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Universidade Federal de Juiz de Fora Curso de Geografia Geografia da População Profº Luiz Fernando Soares de Castro A história do recenseamento no mundo e no Brasil, seu início e sua evolução Censo no Mundo A palavra Censo se origina do latim census que quer dizer "conjunto dos dados estatísticos dos habitantes de uma cidade, província, estado, nação etc”. A história dos censos remonta aos tempos antigos, e o mais remoto deles, que se tem notícia, é o da China. Em 2238 a.C., o imperador Yao mandou realizar um censo da população e das lavouras cultivadas. Há também registros de um censo realizado no tempo de Moisés, cerca de 1700 a.C., e de que os egípcios faziam recenseamentos anualmente, no século XVI a.C. Os romanos e os gregos realizaram censos por volta dos séculos VIII ao IV a.C. Em 578-534 a.C., o imperador Servo Túlio mandou realizar um censo de população e riqueza que serviu para estabelecer o recrutamento para o exército, para o exercício dos direitos políticos e para o pagamento de impostos. Os romanos fizeram 72 censos entre 555 a.C. e 72 d.C. Como se pode verificar, a função primordial, naquela época, era conhecer os quantitativos de população para fazer a guerra e cobrar impostos. A punição para quem não respondia geralmente era a morte. A Bíblia conta que José e a Virgem Maria saíram de Nazareth, na Galiléia, para Belém, na Judéia, para responder ao Censo ordenado por Cesar Augusto (as pessoas tinham que ser entrevistadas no local de sua origem). Foi enquanto estavam na cidade que Jesus nasceu. Na Idade Média, na Europa, houve diversos recenseamentos: na Península Ibérica durante a dominação muçulmana (séculos VII ao XV); no reinado de Carlos Magno (712-814); e ainda o Doomaday Book, que é o maior registro estatístico feito na época, na Inglaterra, por ordem de Guilherme, o Conquistador. E nas repúblicas italianas nos séculos XII e XIII. Nas Américas, muito antes de Cristóvão Colombo, os Incas já mantinham um registro numérico de dados da população em quipus, um engenhoso sistema de cordas com nós que representavam números no sistema decimal. Assim, pode-se verificar que desde épocas remotas os governos se preocupam em realizar censos. Censo no Brasil Até 1872, os dados sobre a população brasileira eram obtidos de forma indireta, isto é, não eram feitos levantamentos com o objetivo restrito de contar o número de habitantes. As fontes de dados eram relatórios preparados com outras finalidades, como os relatórios de autoridades eclesiásticas, sobre os fiéis que freqüentavam a igreja, e os relatórios de funcionários da Colônia, enviados para as autoridades da Metrópole. Usava-se, também, como fonte de informação, as estimativas da população fornecidas pelos Ouvidores, ou outras autoridades, à Intendência Geral da Polícia. Somente a partir de 1750, visando a objetivos estritamente militares, a Coroa Portuguesa decidiu realizar levantamentos, de forma direta, da população livre e adulta, apta a ser convocada para a defesa do território. Antes da realização do Censo nacional foram realizados vários censos de caráter local ou municipal, como, por exemplo, os censos realizados no Rio de Janeiro nos anos de 1799, 1821, 1838, 1849, 1856, e 1870, em São Paulo nos anos de 1765, 1777, 1798 e 1836, e em outras cidades brasileiras. O primeiro regulamento censitário no Brasil, data de 1846. Tal regulamento definiu o caráter periódico do censo demográfico, fixando um intervalo de oito anos. Somente em 1850, o governo foi autorizado a despender os recursos necessários para a realização de uma operação do porte de um censo demográfico. O primeiro censo, então, foi programado para ocorrer em 1852. Entretanto, a operação prevista para este ano, não foi realizada. Com isso, a população revoltou-se, impedindo o levantamento que já estava em pleno início de execução. Revoltou-se contra o Decreto nº 797 de junho de 1851, então conhecido como a lei do cativeiro. Acreditava-se que o decreto era uma odiosa medida governamental visando à escravização dos homens de cor. Este episódio foi suficiente para adiar por mais 20 anos a realização do primeiro censo. Em 1870, um novo regulamento censitário determinou que os Censos cobririam todo o Território Nacional e que deveriam ocorrer a cada dez anos. Dois anos mais tarde, em 1872, foi realizado o primeiro recenseamento nacional no País, o qual recebeu o nome de Recenseamento da População do Império do Brasil. Depois deste e até 1940, novas operações censitárias sucederam-se em 1890, 1900 e 1920. Sendo que, nos anos de 1910 e 1930, não foram realizados os recenseamentos. Com a criação do IBGE, em 1938, e com a contribuição do renomado demógrafo italiano Giorgio Mortara, inaugurou-se a moderna fase censitária no Brasil. Caracterizada, principalmente, pela periodicidade decenal dos censos demográficos, nessa nova fase foi ampliada a abrangência temática do questionário com introdução de quesitos de interesse econômico e social, tais como: mão-de-obra, emprego, desemprego, rendimento, fecundidade, migrações internas, entre outros temas. Fonte: IBGE/2003
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