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O Envelhecimento e suas implicações às famílias
Introdução
O presente trabalho objetiva contribuir para reflexões acerca do envelhecimento, fazendo alusão ao seu conceito, bem como as implicações e desafios deste tema às famílias. Inicialmente propomos a apresentação de dados estatísticos relacionados ao envelhecimento populacional. Em seguida, abordaremos a discussão de temas específicos que envolvem o envelhecimento e aspectos relacionados a dependência em relação ao cuidado, ao idoso enquanto chefe de família e às demandas a eles impostas, em especial, no que concerne a guarda judicial dos netos à eles deferidas. 
Ademais, problematizaremos sobre a judicialização do cuidado em relação aos idosos, especificando acerca dos processos de interdição e finalmente sobre os maus tratos. 
Na área da saúde muitos profissionais definem o envelhecimento como a fase da vida em que se expressam com maior intensidade os problemas relacionados aos aspectos fisiológicos, os quais podem provocar alterações no que concerne a interação com o meio. No entanto, mais do que um fator biológico, o envelhecimento é também social. 
O crescimento populacional dos idosos se configura como um dos mais eminentes fenômenos da realidade brasileira, o que se coloca como desafio para a implementação de ações que visem a qualidade de vida deste seguimento e a ampliação de seus direitos. Pensar a política pública para os idosos significa abarcar as demandas relacionadas aos cuidados em saúde, no sentido de não responsabilização das famílias, em uma política previdenciária que dê conta das necessidades desta população, que em muitos casos acaba comprometendo a maior parte de sua renda nos gastos em relação a medicalização e a sua subsistência. 
É certo que temos adiante um grande desafio que somente poderá ser superado na medida em que este seguimento colocar-se na posição de sujeito de sua própria história e transformação, reconhecendo-se como cidadãos, produzindo novas formas de efetivação de direitos. 
O envelhecimento e suas implicações às famílias
O envelhecimento pode ser definido como o “estado em que o ser humano se encontra com desgaste biológico de seus sistemas e aparelhos, com manifestações clínicas que podem interferir na interação com o meio e consigo mesmo.” (VITOR; SILVA; ARAÚJO,2002)
“A velhice é uma fase da vida e inevitável para qualquer ser humano na evolução da mesma. Nessa, ocorrem mudanças biológicas, fisiológicas, psicossociais, econômicas e políticas que compõem o cotidiano das pessoas. Sendo um momento do processo biológico, não deixa de ser também um fato social e cultural, pois, segundo Beauvoir (1990:18), a velhice só pode ser compreendida em sua totalidade; não representa somente um fato biológico, é também um fato cultural”. (TELES, 2010)
O declínio da taxa de natalidade associada à diminuição da taxa de mortalidade são características produtoras das condições necessárias para o aumento da população idosa, isto se dá pelo avanço tecnológico e investimento em pesquisas relacionadas a indústria farmacológica e pela opção dos casais/pessoas em terem um número reduzido de filhos. 
“O envelhecimento populacional é, hoje, um proeminente fenômeno mundial. Isto significa um crescimento mais elevado da população idosa com relação aos demais grupos etários. No caso brasileiro, pode ser exemplificado por um aumento da participação da população maior de 60 anos no total da população nacional de 4% em 1940 para 8% em 1996.” (CAMARANO, 2002)
Além disso, a proporção da população “mais idosa”, ou seja, a de 80 anos e mais, também está aumentando, alterando a composição etária dentro do próprio grupo, isto é, a população considerada idosa também está envelhecendo [Camarano et alii (1997)]. Isso leva a uma heterogeneidade do segmento populacional chamado idoso. (CAMARANO, 2002)
Estudos e dados estatísticos apontam para outro aspecto que possui implicações na formulação de políticas públicas para a população idosa, que se refere a feminização do envelhecimento. Observe: 
Em 1996, dos 12,4 milhões de idosos 54,4% eram do sexo feminino. Isso se deve à sua mais elevada taxa de crescimento relativamente à do segmento masculino. [...] A predominância da população feminina entre os idosos tem repercussões importantes nas demandas por políticas públicas. Uma delas diz respeito ao fato de que embora as mulheres vivam mais do que os homens, elas estão mais sujeitas a deficiências físicas e mentais do que seus parceiros masculinos. (CAMARANO, 2002)
Entretanto, este envelhecimento populacional no contexto brasileiro tem se manifestado sem que haja investimentos viáveis na qualidade de vida da população. Isto sinaliza a ineficácia das políticas públicas que não dão conta de atender às demandas impostas por este seguimento populacional, motivando em muitas ocasiões, a reinserção dos idosos no mercado de trabalho como método para garantia da subsistência, característica apontada em especial, nas classes mais empobrecidas.
Outro aspecto a ser considerado é a questão do aumento do número de idosos que residem sozinhos. Esta característica pode sinalizar a preferência dos idosos por uma maior autonomia. Veja:
É crescente a proporção de idosos vivendo sozinhos, tanto homens quanto mulheres. É comum pensar que a industrialização e a urbanização destroem a segurança econômica e as relações estreitas entre as gerações na família. No entanto, pesquisas recentes têm mostrado que a universalização da Seguridade Social, as melhorias nas condições de saúde e outros , tais como nos meios de comunicação, elevadores, automóveis, entre outros, podem estar sugerindo que viver só, para os idosos, representa mais formas inovadoras e bem-sucedidas de envelhecimento do que de abandono, descaso e/ou solidão. [...]Viver só pode ser um estágio temporário do ciclo de vida e pode estar refletindo preferências. Na verdade, a proximidade geográfica nem sempre pode ser traduzida por uma maior frequência de contato com filhos ou netos. A proporção dos mais idosos vivendo sós é mais elevada do que a dos idosos jovens, tendo esse diferencial crescido no tempo (CAMARANO, 2002)
Além disto, a questão da qualidade de vida em especial às condições relacionadas à saúde da população idosa tem sido alvo de pesquisas realizadas pela gerontologia, que apontam para a maior intensidade de doenças crônicas nesta fase da vida, as quais além de representar um risco de vida podem tornar-se uma ameaça à autonomia deste seguimento populacional, fazendo-se necessário o maior investimento em serviços de saúde. Observe: 
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1984 estimam que numa coorte na qual 75% dos indivíduos sobrevivem aos 70 anos, cerca de 1/3 deles serão portadores de doenças crônicas e pelo menos 20% terão algum grau de incapacidade associada.12 Essa constatação leva à preocupação imediata com o aumento da demanda por serviços de saúde e os custos que isto acarreta. (CAMARANO, 2002)
	Outra característica apresentada em estudos estatísticos é a questão dos idosos com deficiência seja física ou mental, aspecto este que deve ser avaliado para a formulação de políticas públicas que atendam esta parcela da população idosa. Veja: 
A PNAD de 1981 e o Censo Demográfico de 1991 levantaram informações sobre deficiências físicas e mentais que parecem comparáveis entre si. Em 1981, 6,5% dos idosos possuíam algum tipo de deficiência física ou mental. Em 1991, essa proporção caiu para 3,7%. Os homens idosos eram mais atingidos por algum tipo de deficiência do que as mulheres, o que se deve à falta de membros e hemiplegia. O número de homens que apresentavam alguma falta de membro superou em mais de duas vezes o de mulheres. Isso pode estar associado ao fato de estarem mais expostos ao risco de sofrerem acidentes de trânsito e de trabalho. (CAMARANO, 2002)
	Conforme último senso demográfico realizado no ano de 2010 as regiões sul e sudeste do Brasil apresentaram o maior índice de envelhecimento, enquanto as regiões norte, nordeste e sudeste, obtiveram um processo de envelhecimentomenos acelerado se comparados ao sul do país. Observe: 
No último censo, de 2010, as regiões Sul (54,94) e Sudeste (54,59) se equiparavam com o maior IE entre as regiões e a Região Norte (21,84) apresentava o menor IE. Norte, Nordeste e Sudeste são as regiões que apresentaram um processo de envelhecimento populacional mais lento no período de 1970 a 2010, (171%, 241% e 274%, respectivamente), em contrapartida à Região Sul, que teve o maior percentual de aumento do índice neste intervalo (398%). (Closs; Schwanke, 2012)
1.1 .A Política Nacional do Idoso e o histórico de sua implantação:
A implementação de uma política nacional destinada aos idosos data de 1994. Anteriormente a isto, existem algumas garantias adquiridas legalmente que podem ser observadas no Código Civil, Penal e Eleitoral e em inúmeros decretos, leis e portarias. 
No ano de 1976 através da parceria entre o Ministério da Previdência e Assistência Social e o gerontólogo Marcelo Antônio Salgado, foram realizados quatro seminários que discutiam as bases para a formulação de uma política de assistência e promoção social dos idosos. Destes eventos, resultou um significativo arcabouço de informações e estudos sobre a população idosa brasileira, acervo este, analisado e organizado pela Secretaria de Assistência Social do Ministério referenciado, que norteou as Diretrizes Básicas da Política para a 3ª Idade. 
Portanto, este ano simbolizou uma nova era no tocante às políticas públicas destinadas aos idosos. Anteriormente a isto, por iniciativa do antigo Instituto Nacional da Previdência Social – INPS foi criado o Programa de Assistência ao Idoso, que articulou a formação de grupos de convivência para idosos assegurados pela previdência, os quais aconteciam nos postos de atendimento deste instituto. 
Posteriormente, com a reestruturação da LBA o Programa acima mencionado, passou a se chamar PAPI- Projeto de Apoio à Pessoa Idosa, que voltava suas ações ao seguimento idoso, com vistas a ampliação de sua participação na sociedade, promovendo debates relacionados a cidadania, impulsionando desta forma, reinvindicações quanto aos direitos numa perspectiva de valorização de seu potencial de vivência dentro das comunidades. 
	No ano de 1989, o Programa Nacional de Voluntariado da LBA firma compromisso na construção de aproximadamente 130 centros de convivência para idosos, propondo-se a construir creches, que objetivavam a convivência intergeracioanal. No ano posterior, criou-se o Programa Minha Gente, o qual objetivava a construção de creches, escola de 1º grau, uma lavanderia e uma Casa para idosos. Porém, não foi constatada a materialização deste Programa. Lembrando que todas estas propostas citadas até aqui tiveram a LBA como órgão executor da Política para idosos em território nacional. 
	Na década de 1980 com o surgimento do Ministério da Saúde, surgem as primeiras ações de promoção de saúde e estímulo ao autocuidado em relação à população idosa, este último possui suas bases na responsabilização das famílias como principais cuidadoras de seus idosos, seguindo por uma lógica de desresponsabilização do Estado enquanto articulador destes cuidados, partindo sempre de um viés moralista em relação às famílias, o que acaba sendo primordial para a classificação vexatória entre às más e boas famílias, ou seja, entre aquelas que se comprometem em relação aos cuidados com o idoso e aquelas que se isentam de tal “responsabilidade”. 
	Na década de 1990, cria-se o Projeto Vivência, idealizado durante o governo de Fernando Collor, que visava o desenvolvimento de ações nas áreas de saúde, educação, lazer, cultura e assistência social e preparação para a aposentadoria, destinadas a população idosa. Conjuntamente, nos diferentes níveis da federação eram articuladas diversas propostas advindas de entidades privadas, tais como: associações de idosos, centros de convivência em paróquias de diversas credos, associações comunitárias, filantrópicas, dentre outras. 
	No tocante as ações mais recentes relacionadas ao seguimento idoso podemos citar como exemplo a criação do Plano Nacional de Saúde do idoso, que institui a vacinação contra o vírus influenza, a pneumonia e o tétano, além das cirurgias de cataratas para pessoas com idade a partir dos 60 anos. 
1.2. O Estatuto do Idoso e a luta para a sua real efetivação
O Estatuto do Idoso é a coroação de esforços do movimento dos idosos, das entidades de defesa dos direitos dos idosos e do Estado e se constitui o instrumento jurídico formal mais completo para a cidadania do segmento idoso. Não há que se negar a sua relevância do ponto de vista teórico e legal, na medida em que é, sem dúvida, um avanço a partir da Lei 8842/94, cujos princípios ainda estão muito longe de serem garantidos na realidade brasileira. (PAZ; GOLDMAN, 2006)
	Apesar de representar um significativo avanço no que se refere a garantia de direitos destinados aos idosos ainda temos um longo caminho a trilhar no que concerne a real efetivação das propostas apresentadas no Estatuto do idoso, as quais referem-se principalmente aos recursos financeiros, humanos e institucionais insuficientes para atender às demandas relacionadas à saúde, previdência, assistência social, educação, cultura, lazer, dentre outros. 
Paz e Goldman (2006) sinalizam para as inúmeras requisições necessárias para a implementação do Estatuto do Idoso, as quais nem sempre são cumpridas. Observe:
Por outro lado, o Estatuto estabelece prioridade absoluta para os idosos em inúmeras ações, que vão colidir com prioridades de outros segmentos, como o das crianças e adolescentes e o dos portadores de necessidade especiais. A consolidação do Estatuto do Idoso requer a efetivação de políticas públicas para o segmento, além de pessoal especializado para prestar serviços de todas as ordens ao idoso. Requer, também, o quadro de pessoal encarregado pela fiscalização das entidades de saúde e de longa permanência, dentre outras. Por outro lado, o Estatuto deixa claro que devem ser instituídas varas especializadas para a Justiça dos Idosos, o que vem acontecendo de forma bastante precária, muitas vezes com o acréscimo da vara especializada do idoso ás já existentes, como as varas para a infância e adolescentes. (PAZ, GOLDMAN, 2006)
	Esta ineficiência no que concerne a implementação das ações previstas no Estatuto do idoso pode ser explicada através da base de sustentação e contexto de sua instituição, que fundamenta-se no ideário neoliberalista, que acaba subordinado os interesses da população no que se refere a garantia de direitos aos interesses do capital. No caso do idoso, isto pode ser observado nas reformas previdenciárias, na má qualidade dos serviços públicos e nas deficiências do Sistema Único de Saúde, que vem sofrendo fortes investidas de processos privativos. 
	Portanto, a implementação efetiva do Estatuto do Idoso somente será possível com o maior investimento em políticas públicas destinadas não só a este segmento, mas a todas as gerações.
Simone Beauvoir (1990) nos advertiu ser impossível uma sociedade justa para os velhos numa sociedade permeada por injustiças sociais, como é a nossa. Claro que uma nova forma de sociedade é um projeto distante, mas, quem sabe, possível. Enfim, o que construirmos de direitos e políticas públicas para o idoso, será fruto da mobilização e do movimento social do idoso e não mais dependentes de entidades científicas, estudiosos, especialistas, técnicos, legisladores ou parlamentares para que estas medidas sejam implantadas. Espera-se, cada vez mais, que os idosos se façam representar e ocupem lugares principais nesse movimento, tornando-se cada vez mais protagonistas de suas ações e lutas. (PAZ; GOLDMAN, 2006)
2. Família e cuidados em relação a idosos dependentes (Idoso enquanto receptor de cuidados)
As pessoas dependentes são pessoas com restrições na capacidade funcional que necessitam, muitas vezes, de adaptações do ambiente, para a manutenção de sua autonomia. Mas não se deve considerar a dependência como um estado fixo. Pode-se dizer que se tratade um processo cuja evolução pode modificar-se e até prevenir-se, reduzindo suas manifestações através de serviços e ambientes adaptados. Com a dependência e a perda de autonomia, faz-se necessário considerar que estamos diante de uma limitação das atividades da vida diária. 
As condições de dependência variam de indivíduo para indivíduo, sendo muitas vezes influenciadas por fatores adversos como a qualidade do cuidado recebido ou restrições ambientais que dificultam o deslocamento. Pensar no melhoramento das condições de vida deste estrato social pode implicar muitas vezes pensar soluções práticas de facilitação da vida, não só do dependente, como também do cuidador (pessoa que auxilia nas atividades diárias). (Areosa, S. V. C. & Areosa, A; 2005: p.3)
No tocante ao cuidado em relação aos idosos, a família em geral é encarregada em prestar-lhes tais cuidados, e a institucionalização é pensada só como uma solução interessante para as famílias que, pela sua própria dinâmica, não dispõem de uma pessoa para cuidar do idoso.
De fato, uma das estratégias da Promoção de Saúde para o atendimento aos idosos é a assistência no domicílio, onde o objetivo maior é a permanência do mesmo no seu habitat e a preservação de sua autonomia e independência, proporcionando, deste modo, uma melhor qualidade de vida e bem-estar desta população. Mas é imprescindível que conheçamos a sua situação familiar, isto é, como se estabelecem as relações intrafamiliares e como é esta dinâmica de sustentação e de amparo ao idoso. (Mazza MMP, Lefêvre F.: 2005).
Nesse sentido, a atenção ao idoso está intimamente relacionada à presença do cuidador, ou melhor, da pessoa que, no espaço privado doméstico, realiza ou ajuda o idoso a realizar suas atividades de vida diária e atividades instrumentais.
O perfil do cuidador familiar brasileiro não difere muito do perfil do cuidador de outros países. Geralmente, o cuidado é exercido pelos cônjuges e pelos filhos, particularmente as filhas, geralmente na faixa etária de 45 a 50 anos, sendo solteiras, casadas ou viúvas e geralmente já estão aposentadas. O comum é o cuidador familiar desempenhar suas atividades sozinho sem a ajuda de ninguém. Neste caso ele é chamado de cuidador primário porque tem a responsabilidade total do cuidado.
No estudo das autoras (Areosa, S. V. C. & Areosa, A; 2005) a partir da realidade social dos cuidadores familiares de idosos, se procurou compreender o mundo destes cuidadores através de seus próprios olhos e avaliar o significado que atribuíam ao ato de cuidar, identificando as representações sociais destes cuidadores familiares sobre o cotidiano familiar. 
O ato de cuidar pode ser compreendido pela família como uma retribuição ao que recebeu na infância; dever e obrigação; inversão de papéis na relação mãe-filho; ambivalência de sentimentos; cuidado como devoção; entre outros. Além disso, segundo estudos realizados com os cuidadores estes relatam que a família cuida melhor, pois ela impede que o idoso fique deprimido. Entretanto, em alguns casos a família lança mão da institucionalização quando não possui um familiar para cuidar do idoso, e quando o idoso está muito dependente necessitando de cuidados especiais; sendo assim, a institucionalização é por elas entendida como maléfica, pois provocaria a morte do idoso não sendo aceita nem pelo idoso nem pelo cuidador.
Com o atual quadro econômico e social em que as exigências de sobrevivência são urgentes, as filhas, esposas, enfim, os potenciais cuidadores ingressam no mercado de trabalho, impossibilitando a manutenção do idoso junto à família, por estes permanecerem sem a assistência necessária durante o desenvolvimento de atividades laborativas por parte dos familiares. 
 Outro fator a ser considerado é a ausência de filhos por parte dos idosos, os quais acabam morando sozinhos, este e os demais aspectos aqui relacionados, tornam imperioso a necessidade de ações estatais materializadas através de políticas públicas que possam dar conta das demandas impostas por este segmento e por suas famílias, contribuindo para a desmistificação da lógica de responsabilização destas. Certamente temos um grande desafio para a formulação e implementação de políticas públicas que atuem em uma perspectiva de direitos e não na de desresponsabilização do Estado, movimento este, que somente encontrará suas bases na articulação da população idosa enquanto agente transformador da sua realidade e história. 
3. Avós: Guardiões de Netos (Idosos enquanto cuidadores)
	O tema envelhecimento nem sempre está associado exclusivamente a condição de tornar-se avô/avó, se considerarmos que muitas pessoas acabam tornando-se avós muito cedo, em detrimento da gravidez precoce de seus filhos, os que acabam se enquadrando em uma faixa etária não superior a 48 anos. 
	Entretanto, é irrefutável a existência da relação entre o envelhecimento e o tornar-se avô/avó. Diante destes apontamentos, sugerimos a discussão deste tema por entendermos que ele está intrinsicamente relacionado a provocações de alterações na dinâmica dos idosos, que passam a exercer a parentalidade frente aos netos em uma condição majoritária de cuidados, sendo estes em muitas ocasiões, a única alternativa de manutenção dos netos na família biológica quando analisamos casos de processos de perda ou suspensão do poder familiar no âmbito da Vara da Infância e Juventude. 
	O contingente de famílias que dependem exclusivamente da renda dos idosos para promover o sustento do núcleo familiar é significativamente relevante sendo que destes, 67,6 exercem a função de chefia contra 25,4 que não possuem tais demandas, conforme estudos apontados pelo IPEA. Por muitas vezes a guarda enquanto medida protetiva acaba sendo utilizada como método para garantir a subsistência dos netos, através da colocação como segurados/dependentes em planos de saúde adquiridos pelos idosos, ou para a concessão de pensões previdenciárias. 
	No tocante ao exercício da parentalidade pelos avós podemos observar que tal contingência é permeada pelo processo de judicialização no que se refere ao ambiente familiar, na medida em que o poder judiciário passa a interferir na dinâmica das famílias, qualificando em muitos casos, os pais que de fato exercem todas as funções a eles inerentes como os “bons pais” e aqueles que por ventura não o exercem como, “negligentes” fazendo-se neste caso necessária a intervenção dos idosos no cuidados com os netos ou bisnetos. 
	O deferimento da guarda aos avós/bisavós independe da idade tanto dos netos quanto dos avós/bisavós, sendo que em muitos casos ocorre a concessão da guarda judicial aos idosos com idade superior a 65 anos, os quais se encarregam em sua maioria na promoção dos cuidados necessários em relação a bebês ou netos com idade inferior a cinco anos. 
Ao mesmo tempo em que se constitui como um alívio aos idosos o fato de poder exercer a parentalidade frente aos netos lhes refuta um imenso temor quanto ao futuro destes em caso de óbito dos avós, dada a impossibilidade dos filhos exercerem o zelo pelos seus netos, associado ao risco de acolhimento institucional e consequentemente, a colocação em família substituta, sendo a guarda exercida pelos avós, um método encontrado pela família, para a manutenção dos netos no núcleo familiar biológico.
É possível observar no discurso destes avós/bisavós durante os atendimentos que lhes são prestados no Poder Judiciário em processos de perda ou suspensão do poder familiar e pedido de guarda em relação aos netos relacionados a primeira situação processual mencionada, um misto de sentimentos por parte destes avós, que não raro demonstram a sensação de medo (pelo futuro dos netos e pelas responsabilidades e demandas por eles impostas dada as suas limitações físicas, decorrentes da idade avançada), fracasso (por sentirem-se incapazes de ter fornecido o que eles qualificam como “bons valores” aos filhos) e esperança (por acreditarem que poderão corrigir os erros relacionados a criação dos filhos em relação aos netos). 
É imperioso constatar que estesapontamentos acima descritos não são sugeridos com base em julgamentos de valor, mas considera-se para a elaboração de tais conclusões o próprio relato destes idosos. 
Outro aspecto a ser observado é que em geral a guarda dos netos é deferida às mulheres idosas, as quais se encarregam de alterar toda a sua dinâmica em função dos mesmos, revezando-se entre as mais diversificadas tarefas que abrange desde o transporte dos netos a estabelecimento educacional até as atividades relacionadas ao lazer. 
Neste caso, o papel socialmente conferido aos avós no que se refere a satisfação de todos as vontades e concessão de mimos aos netos passa a redimensionar-se na medida em que eles começam a atuar como atores principais na educação e estabelecimento de limites, desmistificando o mito do ditado popular de que os avós são “pais com açúcar”, isto é, são permissivos e admitem as travessuras dos netos, minimizando as situações de conflitos entre os filhos e estes. 
O exercício da guarda implica em uma série de alterações tanto na dinâmica dos idosos quanto nos aspectos relacionados a renda por estes apresentarem gastos maiores para a oferta de bens e serviços destinados aos netos. Outra característica a ser considerada é a ausência associada à ineficácia de políticas públicas capazes de atender as demandas específicas inerentes a esta condição, sendo que em muitas ocasiões é extremamente dificultosa a aquisição de vagas em creches públicas para os netos. 
 
Conclusão
Neste trabalhamos conclui-se sobre o envelhecimento,desde de seu conceito, bem como as implicações e desafios deste tema às famílias. A velhice é uma fase da vida que é inevitável para qualquer ser humano.
É crescente o número da população idosa,tendo em vista o declínio da taxa de natalidade associada à diminuição da taxa de mortalidade que são características produtoras das condições necessárias para o aumento da população idosa,isto ocorre devido os avanços tecnológicos/ investimento à indústria farmacológica e pela redução de filhos entre os casais. Há estudos estatísticos relacionados a grande número de idosos portadores de deficiência física ou mental em sua maioria homens devido apresentam à falta de membros e hemiplegia,isso esta associado ao fato dos homens estarem expostos ao risco de sofrerem acidentes de trânsito e de trabalho.
	O Estatuto do Idoso é uma conquista do movimento dos idosos, e das entidades de defesa dos direitos dos idosos e do Estado e se constitui o instrumento jurídico formal mais completo para a cidadania do segmento idoso. É um avanço importante ao ao que se refere a garantia de direitos destinados aos idosos,porém ainda há um longo caminho a trilhar no que concerne a real efetivação das propostas apresentadas no Estatuto do idoso, desde à saúde, previdência, assistência social, educação, cultura, lazer, dentre outros. Cabendo assim a avaliação e formulação de políticas públicas na implementação de ações que visem a qualidade de vida dos mesmos . 
Em relação ao cuidado aos idosos, a família em geral é encarregada em prestar-lhes tais cuidados,em especial esta responsabilidades fica para as mulheres,a família ao se ver nesta situação por vezes se sentem despreparadas muitas delas encaminham o idoso para um lar de idosos,outros que tem condições financeiras pagam um cuidador de idoso,e há também familiares que negligenciam este cuidado ocasionando agravos a saúde física e mental desses idosos. Outro aspecto importante é o crescente número de idosos (homens e mulheres) que vivem sozinhos,e o grande número de idosos que sustentam suas famílias.Outro aspecto importante são idosos que obtém a guarda de seus netos tornando-se os responsáveis por prover o cuidados aos seus netos,muitos idoso se sentem aliviados por serem responsáveis por prover este cuidado,pois se sentem os responsáveis por cuidarem dos filhos de seus filhos,o exercício da guarda implica em uma série de alterações tanto na dinâmica dos idosos quanto nos aspectos relacionados a renda por estes apresentarem gastos maiores para a oferta de bens e serviços destinados aos netos, ausência associada à ineficácia de políticas públicas capazes de atender as demandas específicas inerentes a esta condição.
Referências
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CAMARANO, Ana Amélia. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: UMA CONTRIBUIÇÃO DEMOGRÁFICA. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2002. p. 1-24. 
TELES, Joana Darc M.D.P. O ENVELHECIMENTO E SEUS ASPECTOS: as várias faces da velhice. Brasília: XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS, 2010. 
CLOSS, Vera Elizabeth; SCHWANKE, Carla Helena Augustin. A evolução do índice de envelhecimento no Brasil, nas suas regiões e unidades federativas no período de 1970 a 2010. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2012. 
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Areosa, S. V. C. & Areosa, A. L. Envelhecimento e Dependência: Desafios a serem enfrentados. JAN./JUN. 2008
Mazza MMP, Lefêvre F. Cuidar em família: Análise da representação social da relação do cuidador familiar com o idoso. São Paulo. Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(1):01-10.
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