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Exercício2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ECV 5149 – GEOLOGIA DE ENGENHARIA
UNIDADE 1 - EXERCÍCIO 2 – TURMA 3201A- 05/07/2021
Nome: Otavio Santos Bitencourt
1. Descreva sobre as principais características dos derrames de basalto que extravasaram através de fissuras cobrindo uma área de cerca de 1 milhão de km2 da Bacia Sedimentar do Paraná. (Dica: Procurem em trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses, artigos científicos e sites da internet.)
Obs: Ilustrem a sua resposta, consulte pelo menos 2 referências bibliográficas, citando as mesmas no final do exercício, e responda em duas páginas. Envie o exercício com extensão PDF. 
A Bacia Sedimentar do Paraná se localiza na porção centro-leste da América do Sul (Figura 1) e abrange área de aproximadamente 1.500.000 km² , dos quais cerca de 1.100.000 km² se encontram em território brasileiro. Possui forma ovalada, com semi-eixo maior a norte-sul, sendo seu contorno atual definido por limites erosivos relacionados em grande parte à história geotectônica meso-cenozoica do continente (Milani et al., 2007). Abriga em seu depocentro um pacote sedimentar-magmático da ordem de 7.000 metros de espessura, incluindo alguns horizontes com características de rochas geradoras e outros com atributos de reservatório. O registro tectonoestratigráfico da bacia sugere a interação de fenômenos orogênicos nas bordas da placa SulAmericana, com eventos epirogênicos marcados por épocas de subsidência, soerguimento e magmatismo no interior da placa (Milani e Ramos, 1998).
Figura 1: Mapa de localização da Bacia do Paraná.
É comum, nas porções mais basais da sequência vulcânica, a presença de intertraps de arenito em meio aos derrames de lava, cuja origem parece estar relacionada a um intervalo de quiescência do vulcanismo. Feições de interação lava-sedimento como brechas e os denominados diques de arenito também são observados.
A Formação Serra Geral (Bacia do Paraná, Cretáceo é contemporânea ao vulcanismo neocomiano das bacias marginais brasileiras e suas feições texturais e estruturais estão expostas em excelentes afloramentos, o que não ocorre com o magmatismo das bacias marginais (Mizusaki, 1986). Com isto, as microestruturas vulcânicas como poros (vesículas), fraturas e descontinuidades, típicas de eventos vulcânicos, consideradas como responsáveis pela permoporosidade desta rocha, podem ser analisadas em detalhe. As rochas vulcânicas da Bacia do Paraná estão expostas tanto verticalmente quanto lateralmente em áreas de extensão considerável e, por isto, apresentam potencial 158 Reis et al. para uma amostragem sequencial objetivando diversos tipos de estudos e análises (química, microscopia ótica, difração de raios X, microscopia eletrônica de varredura, entre outras).
Os derrames de lavas da porção centro-sul são diferentes daqueles da porção centro-norte da Bacia do Paraná. Os derrames da porção centro-norte deram origem a rochas básicas e ácidas com maiores teores de fósforo, potássio, e titânio, principalmente basaltos e basalto-andesitos de filiação toleítica. Já os derrames da porção centro-sul deram origem a rochas básicas e ácidas mais pobres nesses elementos, como o próprio basalto e riolitos e riodacitos, como aqueles aflorantes na região dos Aparados da Serra, e que caracterizam uma associação litológica bimodal (basalto - riolito). No Rebordo do Planalto da Bacia do Paraná, na região central do estado do Rio Grande do Sul, nos municípios de Itaara e Santa Maria, é possível verificar essa associação bimodal. As rochas da Sequência Inferior da Formação Serra Geral (basaltos-andesitos toleíticos) apresentam coloração cinza-escura e são constituídas por plagioclásio cálcico, clinopiroxênio, magnetita e material intersticial de quartzo e material desvitrificado. Já as rochas da Sequência Superior da Formação Serra Geral (vitrófiros, riolitos-riodacitos granofíricos) apresentam cor cinza-clara, estrutura microcristalina e são constituídas por cristais de plagioclásio, clinopiroxênios, hornblenda uralítica e magnetita. Essa divisão em Sequência Superior e Sequência Inferior aplica-se apenas a essa porção sul, já que na região de Tamarana, São Jerônimo da Serra e Jacarezinho (PR) e em Ourinhos (SP) são encontrados, lado a lado, derrames de riodacitos porfiríticos e de basaltos todos em contato direto ou intercalados nos arenitos da Formação Botucatu, fato que comprova que na porção centro-norte a estratigrafia é diferente e mais complexa. Numa escala regional, diversos autores já propuseram a elevação hierárquica para Grupo Serra Geral o que implicaria na consequente elevação do Grupo São Bento para Supergrupo.
Figura 2: clasto de basalto com vesículas e porosidade vesicular.
BIBLIOGRAFIA
FERNANDES, Amélia João et al. Estratigrafia dos derrames de basaltos da Formação Serra Geral (Ribeirao Preto-SP) baseada na geologia física, petrografia e geoquímica. Geologia USP. Série Científica, v. 10, n. 2, p. 73-99, 2010.
FORMAÇÃO SERRA GERAL. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2019. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Forma%C3%A7%C3%A3o_Serra_Geral&oldid=56478347>. Acesso em: 05 jul. 2021
Marques, L.S.; Ernesto, M. O magmatismo toleítico da Bacia do Paraná. In: Mantesso Neto, V.; Bartorelli, A.; Carneiro, C.D.R.; Neves, B.B.B. (Eds.). Geologia do continente sul-americano - evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo, Brasil: Beca, 2005
	Milani, E.J. Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relacionamento com a geodinâmica fanerozoica do Gondwana sul-ocidental. 1997. 2vol. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Curso de Pós-Graduação em Geociências, Porto Alegre, 1997.
	MORELATTO, R. Bacia do Paraná: Sumário geológico e setores em oferta, Superintendência de Definição de Blocos, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustıveis, 2017.
REIS, Gleice dos Santos. A formação Serra Geral (cretáceo, bacia do Paraná)-como análogo para os reservatórios ígneo-básicos da margem continental brasileira. 2013.

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