Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI DIEGO TENÓRIO NASCIMENTO LHAÍS REGINA SCAGLIONI RAPHAEL DA SILVA SANTOS ANÁLISE DO SETOR IMOBILIÁRIO BRASILEIRO SOB A PERSPECTIVA DA DINÂMICA DE SISTEMAS São Paulo 2016 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI DIEGO TENÓRIO NASCIMENTO LHAÍS REGINA SCAGLIONI RAPHAEL DA SILVA SANTOS ANÁLISE DO SETOR IMOBILIÁRIO BRASILEIRO SOB A PERSPECTIVA DA DINÂMICA DE SISTEMAS Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Centro Universitário da FEI, como parte dos requisitos necessários ao título de Bacharel em Administração, sob orientação do Prof. Rogério Marcos Orefice. São Paulo 2016 RESUMO A aquisição de um imóvel, que é um bem custoso, é realizada em sua maioria por meio de financiamento. Grande parte destes financiamentos é realizada por meio do Sistema Financeiro de Habitação – SFH, sendo este grande dependente dos recursos advindos da caderneta de poupança, que é sua principal fonte de recursos e vem sofrendo captações negativas desde o início de 2015. Este trabalho utilizou como metodologia a Dinâmica de Sistemas no intuito de analisar o impacto do aumento das taxas de desemprego na captação da poupança, e o consequente impacto causado no setor imobiliário brasileiro. A análise de resultados demonstra que com desemprego a 5% a poupança não sofreria captações negativas e os recursos para o financiamento imobiliário ultrapassariam R$ 225 bilhões. Com cenários de desemprego acima de 10% a poupança teria captações negativas, o que inviabilizaria a disponibilização de recursos para a realização de empréstimos imobiliários. Tais resultados evidenciam a alta dependência do setor ao nível de desemprego. Mudanças na forma de captação dos recursos podem ser feitas para garantir mais estabilidade ao setor e diminuir sua volatilidade. Palavras chave: Dinâmica de sistemas. Setor imobiliário. Financiamento. ABSTRACT The acquisition of a property, which is a very costly, takes place mostly through financing. Much of these transactions are made through the Housing Finance System - SFH, which is dependent on the large proceeds from the savings account, which is their main source of resources and funding has suffered negative since the beginning of 2015. This work used to methodology of System Dynamics in order to analyze the impact of rising unemployment rates in attracting savings and the consequent impact on the Brazilian real estate industry. The results analysis shows that a 5% unemployment savings would not suffer negative funding and resources for real estate financing would exceed R$ 225 billion. With unemployment scenarios above 10% savings would have negative funding, which would make the availability of resources for performing real estate loans. These results show the high dependence of the sector in terms of unemployment. Changes in the form of fund raising can be done to ensure more stability in the industry and reduce its volatility. Key words: System Dynamics. Real state sector. Financing. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6 2 REVISÃO TEÓRICA ....................................................................................................... 8 2.1 Sistema Financeiro Nacional ............................................................................................ 8 2.1.1 O Conselho Monetário Nacional (CMN) .................................................................... 9 2.1.2 Banco Central do Brasil – Bacen ................................................................................ 9 2.1.3 Instituições financeiras captadoras de depósito à vista ............................................ 10 2.2 Modalidades de financiamento imobiliário ..................................................................... 11 2.3 Panorama do crédito imobiliário no Brasil ...................................................................... 11 2.4 Sistema de financiamento habitacional – SFH ................................................................ 12 2.5 Sistema de financiamento imobiliário – SFI ................................................................... 13 2.6 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS .......................................................... 13 2.7 Atuais impasses do crédito imobiliário no brasil ............................................................. 14 2.8 Evolução da inflação ...................................................................................................... 16 2.9 Taxa básica de juros – SELIC......................................................................................... 16 2.9.1 Captação de recursos na caderneta de poupança .......................................................... 17 2.9.2 Evolução do financiamento imobiliário ....................................................................... 19 3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 20 3.1 Coleta de dados .............................................................................................................. 20 3.2 Procedimento ................................................................................................................. 21 3.3 Hipótese ......................................................................................................................... 23 4 ANÁLISE DE RESULTADOS ....................................................................................... 25 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 34 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 35 6 1 INTRODUÇÃO O setor imobiliário é de suma importância para a economia de um país, sendo que as habitações representam significativa parcela desse setor. A habitação é uma necessidade básica do ser humano e isso faz com que todas as famílias sejam demandantes em potencial desse bem (SANTOS, 1999). Considerando que a habitação é um bem de elevado valor monetário, torna-se necessário o financiamento em longo prazo, superando a barreira de 30 anos de duração. Devido a ser necessidade básica para todas as famílias e um setor de grande representatividade para a economia, tanto na movimentação de volume financeiro, quanto na geração de empregos, a atuação do governo no setor imobiliário torna-se indispensável, sendo que um dos principais pontos é na direção da disponibilização dos recursos, principalmente por parte das instituições financeiras (SANTOS, 1999). Atualmente no Brasil há dois sistemas de financiamentos regulamentados pelo Governo, o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). O sistema com maior representatividade é o SFH, pois representa a maior parte do volume de financiamento do setor (BACEN). A principal fonte de recurso do SFH é a caderneta de poupança, que nos últimos meses está sofrendo com captações negativas (mais saques que depósitos). O SFH foi criado para resolver o problema do déficit habitacional, em um momento em que estava iniciando o êxodo rural no País, porém hoje se verifica que esse ainda é um dos principais problemas de política pública. Com o indicador crédito/PIB abaixo de 10%, enquanto países desenvolvidos esse número ultrapassa 100%, há um grande espaço para o crescimento do crédito habitacional e consequentemente a resolução do problema de déficit habitacional.Mesmo com inúmeras mudanças no Sistema Financeiro Nacional e na própria economia brasileira, o SFH, após 50 anos de sua criação, permanece como o principal sistema de financiamento do país, Em outras economias, o modelo de financiamento habitacional é bastante desenvolvido, baseados no mercado de securitização com os recursos adquiridos no mercado secundário. No Brasil em 1997 foi criado o SFI, um inovador modelo de financiamento baseado nos sistemas de financiamento dos demais países, porém dado que os recursos são adquiridos 7 no mercado financeiro, as taxas de juros pagas por esses títulos devem ser mais atrativas que as taxas de juros pagas pelos títulos da dívida pública, que são em sua maioria baseada na taxa SELIC. Devido à importância que o setor de habitação representa para economia brasileira o propósito deste trabalho é analisar por meio da Dinâmica de Sistemas quais os cenários para o futuro do setor, caso a captação negativa da poupança e a elevação da taxa de desemprego permaneça. A escolha da Dinâmica de Sistemas como ferramenta para análise dos dados deu-se devido a sua capacidade de auxiliar na resolução de problemas complexos de múltiplas disciplinas. O presente trabalho será composto por três blocos principais, no primeiro será abordado o Sistema Financeiro Nacional, o sistema imobiliário e a contextualização do problema, no segundo bloco será apresentada a metodologia de análise e os analise dos resultados e, no terceiro, a conclusão. 8 2 REVISÃO TEÓRICA Toda a estrutura do sistema de financiamento imobiliário no Brasil obedece às normas do Sistema Financeiro Nacional, portanto se faz necessário compreender como é o funcionamento desta estrutura, assim como compreender o BACEN e o CMN que são os órgãos que regulamentam a atuação do sistema imobiliário no Brasil, sendo assim nos próximos textos serão abordados tais temas. Além disso, será realizada uma breve apresentação dos bancos de captação a vista, que são as instituições pertencentes à SBPE, que realizam as operações de crédito imobiliário. Em seguida será apresentado o sistema de financiamento imobiliário no Brasil sua história e o seu funcionamento. Após, será contextualizado o problema de pesquisa junto com as variáveis ligadas ao mesmo. 2.1 Sistema Financeiro Nacional O Sistema Financeiro Nacional – SFN – é composto por um conjunto de instituições, financeiras e não financeiras, pelos órgãos normativos e pelas entidades supervisoras. Podemos observar detalhadamente sua estrutura na tabela abaixo: Quadro 1 – Composição do Sistema Financeiro Nacional Orgãos normativos Entidades supervisoras Banco Central do Brasil - Bacen Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista Demais instituições financeiras e Bancos de Câmbio Comissão de Valores Mobiliários - CVM Bolsas de mercadorias e futuros Bolsas de valores Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP Superintendência de Seguros Privados - Susep Resseguradores Sociedades seguradoras Sociedades de capitalização Entidades abertas de previdência complemen tar Conselho Nacional de Previdência Complementar - CNPC Superintendência Nacional de Previdência Complementar - PREVIC Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiro Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão) Conselho Monetário Nacional -CMN Operadores Fonte: Banco Central do Brasil, 2010. 9 2.1.1 O Conselho Monetário Nacional (CMN) O Conselho Monetário Nacional (CMN), que foi instituído pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, é o órgão responsável por expedir diretrizes gerais para o bom funcionamento do SFN. Integram o CMN o Ministro da Fazenda (Presidente), o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil (BACEN, 2015). Dentre suas funções estão: adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa (BACEN, 2015). 2.1.2 Banco Central do Brasil – Bacen O Banco Central do Brasil foi criado pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964. É o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional (BACEN, 2015), tendo por objetivos: zelar pela adequada liquidez da economia, manter as reservas internacionais em nível adequado, estimular a formação de poupança, zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro. Dentre suas atribuições estão: emitir papel-moeda e moeda metálica, executar os serviços do meio circulante, receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias, realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras, regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis, efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais, exercer o controle de crédito, exercer a fiscalização das instituições financeiras, autorizar o funcionamento das instituições financeiras, estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras, vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. 10 Sua sede fica em Brasília, capital do País, e tem representações nas capitais dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará (BACEN, 2015). 2.1.3 Instituições financeiras captadoras de depósito à vista São elas os bancos múltiplos, os bancos comerciais, a Caixa Econômica Federal e as cooperativas de crédito. Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. A carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco público (BACEN, 2015). O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve constar a expressão "Banco" (Resolução CMN 2.099, de 1994). Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão "Banco" (BACEN, 1994). A Caixa Econômica Federal, criada em 1.861, está regulada pelo Decreto-Lei 759, de 12 de agosto de 1969, como empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda. Trata-se de instituiçãoassemelhada aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à vista, realizar operações ativas e efetuar prestação de serviços. Uma característica distintiva da Caixa é que ela prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos a programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e esporte. Pode operar com 11 crédito direto ao consumidor, financiando bens de consumo duráveis, emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos, bem como tem o monopólio do empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob consignação e tem o monopólio da venda de bilhetes de loteria federal (BACEN, 2015). Além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) (BACEN, 2015). 2.2 Modalidades de financiamento imobiliário Segundo o Portal Brasil, no Brasil há três direcionamentos distintos para utilização do financiamento habitacional, sendo essas para compra, reforma ou construção de imóveis. O crédito para a modalidade habitacional pode ser adquirido por meio de dois sistemas distintos: o SFH ou SFI. 2.3 Panorama do crédito imobiliário no Brasil Segundo Meirelles (2007), nos últimos anos os setores da economia mundial relacionado ao crédito imobiliário tem crescido consideravelmente, isso devido a um forte aumento de competição entre os participantes do mercado e a inovação de instrumentos financeiros. Em 2007, o Brasil estava vivenciando o cenário ideal para o crescimento do crédito imobiliário. Redução nas taxas reais de juros, manutenção da estabilidade de preços com a inflação baixa e captação líquida positiva da caderneta de poupança, o que segundo Meirelles (2007) são fatores primordiais para o crescimento do crédito imobiliário. Aliado a este cenário, outro fator que contribuiu para essa expansão foram algumas medidas promovidas na regulamentação das instituições financeiras que fazem parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), tais instituições captam recursos da poupança e são obrigadas a destinar parte desses recursos para a concessão de crédito imobiliário. 12 2.4 Sistema de financiamento habitacional – SFH O SFH foi criado pela Lei 4.380 de 1964, sendo a sua principal característica a possibilidade da utilização do saldo do FGTS e da caderneta de poupança como fontes de captação. No mesmo período da criação do SFH houve um ciclo de aumento do emprego no país, o que acarretou em maior arrecadação do FGTS e na popularização da caderneta de poupança, que se tornou o primeiro lugar dentre os haveres não financeiros. Com a maior arrecadação da poupança e o sucesso do SFH, surgiram as chamadas Sociedades de Crédito Imobiliário e as Associações de Poupança e Empréstimo, que integram o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo - SBPE, que são integradas por instituições financeiras especializadas na concessão de credito habitacional. Um dos principais integrantes do SFH era o Banco Nacional de Habitação - BNH, sendo que cabia a ele apresentar incentiva a formação a poupança, estabelecer condições gerais para os financiamentos, como prazo, taxa de juros, condições de pagamentos etc (FERREIRA, 2006). O BNH foi instinto em 1986, então o BACEN passou a ser responsável pela normalização do SFH, enquanto cabe ao CMN, controle e fiscalização do mesmo. (SEGRETI, 2006). O SFH existe até hoje, sendo ainda um dos principais sistemas de financiamento imobiliário do país, principalmente para a população de classe média. Segundo o Portal Brasil atualmente há algumas regras para a concessão de empréstimos por meio do SFH, sendo eles: a) é permitido utilização do FGTS para o pagamento do financiamento imobiliário; b) é possível financiar até 90% do valor do imóvel, quando utilizado o sistema de financiamento via SAC e 80% quando utilizado o sistema via PRICE; c) o CET incluindo taxa de juros, comissões e outros encargos não podem ultrapassar 12% ao ano; d) valor máximo do imóvel para os Estados: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal de R$ 750.000,00 e para os demais Estados R$ 650.000,00. 13 2.5 Sistema de financiamento imobiliário – SFI Considerando as dificuldades do SFH, foi criado em 1997 o SFI, que representaria uma nova fase para o Sistema de Financiamento Habitacional. A experiência de diversos países mostra que para o desenvolvimento do financiamento habitacional é necessário a existência de garantia efetiva de retorno, autonomia na contratação das operações e mercado imobiliário capaz de captar recursos, principalmente junto aos grandes investidores (ABECIP, 2015). Esse é um sistema próximo ao das economias mais desenvolvidas, pois não possui limite de valor do imóvel, não depende da caderneta de poupança, as taxas de juros são livres conforme o mercado e os bancos conseguem gerar novos fundings, lançando no mercado títulos do mercado secundário, porém os títulos lançados no mercado devem ter taxas atrativas, o que se torna difícil quando o cenário é de juros altos. Segundo a ABECIP, os recursos utilizados para os financiamentos imobiliários pelo SFI são captados através dos Certificados de Recebíveis Imobiliários - CRI, que é um valor imobiliário emitido pelas companhias securitizadoras. De acordo a BM&F BOVESPA, os CRI são títulos de renda fixa baseados em créditos imobiliários e emitidos por companhias securitizadoras, sendo que tanto pessoa física quanto jurídica podem adquiri-los. Segundo a ABECIP, as companhias securitizadoras foram criadas com base no mercado norte americano, e tem por finalidade a compra e a securitização de créditos imobiliários e a emissão e colocação de CRI no mercado. As securitizadoras adquirem os créditos imobiliários nos bancos que operam com SFI e concedem empréstimos para aquisição ou a produção de imóveis. 2.6 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é uma conta vinculada ao contrato de trabalho CLT, em nome do trabalhador, sendo obrigatória sua abertura por parte do empregador a partir de 05/10/1988. A conta deve ser aberta na CEF (Caixa Econômica Federal) (CAIXA, 2015). 14 Até o dia 7 de cada mês, o empregador deve depositar nessa conta o valor correspondente a 8% do salário do empregado. A conta tem atualização monetária mensal e juros de 3% a.a. O FGTS é constituído pelo total desses depósitos mensais. O empregado pode utilizar este saldo em algumas situações, por exemplo, como parte do pagamento de empréstimo imobiliário (CAIXA, 2015). Para a população com renda menor por intermédio da Caixa Econômica Federal, o governo federal por meio de programas assistencialistas, utiliza recursos do FGTS para subsidiar o financiamento de imóveis para a população de baixa renda com taxas de juros menores que as praticadas no mercado. Para enquadrar-se nesses programas é necessário o cumprimento de alguns requisitos. Os principais critérios para a concessão dessa modalidade de empréstimos são: a) renda familiar bruta máxima de R$ 4.300,00 para cidades até 250 mil habitantes em cidades com número de habitantes superior, renda máxima de R$ 5.400,00; b) taxa de juros nominais de acordo com a faixa de renda familiar, sendo para renda até R$ 3.275,00 5% a.a. e para renda até R$ 5.000,00 taxa de 6% a.a; c) valor máximo do imóvel de R$ 190.000,00. 2.7 Atuais impasses do crédito imobiliário no brasil No Brasil há espaço para o crescimento do setor imobiliário dado que a relação crédito imobiliário/PIB é baixa comparada com o mercado dos países desenvolvidos. A relação Crédito imobiliário/PIB pode ser considerada um excelente indicador para analisar a atividadeimobiliária (SEGRETI, 2006). 15 Gráfico 1 – Relação Crédito Imobiliário/ PIB Fonte: FEBRABAN, 2006 Apesar do gráfico acima tratar-se de 2006, quando o indicador era em torno de 2%, ainda é possível ter a dimensão do espaço que existe para o crescimento do mercado imobiliário brasileiro (SEGRETI, 2006). É notório que existem alguns impasses para o crescimento do crédito imobiliário no Brasil, dentre eles podemos citar a alta dependência da caderneta de poupança e a alta taxa de juros. Com a retirada de recursos da poupança, o montante total a ser aplicado em crédito habitacional diminui, pois existe uma relação direta entre o limite de aplicação e o saldo da poupança. Nesse âmbito, o que algumas correntes de pensamento alegam é que a utilização de recursos da caderneta de poupança para o financiamento de habitação é problemática devido ao fato de a poupança ser uma aplicação de curto prazo e o crédito habitacional ser uma operação de longo prazo, ou seja, o funding é incompatível para a finalidade a que se propõe (SOUSA, p. 46, 2006). Cabe ressaltar, que o Sistema de Financiamento Imobiliário, criado com o objetivo principal de preencher as lacunas deixadas pelo SFH e atender à demanda por financiamento das classes de renda mais elevada, contribuiu para a institucionalização da segregação social no País, posto que o SFI fundamenta-se na implementação da economia de mercado e não estabelece limites de financiamento ou tetos para as taxas de juros cobradas, nem valores máximos para os imóveis comercializados (SOUSA, p. 42, 2006). Nos textos seguintes serão apresentados todos os indicadores macroeconômicos, que conforme citado acima, possuem alguma relação com o crédito imobiliário. 16 2.8 Evolução da inflação A inflação após o ano de 2010 está fora da meta estabelecida pelo Banco Central do Brasil, que é de 4,5% a.a. e atualmente está em processo de contínuo aumento. Gráfico 2 – Evolução da inflação (IPCA) Fonte: IBGE e BACEN, 2015 2.9 Taxa básica de juros – SELIC A taxa básica de juros - SELIC em 2011 sofreu queda de 4,5% em comparação com o mesmo período de 2010, essa foi a menor taxa de juros dos 9 anos anteriores. Posteriormente o movimento foi contrário, retomando o processo de aumento da taxa de juros, sendo que atualmente a taxa SELIC está superior aos últimos 8 anos. 17 Gráfico 3 – Evolução da taxa SELIC Fonte: BACEN, 2015 2.9.1 Captação de recursos na caderneta de poupança A principal fonte de captação para o crédito imobiliário (SFH) é a caderneta de poupança. Sendo que os recursos captados pela Caderneta de Poupança devem ser aplicados pelos Bancos, segundo a resolução 3932 do BACEN: No mínimo 65% para crédito imobiliário, sendo que 80% deste valor obrigatoriamente deverão ser utilizados para financiamentos do SFH e os demais 20% poderão ser utilizados para vendas com as taxas de mercado SFI. Considerando que a poupança é o principal recurso para o sistema de financiamento SFH e o Saldo dessa aplicação depende da Renda das famílias, quando o país entra em recessão e atinge a renda das famílias a captação da poupança é impactada negativamente. Outro problema que existe no modelo SFH é a alta liquidez da caderneta de poupança, (MORAES, 2008). A questão da alta liquidez da caderneta poupança é um problema considerável, visto que caso ocorra alta no desemprego ou qualquer outro fator, os aplicadores podem sacar livremente os recursos sem carência de prazo e sem descontos. Abaixo um quadro com o histórico do desemprego no Brasil. 18 Gráfico 4 – Evolução do desemprego Fonte: IBGE, 2015 É possível avaliar, segundo o gráfico da ABECIP abaixo, que partir de janeiro de 2015 o Saldo total da caderneta de poupança perdeu R$ 51 bilhões. Gráfico 5 – Captação líquida da caderneta de poupança em 2015 Fonte: BACEN, 2015 O gráfico abaixo evidencia que nos últimos meses a rentabilidade da poupança está inferior a taxa de inflação, ou seja, o retorno da poupança não cobre nem mesmo a desvalorização do dinheiro, o que torna a rentabilidade da poupança negativa. 19 Gráfico 6 – Inflação x rentabilidade da poupança Fonte: ABECIP, 2015 2.9.2 Evolução do financiamento imobiliário Segundo dados do BACEN, os financiamentos imobiliários com recursos direcionados da poupança representam a grande maioria dos financiamentos habitacionais do Brasil, nos meses de 2015, foi responsável por 80% de todo os financiamentos habitacionais realizados. Nos primeiros 9 meses de 2015 o saldo financiado acumulado de crédito imobiliário para aquisição de imóveis com os recursos da poupança sofreu queda de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. No SFI, o saldo financiado também está em queda, porém em um ritmo menor, de 10%. Gráfico 7 – Volume financiado SFH e SFI Fonte: BACEN, 2015 20 3 METODOLOGIA A realidade pode ser interpretada de diferentes maneiras e existem diferentes modelos que nos auxiliam na tomada de decisões. Este trabalho tem natureza quantitativa, baseado em estatística e no modelo de Dinâmica de Sistemas, desenvolvida pelo engenheiro americano J. W Forrester na década de 50. Este estudo tratou de analisar a conjuntura atual do setor imobiliário do Brasil, neste sentido que a metodologia adotada juntamente com o auxílio do software Vensim, que tem como capacidade a análise de sistemas complexos, contribuiu para interpretar quais impactos este setor sofre com o aumento ou redução na taxa de desemprego. 3.1 Coleta de dados Neste capítulo são apresentados como foram obtidos os dados utilizados para que fosse possível analisar os elementos estruturais do setor imobiliário no Brasil. É importante ressaltar que os dados são quantitativos, secundários e foram extraídos de sites de órgãos oficiais. Os dados referentes à caderneta de poupança e a Selic foram obtidos no site do Banco Central do Brasil - o BACEN - com o intuito de obter os dados históricos para que fosse possível analisar a trajetória que esses dados estão percorrendo ao longo do tempo. Ainda com o objetivo de compreender os elementos que estruturam este setor, os dados sobre a venda de imóveis novos e usados foram obtidos no site da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança – Abecip, que nos permitiu ter os dados históricos e atuais, que nos mostram o que vem acontecendo neste setor. A inflação e dos dados sobre a empregabilidade na construção civil foram coletados no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – o IBGE. 21 3.2 Procedimento A partir da análise do setor imobiliário, estudou-se o setor com foco no setor financeiro habitacional (SFH) e o impacto da variação da taxa de desemprego neste. O modelo utilizado para modelar foi o diagrama de causas, que segundo García (2010) é um dos modelos que podem ser utilizados para representação da realidade, sendo possível inserir os elementos que compõe o sistema e relacioná-los, o que ajuda na compreensão deste, mais especificamente no caso da Dinâmica de Sistemas a compreensão dos efeitos causados pelas interações entre os elementos do mesmo. Dos elementos que se relacionam neste sistema, foram selecionados os que seguem abaixo a fim de compor o diagrama causal. a) demanda: está relacionada com o financiamento imobiliário e com a taxa de desemprego total; b) desemprego na construção civil: percentual de população desocupada pela população economicamente ativa no setor de construção civil. c) desemprego total: considerado como sendo a taxa do desemprego na construção civil mais a taxa de desemprego nos demais setores. - Desemprego Total: Desemprego na ConstruçãoCivil + Desemprego nos demais setores d) depósito: depósitos feitos na caderneta de poupança. e) saque: retiradas da caderneta de poupança. f) saldo da poupança: variável descrita como sendo os depósitos menos os saques realizados na caderneta de poupança. - Saldo da Poupança: Depósito - Saques g) recursos imobiliários: definida como o estoque saldo de poupança menos o depósito compulsório feito para o Bacen. - Recursos Imobiliários = Saldo de Poupança – Depósito Compulsório Bacen h) saldo bancos: variável descrita como sendo os recursos imobiliários menos Financiamento Imobiliário. - Saldo Bancos = Recursos Imobiliários – Financiamento imobiliário i) financiamento imobiliário: financiamentos de imóveis vendidos. Após algumas tentativas de fazer o diagrama causal, chegou-se ao modelo simplificado proposto abaixo: 22 Desemprego Construção Cívil Desemprego Total Desemprego nos demais Setores Demanda Saques Poupança Depósito Poupança Saldo Poupança Recursos dos Bancos Financiamentos imobiliários Depósito compulsório - Bacen Saldo Para Financiamento+ + + -+ + + - + - + + - Figura 1 – Representação causal simplificada do Setor Financeiro Habitacional brasileiro. Fonte: Autores Com o modelo acima proposto, para que se pudesse seguir com a simulação e testar os três cenários acima mencionados, transformou-se o diagrama causal acima no diagrama de Forrester. Saldo PoupançaDepósito Saldo bancos Recursos imobiliário Desemprego C. Civil Desemprego Total Saques Financiamento Imobiliário Desemprego demais setores Demanda Figura 2 – Diagrama de Forrester simplicado do Setor Financeiro Habitacional brasileiro. Fonte: Autores 23 Com o diagrama de Forrester pronto, definiu-se, a partir do banco de dados, se as variáveis apresentavam alto grau de correlação e quais funções descreviam as suas relações. Com o diagrama feito e as variáveis definidas, validou-se o modelo com os dados históricos para que em seguida fosse dada sequência às simulações e verificação ou não da validade das hipóteses com a utilização do software Vensim. 3.3 Hipótese Segundo dados do IBGE em 2012 o setor de construção civil movimentou mais R$ 336 bilhões. Sendo que a construção de edifícios foi o segmento mais representativo do setor, movimentando R$ 143,3 bilhões e empregando cerca de 2,8 milhões de pessoas. Tais números evidenciam a importância do setor para a economia. A piora nos principais indicadores macroeconômicos do Brasil, conforme citado nos textos anteriores, pode ter sido um dos fatores que levou a queda no volume de financiamento imobiliário. Isso pode causar sérios problemas a todos os setores da economia, dado a representatividade da construção civil. Considerando que a geração de emprego na construção civil vem diminuindo e dado a desaceleração da economia, a taxa de desemprego está aumentando ao longo dos meses. Portanto, pressupõe-se que enquanto não estiver sendo construídas novas unidades não são gerados novos empregos, consequentemente não se gera renda e poupança, o que causa impacto negativo na captação de todos os tipos de aplicações financeiras e na disponibilização de recursos para financiamento de novas unidades. Tendo em vista o cenário apontado, neste próximo bloco será utilizado a Dinâmica de Sistemas para analisar os três cenários propostos. Para a situação de pleno emprego, cuja taxa de desemprego é de 5%, a hipótese é a de que para este cenário, com aumento das vendas de imóveis se gera mais empregos no setor de construção civil, impactando o nível de emprego total, que por sua vez causa impacto positivo no nível de poupança e na demanda, aumentando os recursos disponíveis para os bancos realizarem operações de financiamento imobiliário. Para os outros dois cenários, a hipótese é a de que o SFH estará em declínio, com diminuição no nível da poupança e na demanda, ao contrário da hipótese mencionada acima, 24 acarretará na diminuição dos recursos disponíveis para os bancos realizarem operações de financiamento imobiliário. 25 4 ANÁLISE DE RESULTADOS Na análise dos resultados foram considerados três cenários distintos para o desemprego, em cada cenário foi realizada uma simulação diferente no software Vensim, sendo que a finalidade é comparar o comportamento das principais variáveis de financiamento imobiliário e caderneta de poupança ao longo do tempo, com base na variação da taxa de desemprego. Cenário I – Economia em pleno emprego, com desemprego próximo a 5%: Neste cenário o saldo de poupança não sofre captações negativas, analisando-se o prazo de 36 meses, o saldo positivo ultrapassa R$ 100 bilhões de reais. No longo prazo, a captação superaria R$ 400 bilhões. Saldo Poupança 400,000 300,000 200,000 100,000 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Saldo Poupança : Current Figura 3 – saldo da poupança com desemprego a 5% Fonte: Autores Os recursos imobiliários seguem a mesma tendência do saldo da caderneta de poupança, dado que depende diretamente do mesmo. 26 Recursos imobiliário 300,000 225,000 150,000 75,000 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Recursos imobiliário : Current Figura 4 – Recursos imobiliários com desemprego a 5% Fonte: Autores O gráfico que representa a Demanda, devido ao baixo desemprego demonstra que o volume demandado é superior aos recursos disponíveis pela caderneta de poupança. 27 Demanda 600,000 450,000 300,000 150,000 0 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) Demanda : Current Figura 5 – Demanda com desemprego a 5% Fonte: Autores Com isso o volume de financiamento imobiliário entra em um bom ritmo, porém não atendendo toda a demanda do mercado. 28 Financiamento Imobiliário 300,000 224,000 148,000 72,000 -4000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Financiamento Imobiliário : Current Figura 6 – Financiamento imobiliário com desemprego a 5% Fonte: Autores Cenário II – Desemprego com a tendência dos analistas de mercado para 2016, em aproximadamente 11%. Com o desemprego alcançando aproximadamente 11%, o saldo da poupança sofreria com captações negativas, semelhante ao cenário atual. No longo prazo essa captação ficaria negativa em R$ 22 bilhões. 29 Saldo Poupança 0 -7500 -15,000 -22,500 -30,000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Saldo Poupança : Current Figura 7 – Saldo da poupança com desemprego a 11% Fonte: Autores Os recursos imobiliários seguem a mesma tendência da caderneta de poupança. Recursos imobiliário 0 -5000 -10,000 -15,000 -20,000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Recursos imobiliário : Current Figura 8 – Recursos imobiliários com desemprego a 11% Fonte: Autores 30 Com a alta do desemprego a demanda foi impactada fortemente, a leitura do gráfico leva a entender que com o desemprego em 11% não haveria demanda por crédito imobiliário no país, consequentemente como demonstra o gráfico de volume financiado, não haveria financiamento imobiliário. Demanda 0 -75,000 -150,000 -225,000 -300,000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) Demanda : Current Figura 9 – Demanda com desemprego a 11% Fonte: Autores 31 Financiamento Imobiliário 2000 -3500 -9000 -14,500 -20,000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Financiamento Imobiliário : Current Figura 10 – Financiamento imobiliário com desemprego a 11% Fonte: Autores Cenário III – Cenário crítico, desemprego em 15% No cenário com desemprego acima de 10%, a demanda seria impactada negativamente, bem como os recursos da poupança sairiam e nãohaveria financiamento imobiliário, como demonstram os gráficos: 32 Saldo Poupança 0 -50,000 -100,000 -150,000 -200,000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Saldo Poupança : Current Figura 11 – Saldo da poupança com desemprego a 15% Fonte: Autores Recursos imobiliário 0 -50,000 -100,000 -150,000 -200,000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Recursos imobiliário : Current Figura 12 – Recursos imobiliários com desemprego a 11% Fonte: Autores 33 Demanda 0 -175,000 -350,000 -525,000 -700,000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) Demanda : Current Figura 13 – Demanda com desemprego a 15% Fonte: Autores Financiamento Imobiliário 4000 -47,000 -98,000 -149,000 -200,000 0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 Time (Month) R ea is Financiamento Imobiliário : Current Figura 14 – Financiamento imobiliário com desemprego a 15% Fonte: Autores 34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O sistema imobiliário brasileiro possui alta dependência do SFH, que por sua vez é dependente da caderneta de poupança, aplicação essa que possui alta liquidez, ou seja, em caso de alta no desemprego, os seus depositantes podem simplesmente sacar os recursos sem nenhum tipo de imposto, como ocorre em outros tipos de aplicações. Dado essa situação, foram realizados, por meio da ferramenta Vensim, três cenários distintos para analisar como será o futuro do SFH no Brasil. Caso nos próximos meses o desemprego reduza-se para 5%, os níveis de saldo poupança, demanda e nível de financiamento crescerá de forma considerável, em médio prazo (36 meses) o volume de financiamento superará R$ 70 Bilhões. Se houver o aumento do desemprego para 11%, conforme a projeção econômica dos principais analistas brasileiros para 2016, o sistema entrará em colapso, a caderneta de poupança ficará com saldo negativo, sofrendo saques e os bancos não possuirão recursos para emprestar, no cenário de 15% a situação não seria distinta, dado que com 11% começaria o cenário de deterioração. Os resultados da simulação evidenciaram o risco da alta dependência do setor imobiliário em relação à caderneta de poupança, inclusive que no próximo ano o sistema entraria em colapso e demonstra a necessidade de mudar esse sistema. Possivelmente, a melhor opção para o setor seria a maior utilização do SFI, porém enquanto a taxa de juros básica da economia (SELIC) continuar com o atual patamar, o crescimento desta modalidade de crédito estará comprometido, dado que os bancos não seriam capazes de financiar os imóveis com taxas atrativas. 35 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO E POUPANÇA – ABECIP. O SFH. 2015. Disponível em: <http://www.abecip.org.br/m3.asp?cod_pagina=453&submenu=sim&cod_pai=429> Acesso em 25 set. 2015. BANCO CENTRAL DO BRASIL – BACEN. Resolução nº 3.259, de 16 de dezembro de 2010. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/2010/pdf/res_3932_v2_P.pdf> Acesso em 12 jul. 2015. BM&F BOVESPA. Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI). 2015. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/renda-fixa/titulos-imobiliarios-CRI.aspx?Idioma=pt- br> Acesso em 07 nov. 2015. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF. Perguntas Frequentes sobre FGTS. 2015. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/beneficios-trabalhador/fgts/perguntas- frequentes/Paginas/default.aspx> Acesso em 10 nov. 2015. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS - FEBRABAN. Visão de mercado de crédito imobiliário. 2006. Disponivel em: <http://www.febraban.org.br/7Rof7SWg6qmyvwJcFwF7I0aSDf9jyV/sitefebraban/Daniel%2 0Stein%20-%20CPM%20Braxis.pptx.pdf> Acesso em 20 nov. 2015. FERREIRA, Tereza Cristina. A função social do contrato e a polêmica acerca da capitalização de juros no SFH. São Paulo. p. 11-74, 2006. Disponível em: <http://www.abecip.org.br/publicacoes/livros> Acesso em 20 out. 2015. FORRESTER, JW. Principles of Systems. Portland, Oregon: Productivity Press, 1968. ______. The Beginning of System Dynamics. In Banquet Talk at the international meeting of the System Dynamics Society. Stuttgart, Germany, Jul. 1989. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm>. Acesso em: 15 mai. 2015. ______. PAIC 2012: valor das obras da Indústria da Construção cresce 10,2% em relação a 2011. Disponível em: <http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2711> Acesso em 15 set. 2015. MEIRELLES, Henrique. Crédito Imobiliário e desenvolvimento econômico. Conjuntura da construção, São Paulo, v.5, p. 5-7, dez. 2007. Disponível em: http://www.abecip.org.br/m3.asp?cod_pagina=453&submenu=sim&cod_pai=429 http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/2010/pdf/res_3932_v2_P.pdf http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/renda-fixa/titulos-imobiliarios-CRI.aspx?Idioma=pt-br http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/renda-fixa/titulos-imobiliarios-CRI.aspx?Idioma=pt-br http://www.febraban.org.br/7Rof7SWg6qmyvwJcFwF7I0aSDf9jyV/sitefebraban/Daniel%20Stein%20-%20CPM%20Braxis.pptx.pdf http://www.febraban.org.br/7Rof7SWg6qmyvwJcFwF7I0aSDf9jyV/sitefebraban/Daniel%20Stein%20-%20CPM%20Braxis.pptx.pdf http://www.abecip.org.br/publicacoes/livros http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2711 36 <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/cc/article/view/24677>. Acesso em 19 ago. 2015. MORAES, Daniel Carrasqueira. O SFI: A securitização como instrumento de fomento do crédito imobiliário. 2008. Dissertação (Mestrado em Administração). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-02122008-112538/pt-br.php>. Acesso em 20 set. 2015. PORTAL BRASIL. Financiamento Habitacional. 2009. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2009/11/financiamento-habitacional>. Acesso em 05 jul. 2015. SANTOS, Cláudio Hamilton M. Políticas Federais de Habitação no Brasil: 1964/1998. Repositório do conhecimento do IPEA, Brasília, jul. 1999. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2814/1/td_0654.pdf. Acesso em 01 set. 2015. SEGRETI, João Bosco. Construindo um modelo permanente, equilibrado e economicamente sustentável de crédito imobiliário brasileiro. São Paulo. p. 75-108, 2006. Disponível em: <http://www.abecip.org.br/publicacoes/livros>. Acesso em 20 out. 2015. SOUSA, Aline Amaral. O papel do crédito imobiliário na dinâmica do mercado habitacional brasileiro. Rio de Janeiro, p. 42-46, 2006. Disponível em: <http://www.abecip.org.br/publicacoes/livros>. Acesso em 20 out. 2015. http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/cc/article/view/24677 http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-02122008-112538/pt-br.php http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2009/11/financiamento-habitacional http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2814/1/td_0654.pdf http://www.abecip.org.br/publicacoes/livros http://www.abecip.org.br/publicacoes/livros
Compartilhar