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Índice Capítulo 1: Período pré-cabralino Capítulo 2: Período Imperial Capítulo 3: Período republicano Capítulo 4: História do Rio de Janeiro na íntegra Capítulo 5: A revolução de 1930 e o Estado Novo Capítulo 6: A redemocratização e o Golpe de 1964 Capítulo 7: O novo estado do Rio Capítulo 8: Arquitetura e Cultura do Rio de Janeiro Capítulo 9: A modernidade chegando ao Rio de Janeiro Capítulo 10: Favelas, crimes e uma trajetória de maldades Capítulo 11: Chacinas no estado do Rio de Janeiro que devem ser lembradas e esquecidas Capítulo: 12: Principais acontecimentos do Rio de Janeiro em 2012 até 2015 Capítulo 13: Resposta ao livro ao leitor Capítulo 14: O Rio de Janeiro hoje: BIBLIOGRAFIA História do Rio de Janeiro – Edição de Concursos Públicos Ramon Sampaio 2015, todos os direitos autorais reservados Para minha falecida avó, Corina Sampaio de França com amor Capítulo 1: Período pré-cabralino Por volta do ano 1000 o maior rei chamado Thárcyo trabalhava, a maior parte do atual litoral brasileiro, incluindo o território da atual cidade do Rio de Janeiro, foi invadida por povos tupis procedentes da Amazônia. Eles expulsaram os habitantes anteriores do litoral, chamados de tapuias pelos tupis, para o interior do continente. No início do século XVI, o território da cidade do Rio de Janeiro era ocupado na sua maior parte pela tribo tupi dos tupinambás, também chamados tamoios. Uma das inúmeras aldeias tupinambás no território da atual cidade do Rio de Janeiro era a aldeia Carioca, cujo nome viria a se tornar, posteriormente, o gentílico da cidade. Somente a atual ilha do Governador (então conhecida como ilha de Paranapuã) era ocupada por uma tribo tupi rival: os temiminós. A Baía de Guanabara, que banha a cidade do Rio de Janeiro, foi descoberta pelos portugueses em 1 de janeiro de 1502, por ocasião da expedição de 1501 à costa do Brasil, capitaneada, segundo alguns autores, por Gaspar de Lemos. A baía foi, na ocasião, cartografada pelos navegadores portugueses com a toponímia "Rio de Janeiro". Embora se afirme ter sido essa toponímia incorretamente escolhida, supondo-se aqueles navegadores terem acreditado tratar da foz de um grande rio, na realidade, à época, não havia qualquer distinção de nomenclatura entre rios, sacos e baías, motivo pelo qual o corpo d'água foi corretamente designado como rio. Por volta de 1554, os índios chamavam o porto do Rio de Janeiro de "Niterói", nome que viria a designar, a partir de 1834, o atual município de Niterói. A França Antártica Mapa francês de 1555 da baía de Guanabara Colonos franceses liderados por Nicolas Durand de Villegagnon estabeleceram-se no interior da baía em 1555 com a pretensão de fundar uma colônia – a França Antártica – e uma cidade – Henriville. Aliaram-se aos tupinambás e, juntos, expulsaram os temiminós da ilha de Paranapuã. Os temiminós se refugiaram no sul do atual estado do Espírito Santo, em território sob domínio português. Entre 1560 e 1567, os portugueses, aliados aos temiminós, derrotaram os franceses e tamoios da baía de Guanabara. A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro A cidade de "São Sebastião do Rio de Janeiro" foi fundada por Estácio de Sá em 1° de março de 1565, quando desembarcou num istmo entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, erguendo uma paliçada defensiva. A vitória de Estácio de Sá, subjugando elementos remanescentes franceses (os quais, aliados aos tamoios, dedicavam-se ao comércio, ameaçando o domínio português na costa do Brasil), garantiu a posse do Rio de Janeiro, rechaçando, a partir daí, novas tentativas de invasões estrangeiras e expandindo, à custa de guerras, seu domínio sobre as ilhas e o continente. A povoação portuguesa foi refundada no alto do Morro do Castelo (completamente arrasado em 1922), no atual Centro da cidade. O novo povoado marca, de fato, o começo da expansão da cidade fundada pelos portugueses. Durante quase todo o século XVII, a cidade teve um desenvolvimento urbano lento. Uma rede de pequenas ruelas conectava entre si as igrejas, ligando- as ao Paço e ao Mercado do Peixe, à beira do cais. A partir delas, nasciam as principais ruas do atual centro. Porém, com a invasão holandesa no Nordeste brasileiro, a produção de açúcar é aumentada a partir dos vários engenhos que se espalham pela cidade. Com cerca de 30 mil habitantes na segunda metade do século XVII, o Rio de Janeiro tornara-se a cidade mais populosa do Brasil, passando a ter importância fundamental para o domínio colonial. Essa importância tornou-se ainda maior com a exploração de jazidas de ouro em Minas Gerais no século XVIII: a proximidade levou à consolidação da cidade como proeminente centro portuário e econômico. Em 1763, o ministro português Marquês de Pombal transferiu a sede da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro foi a capital do Brasil de 1763 a 1960, quando o governo foi transferido para Brasília. Atualmente é a segunda mais populosa cidade do país, depois de São Paulo. Entre 1808 e 1815, foi a capital do "Reino Unido de Portugal e dos Algarves", como era oficialmente designado Portugal na época. Entre 1815 e abril de 1821, sediou o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, após elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido. Nos séculos XVIII e XIX, muitas casas e fazendas tinham nascentes e poços em seus terrenos. Também havia chafarizes, fontes e bicas, nas quais os moradores buscavam água e a carregavam em potes, barris ou baldes. Outra forma de se conseguir água era comprá-la dos "aguadeiros", escravos que percorriam as ruas em carroças vendendo água de casa em casa. Segundo relatos do professor alemão Hermann Burmeister em seu livro "Viagem ao Brasil", publicado em 1853: Cquote1.svg O aqueduto da Carioca termina no morro de Santo Antônio, no chafariz da Carioca, ao lado de um logradouro que tem o mesmo nome, oferecendo, pelas suas bicas metálicas, o líquido aos pretos carregadores d'água que constantemente o ocupam. Cquote2.svg Capítulo 2: Período Imperial Planta da cidade do Rio de Janeiro em 1867 Após a Independência do Brasil em 1822, a cidade continuou como capital do país, enquanto a província do Rio de Janeiro enriqueceu com a agricultura canavieira da região de Campos e, principalmente, com o novo cultivo do café no Vale do Paraíba. De modo a separar a província da capital do Império, a cidade foi convertida, no ano de 1834, em Município Neutro, passando a Província do Rio de Janeiro a ter Niterói como capital. Na segunda metade do século 19, a cidade crescia em ritmo acelerado, com as edificações utilizando madeira amplamente. Com incêndios causando transtornos na cidade, foi criado, em 1855, o Corpo de Bombeiros. Como centro político do país, a cidade concentrava a vida político- partidária do Império. Foi palco dos Movimentos Abolicionista e Republicano. Capítulo 3: Período republicano Com a Proclamação da República Brasileira em 1889, a cidade passou a enfrentar graves problemas sociais advindos do crescimento rápido e desordenado. Com o fim do trabalho escravo em 1888, a cidade passou a receber grandes contingentes de imigrantes europeus e de ex escravos, atraídos pelas oportunidades que ali se abriam ao trabalho assalariado. Entre 1872 e 1890, sua população duplicou, passando de 274 mil para 522 mil habitantes. O aumento da pobreza agravou a crise habitacional, traço constante na vida urbana da cidade desde meados do século XIX. O epicentro dessa crise era ainda, e cada vez mais, o miolo central – a Cidade Velha e suas adjacências –, onde se multiplicavam as habitações coletivas e eclodiam as violentas epidemias de febre amarela, varíola e cólera-morbo, que conferiam, à cidade, fama internacional como "porto sujo". Muitas campanhas de erradicação perpetradas pelos governos da época não foram bem recebidas pela população carioca. Houve várias revoltas populares, entre elas, a Revolta da Vacina, de 1904, que também teve como causa a tomada de medidas impopulares, comoas reformas urbanas do Centro, executadas pelo engenheiro Pereira Passos. Nessas reformas, foram demolidos vários cortiços, e a população pobre da Região Central, deslocada para as encostas de morros, na Zona Portuária e no Caju, sobretudo os Morros da Saúde e da Providência. Tais povoamentos cresceram de maneira muito desordenada, dando início ao processo de favelização (ainda não muito preocupante na época) – o que não impediu a adoção de várias outras reformas urbanas e sanitárias que modificaram a imagem da então capital da República. Traçado urbanístico do Município do Rio de Janeiro na década de 80. Em 27 de outubro de 1912, foi inaugurado o primeiro trecho do caminho aéreo do Pão de Açúcar, entre a Praia Vermelha e o Morro da Urca. O chamado "bondinho do Pão de Açúcar" se tornaria um dos grandes símbolos da cidade. Em 12 de agosto de 1931, foi inaugurada a estátua do Cristo Redentor, que também se tornaria um dos grandes símbolos da cidade. Em 1950, foi inaugurado o estádio Jornalista Mário Filho para abrigar a final da Copa do Mundo FIFA de 1950. Após a transferência da Capital Federal para Brasília em 1960, a cidade do Rio de Janeiro foi transformada em um estado brasileiro com o nome de Estado da Guanabara. Em 1968, no chamado Caso Para-Sar, foi frustrado um plano terrorista da extrema-direita que pretendia explodir vários locais da cidade, incluindo o Gasômetro de São Cristóvão. No mesmo ano, em 26 de junho, ocorreu, na cidade, a Passeata dos Cem Mil, marcha popular em protesto contra a ditadura militar vigente no país desde 1964. Em 15 de março de 1975, ocorreu a fusão do estado da Guanabara com o antigo estado do Rio de Janeiro, formando o atual estado do Rio de Janeiro. Em 23 de julho, foi promulgada a Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Em 30 de abril de 1981, ocorreu o chamado Atentado do Riocentro, um atentado no pavilhão de exposições Riocentro. O atentado, perpetrado por agentes da ditadura militar, deveria ser atribuído a setores da esquerda, porém o artefato disparou acidentalmente antes do tempo, matando os agentes. Em 1984, foi inaugurada a Passarela Professor Darcy Ribeiro, visando a abrigar o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Em 1992, a cidade sediou a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED), mais conhecida como Rio-92 ou ECO-92 – a primeira reunião internacional de peso a se realizar após o fim da Guerra Fria, com a presença de delegações de 175 países. A cidade foi sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007, ocasião na qual realizou investimentos em estruturas esportivas (incluindo a construção do Estádio Olímpico João Havelange) e nas áreas de transportes, segurança pública e infraestrutura urbana. Capítulo 4: História do Rio de Janeiro na íntegra Ocupação indígena O continente americano já era habitado desde pelo menos 10000 a.C. por povos provenientes de outros continentes. Por volta do ano 1000, o litoral do estado, com exceção da região da foz do Rio Paraíba do Sul (que continuou dominada pelos goitacás), foi invadido por povos tupis provenientes da Amazônia. As capitanias e a França Antártica Esquema da batalha entre franceses e portugueses, na baía de Guanabara, em 15 de março de 1560, que culminou com a destruição do Forte Coligny À época do estabelecimento do sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil, o território do atual estado do Rio de Janeiro encontrava-se compreendido em trechos da Capitania de São Tomé e da de São Vicente. Não tendo sido colonizado pelos portugueses, em virtude da hostilidade dos indígenas tupinambás (tamoios) e goitacás estabelecidos neste litoral, entre 1555 e 1567, a baía de Guanabara foi ocupada por um grupo de colonos franceses, inicialmente sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon, que aqui pretendiam instalar uma colônia de povoamento, a "França Antártica". Visando a evitar esta ocupação e a assegurar a posse do território para a Coroa de Portugal, em 1º de março de 1565, foi fundada a cidade do Rio de Janeiro, por Estácio de Sá, vindo a constituir-se, por conquista, na Capitania Real do Rio de Janeiro. O século XVIII A prosperidade da Capitania foi definitivamente assegurada quando o porto da cidade do Rio de Janeiro começou a exportar o ouro e os diamantes extraídos de Minas Gerais, no século XVIII, de tal forma que, a partir de 1763, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a sede do Vice-reino do Brasil e a capital da colônia. A família real Com a mudança da Família Real Portuguesa para o Brasil, em 1808, no contexto da Guerra Peninsular, a cidade do Rio de Janeiro foi muito beneficiada com várias reformas urbanas para abrigar a Corte portuguesa. Dentro das mudanças promovidas destacam-se: a transferência de órgãos de administração pública e justiça, a construção de novas igrejas, hospitais, quartéis, a fundação do primeiro banco do país, o Banco do Brasil, a criação da Imprensa Régia, com o primeiro jornal oficial do País, a Gazeta do Rio de Janeiro e da Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil. Nos anos seguintes também surgiram o Jardim Botânico, cursos de Medicina e Cirurgia em Salvador (hoje Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia) e no Rio de Janeiro (hoje Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a Biblioteca Real (hoje Biblioteca Nacional) e a Academia Real Militar, antecessora da atual Academia Militar das Agulhas Negras. Assim, ocorreu um processo de revolução sociocultural, influenciada não somente pelas informações e pessoas trazidas através da chegada da Família Real, mas também pela presença de artistas europeus que foram contratados para registrar a sociedade e natureza brasileira. Nessa mesma época, nasceu a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (a atual Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro). A província do Rio de Janeiro Niterói Após a transferência da Corte portuguesa para a cidade do Rio de Janeiro, a autonomia, que a província tanto aspirava, não foi alcançada da mesma forma que as demais, já que ao ministro do Reino, cargo que foi praticamente um substituto para o de Vice-Rei com relação ao Rio de Janeiro, era confiada a sua administração. Aliado a isto, estava o fato de que a cidade do Rio era a capital do Império, o que fazia com que o ministro administrasse a província inteira por meio de "avisos", os quais dirigia às Câmaras Municipais de cidades que, naquela época, cresciam a passos largos devido à ampliação e fortalecimento da lavoura cafeeira, que já sobrepujava à força da lavoura canavieira na região Norte Fluminense. Essas diferenças com relação às demais unidades administrativas do Brasil fez com que no ano de 1834 o município do Rio de Janeiro fosse transformado em Município Neutro, permanecendo como capital do império, enquanto a província passou a ter a mesma organização político-administrativa das demais, com um presidente escolhido pelo imperador e uma Assembleia Legislativa, tendo sua capital na Vila Real da Praia Grande, que no ano seguinte passou a se chamar Niterói. Já a cidade do Rio de Janeiro passou a ter uma Câmara Municipal, que cuidaria da vida daquela cidade sem interferência do presidente de província e, em 1889, após a implantação da República no Brasil, a cidade continuou como capital nacional, sendo o Município Neutro transformado em Distrito Federal. Com a mudança da capital do país para Brasília, o antigo Distrito Federal tornou-se o estado da Guanabara. A despeito da grande rotatividade ocorrida no poder da província fluminense logo após a criação do Município Neutro (que lhe deu 85 governantes até o fim do Império), a expansão da lavoura cafeeira trouxe prosperidade nunca antes alcançada nesta região. Tanto com o surgimento de novos centros urbanos pela província, quanto pelo esplendor exibido nas fazendas dos "barões do café" via-se a prosperidade trazida pelo "Ouro Verde", que também trouxe desenvolvimento da educação, notado pela construção de váriasescolas por todas as cidades. Com isso convivia, porém, o trabalho escravo, base de sustentação da sociedade cafeeira fluminense e que crescia sem parar à medida que as lavouras se ampliavam pelo Vale do Paraíba. Nesse período, a província se tornou a mais rica e poderosa no país e sua principal exportadora. Essa situação perdurou até por volta de 1888. Com a abolição da escravatura, a aristocracia fluminense se empobreceu, já que não tinha mais sua mão de obra e ainda viu a exaustão do solo e a redução das safras colhidas ano após ano. O estado do Rio de Janeiro Cidade do Rio de Janeiro em 1895 A decadência foi a tônica na província nos últimos dias do regime imperial. Na luta pela República, vários foram os fluminenses que se distinguiram, cabendo citar Antônio da Silva Jardim, Lopes Trovão, Francisco Rangel Pestana, entre outros. Também forte foi a presença na campanha abolicionista. Com a proclamação da República, logo ocorreram problemas políticos que foram, com o tempo, lhe retirando a grandeza e o destaque conseguidos durante o Império. Após a aprovação da nova constituição estadual, em 9 de abril de 1892, a capital foi transferida para a cidade de Petrópolis, devido às agitações que ocorreram durante o governo do Marechal Floriano Peixoto nas cidades do Rio e de Niterói, e também à Revolta da Armada, ocorrida naquela época. Após diversos anos em que lutas políticas fizeram o Estado perder o rumo administrativo, fato comprovado pela dualidade de Assembleias Legislativas por três períodos, estas fazem aumentar ainda mais a crise econômica fluminense, que se arrasta de tal maneira a transformar, gradualmente, suas plantações de café em pastagens para a pecuária e a fazer com que o mesmo não acompanhe o desenvolvimento industrial experimentado por São Paulo. Capítulo 5: A revolução de 1930 e o Estado Novo Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, vários interventores foram nomeados, o que não alterou o quadro socioeconômico fluminense até que, em 1937, foi nomeado Ernani do Amaral Peixoto, genro de Vargas (este casou-se com Alzira Vargas em 1939) e que pôde realizar muito pelo Estado, dando incentivo ao seu desenvolvimento industrial, com a construção, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda, no Vale do Paraíba fluminense e da Fábrica Nacional de Motores (FNM), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, bem como a expansão da malha rodoviária estadual. Amaral Peixoto ainda mobilizou a população fluminense no esforço de guerra, que resultou na aquisição, com os recursos arrecadados, de um novo navio para a Marinha de Guerra brasileira. Data desse período, também, a formação de várias instituições de ensino superior e centros de estudo sobre a cultura e história fluminenses, que procuravam resgatar a memória e construir uma identidade para a população do Estado, esvaziado econômica e politicamente desde o fim do Segundo Império. Capítulo 6: A redemocratização e o Golpe de 1964 Com a queda de Vargas, Amaral Peixoto foi afastado do comando do Estado e cinco interventores sucederam-se no governo fluminense até a eleição, em 1947 de Edmundo de Macedo Soares e Silva, construtor da usina de Volta Redonda, que reorganizou a administração e as finanças estaduais, bem como continuou o incentivo à industrialização e à produção agropecuária. Foi sucedido, entretanto, por Amaral Peixoto, que dá nova força à expansão industrial e rodoviária, datando desse período a criação da Companhia Nacional de Álcalis. Até o ano de 1964, os governos estaduais procuram dinamizar a economia fluminense, reformando a estrutura do estado, organizando sua educação superior (cria-se em 1960 a "Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro", posteriormente Universidade Federal Fluminense), melhorando a infraestrutura elétrica (é desse período a criação das Centrais Elétricas Fluminenses, posteriormente Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro) e dando nova feição à cidade de Niterói. Após o Golpe de Estado no Brasil em 1964, o governador Badger da Silveira, recém-eleito em 1963, foi afastado do cargo, sendo substituído pelo general Paulo Torres, que tratou de criar a Companhia de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro. Seguiram-se a ele Jeremias Fontes e Raimundo Padilha, que seria o último governador do estado do Rio de Janeiro antes da fusão com o da Guanabara, datando do seu governo a conclusão da Ponte Presidente Costa e Silva e o início da construção do Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Capítulo 7: O novo estado do Rio Morro do Pão de Açúcar Após a edição da Lei Complementar nº20 em 1974, assinada pelo presidente Ernesto Geisel, fundiram-se os estados da Guanabara e do Rio de Janeiro em 15 de março de 1975. A capital do novo estado (que manteve o nome de Rio de Janeiro) passou a ser a cidade do Rio de Janeiro, voltando-se a situação político-territorial anterior a 1834, ano da criação do Município Neutro. Foram mantidos ainda os símbolos do estado do Rio de Janeiro, enquanto os símbolos do antigo estado da Guanabara passaram a ser os símbolos do município do Rio de Janeiro. Alguns alegam que a motivação por trás do presidente Geisel para a fusão foi neutralizar a força oposicionista do Movimento Democrático Brasileiro no estado da Guanabara. O estado do Rio de Janeiro, tradicionalmente foi considerado um polo de conservadorismo, vide governos sucessivos do Partido Social Democrático e posteriormente da Aliança Renovadora Nacional, apesar da grande força do Partido Trabalhista Brasileiro (que elegeu os dois últimos governadores antes de 1964), e depois do Movimento Democrático Brasileiro nessa região, o que levou à errônea conclusão que esta viria a neutralizar a oposição emedebista guanabarina, evitando maiores problemas para o governo militar, que acaba por indicar como primeiro governador do "novo" estado o almirante Floriano Peixoto Faria Lima. Apesar de Faria Lima assumir o estado com promessas do governo federal de maciços investimentos, a fim de compensar os problemas que poderiam advir da fusão, esses não se concretizaram plenamente, mesmo com a implantação das usinas nucleares em Angra dos Reis e a expansão da Companhia Siderúrgica Nacional, o que acarretou problemas que viriam a ser sentidos, principalmente nas áreas de habitação, educação, saúde e segurança partir da década de 1980. Com a abertura política e a volta das eleições diretas para governador, os fluminenses elegem no ano de 1982 Leonel de Moura Brizola (Partido Democrático Trabalhista), exilado político desde 1964 que voltava ao Brasil com a bandeira do trabalhismo varguista, o que conquistou o eleitorado insatisfeito com o segundo governo de Chagas Freitas. Brizola angaria nesse primeiro mandato a antipatia do eleitorado conservador devido às suas políticas de amparo às comunidades carentes, encaradas como de cunho populista. No seu primeiro governo, Brizola constrói o Sambódromo e dá início aos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), escolas projetadas por Oscar Niemeyer e idealizadas pelo professor Darci Ribeiro para funcionarem em tempo integral. A crescente crise na área da segurança pública e os desgastantes atritos com as Organizações Globo acabaram por impedir que ele fizesse seu sucessor. Nas eleições de 1986, Moreira Franco foi eleito governador pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro numa ampla aliança antibrizolista, que ia do Partido da Frente Liberal ao Partido Comunista do Brasil. Moreira teve a ajuda do Plano Cruzado, plano econômico lançado no governo do presidente José Sarney que visava o controle da inflação e que malogrou ante a acusação, por parte da oposição, de ter sido eleitoreiro. A decepção com o governo Moreira Franco, que não cumpriu a promessa de acabar com a violência em seis meses, levou o eleitorado fluminense a eleger Leonel Brizola novamente, em 1990. Em seu segundo mandato, Brizola concluiu os Centros Integrados de Educação Pública, construiu a Via Expressa Presidente João Goulart, a UniversidadeEstadual do Norte Fluminense, ampliou o sistema de abastecimento hídrico do Rio Guandu e deu início ao Programa de Despoluição da Baía de Guanabara. Porém os problemas crônicos na área de segurança, bem como nas contas públicas estaduais, fizeram o estado sofrer uma "intervenção branca" do governo federal no ano de 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento e, também, no ano de 1994. A utilização de tropas das Forças Armadas no patrulhamento das ruas da capital foi amplamente apoiada pela população. Em meio a esses problemas, Brizola renunciou ao mandato a fim de concorrer às eleições presidenciais. O governo estadual foi assumido pelo seu vice, Nilo Batista, que, após 8 meses, passou o comando para Marcello Alencar, eleito pelo Partido da Social Democracia Brasileira em 1994 graças ao bom desempenho de sua passagem pela prefeitura da cidade do Rio e ao sucesso do Plano Real. Marcello retomou as obras do metrô, paralisadas desde a gestão Moreira Franco, construiu a Via Light e implementou uma política de segurança pública mais voltada ao confronto armado, o que acabou por gerar antipatia da população de baixa renda, mais exposta aos enfrentamentos entre a polícia e bandidos. Na eleição seguinte, Anthony Garotinho, apadrinhado à época por Brizola e que, anteriormente, havia perdido a eleição para Alencar, foi eleito governador pelo Partido Democrático Trabalhista, apoiado por uma aliança de esquerda que incluiu, como vice na chapa, a então senadora Benedita da Silva, do Partido dos Trabalhadores, que o substituiu em 2002, quando ele também renunciou, como Brizola, visando à corrida presidencial. Benedita assumiu em meio a problemas de ordem política - Garotinho rompeu a aliança com o Partido dos Trabalhadores, sob acusações de fisiologismo - e fiscal que acabaram por impedi-la de se reeleger, sendo derrotada por Rosinha Garotinho, esposa de Anthony Garotinho, que procurou, após eleita, manter o estilo por vezes controvertido de governar de seu marido, enfrentando ainda duras críticas com relação à situação da segurança pública. Nas eleições de 2006, o eleitorado fluminense elegeu Sérgio Cabral Filho como o novo governador. A vitória ocorreu no segundo turno, após vencer a ex-juíza Denise Frossard, apoiada por Cesar Maia. Apesar de pertencer ao mesmo partido de Garotinho e Rosinha (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), Cabral vem dissociando, desde a campanha, sua imagem da do casal. A aproximação com o presidente Lula, a nomeação de Benedita da Silva e Joaquim Levy para o seu secretariado e a extinção de projetos como o Cheque- Cidadão e Jovens pela Paz (considerados como marcas registradas do período Garotinho/Rosinha) foram atitudes tomadas por Cabral que sinalizam este distanciamento, mas que permitiram, ao mesmo, alcançar a reeleição no ano de 2010. Façamos agora uma reflexão sobre o Rio de Janeiro Rio de Janeiro foi capital da colônia portuguesa em 1763 A mais fascinante cidade do Brasil é, de longe, a que mais concentra a história do país. O Rio de Janeiro tornou-se capital da colônia portuguesa em 1763. Em 1808, virou a sede de todo o império português, com a atropelada fuga da monarquia de Lisboa para o trópico. O Rio passou a ser a capital de um império que incluía Angola e Moçambique, na África; Goa, na Índia; Timor, Sudeste Asiático; e Macau, China. Só em 1960, com a fundação de Brasília, e com a paralela ascensão econômica e demográfica de São Paulo, que a Mui Leal e Heróica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro - título a ela concedido pelo imperador Pedro 1º - começou a perder prestígio e poder. Mas o charme permaneceu. Pois de 1763 a 1960 foram construídos ali os mais importantes palácios, igrejas, museus, bibliotecas, fortalezas, aquedutos e estádios brasileiros. Foi só por acaso que o mesmo dom Pedro proclamou a independência em um riacho, Ipiranga, perto da sonolenta cidade de São Paulo. Pois quase tudo o que contou na história do país aconteceu no Rio. No Rio se lutou ferozmente com os franceses para decidir quem seria dono da colônia, ainda no século 16. Ali chegavam os escravos da África, o ouro das ricas "minas gerais". Ali Tiradentes foi enforcado. Ali passaram dona Maria 1ª, dita "a louca" e seu filho regente (depois rei) dom João 6º, além do filho e do neto deste, os dois imperadores Pedro de Orleans e Bragança, 1º e 2º. Como se não bastasse, o Rio também conquistou a principal história da república, naturalmente proclamada ali mesmo. Ali se revoltou a armada, em 1893. E ali viveu e se matou o gaúcho Getúlio Vargas. Um atentado contra um opositor, Carlos Lacerda, em uma rua de Copacabana, a Tonelero, criou a crise que resultaria no suicídio do mais importante governante do país no século 20. E o Palácio do Itamaraty, então? Antiga residência do conde com esse nome, projetado na metade do século 19, tornou-se a sede do Ministério das Relações Exteriores, para sempre vinculada ao seu mais importante titular, o barão do Rio Branco. Ainda estão ali a biblioteca e a mapoteca usadas pelo barão para consertar as fronteiras do país. Andar pelo Rio é respirar a história do país - se você souber onde enfiar o nariz. "O que, porém, muito mais surpreende é que os próprios cariocas não estejam ao fato da história e das crônicas da capital, de que tanto se ufanam", foi o que disse o escritor fluminense, nascido do outro lado da baía, Joaquim Manuel de Macedo (autor do famoso romance "A Moreninha"), em uma série de artigos publicados no "Jornal do Commercio". Depois editados em um livro clássico, "Um Passeio Pela Cidade do Rio de Janeiro", de 1862-1863, os artigos são leitura obrigatória para quem quiser flanar pela "nossa boa Sebastianópolis" da época de nossa monarquia. Macedo começa falando do Paço Imperial, o casarão quase à beira-mar (hoje mais afastado da água) que era a sede do governo da colônia e, depois, tornou-se palácio para dom João 6º, seu filho e seu neto (que, no entanto, preferiam residir na mais espaçosa Quinta da Boa Vista). Ali funcionaram também o Tribunal da Relação (a principal instituição da Justiça da época) e a Casa da Moeda. A praça onde fica o palácio era conhecida como Terreiro do Paço, e Macedo comenta que os nomes mudavam constantemente. Ele nem poderia imaginar que a praça onde funcionou a sede do Império - cuja constituição ele tanto admirava - mudaria mais uma vez de nome, mais tarde, desta vez homenageando a República: praça 15 de Novembro. A praça 15, centro da cidade, é o coração do Rio antigo, que pertence a essa história recente de monarquia. "Contai agora as janelas da face lateral do Paço, que olham para o largo. Contai-as, começando da extrema que faz ângulo com a fachada principal. Contaste até sete? Parai aí", recorda o escritor. Qual a importância dessa sétima janela para a história do país? Foi nela que apareceu o presidente do Senado da Câmara, José Clemente Pereira, em 9 de janeiro de 1822, para dar um recado do príncipe dom Pedro: "Como é para bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico". Na praça 15 também fica o antigo Convento do Carmo, restaurado e que hoje abriga a Universidade Candido Mendes, e o magnífico Chafariz do Mestre Valentim, obra de 1789. Outro ponto marcante da praça, debaixo do qual transitam milhares de cariocas todos os dias, é o Arco do Teles, uma larga passagem para a rua do Ouvidor construída no começo do século 18 pelo engenheiro militar brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim. Os engenheiros militares deixaram sua marca não só nos vários fortes ao longo da baía da Guanabara, mas também em prédios civis e religiosos. A mais antiga das fortalezas portuguesas do Rio tem a mesma idade da cidade. A Fortaleza de São João, situada no morro Cara de Cão, fica no local da fundação, em 1565, da Vila de São Sebastião do Rio de Janeiro. Como bem lembrou Macedo - e ele escrevia na década de 1860! -, "estou convencido de que se podia bem viajar meses inteiros pela cidade do Rio de Janeiro, achando-se todos osdias alimento agradável para o espírito e o coração". Capítulo 8: Arquitetura e Cultura do Rio de Janeiro Vivos na Memória Nas Ruas da cidade estão os recheios da história contada há anos. Nessa beleza de cenário estão os contos de uma cidade que cresceu para ser grande. O Rio de Janeiro é um daqueles locais que atraem pessoas do Brasil todo e do mundo, naturalmente, mas dos brasileiros, ganha a notoriedade de ser uma espécie de capital nacional da cultura e da arte. São Paulo e Brasília compõem essa metrópole da diversão. A história da prostituição, ofício milenar e que acompanha qualquer cultura, começa a ser contada no Rio de Janeiro de forma mais precisa a partir da chegada de D. João VI, que trouxe junto com toda importância da Coroa, uma espécie de meninas com visão de futuro. As mulheres dos Açores e da França enriqueciam o que já existia por aqui, apesar de discreto. O século XIX e sua falta de empregos numa cidade lotada, abriu espaço para muitas meninas caíssem na vida. Quase 10% da população nesse século viveu com a falta de postos de trabalho. Eram mais de 500 mil cidadãos cariocas e cerca de 50 mil desempregados. Ainda mais com o advento da libertação de mulheres escravas e com a presença de muitas estrangeiras, a prostituição era vista como uma excelente oportunidade. O Século XX trouxe os grandes bordeis que ganhavam destaque e saiam da sombra. A verdade é que muitas pessoas gostavam daquele envolvimento. As “mulheres francesas” como eram conhecidas as prostitutas à época, faziam parte da sociedade. É uma espécie de advento das acompanhantes de luxo que sempre existiram de forma velada. O tema é muito famoso em diversos lugares e em Brasília, temos o local mais pleno quando o assunto é acompanhante de luxo. Thiago Couto, do Brasil Lovers, site de acompanhantes de Brasília fala que sobre a influência do Rio em todo o cenário “nós sabemos que tudo começa pelo Rio e vai amplificando. Eu conheço a cidade e sei bem que a história começa por ai”. Brasília é uma cidade com diversas raízes e o Rio e sua história, estão nela! A breve história dos Gaffrée e Guinle e a energia elétrica do Rio de Janeiro Centro do Rio de Janeiro Bonde entrando na Rua General Canabarro em 1912. História do RioQuem acha que Gaffrée e Guinle é apenas o Hospital Universitário da UniRio, engana-se. A História desses dois nomes e personagens é muito interessante e relevante para os cidadãos cariocas e sua história de construção da realidade de hoje. No início do século XX, quando a energia elétrica estava sendo apenas começada nos logradouros do centro do Rio de Janeiro e adjacências, além de residências da cidade, havia a interesses na exploração dos novos serviços. Nas ruas, a exclusividade para iluminação pública e quais quer outro serviços público, era, por decreto imperial, de exclusividade da SAG (Société Anonyme du Gaz). Após a república ser instalada na Capital, e a nova constituição de 1891, as concessões foram refeitas e passaram a dominar sistemas elétricos de ferro carris (bondes) movidos à eletricidade e iluminação das ruas. Gaffrée e Guinle e a atuação no Porto de Santos Candido Graffrée e Eduardo Palassim Guinle eram dois homens voltados ao empreendedorismo e às novas tecnologias da época. Ganharam concessões para explorar hidroelétricas, que começavam a despontar na cidade para a geração de energia. Eles já tinham, antes de chegar ao rio, o direito de ceder energia para a Companhia Docas de Santos. História do Rio - Copacabana à noite década de 20Ao chegar ao Rio de Janeiro, tiveram a dura concorrência da canadense Light and Power. Em 1909, eles criaram então a CBEE (Companhia Brasileira de Energia Elétrica) e passaram a fazer frente à Light e outros grupos de capital estrangeiro. A briga entre as empresas dos Gaffrée e Guinle foram parar na justiça e após inúmeras vezes frente ao tribunal, finalmente, em 1915, a CBEE encerrou suas atividades. Além da exploração da usinas para geração de energia, eles atuavam em outras frentes para a construção do sistema elétrico nacional. Ao se associarem a Adolf Aschoff, um engenheiro americano, fundaram assim a Aschoff e Guinle, que tinha objetivo de importar material elétrico do exterior. Após a morte de Aschoff em 1904, os Guinle e Cia. Deram continuidade ao trabalho. Assim iniciava-se a história da General Electric no território nacional e na história do Rio de Janeiro. Grande atuação em Niterói A empresa tinha maior atuação em Niterói, onde faziam a iluminação das ruas por meio de 3000 lâmpadas incandescentes. A Briga entre o grupo Brasileiro e a Light também permeava o transporte público, já que à época, já começava a substituição dos ferros carris movidos a força animal e a vapor por composições que rodavam com energia elétrica. O Brasil sempre teve imensa vocação de valorizar o conteúdo estrangeiro em detrimento ao produzido no país. Não sou ufanista, tampouco penso que aqui tudo seja possível. Mas, o engajamento de grupos nacionais que visavam a melhoria dos serviços urbanos e que contribuíram fortemente para evolução do país poderiam ser mais valorizados, inclusive sendo do conhecimento do público. Poucos sabem das histórias dos Gaffrée e Guinle e da história do Rio. Por ajuda deles, hoje, é possível você estar lendo isto por meio de um aparelho elétrico. Presidente Vargas – Inauguração. Toda grande cidade precisa de uma grande avenida, certo? No Rio de Janeiro uma só não bastou, a grandiosidade desta cidade, guardava algo ainda mais retumbante! Após a criação da Avenida Central de Pereira Passos, posteriormente Rio Branco, foi idealizada e construída a Avenida Presidente Vargas. À época, foi considerada faraônica pois derrubou quadras inteiras para a passagem de suas largas pistas, sumiu com ruas, foi radical. Destruiu, inclusive, a original Praça Onze que, até então, sediava os novatos desfiles das escolas de samba do Rio. A ideia era ligar a Avenida do Mangue até o Cais dos Mineiros, hoje Arsenal de Marinha, e o projeto foi idealizado e realizado durante o governo de Henrique de Toledo Dodsworth. Demolições, premissa da cidade Para a passagem desta gigantesca Avenida, foram demolidos 525 prédios, muitas ruas antigas como a Senador Eusébio, da Foto, simplesmente deixaram de figurar nos mapas da cidade. Para as pistas laterais foram aproveitadas as Ruas General Câmara (lado ímpar) e Rua de São Pedro (lado par), as pistas centrais é que foram as responsáveis pela grande derrubada ao estilo Pereira Passos. Entre as mais de 500 construções postas abaixo, estavam quatro igrejas: São Pedro dos Clérigos, São Domingos, Bom Jesus do Calvário e NªSª da Conceição. O nome da Avenida foi dado em homenagem ao então presidente da República, Getúlio Vargas. À época o país vivia sobre o regime do Estado Novo. Canal do Mangue em 1919Para se entender a importância da Avenida Presidente Vargas é importante entender a relevância do Canal do Mangue, construído no século XIX. Na verdade, desde o tempo de Dom João VI já era pensada a construção de um canal navegável que ligasse o mar ao Rocio Pequeno, atual Praça Onze de Julho. Finalmente em 1857, foi iniciada a obra do Canal do Mangue que, à época, era considerada a maior obra de saneamento do Rio de Janeiro. A construção da Avenida Presidente Vargas surgiu com objetivo de ligar pontos extremos do centro carioca. Antes das Obras da Avenida Presidente Vargas Durante as obras de abertura da grande avenida carioca, que passou a ter cerca de 4 km, o carnaval carioca utilizou as instalações do estádio de São Januário, do Vasco da Gama, para realizar os desfiles carnavalescos. A Avenida Presidente Vargas foi finalmente inaugurada no dia 7 de setembro de 1944. Nas fotos abaixo é possível entender o que mudou na cidade desde o momento do início das obras até a sua inauguração. Também serão mostradas construções que foram demolidas para a passagem da Avenida, como a Igreja São Pedro.Presidente Vargas ante das obras História do Rio - Construçãoda Nova Central, ou Central do Brasil Entre as milhares de histórias sobre a cidade do Rio de Janeiro, algumas chamam atenção como as que datam do século XIX e evolvem o setor de transporte urbano. Inaugurada em 1858, a linha estrada de Ferro Central do Brasil tinha estação final a “Estação do Campo”. Teve seu nome alterado para Estação da Corte e após Estação Dom Pedro II. O que impressiona é a beleza do antigo prédio da estação, diria que mais bonito que o atual. A década de 30 trás o novo e atual prédio História do Rio - Antiga Central do Brasil. A antiga construção foi reformada no início do século e todos achavam que pararia por ali, nada seria mudado. Entretanto para haver a expansão do sistema ferroviário, bem como a passagem da Avenida Presidente Vargas, que nas fotos pode ser entendida como o espaço onde as pessoas passam, anos depois. A construção da, à época, obra faraônica datam do início da década de 40. A antiga ferrovia, desativada em 1971 pela RFFSA originou o nome atual da estação. Construção prédio novo e Palácio D. de Caxias Vale ressaltar que a antiga estação fazia a ligação da cidade do Rio de Janeiro com outras cidades, incluindo Belo Horizonte e São Paulo. Datam da década de 30 a passagem de toda a malha ferroviária de trens urbanos do Rio para sistemas elétricos. Apesar de ter sido lançado em 1860, a rede de trens só ganhou eletricidade em toda a extensão na mesma época em que se derrubou o antigo prédio. Política sempre assolando A nota triste pode ser levantada, como sempre, a questão política que desde sempre ditaram o ritmo da evolução dos transportes urbanos. São bitolas largas, estreitas, trens de um modelo que não rodam em determinada linha existente, enfim, são catástrofes que sempre assolaram e assolam o sistema num todo. Hoje, de trem, mal vamos à Japeri. História do Rio, Palácio Monroe Já parei para tentar entender a cabeça de nós brasileiros e brasileiras acerca de nossa história, e não consegui chegar a um entendimento. Eu mesmo defendo com veemência, por exemplo, a demolição do estranho elevado da Perimetral. Só que movimentos como este, simplesmente fazem sumir da memória uma porção de contos e momentos das nossas vidas. Hoje eu venho neste espaço que criei para proclamar a histórias do Rio que, nesse tempo, venho descobrindo em profusão. Há tempos descobri que até 1976 existia ao fim da Avenida Rio Branco, onde há o chafariz monumental, um palácio de proporções gigantescas, guardião da história da República e que devido a esse pensamento ao qual já disse não entender, veio abaixo, sendo, simplesmente, apagado das nossas memórias. O Palácio que foi erguido em 1906, durante os governos Rodrigues Alves e Pereira Passos, foi sede do Senado Federal até 1960, quando a capital foi arrancada do Rio rumo à Brasília. Representação histórica do Palácio História do Rio - construção - palacio Monroe. O palácio foi concebido em 1903, para ser Pavilhão do Brasil na Exposição de Saint-Louis, nos Estados Unidos, que aconteceria em 1904. A obra seria a representação do país no evento, devendo enquanto tal “ter aproveitada toda a estrutura, de modo a poder- se reconstruí-lo nesta Capital”, conforme exigia a cláusula 1ª do Aviso nº 148, datada de 3 de julho de 1903. E assim foi feito. Foi concebida pelo engenheiro Militar Coronel Francisco Marcelino de Souza Aguiar. Construída com uma estrutura metálica desmontável, a obra foi erguida e exposta em Saint-Louis, conforme previsão. A obra chamou tanta atenção dos norte-americanos que foi contemplada com a medalha de Ouro. Sucesso total. Foi a primeira grande vitória da arquitetura nacional na comunidade internacional. História do Rio - Palácio Monroe Após o evento e premiação, o monumento foi desmontado e trazido para a Capital Federal que passava por um processo de modernização intenso sob a batuta de Pereira Passos que, ao derrubar cortiços e becos, dando lugar a grandiosas avenidas e construções, tentava mudar o cenário de sujeira e caos que o Rio passava para o mundo. Além disso, contava com total apoio do Presidente Rodrigues Alves que desejava ver a cidade higienizada e totalmente modernizada. Dessa forma, a República se consolidava diminuindo seus opositores que perdiam força em meia a criação de um imaginário de grandeza que tomava conta e legitimava o poder estabelecido. Assim, premiado, a estrutura veio ao Brasil e foi montado na região da Cinelândia, bem à direita do obelisco que lá existe até hoje. Até o ano de 1914, o Palácio foi apenas palco de exposições. A partir daí, virou a Câmara dos Deputados, já que o Palácio Pedro Ernesto se encontrava em construção. Em 1922, no primeiro centenário da Independência e com o fim das obras, passa a ser o Senado Federal. Virou palco marcante da República, com marcantes desavenças políticas, como a dissolução do Parlamento durante o Estado Novo de Getúlio Vargas. Em 1960, com a transferência da Capital para Brasília, passou a ser sede do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), instituição de respeito, à época, em que os militares acabavam de tomar o poder no país. A partir desse momento, começam os movimentos pró-preservação dos monumentos históricos da cidade do Rio de Janeiro. O Iphan ganha espaço no cenário, mas forças contrárias ao Palácio começam a tomar conta. A partir da década de 70, principalmente com as obras do metrô, isto se intensificou. Os engenheiros da obra faziam de tudo para não chegar ao monumento, mas, dessa forma, as obras atrasariam. Foi quando, pelo Governo do Estado, foi decretada a demolição do Palácio Monroe. Havia no país, nesse tempo, um grande movimento pró-demolições que contava com a participação de arquitetos modernistas como Lúcio Costa. Além disso, alegava-se que ele prejudicava o trânsito da cidade e que, segundo o Presidente Ernesto Geisel, atrapalhava a visão dos monumentos aos Pracinhas da 2ª Guerra Mundial. Destruição Palácio Monroe, apesar dos movimentos contrários à demolição, em 11 de outubro de 1975, o Presidente autorizou definitivamente a destruição do Palácio e de mais um pouco da nossa manchada história. Em 1976, o premiado monumento de apenas 70 anos e de imensa história guardada em suas estruturas, veio abaixo, dando lugar a um chafariz. Isso mesmo, um chafariz. Não há estradas, não há benfeitorias. Há um chafariz. Mais um legado terrível da ditadura e da política combalida deste país. E o detalhe é que ele foi simplesmente deletado da nossa história. Você que me lê nesse momento provavelmente não sabe de sua existência. Mas as fotos mostram o tamanho da tragédia. O Tenentismo Lembrando o grande legado do ano de 1922, não poderíamos esquecer o fragmento do TENENTISMO O tenentismo foi um movimento que ganhou força entre militares de média e baixa patente durante os últimos anos da República Velha. No momento em que surgiu o levante dos militares, a inconformidade das classes médias urbanas contra os desmandos e o conservadorismo presentes na cultura política do país se expressava. Ao mesmo tempo, o tenentismo era mais uma clara evidência do processo de diluição da hegemonia dos grupos políticos vinculados ao meio rural brasileiro. Influenciados pelos anseios políticos das populações urbanas, os militares envolvidos nesse movimento se mostraram favoráveis às tendências políticas republicanas liberais. Entre outros pontos, reivindicavam uma reforma constitucional capaz de trazer critérios mais justos ao cenário político nacional. Exigiam que o processo eleitoral fosse feito com o uso do voto secreto e criticavam os vários episódios de fraude e corrupção que marcavam as eleições. Além disso, eram favoráveis à liberdade dos meios de comunicação, exigiam que o poder Executivo tivesse suas atribuições restringidas, maior autonomia às autoridades judiciais e a moralização dos representantes que compunham as cadeiras do Poder Legislativo. Entretanto, todo esse discurso liberal e moralizador também convivia com a opinião de alguns oficiais que defendiam a presença de umpoder forte, centralizado e comprometido com mal definidas “necessidades da nação brasileira”. As primeiras manifestações militares que ganharam corpo durante a República Oligárquica aconteceram nas eleições de 1922. Aproveitando a dissidência de algumas oligarquias estaduais, os tenentes apoiaram a candidatura de Nilo Peçanha em oposição ao mineiro Arthur Bernardes, politicamente comprometido com as demandas dos grandes cafeicultores. Nesse momento, a falta de unidade política dos militares acabou enfraquecendo essa primeira manifestação conhecida como “Reação Republicana”. Durante essas eleições a tensão entre os militares e o governo aumentou quando diversas críticas contras os militares, falsamente atribuídas a Arthur Bernardes, foram veiculadas nos jornais da época. Com a vitória eleitoral das oligarquias, a primeira manifestação tenentista veio à tona com uma série de levantes militares que ficaram marcados pelo episódio dos “18 do Forte de Copacabana”, ocorrido no Rio de Janeiro, em julho de 1922. Nos dois anos seguintes, duas novas revoltas militares, uma no Rio Grande do Sul (1923) e outra em São Paulo (1924), mostrou que a presença dos tenentistas no cenário político se reafirmava. Após terem suas pretensões abafadas pelas forças fiéis ao governo, esses dois grupos se juntaram para a formação de uma guerrilha conhecida como Coluna Prestes. Entre 1925 e 1927, esse grupo composto por civis e militares armados entrecortou mais de 24 mil quilômetros sob a liderança de Luís Carlos Prestes. A falta de apelo entre os setores mais populares, e as intensas perseguições e cercos promovidos pelo governo acabaram dispersando esse movimento. Luís Carlos Prestes, notando a ausência de um conteúdo ideológico mais consistente à causa militar, resolveu aproximar-se das concepções políticas do Partido Comunista Brasileiro. Em 1931, o líder da Coluna mudou-se para a União Soviética, voltando para o país somente quatro anos mais tarde. Capítulo 9: A modernidade chegando ao Rio de Janeiro Mas enfim, chegamos à modernidade discutível da história do Rio O Palácio Monroe fazia parte da construção de um país melhor, mas desenvolvido, menos sujo e mal visto perante o mundo. A cidade, de fato, passou a ser mais moderna, condizente à sua beleza. Aterros foram necessários, assim como hoje acho necessária retirada da Perimetral para revitalização da zona portuária. Aliás, o elevado fora construído na ditadura também e, nessa época, existia tudo, menos amor ao país. A nobre Avenida Central, que foi concebida para ser grandiosa, foi passada de um pedaço da França para ser um retalho de Nova Iorque. Terrível, mas tínhamos até construído uma identidade cultural. Afinal, somos europeus de nascença e não norte-americanos. A velha Avenida Central me agradava mais. Os tempos de elevação da história da cidade do Rio de Janeiro me agradavam mais. Mas, como somos meio Maria-vai-com-as- outras, por uma esmola ou outra simplesmente nos deixamos para trás. Cidade que se desfez de seu legado! Hotel Avenida - pérola da história do Rio Tradição! Alguém no Brasil sabe realmente do que se trata? Pois bem, em uma época de muitos holofotes na cidade sede das Olimpíadas que irá, em breve, necessitar de uma gama infinita de hotéis e um sistema de transporte eficiente, o que vemos nestas fotos são uma demonstração da falta de compromisso com a história de cada um de nós, falta comprometimento com a história do Rio! O Hotel Avenida era sinônimo de puro luxo e glamour. Tinha belos salões e um terraço aconchegante e charmoso. Era tão pomposo que daria inveja ao Copacabana Pálace com facilidade. Entretanto, com a chegada do progresso, o hotel foi abaixo para dar lugar ao Edifício Avenida Central. O prédio é um bloco de concreto armado que hoje abriga inúmeros empreendimentos, inclusive, de prostituição. Faceta de uma decadência vislumbrável. A especulação imobiliária tão falada nos dias de hoje, desde aquela época já dava o tom dos dias desta cidade. Passamos assim, a trazer a cultura norte-americana, deixando a Paris dos trópicos, planejada, bem-feita, totalmente esquecida. História do Rio é marcada por demolições Não foi só o Hotel Avenida altamente tradicional e luxuoso à época, quem sucumbiu aos desmandos da sempre contestável política brasileira. Outros monumentos, prédios e linhas de bonde simplesmente sumiram no tempo. O Hotel Avenida tinha em sua porta uma estação de bonde. O que há de tão moderno hoje por aqui? Ver que deixamos de lado o que hoje lutamos para reativar é a certeza de que podemos nos chamar de burros, isso mesmo, burros. Lá em Portugal isto dava uma bela piada. Tiramos os bondes, os hotéis e agora, precisamos de VLTs e empreendimentos hoteleiros para atender uma demanda. Vejam, as instalações do Hotel Avenida eram para lá de interessantes e agregaria alto valor ao centro carioca. História do Rio - Outra tomada do Hotel Avenida Naturalmente, o progresso é bem-vindo sempre. Só que até ele passa pelo respeito à história. Não há como esquecer dela. Em nomes dos interesses de empresários e de apenas uma pequena porção, destruímos de tudo um pouco e abandonamos o transporte sobre trilhos. A cidade tinha em sua estrutura de tráfego, uma frota sobre trilhos totalmente interessante. As obras do início do século realmente a transformaram numa espécie de capital europeia. Entretanto, logo logo fizeram o favor de nos devolver à realidade dos trópicos: Desorganização e entropia social! Especulação Imobiliária, a grande vilã Triste é saber que, desde muito tempo, isto já faz parte das nossas vidas. Antes da existência de um órgão regulamentador como o Iphan, entretanto, isso era mais fácil. Derrubar monumentos, destruir história antigamente, era muito mais fácil, menos impune. Terrível é saber que ninguém se importa muito com essas coisas e que aqui, estou escrevendo para poucos. Assim, a história vai virando pó e escorrendo por entre os dedos. Só lembramos ou sabemos quando temos numa imagem, a lembrança de um passado glorioso. O centro das tradições, brilho e cultura, hoje é apenas o centro da cidade. História do Rio – Sem Perimetral, para o bem do Rio Porto do Rio, Rua Larga “Eu quero ver esta prédio na Chom” A personagem mais famoso da atriz Aracy Balabanian, diria isto se a perguntassem sobre o viaduto que liga a Avenida Brasil ao Aterro do Flamengo. E realmente muito se fala sobre a demolição do elevado da Perimetral, que começa em 2013. Mas eu questiono de cara aos que discordam: Quem se lembra da doce Avenida Rodrigues Alves anterior ao monstro de concreto, que deu ainda mais vigor à indústria rodoviária? Pois bem, a demolição total deste erro histórico, marca a renovação da zona portuária carioca, que ficou esquecida por muitos anos. E não, esta não é uma discussão política. Afinal, acho que qualquer um que estiver à frente do cargo, deveria ao menos conhecer a história dessa cidade. Perimetral afoga ainda mais o gargalho no centro carioca Aos que defendem a permanência, vos clamo: De que adianta ter um viaduto gigantesco ligando pontos se onde tudo desemboca, as vias são as mesmas de 50 anos atrás? E ainda há outro ponto, a Perimetral definhou um ponto junto ao mar e de grande valia à cidade. O Porto do Rio, pelo tamanho e a importância junto à história do Rio deveria ter sido tratado com mais carinho. O ponto hoje é o de menor densidade demográfica do município, fazendo se perder no meio dos movimentos urbanos toda a história da cidade. E não é só história a ser contada, a região portuária carioca, é um grande sítio arqueológico. E outro fator importante a ser lembrado é que toda a área junto ao porto e aos bairros próximos, são os mais deteriorados de todo o Centro carioca. A antiga Rua Larga, que foi a primeira grande rua da capital, hoje como Marechal Floriano, deixa transparecer um pouco do desleixo com a história. Muito se fez nas áreas próximas ao aterro, mas a parte junta ao Morro da Providência, bairros como Gamboa e Saúde, foram esquecidas porlongas décadas. Pensar numa revitalização é pensar no Rio como cidade grande e integrada. E não é só isso, essa discussão aleatória sobre gastos é relativa. Gastar muito por nada é errado, gastar muito refazendo e consertando erros históricos é outra coisa. Até porque, pior do que gastar fazendo é não fazer e ainda sim o dinheiro sumir. E deixo claro que não concordo nem discordo com o sistema orçamentário da cidade. Quem hoje aceitaria derrubar um morro inteiro para fazer um novo bairro ligando-o ao mar? E, na verdade, deixou de legado um aeroporto, além de muito espaço funcional. Pois bem, hoje seria inimaginável a derrubada do Morro do Castelo entre outros que vieram a baixo, mas que, certamente, são extremamente relevantes para o desenvolvimento da cidade. A derrubada da Perimetral, por sua vez, irá apresentar uma tecnologia bastante interessante, e importar dos EUA foi a solução e prevê que não haja implosões, até porque, resíduos como vigas e concretos serão usados em reformas de vias de acesso e tudo tem de estar intacto. Além do mais, obra abre espaço para possíveis reconstruções, como o Mercado Municipal, que, para a passagem do elevado, foi posto ao chão. Seria uma boa oportunidade de devolver à cidade o que foi tirado sem sentido. Consertar erros da história do Rio levaria anos Alguém toparia reerguer 80% dos cinemas de Rua do Rio? Ou ainda derrubar metade dos prédios do centro que transformaram o local em algo sem expressão? Ou ainda devolver os Cafés postos abaixo? Pois bem, se alguém tivesse a oportunidade de consertar tudo de errado que foi feito na nossa cidade, certamente, levaria uma vida fazendo. Afinal, o Rio já foi bastante maltratado. É evidente que nada disso será feito. Mas jogar abaixo a horrível perimetral é uma palhinha interessantíssima. Na Estrada de Ferro da Leopoldina, o passado mais inteligente da história do Rio Estação barão de Mauá, troca de óleo “Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil”. André Filho tinha razão, nunca duvidem disto, mas a verdade é que algumas maravilhas da história do Rio não são tratadas como deveriam e com a importância histórica e funcional que poderiam. A Estação Barão de Mauá, seu nome original, que fica na Avenida Francisco Bicalho, é a mostra mais que real dos processos de retrocesso funcional e de falta da preservação da história carioca. Afinal, até meados do século passado, dali se poderia ir a São Paulo, Petrópolis, Três Rios, Friburgo e outros destinos, além de ser parte dos ramais da Supervia, antiga e desavergonhada Flumitrens. Cidade sem planejamento de mobilidade urbana Construída em 1886, a estação Barão de Mauá ligava o centro a diversos destinos. Foram grandes as brigas acerca das bitolas as quais os trens usariam, afinal, no Brasil sempre há espaço para discussões de interesses particulares. O prédio atual, desativado em 2001, foi inaugurado em 1926, no dia 6 de novembro, e guarda em si, as lembranças de um Rio clássico, que andava sobre trilhos. O trecho que fazia o percurso até a cidade de Três Rios, passando por Petrópolis, foi encerrado em 5 de novembro de 1964, e sua locomotiva encontra- se exposta no Museu Imperial de Petrópolis, no prédio anexo, onde ficava a cozinha real. Não há como negar que o advento do automóvel é algo fantástico. Afinal, ele não é e nem nunca será o vilão desta história de mandos e desmandos, afinal, são muitos amantes de carro, aqueles que sabem de tudo e adoram uma troca de óleo, e sabem da sua importância como transporte de passeio, como quem vos escreve. Mas que também tem consciência que os processos de mobilidade urbana não passam só pelas estradas. Hoje vivemos dias de incerteza e falta de comprometimento dos políticos acerca do futuro da cidade do Rio de Janeiro. Em 1998, o último Trem de Prata da história do Rio Muitos nem sabem que até 1998, ou seja, poucos anos atrás, época em que a Estação Barão de Mauá ainda operava, era possível ir do Rio a São Paulo de trem, o Trem de Prata. No dia 29 de novembro do ano supracitado, partiu da Estação Barra Funda em São Paulo, com destino à Estação Leopoldina, a última composição que fez o trajeto. O retrocesso e o desinteresse é algo que assusta. A falta de comprometimento com a história é tema mais que relevante a se discutir. É uma nostalgia que não deveria ser vivida, pois ainda deveria estar sendo vivida, com gerundismo e tudo. O trajeto entre Rio e São Paulo, que já tinha sido operado pelos trens Cruzeiro do Sul e à época tinha mais de um século, hoje é conto mal contado por aqueles que se tornaram testemunhas oculares do fato. Hoje, estamos esperando, mais uma das promessas feitas pelos políticos, que, como muitos, desconhecem a história da cidade, a construção ou reconstrução de uma verdadeira história carioca e até paulista. Os prometidos Trem-Bala são um sopro de esperança na recuperação da memória das estradas de ferro deste país! Na História do Rio – a Rio Branco dos carnavais, prédios e descaracterização- Avenida rio branco, carnaval carioca, história do Rio Av. Central Quem circula pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, mal sabe o que ali abrigava no início do século XX, um dos marcos de mudança arquitetônica e da história do Rio. Sob a batuta de Pereira Paços, foi aberta a Avenida Central, que ligava em 1800 metros, o novo porto da cidade à Glória, que à época se desenvolvia plenamente. Foi um tempo em que as ruas do centro foram alargadas, a orla da Baía de Guanabara fora totalmente urbanizada e alguns morros foram destruídos para que a maior, até então, avenida da cidade fosse aberta. Em 21 de fevereiro de 1912, passou-se a chamar Avenida Rio Branco, em homenagem ao Barão do Rio Branco, diplomata, que por meio de tratados garantiu fronteiras nacionais e morrera no dia 11 do mesmo mês. Concreto armado desfigura história do Rio e legado Pereira Passos Com o advento dos grandes prédios de concreto armado, pouco a pouco, a Avenida Rio Branco foi perdendo seu brilho arquitetônico cuidadosamente construído sob o olhar do engenheiro Paulo de Frotin, que tinha posto de pé o melhor estilo europeu de construir, com elementos do neogótico, neoclássico, entre outros estilos. A foto ao lado mostra a esquina com a Rua Visconde de Inhaúma. Hoje ali está o novo prédio da ESPM. A avenida que à sua esquerda mantinha de pé o morro do castelo, como pode ser visto em foto abaixo, tinha um canteiro central arborizado com iluminação elétrica, muitos cafés, confeitarias e uma cidade que pulsava elegância. Hoje são dias de correria, momentos de indigência total, tanto nas pessoas, quanto nas construções. A obra de derrubada do morro do castelo que previa, entre outras coisas, a melhor circulação de vento na cidade, pouco faz sentido, uma vez que, um prédio de 20 e poucos andares cumpre com louvor o mesmo papel. Com a inexistência do Iphan, não havia o que segurasse monumentos de pé. Estavam sempre sujeitos aos intempestivos momentos de loucura dos governantes do poder. O carnaval de rua mantém sua história O que de positivo há naquelas ruas, ao se falar de história, é a manutenção do carnaval carioca e suas manifestações populares pelas ruas do centro. Ao menos, todo ano o local é enfeitado para se celebrar a alegria carioca. É o mínimo, já que, a cada dia de pesquisa sobre a cidade, mais tristeza tenho de constatar o nível de destruição imposto aos cidadãos. O Palácio Monroe, antigo Senado, que será falado em breve é um dos que sucumbiram aos surtos de loucura dos governantes desta república, que, constato, pessoalmente, preferia que continuasse como Império. História do Rio – A resistência ao tempo em forma de samba “Eu sou o samba, sou natural aqui do Rio de Janeiro”. Existe trecho melhor para representar a simbiose entre as partes, do que este trecho da canção “A Voz do Morro”, de Jair Rodrigues? Certamente há, muitas histórias do Rio sobre a origem, o berço e quem são os precursores do ritmo carioca. E quem mais poderia representar o samba e sua resistência peranteo tempo, a desconfiança e o preconceito, do que um estabelecimento construído para nele se fazer e propagar o batuque e que, desde 19 de janeiro de 1867, encontra-se de pé resistente à modernidade? �O Clube dos Democráticos continua � impávido e nobre como sempre. O começo da história do Clube dos Democráticos Surgido durante o período imperial, o então Grupo dos XX amantes, clássicos boêmios cariocas, liderado por José Alves da Silva, reunia-se na antiga “Maison Rouge”, famosa confeitaria da época. Em um dos prazerosos encontros, compraram um bilhete de loteria, em intenção à Nossa Senhora da Glória, e prometeram que se fossem sorteados, fundariam uma sociedade carnavalesca. � O que aconteceu. Após o prêmio de 15 mil contos de réis o “Democráticos Carnavalescos” foi fundado no objetivo de divertir e fazer críticas, numa época em que o país vivia momentos de transformação devido aos movimentos abolicionistas, republicanos e à corrente Guerra do Paraguai. O Clube dos Democráticos jamais interrompeu suas atividades, mas a decadência da Lapa o fez passar maus bocados. Além disso, quando o centro mais tradicional da boêmia carioca teve seus momentos de sombra, o carnaval de rua carioca não obteve o êxito de outrora. Ao voltar ao cenário, a Lapa deu nova cara às ruas do Centro e ao carnaval carioca. Hoje, pode-se dizer que tanto os desfiles da Sapucaí quanto todo o grande resto que existe, valem os ingressos do carnaval, mesmo que você não precise pagar por ele. Pois só o samba no pé e o amor ao Rio de Janeiro podem fazer um carioca de verdade. História do Rio Sua sede é um marco de resistência Seus sócios são chamados Caprícius e sua sede “Castelo”. Hoje o clube abriga noites de samba e choro. O casarão de mais de 140 anos de existência se mantém fiel às suas origens e se faz passível de reflexão: por que a história da cidade não manteve de pé outros monumentos no propósito de preservar uma época clássica de uma cidade que, à época, vinha se transformando? Muitos sucumbiram e se tornaram apenas contos, que nem todos sabem ao certo contar. Quando o Domingo não tinha Maracanã E quando não havia o futebol como entretenimento, o que supria a paixão do povo carioca? Tudo isto faz parte da história do Rio! Logicamente o mundo não se divide em antes e depois da invenção do esporte mais popular do mundo. Tampouco a própria modalidade se baseia em apropriações materiais e construções ao longo do tempo. Mas se você é brasileiro, carioca e não tem mais de 70 anos, a imagem ao lado não lhe faz o menor sentido, naturalmente. Seria a mesma coisa que questionar qualquer pessoa sobre o que existia antes do sistema solar, ou perto disso. Pois então, vos revelo: nesse espaço, hoje se encontra o estádio Jornalista Mário Filho ou, simplesmente, Maracanã. Antes do início das obras em 2 de agosto de 1948, o local abrigava o Derby Club, antigo Hipódromo do Rio de Janeiro. O Bairro do Maracanã e o Turf na cidade O bairro que faz parte da Grande Tijuca, assim já se chamava antes do estádio. Os nomes vêm do Rio Maracanã, que até hoje passa suas águas pelo local e as vezes transborda um pouco, causando certo transtorno. Após as obras do que seria, à época, “o maior do mundo”, tornou-se um bairro independente. O Hipódromo, que teve seu terreno adquirido junto a Condessa do Itamaraty, é datado do fim do século XIX. As primeiras reuniões do Derby Club foram 1885. E este não foi o primeiro Hipódromo da cidade do Rio. O pioneiro foi o Prado Fluminense, de 1848, que ficava no bairro de São Francisco Xavier, que existe até hoje e é vizinho à Tijuca. A iniciativa para que o Turf tivesse um lugar dedicado foram do Visconde do Rio Branco, Duque de Caxias, Alexandre Reed e do Major Suckow. Este último, foi quem pediu que o local sediasse as corridas de cavalo e mesmo com a presença de D. Pedro II na estreia, não obteve qualquer sucesso. Em 1930 houve a fusão entre o Derby Club e o Jockey Club, que já ocupava seu terreno na Gávea e assim está até hoje. Tijuca, pioneirismo e tradição O bairro da Tijuca foi pioneiro não só em abrigar o maior estádio do mundo. Em 1859, trafegaram de forma experimental os primeiros bondes da América do Sul que eram de tração animal e pertenciam à Companhia de Carris de Ferro da Cidade à Boa Vista e eram chamados de “Maxabombas” ou “Trens da Tijuca”. Com isso, os passeios ao bairro ficaram populares. O ano de 1892 marcou a chegada do bonde elétrico, pertencente a Ferro-Carril do jardim Botânico, que afirmava com as inscrições nos carros que: “a corrente elétrica nenhum perigo oferece aos senhores passageiros”. Já no século XX, a Tijuca ficou muito famosa por seus muitos cinemas que, após a chegada do Mario Filho, na década de 50, entraram em decadência. Os domingos no local já tinham a badalação ao abrigar os Clássicos do grande América Futebol Clube, à Rua Campo Sales e passaram a ter muito mais festa e movimentação com a chegada do Maracanã. É um bairro conservador, que sempre manteve a relação entre seus moradores e a nobreza imperial e carrega, também, a mancha de ter abrigado o 1º Batalhão de Policia do Exército, onde era treinados soldados para repressão. Contudo, a Tijuca guarda o brilho de dar aos seus moradores, a exclusividade de ter um adjetivo: Tijucanos! História do Rio – Quando o lirismo veio abaixo História do Rio, theatro lírico Quem passa todos os dias pelo Largo da Carioca, sentido Cinelândia, mal pode imaginar o quanto de <strong>história do Rio</strong> existe naquele espaço. Ao cruzar a Avenida Chile, entrando na Treze de Maio, fica difícil imaginar que ali exatamente, existiu um dos maiores teatros da Cidade, comparado inclusive ao Theatro Municipal. Pois bem, no ano 1904, início do século XX, durante a gestão Pereira Passos, foi construído o belíssimo Teatro Lírico, que, para ser ainda mais exato, tinha boa parte de sua construção no entroncamento da Rua Senador Dantas com a extinta Barão de São Gonçalo. O espaço contava com 42 camarotes de primeira classe, 42 de 2ª, 500 galerias numeradas, 426 assentos de platéia de 1ª classe, 389 cadeiras de 2ª e 220 cadeiras de varanda. Com números desse porte dá para imaginar o tamanho do prédio, cuja foto, não pode dimensificar o que foi. O progresso rasga a história Com tantos atributos, que davam ao Centro do Rio a beleza pródiga que só as capitais mais desenvolvidas culturalmente reúnem, o Teatro Lírico foi apenas mais uma, das muitas obras primas que vieram a baixo para que a cidade se tornasse “moderna”. No ano 1934 ele foi posto ao chão, para que fosse aumentado o largo da Carioca, durando exatos 30 anos de pé. Como a fotografia mostra, a identidade visual do local era, sem dúvida, muito mais interessante do que a existente hoje. As imagens despertam em qualquer pessoa que gosta minimamente de história, um ar de pseudo nostalgia. Não há como entender o motivo de tanta prematuridade ao se por abaixo uma construção que, realmente, não deve ter sido barata. É possível, e provável, que elementos políticos já influenciassem obras públicas naqueles tempos. Mas é difícil imaginar que algo tão suntuoso, fosse posto abaixo simplesmente para se tornar um lugar vazio de construções e, principalmente, de cultura. Hoje, posso identificar bons motivos para pouca procura das novas gerações por coisas antigas, por história, por erudição. As pessoas que por aqui passaram, não mostraram exemplo, não justificaram seus valores, não fizeram a manutenção do seu tempo e isso, sem dúvida, não seria ter ficado parado no tempo. Hoje Treze de Maio, antes Rua da Guarda Velha A rua que virou Avenida e hoje conhecemos como Treze de Maio, foi Rua da Guarda Velha até os anos 10, e ia até o prédio da Imprensa Nacional, que irá ser apresentado detalhadamente em futuras postagens. Em arquivos da época é possível saber que existia também no local, uma Igreja Anglicana, como se pode ver nessa última fotografia, a qual é possível ver também o Theatro Municipal à direita; e na esquerda, outras antigas construçõesque davam todo o charme do velho e saudoso centro. Hoje no local não há bondes, não há muita história. Aliás, há sim, existe um conto de negligência que permitiu a queda de um prédio sem a vontade de ninguém. História do Rio, identidade cultural do Rio de Janeiro, Rio antigo Demolido em 1958Nas lembranças da cidade que hoje é conhecida pelo samba, futebol e funk, está o brilho clássico de um lugar, que hoje, poderia ser mais uma capital mundial de cultura e conservação de história do Rio. O Rio Antigo guarda na muitas memórias que nem mesmo nós cariocas desconfiam existir. Foram inúmeras mudanças que vem naturalmente com o passar dos anos, mas por outro lado, há uma perda de identidade e quem não conheceu, jamais poderia imaginar as coisas que iremos publicar aqui. O Theatro phoenix, do brilho à queda Construído em 1906, durante a gestão Pereira Passos, o Theatro Phoenix era mais um dos belos lugares de propagação de cultura e beleza do Rio Antigo, que contava com muitos bares, teatros e cabarés. O local abrigou espetáculos de comédia de Bibi Ferreira e dava às sisudas Ruas do Centro, um clima de charme e beleza. Sua arquitetura estilo art nouveau, localizada à antiga Rua da Ajuda, fazia lateral com a Almirante Barroso, num terreno que hoje seria entre a Rio Branco e a Rua México, dava ao centro, um ar pomposo e belo. Contudo, como muitos outros que serão falados aqui, o prédio sucumbiu ao progresso, e pergunto por quê? Com tantos espaços vazios à época, não havia necessidade de pô-lo ao chão. Mas assim foi feito em 1958, para dar lugar à Av. Central, depois Rio Branco, que, por sua vez, passou a abrigar estruturas de concreto armado, sem qualquer relação de beleza e tradição, muito menos cultura, anônimos como todos que vem e vão por ali, todos os dias. O progresso poderia ter sido mais generoso com o centro, que não era apenas o das finanças, do futuro, era passado e presente, erudição para muito além do que temos hoje. A história da cidade do Rio de Janeiro se esconde do passado O que, além das memórias, guardam as fotografias de uma cidade totalmente transformada? Essa pergunta não deveria ser posta em questão, mas é de notório saber que são pouquíssimos os cariocas que realmente se importam com sua história e todos os detalhes que transformaram a arquitetura de uma cidade que foi reconstruída para ser ainda mais bonita que Paris. Nas próximas postagens, novas histórias de construções e destruições da identidade cultural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro e os principais acontecimentos, retratos dos principais fatos entre 1986 e 2015 Traficante Fernandinho, O Beira Mar 1967 - Nasce Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. 1985 - Alista-se no Exército e continua nele após o período obrigatório de um ano, seguindo carreira. 1987 - Começa a praticar os primeiros roubos (confirmados em BO na polícia). É preso por assaltar uma joalheria no Rio. 1988 - Está preso quando perde a mãe, dona Zelina, faxineira e cozinheira, que morre atropelada no Rio. 1989 - Cumpre a pena e volta a morar em Duque de Caxias. Trabalha, provavelmente, como gerente de bocas-de-fumo. 1990 - Vira "cabeça" do tráfico na favela Beira-Mar. 1991 a 1995 - Desvencilha-se de traficantes bolivianos e brasileiros e cria rotas próprias de carregamento e fornecimento para a maioria dos morros do Rio. Passa cinco anos subornando policiais civis, militares e da guarda costeira, que fazem vista grossa às entregas de drogas e armas. 1996 - É preso em Belo Horizonte, condenado a 30 anos, por roubo e tráfico. 1997 - Consegue fugir da prisão e foge para o Paraguai. 1998 a 1999 - Foge da polícia mudando de país. Paraguai, Uruguai, Bolívia e Colômbia são alguns dos países em que Beira-Mar se esconde dos policiais. Ano 2000 - Março - Por telefone, depõe à CPI do Narcotráfico e acusa policiais e políticos de achacá-lo. Passa a ser "caçado" por uma equipe reforçada de policiais federais. 30 de maio - A Polícia Federal anuncia que cercou o traficante e que ele será preso em, no máximo, dez dias. Junho - A PM do Rio anuncia que vai pedir à Justiça para usar quatro imóveis de Beira-Mar, já confiscados. Julho - Ministério Público do Rio divulga uma fita na qual Beira-Mar fala de um suposto plano para matar os promotores que investigam sua quadrilha. Setembro - A Secretaria da Segurança do Rio diz ter confirmado que Beira-Mar está sendo protegido pelas Farc, e que está escondido na Colômbia. Setembro - A Polícia Federal do Mato Grosso do Sul apreende 11 toneladas de maconha num carregamento de madeira e informa que o produto era de Beira-Mar. 6 de outubro - A PM passa a ser a fiel depositária e a utilizar os imóveis confiscados de Beira-Mar no Rio. 10 de outubro - O secretário da Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, é barrado no aeroporto de Bogotá por falta de documentos. Ele e uma equipe tinham ido àquele país sigilosamente para checar informações e tentar prender o traficante. 25 de outubro - Josias Quintal vai aos EUA tentar um acordo internacional para tentar prender Beira-Mar. Até o FBI e a CIA poderiam ser mobilizados. O acordo não vinga. 29 de outubro - O governo do Rio anuncia que pagará uma recompensa de R$ 100 mil a quem der informações que levem à prisão do traficante. Dezembro - Alessandra Costa, uma das irmãs de Beira-Mar, é condenada a quatro anos por participar do tráfico. Ano 2001, 7 de janeiro - Corre a informação de que Beira-Mar teria sido morto na Colômbia. Um de seus advogados garante que ele está vivo. 16 de Janeiro, Dois supostos sócios de Beira-Mar, Ramão Cristóbal e Mauro Morel, são mortos metralhados no Paraguai. 13 de fevereiro - Um jornal colombiano afirma que um helicóptero foi abatido na selva amazônica e que nele estaria Fernando Beira-Mar, que teria morrido. 14 de fevereiro - A morte do traficante é mais uma vez desmentida por seus advogados. 21 de Fevereiro - Os criminosos Marcelo Soares e Leomar Barbosa são resgatados na Casa de Detenção de Taubaté. ambos seriam ligados a Beira-Mar. 12 de março O jornal "El Tiempo", da Colômbia, afirma que Beira-Mar foi baleado e corre risco de morte, mas está sendo protegido e cuidado pelas Farc, na selva colombiana. 13 de março - Assessoria da Secretaria da Segurança Pública do Rio revela que Josias Quintal soubera do cerco e dos tiros em Beira-Mar cerca de 15 dias antes disso ser divulgado na imprensa. 13 de março - O governo brasileiro, por intermédio do Ministério da Justiça, confirma que Beira-Mar foi baleado gravemente na Colômbia, mas não revela a data em que isso ocorreu ou fornece novas informações. 21 de abril - O Exército da Colômbia anuncia a prisão de Beira Mar numa floresta próximo às fronteiras entre Colômbia, Venezuela e Brasil. 22 de abril -Brasil e Estados Unidos pedem extradição do traficante. O governo brasileiro pede ainda a expulsão de Beira-Mar. 25 de abril -O traficante é deportado para o Brasil e fica preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. 24 de julho – O traficante continua preso no presídio de Porto Velho, onde deverá ficar até 2016. A Justiça do Rio deu parecer favorável à secretaria de Segurança Pública do Rio para que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar permaneça no Presídio Federal de Porto Velho, onde cumpre pena. A decisão é do juiz Eduardo Perez Oberg, da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. A permanência de Fernadinho Beira-Mar em presídio federal fora do Rio de Janeiro deve ser renovada a cada ano. De acordo com o magistrado, o prazo termina no final deste mês de julho, e, em consequência disso, a secretaria de Segurança fez o pedido para manter a prisão do traficante em Porto Velho até julho de 2016. Beira-Mar tem condenações em vários estados, além do Rio de Janeiro, do Paraná, de Mato Grosso, e de Minas Gerais. Com isso, a pena total do traficante, incluindo o Rio e outros estados, chegaria a 309 anos e 2 meses. Em maio passado,
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