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Gestão de enfermagem na atenção básica AULA 2 – O PAPEL DO ENFERMEIRO NO GERENCIAMENTO DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE A saúde enquanto negócio merece e deve ser bem gerido para que o sistema como um todo possa atender de forma justa a todas as partes envolvidas (TAJRA, 2015). Qualquer estabelecimento de saúde deve ser administrado como uma organização que busca resultados, que alcança seus objetivos preestabelecidos e se distingue pelo sucesso alcançado por sua equipe de profissionais, estes por sua vez, devem desenvolver suas atividades de forma interdependente; Administrar, em qualquer organização, significa harmonizar e coordenar pessoas quanto à utilização de recursos financeiros, materiais e informacionais a partir de técnicas administrativas de planejamento, organização e controle, sempre conduzidos por um modelo de liderança gerencial TEORIA DOS 4 E • Eficiência -> processo • Eficácia -> resultado • Economicidade -> menos custos • Efetividade -> constância EFICIÊNCIA Está relacionada à boa realização das tarefas e atividades, a fazer o trabalho conforme planejado. Isso significa, por exemplo, que o profissional exerce e realiza exatamente aquilo que lhe foi solicitado, com a melhor utilização possível dos recursos materiais, financeiros, tecnológicos, físicos e humanos. Imagine um Enfermeiro eficiente. Ele está sempre no horário, não contraria as normas e os procedimentos de trabalho, participa das reuniões, realiza suas anotações, interage tirando suas dúvidas e atende os clientes. Ele tem o desempenho dentro do esperado. “Parabéns por fazer o mínimo” EFICÁCIA A eficácia tem uma relação direta com “dar resultados”. Todos os objetivos traçados e desejados foram obtidos, pois atende às expectativas do meio e não apenas aos objetivos organizacionais; Um resultado eficaz não se preocupa apenas com aquilo que faz, mas como deve ser feito. O foco não é a forma e o método utilizado, mas as relações produzidas além da própria organização. Por exemplo: Imagine um Enfermeiro que realiza todos os procedimentos previstos, mas além disso, estabelece ótimos relacionamentos com seus clientes/pacientes, gerando mudanças nas suas práticas cotidianas, e consegue envolvê-los para uma mudança de atitude, proporciona a realização dos trabalhos sempre de forma inovadora, favorecendo a todos. Podemos dizer que ele gera resultados eficazes, proporcionando resultados diferenciados. EFETIVIDADE A efetividade tem relação com a constância de um propósito a ser realizado. O profissional e/ou o serviço devem ter claros os objetivos que se deseja alcançar, e seus esforços devem estar voltados para essa direção, para essa finalidade. Mudança de foco e de objetivo gera uma desorganização na condução de qualquer tipo de negócio. Cabe à alta direção, em conjunto com sua equipe, definir o que se deseja alcançar. Por exemplo: imagine um gestor de um estabelecimento de saúde que tem claros para si os principais planos que devem ser executados e promove esse conhecimento para sua equipe. Assim ele conseguirá fazer com que toda equipe entenda as diretrizes da organização, percebendo que ela tem um objetivo a ser atingido. ECONOMICIDADE O próprio nome já nos faz pensar: economizar, ou seja, trabalhar com o gerenciamento dos recursos de tal forma que não sejam aceitos desperdícios, ou má utilização dos recursos. Significa cuidar e zelar do que temos, para isso é essencial fazer a análise do custo/benefício. A consciência da economicidade define condutas desde os cuidados com gastos como o “cafezinho”, até a definição adequada de uma rota de visitas a comunidade, a distribuição de profissionais por atividade, à forma como lidamos com o uso de todos os recursos. Significa utilizar racionalmente os recursos disponíveis, combatendo as perdas e desperdícios. Por exemplo: na área da saúde, a economicidade é um dos principais norteadores dos gestores, pois sabemos que a saúde é um segmento caro e, diferentemente de outros setores, a incorporação de novas tecnologias não gera redução de custos, mas aumento. Pontos importantes: • Vale ressaltar que eficiência não está numa relação de subordinação da eficácia • É possível ser eficiente e não ser eficaz, da mesma forma que ser eficaz e não ser eficiente • A eficácia é uma conquista, é resultado de um esforço maior • A falta de uma constância de propósito (efetividade) gera insegurança para os demais membros da organização • Jamais um serviço atingirá a efetividade e muito menos a economicidade se não conseguir os dois primeiros “Es” • A imparcialidade deve prevalecer ao se tratar de qualquer questão • Não existem interesses particulares a se preservar • O único interesse que deve prevalecer é a organização como um todo integrado e sistêmico • Se você for atuar como um gestor na área da saúde, mantenha as quatro palavras como norteadoras de seu trabalho. Assim será mais fácil atingir uma gestão profissionalizada. O gerente não é apenas o responsável pelo planejamento, organização, coordenação e controle, para alocar os recursos de maneira adequada, mas também para mobilizar e comprometer seus funcionários na organização e produção dos serviços de saúde, que atendam as necessidades de saúde da população Campo de atuação do gerente: • Clínicas • Unidades de saúde publica • Unidades de saúde privados • Empresas seguradoras de medicina de grupo • Hospitais Portanto, este profissional de saúde participa do (a): Competência X habilidades • Planejamento, controle e avaliação da implementação de políticas públicas de saúde; • Gerenciamento dos serviços e das unidades de saúde e seus processos de trabalho • Assessoramento de estudos de custos e viabilidade e elaboração de projetos de gestão em saúde; • Levantamento estatístico de indicadores de saúde; • Previsão do sistema de estoque, compras e distribuição de material; • Acompanhamento de execução de contratos e serviços de terceiros... A REFORMA SANITÁRIA E DO DIREITO DE TER SAÚDE NO BRASIL Art. 196/1988 – “A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Lei orgânica de saúde: • 8.080/1990 • 8.142/1990 1993 – Descentralização x Municipalização 1994 – Atenção básica: organiza o fluxo dos serviços nas redes de atenção à saúde, dos mais simples aos mais complexos. A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE NO BRASIL ABS - é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas; ABS - é o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde (RAS); Por isso, é fundamental que ela se oriente pelos princípios da (o): UNIVERSALIDADE INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO Acessibilidade Responsabilização Humanização Equidade Continuidade do cuidado Participação social A gerencia das UBS possui particularidades que a diferenciam de outros setores e estão relacionadas ao seu objeto de trabalho que é a assistência à saúde da população da área adstrita É responsabilidade do gerente a “coordenação das atividades” e dos recursos para o atendimento, por meio da “coordenação dos programas de saúde” com o objetivo de “fazer a unidade funcionar” Os programas são determinados pelo ministério da saúde e preveem ações para grupos específicos voltados aos programas: • Saúde da criança • Saúdeda mulher • Saúde do idoso • Saúde do trabalhador • Saúde da família (ESF) O trabalho do gerente: o planejamento O planejamento em saúde, numa visão estratégica, se constitui num processo de caráter permanente e participativo, com uma dimensão técnica e política, que tem como produto – não acabado - um plano, que documenta e anuncia a política de saúde definida pelos diversos atores sociais envolvidos no processo; O gerente deve colaborar na elaboração do Plano Municipal de Saúde, além de coordenar a elaboração do Plano de Saúde para a área de abrangência da UBS que deverá ser aprovado e acompanhado pelo Conselho Local de Saúde. O trabalho do gerente: a coordenação /organização O trabalho do gerente: a administração de recursos humanos Sugere-se que o gerente: • Estabeleça um sistema de informação que permita quantificar e analisar o quadro de pessoal da UBS em relação aos objetivos e metas assistenciais; • Recepcione os servidores recém-admitidos estabelecendo seus direitos e deveres; • Elabore a escala de trabalho e de férias dos trabalhadores e realize a redistribuição de pessoal, quando necessário; • Estabeleça programas contínuos de supervisão e avaliação de desempenho; • Orientar os trabalhadores sobre o cumprimento das normas e rotinas do serviço, além de avaliar A DESCENTRALIZAÇÃO é uma das principais estratégias de construção do SUS, pois com a municipalização as instâncias de poder locais devem assumir para si a tarefa de construção de um novo modelo assistencial que não deve se restringir às demandas da doença, mas desenvolver ações que melhorem a qualidade de vida e saúde da população. e autorizar a liberação dos trabalhadores para férias, licença, afastamentos, cursos... O trabalho do gerente: a supervisão A ação supervisora deve ser vinculada à análise do processo de trabalho na UBS, identificação de problemas e busca de soluções, visando a reorganização de práticas de forma a alcançar os objetivos descritos no Plano Local de Saúde. Observação direta Entrevistas com clientes, trabalhadores e comunidade Revisão de documentos técnicos Orientação: reunião e avaliação quantitativa de dados Avaliação qualitativa dos serviços é importante também que sejam utilizados os seguintes instrumentos de supervisão: Mapas de produtividade Relatório estatístico Prontuário dos clientes Fichas de avaliação e acompanhamento Manual de técnicas, normas e procedimentos Modelos de avaliação de desempenho e relatório de serviço. Para isso, os gerentes precisam ter como requisitos: competência profissional, habilidade para se relacionar com as pessoas, motivação para o desenvolvimento dos trabalhadores de saúde e capacidade para envolver os funcionários e a comunidade nas decisões relativas às rotinas de trabalho O trabalho do gerente: a administração de recursos materiais A gerência dos recursos materiais tem como objetivo coordenar todas as atividades necessárias para garantir o suprimento de equipamentos, materiais e medicamentos em todos os setores, de maneira que a prestação de seus serviços não sofra interrupções prejudiciais à clientela. Sugere-se que os gerentes realizem as seguintes atividades: • Coordenar e supervisionar as atividades relacionadas com a previsão, provisão, aquisição, transporte, recebimento, armazenamento, conservação, distribuição e controle dos recursos materiais • Solicitar a manutenção dos equipamentos • Emitir parecer quanto a qualidade e adequação dos recursos materiais e supervisionar o uso do material de modo a garantir a adequada utilização • Administração destes recursos na UBS deve envolver as funções de previsão, provisão, organização e controle. O trabalho do gerente: a gestão orçamentária e financeira dos recursos de saúde O gerente da UBS participa de maneira indireta da gestão orçamentária. • Sua atuação compreende: estimulo à participação democrática da população na análise da aplicação dos recursos públicos, discussão sobre a proposta orçamentária e prestação de contas e elaboração das "informações" que são utilizadas como critério para o repasse dos recursos do fundo de saúde; • Estas informações compreendem o perfil demográfico da região, perfil epidemiológico da população, desempenho técnico e econômico do período anterior e características quantitativas e qualitativas da UBS. O trabalho do gerente: a avaliação Para viabilizar o processo de avaliação nas UBS, o gerente deve considerar os seguintes aspectos: • Resolutividade: acesso aos serviços de saúde nos diferentes níveis de complexidade do sistema; • Sistema de referência e contra-referência • Análise quantitativa dos serviços (produtividade e cobertura) • Análise qualitativa dos serviços (satisfação dos usuários, aceitabilidade) • Impacto das ações de saúde (mortalidade infantil, mortalidade geral, mortalidade por causa, idade, sexo) • Distribuição dos atendimentos ambulatoriais por causa, idade, sexo e procedimentos • Incidência e prevalência de doenças de notificação compulsória
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