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MUTAÇÕES, REPARO E BASES MOLECULARES DAS DOENÇAS GENÉTICAS G- A2 11/08/2021 Prof. Ana Katarina Conhecer o conceito de mutação; Identificar as bases moleculares das doenças genéticas Compreender os mecanismos de regulação da expressão gênica. CASO CLÍNICO Paciente CFL, 5 anos, branco, residente no município de Quixadá, Ceará. Sua mãe o levou ao consultório médico após perceber que ele apresentava problemas para de ambular corretamente, projetava o corpo para frente e não conseguia segurar alguns brinquedos pouco mais pesados. Segundo relato da mãe, por volta dos 3 anos, CFL tinha dificuldades para levantar o próprio corpo quando era posto em decúbito dorsal, bem como quedas frequentes, mas ela não procurou auxílio médico por achar que não era um problema efetivo e não ter casos de doenças desse tipo na família, sendo suas duas filhas clinicamente normais, ultrapassando a primeira e a segunda décadas de vida. A mãe relata que o paciente aparenta ter traços de deficiência intelectual, retificados pela professora da escola a qual CFL frequenta desde os 4 anos. Ao exame físico o paciente apresentava hipertrofia das panturrilhas e sinal de Gowers. Exames laboratoriais mostraram Creatinoquinase-total de 4.567 U/I (valores de referência:26 a 189 U/I). Além disso, a biópsia muscular mostrou a falta de distrofia. Ademais, foi traçado o heredograma familiar e viu-se que a mãe possui o alelo para a doença, bem como a avó do paciente. Qual a doença referida no caso clínico? Distrofia muscular de Duchenne Que ponto importante você utilizou para chegar ao diagnóstico? Sinal de Gowera e proteína distrofina CROMOSSOMOS · Cromossomos nada mais são do que formas de empacotamento do DNA genômico a fim de caber dentro do núcleo; · Possui algumas regiões importantes: braços curto e longo, centrômero e telômeros; · Essas formas de empacotamento também levam em consideração proteínas específicas – histonas · O DNA se “enrola” nas histonas, como em um “colar de contas”. As histonas se organizam em grupos de 8 (octâmero de histonas) e em cada octâmero, o DNA consegue dar 1.7 volta- nucleossomo Empacotamento do cromossomo eucariótico no núcleo: A coesina ajuda a manter o DNA condensado (empacotamento) CROMOSSOMOS Centrômero: regiões de constrição primária do cromossomo. Cinetócoro: uma estrutura formada por proteínas que garantem a conexão das cromátides irmãs (cada cópia do cromossomo duplicado) no fuso mitótico. Fixa o cromossomo na placa difuso, filamentos de proteína, fazendo o centrômero se ligar as fibras para a divisão celular. Centrômero: Permite que cada cópia do cromossomo duplicado e condensado seja puxado para cada célula-filha É formado um complexo protéico (cinetocoro) no centrômero, permitindo a ligação dos cromossomos ao fuso mitótico Uma telomerase é uma ribonucleoproteína, função dependente de uma subunidade Duas funções: · TERC: componente de RNA · TERT: transcripitase reversa RNA transcrição para DNA DNA replicação Hela é uma célula que possui a telomerase, célula imortal Telômeros: Contêm sequências nucleotídicas repetitivas que permitem que o cromossomo seja replicado eficientemente Protegem as extremidades do cromossomo de serem reconhecidas pela célula como DNA fragmentado que necessita reparo Cromossomos, como identificar: •Por exemplo, 17q12.4: 17: cromossomo: · Q: braço longo · 1: região · 2: banda · 4: sub-banda 1. O primeiro número/letra do código corresponde em qual cromossomo o gene/mutação pode ser encontrado. No nosso exemplo, o cromossomo é o 17. 2. Após a informação de qual cromossomo, descreve-se em qual braço do cromossomo o gene/mutação está. A letra "p" refere-se ao braço curto e a letra "q" ao braço longo do cromossomo. No nosso exemplo, é o braço longo do cromossomo 17 =17q 3. A próxima informação é a posição do gene/mutação naquele braço MUTAÇÃO · Mudança de forma ou de essência. Mudança, evolução. · Uma alteração na sequência genômica que provoca alteração fenotípica da sequência “normal” ou “selvagem". POLIMERASE ação revisora Adenina- citosina e adiciona base correta para A-T Até no sistema de correção pode ocorrer mutação Importância: · Traz consequências deletérias ou (raramente) vantajosas a um organismo ou seus descendentes · É a maior responsável pela variabilidade genética e pela evolução das espécies Conceitos associados: Frequência de alelo quantas vezes o alelo aparece na população dividida pelo número total de copias do gene Natureza das Mutações – DE PONTO: Existem basicamente dois tipos de mutação quando falamos em classe de bases nitrogenadas •Transição: mudança de bases de mesma classe. Uma purina é substituída por outra purina (A-G) ou uma pirimidina por outra pirimidina (T-C). • Transversão: mudança de bases de classes diferentes. Uma purina é substituída por uma pirimidina ou vice-versa. De ponto= cadeia do DNA modificada • Inserção ou deleção: ou adiciona parte de base ou algum trecho ou retira. 1pb ou grandes trechos • Inversão: Tira de um lugar, inverte e cola em outro. Possível devido enzimas que clivam uma cadeia. Excisão de uma parte da dupla hélice seguida de reinserção na mesma posição, mas em orientação inversa CLASSIFICAÇÃO DAS MUTAÇÕES: · Por localização: mutação somática ou gerinativa · Por tipo de alteração molecular: mutação com sentido trocado (de missense mutation), mutação sem sentido (de nonsense mutation), mutação silenciosa e mutações que modificam a janela de leitura (de frameshift mutations); · Por efeitos fenotípicos: mutação perda de função, mutação nula, mutação de ganho de função, mutação neutra, mutação visível, mutação nutricional, mutação bioquímica, mutação comportamental, mutação reguladora, mutação letal, letal condicional. Alteração Molecular · Mutação sem sentido ou nonsense: Uma mutação de base que resulta em códon de parada: UAA, UAG ou UGA. O códon para um aminoácido é substituído · Mutação de sentido trocado (missense): O códon para um aminoácido é substituído por um códon para outro aminoácido · Mutação silenciosa ou sinônima: Sem alteração do produto gênico. Não altera o aminoácido que é incorporado na proteína por conta do código genético degenerado. Sem alteração do produto gênico. Código degenerado- várias trincas · Mutação de alteração de quadro de leitura ou frameshift: Uma mutação de base que altera o quadro de leitura e será alterado para o restante do gene. Adição ou deleção de PB não múltiplos de 3 (perda completa da função da proteína normal). POR EFEITOS FENÓTIPICOS: Mutação regulatória: Mutação na região promotora do gene. Mutação neutra: Uma mutação de base que resulta em uma mudança de um aminoácido hidrofílico pequeno por outro em uma região inativa da proteína e é improvável que tenha impacto. Mecanismo de mutações: substituição de pares de bases BASE MOLECULAR DAS MUTAÇÕES: •Como resultado de funções celulares normais ou interações aleatórias como ambiente – MUTAÇÕES ESPONTÂNEAS •Ocorrência de mutações pode aumentar pelo tratamento com determinados compostos (agentes mutagênicos) -MUTAÇÕES INDUZIDAS. MUTAçõES ESPONTÂNEAS DEPURINAÇÃO: tira uma purina, guanina. haverá a replicação e na segunda geração já vai ter o erro sendo propagado DESAMINAÇÃO: substituição de uma enzima após o ciclo. erro em enzimas que trabalham na estruturação química das moléculas. TAUTOMERIZACÃO: Mudança de alteração dessas pontes de hidrogênio (garantem a estrutura de DNA). As espontâneas, logo são: · Lesões oxidativas · Radicais superóxidos (02-), hidroxílicos (OH) e peróxido de hidrogênio (H202) são criados durante o metabolismo celular. Prevenção de erros • Alguns sistemas enzimáticos neutralizam compostos potencialmente danosos, antes que reajam com o DNA. • Exemplos: desintoxicação de radicais superóxido produzidos durante os danos oxidativos •Enzima superóxidodismutase - catalisa a conversão dos radicais superóxido peróxido de hidrogênio. •Enzima catalase- converte peróxido de hidrogênio em água MUTAÇÕES INDUZIDAS: Todas as células estão expostas à um número enorme de agentes potencialmente mutagênicos • Mutações induzidas quimicamente. EX: Ácido nitroso, corantes de acridina e agentes alquilantes, análogos de base • Mutações induzidas por radiações ( UV, raio X e gama)Ex.: dímeros de pirimidina bloqueiam a ação da polimerase • Mutações induzidas por agentes biológicos Ex.: Vírus QUIMICAMENTE Atuam por 3 mecanismos diferentes: SUBSTITUIÇÃO DE UMA BASE DO DNA Incorporação de análogos de base compostos químicos similares às bases nitrogenadas que se ligam ao DNA Acidente de Goiânia com césio-137 AGENTE FÍSICO RADIAÇÃO ULTRAVIOLTA · Absorção da luz UV (200-400nm) estado excitado de uma base púrica ou pirimídica ligação covalente entre duas pirimidinas adjacentes · Anel ciclobutano: - Dímeros de timina (TT) mais estável - Dímeros menos estáveis: CT, CC, TU e UU AGENTES BIOLÓGICOS: · Vírus: HPV, Hep. B · Tranposons: alteram as sequencias do material genético do hospedeiro FONTES DE DANOS NO DNA: SISTEMA DE REPARO: SISTEMA DE REPARO DIRETO: Remoção dos grupos metil REPARO POR EXCISÃO DE BASES: REPARO POR EXCISÃO DE NUCLEOTÍDEO: 4 fases: - Reconhecimento do dano - Montagem do complexo multiproteico - Excisão da fita danificada acima e abaixa do dano - Uso da fita não danificada como molde para a DNA polimerase REPARO POR RECOMBINACÃO HOMÓLOGA MUTACÕES E DOENÇAS GENÉTICAS: · As mutações podem ocorrer em sítios não-codificantes no genoma, mas quando ocorrem em locais codificantes, normalmente geram problemas; · Existem basicamente dois tipos de proteínas/genes: • Constutivas- possuem promotores e outras sequências de DNA reguladoras que asseguram à expressão constante. • Histoespecíficas – produzidas por tipos celulares específicos. · Dentre as mutações, existem basicamente dois tipos de variação genética: • heterogeneidade alélica • heterogeneidade de locus; · As doenças genéticas geralmente estão contidas as em 3 classes: defeitos em enzimas, proteínas de transporte ou proteínas estruturais. Fenilcetonúria (PKU): • Distúrbio autossômico recessivo do catabolismo da fenilananina, ocasionado pela deficiência na enzima fenilalanina hidroxilase (PHA), causando seu acúmulo no organismo; • Como a fenilalanina não é metabolizada em pacientes com PKU, ela acumula. • Caracterizado por deficiência mental, epilepsia, caracteres albínicos (pele, olhos, cabelos claros, fotossensibilidade). Tirosina é percursos de melanina Genética molecular da PKU •Existem diferentes genótipos da PKU, que refletem em diferentes tipos de PKU; · A mutação mais comum ocorre em cerca de 38% da população, ocorrendo uma mutação no sítio de splicing do éxon 12 do gene da PHA, acarretando em perda de função da enzima; · Mutação missense Arginina 408 Triptofano: troca de aminoácidos, perda de função da PHA; · Mutação missense Arginina 261 Glicina: cadeia lateral curta da glicina minimiza os danos, forma benigna da PKU; · Mutação missense Arginina 158 Glicina: cadeia lateral curta da glicina minimiza os danos, forma benigna da PKU; · E no Brasil? É uma salada! Temos a heterogeneidade genética e uma mistura desses genótipos na população! FIBROSE CÍSTICA: • Uma doença autossômica recessiva, comum em caucasianos; • Sua maior caracterís3ca é um quadro pulmonar crônico obstru3vo devido a uma mutação numa proteína de canal de cloro, fazendo com que o muco fique mais espesso; • Associado, existem infecções recorrentes, bem como insuficiência pancreá3ca e diarréia crônica, devido à alteração da secreção da lipase, tripsina e quimiotripsina. • Origem da mutação: gene CFTR, localizado no cromossomo 7; • Diagnóstico: achados pulmonares e pancreáticos, concentrações de cloreto no suor acima de 60mEq/L; • Tratamento: tratamento para “dissolver” o muco dos pulmões e reposição enzimática para melhorar a digestão; • Add. Info: mais de 95% dos homens afetados são infertéis devido à obstrução dos ductos deferentes. DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: · Uma doença de origem ligada ao X recessivo, sendo assim, somente homens são afetados, mulheres são apenas portadoras; · Basicamente, indivíduos afetados iniciam um quadro de fraqueza muscular nos primeiros anos de vida, que se intensifica até a segunda década; · Temumaincidênciadecercade1:3.500nascidosvivos. Calcula-se que cerca de 1/3 dos afetados sejam por mutações de novoe2/3 sejam oriundos de mães portadoras; · Indivíduos acometidos têm uma baixa expectativa de vida (20 e poucos anos) devido a insuficiência respiratória e/ou cardíaca. · Mutação no gene da distrofina, no cromossomo X. Esse gene expressa uma proteína transmembrana e está diretamente associada à manutenção da integridade membranar em miócitos (e também no SNC); · O gene da distrofina é muito grande, cerca de 2.300 kb, representando 1.5% do cromossomo X; · Mais de 60% são deleções de tamanho variável, desde 1 éxon até todo o gene; · Pacientes com DMD não possuem distrofina nas células; · Diagnóstico: sequenciamento; · Tratamento: fisioterapia, mas não existe tratamento conhecido a fim de prolongar a vida do afetado. Diferenciação: Diferenças entre células de um mesmo organismo Analisando as hipóteses observadas, ● Chegamos à conclusão de que todas as células de um mesmo organismo possuem o mesmo genoma, a diferença entre eles se dá pela diferença entre os genes expressos, ou seja, o seu repertório proteico; A regulação da expressão gênica se dá de duas formas, basicamente: Temporal: quando um determinado gene só é expresso em um determinado período de desenvolvimento ou algum outro período específico; Espacial: quando a expressão de um gene é determinado pelo tipo celular. Como ocorre esse controle da expressão gênica? ● Basicamente de duas formas: transcricional e traducional. TRANSCRIÇÃO Reconhecimento do promotor · Iniciação · Alongamento · Terminação TRADUÇÃO Fases da tradução: 1. Iniciação 2. Alongamento 3. Terminação 4. Modificações pós-tradução. 5. Endereçamento da proteína Em quais etapas a regulação da expressão gênica atua? Regulação da expressão em eucariotos · Regulação temporal e espacial · Os eucariotos são menos sensíveis às alterações externas. · Os hormônios são importantes reguladores da expressão gênica. Regulação da expressão gênica por controle da tradução ● Proteínas que “respondem” ao sinal de controle da tradução podem “ligar” ou “desligar” do mRNA, inibindo ou permitindo a tradução; ● Exemplo: ferritina é uma proteína intracelular que liga ferro; sua expressão é controlada pelas concentrações intracelulares de ferro através da IRE-binding protein, que se liga ao ferro e controla a expressão de ferritina.
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