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Avaliação Parcial 1 Formação Econômica e Social do Brasil
Aluna: Sofia Piscitelli Trindade
DRE: 120048299
 
De acordo com Caio Prado Junior, houve um “sentido da colonização” que se revelou como pedra fundamental da formação econômica e social brasileira e que marca decisivamente toda a história do país até a contemporaneidade. Com base nessa observação, responda
1) Qual foi esse “sentido da colonização” no Brasil?
Em seu livro “Formação do Brasil Contemporâneo”, Caio Prado Júnior se predispõe a analisar o caminho que trouxe nosso país até o momento em que ele se encontra hoje. Para dar início a sua pesquisa, o autor introduz um conceito que ele chama de “sentido da colonização”. Ele começa dizendo que todas as nações e povos e suas respectivas evoluções foram dadas com certo “sentido”, e o caracteriza como o ponto inicial de qualquer análise bem feita sobre sua história. Dessa forma, nada mais justo que esse seja o pontapé inicial para estudar como se deu a formação de nosso país. O autor dá continuidade à sua análise, deixando claro a importância de entender-se que o principal “sentido da colonização” do Brasil foi, antes de tudo, comercial, exploratório e exportador.
Devemos, primeiramente, entender toda a formação do Brasil e de seu povo como apenas uma das tantas consequências do comércio marítimo que se firmou na Europa no século XV e XVI. É esse o contexto que explica o que se tornaria futuramente o país em que vivemos hoje: uma mera expansão comercial, apenas um de tantos capítulos da história europeia. Iam na frente desse projeto os portugueses, privilegiados por sua posição geográfica, que os deixava de frente para o Novo Mundo. Sendo assim, deve-se ter em mente que o principal passo para a formação do Brasil foi o desenvolvimento da empresa marítima europeia, que passou a permitir as grandes navegações.
Essas navegações europeias, por sua vez, tinham como principal objetivo o comércio com outros povos e o incremento de suas atividades mercantis. O povoamento em si só viria a ser uma preocupação com o início das lutas políticas e religiosas alguns anos depois na Europa, e mesmo assim esse movimento foi direcionado em massa apenas a América do Norte. Dessa maneira, entende-se o objetivo das grandes navegações europeias o descobrimento de novas terras e matérias primas e o incremento do comércio, formando-se na América o que chamamos de colônias de exploração.
Com o estabelecimento desse contexto, é fácil o entendimento de que, ao chegar no Brasil (e aos poucos em toda a América), os europeus tinham como principal projeto de colonização a exploração daquele território. Toda a empresa marítima foi formada e posta em prática tendo em mente os lucros que eventuais novas terras e mercadorias poderiam trazer para o continente. Sendo assim, os primeiros séculos da colonização do Brasil foram marcados por buscas intermináveis por gêneros tropicais, que eram raros na Europa, e minerais, extremamente valiosos.
Podemos concluir então que, no caso do Brasil, o “sentido da colonização” foi o de exploração, extração e exportação das riquezas presentes em seu território, de forma a aumentar os lucros dos colonizadores e incrementar a empresa comercial europeia que estava se formando. Vemos claramente como isso se deu ao analisarmos que grande parte do ouro extraído do Brasil foi direcionado ao pagamento de dívidas portuguesas com a Inglaterra. Sendo assim, vemos que o descobrimento e colonização do Brasil foi um pequeno acontecimento durante o correr da história europeia, e que seu sentido estava em encher os cofres da Europa a partir da exploração da terra. É importante comentar, inclusive, que o povoamento inicial nas terras brasileiras se deu apenas com o intuito de facilitar o fomento de atividades econômicas capazes de trazer retornos significativos para a metrópole. Esse fato evidencia que o projeto colonizador português para o Brasil não era pensado em direção ao povoamento, mas sim à exploração do território.
 
2) 	Como os reflexos e permanências deste "sentido" foram abordados e trabalhados pelos outros autores estudados ao longo das unidades 1 e 2 em suas respectivas análises sobre a história do desenvolvimento no Brasil e/ou na América Latina? 
Ao longo da disciplina, o “sentido da colonização” definido por Caio Prado Júnior se manteve presente em todos os textos trabalhados. Primeiramente, tratando do livro “Formação Econômica do Brasil” de Celso Furtado, podemos estudar com detalhes os grandes ciclos econômicos da história colonial brasileira: a cana de açúcar, o ouro e o café, e o grande objetivo portugês de exploração se manteve presente durante todos eles.
Furtado deixa claro durante toda sua análise o caráter exploratório da colônia brasileira. Em eventuais comparações com as colônias norte-americanas, nota-se profundas diferenças que possivelmente explicariam o destino diferenciado que elas tiveram. Pode-se mencionar inclusive a relativa independência que as colônias do norte tinham perante à metrópole, que as possibilitaram explorar melhor suas capacidades produtivas e seu mercado interno. Esse cenário nunca foi possível no Brasil, que se via sempre em um ciclo colonial muito frágil: momento de grande prosperidade econômica ao encontrar um produto para exportar, e depois período de recessão quando a demanda por esse mesmo produto decaía, e daí a necessidade de encontrar outro produto para exportação para suprir essa diminuição da atividade econômica. Esse ciclo funcionava bem para a metrópole, que guardava para si os enormes lucros que as etapas de prosperidade traziam, mas prejudicou a colônia de forma que o Brasil nunca teve grandes chances de fomentar seu mercado interno e seu desenvolvimento como nação, uma vez que esteve durante todos os anos coloniais à mercê das necessidades econômicas exploratória de sua metrópole. O autor cita ainda que, mesmo após a independência, o Brasil continuou dependente da Inglaterra devido aos acordos comerciais entre essa última e Portugal, o que fomentou a consciência social da necessidade de uma independência verdadeira e emancipatória.
Infelizmente, como os outros textos nos permitem dizer, essa independência nunca chegou. Devido às turbulências do período colonial já citadas e às excepcionalidades existentes no contexto da independência, o Brasil continuou dependente da Inglaterra e, aos poucos, de outros países por toda a sua história. Tratando inicialmente do livro “Dependência e Desenvolvimento na América Latina”, de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, temos uma análise sociológica que reconhece que as possibilidades de desenvolvimento de colônias de exploração são diferentes das de colônias de povoamento, indo contra o senso comum pós segunda guerra que atribuía eventuais atrasos no desenvolvimento de países da América Latina puramente à escolhas políticas pouco inteligentes. Os autores, ao chamar a atenção para condições históricas distintas do desenvolvimento de países já desenvolvidos em relação aos que ainda são considerados em desenvolvimento, evidencia a relação de dependência que existe entre a periferia e os países centrais, caracterizando essa relação como decorrente de um controle que os últimos possuem perante o desenvolvimento econômico da primeira.
A autora Vânia Bambirra, em seu livro “O Capitalismo Dependente Latino-americano”, dá continuidade à análise dessas relações, procurando redefinir o conceito de dependência, tratando-a como uma relação de desenvolvimento condicionada dos países da periferia em relação aos países centrais. Ela faz críticas à tipologia utilizada na análise de Cardoso e Faletto, propondo a criação de uma nova que tratasse das estruturas dependentes latino-americanas no cenário pós segunda guerra. Assim, Bambirra trata do momento de industrialização da América Latina nos anos seguintes após a guerra, caracterizando os vultosos investimentos estrangeiros recebidos como agravantes da situação de dependência que já existia por ali. Além disso, ela reconhece também a situação excepcional dedesenvolvimento do capitalismo na América Latina: acontecia junto à uma expansão e evolução do capitalismo mundial, à essa altura já desenvolvido, atribuindo a isso o relativo atraso das economias dependentes. Por fim, é importante também citar sua análise sobre o papel da CEPAL nesse contexto. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe é uma instituição que tem como objetivo principal a integração econômica entre seus membros, contribuindo para seu desenvolvimento. Porém, a autora entende sua atuação como muito institucionalizada, não sendo capaz de ultrapassar os limites capitalistas para fazer sua análise sobre as verdadeiras deficiências de seus membros, o que a faz caracterizar o problema aqui estudado como metodológico-estrutural.
Por fim, analisaremos o livro “Subdesenvolvimento e Revolução”, de Ruy Mauro Marini. O autor se predispõe a analisar as conturbações internas que levaram, a partir das primeiras décadas do século XX, ao golpe civil-militar de 1964. De acordo com sua análise, essas contradições da dinâmica interna brasileira, resultado de anos de submissão e condicionamento à economias centrais, tiveram papel central nos acontecimentos que levaram ao golpe. Grande exemplo de contradição interna é a questão da reforma agrária, que se posiciona como um problema no Brasil até hoje e é vindo dos muitos anos de colonização e exploração da terra em formato de latifúndio, forma essa que se mantém presente na organização agrária brasileira. Assim, ao defender que a intervenção externa estadunidense não foi fator principal para o golpe quanto alguns podem pensar, ele não nega a teoria da dependência e nem a influência de fatores externos nesses acontecimentos, mas sim chama a atenção para outras formas de intervenção e influência já de anos antes, como os investimentos estrangeiros e a aproximação política com o governo Vargas. 
 	Como podemos verificar, o “sentido da colonização” tratado por Caio Prado Júnior permaneceu determinando toda a história do Brasil. Essa relação com Portugal na época da colonização traçou todo um caminho de dependência e condicionamento, que se manteve e se reinventou, mesmo com a proclamação da independência e da república. Sendo assim, até hoje o Brasil carrega nas costas as consequências de anos de colonização e exploração de seu território, evidenciados em seu atual subdesenvolvimento e dependência de economias centrais.

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