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RESENHA DO ARTIGO ANÁLISE DAS PRÁTICAS ANTICOMPETITIVAS NOTIFICADAS AO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA (CADE)

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RESENHA DO ARTIGO “ANÁLISE DAS PRÁTICAS ANTICOMPETITIVAS NOTIFICADAS AO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA (CADE)”
Érika Bufon Sordi
 [footnoteRef:1] [1: Resenha apresentada na disciplina de Economia e Negócios I, do Curso Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis – FEAC
Universidade de Passo Fundo - UPF
Junho, 2020
] 
O estudo “Análise das práticas anticompetitivas notificadas ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)” foi desenvolvido por Moraes et al. em 2016 com o objetivo de analisar as notificações feitas ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) no período de 1965 a 2012 e se elas se configuram como anticompetitivas, além de expor quais são os principais tipos de notificações dessas práticas na economia brasileira. Tendo em vista a escassez de pesquisas sobre as práticas que infringem o livre funcionamento do mercado, justifica-se esse estudo que permite às autoridades reguladoras inferir quais são as principais práticas anticompetitivas presentes no contexto econômico brasileiro, auxiliando assim a tomada de medidas preventivas a tais condutas. O artigo é formado por quatro seções além da introdução. Na segunda foi apresentada a revisão de literatura; na terceira são apresentados os aspectos metodológicos; na quarta há a análise e discussão dos resultados e a na quinta são apresentadas as principais conclusões.
Na revisão de literatura os autores contextualizam o histórico da política antitruste no Brasil, que teve início em setembro de 1962 com a criação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) pela Lei 4.137. No entanto foi somente em 1994, com a Lei 8.884 que o CADE ganhou autonomia orçamentária. Ainda de acordo com a Lei 8.884/94 a função do CADE era de "prevenção de atos de concentração que pudessem de qualquer forma afetar negativamente a livre concorrência no mercado em que as empresas atuassem" (MORAES et al. 2016). Porém foi somente em 2011, com a criação da Lei 12.529 e a reestruturação do CADE que entraves relacionados a pontos de difícil interpretação foram esclarecidos. Assim, ainda de acordo com os autores do estudo, a nova lei da concorrência ocasionou mudanças na defesa da concorrência no Brasil.
A primeira prática anticompetitiva apresentadas pelos autores são os atos de concentração econômica, classificados pela Lei n°.12.529/11 como aqueles que mudam a estrutura de um mercado por meio da junção de centros de poder. Como exemplos podem ser citadas as operações de fusão de duas ou mais empresas, a incorporação de uma empresa por outra que atua no mesmo setor e a associação de duas ou mais empresas. Desde 2011, essas situações precisam ser notificadas ao CADE e limites precisam ser atendidos pelas duas partes. A segunda prática mencionada é o monopólio, estrutura em que "existe apenas uma empresa no comando da oferta de um determinado produto, ressaltando que não é possível, por força de imposição de obstáculos naturais e/ou artificiais, a entrada de novos concorrentes" (FIGUEIREDO, 2009 apud MORAES et al. 2016, p.46). A terceira prática citada são os cartéis, situação em que um número limitado de empresas controla determinada área do mercado por meio da manipulação de preços.
Em relação aos aspectos metodológicos, o trabalho foi constituído por meio de uma "pesquisa qualitativa, de cunho exploratório e descritivo" (MORAES et al. 2016), devido à pouca informação encontrada na área de estudo. Desse modo, o método utilizado baseou-se na análise de conteúdo de 25 publicações do CADE entre 1965 e 2012 por meio do software Mind Manager, que facilita a gestão de informações e a visualização de resultados.
Na seção de análise e discussão de dados os autores apresentaram diferentes casos ocorridos no período analisado. Entre os atos de concentração procedentes são apresentados os casos Brasilit/Eternit e Nestlé/Garoto, entre os improcedentes estão os casos Ambev, Ipiranga e Oi/BrT. Na categoria de contratos de exclusividade (que evitam a entrada de competidores potenciais), foram apresentados três casos procedentes (Usinas Hidrelétricas no Rio Madeira, Tô contigo e Globosat) e um improcedente (Guerra das garrafas). Na categoria de monopólios os autores demonstraram quatro casos procedentes (Cláusula de raio, Caso Vale, Owens/Saint Gobain e Sadia/Perdigão) e um improcedente (Guerra das garrafas). Entre as notificações referentes à categoria cartel, nove foram classificadas como procedentes (dentre eles Cartel do aço, da areia, das britas entre outros) e uma improcedente (Pneumáticos).
Por fim, na última seção do estudo os autores retomam o objetivo do estudo e ressaltam que o setor mais citado nas notificações ao CADE foi o siderúrgico, seguido pelo ramo alimentício. Ainda, Moraes et al. (2016) destaca que as condutas apresentadas pelo estudo "podem inibir a livre concorrência e causar distorções no mercado, sendo prejudiciais, muitas vezes, para os consumidores, com a incidência de preços abusivos". Além disso, destaca-se que a análise foi direcionada às notificações (sem julgamentos das provas) e a ausência de trabalhos similares impede a comparação de resultados, portanto, "sugere-se, para trabalhos futuros, análises sobre os critérios de tomadas de decisão dos julgamentos feitos pelo CADE com a finalidade de corroborar a discussão econômica a respeito de condutas anticompetitivas e manutenção da livre concorrência" (MORAES et al. 2016).

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