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1 Faculdade Anhanguera de Pelotas Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas Professora Janaina Schulte CINEMÁTICA ESCALAR E VETORIAL 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 1.1. Ponto Material e Corpo Extenso Ponto Material: Consideremos um veiculo se deslocando de Porto Alegre a São Paulo. Se compararmos suas dimensões com o percurso da viagem, podemos considera-lo com um ponto material, pois suas dimensões são muito pequenas em relação ao percurso. Neste caso é possível desprezar as dimensões do veiculo já que não interferem no movimento. Salientamos que o ponto material tem massa, o que é desprezível é o seu tamanho. Ponto Material ou Partícula é todo corpo cujas dimensões não interferem no estudo de um determinado fenômeno. Corpo Extenso: Suponhamos agora o mesmo veiculo sendo manobrado no interior de uma garagem. Neste caso suas dimensões não podem ser desprezadas quando comparadas com a largura, o comprimento e a altura da garagem. Neste caso o veiculo deixa de ser considerado ponto material e passa a ser considerado um corpo extenso. Corpo extenso é todo corpo cujas dimensões interferem no estudo de um determinado fenômeno. 1.2. Referencial, Repouso e Movimento Em todos os casos em que você percebe que um objeto está em movimento, a posição do objeto, em relação a você, está variando com o decorrer do tempo. Entretanto um mesmo movimento pode ser analisado em relação a diferentes referenciais. Suponha por exemplo um observador A, parado sobre a Terra, olhando a lâmpada presa ao teto da locomotiva que se desloca sobre os trilhos conforme a figura abaixo: 2 Para o Observador A , a lâmpada está em movimento, pois sua posição em relação a ele está mudando no decorrer do tempo. Já para o observador B, dentro da locomotiva, a lâmpada está sempre na mesma posição em relação a ele próprio, ou seja, a lâmpada está em repouso em relação ao observador B . Em outras palavras, neste outro referencial a lâmpada está em repouso. O referencial que adotamos mais comumente é a Terra. Quando dizemos que um corpo está em movimento, devemos indicar sempre o referencial em relação ao qual estamos considerando este movimento. Entretanto, quase sempre tomamos a Terra como referencial, isto é, as posições do s objetos são tomadas em relação a um ponto fixo da Terra. Por convenção quando não mencionamos o referencial no estudo de certo movimento, é porque o referencial adotado é a Terra. Responda agora: A Terra está parada ou em movimento? E o Sol? a) em relação a Terra: b) em relação ao Sol: Referencial ou sistema de referência é um corpo ou um conjunto de corpos em relação ao qual ou aos quais podemos analisar se existe movimento ou não. Um corpo está em movimento em relação a um determinado referencial quando a sua posição, em relação a ele, varia no decorrer do tempo. Um corpo está em repouso em relação a um determinado referencial quando a sua posição, em relação a ele, não varia no decorrer do tempo. Conclusões: a) Relatividade do movimento: A noção de repouso ou de movimento é relativa, pois relaciona-se com o referencial adotado. Ao mesmo tempo um corpo poderá em repouso ou em movimento; isto depende do referencial . b) Reciprocidade do movimento: O movimento é recíproco: " Quando um corpo A está em movimento em relação a um corpo B, então o corpo B está em movimento em relação ao corpo A". Isto ocorre porque se a posição de A está variando em relação a B, obviamente, a posição de B está variando em relação à A, basta inverter o referencial. 1.3. Trajetória 3 Trajetória é a linha geométrica formada pela união das sucessivas posições ocupadas por um móvel no decorrer do tempo. Assim por exemplo, temos a trajetória seguida por uma bola de futebol até o gol, a trajetória seguida por uma formiga até o formigueiro, o rastro de fumaça deixado por um avião a jato no céu. O tipo de trajetória deixada pelo corpo depende do referencial adotado. Considere um trem em movimento retilíneo com velocidade constante em relação ao solo, conforme mostra a figura abaixo. A trajetória de um corpo que se desprende do teto do trem é um segmento de reta vertical em relação a um referencial fixo no trem (T), um passageiro, por exemplo. Em relação a um referencial (S) no solo, o corpo descreve uma curva. Essa curva é um arco de parábola, quando desprezamos a ação do ar. 1.4. Grandezas Escalares e Vetoriais a) Grandeza física escalar: é aquela que fica perfeitamente caracterizada quando fornecemos seu valor numérico seguido de uma unidade de medida. Como exemplos de grandezas escalares podemos citar: A massa de um corpo, o comprimento de uma régua, a temperatura de um objeto o tempo gasto numa viagem, etc. b) Grandeza física vetorial: é aquela que para sua total caracterização deve ter especificada sua intensidade, que chamamos de módulo, seguida de uma unidade de medida, e ainda sua direção (horizontal, vertical, inclinada de 30 o com relação a horizontal, etc.), e também um sentido (da direita para a esquerda, de baixo para cima). Temos como exemplo de grandezas vetoriais: força, deslocamento, velocidade, aceleração, etc. 2. Operações com vetores Para trabalharmos com grandezas vetoriais é fundamental o conhecimento de algumas operações básicas com vetores. Vetor: Vetor é um ente matemático, sem qualquer significado físico representado por um segmento de reta orientado. As grandezas vetoriais são representadas por vetores. Elementos de um Vetor: Qualquer vetor ficará completamente definido se conhecermos seu módulo, sua direção e seu sentido. Para enfatizar o caráter vetorial de uma grandeza costuma-se colocar uma 4 pequena seta em cima da letra que designa a grandeza considerada. Ex.: vetor deslocamento ( r ), vetor força ( F ). É também freqüente encontrarmos em alguns livros grandezas vetoriais simbolizadas em negrito. Ex.: vetor velocidade ( v ). 2.1. Deslocamento e distância percorrida Localizar e descrever posições e muito importante e fazemos isto de várias maneiras em nosso dia-a-dia. Tão freqüente como localizar é a necessidade de descrever nossos deslocamentos, isto é, nossa mudança de posição. A distância percorrida por um móvel é a medida da trajetória seguida por ele . O deslocamento é uma variação da posição, é a mudança que se estabelece entre a posição final e a posição inicial. Observe a figura: O automóvel sai do ponto A e chega em C, seguindo o caminho ABC conforme mostrado acima. Podemos dizer que a distância percorrida é a soma dos segmentos de 80 ( AB ) e 60 m ( BC ), ou seja, 140 metros. No exemplo acima a menor distância entre a posição final e inicial do carrinho é 100 metros, então o módulo do vetor deslocamento é 100 m, a direção é um certo ângulo com a vertical e o sentido é de A para C. O que você responderia se um professor de física lhe perguntasse qual o valor numérico de seu deslocamento desde que você sai de casa, vem para a Escola Técnica e volta para sua casa? E sua distância percorrida? 2.2 Adição de Vetores Consideremos o automóvel que se desloca de A para B e, em seguida, de B para C, na figura anterior. Estes deslocamentos estão representados na figura pelos vetores 1r e 2r . O efeito final destes dois deslocamentos combinados é levar o carro de A para C. evidentemente, o vetor r , traçado de A para C, representa um deslocamento equivalente ao efeito combinado de 1r e 2r . Dizemos, então, que o vetor r é a soma ou resultante dos vetores 1r e 2r e escrevemos: 21 rrr Esta maneira de adicionar dois deslocamentos é válida para qualquer grandeza vetorial. Observe que as grandezas vetoriais se adicionam de maneira diferente dasgrandezas escalares e as palavras "soma" ou "adição" e o sinal "+" tem, aqui, um significado especial. 5 Regra do Paralelogramo: Uma outra maneira de obter a resultante de dois vetores é mostrada abaixo. Traçamos os vetores de modo que suas origens coincidam e em seguida construímos um paralelogramo. O vetor soma ou resultante será dado pela diagonal deste paralelogramo. Exemplo: Sejam as forças 1F e 2F aplicadas sobre um certo corpo. Como poderíamos aplicar uma única força (resultante) que tivesse o mesmo efeito que 1F e 2F ? Regra do Polígono ( para mais de 2 vetores): Esta regra de adição de vetores já foi aplicada no exemplo do automóvel acima. Agora descreveremos o método para vários vetores. Traçamos os vetores de modo que a extremidade de um coincida com a origem do seguinte. Observe o exemplo no caso de vários deslocamentos: r = 1r + 2r + 3r + 4r O deslocamento resultante, isto é, o deslocamento capaz de substituir os deslocamentos sucessivos combinados será o vetor r , que une a origem do primeiro vetor com a extremidade do último. 2.3 Determinação analítica do vetor resultante A seguir faremos a determinação analítica do vetor resultante de dois vetores usando como exemplo duas forças 1F e 2F que formam entre si um ângulo : Pelo processo do paralelogramo determinemos o vetor força resultante ( RF ). A seguir aplicamos a lei dos cosenos ao triângulo OAB. FR 2 = F1 2 + F2 2 – 2F1F2cos (180 - ) , mas como cos(180 - ) = -cos , conclui-se que: 6 FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2cos Esta equação nos permite calcular o módulo da resultante de dois vetores. Para determinarmos a direção do vetor força resultante, basta determinarmos o ângulo que ela forma com qualquer uma das forças 1F ou 2F , no caso 1 ou 2 . Para determinarmos estes ângulos, vamos aplicar a Lei dos Senos ao triângulo OAB: 1 2 2 1 0 R sen F sen F )180sen( F , mas como sen(180 0 -) = sen, teremos que: 1 2 2 1R sen F sen F sen F Casos Particulares O método que acabamos de expor para determinar o vetor força resultante de duas forças pode ser simplificado nos casos particulares em que os vetores a serem adicionadas formam entre si ângulos de 0 o , 90 o e 180 º . a) Forças que tem a mesma direção e mesmo sentido (=0 0 ) FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2cos 1F FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2cos 0 FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2 2F FR 2 = (F1+F2) 2 1 F 2 F 21R FFF R F b) Forças com mesma direção e de sentidos contrários ( =180 0 ) FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2cos 1F FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2cos 180 0 FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2( -1 ) 2F FR 2 = F1 2 + F2 2 – 2F1F2 1F R F FR 2 = (F1 - F2) 2 2 F FR = F1 - F2 7 R F maiorda :Sentido Fe Fde Mesma :Direção F- F F:Módulo 21 21R a) As Forças são ortogonais (=90 0 ) FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2cos FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2cos 90 0 FR 2 = F1 2 + F2 2 + 2F1F2( 0 ) FR 2 = F1 2 + F2 2 Para de terminar a direção da resultante, neste caso, podemos utilizar a definição de seno e coseno. 2.4 Decomposição de Vetores em Componentes Ortogonais Para determinar a componente de um vetor segundo uma direção, fazemos a projeção ortogonal do mesmo naquela direção. Assim, por exemplo, se quisermos determinar as componentes ortogonais de uma forma devemos projeta-la nas direções OX e OY: Do triângulo OAB podemos escrever Cos = F Fx Fx = F.Cos Sen = F Fy Fy = F.Sen 3. Conceitos de Cinemática 3.1 Velocidade Imagine que de um helicóptero você esteja observando o movimento de um carro em uma estrada: Trace na figura acima o vetor deslocamento ( r ) dos instantes inicial ao final de observação. 8 a) Módulo do vetor velocidade A rapidez com que o veículo avança da posição inicial a posição final de observação é definida como o Módulo (valor) de sua velocidade. Diremos que o Módulo do vetor velocidade média do veículo é: Onde: Vm = Módulo do vetor velocidade r = Módulo do vetor deslocamento t r V m t = intervalo de tempo Nas corridas de fórmula 1, a melhor volta de cada piloto é definidas pela velocidade escalar média, cujo valor é dado com grande precisão, como 193,570 km/h. Por outro lado, a velocidade média, isto é, o vetor velocidade média de uma volta complete tem módulo zero, porque o vetor posição inicial coincide com o vetor posição final. b) Velocidade escalar média (Vem ): é definida como a razão entre a distância percorrida por um móvel e o tempo gasto em percorre-la. t d Vem No movimento do veiculo observado na figura acima, imagine que o carro percorra do instante inicial ao instante final de observação, 150 Km e que você tenha ficado observando o movimento durante 1 h. Neste caso a velocidade escalar média do mesmo será: km/h150 1h Km150 t d Vem No entanto se você tivesse que ficar observando 2 h para que o carro percorresse a mesma distancia, sua velocidade escalar média seria: 75 Km/h Obviamente a rapidez do movimento é maior no primeiro caso. c) Velocidade Instantânea: A velocidade escalar média não nos da detalhes sobre o movimento. No exemplo anterior quando dissemos que a velocidade escalar 9 média do carro foi de 75 km/h, não significa que o velocímetro marcou sempre 75 km/h. O carro poderia ter andado mais rápido, mais devagar e até parado em algum ponto da estrada. A velocidade escalar que o carro possui em cada instante do seu movimento é acusada pelo próprio ponteiro do velocímetro. Até agora falamos somente no módulo do vetor velocidade Instantânea, entretanto num movimento qualquer a direção e o sentido da velocidade também podem variar. Numa pista de automobilismo, por exemplo nas curvas, o vetor velocidade varia em módulo e direção. Observe na figura acima que nas curvas o tamanho da seta diminui, indicando uma diminuição do módulo do vetor velocidade. Observa-se também que o vetor velocidade em cada ponto tem uma direção diferente e é tangente a trajetória, ou seja, a velocidade instantânea é tangente a trajetória do móvel no instante considerado, e o sentido é o mesmo do movimento da partícula. No caso do movimento ser retilíneo, o vetor velocidade não muda de direção podendo variar em módulo e sentido: Em outro exemplo o vetor velocidade pode variar em direção e não varia em módulo: Uma pessoa numa roda gigante possui a mesma velocidade em cada ponto da trajetória? Observações: Quando falamos em velocidade escalar instantânea estamos nos referindo ao módulo do vetor velocidade instantânea. Unidade de velocidade no SI: m/s Outras Unidades: Km/h; cm/s: mm/s; m/h ... 3.2. Aceleração: É a grandeza física que mede a rapidez com que varia a velocidade de um móvel. Aceleração escalar média: Chama-se aceleração escalar média a razão entre a variação da velocidade escalar entre dois pontos e o intervalo de tempo em que essa 10 variação ocorreu.a v t em Unidade de aceleração: No sistema internacional a unidade de aceleração é o m/s 2 . Outras Unidades: Km/h/s; km/h 2 ; cm/s 2 ... Exemplo: O módulo da velocidade de um móvel varia de 10 m/s para 30 m/s em 4 s. Então o módulo de sua aceleração média será: a 5m / s s m / sem 2 30 10 4 5 Interpretação: O resultado significa que a cada segundo o módulo da velocidade varia em média 5m/s. Aceleração Vetorial: Haverá aceleração vetorial sempre que variar o vetor velocidade. A velocidade vetorial v pode variar em módulo e em direção. A aceleração vetorial a é decomposta em duas componentes: aceleração tangencial a t que se relaciona com a variação do módulo da velocidade e a aceleração Normal (ou Centrípeta) a N que se relaciona com a variação da direção da velocidade. Aceleração Tangencial ( a t ) Componentes do vetor aceleração Aceleração Normal ( a N ) A soma vetorial da aceleração tangencial com a aceleração normal determina o vetor aceleração do movimento (aceleração vetorial). a = a t + a N A aceleração tangencial possui as seguintes características: - Módulo: igual a aceleração Escalar - Direção: tangente a trajetória em cada ponto. - Sentido: o mesmo de v , se o módulo da velocidade aumenta e oposto a v se o módulo da velocidade diminui. } 11 Nos movimentos uniformes, o módulo da velocidade vetorial não varia. Portanto a aceleração tangencial é nula. A aceleração tangencial existe somente nos movimentos em que o módulo da velocidade varia, independente do tipo de trajetória ( retilínea ou curvilínea). Nos movimentos uniformes a aceleração tangencial é nula. A aceleração normal tem as seguintes características. - Módulo: é dado pela equação: a = v R N 2 , onde v é o módulo da velocidade vetorial e R é o raio da curva no ponto considerado. - Direção: perpendicular A velocidade vetorial em cada ponto. - Sentido: orientado para o centro da curva no ponto considerado. Nos movimentos retilíneos, a direção do vetor velocidade não varia. Portanto a aceleração normal existe somente em movimentos de trajetória curva, independente do tipo de movimento ( uniforme, acelerado ou retardado). Nos movimentos retilíneos a aceleração normal é nula.
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