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Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 84 A Declaração da OIT dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e as Constituições dos países do MERCOSUL: análise comparativa com vistas a uma harmonização legislativa Claudio Santos da Silva Advogado, Mestrando em Direito do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB, Professor de Direito do Trabalho e de Direito Sindical do Curso de Direito do UniCEUB claudiosantos@uol.com.br Resumo: A Declaração da Organização Internacional do Trabalho dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, aprovada em 1998, atribuiu status especial às seguintes matérias: liberdade de associação e liberdade sindical e o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; eliminação do trabalho forçado ou obrigatório; abolição do trabalho infantil; e eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação. Com a sua incorporação nas respectivas constituições nacionais e o necessário acompanhamento de sua aplicação, pode-se vislumbrar uma desejada aproximação legislativa na matéria de direitos fundamentais sociais. A Declaração é um instrumento importante para proporcionar a harmonização legislativa dos países que integram o MERCOSUL. Para tanto, deve-se abordar as regras de Direito Comparado, o contexto da questão social e a Declaração Sociolaboral do MERCOSUL. A forma de incorporação dos tratados e a hierarquia das convenções nos seus respectivos ordenamentos constitucionais são igualmente analisadas. Esse fator assume importância relevante para a efetiva integração econômica e política. Palavras-chave: OIT; Direitos Fundamentais; MERCOSUL; Harmonização Legislativa. Sumário:1 Introdução – 2 Direito Comparado – 2.1 Razões da Comparação – 2.2 Métodos Comparativos – 3 Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho – 3.1 Contextualização da Questão Social no MERCOSUL – 3.2 Declaração da OIT dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho – 3.3 Declaração Sociolaboral do MERCOSUL – 4 Integração dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho nas Constituições dos países do MERCOSUL – 4.1 Argentina – 4.2 Brasil – 4.3 Paraguai – 4.4 Uruguai – 5 Perspectivas de harmonização legislativa – 6 Conclusão - Referências 1 Introdução A Declaração da Organização Internacional do Trabalho dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho (Declaração da OIT), aprovada em 1998, constitui-se em um instrumento que consagra, por intermédio de suas convenções, a necessidade de observância, por parte dos países, de determinadas normas diretamente ligadas à dignidade do trabalhador. Devem ser observadas por todos os países-membros da OIT independentemente de haverem ou não ratificado as convenções eleitas como fundamentais. Trazendo essas normas para o cenário da integração regional almejada por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em que se busca uma crescente uniformização legislativa, a Declaração da OIT surge como um balizador para uma desejável e necessária harmonização legislativa, especialmente em matéria de Direito Social. Pretende-se, a partir Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 85 desses dois cenários, enumerar elementos para uma possível harmonização legislativa trabalhista nos países que compõem o MERCOSUL1. Para tanto, faz-se, inicialmente, uma abordagem sobre a definição e os métodos do Direito Comparado. O objetivo é lançar os fundamentos epistemológicos que embasarão a tentativa de harmonizar as legislações pela incorporação da Declaração da OIT aos respectivos ordenamentos jurídicos constitucionais. A importância da compreensão dessa disciplina para os objetivos pretendidos com a comparação entre as Cartas Políticas dos quatro países que integram o MERCOSUL. Em seguida, contextualiza-se o surgimento da Declaração da OIT no cenário jurídico internacional, e a necessidade do seu seguimento e de sua aplicação nos países que integram a OIT. Necessária a referência a Declaração Sociolaboral do MERCOSUL que, de uma certa forma, abarca os princípios contidos naquela outra. Apontar-se-á em que medida esse instrumento tornou-se ineficaz para a pretendida harmonização. A partir da discussão dos direitos sociais da Declaração da OIT que estão presentes no MERCOSUL, procurar-se-á demonstrar em que sentido as Constituições de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai também prevêem essas normas. É esse o corte epistemológico que se faz para a presente análise. A forma com que os tratados são incorporados aos ordenamentos jurídicos internos de cada país também será analisada. Tal medida torna-se importante porque se pretende uma harmonização legislativa com base nas convenções da OIT. Destarte, buscou-se identificar as simetrias existentes entre as respectivas Cartas tendo em vista que todas elas foram recentemente reformadas para adaptarem-se aos processos de redemocratização que os respectivos países passaram na década de oitenta. Por fim, após a análise constitucional, serão feitos comentários sobre as perspectivas de uma harmonização legislativa dentro da área de direitos sociais, em contraposição à idéia de aprovar-se uma Carta Social do MERCOSUL. 2 Direito comparado 2.1 Razões da comparação Não existem mais dúvidas hodiernamente acerca da autonomia do Direito Comparado como uma disciplina jurídica dos cursos jurídicos, descartada a idéia de que se trata de um método simplesmente. Trata-se de um ramo do Direito que se desenvolveu e alcançou o seu lugar no cenário acadêmico. Nas palavras de David2, constitui-se em “um elemento necessário de toda a ciência e cultura jurídicas”. Apresenta, aos operadores do direito, diversas vantagens, assim como habilita a utilizar os direitos estrangeiros; revela-se um instrumento científico a serviço do jurista. 3 A aplicação do Direito Comparado não significa simplesmente colacionar normas jurídicas de outros países. Deveras, como alerta Dantas4, “não poucos pensam que, no simples fato de citarem o direito estrangeiro em seus estudos, isto significa que estejam fazendo estudo 1 Mercado Comum do Sul. 2 DAVID, René. Os grandes sistemas de direito contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 2. 3 SERVAIS, Jean-Michel. Elementos de direito internacional e comparado do trabalho. São Paulo: LTr, 2001, p. 20. 4 DANTAS, Ivo. Direito constitucional comparado: introdução, teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 25. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 86 comparado”. Na verdade, trata-se de um estudo que deve levar em consideração as especificidades de cada ordenamento jurídico a ser comparado. A análise das constituições dos países que integram o MERCOSUL com vistas a uma possível harmonização legislativa deve levar em consideração esse aspecto do Direito Comparado. Não se pretende incorrer no equívoco de apenas cotejar as respectivas cartas, consoante a advertência de que “muitas vezes ocorre que a análise justapõe estruturas constitucionais estrangeiras sem compará-las, fugindo, portanto, ao próprio objetivo da matéria”5. Busca-se efetuar a comparação com base nas convenções que integram a Declaração da OIT. Deve ter-se a preocupação de detectar, sistematicamente, semelhanças e diferenças em torno de pontos específicos. Buscar semelhanças e dessemelhanças entre os modelos, ou seja, “habrá que considerar así los sistemas jurídicos en su conjunto, empezando por las fuentes del Derecho y por los principios generales de cada sistema”6. Levar em consideração a legislação, jurisprudência, o conhecimento do meio social, a prática contratual, a tendência da técnica jurídica. Comparar as normas de Direito do Trabalho inscritas nas constituições dos quatro países do MERCOSUL significará “distanciar-se com relação a seu direito nacional, relativizar as opções que consagrou, refletir sobre as estruturas que implantou e as causas das variações constatadascom referência a outros direitos nacionais”7. Trata-se, por via de conseqüência, de “harmonizar não só dois ou vários textos jurídicos, também as soluções escolhidas”, que, de seu turno, “têm seus fundamentos na história (sobretudo social no que diz respeito) do país considerado, no contexto político, econômico, social, cultural e na força respectiva dos diferentes grupos intermediários (especialmente na ocorrência de associações patronais e sindicais)”8. Existe mais uma razão para efetuar a comparação entre as normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais do trabalho dos países que integram o MERCOSUL: a política, que é ligada à regionalização e a internacionalização das economias nacionais, onde um duplo objetivo é perseguido: justiça social, já que o nivelamento é buscado “por cima” ou, em todo caso, com garantia das normas mínimas de proteção, e de livre intercâmbio econômico, pois se procura evitar a desfiguração da concorrência econômica com excessivas diferenças de custos sociais9. Ainda em relação ao Direito do Trabalho, o estudo do Direito Comparado ajuda na formação de normas internacionais do trabalho com vistas à convergência e à harmonização. Identificar um denominador jurídico comum no campo do trabalho tem sua expressão mais recente em introduzir, nos tratados internacionais de comércio, a chamada cláusula social – normas mínimas de trabalho a serem observadas pelos diversos parceiros comerciais10. 5 Ana Lúcia Tavares, apud DANTAS, op. cit., p. 25. 6 Enrico Dell’Aquila, apud DANTAS, op. cit., p. 27. 7 SERVAIS, Jean-Michel. Elementos de direito internacional e comparado do trabalho. São Paulo: LTr, 2001, p. 20. 8 SERVAIS, op. cit., p. 20. 9 Ibid., p. 20-21. 10 Ibid., p. 22. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 87 2.2 Métodos comparativos Como bem assevera Servais11, todo o estudo comparativo exige esforço de compreensão de um pensamento estrangeiro, permitindo relativizar as análises e interpretações fundadas em seu próprio sistema. Contudo, não pode ficar no nível dos textos. Deve construir-se, como pano de fundo, com as especificidades dos países analisados, sua história e cultura, a respectiva força de seus principais atores sociais (associações patronais e confederações sindicais em suas relações com a alta administração do Estado), o contexto político e filosófico, o substrato econômico, o papel da lei na organização social, etc.12. A comparação dos direitos não se fundamentará exclusivamente na letra dos textos, mas na maneira em que são postos em prática. As Convenções e recomendações do trabalho constituem, ao mesmo tempo, preciosos instrumentos de análise e referências de grande valor para medir o grau de correspondência de um dado direito com os princípios geralmente aceitos em âmbito universal 13. É de sublinhar-se que todos os países que integram o MERCOSUL são da mesma Família Jurídica14, qual seja, a romano-germânica, que agrupa países em que a Ciência do Direito formou-se sobre a base do Direito Romano, onde as regras jurídicas são concebidas como sendo de conduta, estritamente ligadas a preocupações de justiça e moral, e elaboradas por razões históricas, visando regular as relações entre os cidadãos15. Ademais, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai adotam o regime presidencialista e todos passaram por regimes autoritários na metade final do século passado, o que provocou, com a recente redemocratização, a alteração das suas respectivas Constituições, vindo a abarcar princípios fundamentais consagrados em diversos tratados, inclusive os referentes às convenções da OIT. 3 Princípios e direitos fundamentais no trabalho 3.1 Contextualização da questão social no MERCOSUL A origem próxima do MERCOSUL remonta a março de 1991, quando Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai firmaram o Tratado de Assunção, com vistas à implementação de uma zona regional de cooperação e, posteriormente, de integração econômica. Por meio de um documento adicional, o Protocolo de Ouro Preto, firmado em 17 de dezembro de 1994, os referidos países consolidavam as bases de um projeto integracionista da sub-região com o escopo de estabelecer um “Mercado Comum do Sul”, dotado, a partir de então, de personalidade jurídica internacional. Os quatro países têm consciência de que a implementação efetiva de um mercado comum deverá implicar a plena vigência das liberdades fundamentais que consolidam um verdadeiro processo integracionista, vale dizer, a livre circulação de mercadorias, liberdade de 11 Ibid., p. 28. 12 SERVAIS, op. cit., p. 28. 13 Idem, p. 32. 14 Segundo René David (op. cit., p. 16), “é possível agrupar os diferentes direitos em ‘famílias’, da mesma maneira que nas outras ciências”. 15 DAVID, op. cit., p. 17-18. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 88 estabelecimento, livre circulação de trabalhadores, liberdade de circulação de capitais e liberdade de concorrência, além da existência de instituições de caráter supranacionais16. As medidas a serem adotadas pelos Estados-partes devem levar em consideração esses aspectos necessariamente. A literatura produzida a respeito é acordante em ressaltar que o “sucesso do MERCOSUL depende em grande parte da elaboração e do progresso que se conseguir imprimir à sua ordem jurídica como Ordem autônoma em relação aos Direitos estaduais”17. Contudo, diante dos aspectos políticos que circundam o processo de integração do MERCOSUL, ainda não se pode falar em criação de organismos institucionais supranacionais, pelo menos na presente etapa. No que se refere ao tema aqui abordado, é importante destacar que os órgãos relacionados com as questões do trabalho, bem como as sociais, não vieram, em absoluto, no primeiro momento, quer na ordem cronológica, quer na preocupação dos Estados-partes quando da elaboração do Tratado de Assunção e de seus anexos18. Apenas em um momento seguinte, quando da conformação institucional do MERCOSUL é que o tema social veio à baila. É preciso resgatar a inclusão da temática social no MERCOSUL. Em dezembro de 1991, na reunião dos quatro Presidentes dos países em Brasília, discutiu-se o Protocolo Adicional que criou o Subgrupo 11 “Assuntos Trabalhistas”. Sua função foi definida como sendo genericamente “a análise dos assuntos trabalhistas”19. Posteriormente, pela Resolução GMC20 n.º 11/92, passou a chamar-se “Relações Trabalhistas, Emprego e Seguridade Social”. A nova estrutura do GMC aprovada pela Resolução GMC n.º 20/95, o Subgrupo de Trabalho n.º 11 passa a levar o n.º 10, com a denominação “Assuntos Trabalhistas, Emprego de Seguridade Social”. É oportuno salientar que a organização sindical dos trabalhadores exerceu um importante papel nesse assunto. Deveras, a Coordenadoria das Centrais Sindicais apresentou aos presidentes dos países do MERCOSUL, em janeiro de 1994, em Montevidéu, um projeto de Carta dos Direitos Fundamentais, que se baseou nas convenções e recomendações da OIT e nos princípios de outros documentos jurídicos internacionais garantidores de direitos sociais, com as finalidades básicas de: a) incorporar institucionalmente a dimensão social ao MERCOSUL; b) aprovar instrumentos que garantam direitos sociais essenciais; c) obrigar os países-membros a ratificar, aplicar e cumprir as convenções da OIT; d) estabelecer a progressividade dos direitos fundamentais.21. O Protocolo de Ouro Preto estabeleceu a estrutura institucional definitiva do MERCOSUL. Entre os órgãos definitivos, aquele documento regulamenta em seus artigos 28 a 30 um Foro Consultivo Econômico-Social. Ele é o único órgão de competência trabalhista, entre os 16 BELTRAN, Ari Possidonio. Os impactos da integração econômica no direito do trabalho: globalização e direitos sociais. SãoPaulo: LTr, 1998. p. 164. 17 BELTRAN, op. cit., p. 164, apud QUADROS, Fausto de. In: BASSO, Maristela. Mercosul: seus efeitos... 18 Ibid., p. 166. 19 Resolução n.º 11/91 do Grupo Mercado Comum, conforme BELTRAN, op. cit., p. 167. 20 Grupo Mercado Comum. 21 KÜMMEL, Marcelo Barroso. As Convenções da OIT e o Mercosul. São Paulo: LTr, 2001. p. 64. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 89 previstos como permanente pelos tratados constitutivos do MERCOSUL, na medida em que o atual Subgrupo n.º 10, como visto, foi criado por resolução do GMC e faz parte de sua estrutura interna. Tem função consultiva e se manifestará mediante Recomendações do GMC (art. 29)22. O aspecto social integra uma parcela importante do processo integracionista. E nesse aspecto, a Declaração da OIT apresenta-se como um fator catalisador para a legislação laboral dos quatros países do MERCOSUL. Como assevera Beltran, parece evidente que o legislador da carta máxima constitutiva do Mercosul preocupou-se com os desníveis existentes na região, não só sobre aspectos econômicos, mas também [...] encargos sobre o fator trabalho, densidade da economia informal, etc. No decorrer do processo rumo ao mercado comum tais diversidades deverão ser, na medida do viável, eliminadas, ou no mínimo, amenizadas, com o objetivo de ser atingida a maior homogeneidade possível entre os Estados-partes23. 3.2 Declaração da OIT dos princípios e direitos fundamentais no trabalho A década de 1990, por suas especificidades, proporcionou um ambiente propício para o início de um debate sobre normas fundamentais do trabalho, tanto fora como dentro da OIT, tendo em vista, segundo a análise comum, a globalização, a revolução tecnológica e da informação, o fim da Guerra Fria e a emergência de uma economia de mercado. O crescimento econômico por si só não era suficiente para proporcionar um crescimento igualitário entra as nações que integram o sistema internacional, sobretudo no que é pertinente ao Direito do Trabalho. O debate sobre o comércio e as normas trabalhistas (denominado “debate sobre a cláusula social”) aflorou de forma mais contundente quando foi criada a Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1994. Neste mesmo ano, a OIT iniciou um extenso exame das questões relacionadas com as normas fundamentais que abarcassem esse pretendido enfoque social. Em 1995, a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Social, celebrada em Copenhague, fixou uma séria de compromissos que definiram um novo campo de ação. A Conferência oferecia uma oportunidade de desenvolver o consenso social que dá sustentabilidade ao consenso político econômico e introduz a fraternidade e a solidariedade com um componente essencial das relações humanas. Estava preparado o terreno para a aprovação da Declaração. Em junho de 1998, a integração da Declaração da OIT relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, adotada na 86.ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho em 199824. A Declaração da OIT adveio ao cenário jurídico internacional, segundo se extrai de seus considerandos, com o objetivo de proporcionar o caminhar paralelo entre o progresso social e o progresso econômico e o desenvolvimento. Trata-se de um instrumento promocional mediante o qual governos, empregadores e trabalhadores reafirmam os princípios fundamentais consagrados na Constituição da Organização25. 22 BELTRAN, op. cit., p. 169. 23 Ibid., p. 169. 24 O texto da Declaração da Organização Internacional do Trabalho relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, assim como os seus considerandos, pode ser acessado na página da OIT na rede mundial de computadores: <http://www.ilo.org/dyn/declaris/DECLARATIONWEB.static_jump?Var_Language=SP&var_pagena me=DECLARATIONTEXT>. Acesso em: 22 jan. 2005. Tradução nossa. 25 Aprovada na 26.ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho, na Filadélfia, em 1944. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 90 A Declaração compromete os Estados Membros a respeitar e a promover os princípios e direitos compreendidos em quatro categorias, tenham eles ratificado ou não as respectivas Convenções, que disciplinam os seguintes assuntos: a liberdade de associação e a liberdade sindical e o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva (Convenções n.ºs 87 e 98); a eliminação do trabalho forçado ou obrigatório (Convenções n.ºs 29 e 105); a abolição do trabalho infantil (Convenções n.ºs 138 e 182); e a eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação (Convenções n.ºs 100 e 111). Dos países que serão objeto de estudo, o Brasil ainda não ratificou a Convenção n.º 87 (Liberdade Sindical). 3.3 Declaração sociolaboral do MERCOSUL Destaque-se, por fim, que os referidos países adotaram princípios e direitos na área do trabalho, consubstanciados na Declaração Sociolaboral do MERCOSUL, aprovada em 10 de dezembro de 1998, contemplando os temas abarcados pelas referidas Convenções, quais sejam, não discriminação e promoção da igualdade26, eliminação do trabalho forçado27, proteção ao trabalho infantil e de menores28 e liberdade sindical e negociação coletiva29. 26 “Art. 1º Todo trabalhador tem garantida a igualdade efetiva de direitos, tratamento e oportunidades no emprego e ocupação, sem distinção ou exclusão por motivo de raça, origem nacional, cor, sexo ou orientação sexual, idade, credo, opinião política ou sindical, ideologia, posição econômica ou qualquer outra condição social ou familiar, em conformidade com as disposições legais vigentes. Os Estados Partes comprometem-se a garantir a vigência deste princípio de não discriminação. Em particular, comprometem-se a realizar ações destinadas a eliminar a discriminação no que tange aos grupos em situação desvantajosa no mercado de trabalho. [...] Art. 3º Os Estados Partes comprometem-se a garantir, mediante a legislação e práticas trabalhistas, a igualdade de tratamento e oportunidades entre mulheres e homens.” 27 “Art. 5º Toda pessoa tem direito ao trabalho livre e a exercer qualquer ofício ou profissão, de acordo com as disposições nacionais vigentes. Os Estados Partes comprometem-se a eliminar toda forma de trabalho ou serviço exigido a um indivíduo sob a ameaça de uma pena qualquer e para o qual dito indivíduo não se ofereça voluntariamente. Ademais, comprometem-se a adotar medidas para garantir a abolição de toda utilização de mão-de- obra que propicie, autorize ou tolere o trabalho forçado ou obrigatório. De modo especial, suprime-se toda forma de trabalho forçado ou obrigatório que possa utilizar-se: a) como meio de coerção ou de educação política ou como castigo por não ter ou expressar determinadas opiniões políticas, ou por manifestar oposição ideológica à ordem política, social ou econômica estabelecida; b) como método de mobilização e utilização da mão-de-obra com fins de fomento econômico; c) como medida de disciplina no trabalho; d) como castigo por haver participado em greves; e) como medida de discriminação racial, social, nacional ou religiosa.” 28 “Trabalho infantil e de menores Art. 6º A idade mínima de admissão ao trabalho será aquela estabelecida conforme as legislações nacionais dos Estados Partes, não podendo ser inferior àquela em que cessa a escolaridade obrigatória. Os Estados Partes comprometem-se a adotar políticas e ações que conduzam à abolição do trabalho infantil e à elevação progressiva da idade mínima para ingressar no mercado de trabalho. O trabalho dos menores será objeto de proteção especial pelos Estados Partes, especialmente no que concerne à idade mínima para o ingresso no mercado de trabalho e a outras medidas que possibilitem seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, profissional e moral. A jornada de trabalho para esses menores, limitada conforme aslegislações nacionais, não admitirá sua extensão mediante a realização de horas extras nem em horários noturnos. O trabalho dos menores não deverá realizar-se em um ambiente insalubre, perigoso ou imoral, que possa afetar o pleno desenvolvimento de suas faculdades físicas, mentais e morais. A idade de admissão a um trabalho com alguma das características antes assinaladas não poderá ser inferior a 18 anos.” 29 “DIREITOS COLETIVOS Liberdade de associação Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 91 Quanto a este tema, o Brasil fez a ressalva de que a sua representação sindical reserva-se o direito de não adesão à redação proposta para o Art. 10, especificamente quanto à admissão da negociação e contratação coletiva sem representação sindical. Os próprios considerandos da Declaração Sociolaboral do MERCOSUL reconheceram a importância da Declaração da OIT para que as normas sociais pudessem ser inseridas nos respectivos ordenamentos jurídicos30. É oportuno recordar que, com o intuído de fortalecer o tratamento das questões sociais no MERCOSUL, consagrando direitos trabalhistas reconhecidos em convenções internacionais, a Declaração Sociolaboral foi aprovada pelo CMC. No entanto, esta aprovação ocorreu na referida Reunião sem que o CMC o fizesse por meio de uma Decisão. Por esse motivo, “ela não pode ser internalizada nas ordens jurídicas nacionais, o que lhe retira qualquer possibilidade de eficácia”31. Art. 8º Todos os empregadores e trabalhadores têm o direito de constituir as organizações que considerem convenientes, assim como de afiliar-se a essas organizações, em conformidade com as legislações nacionais vigentes. Os Estados Partes comprometem-se a assegurar, mediante dispositivos legais, o direito à livre associação, abstendo-se de qualquer ingerência na criação e gestão das organizações constituídas, além de reconhecer sua legitimidade na representação e na defesa dos interesses de seus membros. Liberdade sindical Art. 9º Os trabalhadores deverão gozar de adequada proteção contra todo ato de discriminação tendente a menoscabar a liberdade sindical com relação a seu emprego. Deverá garantir-se: a) a liberdade de filiação, de não filiação e desfiliação, sem que isto comprometa o ingresso em um emprego ou sua continuidade no mesmo; b) evitar demissões ou prejuízos a um trabalhador por causa de sua filiação sindical ou de sua participação em atividades sindicais; c) o direito de ser representado sindicalmente, de acordo com a legislação, acordos e convênios coletivos de trabalho em vigor nos Estados Partes. Negociação coletiva Art.10 Os empregadores ou suas organizações e as organizações ou representações de trabalhadores têm direito de negociar e celebrar convenções e acordos coletivos para regular as condições de trabalho, em conformidade com as legislações e práticas nacionais. Greve Art. 11 Todos os trabalhadores e as organizações sindicais têm garantido o exercício do direito de greve, conforme as disposições nacionais vigentes. Os mecanismos de prevenção ou solução de conflitos ou a regulação deste direito não poderão impedir seu exercício ou desvirtuar sua finalidade.” 30 “Considerando que os Estados Partes, além de membros da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificaram as principais convenções que garantem os direitos essenciais dos trabalhadores, e adotam em larga medida as recomendações orientadas para a promoção do emprego de qualidade, das condições saudáveis de trabalho, do diálogo social e do bem-estar dos trabalhadores; Considerando, ademais, que os Estados Partes apoiaram a ‘Declaração da OIT relativa a princípios e direitos fundamentais no trabalho’ (1998), que reafirma o compromisso dos Membros de respeitar, promover e colocar em prática os direitos e obrigações expressos nas convenções reconhecidas como fundamentais dentro e fora da Organização; Considerando que os Ministros do Trabalho do MERCOSUL têm manifestado, em suas reuniões, que a integração regional não pode confinar-se à esfera comercial e econômica, mas deve abranger a temática social, tanto no que diz respeito à adequação dos marcos regulatórios trabalhistas às novas realidades configuradas por essa mesma integração e pelo processo de globalização da economia, quanto ao reconhecimento de um patamar mínimo de direitos dos trabalhadores no âmbito do MERCOSUL, correspondente às convenções fundamentais da OIT;” 31 KÜMMEL, op. cit., p. 65. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 92 Nesse sentido, a Declaração Sociolaboral do MERCOSUL “nada mais é do que uma declaração de princípios, sem caráter sancionador e sem eficácia normativa, capaz de permitir o acionamento dos mecanismos judiciários existentes estatais quando da violação de suas regras”32. Não obstante, é um marco para que os países envolvidos busquem uma harmonização legislativa com base nessas normas. 4 Integração dos princípios e direitos fundamentais no trabalho nas Constituições dos países do MERCOSUL A integração da Declaração da OIT nos países do MERCOSUL implica saber não só a forma de incorporação dos tratados celebrados, como também a hierarquia das convenções nos seus respectivos ordenamentos constitucionais. Mais uma vez vem à baila a discussão entre monismo e dualismo. Este, parte do pressuposto que existem duas ordens jurídicas independentes – a interna e a internacional – e que há necessidade de que haja o processo de incorporação dos tratados celebrados pelo país. Aquele, de seu turno, entende que existe apenas uma ordem jurídica, não fazendo distinção entre internacional e interna, com a prevalência de uma ou de outra, a depender do caso. Para efeitos das normas aprovadas pela OIT, nenhum dos estados parte do Mercosul conta em sua constituição com norma que disponha a operatividade imediata das Convenções aprovadas no âmbito da OIT. Em todos os casos, é necessário um ato legislativo através do qual a norma internacional seja recebida pelo ordenamento interno, extremo que coloca as constituições dentro das características do sistema dualista33. 4.1 Argentina Procedendo-se à análise do arcabouço constitucional argentino, a despeito de todas as suas oscilações políticas, constata-se que se trata da mesma norma desde 1853. Ela sofreu modificações nos anos de 1860, 1866, 1957 e 1994. Esta última, em especial, teve uma repercussão mais direta nas relações de trabalho34. Ela incorporou os direitos sociais ao seu texto pela primeira vez. A sistemática de incorporação de tais direitos sociais faz-se por meio de estruturação de princípios e garantias gerais a serem observados pela legislação infraconstitucional; por conseguinte, não elenca nem enumera direitos35. A Argentina pode participar de processos de integração supranacionais. Deveras, segundo se depreende da primeira parte do inciso 24 do artigo 75 da Constituição Argentina, está recepcionada, como princípio de direito público argentino, o fenômeno da integração e o direito comunitário supranacional. Segundo Mansueti, 32 Ibidem, p. 65. 33 MANSUETI, Hugo Roberto. Derecho del trabajo en el Mercosur: aspectos laborales de la integración, normas del trabajo comparadas: asimetrías: armonización. Buenos Aires: Ed. Ciudad Argentina, 1999. p. 110. 34 CORDEIRO, Wolney de Macedo. A regulamentação das relações de trabalho individuais e coletivas no âmbito do Mercosul. São Paulo: LTr, 2000. p. 193. 35 CORDEIRO, op. cit. p., 144. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 93 se trata de la única interpretación que permitiría compatibilizar el texto del art. 27 de la Constituición con la posibilidad de delegación de competencias prevista por el art. 75 inc. 24, máxime teniendoem cuenta que, como muy bien apunta Orlando J. Gallo36, el mismo artículo em su inciso 22, otorga jerarquía constitucional a uma serie de tratados sobre derechos humanos, ‘con la aclaración que no derogan artículo alguno de la primera parte de la Constituición37. A Constituição Argentina traz alguns princípios e direitos fundamentais no trabalho, mais especificamente no artigo 14 bis38. Assegura aos trabalhadores condições dignas e eqüitativas de trabalho, organização sindical livre e democrática, reconhecida pela simples inscrição em um registro especial. Não há, contudo, referência ao trabalho infantil; quanto ao trabalho forçado, o art. 17 da Constituição Argentina estabelece que “ningún servicio personal es exigible, sino en virtud de ley o de sentencia fundada en ley”. No que se refere ao princípio da não descriminação em virtude de gênero, tem-se a obrigatoriedade de igual remuneração por igual tarefa, consistindo na aplicação específica do direito à igualdade, que está consagrado no art. 16 da Constituição Argentina39. Suas fontes históricas remontam nas situações de irritantes injustiças produzidas em torno do trabalho das mulheres e dos menores40. A jurisprudência da Corte Suprema de Justiça interpretou este princípio expressando que ele rechaça as discriminações arbitrárias ou estigmatizantes, ou seja, aquelas que têm por objeto perseguir as pessoas ou grupos ou estabelecer privilégios irrazoáveis para outros41. 4.2 Brasil A Constituição brasileira de 1988 adveio ao cenário jurídico após um período de regime autoritário, como corolário da democratização do país, como se depreende de seu preâmbulo. Pelo contexto histórico de seu surgimento, os constituintes preocuparam-se em nela inserir vários direitos, representados “para o Brasil um avanço significativo na consolidação da democracia e na garantia de direitos sociais aos trabalhadores. Ficou conhecida, por essas razões, como a ‘Constituição cidadã’.”42 Nas palavras de Mansueti43, 36 “GALLO, Orlando Juan: Los nuevos derechos em la Constituición’, en ‘La Constituición Argentina de nuestro tiempo. DORMÍ, Roberto; SÁENZ, Jorge (Coord..). Buenos Aires: Ed. Ciudad Argentina [2000?]. p. 249” Nota de rodapé citada pelo autor. 37 MANSUETI, op. cit. p. 74. 38 Que se encontra assim vazado, na parte relativa à Declaração da OIT: “Art. 14 bis.- El trabajo en sus diversas formas gozará de la protección de las leyes, las que asegurarán al trabajador: condiciones dignas y equitativas de labor; jornada limitada; descanso y vacaciones pagados; retribución justa; salario mínimo vital móvil; igual remuneración por igual tarea; participación en las ganancias de las empresas, con control de la producción y colaboración en la dirección; protección contra el despido arbitrario; estabilidad del empleado público; organización sindical libre y democrática, reconocida por la simple inscripción en un registro especial. Queda garantizado a los gremios: concertar convenios colectivos de trabajo; recurrir a la conciliación y al arbitraje; el derecho de huelga. Los representantes gremiales gozarán de las garantías necesarias para el cumplimiento de su gestión sindical y las relacionadas con la estabilidad de su empleo.” 39 “Art. 16.- La Nación Argentina no admite prerrogativas de sangre, ni de nacimiento: no hay en ella fueros personales ni títulos de nobleza. Todos sus habitantes son iguales ante la ley, y admisibles en los empleos sin otra condición que la idoneidad. La igualdad es la base del impuesto y de las cargas públicas.” 40 EKMEKDJIAN, Miguel Ángel. Tratado de derecho constitucional: Constitución de la Nación Argentina: comentada, y anotada con legislación, jurisprudencia y doctrina. Buenos Aires: Depalma, 1994. t. 2, p. 23. 41 EKMEKDJIAN, op. cit., p. 24. 42 GIL, Vilma Dias Bernardes. A Constituição brasileira. In: SANTOS, Hermelino Oliveira (Coord.). Constitucionalização do direito do trabalho no Mercosul. São Paulo: LTr, 1998, p.87. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 94 “se trata de una típica constituición reguladora, atendiendo a la extensión de su articulado y materias de las cuales se ocupa”. No que se refere à integração dos tratados no direito interno brasileiro, a Constituição Federal (CF) traz a previsão em seu artigo 5.º, § 2.º44, que admite duas interpretações. A primeira sustenta que o referido dispositivo atribuiu aos direitos e garantias expressos em tratados sobre proteção internacional dos direitos humanos em que o Brasil é parte uma hierarquia especial e diferenciada: a de norma constitucional. Parte-se do pressuposto que as normas constitucionais não se reduzem ao texto da constituição, mas algo que forma um bloco de constitucionalidade densificando a regra constitucional do § 2.º do art. 5.º da CF, ou seja, trata-se de uma cláusula aberta e em sem tratando de direitos fundamentais, admite outras fontes. Os demais tratados que não versem sobre direitos humanos têm hierarquia infraconstitucional, inteligência do artigo 102, III, “b”, da CF45. A segunda interpretação parte do pressuposto que o tratado equipara-se à lei federal. Esse é o entendimento chancelado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do RE n.º 80.004, de 1977, e que, portanto, a norma posterior revoga a norma anterior com ela incompatível. Reconhece a supremacia da ordem constitucional brasileira sobre os tratados, pois inexistiria grau hierárquico do tratado sobre o direito positivo interno. Essa posição foi reiterada em 1995 pelo STF no julgamento do Hábeas Corpus nº 72.131-RJ (22.11.1995)46. A promulgação da Emenda Constitucional n.º 45, em 31 de dezembro de 2004, acrescentou o § 3.º ao artigo 5.º da Constituição Federal (CF) com a seguinte redação: “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. Apresentam-se duas interpretações possíveis desse dispositivo, quais sejam, o primeiro de que se confirma a posição do STF, e todos os tratados que versam sobre direitos humanos devem passar pelo Congresso Nacional com o quorum qualificado; de outro lado, que o referido dispositivo é inconstitucional, já que a redação do § 2.º do art. 5.º da CF já garantia essa primazia. A matéria ainda não está pacificada na jurisprudência brasileira. 43 op. cit., p. 65. 44 “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.” 45 “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (. . .) III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: (. . .) b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;” 46 Relator designado para o Acórdão: Ministro Moreira Alves. Importa transcrever o seguinte excerto: “[...] inexiste, na perspectiva do modelo constitucional vigente no Brasil, qualquer precedência ou primazia hierárquico-normativa dos tratados ou convenções internacionais sobre direito positivo interno, sobretudo em face das cláusulas inscritas no texto da Constituição da República, eis que a ordem normativa externa não se superpõe, em hipótese alguma, ao que prescreve a Lei Fundamental da República. [...] A circunstância de o Brasil haver aderido ao Pacto de São José da Costa Rica – cuja posição, no plano da hierarquia das fontes jurídicas, situa-se no mesmo nível de eficácia e autoridade das leis ordinárias internas – não impede que o Congresso Nacional,em tema de prisão civil por dívida, aprove legislação comum instituidora desse meio excepcional de coerção processual [...].” Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 95 Os direitos sociais, de seu turno, estão elencados nos artigos 6.º e 7.º. Pela leitura destes dispositivos, constata-se que vários direitos que estavam previstos em legislações infraconstitucionais foram alçados ao Texto Constitucional, e outros foram criados a partir da sua promulgação. No que se refere à Declaração da OIT, os seus princípios estão previstos na CF. Em relação à liberdade sindical, o inciso I do artigo 8.º assegura a liberdade sindical, sem a intervenção e a interferência do Estado, e o inciso VI do mesmo artigo prevê a participação obrigatória nas negociações coletivas . Não há referência ao trabalho forçado. Quanto ao trabalho infantil, o inciso XXXIII do artigo 7.º proíbe qualquer tipo de trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos; o mesmo dispositivo veda que maiores de dezesseis e menores de dezoito anos trabalharem em ambientes perigosos e insalubres assim como no horário noturno. Em relação à discriminação em matéria de emprego e ocupação, a Constituição brasileira prevê a “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei”47, e proíbe não só a existência de “diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”48, como também de “qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência”49. 4.3 Paraguai A partir da Constituição de 1967, ocorreu no Paraguai uma sistematização mais coerente das garantias fundamentais e dos direitos laborais. A sua sucessora, de 1992, a questão laboral passou a ser tratadas de maneira mais sistemática, por meio da inclusão de 21 (vinte e um) artigos específicos, “demonstrando certa fusão entre as posturas neoliberais ascendentes e a necessidade de uma proteção maior para uma nação tão fragilizada nos aspectos políticos, econômicos e sociais”50. A Carta Política Paraguaia foi sancionada em 20 de junho de 1992. O art. 137 coloca os tratados, convênios e acordos internacionais em idêntica hierarquia normativa à Constituição. Portanto, os tratados celebrados pelo Paraguai equiparam-se, automaticamente, “em la cúspide de su ordenamiento jurídico interno del mismo modo que la propria Constitución”51. No que se refere à hierarquia reservada às normas aprovadas no marco da integração do Paraguai com outras nações, o art. 145 da sua Constituição estabelece que La República del Paraguay, en condiciones de igualdad con otros Estados, admite un orden jurídico supranacional que garantice la vigencia de los derechos humanos, de la paz, de la justicia, de la cooperación y del desarrollo, en lo político, económico, social y cultural. Dichas decisiones sólo podrán adoptarse por mayoría absoluta de cada Cámara del Congreso”. Esse dispositivo constitucional coloca o Paraguai em uma posição francamente favorável e aberto à cessão de parte de sua soberania com vistas a uma efetiva integração regional. Não existiriam, ao que parece, obstáculos para a delegação de competências, normativas ou jurisdicionais, a órgãos supranacionais. 47 Inciso XX do artigo 7.º. 48 Inciso XXX do artigo 7.º. 49 Inciso XXXI do artigo 7.º. 50 CORDEIRO, op. cit.,, p. 145. 51 MANSUETI, op. cit., p. 67. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 96 Nesse contexto, conforme assevera Mansueti52, os tratados de direitos humanos, e dentre os quais se encontram os princípios e direitos fundamentais no trabalho declarados pela OIT, contam com maior hierarquia que as demais normas internacionais, conforme regra inscrita no artigo 14253 da Constituição paraguaia. No que se refere à Declaração da OIT, a Constituição do Paraguai tem previsão expressa sobre a liberdade sindical54, repele toda e qualquer forma de discriminação ao trabalhador55. Dedica proteção especial ao trabalho das mulheres56 e do menor57. 4.4 Uruguai A República Oriental do Uruguai, na reforma constitucional de 1967, reconheceu a importância de uma integração regional, tanto que o seu art. 6º, § 2º, assinala que se buscará a integração social e econômica dos Estados latino-americanos58. O Uruguai foi o 52 MANSUETI, op. cit., p. 68. 53 “Los tratados internacionales relativos a los derechos humanos no podrán ser denunciados sino por los procedimientos que rigen para la enmienda de esta Constitución.” 54 “Artículo 96 - DE LA LIBERTAD SINDICAL Todos los trabajadores públicos y privados tienen derecho a organizarse en sindicatos sin necesidad de autorización previa. Quedan exceptuados de este derecho los miembros de las Fuerzas Armadas y de las Policiales. Los empleadores gozan de igual libertad de organización. Nadie puede ser obligado a pertenecer a un sindicato. Para el reconocimiento de un sindicato, bastará con la inscripción del mismo en el órgano administrativo competente. En la elección de las autoridades y en el funcionamiento de los sindicatos se observarán las prácticas democráticas establecidas en la ley, la cual garantizará también la estabilidad del dirigente sindical. Artículo 97 - DE LOS CONVENIOS COLECTIVOS Los sindicatos tienen el derechos a promover acciones colectivas y a concertar convenios sobre las condiciones de trabajo. El Estado favorecerá las soluciones conciliatorias de los conflictos de trabajo y la concertación social. El arbitraje será optativo. Artículo 98 - DEL DERECHO DE HUELGA Y DE PARO Todos los trabajadores de los sectores públicos y privados tienen el derecho a recurrir a la huelga en caso de conflicto de intereses. Los empleadores gozan del derecho de paro en las mismas condiciones. Los derechos de huelga y de paro no alcanzan a los miembros de las Fuerzas Armadas de la Nación, ni a los de las policiales. La ley regulará el ejercicio de estos derechos, de tal manera que no afecten servicios públicos imprescindibles para la comunidad.” 55 “Artículo 88 - DE LA NO DISCRIMINACION No se admitirá discriminación alguna entre los trabajadores por motivos étnicos, de sexo, edad, religión, condición social y preferencias políticas o sindicales. El trabajo de las personas con limitaciones o incapacidades físicas o mentales será especialmente amparado.” 56 “Artículo 89 - DEL TRABAJO DE LAS MUJERES Los trabajadores de uno y otro sexo tienen los mismos derechos y obligaciones laborales, pero la maternidad será objeto de especial protección, que comprenderá los servicios asistenciales y los descansos correspondientes, los cuales no serán inferiores a doce semanas. La mujer no será despedida durante el embarazo, y tampoco mientras duren los descansos por maternidad. La ley establecerá el régimen de licencias por paternidad.” 57 “Artículo 90 - DEL TRABAJO DE LOS MENORES Se dará prioridad a los derechos del menor trabajador para garantizar su normal desarrollo físico, intelectual y moral.” 58 “La República procurará la integración social y económica de los Estados Latinoamericanos, especialmente en lo que se refiere a la defensa común de sus productos y materias primas. Asimismo, propenderá a la efectiva complementación de sus servicios públicos.” Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 97 primeiro país da América Latina a acolher constitucionalmente – e na década de 60 – a idéia básica da integração59. Reconhece e admite a competência extranacional derivada dos tratados aprovados. Omite em precisar a hierarquia com a qual são recebidos os tratados em seu direito interno. Tem- se sustentado que o critério vigente é o de outorgar prioridade à norma posterior no tempo em caso de discrepância, partindo-seda premissa que tratado e lei têm a mesma hierarquia60. A Constituição uruguaia abandonou a tradição legal de garantismo das constituições latino- americanas no que se refere às questões laborais. Postura liberal, o que gerou um ordenamento trabalhista com autonomia da vontade coletiva bem ampla61. Em relação à Declaração da OIT, a Constituição do Uruguai prevê um tratamento especial para o trabalho da mulher e infantil (artigo 5462). Também há previsão para a organização sindical63. Ressalva, a exemplo da Constituição Brasileira, de que os direitos elencados não excluem outros que “são inerente à pessoa humana” (artigo 72). 5 Perspectivas de harmonização legislativa Uma questão bastante debatida na doutrina diz respeito à harmonização legislativa dos países que integram o MERCOSUL. Parte-se da premissa que a efetiva integração econômica e política seria mais sólida se as respectivas normas jurídicas também fossem harmônicas, ou seja, que qualquer cidadão, mais especificamente patrões e empregados, pudesse ter a certeza que as normas laborais são idênticas. E nada mais plausível que se tenha como marco as convenções da OIT. Nesse sentido, assevera Beltran64, a doutrina tem considerado que a integração econômica não exige, necessariamente, unificação legislativa no plano de relações de trabalho, visto que a unificação constituiria um grau máximo de uniformização, com absoluta igualdade de cargas sociais nos diferentes países. É, todavia, possível e desejável soluções intermediárias, como a harmonização, de alcance mais modesto, mas com o objetivo de suprimir as diferenças que afetam ou impeçam a implantação de um mercado comum. Busca-se eliminar as diferenças mais agudas que possam, até, levar ao dumpig social. 59 SARDEGNA, apud MANSUETI, op. cit., p. 69. 60 MANSUETI, op. cit., p. 70. 61 CORDEIRO, op. cit., p. 146. 62 “Artículo 54.- La ley ha de reconocer a quien se hallare en una relación de trabajo o servicio, como obrero o empleado, la independencia de su conciencia moral y cívica; la justa remuneración; la limitación de la jornada; el descanso semanal y la higiene física y moral. El trabajo de las mujeres y de los menores de dieciocho años será especialmente reglamentado y limitado.” 63 “Artículo 57.- La ley promoverá la organización de sindicatos gremiales, acordándoles franquicias y dictando normas para reconocerles personería jurídica. Promoverá, asimismo, la creación de tribunales de conciliación y arbitraje. Declárase que la huelga es un derecho gremial. Sobre esta base se reglamentará su ejercicio y efectividad.” 64 BELTRAN, op. cit., p. 170. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 98 Os quatro países do MERCOSUL devem envidar esforços para alcançar a harmonização ou convergência de suas legislações sociais, que “supõe um processo dinâmico que leva a uma aproximação dos sistemas nacionais ou a aceitação de normas ou princípios comuns a todos os países envolvidos. Harmonização não significa ‘unificação’”65. A harmonização legislativa também é diferente de coordenação. A harmonização legislativa exige a implementação de certas modificações na normativa interna dos estados para criar, por essa via, as similitudes necessárias a fim de obter o resultado prefixado. A coordenação de legislações busca alcançar certo equilíbrio que se institui entre normas ou sistemas jurídicos que podem permanecer completamente diferentes. Nesse caso, a coordenação seria um passo prévio para a tarefa de harmonização66. O tratado de integração celebrado entre os países que integram o MERCOSUL indica que é necessária uma harmonização entre as suas legislações, sobretudo no que se refere ao Direito do Trabalho. Como assevera Mansueti67 , “o compromisso assumido pelos Estados membros no Tratado de Assunção, importa adequar suas legislações internas de maneira que ‘não se descordem ou se rechacem’, permitindo que possam ‘concorrer ao mesmo fim’”. Para que se alcance uma efetiva harmonização entre as legislações sociais dos países do MERCOSUL deve-se, num primeiro momento, detectar as diferenças ou assimetrias existentes entre os ordenamentos jurídicos. A Declaração da OIT deve desempenhar esse papel de balizar o processo de harmonização. Pelo que restou demonstrado, existe uma grande semelhança entre as normas constitucionais de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Essas diferenças ou assimetrias, ressalta MANSUETI68, deverão ser de tal monta que no permitan convivencia normativa en el processo integración, es decir, la diferencia debe derivar en una situación incompatible con los fines del proceso comunitario. La incompatibilidad, resultará o no, de la relación proporcional medio a fin com relación a los objetivos de la integración volcados en los instrumentos constitutivos del derecho comunitario. Si la diferencia no genera interferencia, no constituirá una verdadera ‘asimetría’. En cambio, si del resultado comparativo surge una incompatibilidad o desproporción de la norma con dichos fines, será imperativo proceder a la adecuación o compatibilización de la norma particular con la comunitária. Allí estaremos frente a una verdadera ‘asimetría’ que requerirá una labor legislativa de ‘armonización’, esto es, de adecuar la norma particular a los fines comunitarios de manera tal que desaparezca la falta de proporción o interferencia. Mas esse não é o caso do MERCOSUL, em que há uma semelhança entre a legislação trabalhista em vigor nos quatros países. Ademais, todos são membros da OIT e ratificaram várias de suas convenções. No que se refere à Declaração da OIT, os países estão obrigados a segui-la independentemente de terem ratificado-nas. 6 Conclusão Pelo que restou debatido até o presente momento, conclui-se que seria utópico propor a uniformização das legislações sociais dos países do MERCOSUL, para que todo o território da integração, com os quatros países, tivesse apenas uma legislação laboral e social. 65 MANSUETI, op. cit., p. 83. 66 Ibid., p. 84. 67 Idem, p. 84. 68 MANSUETI, op. cit., p. 85. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 99 É certo que a integração econômica não exige, necessariamente a unificação legislativa, ainda que no âmbito social. Na verdade, a harmonização, uma etapa mais simples e mais palatável aos países do MERCOSUL, pode cumprir o papel de eliminar as diferenças mais agudas que possam levar a um dumping social. Os atores que participam de fato da integração – empresários, industriais, agricultores, trabalhadores e suas entidades sindicais – precisam de um arcabouço normativo em matéria trabalhista que permita a livre circulação de trabalhadores com um mínimo de harmonia, para que determinados investimentos não migrem de um local para o outro porque determinado país tem uma legislação trabalhista mais flexível que a outra, a exemplo do que acontece com a guerra fiscal entre os estados-membros no Brasil. Nesse sentido, as convenções da OIT, e sobretudo a Declaração da OIT, que aborda direitos fundamentais sociais, devem exercer um papel importante nesse caminhar para a harmonização. A Declaração Sociolaboral do MERCOSUL, assim como as deliberações do Subgrupo n.º 10, não lograram êxito neste intento, talvez porque aquela não goze de obrigatoriedade para os países do bloco. A previsão de seguimento da aplicação das chamadas Convenções Fundamentais, independentemente de haverem sido ratificadas, abre um cenário para a desejada harmonização. Como restou demonstrado, a literatura consultada aponta para duas formas de harmonização legislativa social no MERCOSUL. Uma seria por intermédio da ratificação das convenções da OIT. A outra, seria a possibilidade de elaboração Carta Social do MERCOSUL. Ambas podem encontrar resistências nos quatro países. Contudo, parece que opção pelas normas da OITpode ser mais eficaz, na medida em que os países alteraram suas Constituições para a recepção de tratados celebrados. E no caso da Declaração da OIT, que poderia ser o marco inicial, essa ratificação é despicienda. Portanto, pelo que foi apresentado, a Declaração da OIT deve ser o marco inicial para uma harmonização legislativa de direito social no MERCOSUL. O acompanhamento da aplicação da Declaração da OIT na prática cotidiana das relações trabalhistas dos quatro países do MERCOSUL é um elemento que deve ser considerado para que a harmonização legislativa seja observada. A obrigação de enviar relatórios bienais sobre a situação dos princípios e direitos fundamentais do trabalho em cada estado-membro terá o condão de viabilizar a almejada harmonização. The ILO Declaration on Fundamental Principles and Rights at Work and the MERCOSUL countries Constitutions: comparative analyses toward a legal harmonization Abstract: The International Law Organization Declaration on Fundamental Principles and Rights at Work, adopted in 1998, attributed special status to the following subjects: freedom of association and freedom of trade-unionism and effective recognition of the right to collective bargaining; elimination of forced or compulsory labour; abolition of child labour; and elimination of discrimination in respect of employment and occupation. As it is incorporated in the countries constitutions and it is necessary to follow-up its application, we can conjecture a wanted legal approximation at the subject of fundamental social rights. The Declaration is an important instrument to proportionate the MERCOSUL countries legal harmonization. For this purpose, it must be taken the Comparative Law rules, the social question context and the MERCOSUL Sociolaboral Declaration. The way that treaties get into the internal legal order and the hierarchy of the conventions in their constitutional orders will be also analysed. This aspect takes a great importance to the effective economical and political integration. Rev. Jur., Brasília, v. 8, n. 83, p.84-101, fev./mar., 2007 100 Keywords: ILO; Fundamental Rights; MERCOSUL; Legal Harmonization Referências ANCEL, Marc. Utilidade e métodos do direito comparado. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1980. ARGENTINA. Constituição (1994). Constitución de la Nación Argentina. Disponível em: <http://www.senado.gov.ar/web/interes/constitucion/cuerpo1.php>. Acesso em: 25 fev. 2007. BELTRAN, Ari Possidonio. Os impactos da integração econômica no direito do trabalho: globalização e direitos sociais. São Paulo: LTr, 1998. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.º 80.004. 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Revista Jurídica http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/revistajuridica/index.htm Artigo recebido em 28/02/2007 e aceito para publicação em 31/03/2007 A Revista Jurídica destina-se à divulgação de estudos e trabalhos jurídicos abrangendo todas as áreas do Direito.Os originais serão submetidos à avaliação dos especialistas, profissionais com reconhecida experiência nos temas tratados. Todos os artigos serão acompanhados de uma autorização expressa do autor, enviada pelo correio eletrônico, juntamente com o texto original.
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