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PARASITOLOGIA HUMANA John Santos Filariose linfática Introdução A Filariose linfática humana é causada por helmintos Nematoda das espécies Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e B. timori. Trata-se de uma enfermidade endêmica em regiões de muita pobreza e, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) é uma doença negligenciada. A Filariose linfática no continente americano é causada exclusivamente pela Wuchereria bancrofti. Além disso, em virtude de uma de suas manifestações crônica é conhecida como elefantíase. Agente Etiológico A Wuchereria bancrofti apresenta diferentes formas evolutivas. Nos hospedeiros humanos são os vermes adultos e as microfilárias. O estágio larvário, por sua vez, desenvolve-se no mosquito vetor. ➝VERME ADULTO MACHO Apresenta corpo delgado e branco- leitoso; é menor que a fêmea. Possui extremidade anterior afilada e posterior enrolada. ➝VERME ADULTO FÊMEA Apresenta corpo delgado e branco- leitoso. Mede de 7 a 10cm de comprimento. Possui órgãos genitais duplos, exceto a vagina. ➝MICROFILÁRIAS Esta forma também pode ser denominada embrião. A fêmea grávida faz a postura de microfilárias, as quais apresentam uma membrana significativamente delicada que funciona como uma “bainha flexível”. Figura 1. Wuchereria bancrofti, completa, mostrando a bainha de revestimento (encontrada no sangue). ➝LARVAS São encontradas no inseto vetor (Culex quinquefasciatus). A larva de primeiro estágio (L1) é originária da transformação da microfilária. Essa larva, por sua vez, se diferencia em L2 (duas a três vezes maior). Finalmente, sofre nova muda originando a larva infectante (L3). PARASITOLOGIA HUMANA John Santos Figura 2. Fêmea do mosquito Culex quinquefasciatus. Hábitat Os vermes adultos (machos e fêmeas) permanecem juntos nos vasos e linfonodos e, vivem em média, de 4 a 8 anos. As do corpo humano que normalmente abrigam as filárias são: pélvica (atingindo pernas e escroto), braços e mamas (mais raramente). As microfilárias eliminadas pelas fêmeas saem dos ductos linfáticos e ganham a circulação sanguínea do hospedeiro. Importante frisar que há uma periodicidade de microfilárias de Wuchereria bancrofti. Normalmente, durante o dia, as microfilárias focalizam- se nos capilares profundos (especialmente, nos pulmões). Durante a noite, a parecem no sangue periférico, com pico da microfilaremia em torno da meia-noite. Ciclo Biológico A princípio, a fêmea do Culex quinquefasciatus ingere microfilárias ao sugar o sangue de pessoas parasitadas. As microfilárias desenvolvem-se até o estágio larvário infectante (L3). A larva L3 migra pelo inseto até a probóscida (aparelho picador), concentrando-se no lábio do mosquito. Quando o inseto faz um novo repasto sanguíneo, as larvas L3 escapam do lábio, penetram pela solução de continuidade da pele do hospedeiro e migram para os vasos linfáticos e linfonodos, onde irão crescer e atingir maturidade sexual. As fêmeas grávidas após fecundadas produzem microfilárias que migram para o sangue do hospedeiro. Figura 3. Ciclo biológico da Wuchereria bancrofti. Patogenia e Sintomatologia Aparentemente, a resposta imune do hospedeiro, bem como, a reação inflamatória provocada pela presença do PARASITOLOGIA HUMANA John Santos parasito são os fatores determinantes na patogenia da Filariose linfática. A maior parte dos infectados apresenta doença subclínica com danos nos vasos linfáticos (ectasia – dilatação e proliferação do endotélio), sem reação inflamatória, ou danos no sistema renal (hematúria microscópica). A disfunção linfática pode provocar extravasamento de líquido com acúmulo de fluido na parte afetada do organismo. Tal acúmulo pode causar hidrocele, quilúria (comprometimento renal) e linfedema. A recorrência de infecções bacterianas ou fúngicas secundárias na pele é um importante fator que contribui para a cronificação do processo, predispondo ao linfedema crônico que pode evoluir para elefantíase em cerca de 10 a 15 anos. A elefantíase geralmente acomete os membros inferiores e a região escrotal, e está associada a episódios inflamatórios recorrentes com hipertrofia do tecido conjuntivo e fibrose crônica do órgão atingido. Com a progressão da doença, há aumento exagerado do volume do órgão com queratinização e rugosidade da pele, dando a aparência típica da elefantíase. OBS: Eosinofilia pulmonar tropical (EPT). Trata-se de uma síndrome caracterizada por sintomas de asma brônquica, mas é uma situação rara. Diagnóstico O diagnóstico clínico é particularmente difícil e deve ser confirmado com recursos auxiliares que complementem a suspeita clínica. Contudo, em regiões endêmicas história clínica de febre recorrente associada a adenolinfagite, podem ser um indicativo. ➝LABORATORIAL Envolve a pesquisa de microfilárias no sangue periférico. Entre os métodos disponíveis, o mais utilizado é a gota espessa. OBS: O sangue colhido por punção capilar digital, entre 22 h e 24 h devido à periodicidade noturna das microfilárias no sangue periférico dos hospedeiros. ➝IMUNOLÓGICO Ensaio imunoenzimático (ELISA) e reação em cadeia da polimerase (PCR). . Tratamento Contra o parasito, o medicamento utilizado é o citrato de dietilcarbamazina (DEC). Além disso, Para o tratamento do linfedema recomenda-se a higiene local com uso de água, sabão e, quando necessário, administração de antimicrobianos e antifúngicos tópicos ou PARASITOLOGIA HUMANA John Santos Antimicrobianos sistêmicos, para combater infecções secundárias bacterianas e/ou fúngicas que agravam o quadro. O tratamento de hidrocele deve ser feito cirurgicamente. Profilaxia As medidas mais importantes são: melhoramento das condições de saneamento do meio ambiente; combate ao inseto vetor; tratamento de todas as pessoas parasitadas. REFERÊNCIAS NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2016.
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