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FACULDADE METROPOLITANA DE CAMAÇARI- FAMEC CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGEHARIA AMBIENTAL LUCIANO PEREIRA MOTA ESTUDO SOCIO AMBIENTAL NA MARGEN URBANA DO RIO CAMAÇARI CAMAÇARI-BA 2012 LUCIANO PEREIRA MOTA ESTUDO SOCIO AMBIENTAL NA MARGEN URBANA DO RIO CAMAÇARI Esta monografia atende as exigências da Faculdade Metropolitana de Camaçari - FAMEC como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Ambiental. Orientadora: Dra. Hilda Caramantín Soriano. CAMAÇARI-BA 2012 TERMO DE APROVAÇÃO LUCIANO PEREIRA MOTA ESTUDO SOCIO AMBIENTAL NA MARGEN URBANA DO RIO CAMAÇARI Monografia apresentada a Faculdade Metropolitana de Camaçari - Famec como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental. Conceito ___________. Aprovado em ___/___/___ BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Dra Hilda Caramantín Soriano Orientadora ________________________________________ MSc Linaldo Santos Bezerra Coordenador de Engenharia Ambiental ______________________________ MSc Manuel Vitor Examinador Dedico a Deus a minha vida e a minha formação, sempre quis antes de tudo, dar Honra a Deus, pois, os meus conhecimentos nada é diante da misericórdia do nosso Pai. Saliento que, o meu sucesso não dependerá só da minha formação e conhecimento, mas do meu Senhor a salvador Jesus Cristo e peço a ele que de hoje em diante assuma a direção da minha vida profissional dando-me sabedoria sempre. Dedico também a minha mãe, Lidiomar, que em suas orações sempre me apresentou a Deus a direção da minha vida e sempre me amou, te amo Mãe. Luciano pereira mota AGRADECIMENTOS A Deus, por ter dado todas as oportunidades de estar vivo e mesmo não merecendo, ele usou de suas misericórdias para comigo e sempre me fez subir mais alto. Aos meus pais que sempre fui presente em suas orações e intercedeu para minha formação. À Professora Hilda Caramantín Soriano, pela surpreendente dedicação, apoio, exigência e por ter norteado este trabalho. Agora somos frutos do seu conhecimento, pois seus ensinamentos agora fazem parte dos profissionais que pretendemos ser, não tenho como agradecer. Sem duvida, o professor, sempre é formador de Mestres e a professora Hilda e um Exemplo disso. Deus abençoe sua vida sempre, não tenho como pagar os ensinamentos. A minha esposa Charlene pela compreensão por muitas vezes não estar presente quando era para estar, abraços a minha querida Evellyn e Miguel que são os meus Filhos abençoados e lindos Minhas irmãs Sirley, Lucicleide e Cleide que sempre torceram pelo meu desenvolvimento quanto profissional. Amo Vocês. “Se conseguimos ver mais longe hoje, foi por estar sobre ombros de gigantes. ” Isaac Newton RESUMO Os processos de ocupação e expansão do meio urbano é um sério problema da humanidade, principalmente quando ocorre de forma desordenada, utilizando os recursos naturais sem um devido planejamento. Nesse sentido, a ausência de planejamento urbano nas cidades brasileiras tem gerado grades consequências de ordem urbanística. Tal fato vem gerando grande busca por parte dos Estados e Municípios, medidas mitigadoras e modelos que compatibilizem o desenvolvimento econômico com uma efetiva manutenção da produtividade dos recursos naturais, como também da qualidade ambiental. O presente trabalho teve como objetivo analisar e discutir a problemática socioambiental na margem urbana do Rio Camaçari. A pesquisa foi um estudo de caso, cujo processo metodológico foi baseado no método qualitativo e quantitativo. No estudo foram utilizadas entrevistas, questionários, visitas de campo e consulta aos documentos públicos da prefeitura Municipal de Camaçari e da secretaria de desenvolvimento urbano (CONDER). O questionário foi composto por 31 questões fazendo abordagens sobre a idade, a escolaridade, o estado de moradia das pessoas que moram nas Margens do rio, a degradação do rio Camaçari etc. Os resultados mostraram que 90% dos moradores têm a sua rede de esgoto lançada dentro do Rio Camaçari e ao mesmo tempo existem nessas margens muitas moradias irregulares. Além disso, existe lixo, esgoto, desmatamento e grande exposição do solo ao longo do curso da água, ocasionando assoreamento do mesmo e consequentemente a proliferação de varias doenças. Diante do exposto, foi evidenciado ao longo desses anos a precariedade e descaso das políticas públicas existentes no Estado e Município, porém essa situação pode ser revertida com o projeto da Revitalização Urbanística da Bacia do Rio Camaçari, considerada a maior obra da história do Município, a qual pretende promover uma transformação paisagística na cidade, assegurar mais qualidade de vida à população, principalmente, quem vive em áreas de risco na poligonal do projeto. Palavra Chaves: Degradação, Meio Ambiente, Ocupações Urbanas, Crescimento Urbano, Rio Camaçari/Bahia; ABSTRACT The processes of occupation and expansion of urban areas is a serious problem for humanity, especially when it occurs in a disorderly manner, using natural resources without proper planning. In this sense, the lack of urban planning in Brazilian cities has generated grids consequences of urban order. This fact has generated large search by states and municipalities, mitigation measures and models that reconcile economic development with effective maintenance of the productivity of natural resources, as well as environmental quality. This study aimed to analyze and discuss the socio-environmental problem in urban Rio Camaçari margin. The research was a case study, whose methodological process was based on qualitative and quantitative method. The study used interviews, questionnaires, field visits and consultations with public documents City Hall Municipal Camaçari and urban development department (Conder). The questionnaire comprised 31 questions making approaches to age, education, state of residence of people living on the margins of the river, the degradation of the river Camaçari etc. The results showed that 90% of residents have their sewage system launched within the Rio Camaçari while there are many houses in these irregular margins. Furthermore, there is garbage, sewage, deforestation and large soil exposure throughout the course of the water, causing sedimentation thereof and consequently the proliferation of many diseases. Given the above, it was evident throughout these years precariousness and neglect of public policy in the state and municipality, but this situation can be reversed with the Urban Revitalization Project River Basin Camaçari, considered the greatest work in the history of the City, which aims to promote a transformation in the city landscape, ensuring a better quality of life for the population, especially those living in areas at risk of polygonal design. Key word: Degradation, Environment, Urban Occupations, Urban Growth, Rio Camaçari/Ba. LISTA DE FIGURAS Figura1- Faixa florestada marginal ao lado rio Camaçari .......................................... 25 Figura 2- Vias Primárias e Secundárias Gleba A, B, C. ............................................ 26 Figura 3 - Crescimento demográfico de Camaçari no período de 1991 a 2009 ........ 38 Figura 4: Fluxo Migratório ......................................................................................... 41 Figura 5- Mapa do Rio Camaçari ..............................................................................47 Figura 6- Antigo Balneário ......................................................................................... 48 Figura 7- Nascente nas proximidades do Pólo .......................................................... 49 Figura 8- Riacho da Bandeira no Trecho do Desvio .................................................. 50 Figura 9- Cabeceira do Rio no Morro da Manteiga ................................................... 51 Figura 10- Moradias Irregulares na Margem do Rio .................................................. 52 Figura 11- Evidencia da falta de Rede Coletora de Esgoto Doméstico ..................... 53 Figura 12- Comprovação da poluição do Rio ............................................................ 54 Figura 13- Lixo Jogado pelos Moradores em Torno do Rio ...................................... 55 Figura 14- Localização da Área de Estudo ............................................................... 57 Figura 15: Porcentagem de Homens e Mulheres entrevistados ................................ 60 Figura 16: Característica Profissional das Mulheres ................................................. 61 Figura 17: Característica Profissional dos Homens ................................................... 61 Figura 18: Faixa Etária dos Homens ......................................................................... 62 Figura 19: Faixa etária das Mulheres ........................................................................ 62 Figura 20: Grau de Escolaridade dos Homens.......................................................... 63 Figura 21: Grau de escolaridade das Mulheres......................................................... 63 Figura 22: Estado Civil entre homens e mulheres ..................................................... 65 Figura 23: Faixa Etária de Salário Entre Homens e Mulheres .................................. 66 Figura 24: Naturalidade de Homens e Mulheres ....................................................... 67 Figura 25: Condições de Moradia da comunidade .................................................... 68 Figura 28: Situação do Esgoto no Seguimento do Rio .............................................. 72 Figura 29: Esgoto Doméstico na Rede de Drenagem ............................................... 73 Figura 30: Obras de Revitalização do Rio Camaçari ................................................. 74 Figura 31- lançamento do esgoto no Rio Camaçari .................................................. 76 Figura 32: Estação Elevatória do Novo Horizonte ..................................................... 77 Figura 33: Percepção Ambiental Com Relação ao Rio Camaçari ............................. 78 Figura 34: Evolução do Coeficiente de Incidência das Principais Doenças .............. 79 Figura 35: Porcentagem de Doenças na área estudada ........................................... 80 LISTA DE TABELAS Tabelas 1- Taxa de Crescimento Anual da População – 2000 a 2004 ...................... 37 Tabelas 2- Crescimento Anual 1991/2009 .............................................................. 37 Tabelas 3- Densidade Demográfica Anual de Camaçari .......................................... 39 Tabelas 4 – Estabelecimentos Industriais por Ramos de Atividade em Camaçari .... 40 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIA Avaliação de Impacto Ambiental APA - Área de Preservação Ambiental. COHAB - Companhia de Habitação. CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. CBO- Carência Bioquímica de Oxigênio DMLU- Departamento de Limpeza Urbana EMBASA- Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A FAMEC- Faculdade Metropolitana de Camaçari IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. IBDF - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. INSS - Instituto Nacional do Seguro Social. ONGs - Organizações Não Governamentais. PAC - Plano de Aceleração do Crescimento PNMA - Plano Nacional do Meio Ambiente. PEAMSS- Projeto de Educação Ambiental e Mobilização social em saneamento PNSB- Política Ambiental de Saneamento RIMA - Relatório de Impacto ao Meio Ambiente. SEMA - Secretaria do Meio Ambiente. SEMAC - Secretaria do Meio Ambiente e Defesa do Consumidor. SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente. SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. UICN - União Internacional para Conservação da Natureza. SUMÁRIO 1-INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 16 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 18 1.2.1 Objetivo Geral: ................................................................................................. 18 1.2.2 Objetivos Específicos: ...................................................................................... 18 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 19 2.1 CAMAÇARI HISTÓRICO ..................................................................................... 19 2.1.1 História e Dinâmica de Ocupação .................................................................... 23 2.1.2 Diagnóstico Físico da Cidade ........................................................................... 27 2.1.3 Aspectos Sócio-Econômicos ............................................................................ 35 2.1.4 Aspecto Ambiental de Camaçari ...................................................................... 44 2.2 CARACTERIZAÇÃO DO RIO CAMAÇARI .......................................................... 46 2.3 IMPACTOS QUE LEVARAM A DEGRADAÇÃO DO RIO CAMAÇARI ............... 50 3. METODOLOGIA .................................................................................................... 57 3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................ 57 3.2. MÉTODOS E TÉCNICAS ................................................................................... 58 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 60 4.1 RESULTADOS .................................................................................................... 60 4.1.1 Perfil Socioeconômico da Comunidade ............................................................ 60 4.1.2 Característica Profissional dos Moradores ....................................................... 60 4.1.3 Faixa etária ....................................................................................................... 61 4.1.4 Nível de escolaridade ....................................................................................... 63 4.1.5 Estado Civil ...................................................................................................... 64 4.1.6 Composição da Renda Familiar ....................................................................... 65 4.1.7 Composição da Naturalidade ........................................................................... 66 4.1.7 Condições de Moradia da Comunidade ........................................................... 67 4.1.8 Quantidade de Filhos e Escolaridade ............................................................... 68 4.1.9 Condições Comuns .......................................................................................... 70 4.2 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DO LOCAL DE ESTUDO ........................................ 70 4.3 ANALISE QUANTO O LANÇAMENTO DO ESGOTO SANITÁRIODO LOCAL DE ESTUDO. ........................................................................................................ 71 4.4 SITUAÇÃO ATUAL DO ESGOTO NA MARGEM URBANA DE CAMAÇARI. ..... 75 4.4.1 Sistemas de Esgoto ......................................................................................... 75 4.4.2 Situação Atual .................................................................................................. 76 4.5 OCORRÊNCIAS DE DOENÇAS REDUTÍVEIS PELO SANEAMENTO .............. 78 4.6. PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA COMUNIDADE COM RELAÇÃO À DEGRADAÇÃO DO RIO CAMAÇARI ............................................................. 81 4.6.1 Incentivo e sugestões a novos hábitos pró-ambientais à comunidade em favor de resgatar a qualidade ambiental do Rio Camaçari. ................................ 81 4.6.2 Entrevista com o Líder Comunitário ................................................................. 83 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 85 5.1. Recomendações ................................................................................................ 86 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 88 APÊNDICES 14 1. INTRODUÇÃO A incessante busca por melhores condições de vida e oportunidades de renda, educação, moradias, saúde, segurança e cultura incrementam as demandas por políticas públicas e privadas que sobrecarregam a infra-estrutura existente, fatores determinantes de indicadores de níveis de urbanização (Steinke, 2008). Nos últimos anos, a falta de um planejamento racional sobre o uso inadequado do solo, a ocupação irregular principalmente em beira de rios e lagos e em áreas protegidas, tem gerado um desequilíbrio entre a sociedade humana e o meio ambiente. Segundo Steinke (2008), conforme as cidades se expandem e adensam, as dinâmicas de uso e ocupação do solo se alteram. Áreas antes destinadas ao uso agrícola ou de preservação e conservação ambiental tornam-se urbanas ao tentar suprir as necessidades da população por moradias, serviços, comércio, estabelecimentos de ensino, indústrias, arruamentos, infraestruturas e estradas. Para Amorim (2000), os processos de ocupação e expansão do meio urbano é um sério problema da humanidade, principalmente quando ocorre de forma desordenada, utilizando os recursos naturais sem um devido planejamento. De acordo com dados do IBGE (2010), a concentração da população urbana no Brasil é de aproximadamente 84%, e o seu crescimento tem sido realizado de forma pouco planejada, com grandes conflitos institucionais e tecnológicos. A tendência atual do limitado planejamento urbano integrada está levando às cidades a um caos ambiental, com custo extremamente alto para toda a sociedade (Guerra , 2004). Dentro deste contexto, pode-se mencionar à cidade de Camaçari que vem sofrendo do mesmo problema enfrentado por outras cidades brasileiras, quando se trata da preservação ambiental e estruturação sócio-econômica. Atualmente, o Rio Camaçari, localizada na cidade de Camaçari-Bahia, representa uma das mais problemáticas da estrutura urbana da cidade, sendo palco de inúmeros problemas socioambientais, entre eles, representada pela estrutura de uso e ocupação do solo na margem do Rio, que impõem uma situação de risco real de vida, e condições insalubres para a população residente. A parte social dessa realidade socioambiental do segmento do curso do rio Camaçari está na presença do que titulamos de Geografias Alternativas representadas pelo processo ocupações desordenadas do solo da planície fluvial que corresponde ao contraponto histórico que os seguimentos da população das 15 inúmeras cidades do mundo Tropical alijadas de capacidade de produção e consumo da paisagem que construiu para se fazer presentes nos grandes centros urbanos nos países em via de desenvolvimento (Bell, 1996). Alem dessas afirmações, existe ainda o desconhecimento por parte da população quanto às causas que levaram a degradação socioambiental na margem do Rio Camaçari. Os problemas socioambientais da área são em grande parte pela falta de planejamento urbano, mas o que se destaca atualmente refere-se a lançamentos de esgotos domésticos, que afetam cada dia mais o Rio Camaçari, além dos relativos a enchentes em tempos chuvosos, produzindo risco de vida, perda da paisagem local, contaminação do solo e da água do rio, fragilizando ainda mais a fauna e a flora já modificadas e devastadas pelo processo de ocupação irregular. De acordo com a Prefeitura de Camaçari (CONDER), atualmente a cidade de Camaçari dispõe de cerca de 60.000 m de rede coletora, basicamente DN100 e DN150, espalhada pela cidade em bairros populares que tiveram origem em conjuntos habitacionais ou loteamentos para população de baixa renda. Nem a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), nem a Prefeitura dispõem de cadastro dessas redes. Os bairros Piaçaveira, Gravatá, Ulisses Guimarães, Jardim Panorama, Bela Vista, Centro, Parque Verde, Gleba B, Natal, Mangueiral e Alto da Cruz possuem rede coletora, que são possíveis de utilização, devendo ser aproveitadas e interligadas ao sistema a ser construído. A rede existente na Gleba E não deverá ser aproveitada, uma vez que os poços de visita foram soterrados, não sendo possível localizá-los e cadastrá-los convenientemente. O único trecho de rede que possui sistema de tratamento é o existente no Conjunto Novo Horizonte, que dispõe inclusive de uma estação elevatória, que recalca os esgotos até um PV do interceptor orgânico da CETREL. Também nesse caso não há cadastro das instalações ou dados dos equipamentos. Alem disso, em partes da área central da cidade, onde há predominância de casas comerciais, as ligações são feitas diretamente na drenagem pluvial, logo não há qualquer trecho de rede passível de aproveitamento. De um modo geral, o lançamento indiscriminado nos rios e córregos compromete bastante a qualidade da água do Rio Camaçari, que é o corpo receptor natural da drenagem de praticamente toda a cidade de Camaçari. Atualmente sua água apresenta coloração cinza ou negra, a depender da localização: quanto mais à 16 jusante, mais escura. Ressalta-se que este não é um problema estático, uma vez que tende a se agravar com o crescimento da população e o adensamento das áreas urbanas. Com base nestas análises, a problemática deste estudo parte da seguinte pergunta: Que medidas serão tomadas pelo Município de Camaçari, com a parceria do Governo do Estado para restaurar e preservar os processos ecológicos do Rio, devolvendo as condições sociais e ambientais para a população que mora na margem do Rio Camaçari? Em virtude dos inúmeros problemas socioambientais apontados torna-se necessários projetos e políticas ambientais urgentes para conter os processos de degradação e recuperar as áreas já degradadas, conciliando o desenvolvimento econômico da população e do Município, com a preservação do rio Camaçari. 1.1 JUSTIFICATIVA A escolha pelo tema se deu em razão do impacto Social e Ambiental que a degradação do Rio Camaçari esta acarretando à população do Município, levando em conta que o Rio corta mais da metade da malha urbana da cidade, com uma extensão de aproximadamente 12 km. No entanto, pode-se ainda justificar a pesquisa considerando a importância da Bacia hidrográfica do Rio Camaçari para a população de Camaçari e para a região Metropolitana de Salvador, uma vez que, o Rio Joanes, através das barragens Joanes I II, compõe o sistema de abastecimento de água integrado de Salvador e de mais cinco Municípios da região Metropolitana, sendo responsável por 40% do fornecimento de água dessas localidades, beneficiando, mais ou menos 3.400.000 pessoas. Assim, o desenvolvimento destetrabalho pode ser justificado sob ótica acadêmica ao possibilitar a geração de informações do estudo sócio-ambiental na margem do rio Camaçari. Para tal abordagem, a pesquisa foi estruturada em seis capítulos, da seguinte forma: o primeiro capítulo refere-se à introdução e aos objetivos da pesquisa. O segundo capítulo traz a revisão da literatura, o qual introduz histórico do desenvolvimento geográfico de Camaçari, a história e a dinâmica de ocupação, 17 aspectos Socioeconômicos e ambientais e a caracterização do Rio Camaçari (nascentes, causas da poluição e degradação e situação atual). A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste estudo de caso foi baseado no método qualitativo e quantitativo, apresentados no terceiro capitulo. Na coleta de dados foram utilizadas visitas ao local de estudo, aplicação de questionários com a população que mora no pequeno segmento do Rio e entrevistas direcionadas ao líder comunitário do bairro. Para análise dos dados foram utilizados gráficos e consolidação das entrevistas. No quarto capítulo foram apresentados os resultados e discussões e no quinto capítulo as considerações finais e recomendações para futuras pesquisas. No sexto capitulo foi dedicado às referencias bibliográficas. 18 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral: Analisar e discutir a problemática socioambiental na margem urbana do Rio Camaçari. 1.2.2 Objetivos Específicos: Avaliar o perfil socioeconômico da população que mora na margem urbana do Rio Camaçari; Apresentar as principais fontes poluidoras que ocorre na margem urbana do Rio Camaçari; Analisar a percepção ambiental da comunidade com relação à degradação do Rio Camaçari; Incentivar e sugerir novos hábitos pró-ambientais à comunidade em favor de resgatar a qualidade ambiental do Rio Camaçari. 19 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CAMAÇARI HISTÓRICO A história de Camaçari tem início após a construção da cidade do Salvador, no ano de 1558, quando os jesuítas fundaram a Aldeia do Divino Espírito Santo, construindo a primeira igreja ainda de barro e palha. Com o objetivo de catequizar e educar os índios tupinambás foi instalada a Companhia de Jesus, constituindo-se num dos trabalhos pioneiros no Brasil. Eles definiram para sede de sua missão uma aldeia de índios situada à margem do rio Joanes. Em virtude de uma epidemia, que dizimou muitas vidas, decidiram transferir para outro local mais saudável, perto do mar e das dunas, onde teriam melhores condições de vida, se estabelecendo numa localidade hoje conhecida como Vila de Abrantes. A Aldeia do Divino Espírito Santo, naquela época, serviu como ponto de ligação entre o centro de Salvador e as missões do sertão (Camaçari, 2005). Camaçari significa, em tupi-guarani, leite e lágrimas, uma referência ao tronco de uma árvore da Mata Úmida, muito utilizada para construção de embarcações; a sua seiva é usada como cicatrizante e também na construção civil, sendo assim conhecida como “pau para toda obra”, popularmente chamada de Camaçari. Em 1624, a aldeia foi palco de um importante fato histórico, sendo sede do governo da Bahia, onde se organizou a luta de resistência, sob o comando de D. Marcos Teixeira, culminando na expulsão dos invasores holandeses do território baiano. O povoado de Abrantes, em 1758, foi elevado à categoria de “Vila” com nome de Vila do Espírito Santo da Nova Abrantes. Em 1848 foi desmembrado do município de Mata de São João. Na Divisão Administrativa do Brasil, em 1911, o município passou a ser composto de três (03) distritos: Abrantes (sede), Monte Gordo e Ipitanga. Com a lei municipal de 22 de março de 1920, criou-se o distrito de Camaçari, sendo elevado à categoria de “Vila”. Alei estadual 1.809, de 28 de julho de 1925, mudou o nome do município para Montenegro e transferiu a sede para o arraial de Camaçari, formando apenas três (03) distritos: Camaçari (distrito sede), Abrantes e São Bento do Monte Gordo. Com o decreto-lei estadual de número 10.724, de 1938, o município de Montenegro 20 passou a chamar-se Camaçari, continuando com a mesma formação distrital, mudando apenas o distrito de São Bento de Monte Gordo para Monte Gordo. Já no ano de 1953, por força da lei 628, foi criado o distrito de Dias D Ávila, formando 04 (quatro) distritos no município. Em 1985, conforme Lei Estadual 4.404 houve o desmembramento de Dias D Ávila, que se tornou um município independente. Sendo assim, Camaçari possui suas referencias cartográficas definida. O Município de Camaçari possui uma área de 759,8 km² - o maior território da Região Metropolitana de Salvador, com uma divisão administrativa envolvendo os distritos de Camaçari (Sede), Vilas de Abrantes e Monte Gordo. Limita-se ao norte com os Municípios de Mata de São João e Dias D’àvila; ao Sul com Lauro de Freitas; a Oeste com Simões Filho e a Leste com o Oceano Atlântico. (Camaçari, 2005). O Município faz parte da RMS (Região Metropolitana de Salvador), que abrange Salvador, Lauro de Freitas, Candeias, Simões Filho, São Francisco do Conde, Vera Cruz, Dias D'Ávila, Itaparica e Madre Deus. Tem um relevo formado por planícies marinhas e fluviomarinhos, tabuleiros pré-litorâneos e do recôncavo. Fica localizado entre as latitudes 12º27'05'' e 12º52'30'' e longitudes 38º01'53'' e 38º28'52'', com altitude de 50m acima do nível do mar. O Clima é quente e úmido, com temperaturas, mínimas superiores a 18º C. (Camaçari, 2005). O município apresenta precipitação anual entre 1.500 mm e 1.800 mm. Os meses de março a agosto e novembro e dezembro são os períodos em que ocorrem chuvas mais intensas, sendo necessária uma atenção especial para a infra-estrutura local, evitando transbordamento do Rio Camaçari, alagamento de casas na sede e orla e deslizamento de terras. (Camaçari, 2005). O Município tem uma multiplicidade de recursos naturais composta de: Bacias Hidrográficas (rios Joanes, Jacuípe e Pojuca), de água subterrânea (aqüífero São Sebastião), Lagoas, Dunas, Manguezais, Restinga, Mata Ciliar e Mata Atlântica, além de ser banhado pelo Oceano Atlântico. Acidade é uma entidade política integrada por quatro espaços territoriais completamente distintos, totalizando 760 km2, sendo um deles a orla marítima, com 21 aproximadamente 210 km2, nosso objeto de estudo, a ser detalhado e pesquisado como categoria de análise espacial. Um dos três espaços geográficos corresponde ao Pólo Industrial, com características da indústria petroquímica, química, metalúrgica, de celulose e automotiva, e administração própria. Os outros dois têm culturas muito diferenciadas, que são a sede municipal (com cerca de 150.000 habitantes), aquela que se assemelha com uma cidade de médio porte do interior brasileiro; e a zona rural, que ocupa a maior parte do território com abundância de recursos hídricos, na superfície e no subsolo. Até a década de 1960 do século passado, a cidade de Camaçari possuía apenas 30.000 habitantes. Somente com a criação do Pólo Petroquímico, nos anos de 1970, dentro da política de descentralização da indústria básica do Governo Federal, a cidade passou a representar o carro chefe da política de desenvolvimento industrial do Estado da Bahia, mudando o perfil da cidade e seus arredores (Sobral, 2008). Nessa época, o acesso ao litoral do município dava-se pela localidade de Monte Gordo, e a ligação com Sergipe realizava-se pela BA-093. No governo de Luiz Viana Filho, a partir da decisão de implantação da antiga Indústria Tibrás, de produção de titânio, tendo recebido diferentes denominações, e hoje Millenium, às margens das lagoas de Arembepe1, foi criado o prolongamento da estrada que era de barro, desde o Rio Joanes até Arembepe (Sobral, 2008) Na década de 1970,começa a ser delineada a via de ligação com o vizinho, Estado de Sergipe, pelo litoral, que se consolidará, no final da década, com a construção da BA-099 (também chamada de Estrada do Coco) até Mata de São João. Na década de 1990, ocorre à construção da Linha Verde até Mangue Seco, Município de Jandaira. Durante o mesmo período de planejamento e instalação do Pólo Petroquímico, nos anos 70, e por decisão e com recursos dos governos Federais e Estaduais, foi construída a Avenida Paralela (1974), em Salvador, o seu prolongamento, a Estrada do Coco e, vinte anos depois, a Linha Verde. Desse modo, o traçado rodoviário deste grande eixo de ligação do tecido urbano metropolitano é lançado na década de 70. A previsão de sua fácil integração à malha do tecido metropolitano, com a ocupação dos espaços intersticiais, vem ocorrendo aceleradamente, em discordância com os novos modelos de 22 planejamento dos territórios, preconizado pelas diretrizes de desenvolvimento sustentável (Sobral, 2008). A abertura dessas vias criou as condições favoráveis para a rápida ocupação do litoral do município com fins residenciais e de turismo. Os assentamentos urbanos localizados ao longo dessas vias cresceram rapidamente de forma desordenada, nem sempre acompanhado de obras de saneamento básico. Isso causou poluição nos cursos d’água e no aqüífero subterrâneo – São Sebastião –, além de impactos negativos, como degradação e destruição de solos e paisagens. Outro efeito dessa urbanização acelerada é o contínuo incremento do tráfego de veículos na Estrada do Coco e na Linha Verde, hoje o principal eixo de expansão urbana da RMS, e grande atrativo para residências. Consequência do grande fluxo de veículos e fato gerador de conflitos nesse eixo viário foi a transformação da BA-099 em estrada pedagiada na Orla Marítima de Camaçari, a partir de Jauá, com a construção da Praça de Pedágio, localizada no Km. 12, por uma decisão do Governo Estadual. A privatização da concessão dos serviços de manutenção e exploração da estrada pedagiada é de responsabilidade do Consórcio Litoral Norte, e, desde 2001, tem sido alvo de constantes desentendimentos com os moradores das localidades, da sua área de influência. (Sobral, 2008). Estudos foram realizados pela atual administração municipal, para a abertura de vias alternativas à estrada pedagiada, seccionando o limite original do Parque Municipal das Dunas de Abrantes, e promovendo uma nova trama viária entre os loteamentos, para escapar da Praça de Pedágio. O traçado do projeto executivo destas vias foi elaborado e discutido com os moradores e o Comitê Gestor da APA Joanes/Ipitanga. Durante o fechamento desta tese, o novo sistema viário ainda não foi totalmente implantado, assim como o último trecho da duplicação da Estrada do Coco – de Guarajuba à Barra do Pojuca. Abriu- se uma via alternativa passando por dentro do Loteamento Las Palmas, para desviar da praça de cobrança do pedágio, para quem vem da sede do Município pela rodovia BA -535, também chamada de Cascalheira, e da Linha Verde sentido Salvador. Se por um lado, o de crescimento do município vizinho, Lauro de Freitas, mostra o processo de conurbação com Salvador e seu modelo atual de favelização. 23 Por outro lado, as previsões para o litoral de Camaçari são de pressão para ser também extensão da área residencial de Salvador, num futuro próximo e inexorável. 2.1.1 História e Dinâmica de Ocupação De acordo com a Copec (1975), No inicio dos anos de 1960 e 1970, a cidade de Camaçari vinha se desenvolvendo em torno da estação ferroviária e ao longo das linhas de saída rodoviária para a BA- 093 e para o litoral. Apresentava uma malha urbana razoavelmente estabilizada na zona central, com ruas pavimentadas e iluminação pública. O exame do tecido urbano da cidade, de ambos os lados da ferrovia, revelava a existência de ruas de traçado retilíneo que se cruzava em ângulos de aproximação 90º, definindo uma incipiente estrutura de quadras, contrariadas, apenas, pelo amplo arco da linha férrea. Em 1962 teve início a implementação de indústrias no município, sem nenhum ordenamento, o que iniciou o processo de agravamento do desenvolvimento urbano, procedendo de forma arbitraria (Copec, 1975). A decisão federal, em novembro de 1971, de localizar em Camaçari o segundo pólo petroquímico do Brasil constituia-se no marco inicial para os trabalhos de ordenação do desenvolvimento da região, ao plano diretor do Copec de 1974 seguiu-se o plano piloto de Camaçari em 1970, ambos, desenvolveram-se na mesma época (Copec, 1975). De acordo com os relatos da Copec (1975), mesmo antes do planejamento do COPEC, o crescimento demográfico de Camaçari já vinha se situando em taxas bastante elevadas; no decênio 1960/1970, a sede municipal contava com cerca de 13.000 habitantes e já se previa atingir a 80.000 habitantes em 1980, com conseqüência direta do desenvolvimento industrial da região e a conseqüente criação de empregos diretos e indiretos. A área urbana do plano piloto foi prevista para conter uma população de 150, 000 habitantes, podendo se estender ate o limite de 200.000 habitantes. Segundo a Copec (1975), a dinâmica de ocupação ordenada, só deu início em 1975 com a implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari, onde foi elaborado o Plano piloto de Camaçari, onde foi elaborada, diretrizes para o processo ordenado de ocupação, embora já havia um grave problema por parte das ocupações irregulares, mas, mesmo assim, sem resolver os problemas antecedentes de 24 ocupações, o plano piloto foi elaborado visando à minimização dos impactos das ocupações irregulares. De acordo com a Copec (1975), a dinâmica de ocupação e organização do espaço urbano de Camaçari obedeceu a um esquema que pôde ser descrito em linhas gerais, formado por cinco áreas distintas: Centro Comercial, Zona Antiga, Expansão Nordeste, Expansão Sudoeste e setores periféricos. Além destas cinco áreas citadas acima, existia mais uma área que separava a Zona Antiga do resto da cidade, que era pra ser projetado o parque central, era uma faixa florestada marginal ao lado rio Camaçari destinada ao lazer e à recreação ativa de crianças e adultos (Fig. 1). O centro comercial resultou do remanejamento da área central da cidade e de sua periferia imediata. O tecido urbano foi ordenado em quadras e praças destinadas ao comércio, à habitação vertical, aos edifícios públicos e aos equipamentos gerais de transporte urbano e interurbano. As expansões Nordeste e sudoeste, articuladas ao centro comercial pelo eixo urbano, foram às novas áreas onde se estendeu a cidade de Camaçari. Em ambas as expansões, o eixo urbano desempenhou o papel de artéria principal, não apenas pela sua condição de via primária de tráfego, como pela ênfase especial que se deu ao uso do solo na sua faixa de influência imediata. 25 Fonte: Copec, 1975 Figura1- Faixa florestada marginal ao lado rio Camaçari Sendo assim, o disciplinamento do uso do solo urbano de Camaçari foi elaborado pelo plano piloto e as exigências para aprovação de projeto arquitetônico. O estudo especial foi realizado por empresas particulares para unidades de vizinhança no perímetro urbano destinou-se no mínimo 30% da superfície, para área verde de solo comum onde ficaram as escolas e edificações previstas. O zoneamento urbano deverá ser estritamente observado por esses empreendimentos, assim como o traçado das vias primárias e secundárias. (Fig. 2). 26 Fonte: Copec, 1975 Figura 2- Vias Primárias e Secundárias Gleba A, B, C. Segundo Camaçari (1970), essa situação confere ao problema não o aspecto de desenvolvimento de uma cidade existente em crescimento vegetativo, mas as características de um projeto para uma cidade nova. Em decorrer desses impasses,em 1975 foi criado o programa de desenvolvimento para Camaçari, onde um dos principais objetivos era criar uma dinâmica habitacional. (programa de desenvolvimento social 1975). No inicio de 1970 o funcionamento do pólo petroquímico de Camaçari atraiu para os centros urbanos na época migrantes que, independente de possuir ou não emprego, não encontrarão condição de habitalidade. Em decorrência, os migrantes 27 construíram habitações subnormais em áreas de invasões, já consolidadas e em áreas de propriedade do setor público, gerando favelas urbanas. Paralelamente, as populações pobres que situavam nas áreas centrais da cidade, foram expulsas para as áreas periféricas, ou favelas pelo acelerado processo de urbanização na época dando inicio assim a dinâmica de ocupação do Município, (Copec, 1975). 2.1.2 Diagnóstico Físico da Cidade Clima: De acordo com TCRE Engenharia (2000), A finalidade de qualquer sistema de classificação é a obtenção de um arranjo eficiente de informações de forma simplificada e generalizada. Através da classificação os detalhes e as complexidades das estatísticas mensais e sazonais são condensadas em formas facilmente entendidas. O clima é um fenômeno multivariado, consistindo na integração de vários elementos. Além disso, sua natureza é fluida e seus limites são imprecisos. A identificação dos parâmetros a serem empregados no exercício da classificação é sempre uma questão crucial. Os elementos mais freqüentemente utilizados são a precipitação pluviométrica e as temperaturas, nos seus valores médios, pois o clima representa um “modelo”, um “padrão” e não pode enfatizar individualidades. (TCRE Engenharia, 2000). Esta área, como toda a Região Nordeste do Brasil, acha-se submetida à ação do anticiclone subtropical do Atlântico Sul (centro de alta pressão atmosférica), de onde tem origem os ventos alísios de SE, predominantes na Região. Neste centro de ação atmosférica, o movimento de ar é descendente (movimento de subsidência) e inibe a formação de nuvens, razão pela qual as regiões submetidas à ação deste anticlone apresentam baixos índices pluviométricos. A região costeira do Estado da Bahia sofre ainda influencia da circulação local, típica das áreas litorâneas, representadas pelas brisas marítimas e terrestres. Esta circulação local, além de influir nos índices de pluviosidade, ameniza as altas temperaturas diárias e leva umidade para o interior do continente. O grau decrescente de umidade na direção de sul para o norte e de leste para oeste é responsável pela definição de tipos climáticos variados, encontrando-se desde o tipo tropical, chuvoso, de florestas, no setor sul da Região do Recôncavo Norte, onde se 28 encontra inserida a bacia do Joanes, onde ocorrem chuvas abundantes e regulares (TCRE Engenharia). Classificação climática local: Segundo TCRE Engenharia (2000), O sistema de classificação climático mais utilizado é o de Köppen, que relaciona o clima com a vegetação. Sua utilização no Brasil exigiu uma série de alterações, inclusive porque ele ignorou o tipo sub-úmido. Os tipos de classificações climáticas que encontram-se dentro da Bacia do rio Joanes, e, portanto, que ora nos interessa são: Af – Clima tropical, chuvoso, de florestas. Sua temperatura média anual é superior a 18°C e não apresenta um mês com precipitação inferior a 60 mm. Na área estudada considerou-se Af a área onde a precipitação mensal é superior a 100 mm. Apesar da ocorrência da máxima pluviosidade se verificar de abril a julho, não há período seco. É encontrado ao sul da área de estudo, em Salvador e Baia de Todos os Santos. Am – Variedade do Af com curta estação seca (um ou dois meses). Os meses secos têm precipitação inferior a 100 mm, mas superior a 60 mm. É encontrado na área ao norte de Salvador, mais especificamente no restante da Região Metropolitana continental, abrangendo Camaçari, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias Relevo: Do ponto de vista Geomorfológico, a área de estudo apresenta representantes de paisagens físicas que podem ser enquadrados nos três tipos de modelados de relevo existentes. O modelado de aplainamento é o mais abrangente, compreendendo grande parte da área central e parte da Cetrel, sendo aqui descritos como Pediplanos. Já o modelado de acumulação é representado pelas Áreas Úmidas dos vales fluviais, abertos e de fundo chato, que se ramificam por quase toda a área. O modelado de dissecação apresenta-se com várias formas, correspondendo ao Relevo Ondulado. Os mais elevados têm seus exemplares localizados na porção Norte, a Leste e a Oeste da cidade de Dias D’Ávila, sob a forma de morrotes isolados com topos e vertentes convexas, morrotes com topos aguçados e também 29 alguns aproximadamente tabulares. Os mais suaves são caracterizados por morrotes de topo abaulado, com vertentes convexizadas, sendo encontrados principalmente na zona de ligação Cetrel – COPEC, bem como em parte da área de entorno da própria Cetrel (TCRE Engenharia). Geologia: Segundo dados obtidos por TCRE Engenharia, (2000), na área onde encontram-se inseridas as bacias hidrográficas dos rios Joanes e Jacuípe ocorrem três domínios geológicos: Rochas Cristalinas Pré – Cambrianas Rochas Sedimentares Mesozoícas e Terciárias e Sedimentos do Quaternário, cujas características são descritas a seguir: Rocha cristalina pré – cambrianas (pe): Estas rochas constituem o Embasamento Cristalino da área desta bacia e compreendem as rochas do tipo piroxigênio-granulitos e horblenda-piroxigênio granulitos. De modo geral é cortadas pôr marcantes zonas de cisalhamentos, representadas pôr extensas falhas com direção geral SW-SE, coincidentes com a foliação metamórfica. Estas direções estruturais influenciam geotecnicamente na estabilidade de muitas encostas existentes, constituindo-se em locais susceptíveis a ocorrência de deslizamento e escorregamento de massas de solo, durante a ocorrência de períodos chuvosos. Ocorre geralmente na porção sudeste (SW) da bacia, e ao longo dos vales das calhas de drenagem e na faixa litorânea. Rochas sedimentares mesozóicas e terciárias: Compreendem as rochas sedimentares pertencentes ao Supergrupo Bahia, Formação São Sebastião, Grupo Ilhas, Formação Candeias, Formação Marizal e o Grupo Barreiras, cujas características são descritas abaixo: Formação são Sebastião (kss): Ocorre estratigraficamente no topo do Supergrupo Bahia. É constituída basicamente por arenitos grosseiros mal selecionados, friáveis de coloração cinza- esbranquiçada, cinza-amarelada e cinza-avermelhada, intercalados com argilas 30 avermelhadas, podendo ocorrer localmente e delgadas lâminas de óxido de ferro. Suas camadas de modo geral apresentam mergulhos dirigidos para este (E), os solos resultantes são poucos espessos, em geral arenosos argilosos, e, em termos hidrogeológicos apresentam grande potencialidade aqüífera. Seus sedimentos apresentam-se bons do ponto de vista geotécnico, todavia são bastante susceptíveis a processos erosivos, quando ocorre retirada da cobertura vegetal protetora. Grupo ilhas (kis): Os sedimentos deste grupo distribuem-se em superfície na área inserida nos terrenos geológicos da Bacia Sedimentar do Recôncavo, com espessuras que podem atingir 2.500m. São constituídas por siltritos cinza-verde, calcíferos, micáceos e carbonatos plaqueados, arenosos ou não, interestratificados nos siltitos e folhelhos. Em geral esses solos são areno-siltosos, com predominância de plasticidade (dilatação e contração elevada, apresentando-se como rijos e duros, quando secos e extremamente plásticos quando molhados (massapê), estas características conferem em termos geotécnicos, baixa resistência dos seus solos, a implantação de fundações e ocorrência de freqüentes deslizamentos de terra, em encostas e taludes com declividadesacentuadas, durante a ocorrência de períodos chuvosos. Formação candeias (kc): É constituída basicamente por folhelhos e lamitos cinza-escuro e pretos, siltitos finamente micáceos, arenitos muitos finos, calcíferos. A Formação Candeias integra-se com os sedimentos do grupo Ilhas, e geralmente apresentam uma espessura que varia de 200 a 3.000 m. As argilas derivadas desta formação apresentam grande plasticidade, com nódulos calcíferos e espálicos, de onde se originam solos do tipo massapê. São freqüente a ocorrência de deslizamentos de terra, em função da elevada expansibilidade dos seus constituintes minerais argilosos redundando em baixas resistências ao cisalhamento. 31 Formação marizal (km): É constituída em geral por arenitos variegados mal selecionados, caulinítico, pouco micáceo, com intercalações argilosas e siltosas, dispostas em camadas horizontais, exceto em trechos localizados onde apresentam mergulhos acentuados. De maneira geral ocupam áreas planas e em cotas topográficas inferiores a 50 m. Por vezes estas áreas planas são interrompidas por morrotes arredondados. Grupo barreiras (Tb): É constituído por sedimentos arenosos de granulometria grosseira a média, de coloração branca, amarela e vermelha, intercalados de lentes de argilas cauliníticas de pequena espessura e de coloração vermelha. Seus sedimentos são dotados de terciários e de modo geral estão dispostos sob forma de tabuleiros, são bastante friáveis e susceptíveis a erosão pluvial, ocorrendo em locais desprovidos de cobertura vegetal. Sedimentos do quartenário: Os sedimentos de quartenário são representados pelas seguintes unidades geológicas: Depósitos Argilosos e Arenosos Fluviais Indiferenciados, Terraços Marinhos Baixos, Terraços Marinhos Altos, Depósitos Flúvio Lagunares, Leques Aluviais Coalescentes, Dunas, Depósitos Arenosos e Argilo-Arenosos Fluviais Indiferenciados. São representados por sedimentos fluviais encontrados ao longo das calhas principais e suas planícies de inundação. Contém sedimentos predominantemente arenosos com lentes finas de silte, argilas e cascalhos variados. Depósitos flúvio lagunares ( qf1 ): Ocorrem nas zonas baixas, próximos as desembocaduras dos rios Joanes e Jacuípe, na sua zona estuarina, onde são observados pântanos de água doce e manchas de manguezais. De modo geral contém sedimentos arenosos associados com lentes finas de silte, argila e cascalhos variados, e ao longo das planícies de 32 inundações das drenagens ocorrem em forma de depósitos irregulares siltosos ricos em material orgânico. Terraços marinhos altos (qt1): São constituídos predominantemente por sedimentos arenosos de granulação, variado de média a grosseira, com grãos subangulares de coloração clara. Apresentam-se em formas tabulares aplainadas ligeiramente e trabalhadas pela ação eólica. São bons armazenadores de água e bastantes permeáveis, podendo-se construir numa boa alternativa para captação de água para o uso residencial. Terraços marinhos baixos (qt2): Estão dispostos quase que em contato com os depósitos de praias atuais. São constituídos por areias bem selecionadas, com granulação variando de fina a médias e grãos variados de subangulares a angulares formando depósitos e que topograficamente não exceda as cotas de 6m. Leques aluviais coalescentes (qla) São constituídas por areias brancas de média e grossa textura, mal selecionada, contendo seixos com graus variados de arredondamento. Em geral estes depósitos apresentam boa permeabilidade e podem constituir zona de recarga de aqüíferos costeiros e lagoas situadas topograficamente em cotas mais baixas. Dunas: Ocorrem nas áreas próximas à desembocadura dos rios Joanes e Jacuípe três gerações de dunas: dunas internas, dunas externas e cordões de dunas. Estes depósitos foram formados a partir de processos eólicos constituídos por areias finas bem selecionadas, predominantemente quartzozas, originadas do retrabalhamento pelo vento de depósitos arenosos formados em outros ambientes. 33 As Dunas Internas são formadas por areias quartzosas bem selecionadas, bastante permeáveis e recoberta por restingas densas que as protegem da ação dos ventos. As Dunas Externas distribuem-se na porção externa das dunas internas e apresentam características mineralógicas e texturas semelhantes às dunas internas. Os Cordões de Dunas são depósitos constituídos por areias quartzosas, bem selecionadas associadas com fragmentos biogênicos bastante finos. Zólico vermelho amarelo: A região onde encontram-se inseridas as bacias hidrográficas dos rios Joanes e jacuípe apresenta uma gama variável de solos, os quais estão diretamente relacionados com os terrenos geológicos locais e consequentemente com as características das unidades geológicas, clima, relevo e vegetação. Os principais tipos de solos encontrados na região foram: Solo podzólico vermelho amarelo: Recobrem os tabuleiros, as vertentes em esplanadas, as colinas e as monoclinais que caem em declividades mais ou menos acentuadas. Na seqüência dos horizontes desses solos, o horizonte A tem textura granulométrico média a fina, o horizonte com forte acumulação de argilas tem textura fina. Vertissolos: São solos predominante argilosos, constituídos basicamente de argilas expansivas do tipo 2: 1. Apresentam seqüência de horizontes A e C, e são solos moderamente drenados a mal drenados. Areias quartizosas marinhas distróficas: Estes solos estão associados a áreas de ocorrência dos cordões litorâneos e/ou terraços marinhos holocênicos, sobretudo na faixa litorânea, mais precisamente próximo a foz do rio Joanes. Apresentam seqüência de horizontes A C, apresentando boa permeabilidade, drenagem interna rápida, proporcionando a 34 ocorrência de vegetação xerófita, restinga arbórea e arbustiva. São solos pobres em nutrientes e baixas fertilidades. Podzois: São solos arenosos e de modo geral associam-se as áreas de ocorrência do solo denominado de areias quartzosas distróficas. São solos relativamente profundos e pôr vezes hidromórficos estando associada com manchas de vegetação perinifólia que é favorecida pela presença do lençol freático a pequena profundidade, mesmo na estação seca. São ricos em matéria orgânica e estando associados aos locais de ocorrência de relevo plano. Ocorrem geralmente sobre sedimentos Qurtenário e Terciários (Grupo Barreiras). Solo gley húmico: Capeiam o fundo das várzeas dos rios (Camaçari, Muriqueira, Piaçabeira, Camboatã), são caracterizado pôr suas argilas de baixas atividades com alumínio inferior. São solos de textura argilosa a muito argilosa. Areias quartzosas distróficas: Apresentam-se em áreas de ocorrência de dunas brancas e/ou leques aluviais coalescentes. Caracterizam-se pôr apresentar partes de solo AC, com horizonte “A” humíferos onde ocorrem tufos de vegetação. São solos pobres em nutrientes e predominantemente constituídos de grãos de quartzo, daí a elevado acidez, não servindo para implantação de culturas. Indiscriminados de mangues: São encontrados em áreas de desembocadura do rio Joanes. Recebem influência direta das águas do mar caracterizando-se pôr apresentar excesso de sais, inundações constantes e ricas em matéria orgânica, proveniente da decomposição das espécies que compõe a vegetação típica de mangue. Latossolos: São solos que ocorrem geologicamente sobre a unidade Terciária denominada de Formação Barreiras. Apresentam em geral boa permeabilidade, profundos e muitos profundos, forte a moderadamente drenados e com boa 35 porosidade. Apresentam seqüência de horizontes A, B e C com transições geralmente difusas e com fertilidade natural baixa. Caracterização da Flora: O Município apresenta uma grande quantidadede ecossistemas com a predominância das seguintes formações vegetais: Gramíneo-lenhosa, Contato cerrado-restinga, Formações pioneiras com influência marinha (restingas14) arbórea, Floresta ombrófila densa15, Contato cerrado-floresta ombrófila, com influência fluviomarinha (mangue) arbórea (BAHIA, 1994). De acordo com o Copec (1974), os tipos de vegetação que ocorrem no território do município de Camaçari ocupam duas grandes zonas: a faixa costeira e a zona de tabuleiro. Na faixa costeira, observa-se vegetação típica de litoral, integrada ao desenvolvimento da cultura do coco e, em plano secundário, o desenvolvimento da cultura da manga e culturas diversificadas de subsistência, sobretudo em Monte Gordo e Barra do Jacuípe. Este revestimento vegetal substituiu a mata tropical atlântica, vegetação original da área, da qual ainda são visíveis alguns resíduos pouco representativos, sob a forma de agrupamentos isolados e degradados. Na estreita faixa junto à costa, as espécies vegetais mais encontradas são a salsa de praia (Cavanalia Obtusifolia) e, nas áreas alagadiças, o mangue branco (Lagemcularia Racemosa). 2.1.3 Aspectos Sócio-Econômicos Segundo Souza (2006), O histórico do Processo de Desenvolvimento Socioeconômico Municipal partiu da seguinte vertente; até meados da década de 50, Camaçari e as cidades vizinhas possuíam o setor primário como hegemônico, conformando-se uma economia local do tipo agro-exportador, supridora de parte do fluxo de bens primários (de subsistência) para o centro urbano regional mais importante (Salvador). A partir do início das atividades da Petrobrás, implantada em Mataripe e com a criação da Refinaria Landulfo Alves, o modelo prévio, de base primária, foi substituído gradualmente pela base de transformação industrial. Simultaneamente, o 36 movimento especulativo causado pela implantação da grande indústria favoreceu o aumento da renda diferencial da terra e o deslocamento dos ativos produtivos da agricultura para atividades mais modernas e com reduzido grau de absorção de mão de obra (Souza, 2006). O processo de valorização do espaço urbano de Camaçari desencadeado nos anos 50 foi reforçado pela entrada em operação da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), com o apoio do BNB (Banco do Nordeste do Brasil) e da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), que gestaram de fato, na década de 1970, as condições para a futura instalação do CIA (Centro Industrial de Aratu) e do COPEC (Complexo Petroquímico de Camaçari) e da Metalurgia do Cobre. A partir dos anos 70, Camaçari veio a receber contingente significativo de migrantes de regiões da Bahia e de outros Estados, atraído pelo ambiente favorável de emprego tendo assim, uma evolução demográfica (Souza, 2006). As projeções indicam que a população de Camaçari teve uma evolução demográfica a cada ano, por exemplo, entre 2000 e 2004, em torno de 3,64%, mais que a média anual do Brasil para áreas urbanas, que foi de 2,45%. Além do incremento decorrente da natalidade, a implantação da indústria automotiva no Município impactou essa taxa de crescimento da população, especialmente nos anos de 2003 para 2004, período em que se consolida a planta industrial em regime de 3 turnos. Camaçari, (2005). As projeções indicam que a população de Camaçari teve uma evolução demográfica a cada ano, por exemplo, entre 2000 e 2004, em torno de 3,64%, mais que a média anual do Brasil para áreas urbanas, que foi de 2,45%. Além do incremento decorrente da natalidade, a implantação da indústria automotiva no Município impactou essa taxa de crescimento da população, especialmente nos anos de 2003 para 2004, período em que se consolida a planta industrial em regime de 3 turnos Camaçari, (2005). A densidade demográfica de Camaçari é de 245 habitantes por quilômetro quadrado, considerada baixa se comparada à média da RMS, que é fortemente influenciada pelo índice da Capital. O município não apresenta um crescimento vertical acentuado, sendo a ocupação majoritariamente horizontal (Tabela 1). 37 Tabelas 1- Taxa de Crescimento Anual da População – 2000 a 2004 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2000/2004 População 161.727 166.780 171.845 176.545 184.399 Taxa%. Crescimento 3,12% 3,12% 2,73% 5,58% 15% Fonte: IBGE, 2004 A maioria da população (95%) se encontra na cidade de Camaçari, caracterizando o Município como essencialmente urbano. Mas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de 1991 a 2000, O último censo demográfico, a população de Camaçari passou de 113.639 habitantes para 161.727. Os números correspondem a uma média de crescimento anual de 4,16%%. No período de 1991 a 2000, último censo demográfico, a população de Camaçari passou de 113.639 habitantes para 161.727, respectivamente. Os números correspondem a uma média de crescimento anual de 4,16%. Ainda segundo o IBGE (2010), a estimativa populacional do Município em 2009 é de 234.558, um aumento de pouco mais de 45% em relação aos últimos nove anos (Tabela 2). Tabelas 2- Crescimento Anual 1991/2009 Fonte: IBGE, 2004 Ano População 1991 113.639 1996 133.929 2000 161.727 2007 220.495 2009 234.558 Fonte: IBGE, 2010 38 De acordo com o IBGE (2010), o gráfico abaixo mostra o crescimento demográfico dos últimos nove anos em Camaçari. (Fig. 3) Fonte IBGE, 2010 Figura 3 - Crescimento demográfico de Camaçari no período de 1991 a 2009 Sendo assim, um dos motivos da evolução demográfica no município foi à oferta de emprego que o pólo petroquímico trouxe para a cidade, isso deu na época a oportunidade de empregos para pessoas qualificadas ou não aumentando também a competitividade e automaticamente fazendo com que as pessoas qualificadas deixassem o seu lugar de origem, para morar em Camaçari. De acordo com Camaçari (2005), o Município pode ser caracterizado como um município importador de mão de obra, majoritariamente pouco qualificada para os padrões industriais e com uma população residente pressionadora de oferta por serviços públicos, inclusive não governamentais. A densidade demográfica de Camaçari é de 245 habitantes por quilômetro quadrado, considerada baixa se comparada à média da RMS, que é fortemente influenciada pelo índice da Capital. O município não apresenta um crescimento vertical acentuado, sendo a ocupação majoritariamente horizontal (IBGE, 2010) (Tabela 3). 39 Tabelas 3- Densidade Demográfica Anual de Camaçari Região População Área Densidade (hab/km²) Bahia 2003 13.435.612 564.692 23,79 RMS 2004 3.183.327 2.837 1.122,00 Salvador 2003 2.556.429 706 3.616,00 Camaçari 2003 176.451 759 232,35 Camaçari 2004 186.399 759 245,58 Camaçari 2007 220.495 759 290,50 Camaçari 2009 234.558 759 390,03 Fonte: IBGE, 2011 A maioria da população (95%) se encontra na cidade de Camaçari, caracterizando o Município como essencialmente urbano. Um dos motivos da evolução demográfica no município foi à oferta de emprego que o pólo petroquímico trouxe para a cidade, isso deu na época a oportunidade de empregos para pessoas qualificadas ou não aumentando também a competitividade e automaticamente fazendo com que as pessoas qualificadas deixassem o seu lugar de origem, para morar em Camaçari. De acordo com Camaçari (2005), o Município pode ser caracterizado como um município importador de mão de obra, majoritariamente pouco qualificada para os padrões industriais e com uma população residente pressionadora de oferta por serviços públicos, inclusive não governamentais. De acordo com TCRE Engenharia (2000), o descompasso entre o aumento da oferta de trabalho no Póloe o fluxo migratório ocorrido fez com que a Sede Municipal passasse a abrigar bolsões de miséria, assistindo-se um processo de favelização continuado que tinha por estopim a massa de indivíduos de pouca qualificação que invadira a cidade nesse período. De acordo com informações da Juceb/BA (1995), e do Censo Industrial do IBGE para 1980, o número de estabelecimentos industriais em Camaçari entre 1980 e 1995, devidamente agregados para fins de comparação pode ser observado na tabela 4 40 Tabelas 4 – Estabelecimentos Industriais por Ramos de Atividade em Camaçari Ramos 1980 1995 Mineral Não-Metálico 21 67 Metalurgia 4 74 Madeira 2 30 Química 35 111 Diversos 42 1427 Total (Col.) 104 1709 Fonte: JUCEB/1995 Como demonstra a tabela 4, o maior crescimento percentual entre os dois períodos, foi o do setor de Metalurgia, seguido do setor de Madeira, enquanto a indústria química aumenta em percentual menos significativo, apesar de representar, em 1995, 6,50% do total de estabelecimentos industriais do município. No entanto, os itens diversos, que englobam uma série de atividades, cuja forma de catalogação seguida pela JUCEB e Censo Industrial é diferente, suportam atualmente importantes setores como o de construção e produtos alimentares, que passaram a representar papel significativo na economia municipal. Para tucci (2008), um dos indicadores de desenvolvimento do município e a População, que se especifica em; taxa de crescimento, migração e densificação urbana. De acordo com Camaçari (2005), a escolha de Camaçari como local para instalação de um dos maiores parques industriais da América Latina foi fator decisivo na estruturação do perfil sócio-demográfico do Município. Sua localização na Região Metropolitana de Salvador e a grande proximidade da Capital — com forte potencial de atração de mão de obra, aliada à conformação espacial do desenvolvimento econômico da Bahia — moldaram duas tendências associadas. A primeira é representada por um fluxo de imigração relativamente constante de pessoas em busca de oportunidades, diretamente proporcional aos ciclos de crescimento do setor industrial e à redução da atividade econômica em outras regiões do Estado. Embora os estudos sejam insipientes, os dados de crescimento populacional constatam essa correlação, mas ocultam sua dinâmica qualitativa interna, revelada apenas em análises muito específicas. Há que se identificar, por exemplo, o fluxo de trabalhadores que se fixam temporariamente para atender a demandas originárias do processo de instalação ou 41 expansão de plantas industriais; aqueles que, após o serviço temporário, fixam residência pela ausência de alternativas em outros locais; e aqueles que efetivamente elegem o Município pela possível oferta de empregos, ou em conseqüência da ocupação de um cargo. Cada motivação de migração e perspectiva de temporalidade produz impactos distintos nas políticas e nos serviços públicos municipais. No entanto, o descompasso entre o aumento da oferta de trabalho no Pólo e o fluxo migratório ocorrido fez com que a Sede Municipal passasse a abrigar bolsões de miséria, assistindo-se um processo de favelização continuado que tinha por estopim a massa de indivíduos de pouca qualificação que invadira a cidade nesse período (Fig 4.). Fonte: Camaçari, 1975 Figura 4: Fluxo Migratório A história recente do arranjo urbano de Camaçari é profundamente marcada pela implantação do COPEC no município, com todos os seus impactos intrínsecos sobre a organização social da produção, relações de trabalho e inter- relacionamentos entre as esferas produtivas e comerciais. As peculiaridades tecnológicas e industriais do setor petroquímico geram forte tendência à aglomeração locacional das empresas petroquímicas, que tendem a reunir-se em “complexos” ou “pólos”, os quais favorecem a formação de economias externas traduzidas nas reduções do custo global e maior segurança no transporte de substâncias tóxicas e corrosivas entre as empresas. A instalação de um parque tecnológico moderno e altamente intensivo em capital favorece ainda a ampliação da base de oferta de mão-de-obra qualificada, concentrada espacialmente. 42 Segundo TCRE Engenharia (2000), o modelo de industrialização preconizado para o Estado da Bahia, que experimentou seus primórdios nos anos 50 com a implantação da Petrobrás e o ápice com a inauguração do Pólo de Camaçari, mostrou-se de certa forma restrito espacialmente à RMS, com desprezível impacto multiplicador sobre o restante da economia baiana. Por outro lado, o emprego gerado na COPEC revestia-se de caráter especializado e de alta produtividade, contrastando vivamente com o tipo de atividade tradicional predominante, tecnicamente rudimentar e de baixa produtividade, O lado tipicamente subdesenvolvido da organização da produção se manifestava não obstante na dualidade existente entre o emprego moderno nas indústrias de grande porte do Pólo (atualmente responsáveis por 30% das exportações baianas e vendas de US$400 milhões/ano) pagadoras dos salários mais elevados versus o emprego das empresas prestadoras de serviços, que exigia baixa qualificação e oferecia reduzido nível de remuneração. Tais condições redundaram, sobretudo, em empregos de maior qualidade para indivíduos residentes em Salvador, enquanto a população local ou se via empregada na indústria de apoio, com ocupações de baixa qualidade, ou sobrevivia na informalidade, no limiar da linha de pobreza. (TCRE Engenharia, 2000) Para o COFIC (2011), o Complexo Industrial de Camaçari COPEC, criado em 1978, é o maior parque industrial da América Latina, sendo constituído por 72 empresas químicas, petroquímicas e de outros ramos de atividade como indústria automotiva, celulose, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas e serviços. Este Complexo atende a mais da metade das necessidades de produtos químicos e petroquímicos do país, com um faturamento anual de aproximadamente US$ 5 bilhões, o que confere ao Estado da Bahia credibilidade nacional em função do elevado grau de competitividade de seus produtos, baseados em padrões de qualidade internacional e na alta produtividade (acima de 8 milhões de t/ano de produtos químicos e petroquímicos básicos, intermediários e finais). Além disso, o COPEC gerou um impacto social muito grande, desenvolvendo cidades adjacentes como Camaçari e Dias D’Ávila, principalmente pela arrecadação de impostos e geração de empregos, que atualmente chegam a 12 mil diretos e 11 mil indiretos, através de empresas contratadas. 43 Na década de 1970, o II Plano Nacional de Desenvolvimento - PND indicava a necessidade de elevação da produção de insumos básicos, e esse viés da política de substituição de importações beneficia a Bahia, o maior produtor de petróleo. São criados modelos de gestão e investimentos, e é instalado o Complexo Petroquímico de Camaçari – COPEC, opção que triunfa na disputa entre as alternativas de investimentos que envolviam os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul para abrigar o 2º Pólo Petroquímico do Brasil.(Camaçari, 2005). A partir daí, o perfil da economia baiana se altera, e a indústria, que contribuía com 15% do PIB baiano em 1975, passa a representar 25% em 2000, e 29,88% em 2003. Na esteira dessas inversões industriais, o setor serviços também se desenvolve, passando a representar mais de 50% do PIB. A Bahia experimenta um intenso crescimento entre 1975 1985 com as operações do Pólo Petroquímico, vindo a desacelerar após 1985 até a década de 90, em decorrência do agravamento das condições macroeconômicas do país. No vácuo de uma política de âmbito nacional voltada para a atração e a descentralização de investimentos, os estados passaram a adotar estratégias próprias e concorrentes, incluindo a concessão de incentivos cujadisputa ficou conhecida como “guerra fiscal”. É nesse cenário que o governo baiano persegue a diversificação da matriz produtiva do estado, em especial a criação de condições para as indústrias de transformação automotiva e termoplástica. No final dos anos 90, um conjunto de incentivos foi negociado para a implantação da Hyundai, que não se concretizou. Mas a partir de 2001 a economia baiana volta a ser impulsionada com a implantação do Pólo Automotivo, viabilizado com a Ford. Do ponto de vista do Município, o impacto desse processo foi definitivo. De local caracterizado pelos seus lugarejos aprazíveis e com uma economia agrícola pouco expressiva, passou a ser objeto descendentes, que o transformaram num dos maiores centros de produção industrial da América Latina. Essa opção estratégica de predominância por investimentos industriais concentrados na RMS, contudo, não foi acompanhada de ações de incentivos à diversificação das economias locais e, no caso de Camaçari, pela estruturação de setores de serviços, comércio e turismo capazes de dar conta de alternativas de emprego e renda. Esse fato, aliado à proximidade com a Capital, traçou uma trajetória hoje caracterizada por um baixo dinamismo e um dinamismo periférico 44 dessas atividades econômicas relativamente a Salvador e outros municípios da Região. Uma idéia do perfil desse modelo econômico e da sua repercussão pode ser dada através da relação entre o Produto Interno Bruto da Bahia, da RMS e do Município. O PIB total do Estado acumulado de 2000 a 2003 foi de R$ 235.715,73 bilhões de reais, apresentando um crescimento nominal médio, no período, da ordem de 15,03 %, sendo que o PIB da RMS, neste mesmo intervalo de tempo, foi de R$ 122.222,35 milhões de reais, representando 51,85% do PIB estadual, com crescimento nominal médio de 14,63%. Camaçari colaborou com R$ 34.162,30 milhões, apresentando um crescimento nominal médio de 24,76% e um crescimento real médio de 13,63%. (Camaçari, 2005) O PIB de Camaçari em 2003 superou o PIB de Salvador, totalizando respectivamente R$12.231,64 e R$ 11.967,56 milhões de reais, sendo alavancado, principalmente, pelo setor industrial, que apresentou um crescimento nominal de 55,59% e real de 42,35 % em relação a 2002, representando 29,88% do PIB industrial do Estado, que cresceu nominalmente a 31,19 %, no mesmo período. O PIB do setor terciário ou setor de serviços de Camaçari apresentou um crescimento nominal de 24,73% em 2003 com relação a 2002, representando 4,52% do PIB de serviços do Estado e 10,04% da RMS, que apresenta Salvador como principal pólo de serviços da Região, representando 68,81% do PIB do setor de serviços. Já o setor agropecuário representou 0,09% do PIB de Camaçari em 2003, representando um crescimento nominal médio no período de 2000 a 2003 de 2,15%. No Brasil Camaçari ocupa a 19ª colocação, correspondente a 0,62% do PIB Nacional e 8º lugar ou 1,20% do PIB Industrial Nacional. (Camaçari, 2005) 2.1.4 Aspecto Ambiental de Camaçari Camaçari possui uma grande área costeira com 42 km de extensão, assim com muito lagos rios e lagoas. Na faixa litorânea o maciço de dunas o sistema de lagoas de várzeas os povoados assentados na restinga as formações de praias e os recifes ou quebra mar natural constituem, um conjunto parasidíaco muito rico e deslumbrante (A Tarde, 2006). Como a maior parte dos aspectos naturais de Camaçari, a vegetação também se caracteriza de duas formas: costeiras e a dos tabuleiros. A vegetação costeira e formada pela presença de manguezais e muitos 45 coqueiros. Uma vegetação exuberante, e não primária também é encontrada principalmente na bacia do jacuípe. Nas dunas aparece vegetação rasteira e arbustiva. Mandacarus podem ser vistos com freqüência alem das orquídeas e das plantas hidrófilas das lagoas e das várzeas. Arquivos do jornal A Tarde (2006), a vegetação dos tabuleiros passa por uma mata clara, com cobertura vegetal que se desenvolveu após o desmatamento ou degradação da vegetação original. As espécies predominantes são o mucuri e a aroeira. Coqueiros, mangueiras e dendezeiros também fazem parte dessa área. Existe também uma formação de cerrado com arbustos tortuosos e de pequeno porte ao redor do centro do município. O desmatamento é um dos principais problemas ambientais na região de Camaçari. Além da exploração de madeira durante período colonial, a população, por muito tempo, tirou o seu sustento da fabricação de carvão, o que causou o fim de “madeira de leis” e da própria arvore Camaçari. Os principais rios que compõem a bacia fluvial de Camaçari são o joanes, pojuca e o jacuípe. O primeiro e o responsável pelo abastecimento de água em salvador e recôncavo. Entre os afluentes do joanes estão o rio Camaçari, catú, jacaré e ipitanga e esta bacia drena o limite norte do município. O segundo, que se desloca na área central do município tem como principal afluente os rios capivara grande capivara pequena e Genipabu O terceira, pojuca, demarca o limite norte do município. O território de Camaçari possui uma fauna diversificada nele encontram-se coelhos, jararacas, jibóias, muitas aves e mamíferos de pequeno porte. A região é muito rica de diferentes espécies de insetos. Caranguejos, siris e uma infinita variedade de peixes são encontrados nos rios, lagoa e mangues da região. A presença de cações, golfinhos, tartarugas, crustáceos, peixes e moluscos, são comuns nos mares e recifes do Município. A presença do pólo petroquímico e de outras indústrias e com todo crescimento, trouxeram também, bastante impacto ambiental, como o aumento da poluição do ar e das águas. Gases liberados pelas indústrias trazem risco à população. A criação da Cetrel e o investimento realizado pelo complexo petroquímico, em segurança ao meio ambiente, têm sido mecanismos ainda insuficientes para minimizar esses problemas. 46 O crescimento dos condomínios, principalmente no litoral camaçariense, desencadeados pelo primeiro loteamento de Camaçari, o Jardim Brasília em 1959, contribuiu para modificar o meio ambiente da região (A Tarde, 2006). Áreas foram desmatadas, dunas foram destruídas, lagoas e manguem foram aterrados. O fluxo de automóveis aumentou muito e com isso, a emissão de monóxido de carbono na atmosfera local cresceu bastante. Nesse momento, ainda existe grandes possibilidades de um maior crescimento da industrialização, aumento de números de condomínios, loteamentos, hotéis e um fluxo maior de trabalhadores e turistas. O mau uso da natureza de Camaçari pode acarretar problemas ainda mais graves ao meio ambiente, com a poluição do solo, ar e água por atuais e novos produtos industriais, combustível de embarcação mal conservada, lixo deixado pelos visitantes ale das modificações que são feitas, ao redor destes locais, para poder receber cada vez mais os turistas. A estação meteorológica de Camaçari foi instalada em 1977. No litoral, a taxa de insolação é em média 60% das 4380 horas anualmente possíveis. Um índice privilegiado para as atividades turísticas ao ar livre, superior ás verificadas em cidades como Rio de Janeiro, Vitória e Florianópolis. Ate a década de 1970, veranista do Brasil e do mundo, praticavam em Camaçari, a técnica medicinal da lamaterapia, que consistia em colocar sobre o corpo, lama magnesiana fortemente encontrada no Rio Camaçari. Varias paisagens naturais são utilizadas hoje pela população e pelos turistas para o lazer, a prática do esporte e a pesca, a exemplo dos rios jacuipe e pojuca, neste, inclusive, existem as únicas corredeiras da região, o que exige cuidados e preocupações (A Tarde, 2006). 2.2 CARACTERIZAÇÃO DO RIO CAMAÇARI Com uma extensão de aproximadamente 12 quilômetros, o Rio Camaçari nasce no bairro Parque das Palmeiras, nas mediações do Hospital Geral de Camaçari, e no Parque Florestal, dentro do Anel
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