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Letras - Português e Inglês - Licenciatura
TALITA MORGANA SILVA CALDEIRA
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL
“DESAFIOS E POSSIBLIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR”
Curvelo
2019
TALITA MORGANA SILVA CALDEIRA
Trabalho interdisciplinar individual apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral na disciplina de : Psicologia da Educação e da Aprendizagem
 Tutora à distância : Eraides Ribeiro do Prado
 Tutora à distância : Angela
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL
“DESAFIOS E POSSIBLIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR”
Curvelo
2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................04
2. DESENVOLVIMENTO....................................................... 05
2.1 A Adolecência e o impacto da família nesta fase do desenvolvimento................................................................06
2.2 A escola.......................................................................08
2.3 A questão do gênero nas escolas...................................09
3. CONCLUSÃO.................................................................. 10
4. REFERÊNCIAS................................................................ 11
1- INTRODUÇÃO
Este artigo traz como preocupação central a construção das relações de gênero dentro do ambiente escolar. Assim, pretendemos verificar, neste trabalho, se a escola é um marco fundamental para a construção da identidade de gênero, considerando que através dela há reprodução dos valores das classes dominantes, pela internalização da cultura dominante. Trata-se de buscar compreender como os valores internalizados influenciam nas desigualdades de gênero dentro do ambiente escolar. Embora cada vez mais essa temática já tenha espaço, ainda existe grande necessidade de estudá-la, pois, no cenário nacional, podemos notar a crescente violência contra as mulheres, 
Ao se definir um campo e uma forma de produção do conhecimento, o campo conceitual a partir do qual opera-se ao produzir o conhecimento científico, a maneira pela qual estabelece-se a relação sujeito/objeto do conhecimento e a própria representação de conhecimento como verdade com que se opera, deve-se prestar atenção ao movimento de constituição das representações das relações de gênero, possibilitando pensar estas relações enquanto uma dimensão constitutiva da vida em sociedade e como uma das definidoras da forma com que os sujeitos operam conceitualmente. 
2- DESENVOLVIMENTO
A história da sociedade brasileira é marcada pela diversidade, mas também pelas desigualdades. As discussões sobre direitos ganharam espaço no final do século XX, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a qual marca o processo de democratização do país. O primeiro artigo da Constituição apresenta que a realidade brasileira é constituída por um Estado Democrático de Direito que se encontra alicerçado em fundamentos que garantem a diversidade e as liberdades. No artigo III é apresentado o compromisso com o bem-estar de todos e a eliminação de qualquer espécie de discriminação, inclusive de gênero.
Apesar do direito à igualdade de gênero ser assegurado na legislação ainda é preciso avançar para que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades e condições de atuação na sociedade. Isso se dá, pois, aspectos sociais e ideológicos perpassam a forma de enxergar os papéis e participação na realidade. Ainda se encontram no país disparidades de salário, de oportunidade de inserção e permanência no mercado de trabalho, de acesso à educação e, até mesmo, ao lazer e participação em práticas esportivas.
A luta em prol dos direitos e igualdade de gênero é marcada pela resistência dos grupos sociais. Ela perpassa todos os espaços e dentre eles, o esporte. Podemos tomar como exemplo a participação feminina em esportes como o futebol. A estreia tardia das mulheres nos campos de futebol e nas competições oficiais deveu-se as discriminações e recriminações sofridas por elas em vários países do mundo. No Brasil, por exemplo, de 1941 a 1979 as mulheres poderiam ser presas, caso fossem vistas jogando futebol. Em países como a Inglaterra e a Alemanha, até a década de 70, as mulheres também foram proibidas de se envolver com esse esporte.
No entanto, em meio a luta pelo reconhecimento da igualdade de gênero, as mulheres conquistaram os gramados. Atualmente são realizados importantes campeonatos de futebol feminino, sendo a Copa do Mundo o principal deles. Percebe-se que a cada ano, o número de espectadores desses eventos tem aumentado, bem como a audiência nas diferentes mídias. Porém, as premiações permanecem discrepantes, visto que os valores destinados às seleções masculinas têm sido muito maiores do que os que são repassados às seleções femininas.
Apesar deste cenário, as mulheres vêm buscando ampliar sua representatividade no esporte e em outras esferas da vida social. Nesta lógica, a educação escolar é uma via importante para sensibilizar e conscientizar acerca da igualdade de gênero, possibilizando que a igualdade se efetive na realidade, pois a partir do conhecimento científico os cidadãos problematizam, refletem e atuam de forma consciente.
Nessa perspectiva a Base Nacional Comum Curricular traz dentre as Competências Gerais para a Educação Básica que o aluno deve desenvolver “a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza”. (BRASIL, 2018, p. 10).
2.1 A Adolecência e o impacto da família nesta fase do desenvolvimento
 	A adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano caracterizada pela transição da infância para a vida adulta. Nesta fase, várias são as transformações pelas quais os adolescentes passam, seja a nível biológico (com o crescimento dos ossos, amadurecimento das características sexuais secundárias), seja a nível psicológico (envolvendo alterações de humor, desejo de viver intensamente, atração sexual, necessidade de aceitação, questionamento sobre a vida, entre tantos outros). Todas essas mudanças levam o adolescente a um objetivo: conseguir sua autonomia e independência.
Tendo em vista que a educação, advinda do lar, tem como objetivo preparar os pequenos para lidar com situações-problemas que aparecem no decorrer de toda a vida, situações que estão relacionadas à área social, econômica, familiar e emocional. E se esta formação não for suficientemente eficaz, a ponto de desenvolver indivíduos pensantes, autônomos e atuantes para uma sociedade carente desse tipo de pessoas, na adolescência isso se mostrará com clareza, pois é muito comum que nessa fase eles enfrentem algumas crises sociais e emocionais e se associarmos a isso uma educação do lar ineficaz, com pais ausentes teremos como resultados jovens em crises constantes e causando muitos problemas para serem notados.
Neste período, acontecem grandes transformações no corpo e na mente do adolescente e muitas vezes isso pode repercutir em mudanças repentinas de animo, pois o indivíviduo está perdendo suas características de criança, mas ainda não conseguiu adquirir as de um adulto, causando-lhe incômodos. Santos (1960, p. 51) nos afirma que "por ser uma transformação acelerada e profunda, a adolescência pode ser considerada um período de grande desestabilização psicológica, já que nessa fase o jovem não se sente criança e nem adulto ainda." A família e a escola deve ser estreitada para que uma seja a extensão da outra e assim poderem traçar planos e estratégia para atingi-lo, onde ele esteja realmente precisando.
	Para ajudar os adolescentes, família e escola precisam estar em conformidade e conhecer o aluno em questão, suas atitudes e comportamento em grupo,se é bem aceito, se ele aceita os outros, se tem suas próprias opiniões e como é sua reação diante de situações problemas e assim perceber onde está a fragilidade dele e buscar superar com muito amor e carinho.
2.2 A escola
A escola é o espaço de socialização do conhecimento científico, visto que a partir do acesso ao saber as pessoas realizam uma leitura do mundo e de sua participação social. Estudos apontam que a luta contra os preconceitos e desigualdades se dá por meio da reflexão crítica propiciada pelo saber. Por tais questões os professores devem conhecer os direitos de seus alunos e serem mediadores destas discussões que formam pessoas críticas e humanas, que conhecem seus direitos e deveres. Não podemos deixar de pensar as identidades de gênero sem pensar os modelos familiares que os jovens estão inseridos. Partimos assim, em primeiro momento do parâmetro da família patriarcal, que é construído, sobretudo, pela revelação do modo como se davam as relações entre brancos e negros sob a autoridade do senhor branco proprietário e chefe de família. Outro tema relevante no enredo patriarcal dedica-se a localizar a mulher no conjunto de papéis hierarquicamente posicionados para os atores da trama cotidiana entre a casa e fora dela.
 Podemos considerar que os padrões tradicionais e polarizados acerca do masculino e do feminino e, consequentemente, acerca de mulheres, meninos, meninas e homens estão presentes em nossa sociedade e, portanto, encontram-se ainda em ação na escola. A presença de estereótipos de gênero nos currículos, livros didáticos e processos de ensino, a violência que enfrentam dentro e fora da escola, restrições estruturais e ideológicas e a dominação masculina em determinados campos acadêmicos e profissionais são fatores que impedem meninas e mulheres de reivindicar e exercer o direito humano à educação em condições de igualdade.
A Recomendação Geral n. 36 do Comitê Cedaw, da ONU, aponta alguns desses desafios e sugere aos Estados que promulguem e apliquem leis, políticas e procedimentos apropriados para proibir e combater a violência contra meninas e mulheres nas instituições educativas e seus entornos. Propõe também que sejam desenhados e aplicados currículos obrigatórios com informações integrais sobre saúde e direitos sexuais e reprodutivos. Consideramos essa recomendação um instrumento de direitos humanos muito importante, que deve ser usado na luta contra o patriarcado, por igualdade e pelos direitos de meninas e mulheres.
2.3 A questão do gênero nas escolas
A Constituição Federal de 1988 foi o grande marco normativo para a igualdade de gênero, pois positivou a equiparação entre homens e mulheres (arts. 5º, caput e I, c/c 226, § 5º, da CF).
A partir de então, muitas leis infraconstitucionais incrementaram a proteção da mulher, prestigiando a igualdade de gênero.
Silva (2010) esclarece que hoje a política educacional está vinculada a um sistema neoliberal que tem como objetivo os valores econômicos intensamente associados à masculinidade: competitividade, desempenho, racionalidade tecnológica, eficácia, produtividade. Tais objetivos associados às características masculinas levam à discriminação da mulher. Estes conceitos demonstram que é necessário mudar as estruturas educacionais e se voltar à discussão de gênero, dentro das salas de aula, preparando os alunos para atuarem na sociedade de maneira igualitária. Faz-se necessário educar para a compreensão significativa e igualitária da identidade de gênero.
 A escola desempenha um papel importante na construção das identidades de gênero e das identidades sexuais, pois, como parte de uma sociedade que discrimina, ela produz e reproduz desigualdades de gênero, raça, etnia, bem como se constitui em um espaço generificado. As escolas devem ser locais onde os estereótipos são eliminados e não reforçados, o que significa oferecer a alunos e alunas as mesmas oportunidades de acesso a métodos de ensino e currículos livres de estereótipos, bem como de orientações acadêmicas sem influência de preconceitos. Discutir as relações de gênero no ambiente escolar é de fundamental importância quando se pensa em construir uma educação democrática que possibilite a todos os seus agentes, igualdade de condições e de oportunidades. Há, portanto, que considerar as crianças e adolescentes como atores sociais. Acredita-se que somente uma educação emancipatória, é capaz de contribuir para a superação das condições de heteronomia. Há que se reconhecer que as aprendizagens, no que diz respeito às questões de gênero, estão incorporadas em práticas cotidianas formais e informais. Elas atravessam os conteúdos das disciplinas que compõem o currículo oficial ou estão intrisecas na literatura que selecionamos, nas revistas que colocamos à disposição das estudantes para pesquisa e colagem, nos filmes que passamos, no material escolar que indicamos para consumo, no vestuário que permitimos e naquele que é proibido, nas normas disciplinares que organizam o espaço e o tempo escolares, nas piadas que fazemos ou que ouvimos sem nos manifestar, nas dinâmicas em sala de aula e em outros espaços escolares que não vemos ou decidimos ignorar, nos castigos e nas premiações, nos processos de avaliação. Os efeitos da construção minuciosa, contínua e quase imperceptível das identidades de gênero, podem ser sentidos nas falas das crianças, professores, das famílias, etc., nas atividades propostas, no incentivo ou proibição de determinados comportamentos, nos silêncios, nas formas de olhar e sentir, nas sanções. 
3- CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Mediante a SGA –(Situação Geradora de Aprendizagem ) apresentada e as pesquisas, discussões e seleção de material para elaboração deste trabalho, temos que a intenção deste trabalho foi verificar se o espaço escolar é um marco fundamental para as construções das identidades de gênero, e se há valores reproduzidos pela classe dominante, ou seja, pela internalização da cultura dominante. A escola é reprodutora das desigualdades sociais, reproduzindo os valores simbólicos impostos pelas classes dominantes, pois estas tendem a achar a cultura dominada e suas manifestações como algo ilegítimo. Nesse sentido, como proposto inicialmente, as pesquisas em torno das questões de gênero, contribuíram para o avanço das lutas de mulheres e também do feminismo como um todo, buscando não só a igualdade de gênero, mas também o devido reconhecimento. Assim, cabe a escola – corpo docente e administrativo – trabalhar desde os primeiros anos iniciais com os alunos sobre a temática “gênero”, e tudo que engloba ele, como desigualdade, violência, preconceito, etc. Na escola também podemos trabalhar a ideia de desnaturalizar as construções sociais, desmistificar os papeis socialmente construídos. Prestar atenção às questões relativas às relações de gênero, assim como desejar construir a proclamada igualdade, envolve lançar mão de novas concepções e de novos recursos de trabalho; problematizar o que, muitas vezes, percebemos como natural, e considerar elementos que até agora foram silenciados na realidade escolar, como os corpos dos sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, seus desejos e sentimentos. Para considerar tais aspectos há de se realizar investimentos pessoais e ter “disposição” para saber como nos constituímos em atores sociais, professoras e professores, mães e pais, filhas e filhos, trabalhadoras e trabalhadores, mulheres e homens. 
4- REFERÊNCIAS 
CARVALHO, A. P. S. As Mulheres no Campo Científico: Uma Discussão acerca da Dominação Masculina. Anais do VII Seminário Fazendo Gênero. Disponível em: Acesso em: 08 out. 2019. 
LINS, Beatriz Accioly; MACHADO, Bernando Fonseca; ESCOURA, Michele. Entre o azul e o cor-de-rosa: normas de gênero. In. ________ (Orgs.). Diferentes, não desiguais: a questão de gênero naescola. São Paulo: Editora Reviravolta, 2016.
OLIVEIRA, P. C. A importância do ensino sobre questões de gênero na educação. In: Seminário de Estágio da Licenciatura em Ciências Sociais. 2. 2011, Londrina. Anais eletrônicos...Londrina. UEL, 2011. Disponível em:. Acesso em: 20 jun. 2013.
SANTOS, Augusto César Maia, 1960. Psicologia do relacionamento familiar. Artur Nogueira ? SP. Editora CEDISAU, 2000.
SOUZA, Lúcia Aulete Búrigo; GRAUPE, Mareli Eliane. Gênero e Políticas Públicas na Educação. In. Anais do III Simpósio Gênero e Políticas Públicas, Universidade Estadual de Londrina, 27 e 29 de maio de 2014.

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