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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM Curso Técnico em Saneamento Disciplina: Higiene e Segurança no Trabalho Iracelmo Luis Machado Lemos Júnior Resenha NR17 - Ergonomia Santarém 2021 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM Ergonomia A palavra Ergonomia é formada pela junção de duas palavras gregas: ergos (trabalho) e nomos (normas, leis, regras). Portanto, em poucas palavras, Ergonomia é a organização do trabalho. Seu estudo possibilita a adaptação do trabalho ao homem. Segundo a International Ergonomics Association (IEA), a Ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem- estar humano e o desempenho global do sistema. Os ergonomistas contribuem para o planejamento, o projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas, de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. Ainda segundo a IEA, a Ergonomia pode ser classificada em: • Ergonomia Física: estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde; • Ergonomia Cognitiva: estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem-computador, confiabilidade humana, estresse profissional e a respectiva formação (especialidades, treinamentos); • Ergonomia Organizacional: estudo do gerenciamento de recursos coletivos de trabalho, organização temporal do trabalho, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, trabalho em grupo, cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão de qualidade. Objetivo A NR17 tem por objetivo estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Ao buscar a adaptação do trabalho ao homem, “a ergonomia considera não apenas o ‘trabalho físico’, revelando a complexidade do trabalhador e a multiplicidade dos fatores que o compõem”. A seguir, veremos o alcance das expressões condições de trabalho, organização do trabalho e características psicofisiológicas, importantes no entendimento da NR17. Condições de trabalho As condições de trabalho incluem aspectos relacionados a: • levantamento, transporte e descarga de materiais; • mobiliário; • equipamentos; • condições ambientais do posto de trabalho; • organização do trabalho. Organização do trabalho A organização do trabalho, para efeito da NR17, deve levar em consideração, no mínimo: • as normas de produção; • o modo operatório; • a exigência de tempo; • a determinação do conteúdo de tempo; • o ritmo de trabalho; e, SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM • o conteúdo das tarefas. Para conhecermos a organização do trabalho em uma empresa, é preciso observar atentamente como o trabalho é realizado, conversar com os trabalhadores, identificar o “jeitão” de executar determinadas tarefas, se o trabalho é baseado em metas (às vezes inatingíveis), quem ou o que determina o ritmo do trabalho, entre outros. As normas de produção são as regras da empresa, escritas ou não, que o trabalhador deve seguir para realizar suas tarefas, por exemplo: jornada de trabalho, horário de pausas e intervalos, as máquinas e ferramentas que deverá utilizar para realizar sua tarefa etc. O modo operatório se refere às atividades que devem ser executadas para realização do trabalho. Temos o modo operatório prescrito (ou trabalho prescrito), que é aquele ditado pela empresa, e o modo operatório real (ou trabalho real), que é o modo particular, individual, que cada trabalhador adota para realizar seu trabalho. Além das condições psicofisiológicas do trabalhador, o modo operatório depende também das condições da matéria-prima, do estado das ferramentas e das máquinas utilizadas na realização do trabalho. A exigência de tempo diz respeito às metas da produção: “quanto deve ser produzido em determinado tempo, sob imposição”. Os limites fixados pela empresa muitas vezes superam a capacidade do trabalhador, colocando em risco sua saúde. Um exemplo é o trabalho repetitivo, causador de distúrbios osteomusculares. A determinação do conteúdo de tempo está relacionada à atividade que envolve subtarefas. Por exemplo, um auxiliar de produção em um frigorífico de aves, que trabalha na área de corte: durante a execução de seu trabalho ele precisa se afastar do seu posto de trabalho várias vezes durante o dia, seja para amolar a faca, seja para lavar seu avental. Essas tarefas (amolar a faca, lavar o avental) são consideradas subtarefas, necessárias para a realização da tarefa principal (cortas as partes das aves). É importante que a análise ergonômica leve em consideração a realização dessas subtarefas, seja para reestruturá-las, ou até mesmo redesenhar o arranjo físico. Alguns autores chamam as subtarefas de tarefas invisíveis. O ritmo de trabalho pode ser livre, ou seja, o próprio trabalhador tem autonomia para determinar a cadência de movimentos, ou pode ser imposto por uma esteira ou uma linha de montagem. É também classificado como ritmo de trabalho imposto aquele que é influenciado pelo modo de remuneração, por exemplo, renda variável de acordo com a quantidade de peças fabricadas por dia. A cadência refere-se à velocidade dos movimentos que se repetem em uma dada unidade de tempo e, por isso, concerne ao aspecto quantitativo; já ao sentido da palavra ritmo refere-se ao aspecto qualitativo. O conteúdo das tarefas está relacionado ao modo como o trabalhador percebe seu trabalho: socialmente importante, desafiador, monótono etc. Características psicofisiológicas As características psicofisiológicas dizem respeito a todo o conhecimento referente ao funcionamento do ser humano. Se a ergonomia se distingue pela sua característica de busca da adaptação das condições de trabalho ao homem. SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM Apresento a seguir exemplos das principais características psicofisiológicas do ser humano, que são consenso entre os estudiosos e estão implícitas na redação da NR17. Nessas situações, o trabalhador: • apresenta sinais de estresse quando tem sua performance avaliada por meio de metas de desempenho; • prefere impor seu próprio ritmo de trabalho, incomoda-se com tarefas com tempo de execução reduzido; • apresenta uma tendência a acelerar seu ritmo de trabalho quando motivado pecuniariamente ou por outros meios; • prefere escolher livremente sua postura no posto de trabalho. Observem, então, que no contexto do ambiente de trabalho as características psicofisiológicas se referem a comportamentos reacionais físicos e psicológicos diante de determinada atividade imposta ao trabalhador. Análise Ergonômica do Trabalho A NR17 determina que, para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido na NR17. A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é uma abordagem metodológica proposta pela Ergonomia, que realiza uma avaliaçãodetalhada e minuciosa das tarefas, modos operatórios, comparação entre o trabalho real e o trabalho prescrito, variabilidade do contexto do trabalho (condições ambientais, trabalhadores mais altos, mais baixos etc.), bem como dos instrumentos utilizados. Entretanto, para se validarem as mudanças é imprescindível submeter as propostas aos trabalhadores (nova ferramenta, novo processo, novo mobiliário). Além disso, é necessário que o ergonomista ou responsável pela AET acompanhe a execução das atividades dos trabalhadores ao longo de determinado período, evitando-se uma visão pontual da execução das tarefas. As atividades devem ser decompostas em indicadores observáveis: deslocamentos, gestos, posturas, comunicações (com a chefia, colegas, clientes, fornecedores), punições, movimentos, solicitação visual da tarefa, verbalizações simultâneas ao trabalho, jargões e manifestações de cansaço ou desprazer. Durante o levantamento de dados da AET, também podem ser utilizados questionários e check-lists. Entretanto, alguns estudiosos destacam que, em razão de sua subjetividade, essas ferramentas devem ser usadas apropriadamente, pois podem limitar a verificação do trabalho real em contraposição ao trabalho prescrito. Ademais, toda introdução de novos métodos ou dispositivos tecnológicos que alterem os modos operatórios dos trabalhadores deve ser alvo de análise ergonômica prévia, estabelecendo-se períodos e procedimentos adequados de capacitação e adaptação. Etapas da AET Segundo o Manual de Aplicação da NR17, a Análise Ergonômica deverá conter, minimamente, as seguintes etapas: • análise da demanda e do contexto; • análise global da empresa; • análise da população de trabalhadores; • definição das situações de trabalho a serem estudadas; e, SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM • descrição das tarefas prescritas, das tarefas reais e das atividades desenvolvidas para executá-las. A demanda pela análise ergonômica tem diversas origens. Pode ser a constatação de que em determinado setor há um número elevado de doenças ou acidentes (demanda de saúde) ou reclamações de sindicato de trabalhadores (demanda social) ou a partir de uma notificação de auditores fiscais do trabalho ou de ações civis públicas (demandas legais) que, por sua vez, também se originaram de alguma queixa ou reclamação. Da parte das empresas, uma demanda quase sempre advém da necessidade de melhorar a qualidade de um produto ou serviço prestado ou motivado por maiores ganhos de produtividade. A demanda deve ser estudada para direcionar a análise do contexto, ou seja, para situar o problema a ser analisado. A análise global da empresa busca identificar o grau de evolução técnica em que se encontra a empresa, sua posição no mercado, sua situação econômico-financeira, a expectativa de crescimento, entre outros fatores. Não se propõe uma automação baseada na microeletrônica de última tecnologia, para uma empresa de “fundo de quintal”, assim como não se propõe a solução de um novo arranjo físico, sem levar em conta o aumento da quantidade de empregados. Na etapa de análise da população de trabalhadores devem ser estudados vários fatores como a política de pessoal, a faixa etária, evolução da pirâmide de idades, rotatividade, antiguidade na função atual e na empresa, tipos de contrato, experiência adquirida, categorias profissionais envolvidas, níveis hierárquicos, características antropométricas, pré-requisitos para contratação, nível de escolaridade e capacitação, estado de saúde, morbidade, mortalidade, absenteísmo. A definição das situações de trabalho a serem estudadas terá como ponto de partida a demanda dos primeiros contatos com os trabalhadores e das hipóteses iniciais que já começam a ser formuladas. A escolha deve levar em conta a gravidade e a urgência das situações de trabalho encontradas. A descrição das tarefas prescritas, das tarefas reais e das atividades se refere à descrição do trabalho prescrito e do trabalho real. O trabalho prescrito é a forma como trabalho deve ser executado de acordo com as determinações da empresa: o modo de utilizar as ferramentas e as máquinas, o tempo concedido para cada operação, e as regras a serem observadas. Levantamento, Transporte e Descarga Individual de Matéria O art. 198 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e o item 17.2.2 da NR17 dispõem de forma diversa sobre o transporte manual de cargas. Vejam a redação desse artigo: “É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho menor e da mulher”. A NR17, com o objetivo de adaptar as condições de trabalho às condições do trabalhador, determina em seu item 17.2.2 que: “Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança”. SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM Para analisar qual norma deve prevalecer, se o art.198 da CLT ou o item 17.2.2 da NR17, deve- se considerar que essa norma é superveniente à CLT e mais favorável ao trabalhador. Dessa forma, toda e qualquer análise do valor máximo para levantamento de carga deve partir do texto da NR17. A redação do item 17.2.2 nos leva à seguinte pergunta: Qual é o peso que não comprometerá a saúde e a segurança do trabalhador? A resposta está em uma equação proposta pelo National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), conhecida como Equação de NIOSH. Essa equação determina um critério de avaliação para o levantamento manual de cargas e permite avaliar as chances de o trabalhador apresentar lesões na coluna e no sistema musculoligamentar durante a jornada de trabalho, em função do peso da carga a ser levantada e movimentada. Transporte manual de cargas Segundo a NR17, transporte manual de cargas é todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo as atividades de levantamento e deposição da carga. Já a expressão transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. No transporte manual de cargas deverão ser usados meios técnicos apropriados com o objetivo de limitar ou facilitar a execução da tarefa. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, com exceção das cargas leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com intuito de salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. A NR17 não define os parâmetros a serem considerados para definição de cargas leves, mas pode-se usar, como vimos anteriormente, o critério da equação de NIOSH. Quando mulheres e trabalhadores jovens (entre 14 e 18 anos) forem designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo dessas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico, bem como o levantamento de material feito com equipamento mecânico, deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. Mobiliário dos Postos de Trabalho O mobiliário deve ser concebido com regulagens que permitam ao trabalhador adaptá-lo às suas características antropométricas (altura, peso, comprimento dos braços, das pernas etc.), além de permitir alternâncias de posturas (sentado, em pé etc.), pois não existe nenhumapostura fixa que seja confortável. No entanto, além de considerar fatores antropométricos, o mobiliário deve ser adaptado à natureza do trabalho, ou seja, às exigências da tarefa. O item 17.3.2. determina que, para o trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação, e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: • ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; • ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM • ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. Pedais Para trabalhos que necessitem da utilização dos pés, além dos requisitos estabelecidos no item 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser executado. A utilização de pedais pode introduzir mais um risco ergonômico para os operadores de máquinas e equipamentos, por isso, a NR12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos determina que sua utilização deve considerar as características biomecânicas e antropométricas dos operadores, sendo até mesmo proibido, em determinadas máquinas ou equipamentos, o uso de pedais ou pedais com atuação mecânica. Trabalho sentado Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para essa posição. Trabalhar sentado permite maior controle dos movimentos porque o esforço para manter o equilíbrio postural é reduzido. As vantagens da posição sentada são: • baixa solicitação da musculatura dos membros inferiores, reduzindo, assim, a sensação de desconforto e cansaço; • possibilidade de evitar posições forçadas do corpo; • menor consumo de energia; e, • facilitação da circulação sanguínea pelos membros inferiores. Prof. Emerson Moraes As desvantagens da posição sentada são: • pequenaatividadefísicageral(sedentarismo); • adoçãodeposturasdesfavoráveis:lordoseoucifosesexcessivas;e, • diminuição do fluxo sanguíneo nos membros inferiores, situação agravada quando há compressão da face posterior das coxas ou da panturrilha contra a cadeira, se essa estiver mal posicionada. Uma vez adaptado o posto para o trabalho sentado, é preciso observar certos critérios na escolha do assento, como veremos a seguir. Assentos Os assentos devem ter características de pouca ou nenhuma conformação na base. Isso significa que sua base não deve se modificar ou modificar muito pouco com o peso do trabalhador. Assentos “anatômicos” nos quais os quadris se “encaixam” não são recomendados. O assento deve ser de altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida. O encosto deve ter forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar. Além disso, o material usado para revestir o assento deve possibilitar a dissipação do calor e da umidade gerados pelo corpo, não sendo recomendável a utilização de materiais de textura plástica, lisa ou impermeável. SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM Trabalho em pé Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. A intenção é reduzir o tempo na posição de trabalho em pé. Segundo o Manual de Aplicação da NR17, a manutenção da postura em pé imóvel tem as seguintes desvantagens: • tendência à acumulação do sangue nas pernas, o que predispõe ao aparecimento de insuficiência valvular venosa nos membros inferiores, resultando em varizes e sensação de peso nas pernas; • sensações dolorosas nas superfícies de contato articulares que suportam o peso do corpo (pés, joelhos, quadris); • a tensão muscular permanentemente desenvolvida para manter o equilíbrio dificulta a execução de tarefas que exijam precisão; • a penosidade da posição em pé pode ser reforçada se o trabalhador tiver ainda que manter posturas inadequadas dos braços (acima do ombro, por exemplo), inclinação ou torção de tronco ou de outros segmentos corporais; A escolha da postura em pé só será justificada caso a tarefa exija: • deslocamentoscontínuoscomonocasodecarteiroserondantes; • manipulaçãodecargascompesoigualousuperiora4,5kg; • alcances amplos frequentes, para cima, para frente ou para baixo; no entanto, deve-se tentar reduzir a amplitude desses alcances para que se possa trabalhar sentado; • operações frequentes em vários locais de trabalho, fisicamente separados; • aplicação de forças para baixo, como em empacotamento. Apoio para os pés Segundo o item 17.3.4, para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. Vejam então, que, regra geral, no caso de trabalhos que devem ser realizados sentados, a obrigatoriedade do fornecimento do apoio ou suporte para os pés deve estar prevista na AET. Entretanto, no caso dos operadores de checkout, a própria norma determina expressamente a obrigatoriedade do fornecimento do apoio para os pés, independente da cadeira. Importante esclarecer que os planos de trabalho devem ter ajustes suficientes para permitir que a maioria da população de trabalhadores possa sentar com os pés apoiados no chão, evitando-se problemas circulatórios. Postura A postura mais adequada ao trabalhador é aquela que ele escolhe livremente e que pode ser variada ao longo do tempo. O tempo de manutenção de uma postura deve ser o mais breve possível, pois seus efeitos, eventualmente nocivos, dependem do tempo durante o qual ela será mantida. A organização do trabalho deve permitir as pausas e a mudança de posição ao longo da jornada. SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM Os materiais a serem utilizados para a realização das tarefas devem estar localizados numa zona que possibilite o seu alcance pelos membros superiores do trabalhador sem levá-lo a adotar posturas extremas. Equipamentos dos Postos de Trabalho Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. “Adequados à natureza do trabalho” significa que os equipamentos devem facilitar a execução da tarefa específica. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, datilografia ou mecanografia deve-se: • fornecer suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual; • utilizar documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada a utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque ofuscamento. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo devem ser posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável e possuir condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, proporcionando corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador. Além disso, a tela, o teclado e o suportepara documentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho- documento sejam aproximadamente iguais. É importante evitar que a parte superior da tela esteja situada acima da linha dos olhos, assim como não deve estar muito abaixo dessa linha. Condições Ambientais de Trabalho Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, item 17.5.2, como salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, devem ser observadas as seguintes condições de conforto: • Níveis de ruído: de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; • Índice de temperatura efetiva: entre 20oC e 23oC; • Velocidade do ar: não superior a 0,75 m/s; e, • Umidade relativa do ar: não inferior a 40%. Níveis de ruído Para as atividades que possuam as características definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB. Essa é a redação do item 17.5.2.1. Não devemos confundir esse nível de conforto acústico (65 dB) com o nível de pressão sonora máximo admissível para jornada de oito horas previsto na NR15 (Atividades insalubres), que é de 85 dB. O primeiro (NR17) se refere às condições de conforto acústico e o segundo (NR15) é medido para fins de caracterização da insalubridade. Índice de temperatura efetiva SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM O índice de temperatura efetiva se refere à medida de temperatura considerando-se mais dois parâmetros: a velocidade do ar e a umidade relativa. Esse índice reflete o conforto térmico, e novamente não podemos confundi-lo com a sobrecarga térmica avaliada por meio do Índice Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), cujo procedimento de medição está previsto no Anexo 3 da NR15. Velocidade e umidade relativa do ar Segundo o item 17.5.2.2, os níveis de ruído devem ser medidos próximos à zona auditiva. A temperatura, a velocidade do ar e a umidade do ar devem ser medidas na altura do tórax do trabalhador. Todos esses parâmetros devem ser medidos nos postos de trabalho. Iluminação Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. Checkout O mobiliário dos postos de trabalho dos operadores de checkout deve atender às características antropométricas de 90% dos trabalhadores, respeitando os alcances dos membros e da visão, ou seja, compatibilizando as áreas de visão com a manipulação. Essa determinação exclui 10% da população, ou seja, aqueles que têm «medidas extremas» . Assim, um posto de trabalho, mesmo excluindo os dois percentis extremos, estará adequado para 90% das pessoas cujas medidas encontram-se nesse intervalo. O posto de trabalho dos operadores de checkout cujas medidas antropométricas não sejam atendidas deve ser adaptado para suprir suas necessidades, a fim de facilitar sua integração ao trabalho. Veremos adiante, no Anexo 2, que existe determinação expressa no tocante a esse assunto para trabalhadores de teleatendimento e telemarketing. O mobiliário também deve assegurar a postura para o trabalho na posição sentada e em pé, e as posições confortáveis dos membros superiores e inferiores, nessas duas situações. A possibilidade de colocação da cadeira do posto de checkout em posição que não atrapalhe o trabalho em pé tem o objetivo de favorecer a variação da postura, para que o trabalhador possa alternar entre a postura sentada e a em pé. É de destacar que a postura mais adequada ao trabalhador é aquela que ele escolhe livremente e que pode ser variada ao longo do tempo. Aspectos Psicossociais do Trabalho Todo trabalhador envolvido com o trabalho em checkout deve portar um dispositivo de identificação visível, com nome e/ou sobrenome, escolhido pelo próprio trabalhador. Treinamento Considerando que a atividade exercida pelo trabalhador de checkout apresenta elevado risco ergonômico, a NR17 determina que todos os operadores devem receber treinamento a fim de aumentar o conhecimento da relação entre o seu trabalho e a promoção à saúde.. SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM Carga horária e prazo de realização O treinamento deve ter duração mínima de duas horas, e ser realizado até o trigésimo dia da data da sua admissão. Os operadores devem também participar de reciclagem anual que também deve ter duração mínima de duas horas. Trabalho em Teleatendimento/ Telemarketing Esse anexo trata do trabalho em teleatendimento e telemarketing e aplica-se a todas as empresas que mantêm esse serviço tanto na modalidade ativo ou receptivo , em centrais de atendimento telefônico e/ou centrais de relacionamento com clientes , para prestação de serviços, informações e comercialização de produtos. O objetivo desse anexo é estabelecer parâmetros mínimos para o trabalho em atividades de teleatendimento/telemarketing nas diversas modalidades desse serviço, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente. Além das empresas especificamente voltadas para essa atividade-fim, esse anexo aplica-se também a setores de empresas e postos de trabalho a ela dedicados. Mobiliário e Posto de Trabalho Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé deve ser disponibilizado ao trabalhador mobiliário que atenda às determinações do texto geral da norma, conforme vimos anteriormente, e que permita variações posturais, com ajustes de fácil acionamento, de modo a prover espaço suficiente para seu conforto. O plano de trabalho deve ter bordas arredondadas e as superfícies de trabalho devem ser reguláveis em altura em um intervalo mínimo de 13 centímetros, medidos de sua face superior, permitindo o apoio das plantas dos pés no piso. Nos casos em que os pés do operador não alcançarem o piso, mesmo após a regulagem do assento, deverá ser fornecido apoio para os pés que se adapte ao comprimento das pernas do trabalhador, permitindo o apoio das plantas dos pés, com inclinação ajustável e superfície revestida de material antiderrapante. Assentos Os assentos devem ser dotados de apoio em cinco pés, com rodízios cuja resistência evite deslocamentos involuntários e que não comprometam a estabilidade do assento. Não devemos confundir esse apoio em cinco pés com o apoio para os pés. O primeiro funciona como apoio da estrutura da própria cadeira, enquanto o segundo como descanso para os pés. As superfícies dos assentos onde ocorre contato corporal devem ser estofadas e revestidas de material que permita a perspiração. A base deve ser estofada com material de densidade entre 40 a 50 kg/m3. Head-sets Devem ser fornecidos gratuitamente conjuntos de microfone e fone de ouvido individuais, que permitam ao operador a alternância do uso das orelhas ao longo da jornada de trabalho e que sejam substituídos sempre que apresentarem defeitos ou desgaste devido ao uso. Condições de conforto térmico Também devem ser implementados projetos adequados de climatização dos ambientes de SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM trabalho que permitam distribuição homogênea das temperaturas e fluxos de ar utilizando, se necessário, controles locais e/ou setorizados da temperatura, velocidade e direção dos fluxos. Organização do Trabalho(Atividades aos domingos e feriados) A organização do trabalho deve ser contemplada de forma a não haver atividades aos domingos e feriados, seja total ou parcial, com exceção das empresas autorizadas previamente pelo Ministério do Trabalho e Emprego, conforme o previsto no art. 68, caput, da CLT e das atividades previstas em lei. Repouso semanal remunerado Aos trabalhadores de teleatendimento/telemarketing é assegurado, nos casos previamente autorizados, pelo menos um dia de repouso semanal remunerado coincidente com o domingo a cada mês, independentemente de metas, faltas e/ou produtividade. Escalas Os empregadores devem levar em consideração as necessidades dos operadores na elaboração das escalas laborais que acomodem necessidades especiais da vida familiar dos trabalhadores com dependentes sob seus cuidados, especialmente nutrizes, incluindo flexibilidade especial para trocas de horários e utilização das pausas. Tempo de trabalho O tempo de trabalho em efetiva atividade de teleatendimento/telemarketing é de, no máximo, seis horas diárias, nele incluídas as pausas, sem prejuízo da remuneração. As pausas deverão ser concedidas Em dois períodos de 10 minutos contínuos; e, • após os primeiros e antes dos últimos 60 minutos de trabalho em atividade de teleatendimento/telemarketing. Para períodos de trabalho efetivo de teleatendimento/telemarketing de até 4 horas diárias, deve ser observada a concessão de uma pausa de descanso contínuo de 10 minutos. Intervalo para repouso e alimentação A instituição das pausas não prejudica o direito ao intervalo obrigatório para repouso e alimentação previsto no § 1.o do art. Pausa x Intervalo Importante ressaltar a diferença entre pausa e intervalo. O objetivo das pausas é prevenir sobrecarga psíquica, muscular estática de pescoço, ombros, dorso e membros superiores. Idas ao banheiro Com o fim de permitir a satisfação das necessidades fisiológicas, as empresas devem consentir que os operadores saiam de seus postos de trabalho a qualquer momento da jornada, sem repercussões sobre suas avaliações e remunerações. Prorrogação da jornada de trabalho SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS SANTARÉM A prorrogação da jornada de trabalho só será admissível nos termos da legislação, sem prejuízo das pausas previstas e respeitado o limite de 36 horas semanais de tempo efetivo em atividade de teleatendimento/telemarketing. Capacitação dos Trabalhadores Todos os trabalhadores de operação e de gestão, inclusive os empregados temporários, devem receber capacitação que proporcione conhecer as formas de adoecimento relacionadas à sua atividade, suas causas, efeitos sobre a saúde e medidas de prevenção. Essa capacitação deve ser realizada durante a jornada de trabalho. Dentre os trabalhadores de gestão cito como exemplo os gerentes, supervisores e coordenadores que, apesar de não realizarem o atendimento das chamadas, têm a função de dar suporte aos operadores para execução de suas atividades. • informações sobre os sintomas de adoecimento que possam estar relacionados a atividade de teleatendimento/telemarketing, principalmente os que envolvem o sistema osteomuscular, a saúde mental, as funções vocais, auditivas e acuidade visual dos trabalhadores; • informações sobre a utilização correta dos mecanismos de ajuste do mobiliário e dos equipamentos dos postos de trabalho, incluindo orientação para alternância de orelhas no uso dos fones mono ou biauriculares e limpeza e substituição de tubos de voz. Condições Sanitárias de Conforto A empresa deve garantir a todos os trabalhadores disponibilidade irrestrita e próxima de água potável, atendendo às determinações da NR24. Também devem ser garantidas boas condições sanitárias e de conforto, incluindo sanitários permanentemente adequados ao uso e separados por sexo, local para lanche e armários individuais dotados de chave para guarda de pertences na jornada de trabalho. Pessoas com Deficiência A norma dispõe que o mobiliário dos postos de trabalho deve ser adaptado para atender às necessidades das pessoas com deficiência e de pessoas cujas medidas antropométricas não sejam atendidas pelas especificações do Anexo 2. Instrumento de Coleta de Dados Ergonômicos Um instrumento que pode ser utilizado para identificar as regiões do corpo que os operadores mais sentem dores, ou seja, as maiores incidências de sintomas osteomusculares nas regiões do corpo, é o Diagrama de Corpo , composto por «Escala de avaliação de desconforto corporal», onde os operadores marcam as regiões do corpo onde mais sentem dores e a intensidade, que varia de nenhuma a intolerável.
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