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Fichamento: Contribuição à crítica da economia política

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Fernandes, Florestan. Karl Marx: Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
1. A produção em geral:
“A produção em geral é uma abstração, mas uma abstração razoável, pelo fato de que põe realmente em relevo e fixa o caráter comum, poupando-nos, portanto, as repetições. Esse caráter geral, entretanto, ou esse elemento comum, discriminado pela comparação, está organizado de uma maneira complexa e diverge em diversas determinações. Alguns desses elementos pertencem a todas as épocas; outros são comuns a algumas delas.” (pg. 240).
“Se não existe produção em geral, tampouco há produção geral. A produção é sempre um ramo particular da produção, ou então é uma totalidade; por exemplo, a agricultura, a criação do gado, a manufatura etc. Mas a Economia Política não é tecnologia. A relação das determinações gerais da produção, em um grau social dado, com as formas particulares de produção, deve desenvolver-se em outro lugar.” (pg. 241).
“Finalmente, a produção tampouco é somente particular. É sempre, ao contrário, um corpo social dado, um sujeito social, que exerce sua atividade em um agregado mais ou menos considerável de ramos da produção” (pg. 241).
“O escravo, o servo, o operário assalariado, por exemplo, recebem todos [um quanturri\ de alimentos que lhes permite existirem como escravo, como servo, como operário assalariado. Enquanto vivam, o conquistador do tributo, o funcionário encarregado dos impostos, o proprietário fundiário da renda, tanto quanto o frade esmoler e o levita dos dízimos, todos recebem [um quantum\ da produção social, o qual é determinado por leis distintas das dos escravos. Os dois pontos principais que todos os economistas colocam sob essa rubrica são: I o - a propriedade; 2o - a proteção desta pela justiça, pela polícia etc.” (pg. 242, 243).
2. A relação geral da produção com a distribuição, a troca e o consumo:
“A ideia que se apresenta por si mesma é esta: na produção, os membros da sociedade apropriam-se dos produtos da natureza para as necessidades humanas; a distribuição determina a proporção em que o indivíduo participa dessa produção; a troca fornece-lhe os produtos particulares nos quais quer converter o quantum que lhe correspondera pela distribuição; finalmente, no consumo, os produtos convertem-se em objetos de gozo, de apropriação individua.” (pg. 244).
a) A produção é também imediatamente consumo
“Um consumo duplo, subjetivo e objetivo. O indivíduo que ao produzir desenvolve suas faculdades, as gasta também, as consome no próprio ato da produção, exatamente como a reprodução natural é uma espécie de consumo das forças vitais. [...] Em segundo lugar, produzir é consumir os meios de produção que se tenham utilizado e que se desgastam, e parte dos quais (na calefação, por exemplo), dissolvem-se de novo nos elementos do universo [...] O consumo é também imediatamente produção, do mesmo modo que na natureza o consumo dos elementos e das substâncias químicas é produção da planta. [...] O consumo cria o móvel da produção; cria também o objeto que, como finalidade, atua na produção de um modo determinante. Se é evidente que a produção fornece o objeto exterior do consumo, não é menos claro que o consumo coloca o objeto da produção idealmente, como imagem interior, como necessidade, como impulso, como fim.” (pg. 246, 247, 248).
b) Produção e distribuição
“. A própria distribuição é um produto da produção, não somente no que concerne ao objeto, pois unicamente os resultados da produção podem ser distribuídos, como no que se refere à forma particular da distribuição, a forma segundo a qual se participa da distribuição. E completamente ilusório colocar a terra na produção e a renda territorial na distribuição.” (pg 252.)
c) Troca e circulação
“A própria circulação é apenas um momento determinado da troca, ou, ainda, é a troca considerada em sua totalidade, enquanto a troca é um momento mediador entre a produção e a distribuição que aquela determina, por um lado, e o consumo, por outro; entretanto, enquanto esse último aparece como um momento da produção, a troca é também claramente compreendida como um momento na produção.” (pg. 256).
3. O método da Economia Política
“Quando estudamos um país determinado do ponto de vista da Economia Política, começamos por sua população, a divisão desta em classes, seu estabelecimento nas cidades, nos campos, na orla marítima; os diferentes ramos da produção, a exportação e a importação, a produção e o consumo anuais, os preços das mercadorias etc. Parece mais correto começar pelo que há de concreto e real nos dados; assim, pois, na economia, pela população, que é a base e sujeito de todo o ato social da produção. Todavia, bem analisado, esse método seria falso.” (pg. 257, 258).
“Os economistas do século 17, por exemplo, começam sempre pelo todo vivo: a população, a nação, o Estado, vários Estados etc.; mas, terminam sempre por descobrir por meio da análise certo número de relações gerais abstratas que são determinantes, tais como a divisão do trabalho, o dinheiro, o valor etc. Esses elementos isolados, uma vez que são mais ou menos fixados e abstraídos, dão origem aos sistemas econômicos, que se elevam do simples, tal como trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca, até o Estado, a troca entre as nações e o mercado universal. O último método é manifestamente o método cientificamente exato.” (pg. 258).
4. Produção. Meios de produção e relações de produção. Relações de produção e de distribuição. Formas do Estado e da propriedade em sua relação com a produção e a distribuição. Relações jurídicas. Relações familiares.
“Nota Bene - relação dos pontos que precisam ser mencionados aqui e que não devem ser esquecidos
1. a guerra é desenvolvida antes que a paz;
2. relação do método idealista de escrever a história tal como se tem feito até agora, e o método realista;
3. fatos secundários e terciários. Em geral relações de produção, derivadas, transmitidas, 
4. sobre o materialismo dessa concepção. Relação com o materialismo naturalista;
5. dialética dos conceitos, força produtiva (meios de produção) e relações de produção, dialética, cujos limites se deve determinar e que não elimina diferença real
6. a relação desigual entre o desenvolvimento da produção material e a produção antiga, por exemplo;
7. essa concepção aparece como a de uma evolução necessária.
8. as determinações naturais subjetivas e objetivas, tribos, raças etc. devem constituir, como é justo, o ponto de partida.”

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