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Guapimirim Plano Estratégico de Turismo em Guapimirim Julho - 2017 Sumário Prefeito Jocelito Pereira de Oliveira Vice-prefeito Ricardo Almeida de Oliveira Secretaria de Administração José Carlos Faria Secretaria de Turismo Humberto Costa Secretaria de Cultura Luís Cláudio de Oliveira Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca Daniel Eugênio Secretaria de Assistência Social e Direito Humanos Maria de Lourdes Muniz Secretaria de Segurança, Ordem Pública e Defesa Civil Leonardo Rodrigues Neves Secretaria de Educação Cecília Pais Secretaria de Indústria, Comércio, Trabalho e Renda Guilherme Henrique Soares David Secretaria de Fazenda Lucimar Simas da S. Tito Secretaria de Ambiente Pierre Dutra Secretaria de Obras e Serviços Públicos João Maurício Ferreira Secretaria de Saúde Marcos Appolinário Controladoria Geral Ana Cristina Almeida Secretaria de Esporte e Lazer Nielsen Krizek Secretaria Casa Civil Ricardo Almeida de Oliveira Secretária Urbanismo e Regularização Fundiária Pierre Dutra Procurador Geral Dr. Fabrício Vilar Flor 2017. Prefeitura Municipal de Guapimirim Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei nº 9.610). Informações e contatos Prefeitura Municipal de Guapimirim - Secretaria de Turismo Avenida Dedo de Deus, 1161 – Centro – Guapimirim – RJ – CEP: 25946-244 Telefone.: 21 2632-2412 ramal 1247 – site: www.guapimirim.rj.gov.br 1 INTRODUÇÃO 7 2 METODOLOGIA 11 3 MERCADO TURÍSTICO 17 3.1 Turismo no Brasil e no mundo 20 3.2 Mapa do Turismo Brasileiro e no Estado do Rio de Janeiro 24 4 CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA TURÍSTICA EM GUAPIMIRIM 27 4.1 Histórico do município 29 4.2 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Guapimirim 32 4.3 Relevo, hidrografia, vegetação e clima 34 4.4 Estrutura de serviços e equipamentos turísticos 39 4.5 Atrativos turísticos 40 4.6 Eventos municipais 49 4.7 Lei Orgânica Municipal para o Turismo 50 5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO TURISMO NO MUNICÍPIO 53 5.1 Oficina de Planejamento Estratégico 54 5.2 Análise FOFA: forças, oportunidades, fraquezas e ameaças 62 5.3 Mapa estratégico 64 6 AÇÕES DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 67 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 73 8 ANEXOS 74 9 FICHA TÉCNICA 83 1 Introdução Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 7 O Município de Guapimirim, carinhosa- mente chamado de Guapi, está situa- do em um vale, no sopé do Maciço do Pico Dedo de Deus, acidente geográfi- co que é símbolo da região e visível de diversos pontos da cidade. Possui uma série de atributos que o conduziram a buscar a atividade turística, junta- mente aos Municípios de Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, que junto à Guapimirim compõe a região turística Serra Verde Imperial; Areal, Comendador Levy Gas- parian, São José do Vale do Rio Preto e Três Rios, que formam a região tu- rística Caminhos Coloniais; e Magé da região turística Baixada Verde. A extensão geográfica de Guapimi- rim inclui um santuário intocado, com cerca de 70% distribuídos em cinco áreas de proteção ambiental, com a presença de animais selvagens, além do manguezal com sua flora e fauna características. A cidade preserva a autenticidade típica de interior, pre- servando e valorizando manifestações folclóricas, o artesanato local e os ele- mentos de um turismo sustentável que se associa às vertentes da natureza, da aventura e, também, da ruralidade. A Serra Verde Imperial é composta de municípios com características his- tóricas e culturais únicas se compa- radas a outras porções da Serra Flu- minense. A presença da família real brasileira nas cidades de Petrópolis e da estrutura de serviços voltada para o turismo. O resultado do estudo preten- de dizer como o setor se encontra atu- almente, e indicar ações e estratégias que impulsionem e orientem o segmen- to por meio de um plano estratégico dirigido à atividade turística na cidade, permitindo assim, o fortalecimento do setor e de seus grupos organizativos. O Planejamento Estratégico Turísti- co aplicado em Guapimirim tem como um dos principais objetivos dar aces- so a uma participação capaz e efetiva ao setor, além de transmitir uma maior visibilidade do município no panorama turístico do Estado. De modo a alcançar os objetivos estipulados por meio des- te Planejamento, foi desenvolvido um trabalho que incluiu a coleta de infor- mações do município, desde entrevistas com seus principais atores administra- tivos, comerciais e/ou sociais, comple- mentadas pela pesquisa de campo nos pontos de interesse turístico de Guapi- mirim, com devidos registros fotográfi- cos e as respectivas análises. Graças ao suporte da Prefeitura Mu- nicipal de Guapimirim, as tarefas fo- ram realizadas com detalhamento e abrangência necessários, permitindo acesso as informações locais de for- ma eficiente e bem direcionado. Os dados estatísticos inseridos neste tra- balho são oriundos de fontes oficiais, notadamente aqueles compilados no Instituto Brasileiro de Geografia e Es- Teresópolis, a proximidade do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara foram fatores que impulsionaram o início da ocupação da Serra Fluminense por co- lonos portugueses e, posteriormente, alemães, suíços, belgas e japoneses nas terras de Petrópolis, Teresópolis, Guapimirim e Magé. A região se caracteriza pelo clima rural, de montanhas de Mata Atlântica, onde a tranquilidade é um dos mais impor- tantes aspectos característicos de cida- des do interior fluminense e da região. Conjugando a beleza da vegetação com uma topografia variada, Guapimi- rim tem localização privilegiada e con- ta com diversas paisagens únicas. Nesse cenário, é imprescindível a for- mação e oferta de produtos turísticos apropriados à demanda, além da implan- tação de um consistente planejamento estratégico que garanta um turismo só- lido e sustentável e que beneficie, sobre- tudo, a comunidade local. Assim sendo, por meio da ação da Prefeitura Muni- cipal de Guapimirim, este Planejamento Estratégico para o Turismo recebe o Se- brae/RJ como o parceiro que, ao longo dos anos, vem estimulando o desenvolvi- mento do setor na região. A conjunção de esforços da Prefeitura Municipal de Guapimirim com o Sebrae/ RJ propõe a construção de uma análi- se do conjunto de atrativos turísticos do município, junto a um levantamento tatística (IBGE) e outras fontes fide- dignas e complementares, tais como o site Visite Guapimirim. O estudo contém ainda informações sociais e econômicas como elementos que con- substanciem o panorama local. Pretende-se que a leitura final e aten- ta deste documento ofereça orienta- ção, sensibilização e motivação para que as autoridades, os empresários e os empreendedores locais reflitam e caminhem na direção adequada das ações propostas neste planejamento. Ademais, o estudo visa possibilidades de uma maior inserção do Município de Guapimirim no cenário turístico regional, interestadual e nacional. Com o olhar voltado para a execução das proposições e respetivos resul- tados deste planejamento, almeja-se que o presente documento se referen- cie como uma contemporânea visão voltada para um protótipo de turismo estruturado no município. Destacam- se também os benefícios do turismo assim planejado que afetarão positi- vamente micro e pequenas empresas locais, confirmando suas importantes participações no cenário empresarial, e que tal mobilidade coletiva induza a criação de novos postos de trabalho, trazendo um aumento na circulação de divisas no município por meio Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 98 2 Metodologia Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 11 Tendo em vista sua eficiência para al- cançar um resultado visível, factível e que conte com uma experiência pre- viamentereconhecida, faz-se necessá- rio eleger uma metodologia adequada para a construção de um pla- nejamento estratégico de uma região. Dessa forma, decidiu- se aplicar neste estudo, uma metodologia participativa que envolve a utilização de técni- cas como World Café e o Open Space com coleta gráfica. O World Café é utilizado ao redor mundo em empresas dos mais diversos segmentos e ta- manhos, independentemente do número de participantes. Nesta dinâmica, os participan- tes sentam-se em pequenos grupos de quatro ou cinco pes- soas e são estimulados à con- versação sobre um tema e/ou pergunta pré-definidos, após as explicações do coordena- dor dos trabalhos (anfitrião ou âncora) sobre o processo, pressupostos e a etiqueta da metodologia. As ideias-chave são anotadas nas suas toalhas de papel, da forma como os participantes julgarem melhor. Terminado o tempo da rodada, em torno de 20 a 30 minutos, os parti- toalha de papel – igual a usada em cafés e restaurantes e que muitas vezes é o espaço para registro de in- formações e ideias – e estimular que sejam compartilhadas as conversa- ções experimentadas nas outras me- sas. Neste momento, inicia-se o pro- cesso de polinização cruzada, que acontece durante todas as rodadas do World Café. O novo conteúdo deve ser incorpora- do ao registro daquela mesa. Termi- nada a rodada novamente os partici- pantes, menos um, mudam de mesa e, dependendo do objetivo da conversa- ção, continuam na mesma questão ou recebem um novo detalhamento ou um novo foco. No World Café trabalha-se com a su- posição de que as pessoas participan- tes já possuem dentro delas a sabe- doria e criatividade para confrontar até mesmo os desafios mais difíceis. Dados o contexto e foco adequado, é possível acessar e usar este conheci- mento mais experiente sobre o que é mais relevante para o tema em foco. Usando criatividade em ambiente acolhedor, os participantes trocam informações de um jeito mais infor- mal, e, sem que percebam, são esti- mulados a focar nos processos coleti- vos de aprendizagem e na criação de conhecimento. cipantes, exceto um, deverão mudar para outras mesas. O que permane- ceu à mesa tem a responsabilidade de receber os novos companheiros, apresentar o que foi sintetizado na Complementarmente, o Open Spa- ce (espaço aberto, em inglês) é uma técnica de criação livre e colaborati- va. Nos encontros onde o Open Space é praticado, não há apenas um foco de discussão, mas diversos. Cada foco é um tópico, e possivelmente uma per- gunta. Embora um tema global possa ser escolhido, os tópicos são propos- tos livremente pelos participantes, na hora do encontro. Cada tópico vai atrair a atenção de quem comparti- lha competências ou demandas seme- lhantes, referentes aos assuntos abor- dados, que podem ser sintetizados em um único tópico. Tópicos diferentes são grupos dife- rentes, e grupos diferentes ficam em espaços diferentes. Entretanto, exis- tem três regras fundamentais: 1. Atraso do julgamento: não se eliminam ideias aparentemente ruins, pois podem se juntar com outras e gerar algo admirável. 2. Diálogo: falar com intenção e ouvir com atenção. 3. Regra dos dois pés: se você não está contribuindo ou aprendendo, utilize seus dois pés e saia do gru- po, migrando para outro livremen- te. Não precisa nem se despedir, o que interromperia o diálogo. O único que deve permanecer no grupo é o anfitrião propositor e responsável Como surgiu o World Café O método foi criado quase por acaso, em 1995, pelo casal Juanita Brown e David Isaacs. Quan- do organizavam um diálogo estratégico que seria no pátio de sua residência, uma chuva torrencial mudou os rumos do que haviam programado. De- cidiram fazer a reunião na própria sala de estar, distribuindo mesas e cadeiras brancas e recep- cionando os participantes com café da manhã. Com a ajuda de Tomi Nagai-Rothe, especialista em gráficos interativos, cobriram cada mesa com papel, enfeitaram com pequenos vasos com flores e dispuseram giz de cera sobre as mesas. Tomi faz um cartaz: “Bem-vindos ao Homestead Café”, em alusão ao endereço do casal. Depois de tudo pronto, Juanita e David decidem rapidamente que seria melhor manter as mesas em vez da tradi- cional roda de debates para que os participantes continuassem a trocar informações de forma mais natural. E assim foi durante 45 minutos, quando um dos participantes mostrou curiosidade em sa- ber o que se passava nas demais mesas e suge- riu que uma pessoa permanecesse em cada mesa para resumir o que ela e os componentes ante- riores haviam conversado e rabiscado na toalha de papel aos novos participantes. E, um tempo depois, novamente uma pessoa ficou à mesa com as anotações da toalha e os demais trocaram de lugar. Todos estavam tão interessados que nem perceberam que já era quase a hora do almoço. Com um papel maior no chão da sala, a desenhis- ta Tomi começou a “traduzir” de forma gráfica as anotações das toalhas de papel. Estava pratica- mente criada a nova metodologia. Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 1312 por acolher quem quiser entrar e não questionar quem desejar sair. Também é ele quem toma notas do que está sendo criado em conjunto. Os diálogos em grupos têm uma duração determi- nada, chamada “sessão” e ao fim dela, o anfitrião de cada tópico apresenta o resultado da criação conjunta a to- dos os outros. É possível haver outras sessões com novos tópicos ou continu- ando os anteriores. O resultado, além daquilo que foi criado, torna-se uma experiência de liberdade em ambiente de aprendizado de ambas as direções. Para o planejamento estratégico do turismo em Guapimirim, além da con- jugação das técnicas de metodologia colaborativa, usou-se como elemento complementar, um refinamento técni- co das propostas apresentadas a par- tir da menção das pesquisas secundá- rias dos diversos estudos já realizados naquele território turístico, que servi- ram de apoio à metodologia emprega- da, motivada pelo perfil turístico do município e outros fatores inerentes. O desenvolvimento do presente pla- nejamento estratégico foi composto de etapas, cumpridas para atingir os objetivos propostos, a saber: • Reuniões entre a equipe de con- sultores com as entidades envol- vidas no processo: Secretarias Municipais de Guapimirim, em- presários e Sebrae/RJ. • Oficina de Planejamento Estraté- gico com os formadores de opi- nião da cidade de Guapimirim. • Sistematização das informações. • Análise dos resultados. • Elaboração do documento final. Ressalta-se que a metodologia e técnicas aplicadas serviram para coletar, de forma inovadora, in- formações e ideias dos próprios re- presentantes que serão diretrizes para a condução das ações futuras. Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 1514 3 Mercado turístico Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 17 O mercado turístico é o ambiente onde fluem a oferta e a procura de produtos e serviços turísticos, com seus compradores e vendedores. Os fornecedores oferecem diferentes ti- pos de produtos e serviços que po- dem ser ajustados às diferentes ne- cessidades e motivos de compra dos compradores. Dessa forma, torna-se necessário reconhecer e classificar o segmento dos compradores para oferecer os serviços existentes neste vasto mercado. Os elementos que compõem o mercado turístico estão basicamente ligados a várias demandas, desde alimentação, passando por meios de hospedagens, chegando às atrações turísticas, pro- curando cumprir exigências de cada grupo ou segmento. Estas demandas se inserem num conjunto de atribu- tos, valores, serviços e produtos para o mercado (público) e requisitam ope- radores capazes de atender determi- nadas necessidadesde motivação, re- creação, lazer, viagens de férias e até mesmo de trabalho. Como qualquer tipo de mercado, o turístico pode ser considerado uma rede de informações que permite aos agentes econômicos – consumidores (turistas) e produtores (empresas de turismo) – tomarem decisões para re- solverem os problemas econômicos fundamentais do setor. nejamento adequado e sucessivo por meio de campanhas e propaganda e de promoção; e adaptação contínua dos meios de transporte às novas exi- gências da demanda turística. Além desses aspectos, deve-se con- siderar a presença de outros fatores não menos relevantes em um merca- do turístico, como: aparecimento de novas modas e hábitos da população; rigidez de adaptação da oferta tu- rística; alta qualidade na prestação dos serviços a uma demanda turística cada vez mais exigente. Para que o mercado turístico exista é necessária a presença de três ele- mentos básicos, a saber: 1. Preço dos produtos é consi- derado um fator primordial que influencia o comportamento dos consumidores. Tanto a deman- da como a oferta dependem do preço dos bens e dos serviços. 2. Liberdade: o turismo é uma manifestação da liberdade de ir e vir do homem. Atualmente o turismo pode ser praticado por grande parte dos indivíduos, tendo restrições limitadas às ra- zões de caráter econômico. 3. Heterogeneidade. Observamos que no turismo tudo é desigual e diversificado. Os bens e serviços turísticos são modificados pela ação da natureza e do homem. Existem múltiplas atividades e ser- viços – de transporte, alojamento, recreação, alimentação – que são semelhantes, mas nunca iguais. Feitas tais considerações sobre as classificações, as características e os fatores que determinam um mercado de turismo, passaremos, a seguir, à análise econômica do mercado turís- tico propriamente dito. Os visitantes (incluindo-se neste grupo os turistas e viajantes) estabelecem os padrões da demanda turística e são afetados por fatores: internos, como as motivações que os fazem viajar; e externos, que abrangem as mudanças econômicas, demográficas e sociais, e seguramente outros fatores como os tecnológicos, políticos, ecológicos, de segurança pública e de várias formas de planejamento espacial. Vale ressaltar que o mercado se adé- qua aos fatores (derivados de sua re- lação com a oferta), por meio do co- nhecimento da real oferta turística, inclusive com o desenvolvimento de produtos que contenham elementos que atraiam os turistas para um de- terminado destino e que possam satis- fazer as necessidades destes clientes. O mercado turístico é onde converge a oferta de produtos e serviços de turis- mo que se direciona aos interessados O mercado turístico, por suas pecu- liaridades específicas, pode ser clas- sificado em: I – Mercado turístico direto – no qual se oferecem e consomem bens e serviços plenamente re- lacionados ao turismo como: voos charters, excursões de tu- rismo e tours pela cidade; II – Mercado turístico indireto – aquele em que se oferecem e consomem bens e serviços parcialmente turísticos, uma vez que podem ser utilizados por diversos consumidores que não necessariamente estejam fazendo turismo: transportes, alojamentos e restaurantes Os mercados turísticos também po- dem ser classificados pelas suas ca- racterísticas próprias ou motivações de realização. Podemos destacar os mercados turísticos motivados por: férias, negócios, estudos, compras, busca de status etc. Para a existência desses diversos mer- cados é necessário enumerar uma re- lação de fatores básicos e prioritários, fundamentais na atuação e potencia- lidade de cada um dos distintos mer- cados turísticos, tais aspectos seriam a existência de atrativos naturais ou artificiais, comprovados e conhecidos; uma apropriada rede de comercializa- ção de bens e serviços turísticos; pla- Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 1918 que são, estão, serão ou estarão mo- tivados para consumir os produtos e serviços turísticos. Já a oferta turísti- ca é baseada em recursos que atraiam e forneçam os desejados serviços rele- vantes aos turistas, ou seja, no poten- cial que tem um centro turístico, por exemplo, para atrair e motivar os tu- ristas e das infraestruturas, elementos fixos que compõem o negócio. O conhecimento público mais imedia- to deste mercado se refere às ações e formas pelas quais os indivíduos planejam suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu ambiente. Usualmente, tal necessidade temporal pode compreender um período que geralmente dura mais de um dia e não mais de 12 meses. Atualmente, o mercado turístico é um dos principais eixos a movimentar a economia tanto no Brasil quanto em outros lugares no mundo. Essa rea- lidade acontece desde o turismo de massas (com grupos de pessoas mo- bilizadas por operadores turísticos) ao turismo individual e personalizado (com indivíduos que organizam seus próprios roteiros e atividades sem a intervenção direta de terceiros), transformando-se em um gigantesco mercado, por meio de uma engrena- gem globalizada e um conjunto de atividades e serviços que alcançam a vida de bilhões de indivíduos no pla- mico Mundial; e a Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo (Pa- cet), da Fundação Getúlio Vargas. No mundo Baseados em dados de diversos desti- nos, o Barômetro Mundial do Turismo da da OMT estima, na edição de janei- ro de 2018, que cerca de 1,322 bilhão de turistas percorreram o mundo em 2017, um crescimento de 7%, sendo o melhor resultado em sete anos. Ainda segundo o Barômetro Mundial do Turismo, os resultados de 2017 se carac- terizaram parcialmente pela retomada da economia global e pelo crescimento da movimentação de muitos destinos de mercados tradicionais e emergen- tes e, particularmente, da recuperação dos que sofreram retração nos anos anteriores, como Rússia e Brasil. A OMT espera que esse crescimento continue em 2018, na ordem de 4% ou 5%. Conforme afirmou o secretário-ge- ral da OMT, Zurab Pololikashvili, “as viagens internacionais continuam a crescer fortemente, consolidando o setor turístico como fator-chave do desenvolvimento econômico. [...] o tu- rismo é essencial para a criação de emprego e a prosperidade de comuni- dades ao redor do globo.” Lembrando que a Europa, em especial os destinos mediterrâneos, registrou neta. Seu faturamento corresponde a 9% do PIB mundial, alcançando a mar- ca de um trilhão de dólares. O indivíduo é atraído pela diversidade de oportunidades que o turismo apre- senta, tais como provar culinárias di- ferentes ou ouvir músicas de novos estilos, podendo apreciar outros tipos de cultura, de paisagens e, sobretudo, a sensação de magnitude que esse tipo de experiência traz para sua va- lorização, pessoal e/ou social. Por al- gum motivo, o viajante é tentado a escapar da sua rotina diária e partir para locais onde possa vivenciar tudo aquilo que venha a ampliar sua visão pessoal, cultural e geográfica. O mercado turístico, é a categoria eco- nômica que inclui todas as empresas que vendem produtos e serviços ligados a viagens. É o mercado cujas ofertas são incialmente associadas ao lazer, mas definitivamente também para viagens de negócios, estudos e outros motivos. 3 . 1 T u r i s m o n o B ra s i l e n o m u n d o Os dados aqui apresentados foram obtidos em fontes secundárias, sendo elas o Barômetro Mundial do Turismo da da Organização Mundial do Turis- mo (OMT); o Ministério do Turismo (MTur); o Relatório de Competitividade em Viagem e Turismo do Fórum Econô- um extraordinário aumento de chega- das internacionais de 8%, igual ao con- tinente africano, que consolida sua re- cuperação iniciada em 2016. Já a Ásia e a região do Pacífico apresentaram6% de crescimento. O Oriente Médio teve um aumento de 5% dos turistas e o continente americano, 3% a mais. No Brasil Atualmente, o turismo no Brasil, repre- senta 4% do PIB (Produto Interno Bru- to), empregando mais de dez milhões de pessoas direta e indiretamente, e tem enorme potencial para aumentar esse número. O turismo estimula um desenvolvimento limpo e sustentável, e já há ampla percepção do princípio de preservar para gerar renda. Além do seu espectro econômico, o turismo contribui também para a ampliação do autoconhecimento do povo brasileiro, matizando a diversificação de suas re- ferências históricas, culturais e sociais. O turismo é um dos setores em expan- são no Brasil que vem apresentando números sempre crescentes em todas as categorias, inclusive turismo de negócios, de luxo e de aventura. In- dependentemente da situação econô- mica local, existem múltiplas opções de serviços e investimentos, uma vez que o mercado oferece uma exten- sa variedade de produtos e serviços, atingindo desde a fase de planeja- 2 LGBT (ou LGBTTT) é a sigla para os diferentes tipos de orientações sexuais: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros. Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 2120 mento de uma viagem até o término da estadia no destino e seu retorno. Em 2016, quando sediou os Jogos Olím- picos e Paraolímpicos, o Brasil recebeu 6,6 milhões de estrangeiros. Trata-se de um recorde histórico, além de uma alta de quase 5% em relação a 2015. Se- gundo o Ministério do Turismo, em ter- mos de divisas, este movimento injetou pouco mais de US$ 6,2 bilhões na eco- nomia nacional (cerca de R$ 21 bilhões). Na geração de receitas, o resultado de 2016 foi 6% superior ao do ano anterior, quando os visitantes realizaram gastos de US$ 5,8 bilhões. Ou seja, a atividade turística também estimula o desenvol- vimento do País, com a injeção de re- cursos e investimentos na economia. Na comparação com os principais produtos de exportação geradores de receitas para o Brasil, o volume da re- ceita dos serviços turísticos os colo- ca na quarta posição em geração de divisas, à frente das receitas obtidas com exportação de açúcar de cana, farelo e resíduos da extração de óleo de soja, carne de frango, café cru em grãos e automóveis de passageiros. Sendo um país de destino turístico bem diversificado, pois conta uma va- riedade de ofertas, atingindo muitos segmentos: sol e praia, ecoturismo, aventuras em diversas regiões, cul- tura, negócios e eventos, turismo de esportes até o mais recente, o LGBT2. mia do que por ações de marketing. Mesmo com os efeitos da atual crise econômica que o País enfrenta, a 13ª edição da Pesquisa Anual de Conjuntu- ra Econômica do Turismo (Pacet) enco- mendada pelo Ministério do Turismo à Fundação Getúlio Vargas mostrou que o mercado de turismo estava otimis- ta em 2016, em relação aos resultados que seriam alcançados ao fim 2017. A pesquisa, divulgada em maio de 2017, ouviu representantes das 80 maiores empresas de turismo do país. Quase 90% dos empresários entrevista- dos informaram que farão aportes para investimento em seus negócios. Dentro deste espírito, destacam-se os segmen- tos de transporte aéreo, locadoras de automóveis e operadoras de turismo, em que 100% dos entrevistados afir- maram que realizarão investimentos. A expectativa também é elevada nas áreas de meios de hospedagem (94%), promotora de feiras (82%) e agência de viagens (82%). A injeção de recursos em setores tão capitalizados como o de serviços turísticos, desde hotelaria, refeições ao receptivo tem um efeito impressionante nas economias locais de muitos municípios. Observa-se que no ano passado, os segmentos pesquisados registram um pequeno crescimento de 0,3%. Os me- lhores resultados de faturamento fo- ram observados nas empresas orga- O Brasil oferece roteiros e produtos tu- rísticos de todos os níveis para todos os gostos em qualquer período do ano. A gastronomia também agrada a maioria: em 2014, uma pesquisa feita durante a Copa, indicou que 93,2% dos visitantes aprovaram a culinária local, sinalizando nossos pratos como elementos caracte- rísticos da cultura brasileira. O Relatório de Competitividade em Viagem e Turismo, editado pelo Fórum Econômico Mundial compara uma lista com 136 nações, considerando 14 dimen- sões do turismo. Em 2017, o Brasil ocu- pou a 27º colocação, sendo o primeiro da América do Sul na lista e o primeiro do mundo no quesito recursos naturais e o oitavo em viagens de negócios. Contudo, o Brasil ainda tem uma espa- çosa lacuna a ser preenchida quanto ao aproveitamento de todas as opor- tunidades deste mercado. Em termos globais, 87,4% dos gastos no turismo do País foram realizados por viagens a la- zer (R$ 312,2 bi). Porém, 93,5% do valor movimentado na economia do setor fo- ram gerados pelos turistas domésticos. É fato que o número de brasileiros que, de alguma forma, conseguiram, preci- saram ou optaram por viagens nacio- nais e/ou internacionais aumentou significativamente nos últimos anos. E, esse movimento foi intensificado mais pelo transitório crescimento da econo- nizadoras de eventos (18,6%), locadora de automóveis (6,2%), meios de hospe- dagem (5,1%). Uma notícia alentadora, mesmo com as altas taxas de desem- prego, é que o mercado de trabalho poderá apresentar um leve cresci- mento de 0,2% com alta nos segmen- tos de organização de eventos (4,7%), agências de viagens (2,3%) e transpor- te aéreo (1%). Em relação ao quadro de pessoal foi registrada uma queda de 5,9%. As maiores reduções foram observadas nas agências de viagens (17,8%) e operadoras de turismo (11,2%). Confirmando a tendência dos resulta- dos revelados pela Pacet, a expectati- va é de desenvolvimento em torno de 81% do mercado pesquisado, sentimento este amparado pela perspectiva de re- tomada do crescimento econômico e o aumento no número de brasileiros via- jando pelo Brasil. Ainda segundo o es- tudo, 14% dos entrevistados acreditam na estabilidade, e os mais pessimistas em 5% no abatimento do mercado. Os resultados comprovam que o turis- mo é uma atividade com grande po- tencial o para o cenário econômico do País, que atravessa momento de mudanças profundas. Não obstante, já existe uma preocupação governa- mental para proporcionar o melhor ambiente de negócios para a atração de investimentos no setor. Recente- mente, o MTur lançou o Brasil + Tu- Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 2322 rismo, um pacote com medidas para desburocratização do setor e geração de emprego e renda por meio da ati- vidade turística. 3 . 2 M a p a d o T u r i s m o B ra s i l e i ro e n o E s t a d o d o R i o d e Ja n e i ro O levantamento completo do Mapa do Turismo Brasileiro, divulgado pelo MTur em setembro de 2017, mostrou que em todo o País, foram listados 3.285 municípios em 328 regiões tu- rísticas, ocorrendo um crescimento exponencial em relação ao Mapa de 2016, quando foram registradas 2.175 cidades em 291 regiões. Para o MTur, este redimensionamen- to contribuiu para melhorar a capaci- dade de atuar de forma coordenada com os estados, regiões turísticas e municípios, sobretudo para desenvol- ver e consolidar novos produtos e os destinos turísticos. O Mapa do Turismo Brasileiro é um instrumento de orientação para a atuação do Ministério do Turismo no desenvolvimento de políticas públi- cas, tendo como foco a gestão, estru- turação e promoção do turismo, de forma regionalizada e descentraliza- da. Sua construção é feita em conjun- to com os órgãos oficiais de Turismo dos estados brasileiros. O instrumen- to, identifica o desempenho da econo- mia do turismo para tornar mais fácila identificação e apoio a cada um. Segundo a metodologia da catego- rização adotada, os municípios estão divididos em categorias que vão de A a E. Os que estão classificados como A, B e C são aqueles que concentram o fluxo de turistas domésticos e in- ternacionais. Os demais municípios figuram nas categorias D e E. Estes destinos não possuem fluxo turístico nacional e internacional expressivo, no entanto, alguns possuem papel im- portante no fluxo turístico regional e precisam de apoio para a geração e formalização de empregos e estabele- cimentos de hospedagem. O Mapa do Turismo do Rio de Janeiro cresceu em comparação a 2016, com a inserção, pelo Estado do Rio, de 20 municípios e a exclusão de dois, passando de 71 para 89 cidades com vocação turística, distribuídas em 12 regiões, que também obedecem à ca- tegorização por letras do MTur. Qua- se a totalidade dos municípios flumi- nenses (92) fazem parte atualmente do Mapa, resultado dos incentivos do governo estadual e de instituições como o Sebrae/RJ. São cinco os destinos categorizados como A no Estado do Rio de Janeiro: Angra dos Reis, Armação dos Búzios, Cabo Frio, Paraty e Rio de Janeiro; 17 estão na categoria B, entre eles Petró- polis, Itatiaia e Arraial do Cabo; 23 são classificados como C, tais como: Araru- ama, São Pedro da Aldeia e Miguel Pe- reira; 43 são da categoria D e apenas um foi classificado como E (Carapebus). O Município de Guapimirim está clas- sificado na categoria D, pois, apesar de não ter um grande fluxo de turis- tas, tem relevante papel na região turística em que se encontra, poden- do atuar juntamente aos demais mu- nicípios que compõem a Serra Verde Imperial: Cachoeiras de Macacu, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. O planejamento estratégico para o turismo em Guapimirim servirá de es- tímulo para que o município alcance resultados mais significativos com as atividades turísticas, aproveitando de modo consistente e crescente seu ca- pital turístico, cultural e natural de forma sustentável e coletiva. Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 2524 4 Caracterização da oferta turística em Guapimirim Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 27 O conjunto de recursos naturais e arti- ficiais de uma cidade ou região, incluin- do a oferta de bens e serviços ligados à atividade turística, passa a englobar tudo o que está presente no destino e que pode ser oferecido aos turistas para a satisfação de suas necessidades. A vasta oferta no setor de turismo compõe um conjunto de atrativos pre- sentes no destino e ao alcance dos turistas. Entretanto, a oferta turística apresenta algumas peculiaridades das quais cinco delas merecem destaque: A. Impossibilidade de estocagem - A maioria dos serviços turísticos não pode ser estocada, ou seja, não pode ser guardada para posterior consumo, como assen- tos de avião ou leitos de hotel. B. Competitividade - Por não ser con- siderada necessidade básica e pri- mária do homem, a oferta turística está fortemente sujeita à concor- rência de outros bens e serviços. C. Rigidez - A oferta turística é pou- co flexível, pois é muito difícil transformar atividades turísticas em outras formas de exploração econômica. Exemplo: o avião tem por finalidade somente o serviço de transporte aéreo, e, mesmo que ofereça assentos reclináveis (que em alguns casos, se trans- formam em camas) e sirvam re- feições a bordo, não se presta Microrregião do Rio de Janeiro. Cor- tado pelas rodovias BR-116, BR-493 e RJ- 122, Guapimirim faz limite com os Mu- nicípios de Teresópolis e Petrópolis (ao norte), Itaboraí (ao sul), Cachoeiras de Macacu (a leste) e Magé (a oeste) e nesta direção também ocupa parte da margem da Baía de Guanabara. Localizado ao norte da capital do es- tado, da qual dista aproximadamen- te 84 quilômetros, suas coordenadas geográficas são: 22°32’14” de latitude sul e 42°58’55” de longitude oeste. Apesar da altitude de 48 metros em sua sede, o Município de Guapimirim possui bairros localizados a mais de 700 metros acima do nível do mar. Ocupando uma área de 363,25 Km2 e com população estimada em 2016 pelo IBGE em 57.105 habitantes, Guapimi- rim é o 37º município mais populo- so do Estado do Rio de Janeiro, com densidade demográfica aproximada de 141,74 hab./km2. Possui clima tropi- cal de altitude e IDH 0,698. O Municí- pio de Guapimirim também faz parte da microbacia do Bananal, atualmen- te sendo delimitada. 4 . 1 H i s t ó r i c o d o m u n i c í p i o O nome “Guapimirim” é originário do termo tupi agûapé’ymirim, que signi- fica “rio pequeno dos aguapés” (agûa- a outra atividade como hospeda- gem, alimentação, lazer etc. D. Intangibilidade - O consumidor compra um produto que não pode ser tocado (intangível), uma vez que a maioria dos serviços turísticos não pode ser estocada. E. Imobilidade - É impossível trans- portar a oferta turística de um lugar para outro. Diferentemen- te de outros bens e serviços que são levados até o consumidor por meio das cadeias de distribuição, no turismo, o consumidor é que é levado até o produto oferecido. Contudo, apesar do reconhecimento e multiplicidade dos serviços para o tu- rismo, ainda permanece a classificação da oferta turística como adotada pelo extinto Centro Brasileiro de Informação Turística (Cebitur), órgão que pertencia à Embratur. Sua metodologia classifica a oferta turística em três categorias: a) atrativos turísticos; b) equipamentos e serviços tu- rísticos; e c) infraestrutura de apoio turístico. Complementando a metodologia de classificação acima, o presente plane- jamento também inclui uma série de informações sobre o município. Guapimirim se insere na Mesorregião Metropolitana do Rio de Janeiro e na pé, aguapé + ‘y, rio + mirim, pequeno). A região foi inicialmente habitada pelos índios tamoios, que viviam em torno de uma nascente na região do Vale das Pedrinhas, e por índios tim- biras, que ocuparam o sopé da Serra dos Órgãos – onde fica Guapimirim – até o século XVII, quando os portu- gueses chegaram à região. A história de Guapimirim remonta dos séculos XVI e XVII, com a aparição da Serra dos Órgãos (1561) e do rio Guapi- mirim (1626) em mapas e cartografias da época. Os primeiros registros da ci- dade são de 1674, e citam um povoado às margens do rio Guapimirim – usado pelas tropas que iam e voltavam das Minas Gerais –, abençoado pela funda- ção da Igreja de Nossa Senhora d’Ajuda, padroeira da cidade, nas terras que fo- ram vendidas por padres jesuítas mais de três décadas antes, e localizadas no atual distrito de Vale das Pedrinhas. Em 1696, Magé, até então pertencen- te à Freguesia de Nossa Senhora da Candelária da Corte do Rio de Janeiro, torna-se a Freguesia de Nossa Senho- ra da Piedade de Magepe. Um ano de- pois, é anexada à Vila de Santo Antô- nio de Sá de Macuco (a primeira Vila do Recôncavo da Baía de Guanabara). A Cidade de Magé, da qual pertenceria Guapimirim, surgira apenas em 1857. A Capela de Nossa Senhora D’Ajuda é demolida, em 1714, a mando do re- Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 2928 verendo Manoel da Costa Cordeiro devido ao estado em ruínas em que encontrava, passando a funcionar no oratório da Capela de Nossa Senhora da Conceição, erguida um ano antes, atualmente localizada na Barreira. Há registros de 1725 que apontam o Porto de Piedade, em Magé, como porta de entrada da “Estrada de Minas”, que seguia pelo Frechal e Socavão (ambas regiões de Guapi- mirim), passando pelo bairro tere- sopolitano de Canoas e indo em di- reção à Além Paraíba. A Capela de Nossa Senhora D’Ajuda começa a ser reconstruída, em 1726, agora sobre o Outeiro de Grumixamas (ou Igramixamas, numapossível refe- rência aos índios timbiras), obra con- cluída somente 21 depois. E, em 1730, a Capela de Nossa Senhora de Sant’An- na é construída no Bananal. Em 1755 é criada, por meio de alvará, a Freguesia de Nossa Senhora D’Aju- da de Aguapehy-Mirim, anexada à Vila de Santo Antônio de Sá de Ma- cuco. Nesta época, já haviam quatro engenhos de cana nesta região e a Capela é elevada à Paróquia. As terras além da Serra dos Órgãos são anexadas, em 1789, à Freguesia de Nossa Senhora D’Ajuda de Guapi- mirim com a constituição da Vila de Magé, da qual passou a fazer parte. formalmente por lei a cobrança de pedágio na Barreira (considerado o primeiro do Brasil). Seis anos depois, quando a Vila de Magé foi considera- da a mais próspera do Rio de Janeiro, foram arrecadados 300 mil contos de rés, quantia suficiente para adquirir, por exemplo, 100 escravos. Em 1857, a Vila de Magé torna-se ci- dade, e Guapimirim passa a ser o seu 5º Distrito. Cinco anos depois, a construção do cemitério de Sant’An- na do Bananal – onde já eram efetu- ados sepultamentos clandestinos de escravos – foi autorizado devidos às muitas mortes provenientes de “fe- bres de todos os tipos”, inclusive dos viajantes que paravam para descan- sar no lugar que logo seria chama- do de Porto Modelo. O cemitério de Santana até hoje serve à cidade. A sede da Freguesia de Nossa Senhora D’Ajuda de Guapimirim é transferida, em 1865, do Outeiro dos Grumixamas para o Arraial do Bananal devido ao grande número de tropeiros e viajan- tes em direção à Serra dos Órgãos. A Capela de Sant’Anna serviu proviso- riamente como Matriz. Cerca de mil burros cargueiros pas- savam diariamente pelo Pedágio da Barreira, em 1868 . O transporte tam- bém era usado por passageiros, in- clusive a Princesa Isabel e seu marido Ainda no fim do século XVIII, surgiu o povoado de Santana, que ficava no caminho das tropas que cruzavam a Serra dos Órgãos e seguiam em dire- ção às Minas Gerais. Foi também nessa época que surgiu o povoado da Barreira onde está loca- lizada a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (1713) e a antiga sede da Fazenda Barreira. A Capela de Nossa Senhora D’Ajuda elevada à Paróquia em 1808, quando a freguesia de onde se encontra se torna cada mais relevante devido ao trânsito de centenas de burros de carga que diariamente passavam pela Serra dos Órgãos. A chegada à Corte, em 1817, do botâ- nico alemão Carl Friedrich Phillip Von Martius. Estudando a fauna e a flora da Serra dos órgãos, o botânico e o zoólogo Johann Baptist Von Spix vive- ram três anos no País. A casa-sede da Fazenda Barreira abriga o Museu Von Martius, em sua homenagem. O trânsito de cargas resultante do transporte de parte da produção de Minas Gerais até o Porto de Piedade na Baía de Guanabara, de onde se- guia para atender a grande demanda de alimentos para a Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, era tão intenso em 1836, que nesta época foi autorizado Conde D’Eu para atingir Teresópolis. Entusiasta da fotografia, o impera- dor Dom Pedro II atraiu fotógrafos estrangeiros e, em 1875, foram tira- das as primeiras fotografias da Serra dos Órgãos, feitas pelos fotógrafos Marc Ferrez e George Leusinger. Posteriormente, precisamente em 1880 são iniciadas as obras da Estrada Magé-Teresópolis e, em 1884, Gover- no Imperial criou a Empresa Estrada de Ferro Tereópolis, com a intenção de construir mais uma ferrovia na região. Em setembro de 1895, come- ça a construção da Estrada de Ferro Teresópolis e, em 1º de novembro de 1896, é inaugurada a Estação de Trem Raiz da Serra de Guapimirim, locali- zada no Centro da Cidade, onde atu- almente funciona o último ramal da Linha Saracuruna. Porém, a urbani- zação de Guapimirim começou so- mente no início do século XX. E, em 1926, a construção da Estação Ferro- viária de Guapimirim foi o ponto de partida para suas primeiras constru- ções urbanas. Em plebiscito realizado no dia 25 de novembro de 1990, o município come- mora sua emancipação política. Assim, a fundação do município emancipado ocorreu em 21 de dezembro de 1990. No ano seguinte foram realizadas as primeiras eleições municipais e, em 15 Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 3130 de julho de 1995, a divisão territorial determinou a constituição do municí- pio em um distrito-sede, e do segundo distrito, o Vale das Pedrinhas. 4 . 2 Í n d i c e d e D e s e n v o l v i m e n t o H u m a n o M u n i c i p a l d e G u a p i m i r i m 3 Em julho de 2013, foi divulgado o resul- tado da análise de mais de 180 indica- dores socioeconômicos dos censos do IBGE de 1991, 2000 e 2010. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é calculado para três dimen- sões, como a possibilidade de viver uma vida longa e saudável, do acesso à educação e a obtenção de um pa- drão de vida que possa garantir ne- cessidades básicas, através da renda. Em 2010, o IDHM de Guapimirim era 0,698, o que coloca o município na faixa de Desenvolvimento Humano Médio (IDHM entre 0,600 e 0,699). A dimensão que mais contribui para o IDHM do municí- pio é Longevidade, com índice de 0,812, seguida de Renda, com índice de 0,692, e de Educação, com índice de 0,604. Evolução do IDHM de Guapimirim Entre 1991 e 2000 - O IDHM passou de 0,405, em 1991, para 0,572, em 2000 – uma taxa de crescimento de 41,23%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM do Taxa de crescimento Redução hiato de desenvolvimento Entre 1991 e 2000 + 41,23% + 71,93% Entre 2000 e 2010 + 22,03% + 70,56% Entre 1991 e 2010 + 72,35% + 50,76% ‑Fonte: Pnud, Ipea e FJP Guapimirim ocupa a 1.969ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros segun- do o IDHM. Nesse ranking, o maior IDHM é 0,862 é de São Caetano do Sul (SP) e o menor é 0,418 é de Melgaço (PA). IDHM e componentes 2000 2010 IDHM Educação 0,395 0,604 % de 18 anos ou mais com fundamental completo 33,96 52,05 % de 5 a 6 anos na escola 74,36 92,59 % de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental REGULAR SERIADO ou com fundamental completo 49,43 81,12 % de 15 a 17 anos com fundamental completo 32,57 48,01 % de 18 a 20 anos com médio completo 14,09 38,70 IDHM Longevidade 0,722 0,812 Esperança de vida ao nascer 68,31 73,69 IDHM Renda 0,655 0,692 Renda per capita 471,04 594,06 Fonte: PNUD, Ipea e FJP Entre 1991 e 2000, a população do município cresceu a uma taxa média anual de 3,44%. No Estado do Rio de Janeiro, esta taxa foi de 1,30%, enquanto no Brasil foi de 1,63%, no mesmo período. Na mesma década, a taxa de urbanização do município passou de 65,88% para 67,44%. Entre 2000 e 2010, a população de Guapimirim cresceu a uma taxa média anual de 3,10%, enquanto no Brasil o crescimento foi de 1,17%, no mesmo período. Nesta década, a taxa de urbanização do município passou de 67,44% para 96,63%. Em 2010, viviam, no município, 51.483 pessoas. município e o limite máximo do ín- dice, que é 1, foi reduzido em 71,93%, entre 1991 e 2000. Nesse período, a di- mensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,205), seguida por Longevidade e por Renda. Entre 2000 e 2010 - O IDHM passou de 0,572, em 2000, para 0,698, em 2010 – uma taxa de crescimento de 22,03%. O hiato de desenvolvimento humano foi reduzido em 70,56% entre 2000 e 2010. Nesse período, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,209), seguida por Longevidade e por Renda. Entre 1991 e 2010 - De 1991 a 2010, o IDHM do município passou de 0,405, em 1991, para 0,698, em 2010, enquan- to o IDHM do Estado do Rio de Janei- ro passou de 0,493 para 0,727. Isso implica em uma taxa de crescimento de 72,35% para o município e 47% para a UF; e em uma taxa de redução do hiato de desenvolvimento humanode 50,76% para o município e 53,85% para a UF. No município, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos abso- lutos foi Educação (com crescimento de 0,414), seguida por Longevidade e por Renda. Na UF, por sua vez, a di- mensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,358), seguida por Longevidade e por Renda. 3 Todos os dados referentes ao IDHM deste documento são de 2010, data da última apuração, constantes do Atlas do Desenvolvimento Humano, disponível em: <http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/guapimirim_rj>. Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 3332 População População (2000) % do total (2000) População (2010) % do total (2010) População total 37.952 100,00 51.483 100,00 População residente masculina 18.944 49,92 25.280 49,10 População residente feminina 19.008 50,08 26.203 50,90 População urbana 25.593 67,44 49.746 96,63 População rural 12.359 32,56 1.737 3,37 Fonte: PNUD, Ipea e FJP Estrutura etária Em 1991, a razão de dependência e a taxa de envelhecimento no município eram, respecti- vamente, 64,81% e 4,81%. Já no Estado do Rio, a razão de dependência passou de 65,43%, em 1991, para 54,88%, em 2000, e 45,87%, em 2010; enquanto a taxa de envelhecimento passou de 4,83%, para 5,83% e para 7,36%, respectivamen- te. Entre 2000 e 2010, a razão de dependência no município passou de 55,39% para 45,86% e a taxa de envelhecimento, de 5,61% para 6,71%. Estrutura etária População (2000) % do total (2000) População (2010) % do total (2010) Menos de 15 anos 11.401 30,04 12.731 24,73 15 a 64 anos 24.423 64,35 35.295 68,56 População de 65 anos ou mais 2.128 5,61 3.457 6,71 Razão de dependência 55,39 - 45,86 - Taxa de envelhecimento 5,61 - 6,71 - Fonte: PNUD, Ipea e FJP A mortalidade infantil no município (mortalidade de crianças com menos de um ano de idade), em 1991, era de 44,8. Passou de 22,0 óbitos por mil nascidos vivos, em 2000, para 16,7 óbitos por mil nascidos vivos, em 2010. Já no Estado do Rio, a taxa era de 29,9, em 1991, de 21,2, em 2000, e 14,2, em 2010. Em 1991, essa taxa no País era de 44,7 óbitos por mil nascidos vivos. Entre 2000 e 2010, caiu de 30,6 óbitos por mil nas- cidos vivos para 16,7 óbitos por mil nascidos vivos. Com a taxa observa- da em 2010, o Brasil cumpre uma das metas dos Objetivos de Desenvolvi- mento do Milênio das Nações Uni- das, segundo a qual a mortalidade infantil no país deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil em 2015. 2000 2010 Esperança de vida ao nascer 68,3 73,7 Mortalidade infantil 22,0 16,7 Mortalidade até 5 anos de idade 24,9 18,8 Taxa de fecundida- de total 2,6 2,3 Fonte: PNUD, Ipea e FJP A esperança de vida ao nascer é o in- dicador utilizado para compor a di- mensão Longevidade do IDHM. No mu- nicípio, a esperança de vida ao nascer em 1991, era de 61,9 anos. Cresceu 5,4 anos na última década, passando de 68,3 anos, em 2000, para 73,7 anos, em 2010. No Brasil, a esperança de vida ao nascer era de 64,7 anos, em 1991, de 68,6 anos, em 2000, e de 73,9 anos, em 2010. Educação O percentual de crianças e jovens fre- quentando ou tendo completado de- terminados níveis de estudo indicam a situação da educação entre a po- Entenda A razão de dependência é o percentual da população de menos de 15 anos e da popula- ção de 65 anos ou mais (popula- ção dependente) em relação à população de 15 a 64 anos (po- pulação potencialmente ativa). Já a taxa de envelhecimento é a razão entre a população com idade a partir de 65 anos em re- lação à população total. pulação em idade escolar do estado e compõe o IDHM Educação. Em 1991, 66,59% das crianças entre cinco e seis anos estavam na escola no município, passando para 69,71%, em 2000. Em 2010, 92,59% das crian- ças entre cinco e seis anos frequen- tam a escola no município. Em 2010, a proporção de crianças de 11 a 13 anos frequentando os anos fi- nais do ensino fundamental era de 81,12%; a proporção de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo é de 48,01%; e a proporção de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo era de 38,70%. Dos jovens adultos de 18 a 24 anos, em 1991, 0,20% estavam cursando o ensino superior. Em 2000 eram 3,02% e, em 2010, 5,68%. Entre 1991 e 2010, essas proporções aumentaram, respectivamente, em 61,45%, 58,25%, 36,22% e 32,25%. Sendo que em 2010, 77,63% da população de 6 a 17 anos do município esta- vam cursando o ensino básico regu- lar com até dois anos de defasagem idade-série. O indicador Expectativa de Anos de Estudo também sintetiza a frequên- cia escolar da população em idade Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 3534 escolar. Mais precisamente, indica o número de anos de estudo que uma criança que inicia a vida escolar no ano de referência deverá completar ao atingir a idade de 18 anos. Em 1991 , a expectativa de anos de estudo era de 7,33 anos, no município, e de 8,65 anos, no Estado do Rio. Entre 2000 e 2010, ela passou de 7,92 anos para 8,83 anos, no município, enquanto no Estado do Rio passou de 8,96 anos para 9,17 anos. Também compõe o IDHM Educação um indicador de escolaridade da popu- lação adulta, o percentual da população de 18 anos ou mais com o ensino fundamental completo. Esse indicador carrega uma grande inércia, em fun- ção do peso das gerações mais antigas, de menor escolaridade. Em 1991, os percentuais eram de 20,96%, no município, e 30,09%, no Estado do Rio. Entre 2000 e 2010, esse percentual passou de 33,96% para 52,05%, no município, e de 39,76% para 54,92%, no estado. Em 2010, considerando-se a população mu- nicipal de 25 anos ou mais de idade, 9,35% eram analfabetos, 47,82% tinham o ensino fundamental completo, 29,92% possuíam o ensino médio completo e 5,41%, o superior completo. No Brasil, esses percentuais são, respectivamen- te, 11 ,82%, 50,75%, 35,83% e 11 ,27%. A renda per capita média de Guapimirim cresceu 113,35% nas últimas duas décadas, passando de R$ 278,45, em 1991, para R$ 471,04, em 2000, e para R$ 594,06, em 2010. Isso corresponde a uma taxa média anu- al de crescimento de 4,07% nesse período. A taxa média anual de crescimento foi de 6,02%, entre 1991 e 2000, e 2,35%, entre 2000 e 2010. A proporção de pessoas pobres, ou seja, com renda domiciliar per capita infe- rior a R$ 140 (a preços de agosto de 2010), passou de 43,33%, em 1991, para 19,94%, em 2000, e para 10,48%, em 2010. A evolução da desigualdade de renda nesses dois períodos pode ser descrita por meio do Índice de Gini, que passou de 0,55, em 1991, para 0,54, em 2000, e para 0,50, em 2010. 2000 2010 Renda per capita 471,04 594,06 % de extremamente pobres 5,36 3,28 % de pobres 19,94 10,48 Índice de Gini 0,54 0,50 Fonte: PNUD, Ipea e FJP Entre 2000 e 2010, a taxa de atividade da população de 18 anos ou mais (ou seja, o percentual dessa população que era economicamente ativa) passou de 65,58%, em 2000, para 67,96%, em 2010. Ao mesmo tempo, sua taxa de desocupação (ou seja, o percentual da população economicamente ativa que estava desocupa- da) passou de 16,62%, em 2000, para 12,16%, em 2010. Ocupação da população de 18 anos ou mais - Guapimirim - RJ 2000 2010 Taxa de atividade - 18 anos ou mais 65,58 67,96 Taxa de desocupação - 18 anos ou mais 16,62 12,16 Grau de formalização dos ocupados - 18 anos ou mais 46,54 52,70 Nível educacional dos ocupados % dos ocupados com fundamental completo - 18 anos ou mais 38,88 56,30 % dos ocupados com médio completo - 18 anos ou mais 20,89 36,12 Rendimento médio % dos ocupados com rendimento de até 1 s.m. - 18 anos ou mais 41,50 16,47 % dos ocupados com rendimento de até 2 s.m. - 18 anos ou mais 78,09 76,45 % dos ocupados com rendimento de até 5 s.m. - 18 anos ou mais 94,76 96,13 Fonte: PNUD, Ipea e FJP. Nota: Salário mínimo está representadopor s.m. Em 2010, das pessoas ocupadas na faixa etária de 18 anos ou mais do município, 3,92% trabalhavam no setor agropecuário; 0,23% na indústria extrativa; 6,60% na indústria de transformação; 15,48% no setor de construção; 1,78% nos setores de utilidade pública; 16,04% no comércio; e 50,99% no setor de serviços. Indicadores de Habitação - Guapimirim - RJ 1991 2000 2010 % da população em domicílios com água encanada 76,79 86,32 89,68 % da população em domicílios com energia elétrica 94,85 99,83 100,00 % da população em domicílios com coleta de lixo 31,78 92,53 94,43 Fonte: PNUD, Ipea e FJP Entenda O Índice de Gini é um instru- mento usado para medir o grau de concentração de renda. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamen- te, varia de 0 a 1, sendo que 0 representa a situação de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, e o valor 1 signi- fica completa desigualdade de renda, ou seja, se uma só pessoa detém toda a renda do lugar. Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 3736 2000 2010 Crianças e Jovens Mortalidade infantil 21,96 16,72 % de crianças de 0 a 5 anos fora da escola 79,26 60,00 % de crianças de 6 a 14 fora da escola 5,78 2,40 % de pessoas de 15 a 24 anos que não estudam, não trabalham e são vulneráveis, na população dessa faixa 16,20 12,27 % de mulheres de 10 a 17 anos que tiveram filhos 3,24 4,54 Taxa de atividade - 10 a 14 anos 5,55 4,75 Família % de mães chefes de família sem fundamental e com filho menor, no total de mães chefes de família 18,53 19,83 % de vulneráveis e dependentes de idosos 3,27 2,01 % de crianças extremamente pobres 10,44 5,59 Trabalho e renda % de vulneráveis à pobreza 44,81 31,34 % de pessoas de 18 anos ou mais sem fundamental completo e em ocupação informal 52,97 36,59 Condição de moradia % da população em domicílios com banheiro e água encanada 91,27 92,17 Fonte: PNUD, Ipea e FJP 4 . 3 R e l e v o , h i d ro g ra f i a , v e g e t a ç ã o e c l i m a O município apresenta três relevos diferenciados: área de escarpas da Serra do Mar (Serra dos Órgãos), com encostas cobertas por porções primárias e secun- dárias de Mata Atlântica; área plana e semiplana, no sentido leste-oeste, indo até a base da Serra dos Órgãos e ocupando a área central do município; e área de baixada, mais ao sul, no entorno da Baía de Guanabara. Hidrografia – Devido às diversas topografias na área do município, os rios de baixada têm formas meândricas e movimento lento, ao contrário dos rios e nas- centes das regiões mais altas e mon- tanhosas. São duas bacias: a do rio Guapimirim na parte oeste do muni- cípio (recebendo os rios Corujas, Ba- nanal, Riacho Branco e Soberbo), e a leste a sub-Bacia do rio Guapiaçu (re- cebendo os rios Iconha, Caneca Fina, Suvacão e Paraíso). Todos os afluen- tes possuem nascentes na Serra dos Órgãos e vários correm no interior de unidades de conservação. Vegetação – Floresta ombrófila den- sa, ocorrência de florestas de monta- na entre 500 e 1500 metros, de alto montana (acima de 1.500 metros) e campos de altitude. Próximo ao limi- te de Cachoeiras de Macacu, o estra- to arbóreo é de floresta submontana com ocorrência de canéfitas, epífitas e lianas. Existem árvores de 25 a 50 metros de altura e as espécies mais usuais são jequitibá, pau de tucano, baguaçu, faveira, jacatirão, canelas, sangue de dragão e palmito. A cober- tura vegetal dos morros mais altos é composta por matas secundárias, capoeiras e capoeirões. Na área de baixada são encontradas florestas de terras baixas e a vegetação dos manguezais. Clima – Divide-se em dois tipos. Nas regiões mais elevadas com ocorrên- cia de clima superúmido e precipita- ções pluviais de mais de 2.500mm/ano e temperatura média entre 16 e 18 °C. Há também o clima tropical de altitu- de nas proximidades dos limites com Teresópolis e Petrópolis. Nas regiões semiplana e baixa, o clima varia en- tre quente, úmido e superúmido. A es- tação chuvosa ocorre entre dezembro e abril e a mais seca nos meses entre junho e setembro. Segundo os dados do Laboratório In- terdisciplinar de Meio Ambiente da Coppe/UFRJ, em 2008 o município apresentava 42,7% de seu território com cobertura vegetal. Além disso, também possui importantes fragmen- tos florestais nas áreas de colinas, circundadas por extensas áreas co- bertas por pastagens. Os mais impor- tantes remanescentes de manguezais do entorno da Baía de Guanabara es- tão em Guapimirim. 4 . 4 E s t r u t u ra d e s e rv i ç o s e e q u i p a m e n t o s t u r í s t i c o s A cidade de Guapimirim é um reduto da Mata Atlântica, pois está incrus- tada na subida da Serra dos Órgãos e tem 70% de seu território em área de proteção ambiental, inclusive a Área de Proteção Ambiental Guapi- mirim. Encontra-se localizada num vale formado pela base do Pico Dedo de Deus na Serra dos Órgãos e, junta- mente aos Municípios de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, Magé e Cacho- Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 3938 eiras de Macacu, Guapimirim integra a Serra Verde Imperial região turís- tica do Rio de Janeiro. O Pico Dedo de Deus, importante sím- bolo turístico do estado, localiza-se dentro da área territorial do município e atrai turistas e amantes das práti- cas esportivas em montanhas de todo o mundo. Em Guapimirim também, ain- da se encontram áreas preservadas do trecho da antiga estrada de ferro que ligava Guapimirim a Teresópolis, sen- do uma área que vem sendo explora- da por turistas mais recentemente em caminhadas pelo leito da estrada. Guapimirim reserva motivos de admi- ração além do seu patrimônio natu- ral. Sob a formação multicultural e artística de seu povo, lá se encon- tram artesãos dos mais diversos seg- mentos: artistas plásticos, arte em couro, escultura em raízes, arte em madeiras entre outros. Com forte influência das culturas indí- gena e africana, a cidade abriga par- te do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. A riqueza de sua flora atraiu xamãs, pajés. Cultura, misticismo e uma rica natureza dão a “Guapi”’ um charme peculiar e diferenciado perto de um grande centro metropolitano. Sua vocação turística é fortemente baseada no turismo de lazer, no eco turismo e no turismo de aventura. vérsias, a história relata que os pri- meiros batismos da família real e sua corte aconteceram naquela capela. Construída em 1713, numa bifurcação das águas do rio Soberbo, a capela é uma das atrações do Parque Nacio- nal da Serra dos Órgãos e seu aces- so se dá por meio do antigo leito da estrada de ferro que ligava o cais de Piedade a Teresópolis. Com alpendres laterais, muito comuns na arquitetu- ra rural fluminense dos séculos XVIII e XIX, a capela é coberta por telhas francesas e precedida por um terreno ladeado por muros de arrimo (escora- dos). Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), em 1989, ela foi restaurada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Bio- diversidade (ICMBio), em 2011. São mui- to procuradas pelos fiéis, as missas celebradas no dia de Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro. Du- rante todo o ano as missas são reali- zadas quinzenalmente, nos segundos e quartos sábados de cada mês, às 16 horas. Endereço: Km 98 da Estrada Rio- Teresópolis (Rodovia Santos Dumont). Capela de Nossa Senhora D`Ajuda – Nossa Senhora D’Ajuda era fervorosa- mente clamada por militares e mari- nheiros portugueses quando partiam em expedições para enfrentar os de- safios do Atlântico e o culto em tor- no dela santa chegou ao Brasil ain- da no tempo da colônia. A primeira Igreja de Nossa Senhora d’Ajuda foi PRINCIPAIS MÍDIAS TVerde Escola Canal 10 / Associação Cultural Onda Verde. Rua Sebastião Schenwenk, 580, Centro. www.youtube.com/tverdecanal.tverde.10@ig.com.br Jornal Folha de Guapimirim folhadeguapimirim.wordpress.com. Rádio Comunitária Onda Verde www.guapimirimonline.com.br. PRINCIPAL ESCOLA Fundação de Apoio da Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) Oferece cursos de informática, inglês e espanhol. As inscrições são em janeiro e junho, pelo site da FAETEC ou na pró- pria unidade. O FAETEC digital dispo- nibiliza gratuitamente computadores e acesso à internet de 9h às 18h. Servi- ço: Estrada da Caneca Fina, 39, Iconha, Guapimirim. www.faetec.rj.gov.br 4 . 5 A t rat i v o s t u r í s t i c o s Com mais de 70% de área verde, Guapi- mirim possui cachoeiras, museus, pré- dios históricos e parques e é o local perfeito para quem gosta de trilhas e esportes radicais. PATRIMôNIO HISTóRICO-CuLTuRAL Capela de Nossa Senhora da Concei- ção do Soberbo - Apesar das contro- fundada em 1647, e é um dos muitos patrimônios históricos e religiosos de Guapimirim. Seu templo foi edifi- cado pelos irmãos Pedro Gago e Es- tevão Gago, perto do Rio Sernambe- tiba, sobre o Outeiro de Grumixamas (ou Igramixamas, numa possível refe- rência aos índios timbiras que habi- tavam aquela região). É considerado um dos primeiros marcos católicos fixados no recôncavo da Baía de Gua- nabara. Em 1714, é demolida, porém, a devoção permaneceu, sendo a sede da região transferida para a Cape- la Nossa Senhora da Conceição, na Barreira (inaugurada um ano antes) e, posteriormente, levando à criação de uma Paróquia de Nossa Senhora d’Ajuda de Guapimirim, como ficou denominada, no Vale das Pedrinhas. Quando a epidemia de febre Palude dizimou a população das redonde- zas, a Paróquia foi abandonada e, no início do século XX, ficou em ruínas. Em 1990, foram inauguradas as obras da atual edificação. Todo mês de agosto, que é o mês festivo de Nossa Senhora d’Ajuda (dia 15), é realizada a Quermesse com suas tradicionais barracas de comida e artesanato. Atualmente, é denominada Paróquia de Nossa Senhora d’Ajuda de Guapi- mirim e foi tombada em 1989, apesar de não conservar suas característi- cas originais. Casa de Henrique Bernadelli – O artis- ta plástico Henrique Bernadelli man- Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 4140 teve seu ateliê na casa onde vivia nos arredores de Guapimirim, entre 1890 e 1920. Nela se encontra um impor- tante registro histórico para a arte brasileira: um afresco que pode ter sido a origem do quadro “Os Bandei- rantes”, uma de suas telas mais fa- mosas e uma das primeiras obras de arte a serem adquiridas pelo estado fluminense, quando o Brasil se tor- nou República. Retratista e paisagista premiado, Bernardelli foi professor da Escola Nacional de Belas Artes e tem trabalhos expostos no interior de pré- dios históricos como o do Teatro Mu- nicipal e o da Biblioteca Nacional, no Centro do Rio de Janeiro. Nascido em Valparaíso, no Chile, Henrique Bernar- delli naturalizou-se brasileiro em 1878, e morreu no Rio de Janeiro, em 1936. A história do artista e a importância do afresco de seu ateliê em Guapimi- rim levaram a comunidade a pedir o tombamento da casa onde morou. En- dereço: Estrada Bernadelli, s/nº, Bar- reira - Km 100 da Rio-Teresópolis (Ro- dovia Santos Dumont). Mirante do Soberbo - Conhecido tam- bém por Mirante da Vista Soberba, o Mirante do Soberbo fica no Municí- pio de Guapimirim, mas já próximo à entrada da cidade de Teresópolis. De lá é possível avistar o pico Dedo de Deus e também avista-se o pico do Escalavrado, a Boca do Peixe e outros pontos da Serra dos Órgãos. Junto ao Museu Von Martius - Um museu em homenagem ao botânico e naturalista alemão Carl Friedrich Philipp Von Mar- tius ocupa a antiga casa-sede da Fa- zenda Barreira do Soberbo, é o Centro de Visitantes do Parque Nacional de Serra dos Órgãos. O ilustre cientista era membro da missão científica en- viada ao Brasil pelos governos bávaro e austríaco, que fez parte da comitiva da grã-duquesa austríaca Leopoldina, que viajava para o Brasil para casar- se com Dom Pedro I, em 1817. Durante três anos Von Martius percorreu di- versas regiões brasileiras a cavalo, até se hospedar na Fazenda do Sober- bo. Pesquisando mais de 12 mil espé- cies da fauna e da flora brasileiras, o trabalho de Von Martius foi muito sig- nificativo, tanto que sua data de seu nascimento, em 17 de abril, tornou-se o Dia Nacional da Botânica. O Impera- dor Dom Pedro II, a Princesa Isabel e o Conde D’Eu também se hospedaram na Barreira do Soberbo. O imóvel foi incorporado ao patrimônio ambien- tal da União em 1939, quando o presi- dente Getúlio Vargas criou o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. O mu- seu mantém a exposição permanente Flora Brasiliens, uma mostra sobre as pesquisas de Von Martius e uma ma- quete de toda a área do parque. O casarão foi restaurado, preservando suas características originais e pos- sui, além de videoteca, um auditório com capacidade para 40 pessoas para mirante encontram-se o Terminal Tu- rístico Tancredo Neves, a Praça “Sen- ta a Pua” (em homenagem aos comba- tentes brasileiros da Segunda Guerra Mundial) e o monumento à Dona Tere- sa Cristina, Imperatriz do Brasil. Sede Guapimirim do Parque Nacio- nal da Serra dos órgãos (Parnaso) - O nome da serra se deve à semelhança que seus picos têm com os tubos dos órgãos das igrejas. Neste paredão ro- choso e desnivelado da Serra do Mar, destaca-se o maciço do Dedo de Deus, um bloco de 1.692 metros de altitude que é símbolo do montanhismo no Rio de Janeiro e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultu- ral (Iphan). Com uma área de mais de 20 mil hectares, o parque foi criado em 1939, durante o governo do presi- dente Getúlio Vargas, e atualmente é administrado pelo Instituto Chico Men- des de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Aberto permanentemente à visitação pública, um de seus acessos está no município de Guapimirim, por onde se pode percorrer, a pé ou de bi- cicleta, as trilhas que levam a cacho- eiras, poços e piscinas naturais. Tam- bém em Guapimirim estão localizadas duas atrações arquitetônicas do Par- naso: a casa sede da antiga fazenda Barreira do Soberbo e a capela de Nossa Senhora da Conceição, constru- ída no século XVIII, em estilo barroco. Endereço: Km 98 da BR-116. palestras, cursos e seminários. O local é a sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos em Guapimirim. Endereço: Km 98 da Estrada Rio-Teresópolis (Ro- dovia Santos Dumont). Centro de Primatologia do Rio de Ja- neiro (CPRJ) - Criado, em 1979, pela an- tiga Feema, atual Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o CPRJ atualmente está vinculado à Estação Ecológica Es- tadual do Paraíso (Eeep). Desenvolve estudos sobre primatas, com a reali- zação de programas de reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas de extinção e promove ainda, experi- ências de repovoamento, por meio da reintrodução das espécies em outros habitats. Ocupa cerca de 265 hecta- res com prédio-sede, 85 viveiros, uni- dade de internação, diagnóstico e tra- tamento médico-veterinário, insetário, sala de reuniões e para o acompa- nhamento de projetos. Mantém ainda uma biblioteca com amplo acervo de publicações especializadas em prima- tologia, um museu de peles e crânios e um banco de carcaças em formol para pesquisa e preserva o esqueleto do “Macaco Tião”, famoso chipanzé e mascote carioca que viveu no Zoológi- co do Rio. Colabora com várias organi- zações científicas e conservacionistas do Brasil e do exterior, nas áreas de pesquisa genética e de conservação ambiental. Já recebeu a visita da Rai- nha Elizabeth II, da Inglaterra, sendo Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 4342 a única instituição do mundo especia- lizada no estudo, proteção e repro- duçãodos símios mais ameaçados da Mata Atlântica. Somente encontrado na Mata Atlântica, o muriqui-do-sul, ou mono-carvoeiro, é o maior primata das Américas e uma das 35 espécies mais ameaçadas da Terra. Na língua tupi-guarani, muriqui significa “povo manso da floresta”. Os animais são so- ciáveis e são vistos se abraçando com frequência. Endereço: Estrada do Pa- raíso, s/nº, Paraíso (dentro da Estação Ecológica Estadual do Paraíso) Ponte Velha – Um dos vestígios da his- tória de Guapimirim, a ponte locali- zada no bairro Barreira, ainda man- tém a mesma estrutura dos tempos da antiga Estrada de Ferro Therezopo- lis – que ligava o Porto de Piedade, em Magé, à nossa outra cidade vizi- nha, Teresópolis. Os trilhos seguiam basicamente o mesmo percurso feito anteriormente no lombo de animais e pequenas carruagens, quando o ouro vindo de Minas Gerais precisava che- gar pela Baía de Guanabara à então capital, Rio de Janeiro. Estação Ferroviária - Localizada até hoje no Centro de Guapimirim era o ponto de baldeação para quem subia a serra. Para isso, era utilizada a cre- malheira. O sistema funcionava como uma roda dentada que auxiliava a tra- ção dos trens trilhos acima. Exempla- acreditam que tenham sido extermi- nados ou aculturados aos tupis, sob um processo de evolução do homem. Apesar de registros de mais de dez sítios arqueológicos em Guapimirim, nenhum deles encontra-se preserva- do atualmente. Após um longo tra- balho de campo efetuado por parti- culares, as escavações e pequenas partes ajudam a recontar a história da cultura sambaqui. Túnel dos Escravos – Descoberto por particulares, é um túnel subterrâneo que teria sido feito por escravos há aproximadamente 300 anos e fica no distrito de Vale das Pedrinhas. Conta a lenda que o túnel era utilizado para o transporte dos escravos trazidos em navios negreiros para o recônca- vo da Baía de Guanabara, a partir do rio Guapimirim. Outra versão seria o uso para trânsito dos escravos entre a senzala e a Capela de N. Sra. D’Aju- da. Uma terceira versão liga o uso do túnel como duto de descarga dos re- síduos de um dos engenhos de cana da região diretamente no rio Guapi- mirim. Apesar de vinculada à escravi- dão, a preciosa construção é referên- cia importante de Guapimirim para a reconstrução da sua história. Sede da Fazenda Segredo - Embora atualmente em ruínas, a sede desta contribui para montar parte da his- tória de Guapimirim desde o século res originais do objeto, apesar de ra- ros, podem ser vistos atualmente em dois pontos da cidade: no Espaço Cul- tural Estação Maria da Paz e no tradi- cional Rogério’s Restaurante, localiza- do a poucos metros da Ponte Velha. Sítios arqueológicos - Os nomes de Sernambetiba, Arapuan, Amourins, Fernando, Cordovil, Guapi e Guará-Mi- rim são alguns dos sambaquis (“monte de conchas” na língua guarani) encon- trados em Guapimirim. Ainda desco- nhecidos pela maioria da população, tais elevações que são montes altos e secos formados pela aglomeração de material oriundo de moluscos e areia são prova de que comunidades pré -históricas por lá viveram. São impor- tantes sítios arqueológicos do estágio antigo da ocupação da costa brasi- leira e ajudam a revelar variações do nível do mar. Os de Guapimirim (onde foram encontrados esqueletos huma- nos, ossadas de animais, objetos etc.) foram datados de aproximadamente 5 mil anos, indicando que a Baía de Guanabara era cerca de três metros acima do atual nível do mar. Os povos dos sambaquis ignoravam qualquer agricultura e domesticação animal, pois viviam principalmente da pesca e da coleta. Também não possuíam instrumentos de arremesso potentes. Os povos desapareceram misteriosa- mente há quase 1.000 anos e alguns XVIII. Até o início do século passado, foi utilizada para a produção de açú- car e derivados e pertencia ao coman- dante Ribeiro da Costa. A decadência da produção agrícola local ocorreu pelo movimento abolicionista, pois sem a mão de obra escrava tornou- se inviável a produção. Em 1920, ou- tro comandante da Marinha, Gilberto Huet Barcellar (governante de Magé entre 1930 e 1934) adquiriu a fazenda e, passou a produzir aguardente. A cachaça feita no alambique era ven- dida na região até que João Seixas Júnior comprou a propriedade em 1953. A fazenda dá nome ao bairro da cidade e se encontra inativa. Fazenda Santa Constança - Pertencia à S. A. Cortume Carioca, que nos anos 1950 era a maior indústria de curtição de couros das Américas e a segunda maior do mundo. Na década de 1920, a companhia começou a adquirir terras em Guapimirim e Cachoeiras de Ma- cacu, chegando aos 2.500 alqueires. A grande propriedade era forte na agropecuária e servia como uma re- serva de matérias-primas, entre elas a acácia negra, utilizada na fabricação do couro. A fazenda foi inaugurada em 1938, chegando a ter 150 quilôme- tros de estradas próprias, vila de casa para funcionários, sede administrati- va, estábulo para 160 vacas, aviário com capacidade para 10 mil galinhas, chocadeira para 16 mil ovos, gado lei- Plano Estratégico de Turismo em GuaPimirimPlano Estratégico de Turismo em GuaPimirim 4544 teiro, porcos e búfalos. A Santa Cons- tança também chegou a ser uma das maiores produtoras de banana d’água do Rio de Janeiro e tinha, ainda, plan- tações de laranja, tangerina, limão, coco, mamão e abacaxi. Os inúmeros pés de goiaba até hoje são comuns pelas ruas do bairro. Seringal - O Centro Cultural Seringal Guapimirim apresenta aos visitantes o cultivo de seringueiras e processo de extração do látex líquido, e seu be- neficiamento (prensagem e secagem da borracha), preparando a borracha natural para uso pelas indústrias de transformação. Lá os visitantes tam- bém veem o trabalho dos seringueiros e obtêm informações sobre fotossín- tese, proteção ambiental, a história do Ciclo da Borracha no Brasil. A pro- priedade onde hoje funciona o Serin- gal é, desde 1979, de Carlos Frederico de Almeida. Pela Rota da Borracha, os visitantes podem conhecer o serin- gal e exemplares da fauna local tais como o pau-Brasil, jambeiro, urucum, bambu gigante, pitangueira e outras espécies comuns na Mata Atlântica. Biblioteca Comunitária Boa Vontade - Nasceu por iniciativa pessoal de João Alberto Montano, de 54 anos. Em 2004, ele começou a reunir livros para que os moradores de Citrolândia pudes- sem ter acesso à leitura sem precisar se deslocar até o centro de Guapimi- sobrevivência de populações huma- nas que vivem neste ecossistema. A APA abrange parte dos Municípios de Guapimirim, Magé, Itaboraí e São Gonçalo. É onde se pode contemplar os mais diversos tipos de aves do “Pantanal Fluminense” com sua vege- tação típica, os meios da pesca ar- tesanal, o jacaré-de-papo-amarelo e outros animais. O trabalho realizado pela APA de Guapimirim é essencial para a região, lá também é possível observar golfinhos que vivem na Baía. Trilhas, poços de rios e montanhas - Localizada no Bairro Garrafão, a tri- lha no meio da Serra de Guapimirim passa por nascentes, quedas d’água, cachoeiras pouco exploradas e uma pequena hidrelétrica desativada. São atrações em torno das cinco casca- tas, onde praticantes de rapel enfren- tam paredão de 20 metros de altura nas águas do rio Iconha. Acompanhando o rio Iconha, a Trilha da Concórdia é um local para cami- nhar ouvindo o canto dos pássaros e o rumor das águas. O trajeto liga também os bairros Garrafão e Limo- eiro, passando por uma área parcial- mente protegida pelo Parnaso. O Poço Sem Fundo tem uma área pe- quena, estreita e bastante profunda. Localizado no sopé de uma das Cas- catas do Garrafão no corredor do rio rim. “Meu sonho é ver uma biblioteca em cada comunidade”, diz Montano. Há três anos, seu projeto passou a ter apoio da prefeitura e
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