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Aula 03 – Normas Fundamentais do Processo Civil Brasileiro - Sistema principiológico (princípios gerais) formados para que os operadores do processo civil possam aplicar as normas processuais. - Interpretar como um todo; - Princípios são normas que auxiliam a aplicação do direito (todo mecanismo jurídico); - Sistema condutor de aplicações; Modo de combater o fenômeno de principiologismo (confusão de ordenação de princípios, várias leis criadas no tempo todo). Normas Fundamentais - O sistema de normas é composto por princípios e regras; - Normas são comandos; - Conceito: ideia e consequência de ideia. Exemplo: matar alguém consequência prisão - Colisão de princípios: ponderar qual será o mais adequado para ser aplicado na situação. Regras: - Tudo ou nada; - Colisão de regras: uma anula a outra; Exemplo de aplicação: regra do procedimento comum e regras do procedimento especial. Como saber qual aplicar? - Caso concreto (ação processória) procedimento especial, afasta o procedimento comum; - Regras defendem situações pontuais; - Não funcionam como princípios. Princípio do contraditório Todas as decisões judiciais para que sejam proferidas, é necessário que antes haja um diálogo entre as partes. - As partes têm o direito de influenciar o direito do juiz. * Há situações que afastam o princípio do contraditório para prevalecer o princípio de proteção à vida, saúde, etc. - Sempre que alguém diz algo há o direito de contradizer; - Direito de influenciar o juiz em suas decisões; exemplo: os argumentos das partes devem ser apreciadas pelo juiz. * Vedação às decisões surpresa: decisão que o juiz profere com base em fatos e fundamentos não apreciados pelas partes. Exemplo: A parte autora faz um pedido, o réu contesta o pedido. O juiz não decide com base nos argumentos por entender que, o direito ali contestado está prescrito. O juiz questiona as partes sobre a transcrição daquele direito. O juiz consulta as partes para manifestação da prescrição. O juiz tem o dever de ouvir as partes já conversadas. *Exceções ao Contraditório: - Apesar de ser absoluto os tribunais interpretam o contrário a Constituição; - O STJ interpretação do Artigo 10, CPC: o juiz para que adote a decisão tem que consultar as partes previamente quando for matéria de fato. Quando for matéria de direito, o tribunal "pode" decidir ainda que a parte não tenha se manifestado. - Decisão da tutela provisória de urgência. (Contraditório diferido ou postergado). Ampla Defesa: - "Complementação" ao princípio do contraditório; Enquanto o contraditório permite argumentação e influência para com o juiz, a ampla defesa trata os mecanismos (meios) com os quais as partes podem utilizar para fazer defesa dos argumentos. - Princípio bifronte; - Direito de defender os argumentos (tanto o autor quanto o réu); - Recursos dentro da ampla defesa (contestação, impugnação, apelação...). * Toda vez que uma parte requer ao juiz a produção de determinada prova o juiz não pode nega-lo. Princípio da Inafastabilidade - O Poder Judiciário não pode negar apreciação (ameaça ou lesão a direito); - Não é princípio absoluto; - Necessidade do direito de ação para provocação (direito de ação - direito condicionado); - Art. 5°, XXXV, CF: uma vez instalado uma demanda o poder judiciário deve decidir sobre ela. Princípio do Acesso à Justiça - Garantir meios para que as partes possam obter uma tutela jurisdicional ampla, efetiva e tempestiva; - Órgão de acesso à justiça: Defensoria Pública, Ministério Público, núcleo de prática jurídica das faculdades (dobro do prazo). Livre convencimento motivado Margem de liberdade permitida ao juiz dentro da lei, para que este faça uma análise das partes (valoração), com o devido valor para que chegue a uma decisão. Sistema da tarifação das provas Antigamente os julgamentos eram baseados a classe do homem. O homem pobre sofria a distinção em relação ao homem rico no momento de julgamento. Princípio da Publicidade - Os julgamentos, decisões e audiências são públicas. Exemplo: TV justiça. - Normas de vestimenta. * Exceções: - Demandas que tramitam em segredo de justiça; Exemplo: Demandas de família; - Ações protegidas pelo direito constitucional de intimidade. Questões íntimas do dia a dia da pessoa. Princípio da Imparcialidade do Juiz Exemplo: Sérgio Mouro (rompeu a imparcialidade). - O juiz não pode confundir sua atuação; - Pender para o lado (interesse de uma das partes) Invalidação do processo - A atuação do juiz deve ser sempre imparcial. Princípio do Juiz Natural - Juiz com atribuições / competências pré-estabelecidas pela lei. Exemplo: Juiz de família (julga casos de família- vara da família). Princípio do Duplo Grau de Jurisdição - Está ligado a recorribilidade das decisões (a forma como alguns recursos são tratados sugere a existência de 2 graus de jurisdição). 1° grau - Julgado inteiramente; 2° grau - Reanalisada (Demandas sendo analisada inteiramente no 2° grau). - A passagem do 1° para o 2° grau se dá por força do recurso. Exceções: Embargos infringentes da Lef. - Decisão do juiz para que ele mesmo decida novamente "pedido de reconsideração". Juizados Especiais Recursos: importantes para formação de precedentes; - Jurisprudência. Princípio da duração razoável do processo - O que é um processo que tenha uma “duração razoável”? O processo não deve demorar demais, ao ponto de perecer o direito e também não deve ser gerado rápido demais, ao pondo de gerar uma decisão proferida sem a devida reflexão. CPC, Art. 4°: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Princípio do Devido Processo Legal - Due processo f law, processo justo, processo equo; - Devido processo legal formal / processual e substancial / material; • Observância ao juiz natural (CF, art. 5º, XXXVII), garantia do acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV), ampla defesa e contraditório (CF, art 5º, LV), fundamentação das decisões judiciais (CF, art. 93, IX, CF), duração razoável do processo (CF, art. 5º, LXXVIII). - Estatura Constitucional (clausula pétrea). O cidadão não pode ser privado de direitos sem antes ter o seu devido dia na corte (sem ser ouvido, sem nomear um advogado); - Eficácia horizontal dos direitos fundamentais. * Ministro Gilmar Mendes Princípio da Igualdade - Dimensão formal (lei igual para todos) e substancial; - Máxima da desigualdade: tratar as desigualdades dos desiguais na medida de suas desigualdades; O Estado intervém para equilibrar essas situações. Exemplo: Defensoria Pública; Ónus da prova. - O tratamento paritário; - A igualdade formal e a igualdade substancial; - “Tratar desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades” Princípio do dispositivo, do impulso oficial e da inércia - É possível dispor da ação? (Dispositivo) O autor do processo pode desistir da ação; renunciar; abrir mão. - As diferenças no processo civil e no penal: no processo civil há o direito a renúncia, no direito penal não. - O processo começa, surge, por iniciativa da parte (dispõe o direito de ação) e se desenvolve por impulso oficial; Uma vez instaurado o processo, o juiz determina o movimento do mesmo; O juiz profere os despachos. Despacho: pronunciamentos do juiz que têm o objetivo de fazer o processo andar (impulsiona). Como o juiz impulsiona o processo? Intimando as partes para que estas pratiquem atos processuais. - Ao iniciar um processo, acaba-se a inércia do Poder Judiciário. Princípio da boa-fé e da lealdade processual - “A boa-fé se presume”; - Boa-fé: Comportamento segundo padrões objetivos de conduta. - O comportamento das partes no processo: boa-fé objetiva (padrão esperadopor todos) e má-fé (violação do padrão; o código contém quais são as más condutas); - O venire contra factum proprium – vedação do comportamento contraditório. - Art. 5°: Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar- se de acordo com a boa-fé. Princípio da cooperação - Operar junto; - As partes colaboram (ajudam-se mutuamente); - Processo coparticipativo (comparticipação); - O juiz tem o dever de consulta e auxílio / dever de esclarecimento (auxiliar as partes); - Art. 6°: Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. - O processo como uma comunidade de trabalho. Princípio da Isonomia e regra do julgamento por ordem cronológica - Art. 12, CPC: Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão; - Tentativa de coibir preferencias injustificadas ou de escolha aleatória de processos a serem julgados; O que é conclusão? A publicação da lista de conclusões: § 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores. - Auto concluso = uma etapa processual foi concluída (etapa de inscrição). - Objetivo: evitar favorecimentos. * Exceções: os juízes em tribunais atenderão preferencialmente a ordem cronológica. Indicações do professor: - Livros: Processo Civil, Daniel Mitidiero; Acesso à Justiça, Mauro Cappelletti. - Filme: O tribunal de Nuremberg. Luma Matos
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