partes, mas a pluralidade de sujeitos parciais em um dos 
polos, ou seja, mais de um autor ou mais de um réu em um dos polos. Umautor e um réu, cada um 
no seu respectivo polo, configura pluralidade de partes, e não litisconsórcio. 
O litisconsórcio, portanto, é a pluralidade de sujeitos ativos ou passivos no processo, e não a 
pluralidade de partes. A doutrina adota quatro critérios de classificação de litisconsórcio, quais sejam: 
a) quanto à posição; b) quanto ao momento da formação; c) quanto à obrigatoriedade e d) quanto à 
sorte no plano material. Resumidamente, por conseguinte, o litisconsórcio consiste na pluralidade de 
sujeitos integrando um ou ambos os pólos de uma relação processual (ativo e passivo). Pelo mesmo 
motivo, cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser 
intimados dos respectivos atos. 
Passe-se à análise dos quatro critérios referidos anteriormente. 
 
4.2.1 QUANTO À POSIÇÃO DOS LITISCONSORTES 
a) Há litisconsórcio ativo quando a pluralidade de sujeitos se encontra no pólo ativo da 
relação processual, ou seja, quando temos pluralidade de autores. 
b) Há litisconsórcio passivo quando a pluralidade de sujeitos se dá no pólo passivo da 
relação processual, ou seja, no caso de pluralidade de réus. 
c) Há litisconsórcio misto ou recíproco quando a pluralidade de sujeitos se verifica em 
ambos os pólos. 
 
4.2.2 QUANTO AO MOMENTO PROCESSUAL 
O litisconsórcio pode ser inicial ou ulterior. O inicial é aquele que se forma no início do 
processo, desde a petição inicial. Em contrapartida, o litisconsórcio ulterior se forma depois do início 
do processo, isto é, no decorrer do processo. 
 
4.2.3 QUANTO À FORMAÇÃO 
O litisconsórcio pode ser facultativo ou necessário. 
a) No litisconsórcio facultativo temos a pluralidade de sujeitos em virtude de afinidade de 
interesses, sendo opção dos litisconsortes que poderiam, se assim desejassem, ingressar com 
ações autônomas. 
b) No litisconsórcio necessário, por sua vez, a liame que une os sujeitos existe em decorrência 
de disposição legal, sendo obrigatória a participação destes no processo para que haja eficácia 
da sentença. 
O novo texto do CPC corrige a imprecisão do CPC/1973 na parte conceitual, que confundia 
litisconsórcio necessário e unitário. CPC/1973, conforme verifica-se: 
 Art. 47, CPC/73. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza 
da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso 
em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo 
Art. 114, NCPC O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela 
natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de 
todos que devam ser litisconsortes. 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Art. 115, NCPC. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, 
será: I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter 
integrado o processo; II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. 
4.2.4 QUANTO À DECISÃO 
a) O litisconsórcio diz-se unitário quando o juiz deve, obrigatoriamente, proferir sentença 
igual para todos os litisconsortes (artigos 116 e 117 do NCPC). 
 b) O litisconsórcio será simples quando o juiz pode optar por dar decisões diferentes às 
partes integrantes de um mesmo pólo da relação jurídica. 
 
4.2.5 LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO 
O instituto do litisconsórcio tem por finalidade assegurar a economia processual e a razoável 
duração do processo, permitindo, assim, o ajuizamento de uma única ação, com diversos sujeitos e 
evitando-se excessiva demora ou decisões incompatíveis. 
É possível, entretanto, que o processo conte com um excessivo número de sujeitos, o que, por 
certo, acaba por tumultuar a lide, não se realizando a finalidade do instituto. Ao litisconsórcio 
facultativo, que conta com excesso de sujeitos em um dos pólos, chamamos multitudinário. Nestes 
casos, é facultado ao juiz reduzir o número de litisconsortes na ação, desmembrando-a. Frise-se que 
o novo texto do Código de Processo Civil traz limitação ao litisconsórcio multitudinário, conforme 
preceitua o art. 113, §1º e §2º, in verbis: 
Art. 113. 
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de 
conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a 
rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. 
§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que 
recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
 
 
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
 
Em princípio, a sentença só produz efeito entre as partes. Às vezes, porém, ainda que de 
modo indireto, esse efeito pode recair sobre os interesses de pessoas estranhas ao processo. A 
intervenção em processo alheio só é possível mediante expressa permissão legal, porque a regra 
continua a ser, no Direito brasileiro, a da singularidade do processo e da jurisdição. A legitimação para 
intervir, portanto, decorre da lei e depende de previsão do Código. Isto quer dizer que não é possível 
o ingresso de um terceiro em processo alheio sem que se apoie em algum permissivo legal, não se 
admitindo, por conseguinte, figuras que não tenham base na norma jurídica expressa. 
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado 
em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. 
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os 
graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. 
 
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente 
será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. 
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para 
intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. 
 
 
 
 
5.1. ALTERAÇÕES TRAZIDAS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
É importante notar que houve uma considerável alteração no tocante à intervenção de 
terceiros ao longo do Novo Código de Processo Civil. 
Percebe-se que a intervenção de terceiros no CPC/1973 poderia ser dividida em: 
1. Assistência 
2. Oposição 
3. Nomeação à autoria 
4. Denunciação da lide 
5. Chamamento ao processo intervenção de terceiros 
 
Atualmente, conforme preceitua o NCPC, melhor divisão ocorre da seguinte maneira: 
1. Assistência – assistência simples e litisconsorcial 
2. Denunciação da lide 
3. Chamamento ao processo 
4. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
5. Amicus curiae 
6. 
 
A oposição no NCPC não é intervenção de terceiro, mas procedimento especial (arts. 682 a 
686), sem grandes alterações em relação aos dispositivos ainda vigentes: 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
“Fez-se bem em não mais tratar a oposição como modalidade de intervenção, porque é, em 
verdade, manifestação do exercício do direito de ação. Mas, por outro lado, não há razão 
para que a oposição esteja entre os procedimentos especiais, uma vez que inexiste 
peculiaridade procedimental alguma que a particularize.19” 
 
As alterações quedam-se facilmente visíveis com a utilização do seguinte quadro de 
correspondência20: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.2. ASSISTÊNCIA – ASSISTÊNCIA SIMPLES E LITISCONSORCIAL 
Duas são as espécies de assistência: 
a) simples . 
b) litisconsorcial. 
 
O novo CPC efetiva a divisão e conceituação da assistência simples e litisconsorcial, conforme 
artigos 121 e 124. 
A assistência será prestada e admitida a partir da existência do interesse jurídico. 
Interesse jurídico não seriainteresse meramente moral, religioso, científico, entre outros. 
 
5.2.1 ASSISTÊNCIA SIMPLES 
Nesta hipótese o assistente simples auxilia na defesa de direito de titularidade do assistido, ou 
seja, o terceiro possui interesse jurídico na realização de direito alheio. Podemos citar, por exemplo, 
a assistência prestada pelo sublocatário ao locatário em ação de despejo. 
A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, 
desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos 
controvertidos. Uma vez transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o 
assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e 
 
19 Teresa Arruda Alvim WAMBIER, Maria Lúcia Lins CONCEIÇÃO, Leonardo Ferres da Silva RIBEIRO e Rogerio Licastro Torres 
de MELLO, Primeiros comentários ao novo código de processo civil, São Paulo: RT, 2015, p. 1018. 
20 Alvim, Rafael. Instituto de Direito Contemporâneo. Disponível em 
http://www.cpcnovo.com.br/blog/2015/09/17/intervencao-de-terceiros-no-novo-cpc/. Acesso em 21.02.2016 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
provar que pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi 
impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; desconhecia a existência de 
alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. 
Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos 
poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. 
Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente 
será considerado seu substituto processual. 
 
Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência 
do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre 
direitos controvertidos. 
 
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este 
não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar 
que: 
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, 
foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; 
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou 
culpa, não se valeu. 
 
5.2.2 ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL 
Neste caso, haveria interesse jurídico e titularidade do direito. O direito em litígio é de 
titularidade não só do assistido, mas também do assistente. 
Marinoni, Arenhart e Mitidiero, assim referem: 
 “Em certas situações, aquele que é titular do direito material discutido em juízo pode 
ingressar ulteriormente no processo e aderir à posição de uma das partes para ‘assisti-la’ 
frente ao embate que trava com o adversário que lhes é comum. É exatamente essa a forma 
de intervenção que é consentida a título de assistência litisconsorcial: o assistente 
litisconsorcial é o titular do direito discutido em juízo – e, dessa forma, será atingido pela 
coisa julgada – que ingressa ulteriormente no processo. Daí a razão pela qual não se trata 
propriamente de espécie de assistência. Trata-se de uma verdadeira intervenção 
litisconsorcial ulterior.” 
 
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença 
influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. 
 
5.3. DENUNCIAÇÃO DA LIDE 
O Novo Código de Processo Civil retira do texto legal a obrigatoriedade da utilização de 
denunciação da lide, restando prevista, agora, em duas circunstâncias: 
a) ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao 
denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; 
b) àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o 
prejuízo de quem for vencido no processo. 
A denunciação da lide tem por justificativa a economia processual, porquanto encerra, num 
mesmo processo, duas ações (a principal e a incidente, de garantia), e a própria exigência de justiça, 
porque evita sentenças contraditórias (p. ex., poderia ser procedente a primeira e improcedente a de 
regresso por motivo que, se levado à primeira, também a levaria à improcedência). 
Assim, ocorrendo a denunciação, o processo se amplia objetiva e subjetivamente. 
Subjetivamente porque ingressa o denunciado, o qual passará a demandar juntamente com o autor 
se o denunciante for o autor, e juntamente com o réu se o denunciante for o réu. Objetivamente, 
 
 
 
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 DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
porque se insere uma demanda implícita do denunciante contra o de denunciado, de indenização por 
perdas e danos. Seguem os artigos relativos à denunciação da lide, com destaque para as principais 
inovações: 
 
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: 
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao 
denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; 
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o 
prejuízo de quem for vencido no processo. 
§ 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da 
lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. 
§ 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu 
antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não 
podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual 
direito de regresso será exercido por ação autônoma. 
 
Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for 
autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos 
prazos previstos no art. 131. 
 
Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de 
litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-
se em seguida à citação do réu. 
 
Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: 
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, 
na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; 
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, 
eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; 
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante 
poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a 
procedência da ação de regresso. 
Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, 
requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da 
condenação deste na ação regressiva. 
 
Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da 
denunciação da lide. 
Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu 
pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das 
verbas de sucumbência em favor do denunciado. 
 
5.4. CHAMAMENTO AO PROCESSO 
O instituto do chamamento ao processo é a penúltima modalidade de intervenção de terceiros 
prevista no NCPC, restando aquie presentes as figuras do fiador, do afiançado e do devedor solidário. 
A rigor, o instituto do chamamento ao processo revela uma pequena exceção ao princípio da 
“proibição do julgamento fora do pedido” (ne procedat iudex ex officio), isto é, ao princípio da 
iniciativa da parte, porque alguém, nas hipóteses legais, é convocado a participar do processo pelo 
réu e não

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