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46
Unidade II
Unidade II
Nesta unidade, discutiremos com detalhes os processos envolvidos para que o produto para a saúde 
seja utilizado de forma segura pelas unidades consumidoras e pelos pacientes. Detalharemos o processo 
de limpeza e de secagem, as embalagens de esterilização, os métodos de esterilização, o armazenamento 
e a distribuição, até chegarmos ao monitoramento do processo e sua garantia de qualidade. 
O enfermeiro tem papel fundamental nesse processo e deve participar ativamente em todas as etapas, 
supervisionando e estabelecendo rotinas e procedimentos operacionais que deverão ser rigorosamente 
seguidos por toda a equipe de enfermagem do CME. 
Compreenderemos as etapas que trarão segurança ao uso de materiais e produtos para a saúde diversos, 
além dos tipos de esterilização, desinfecção, suas vantagens e desvantagens e melhores escolhas.
5 LIMPEZA
A limpeza é uma etapa fundamental do processamento de produtos para a saúde. A limpeza é a 
remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas de sua superfície, visando reduzir os microrganismos e 
resíduos, sejam eles químicos, orgânicos, proteínas, sangue, biofilmes ou endotoxinas (SOBECC, 2013). 
Antes de continuarmos a abordar o processo de limpeza, discutiremos alguns conceitos importantes 
para a continuidade do assunto. 
5.1 Conceitos de microbiologia
Alguns conceitos presentes e encontrados na microbiologia serão de extrema importância para a 
compreensão do processo de esterilização e suas etapas. O enfermeiro do CME deve compreender e 
treinar sua equipe tendo em vista a importância desses conceitos e a sua constante revisão para a 
qualidade do trabalho e processo de esterilização no CME.
5.1.1 Biofilme
O biofilme consiste em multicamadas de células bacterianas ou fungos agrupados e envoltos em um 
material extracelular amorfo, composto por exopolissacarídeos de origem bacteriana que têm por função 
unir as células firmemente à superfície dos biomateriais e entre elas, formando uma matriz extracelular 
composta, fundamentalmente, de carboidratos e proteínas, mas também de DNA extracelular e detritos 
de células mortas. 
Alguns microrganismos têm mais facilidade de formação de biofilme, pois essa facilidade depende 
da hidrofobicidade da célula, da presença de flagelos ou fimbrias e da capacidade de produção de 
47
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
exopolissacarídeos. Em produtos para a saúde, os microrganismos mais relevantes para a formação do 
biofilme são: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus viridans, Escherichia 
coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa, micobactérias e diversos fungos 
(SOBECC, 2013).
Figura 24 - Esquema de formação do biofilme em uma superfície – por exemplo, um produto para a saúde usado na assistência 
ao paciente. É fundamental que a limpeza garanta a retirada do biofilme para o sucesso da esterilização ou desinfecção
O biofilme pode ter sua formação iniciada poucas horas após o começo do uso do material, e sua 
prevenção pode partir da limpeza precoce desse material, ou seja, não podemos esperar pelo processo 
de limpeza, ele deve ter início o mais cedo possível (SOBECC, 2013).
Remover o biofilme dos materiais é um desafio, porém já sabemos que o uso de métodos 
mecânicos de limpeza, como fricção com aparatos adequados e ultrassonografia (lavadora 
ultrassônica), podem contribuir na retirada do biofilme da superfície dos produtos (GRAZIANO; 
SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
5.1.2 Endotoxinas
Conforme Graziano, Silva e Psaltikidis (2011), quando ocorre a ruptura da parede celular da bactéria 
e o lipossacarídeo é liberado para o meio ambiente, ele é denominado endotoxina, toxina que pode 
causar febre no hospedeiro e resultar ainda na lise de suas células sanguíneas.
O componente da membrana celular bacteriana se constitui de lipossacarídeos, fosfolipídeos e 
proteínas que, quando liberadas na circulação sanguínea, podem ser tóxicas para o ser humano.
48
Unidade II
Endotoxina
Figura 25 - Esquema estrutural/visual de uma endotoxina do microrganismo Bacillus thuringiensis 
As endotoxinas representam preocupação no processo de limpeza do CME, pois seus resíduos no 
material podem causar reações chamadas de pirogênicas, ou seja, febre, tremores e desconforto intenso, 
o que muitas vezes é confundido com processo infeccioso.
Preocupação adicional se configura nos materiais que entrarão em contato com o líquor, o sistema nervoso 
central, a corrente sanguínea e a câmara anterior do olho. Ainda representam preocupação em pacientes 
ortopédicos, como aqueles submetidos a cirurgias de próteses ósseas (GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
A estratégia para diminuir a quantidade de endotoxinas dos produtos após o procedimento de 
limpeza está relacionada à qualidade da água no enxágue dos materiais, como discutiremos adiante.
5.1.3 Estrutura celular bacteriana
A seguir, apresentamos a estrutura celular bacteriana para melhor compreensão do processo de 
limpeza, sua importância e recomendações.
Membrana plasmática
Inclusão
Cápsula
Parede Celular
Membrana 
plasmática
Fimbrias
Flagelos
Plasmídeo
Área nuclear 
contendo DNA
Cápsula
Citoplasma
Ribossomos
Parede celular
Figura 26 - Estrutura celular da bactéria
49
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
De acordo com Tortora, Berdell e Funke (2005), estrutura celular bacteriana é formada por uma 
célula procariótica (não possui membrana nuclear e o seu material nuclear encontra-se disperso no 
citoplasma) constituída de:
•	 Membrana celular: na maioria dos gêneros, atuam na produção de energia para a célula, 
além de possibilitar a troca de substâncias com o meio externo. 
•	 Citoplasma: líquido de consistência viscosa com presença de enzimas e metabólitos. Grande 
parte do metabolismo das células bacterianas ocorre no citoplasma. Os ribossomos ficam 
espalhados pelo citoplasma.
•	 Ribossomos: composto por DNA que forma uma única cadeia circular em hélice dupla. 
Apresenta dobras, porém a camada protetora é ausente. Os cromossomos das bactérias estão 
localizados no citoplasma.
•	 Plasmídeo: estrutura responsável pela autoduplicação (forma de resistência) da bactéria.
•	 Cápsulas: com grande presença de água, essas cápsulas ficam ao redor da parede celular. 
Além de favorecerem a aderência ao substrato, também ajudam as bactérias a resistirem ao 
processo de fagocitose.
•	 Esporos: formam uma camada protetora em alguns gêneros de bactérias, tornando-as mais 
resistentes a mudanças ambientais que ameacem sua sobrevivência. Também atuam na 
proteção contra agentes químicos e físicos.
•	 Parede celular: fica ao redor da membrana plasmática e tem como principais funções garantir 
a proteção celular e dar formato à célula bacteriana. Essa parede protetora é forte e densa.
•	 Flagelo: apêndices alongados e finos compostos por uma proteína chamada flagelina. Essa 
estrutura é responsável pela locomoção de algumas espécies de bactérias. Portanto, nem 
todas as bactérias possuem flagelos.
•	 Plasmídeo: partículas de DNA que são trocadas pelo pili, quando este se liga ao de uma 
outra bactéria.
•	 Pilis: são filamentos formados por tubos curtos e em grande quantidade. Embora parecidas 
com os flagelos, não possuem função locomotora. A função das fimbrias varia de espécie 
para espécie. Em algumas, desempenha o papel de fixação em substratos e, em outras, exerce 
a troca de ADN em processos parassexuais.
5.1.4 Príons
Os príons são considerados os agentes causadores de doenças degenerativas do sistema nervoso 
denominadas encefalopatias espongiformes transmissíveis. São agentes proteináceos pequenos, não 
50
Unidade II
convencionais, tendo como característica não possuir nenhum ácido nucleico (RNA e DNA) detectável 
pelos métodos atuais. Entre as doenças causadas por príons, temos a mais epidemiologicamente 
relevante, que é a doença de Creutzfeld-Jakob (GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
Figura 27 - Estrutura do príon 
 ObservaçãoOs príons são agentes causadores de doenças fatais, degenerativas e 
progressivas. A doença conhecida como doença da vaca louca é um exemplo 
de doença causada por príons. Essa doença causa lesões no encéfalo, na 
medula e nos nervos periféricos. O príon entra em contato com o encéfalo 
do hospedeiro, causando mutação no gene que codifica o príon normal; 
a seguir, as células anormais se agregam e formam depósitos amiloides e 
fibrilas, doença conhecida como encefalopatias espongiformes. Qualquer 
desconfiança da doença deve ser imediatamente comunicada ao CME para 
tratamento do material de maneira diferenciada, em particular com longos 
ciclos de esterilização na autoclave a vapor.
A proteína priônica se concentra no tecido nervoso (incluindo dura-máter) e no cérebro, sendo 
considerada de alto risco de transmissão. Os materiais contaminados, ou com suspeita de contaminação, 
por príons devem ser processados de maneira especial. Discutiremos seu processamento mais adiante 
(GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
5.1.5 Carga microbiana: bioburden
Conforme Graziano, Silva e Psaltikidis (2011), bioburden é o termo usado para se referir ao volume 
estimado e ao tipo de contaminantes em um objeto a ser esterilizado. O bioburden é considerado a 
população viável de microrganismos em um produto ou pacote. 
51
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
5.1.6 Resistência dos microrganismos
A resistência acontece por meio de mutações espontâneas ou transferência de conteúdo genético 
dos microrganismos. Pode se dar por exposição repetida a concentrações subideais de agentes 
germicidas – por exemplo, falhas do processo de fabricação e manipulação ou utilização do produto em 
concentrações não adequadas. 
5.1.7 Morte microbiana
A morte microbiana se dá com a contagem de número de sobreviventes após o contato com um 
agente destrutivo. Essa morte pode ser identificada quando ao ser inoculado a um meio de cultura, o 
microrganismo não é capaz de se reproduzir. 
Para o processo de esterilização, é requerido um nível de segurança de esterilidade de 10-6, sendo esse 
número definido como margem de segurança nos processos de esterilização, ou seja, a probabilidade de 
encontrarmos um microrganismo viável em determinado material após o processo de esterilização deve 
ser de 0,000001 – portanto, uma chance em 1.000.000 itens esterilizados. 
No gráfico que mostramos na figura a seguir, temos o exemplo da determinação de morte de 
uma população bacteriana, sendo que o número de segurança 106 é alcançado gradativamente, com 
a liberação da energia até atingir o sterility assurance level (SAL), considerado ideal no processo de 
esterilização e morte microbiana (POSSARI, 2010). 
1.00106
105
104
103
102
101
100
0 1 2
Tempo (min)
3 4 5 6
Decréscimo de um log =
90% da população eliminada
Lo
ga
rit
m
o 
do
 n
úm
er
o 
de
 so
br
ev
iv
en
te
s m
ic
ro
bi
an
os
750
500
250
100
Figura 28 - Sterility assurance level. É considerado ideal dentro do 
processo de esterilização o número 106, ou seja, a cada ciclo logarítmo, 
haveria cada vez menores chances de microrganismos viáveis de reprodução 
52
Unidade II
5.2 Tipos de limpeza
A limpeza pode ser realizada basicamente de duas formas distintas: manual e mecânica ou automatizada.
5.2.1 Limpeza manual
A limpeza manual se inicia com a adoção de um local para recepção dos produtos. Deve-se lavar 
peça por peça do material, mantendo-as submersas em água para evitar a formação de aerossóis. 
Deve-se imergir o material em solução detergente, em cubas de tamanho adequado, e após o tempo 
determinado pelo fabricante, o produto deve ser friccionado por cinco vezes, com escovas não abrasivas, 
seguindo a direção das ranhuras.
As escovas utilizadas no processo devem ser exclusivas para essa finalidade, evitando-se o uso de 
esponjas abrasivas que possam causar danos ao material. Além disso, as escovas devem ser inspecionadas 
e substituídas sempre que necessário e também ser limpas a cada uso para evitar que acumulem sujidade 
e se proliferem microrganismos (GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
Ainda encontramos muitos serviços que usam a limpeza manual rotineiramente, apesar de suas 
limitações e falta de uniformidade do processo por diferentes profissionais, ou seja, cada profissional 
acaba realizando a limpeza de uma forma, às vezes com critérios diferentes, o que acaba por comprometer 
o resultado. A limpeza manual deveria ser indicada para alguns tipos de materiais, ou seja, aqueles 
delicados que não suportariam o processo automatizado de limpeza nas lavadoras desinfetadoras 
(POSSARI, 2010; GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011). 
De acordo com Graziano, Silva e Psaltikidis (2011), o tipo do produto para a saúde pode determinar a 
facilidade ou mesmo a necessidade de limpeza manual, como aqueles com lúmens menores que 1 mm 
de diâmetro, múltiplos canais internos e canulados de fundo cego. 
Outros materiais que configuram desafio à limpeza são aqueles irregulares ou porosos e com 
frestas, articulações, encaixes, braçadeiras, superfícies rugosas e ranhuras, ou ainda os que têm junções, 
mecanismos de acionamento de pinças, conexões tipo luer lock, ângulos, entre outros. 
Outro material que representa desafio ao processo de limpeza são os endoscópios, pois são 
sensíveis, possuindo vários lúmens estreitos e longos, estrutura flexível e delicada, com inúmeras 
reentrâncias e encaixes.
53
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Figura 29 - Dependendo da conformação do material podem ser necessárias escovas 
específicas – por exemplo, escovas para fricção de lúmens
Figura 30 - Não se recomenda o uso de esponjas como a apresentada na figura, em especial 
a face abrasiva verde. Além disso, a retenção de água na esponja facilita que ela seja um meio de cultura
Figura 31 - Endoscópios flexíveis são desafiadores ao processo de limpeza devido à sua complexidade
54
Unidade II
Figura 32 - O endoscópio rígido é um exemplo de produto para a saúde que precisa passar pela 
limpeza manual,pois não resiste ao processo de limpeza automatizado por sua característica delicada
O material de videocirurgia também é outro desafio, pois possui diversas peças, apresenta alto custo, 
é muito diverso e usado com frequência cada vez maior e ainda requerem treinamento intensivo da 
equipe para o seu processamento seguro. Alguns materiais de vídeo são permanentes, ou seja, podem ser 
processados por diversas vezes, e outros são descartáveis, ou seja, de uso único, devendo ser desprezados 
após seu uso. O que vemos na prática é que o material, devido ao seu custo alto, é reutilizado, mesmo 
sem protocolos ou procedimentos seguros que possam assegurar o uso sem risco aos pacientes (POSSARI, 
2010; GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011). 
As desvantagens da limpeza manual se relacionam ao risco ocupacional, variações de técnicas entre 
os profissionais, acidentes com materiais perfurocortantes e contato constante com umidade, produtos 
químicos e aerossóis gerados durante o processo de escovação. Outro fator que se configura como 
desvantagem é o tempo gasto nesse processo (POSSARI, 2010). 
Todas as peças devem ser recebidas no CME na área de limpeza, área também chamada de expurgo. 
Nela, o profissional do CME realiza a pré-limpeza, que seriam jatos de água para remoção da sujidade 
grosseira, e submeter o material ao processo de limpeza o mais rápido possível, para assim facilitar a 
remoção da sujidade aderida em reentrâncias. 
A limpeza manual deve ser realizada com uso de água, escovas e detergente. Todos os produtos 
devem ser lavados desmontados, lavando-se peça por peça, friccionando sua superfície, com o material 
submerso no detergente, evitando dispersão de aerossóis. 
55
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Aplicar jatos de água, por meio de mangueiras com bicos ou pistolas, pode auxiliar na remoção da 
sujidade, sempre realizando enxágue abundante com água corrente e encaminhando o produto para o 
processode secagem (SOBECC, 2013).
5.2.2 Limpeza automatizada
A limpeza automatizada é aquela que utiliza lavadoras no processo de limpeza; portanto, 
possibilita a reprodutividade do processo e o controle dos parâmetros, além de minimizar os 
riscos ocupacionais. 
As lavadoras, conforme já mostramos anteriormente, são máquinas que usam jatos de água sob 
pressão, além das lavadoras ultrassônicas. As lavadoras desinfetadoras realizam a termodesinfecção no 
final do ciclo, sendo conhecidas como lavadoras termodesinfetadoras. 
Elas são programadas para ciclos de pré-lavagem com água fria, ciclo de lavagem propriamente 
dito e enxágue. Quando realizam a termodesinfecção, usam água a alta temperatura e, ao final do ciclo, 
utilizam água deionizada ou de osmose reversa. O ciclo também inclui secagem com ar quente, por meio 
dos braços rotativos (SOBECC, 2013). 
Alguns fatores podem influenciar diretamente na qualidade da limpeza dos produtos para a saúde, 
sendo eles a qualidade da água, o detergente e a configuração do produto.
Como já tratamos anteriormente, a configuração do produto para a saúde está relacionada a sua 
conformação complexa, ou seja, quanto mais complexo o produto, maior a dificuldade de sua limpeza. 
Alguns produtos são fabricados com matéria-prima de difícil remoção de sujidade, e por esse motivo 
recomenda-se que existam procedimentos operacionais padronizados para cada tipo de produto a ser 
limpo no CME.
Entre as vantagens da lavagem automatizada encontramos a reprodutividade do processo, o controle 
de parâmetros e a minimização de riscos ocupacionais. Destacamos que mesmo utilizando as lavadoras 
automatizadas, há necessidade de uso de EPIs completos, pois existem o risco ocupacional relativo aos 
aerossóis e os riscos biológicos presentes em todo o processo de limpeza dos produtos no expurgo, ou 
seja, na área contaminada (SOBECC, 2013). 
A seguir, trataremos da qualidade da água e sua importância no processamento dos produtos para 
a saúde.
5.2.3 Qualidade da água
A água deve atender a padrões mínimos de qualidade para que possa ser utilizada no processamento 
dos produtos para a saúde. Dentre esses padrões, encontramos a potabilidade, mas para o uso em CME, 
ser potável não é a única característica necessária à água.
56
Unidade II
Figura 33 - Área de limpeza de produtos para a saúde. Máquinas e pias profundas de inox compõem essa área
 
Figura 34 - Pia profunda no CME pode diminuir os riscos e auxiliar no 
processo de limpeza manual dos processos para a saúde
A água pode conter microrganismos (bactérias gram-negativas e micobactérias), endotoxinas 
(causadores de reações pirogênicas, como visto anteriormente), carbono orgânico (indica que a água 
pode ter material proveniente de microrganismos, plantas e animais), pH (níveis extremos podem 
57
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
interferir na ação de detergentes), dureza (concentração de carbonato de cálcio e presença de sais, de 
cálcio e de magnésio), íons de ferro, cobre e manganês, que podem causar manchas nos produtos e nos 
equipamentos (SOBECC, 2013). 
Possari (2010) afirma que a água fria pode ser eficaz na remoção de resíduos de sangue, mas a 
água quente é superior na remoção de outros tipos de sujidade, como gorduras. Portanto, recomenda-
se que no CME tenha água fria e quente. O calor também atua como catalisador e aumenta a eficácia 
dos detergentes. 
A qualidade insatisfatória da água pode provocar oxidação das câmaras das lavadoras, mudança de 
coloração dos produtos componentes das lavadoras e oxidação dos produtos e instrumentais. 
Encontramos em Graziano, Silva e Psaltikidis (2011) as recomendações para que a água possa ser 
usada no processamento de produtos para a saúde: 
•	 Uso de filtros de sedimentos: visam à remoção de partículas grosseiras e removem ferro 
e manganês.
•	 Abrandadores: recipientes cilíndricos que contém esferas ligadas por íons sódio, denominadas 
resinas, transformam a água dura em água mole, ou seja, substitui os íons cálcio e magnésio 
por íons sódio. 
Estação de 
bombeamento
Reservatório
de água bruta
Floculante
Água bruta é
armazenada em um
reservatório para que
as partículas decantem
A água
passa pela
filtração
A água é desinfectada
por cloração, tratamento
de ozônio, ou exposição
à luz UV
A água é estocada
antes de ser usada
para consumo
Filtro particulado ConsumoTanque de floculaçãoTanque de mistura
A água é
misturada com
o floculante
Quando os
agregados de
flocos decantam,
retiram as partículas
coloidais da 
suspensão
Toques de 
armazenamento
1 3
4
5
2A 2B
Figura 35 - Exemplo de estação de tratamento da água para o CME
•	 Deionização: usa resina de troca iônica para remoção de sais da água. Não retira endotoxinas 
ou microrganismos. 
•	 Osmose reversa: processo no qual membranas semipermeáveis dispostas em espiral 
e uma bomba produzem fluxos de água e pressão dentro de um sistema. Uma parte da 
água passa pelas membranas, sendo removidos os sais orgânicos, bactérias e endotoxinas. 
A água purificada é recolhida em reservatórios próprios, e o resíduo não purificado pode ser 
reutilizado em descargas ou outros fins.
58
Unidade II
•	 Destilação: a água precisa ser aquecida até o ponto de ebulição para que o vapor, ao ser 
gerado, seja resfriado, retornando à fase líquida no reservatório. Sais inorgânicos, bactérias, 
cistos e endotoxinas são removidos nesse processo. 
Membrana
seletivamente
permeável
Solução salina
concentrada
Solução salina
diluída
Antes da osmose Depois da osmose
Figura 36 - Osmose reversa 
A escolha do método de tratamento da água deve contemplar os recursos da instituição, seus 
objetivos, os tipos de equipamentos e os produtos para a saúde, além de sustentabilidade e questões de 
sustentabilidade, por exemplo, no reúso da água em determinados espaços da instituição e também no 
seu aproveitamento, por exemplo, para limpeza de áreas comuns.
Como parâmetros de qualidade da água, são indicadas as seguintes qualidades para cada etapa do 
processamento de acordo com o produto para a saúde a ser limpo:
Quadro 1 - Qualidade da água indicada para cada etapa do 
processamento dos produtos de acordo com sua classificação
Classificação do 
produto Água potável Água mole Água deionizada
Água de osmose 
reversa ou 
destilada
Crítico
Pré-limpeza
Limpeza
Pré-limpeza
Limpeza
Pré-limpeza
Limpeza
Enxágue
Enxágue
Semicrítico
Pré-limpeza
Limpeza
Enxágue
Pré-limpeza
Limpeza
Enxágue
Pré-limpeza
Limpeza
Enxágue
Enxágue
Não crítico
Pré-limpeza
Limpeza
Enxágue
Pré-limpeza
Limpeza
Enxágue
Pré-limpeza
Limpeza
Enxágue
Enxágue
Fonte: Ribeiro (2010).
59
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
5.2.4 Detergentes
Os detergentes são produtos destinados à limpeza de superfícies e tecidos, por meio da diminuição 
da tensão superficial, favorecendo a remoção da sujidade. No CME, vemos que são utilizados detergentes 
enzimáticos, alcalinos ou neutros, desde que tenham certificado para uso em produtos para saúde. 
As características dos detergentes estão relacionadas a não oferecerem riscos aos profissionais e aos 
pacientes. Logo, não devem ser substâncias que possam causar doenças como câncer e nem substâncias 
teratogênicas ou mutagênicas, ou seja, aquelas que podem causar alterações em fetos e células diversas. 
Os detergentes devem ter compatibilidade com o produto a ser processado, sem causar danos, 
oxidação e manchas, e não podem conter corantes ou fragrâncias. Além disso, seus agentes tensoativos 
devem ser biodegradáveis, com baixa formação de espuma (GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
Os detergentes são constituídos de íons, estruturas químicas responsáveis por solubilizar as sujidades. Podem 
ser classificados em detergentes aniônicos, catiônicos, não iônicos e anfotéricos, de acordo com Possari (2010):
•	 Detergentes aniônicos: são aqueles cujos tensoativos, ao se dissociarem em solução 
aquosa, liberam um íon com carga negativa. Esse detergente mais utilizadoé o alquilbenzeno 
sulfonato de sódio, encontrado principalmente como detergentes em pó e líquidos.
•	 Detergentes catiônicos: são os que liberam um íon de carga positiva quando em solução 
aquosa. Usados principalmente em amaciantes e germicidas, como aqueles usados em 
superfícies fixas (pisos, tetos e paredes). Podemos exemplificar esse detergente com o 
quaternário de amônio.
•	 Detergente não iônico: não se dissociam em solução aquosa. Têm afinidade com a água e 
reduzem sua tensão superficial. Os mais usados são os fenóis e os álcoois graxos. 
•	 Detergentes anfotéricos: são aqueles que não se dissociam em solução aquosa. São usados 
em detergentes em pó e líquidos, na maioria das vezes em conjunto com os aniônicos.
Dentro do CME temos a recomendação do uso de detergente enzimático para a limpeza de produtos 
para a saúde. Os detergentes enzimáticos possuem enzimas que facilitam a quebra da matéria orgânica, 
ou seja, a sua destruição e retirada do produto. As enzimas são substâncias catalizadoras, produzidas por 
células vivas, que têm poder de acelerar reações químicas, mesmo em baixas concentrações. Dependendo 
do tipo de substrato no qual irão atuar, podem ser classificadas como: 
•	 Enzima lipolítica: lipase, capaz de catalisar a hidrólise de ligações ésteres de ácidos graxos. 
•	 Enzima glicolítica: amilase, capaz de catalisar a hidrólise de ligações glicosídicas.
•	 Enzima proteolítica: protease, capaz de catalisar a hidrólise de ligações peptídicas 
(SOBECC, 2013).
60
Unidade II
Figura 37 - A escolha do produto para a limpeza deve ser feita com base no 
produto a ser limpo, além de não causar doenças ao profissional que fará a sua manipulação
Os detergentes enzimáticos atendem às exigências da Anvisa dispostas na RDC nº 55, de 14 de 
novembro de 2012. Nessa RDC, encontramos que os detergentes devem conter laudos de atividade 
enzimática, assim como outras documentações relativas à formulação, toxicidade, embalagem e 
rotulagem. O detergente também só deve ser manipulado por profissional capacitado e treinado para 
fazê-lo de forma segura.
Portanto, os detergentes devem ser certificados para o uso a que se destinam e compatíveis com os 
materiais, sem causar danos ou manchas e baixa produção de espuma, conforme já falamos anteriormente. 
Figura 38 - O detergente para uso em CME deve fazer pouca espuma
Ao lavarmos os produtos, todos os seus componentes devem entrar em contato com o detergente. 
Portanto, todas as peças precisam estar abertas, possibilitando que o detergente entre em contato com 
elas, inclusive preenchendo lúmens e canais. Mesmo com o uso de detergentes ideais à limpeza, o uso 
de fricção é indispensável para uma boa limpeza. Assim, devem ser usadas escovas e aparatos de limpeza 
adequados, conforme dito anteriormente. 
As recomendações para o uso dos detergentes enzimáticos devem ser fornecidas pelo fabricante, como 
a quantidade de água para diluição, tempo de contato, entre outros, para que sua efetividade seja plena. 
61
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
A imersão do produto no detergente enzimático não deve ultrapassar o tempo recomendado, pois pode 
facilitar a formação de biofilme.
Não devemos esquecer que o enxágue após a sua fricção deve ser abundante e realizado com água 
de qualidade, monitorada quanto a sua qualidade periodicamente. Resíduos de detergentes podem 
provocar reações nos pacientes (SOBECC, 2013). 
Conforme Graziano, Silva e Psaltikidis (2011), detergentes alcalinos são usados por terem capacidade 
de dissolver proteínas e gorduras. Possuem pH de 9 a 14, e aqueles com pH mais alto precisam de 
neutralizantes, pois podem ser corrosivos.
Os detergentes alcalinos são eficazes na retirada de manchas e manutenção do brilho de 
instrumentais em relação ao detergente enzimático, pois com o tempo de uso de processamento 
os instrumentais tendem a adquirir aparência de desgaste, que pode ser confundida com sujidade. 
 Lembrete
Os detergentes de uso doméstico não devem ser adotados como 
detergentes para limpeza do material odonto-médico-hospitalar. O detergente 
é um produto saneante, utilizado para uso em superfícies inanimadas. 
Temos no mercado mais de 248 detergentes enzimáticos notificados e disponibilizados, 40 destes 
registrados com comprovação das atividades das enzimas. Esses produtos devem estar sujeitos ao 
registro da Anvisa, e quando houver associação com substâncias com atividade antimicrobiana, terão 
que seguir a legislação específica – por exemplo, a RDC 14/07, além do registro na Anvisa.
 Observação
Os detergentes enzimáticos têm temperatura ideal em que eles 
se tornam eficazes. Se forem utilizados em condições fora dessa 
recomendação, sua eficácia poderá ser reduzida. Quando usar o 
detergente enzimático na limpeza manual, deve-se adicionar água 
morna potável, entre 30 e 40 ºC. Os rótulos dos produtos devem ter 
informações quanto à temperatura da solução. Se o processo de 
limpeza for automatizado, a temperatura deve estar entre 40 e 55 ºC; 
se a temperatura for muito elevada, poderá facilitar a fixação do 
sangue no instrumental e causar a perda da eficácia da solução. Outro 
fator importante é o tempo que o instrumental deve ficar imerso na 
solução, pois o tempo muito prolongado não garante uma melhor 
limpeza – ao contrário, o ambiente se torna ideal para o crescimento 
de microrganismos.
62
Unidade II
Outro aspecto importante é a adoção de procedimentos operacionais padronizados (POP), para o 
processo de limpeza dos produtos, disponíveis e de fácil acesso aos profissionais envolvidos no processo. 
O enfermeiro deve, portanto, participar desse processo, treinando e capacitando os profissionais do CME 
para o processo adequado, seja automatizado, seja manual. 
Enfatizamos ainda a importância do início precoce da limpeza, ou seja, quanto mais rápido iniciarmos 
o processo, mais bem-sucedido ele será. No CC, por exemplo, o processo teria início na própria sala 
operatória. Existem produtos no mercado que, quando instilados sobre o instrumental cirúrgico, podem 
contribuir ao evitar o ressecamento da matéria orgânica, facilitando sua posterior limpeza. 
A limpeza tem início durante o uso – por exemplo, durante o procedimento cirúrgico, na 
devolução do instrumental à mesa cirúrgica, quando o material pode ser limpo com uma compressa 
umedecida com água destilada estéril, com atenção especial às frestas e articulações, evitando-se o 
uso de solução fisiológica, pois pode facilitar a corrosão de instrumentos, e irrigando-se os materiais 
canulados e cateteres com água destilada estéril, com uso da seringa para evitar sua obstrução com 
matéria orgânica. 
Quando o ciclo de limpeza termina, deve-se efetuar a inspeção da limpeza, ou seja, identificar sujidades 
ainda presentes no material, e periodicamente realizar testes na lavadora e manutenção preventiva 
dos equipamentos, além da validação anual das máquinas, conforme recomendação encontrada em 
legislação vigente.
O enxágue do material é a última etapa do processo de limpeza, e mesmo na limpeza automatizada 
ele deve ser assistido cuidadosamente. 
É fundamental o enxágue abundante, primeiramente com água potável, e para materiais críticos e 
semicríticos, o uso de água tratada – por exemplo, a água deionizada ou de osmose reversa –, retirando 
as endotoxinas e minerais ainda presentes no material. Quando finalizado o processo de limpeza, o 
material deve ser cuidadosamente inspecionado antes de passar para a próxima etapa do processo, ou 
seja, a secagem (SOBECC, 2013). 
5.3 Secagem
A secagem do material é uma importante etapa do processo, pois o material úmido pode favorecer 
o crescimento bacteriano, interfere no processo de esterilização, dilui os desinfetantes e causa manchas 
nas superfícies dos materiais. 
O processo de secagem pode ser realizado de forma manual, com uso de material macio, têxtil, ou 
tecido não tecido, ou seja, algum material que não libere fibras ao ser friccionado. O uso de materiais e 
superfíciesde cor clara facilita a visualização da sujidade (SOBECC, 2013). 
63
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Figura 39 - O material escolhido para secagem não deve ter 
fibras que possam se soltar durante o processo de secagem
Figura 40 - É recomendado o uso da lente de aumento para inspeção 
visual do material após o processo de limpeza dos produtos. 
Se houver sujidade visível, deve retornar à área de limpeza para novo processo
A inspeção visual é obrigatória para todos os materiais, devendo ser realizada em bancada previamente 
desinfetada com álcool 70% e forrada com tecidos de cor clara, para facilitar o processo. Outra maneira 
de verificar a eficácia da limpeza e seu processo seriam os testes químicos.
Alguns controles podem ser realizados para o monitoramento da limpeza, como os controles 
microbiológicos e os controles químicos, que revisaremos a seguir.
5.4 Controle microbiológico
Consiste no uso de parafusos de aço inoxidável, de tamanho 6 mm x 20 mm, previamente contaminados 
com meio de cultura 10-6 UFC, chamados bioindicadores. Esses bioindicadores são colocados em pontos 
estratégicos da lavadora e expostos ao processo de limpeza e desinfecção térmica. Após o processo, 
os bioindicadores são incubados a 37 ºC por sete dias. Se for observado crescimento, procede-se o 
esfregaço para identificação do microrganismo (POSSARI, 2010). 
Esse tipo de controle é recomendado a cada três a seis meses. Para o monitoramento diário, 
recomenda-se o uso de monitores químicos do processo de limpeza.
64
Unidade II
5.4.1 Controle químico
Existem recomendações para que o processo de monitoramento seja implantado para controle 
do processo de limpeza nas normas ISO 15883-1 e Health Technical Momorandum – HTM 2030, que 
orientam que, além da inspeção visual, o CME precisa implementar controles de níveis de matéria 
orgânica e contaminação microbiana nos produtos para a saúde. 
Existem simuladores de sujidade ou testes chamados de residuais para as lavadoras desinfetadoras. Um 
exemplo é o soil test, que corresponde a um pó que, misturado à água, simula o sangue e é aplicado com 
pincel sobre o instrumental distribuído nas bandejas, em especial nas ranhuras e articulações (POSSARI, 2010).
Outro indicador, utilizado em especial para materiais canulados, é o sono check. Ele monitora o nível 
de energia ultrassônica e transdutores durante o uso da lavadora ultrassônica.
Por sua vez, o teste Tosi monitora a eficácia da limpeza checando a remoção de sangue e polissacarídeos 
dos materiais. O teste vem pronto e pode ser usado seguindo rotinas e POPs preestabelecidos pelo 
enfermeiro do CME.
Em geral, os testes têm o objetivo de validarem a eficácia do processo de limpeza, obtendo resposta 
em tempo real e auxiliando na tomada de ações corretivas imediatas, protegem a imagem da equipe do 
CME e auxiliam na redução e prevenção de infecção, garantindo a segurança do paciente no processo 
de esterilização.
O processo de secagem também pode ser implementado e realizado com uso de pistolas de ar 
comprimido, retirando as gotículas de água que podem interferir negativamente no processo de 
esterilização. Podem ser encontrados vários acessórios para esse tipo de artefato. 
Figura 41 - Pistolas de ar comprimido para uso em secagem de produtos para a saúde
65
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Não se recomenda o uso de qualquer tipo de produto químico para secagem de produtos, como éter, 
álcool ou benzina, pois seus resíduos podem interferir na qualidade da esterilização e também na vida 
útil do produto, além de oferecerem riscos ocupacionais ao profissional e paciente (POSSARI, 2010).
As secadoras podem ser utilizadas como equipamento auxiliar no processo de secagem, em especial 
nos materiais de difícil acesso à secagem, como acessórios de inaloterapia e oxigenoterapia. 
6 EMBALAGENS PARA ESTERILIZAÇÃO
Após o processo de limpeza do material e sua secagem, o produto deve ser embalado, para que possa 
ser submetido ao processo de esterilização, no caso de ser um produto para a saúde crítico.
A embalagem deve permitir que o agente esterilizante entre em contato com o material de forma 
uniforme e também garantir a esterilidade do material após o processo de esterilização, ou seja, até o 
momento do seu uso.
Ao prepararmos caixas de instrumental cirúrgico, deve-se tomar o cuidado de não superlotar 
a caixa, ou seja, ocupar 80% da sua capacidade, para que o agente esterilizante possa entrar em 
contato com todas as superfícies dos materiais. Assim, recomenda-se o uso de material absorvente 
no fundo da caixa, para que a secagem do material possa ser mais eficiente durante o processo de 
esterilização (POSSARI, 2010).
Outra recomendação que encontramos quanto à montagem de caixas de instrumentais é a de 
dispor os materiais desmontados dentro das caixas cirúrgicas e agrupar os materiais por similaridade, 
ou seja, várias pinças iguais são agrupadas juntas para facilitar sua distribuição na mesa cirúrgica 
(SOBECC, 2013).
Os produtos desmontados nas caixas garantem que o agente esterilizante possa entrar em contato 
com todas as superfícies do instrumental. Já os materiais como cúpulas ou cubas devem ser esterilizados 
e posicionados na caixa com a boca para baixo, evitando o acúmulo de líquido do processo de esterilização 
no material.
De acordo com a Sobecc (2013), o peso das caixas cirúrgicas também tem sido uma 
preocupação nos CMEs devido ao peso excessivo dos materiais e instrumentais cirúrgicos, 
que podem acarretar em dores lombares e problemas ergonômicos nos profissionais, inclusive 
causando afastamentos. Recomenda-se que o peso das caixas não ultrapasse 11 quilos, com 
dimensões mínimas de 55 x 33 x 22 cm3.
Se os materiais precisam ser dispostos em diversas bandejas, recomenda-se esterilizar cada bandeja 
individualmente, para que não haja interferência no processo de entrada e saída do vapor no processo 
de esterilização.
66
Unidade II
Figura 42 - As caixas e bandejas de instrumentais cirúrgicos não devem ultrapassar 11 quilos, e sua 
distribuição em bandejas pode ser dividida para que aumente a eficácia do agente esterilizante 
Após o processo de limpeza e secagem, o material precisa ser embalado, como dissemos anteriormente. 
Muitos materiais já foram utilizados como embalagens, como jornais, papéis diversos, tecidos etc., mas 
tivemos uma evolução considerável das embalagens e invólucros de materiais para esterilização. A 
seguir, vamos conhecer as embalagens de esterilização mais utilizadas e suas principais características.
Ao selecionarmos a embalagem para esterilização, é necessário considerarmos os seguintes critérios 
de seleção:
•	 Ser permeável ao agente esterilizante, permitindo seu contato com o material embalado.
•	 Prover adequada barreira às partículas de sujeira.
•	 Facilitar a saída do ar ao término do processo, permitindo também a saída do agente 
esterilizante ao término do processo.
•	 Utilizar embalagem dupla, para melhor proteção do produto. 
•	 Ser resistente à umidade, impedindo que gotículas entrem no pacote.
•	 Ser livre de ingredientes tóxicos e corantes que manchem o material.
•	 A memória, ou seja, a permanência da dobra da embalagem, deve ser mínima. 
•	 Ser flexível, facilitando seu manuseio.
•	 Resistir ao máximo a danos e rasgos, puncturas, delaminações, que possam colocar dúvida o 
processo de esterilização.
67
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
•	 Não oferecer dificuldade à abertura do pacote ou possibilitar sua contaminação durante a abertura.
•	 Apresentar baixa liberação de fibras e partículas.
•	 Permitir selagem íntegra sem orifícios e áreas queimadas ou enrugadas.
•	 Permitir visualização do conteúdo.
•	 Ser de tamanho suficiente para acomodar seguramente o material.
•	 Se possível, ter indicador químico de processo impregnado na embalagem.
•	 Permitir transferência com técnica asséptica.
•	 Ter relação custo-benefício positiva.
A seguir, discutiremos cadaum dos tipos de embalagem utilizados na nossa realidade.
6.1 Tecido de algodão
Conforme Possari (2010), tecido é definido como estrutura produzida por entrelaçamento de um 
conjunto de fios dispostos no sentido longitudinal e outro conjunto de fios dispostos no sentido 
transversal, formando ângulo de aproximadamente 90º. 
Segundo a NBR 14027/1997 (apud POSSARI, 2010), o campo cirúrgico deve ser confeccionado 
em tecido 100% algodão, com padrão sarja 2/1 gramatura (g/m2) 210+- 5%, urdume de 40 fios por 
polegada quadrada no sentido transversal, com textura de aproximadamente 40 a 60 fios por cm2, 4,5 
de solidez a lavagem com hipoclorito, com 4% de encolhimento, resistente a tração e com espessura de 
0,40 mm +- 0,05 mm. Já o campo duplo de algodão deve ser confeccionado em 100% algodão, com 
padrão sarja 2/1 gramatura (g/m2), 210+- 5%, urdume de 40 fios por polegada quadrada no sentido 
transversal com textura aproximadamente de 40 a 60 fios por cm2, com três a quatro vezes de solidez 
a lavagem com hipoclorito, 4% de encolhimento, resistente a tração e com espessura de 0,40+- 0,05.
Figura 43 - Especificações devem ser rigorosamente seguidas, para que a embalagem possa ser considerada 
segura, e precisam estar dentro dos parâmetros considerados para o processo de esterilização do material embalado
68
Unidade II
A embalagem de tecido de algodão ainda é bastante utilizada, apesar de diversos serviços já terem 
aderido ao uso de embalagens descartáveis. 
Alguns cuidados devem ser tomados com o uso de embalagem de tecido de algodão. Por exemplo, 
deve-se evitar o uso de tecidos cerzidos ou costurados e com remendos, pois a presença de furos pode 
comprometer a função de barreira da embalagem. Além disso, a embalagem deve ser lavada a cada 
uso para que o algodão possa ser hidratado, evitando seu ressecamento e quebra das fibras. Também 
é necessário evitar contato com líquidos, pois o tecido é absorvente, e monitorar com cuidado o 
número de reúsos da embalagem de algodão, atentando para desgastes e rasgos e furos (POSSARI, 
2010; SOBECC, 2013).
O prazo de uso das embalagens de esterilização feitas de tecido de algodão considerado ideal 
tem sido de sete dias de uso; após isso, o material embalado deve ser novamente submetido ao 
processo de esterilização, e o tecido de algodão deve ser lavado para novamente ser utilizado 
como invólucro.
Figura 44 - A embalagem de algodão pode ser utilizada desde que o procedimento de 
embalagem seja obedecido, para assegurar a abertura asséptica do material
A seguir, apresentamos o passo a passo da técnica da embalagem com materiais como folhas ou 
tecidos de algodão.
69
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Figura 45 - Esquema para embalar o material quando a embalagem tiver a configuração de folhas de tecido ou papel
O tecido de algodão tem sido muito questionado como método de barreira, ou seja, sua garantia de 
esterilização. Além dessa questão polêmica, também encontramos os pontos a seguir, que questionam 
a eficácia desse material como embalagem de esterilização: 
•	 Dificuldade de monitoração do desgaste do tecido após repetidas lavagens.
•	 Difícil operacionalidade para controle de número de processamentos.
•	 Baixa vida útil por desgaste precoce das fibras.
•	 Falta de regulamentação de manufatura, que faz que o consumidor não tenha a orientação 
ou garantias por parte do fabricante na escolha do tecido e número de processamentos.
•	 Baixo grau de eficácia como barreira microbiana (34%).
•	 O fato de não resistir à umidade.
•	 Sobrecarga de trabalho do profissional, em especial nos setores de costura e lavanderia.
•	 O alinhamento das fibras seguir um padrão, criando caminhos livres para a passagem de 
microrganismos (POSSARI, 2010).
O método compatível com o tecido de algodão para esterilização é o de vapor saturado sob pressão, 
realizado em autoclaves, não sendo recomendado seu uso em outros métodos por incompatibilidade ao 
tecido e possibilidade de o agente esterilizante impregnar as fibras de tecido. 
6.2 Papel grau cirúrgico
É um sistema de barreira estéril, descartável, disponível em diversas apresentações e tamanhos, 
geralmente impregnado com indicador de processo químico de esterilização, tendo necessidade de 
selagem térmica. É muito utilizado por seu baixo custo e compatibilidade com diversos métodos de 
esterilização (SOBECC, 2013).
70
Unidade II
Figura 46 - Seladora de invólucros para esterilização. A qualidade da selagem 
precisa ser monitorada para garantir que o invólucro não abra durante o processo de esterilização
Figura 47 - Rolos de diversos tamanhos de papel grau cirúrgico 
para o material que passará pelo processo de esterilização
O papel grau cirúrgico tem dois componentes, sendo um deles o papel propriamente dito e o outro 
uma face de filme plástico que possibilita a visualização do conteúdo da embalagem (GRAZIANO; 
SILVA; PSALTIKIDIS, 2011). Devido à sua conformação, ela comporta materiais menores e não muito 
pesados, pois há possibilidade de ruptura da embalagem. Sempre que possível, recomenda-se o uso de 
embalagens duplas, sendo que a embalagem interna deve ser de tamanho menor, para que não sejam 
feitas dobras ou sobras. Ao preparar a carga a ser esterilizada, o papel deve ficar em contato com o papel 
e a face plástica deve estar em contato com a face plástica. 
71
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Figura 48 - Imagem mostra um produto embalado com papel grau cirúrgico. Note a 
facilidade de visualizarmos seu conteúdo e a face plástica voltada para cima
Para a identificação dessa embalagem, recomendamos escrever nas laterais, evitando a parte nobre 
do papel, e de preferência com canetas que não borrem, pois durante o processo de esterilização existe 
o vapor de água que pode borrar o papel, dependendo da caneta utilizada no processo de identificação. 
Segundo as normas da NBR nº 13386/1995, NBR nº 13387/1995 e nº NBR 12946/2001 da ABNT, o 
papel grau cirúrgico deve ter as seguintes características: poros de 0,22 micra de diâmetro e porosidade 
de no mínimo 15 segundos/100 cm3 de ar e gramatura 60g/m2 a 80g/m2, verificada por meio de balança 
analítica de precisão. Deve ser resistente a tração e possuir no máximo 3mm2/m2 de sujeira, pH entre 
6 e 7, quantidade máxima de amido de 1,5%, absorção de água nas duas faces de no máximo 30g/m2, 
unidade máxima de 7% e porcentagem de cloreto inferior a 0,05%. A etiqueta de identificação deve 
conter as seguintes informações: tipo de papel, gramatura, diâmetro, forma e massa da bobina, número 
de ordem de fabricação ou lote.
Antes de utilizar a embalagem de papel grau cirúrgico, deve-se conferir se a selagem não apresenta 
rugas, dobras, estrias ou falhas, se o envelope não apresenta áreas de selagem queimadas por excesso 
de calor e se não existe produto preso na área de selagem ou selagem sobre o produto. Além disso, é 
necessário abrir as embalagens e verificar se a abertura permite o acesso ao produto sem que ele toque 
na parte externa da embalagem. Deve-se olhar a embalagem contra a luz para ver se não existem 
furos do papel ou filme plástico e observar se a embalagem permite a abertura sem rasgar, sem liberar 
partículas e sem delaminar (despedaçar) (POSSARI, 2010). 
Após o uso, a embalagem deve ser descartada e não deve ser reutilizada, pois após seu uso ele não 
representa mais segurança e barreira microbiana.
72
Unidade II
6.3 Papel crepado
Também chamado de papel encrespado, trata-se de embalagem descartável, biodegradável, 
flexível e maleável. É composto de celulose 100% tratada e apresenta as seguintes características: alta 
eficiência de filtragem, sendo barreira efetiva contra a penetração de microrganismos; flexibilidade, com 
facilidade de moldar-se, sendo recomendado como embalagem para campos e aventais cirúrgicos; e 
porosidade controlada de -60 g/m2. Possui gramatura mínima de 56 g/m2, segundo a ABNT, além de ser 
hidrorrepelente, antiestético, biodegradável, atóxico e reciclável.Entre as desvantagens do papel crepado, encontramos a baixa resistência mecânica e o fato de não 
permitir a selagem térmica. O papel crepado tem resistência moderada se comparado à embalagem de 
SMS, da qual falaremos a seguir, podendo rasgar se for tracionado e no caso de contato com materiais 
com componentes pontiagudos.
Figura 49 - Embalagem de papel crepado
6.4 SMS – Tecido não tecido
O tecido não tecido – spunbonded/meltblow/spunbonded (SMS) –, conhecido como manta de 
polipropileno, tem resistência mecânica e ótima barreira microbiana, é hidrorrepelente e possui facilidade 
de disponibilidade no mercado e diversas marcas (GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
As condições do SMS são determinadas pela Norma NBR 13370/2002 (apud POSSARI, 2010), 
sendo que o SMS é produto de três camadas de não tecido, 100% polipropileno, fundido por 
calandragem. Possui baixo desprendimento de fibras e pouca memória, sendo barreira bacteriana 
em torno de 99 a 100%, e embalagem muito segura. Se houver boas condições de armazenamento, 
pode ser preservada por longos períodos de tempo.
É indicado para embalar produtos assimétricos e pesos elevados e pontiagudos, pois tem alta 
resistência a rasgos e furos, porém é uma embalagem de uso único e não pode ser reutilizada, pois há 
alteração estrutural e perda de função de barreira microbiana.
73
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Entre as vantagens dessa embalagem, encontramos: excelente barreira contra contaminação; alta 
permeabilidade com relação aos agentes esterilizantes; compatibilidade com diversos métodos de 
esterilização, como vapor saturado sob pressão, óxido de etileno, formaldeído e plasma de peróxido 
de hidrogênio; alta resistência a tração e abrasão; maleabilidade, permitir abertura asséptica e baixo 
desprendimento de fibras (POSSARI, 2010). 
O SMS é muito utilizado também como material de aventais descartáveis, estéreis, e em campos 
cirúrgicos, como podemos ver na figura a seguir. Ao adotar o uso desse tipo de material em campos e 
aventais, existe uma economia de tempo e de recursos em relação ao CME, na confecção de campos e 
aventais e na utilização de autoclave para esterilização desse material, além do uso da lavanderia como 
parte do processo de lavagem e manutenção de aventais e campos por parte do setor de costura.
Figura 50 - Exemplo de SMS
6.5 Tyvek®
A embalagem Tyvek® é constituída de poliolefinas expandidas e mylar (polietileno em tripla 
camada). Ela suporta temperaturas entre 120 e 126 ºC e possui propriedades específicas, como barreira 
bacteriana e permeabilidade a produtos esterilizantes. Possui alta resistência a tração e rasgos, é 
atóxica e resistente a líquidos, tem barreira microbiana de 99%, apresenta fechamento hermético 
por selagem, encontra-se disponível em vários tamanhos, permite visualização do produto dentro da 
embalagem, não retém umidade e é reciclável (POSSARI, 2010). 
Entre as desvantagens dessa embalagem, encontramos o seu custo alto e a questão de ser incompatível 
com métodos em que as temperaturas alcancem mais de 126 ºC.
A selagem pode ser realizada nas seladoras encontradas no CME, porém sua temperatura 
deve ser ajustada para não danificar a embalagem. Apesar de aparentemente a Tyvek® lembrar 
uma embalagem de papel grau cirúrgico, ela não tem celulose, o que torna essa embalagem 
totalmente compatível com o método de esterilização a baixa temperatura, como o plasma de 
peróxido de hidrogênio. 
74
Unidade II
Com o Tyvek®, deve ser observado o uso de etiquetas de identificação do material, porém elas devem 
ser colocadas na embalagem após o processo de esterilização, em especial quando o agente esterilizante 
for incompatível com celulose, presente no papel das etiquetas.
6.6 Containers rígidos 
O sistema de containers rígidos tem sido muito utilizado em CME de grandes estabelecimentos de 
assistência à saúde.
É um sistema permanente, que ao mesmo tempo condiciona e protege os produtos, podendo ser feito de 
alumínio, aço inox ou plástico. Tem áreas perfuradas para saída de ar e para a entrada do agente esterilizante, sendo 
necessário o uso de filtros específicos e descartáveis no espaço em que temos os furos no container (SOBECC, 2013).
A troca dos filtros deve ser monitorada, evitando sobrecarga, de acordo com o que o fabricante 
especificar. Não há necessidade de qualquer outra embalagem ao utilizar o container, nem internamente, 
nem externamente. O material é identificado externamente e lacrado. Após o rompimento do lacre, 
o container é considerado contaminado, necessitando de novo processo de esterilização. Devido aos 
filtros de alta filtragem presentes nos container, o CME precisa de uma autoclave que tenha potente 
bomba de vácuo, para garantir a penetrabilidade do agente esterilizante. 
O uso de container é muito interessante em CC e CME para caixas com grande número de 
instrumentais, facilitando inclusive seu armazenamento.
Para sua implantação, existe um custo inicialmente alto, porém em longo prazo pode ser um sistema 
bastante interessante devido à sua facilidade de uso e por dispensar qualquer outro tipo de invólucro, 
além de seu fechamento ser extremamente fácil em relação, por exemplo, à confecção de embalagens 
comuns de esterlização. 
A seguir, resumimos os tipos de embalagens e a compatibilidade com os agentes esterilizantes:
Quadro 2 – Sistemas de barreira: embalagens indicadas para cada tipo de esterilização
Embalagem Vapor sob pressão Óxido de etileno Plasma de peróxido de hidrogênio
Vapor a baixa 
temperatura de 
formaldeído
Algodão tecido Sim Não Não Não
Papel grau cirúrgico Sim Sim Não Sim
Papel crepado Sim Sim Não Sim
Tyvek® Não Sim Sim Sim
Não tecido SMS Sim Sim Sim Sim
Container rígido Sim Sim Sim Sim
Caixas metálicas 
perfuradas Sim Sim Sim Sim
Fonte: Sobecc (2013).
75
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
De acordo com Possari (2010), o tamanho da embalagem precisa ser considerado e deve depender 
do tamanho do produto a ser esterilizado. Ele não deve ser colocado muito apertado, por dificultar 
a entrada e a saída do agente esterilizante e também a circulação de ar dentro do pacote, nem estar 
frouxo, pois isso possibilita a abertura do material durante o processo de esterilização.
O procedimento de identificação do pacote é obrigatório, por meio de rótulos ou etiquetas 
padronizadas, de fácil preenchimento e identificação, tanto para os profissionais do CME quanto para 
os usuários finais do produto. Os rótulos devem ser legíveis, mesmo após o processo de esterilização, 
transporte, armazenamento e distribuição.
O rótulo deve conter: 
•	 Nome do produto.
•	 Número de lote.
•	 Data de esterilização.
•	 Data limite de uso.
•	 Método de esterilização.
Para garantir a segurança dos produtos, a embalagem pode ser transportada em caixas rígidas, 
limpas e exclusivas para essa finalidade. Além disso, podem ser utilizadas embalagens externas, tipo 
plásticas, para proteção da embalagem em si – sendo que se for de plástico, deve ser acondicionada após 
o resfriamento do material, evitando que ele fique úmido internamente.
Finalmente, destacamos o que a RDC 15 (ANVISA, 2012) traz sobre as embalagens para 
esterilização: “Art. 79 Não é permitido o uso de embalagens de: papel Kraft, papel manilha, papel 
toalha, papel jornal, lâminas de alumínio e embalagens de plástico transparente não destinadas ao 
uso em equipamentos de esterilização.”
7 DESINFECÇÃO DE PRODUTOS PARA A SAÚDE
A desinfecção é um processo que visa à eliminação de microrganismos presentes em produtos para 
a saúde que destroem todas as formas de vida microbiana, menos as formas esporuladas. A desinfecção 
tem objetivo de agir em produtos para a saúde semicríticos, ou seja, aqueles que entram em contato com 
mucosas íntegras e pele não íntegra. Temos como exemplo desses materiais os produtos de saúde para 
oxigenoterapia, materiais de assistência respiratória, endoscópios, espéculos, lâminas de laringoscópio, 
entre outros. 
A desinfecçãotambém pode ser utilizada para produtos para a saúde não críticos, em especial 
aqueles com elevada quantidade de material orgânico e carga microbiana, como papagaios, comadres, 
frascos de drenagem, entre outros (SOBECC, 2013). 
76
Unidade II
De acordo com Possari (2010), a desinfecção é classificada em alto nível, nível intermediário e 
baixo nível:
•	 Desinfecção de alto nível: destruição de alguns esporos, de bacilo da tuberculose, de todas 
as bactérias vegetativas, de fungos e de todos os vírus. 
•	 Desinfecção de nível intermediário: inativa bactérias na forma vegetativa, a maioria dos 
vírus, fungos e as micobactérias, incluindo o agente da tuberculose. Não inativa os esporos. 
•	 Desinfecção de baixo nível: elimina a maioria das bactérias, alguns vírus e fungos, mas não 
inativa microrganismos resistentes como micobactérias ou esporos bacterianos.
Figura 51 - Exemplo de produto para a saúde semicrítico: material para inalação
Os métodos de desinfecção podem ser físicos, como os agentes térmicos, sendo exemplos as 
lavadoras e os pasteurizadores; químicos, como os desinfetantes aldeídos, o ácido peracético, as soluções 
cloradas e o álcool; e físico-químicos, quando estão associados métodos químicos e processos físicos 
automatizados (SOBECC, 2013).
Os métodos físicos, por serem automáticos, ou seja, realizados em lavadoras desinfetadoras, podem 
ser preferíveis, pois permitem o monitoramento dos parâmetros, trazendo segurança e padronização dos 
processos, além de minimizarem a possibilidade de falhas humanas; porém, na falta de agentes físicos e 
automatizados, recomenda-se o uso de agentes químicos (SOBECC, 2013).
77
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Figura 52 - Visão aproximada do endoscópio e seus canais de trabalho. 
O endoscópio é um material semicrítico e deve ser submetido à desinfecção de alto nível
O quadro apresentado a seguir mostra em ordem decrescente a resistência dos microrganismos aos agentes 
desinfetantes. Segundo os autores, a resistência pode guiar os procedimentos adotados para a desinfecção ser 
eficaz e coerente com os objetivos que necessitam ser alcançados no processo de desinfecção.
Quadro 3 – Resistência dos microrganismos dentro 
do processo de desinfecção de produtos para a saúde
Proposta I: McDonnel e Russel (1999) Proposta II: Rutala e Weber (2008)
Príons
↓
Coccidia (Cryptosporidium)
↓
Esporos (Bacillus spp., Clostridium difficile)
↓	
Micobactérias (M. tuberculosis, M. avium)
↓	
Cistos (Giardia, Taenia solium, Taenia saginata)
↓	
Vírus pequenos não envelopados (pólio)
↓	
Trofozoítas (Acanthamoeba, Trypanossoma cruzi)
↓	
Bactérias gram-negativas (Pseudomonas spp., Escherichia coli, 
Serratia spp., Providencia)
↓	
Fungos (Candida spp., Aspergillus spp.)
↓
Vírus grandes não envelopados (Adenovirus)
↓
Bactérias gram-positivas (Staphylococcus spp., Enterococcus spp.) 
↓
Vírus lipídicos envelopados (HIV, HBV)
Príons
↓
Esporos bacterianos (Bacillus atrophaeus)
↓
Coccidia (Cryptosporidium)
↓
Micobactérias (M. tuberculosis, M. terrae)
↓
Vírus pequenos ou não lipídicos (pólio, coxsackie) 
↓
Fungos (Aspergillus, Candida spp.)
↓
Bactérias vegetativas (S. aureus, P. aeruginosa) 
↓
Vírus médios ou lipídicos (HIV, herpes, HBV)
 Fonte: Souza et al. (2012).
A equipe do CME deve estar treinada para classificar corretamente o material para a escolha do 
método adequado de desinfecção. Para isso, o enfermeiro deve manter atualizado o material relacionado 
78
Unidade II
aos procedimentos operacionais padronizados e bem descritos, além de estar à disposição de todos para 
consulta e avaliação das práticas e da qualidade dos processos.
As técnicas de desinfecção podem ser automatizadas ou não automatizadas. A seguir, discutiremos 
as técnicas de desinfecção não automatizadas.
A técnica não automatizada é aquela na qual o produto é desmontado, limpo, seco e colocado em 
recipiente próprio com desinfetante ou solução germicida. Algumas literaturas trazem que esse método 
manual deve ser adotado como última alternativa ao processo de desinfecção.
Esse processo deve ser realizado com o uso de: 
•	 Recipiente de vidro ou plástico com tampa para a solução germicida.
•	 Solução germicida, em quantidade suficiente para submergir o produto na solução.
•	 Tecido limpo, de preferência de cor branca, para secar o produto.
•	 Recipiente limpo, seco e estéril, com tampa ou outro tipo de embalagem para acondicionar 
os produtos após o processo de desinfecção.
•	 EPIs.
A técnica para o processo não automatizado, que apresentamos a seguir, deve ser seguida 
rigorosamente. Deve-se colocar o produto no recipiente após ser limpo e seco, e ele também deve ser 
totalmente desmontado – e aberto, no caso de pinças.
O produto deve ser totalmente imergido na solução. Em seguida, deve-se tampar o recipiente e 
deixar os produtos submersos pelo tempo indicado pelo fabricante, marcando sempre o horário de início 
e término do tempo. Não deve ser colocado mais nenhum produto para ser submetido a desinfecção a 
partir do momento que tem início o tempo de desinfecção. Se for colocado outro produto, o tempo deve 
ser novamente iniciado (POSSARI, 2010).
Produtos mais leves devem ser cobertos com compressas ou estruturas plásticas perfuradas por cima, 
para que eles não boiem e diminuam a possibilidade da desinfecção adequada do material (SOBECC, 2013).
7.1 Desinfecção automatizada
Dentre os métodos de desinfecção automatizada, a primeira opção recomendada é a desinfecção 
física, ou seja, por meio de calor. Para que esse processo possa acontecer com efetividade e segurança, 
recomenda-se o uso de lavadoras desinfetadoras. 
Trabalhos demonstram que expor o material a temperatura de 70º por 30 minutos é um ciclo eficaz 
para tubos plásticos e metálicos quando inoculados com microrganismos tipo bactérias vegetativas. 
79
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Antes do determinar o ciclo a ser submetido o material, há necessidade de verificar a resistência 
do material ao ciclo de calor para que não sejam causados danos. Portanto, recomenda-se que sejam 
adquiridos materiais termorresistentes e semicríticos, como traqueias e tubos resistentes à autoclavação 
(GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
Seguem as vantagens da desinfecção física:
•	 Permite padronizar os processos e reproduzir os procedimentos.
•	 Permite monitoração. 
•	 Minimiza erros humanos.
•	 Não deixa resíduos químicos no material.
•	 É atóxico.
•	 Apresenta baixo risco operacional ao profissional.
Para evitar eventos adversos na desinfecção física, devem-se observar os sistemas de filtragem da 
água, assim como manutenção preventiva constante dos equipamentos e sua validação anual.
Para o processo de desinfecção química, utilizam-se lavadoras termodesinfetadoras e pasteurizadoras, 
com racks adequados para cada tipo de carga, respeitando a capacidade de carga e a distribuição dos 
materiais no equipamento. A água deve entrar em contato com todas as superfícies dos materiais e lúmens. 
Ao término do ciclo, deve-se retirar o material do equipamento usando luvas, avental, gorro e 
máscara, para evitar recontaminação. O material deve ser disposto em bancadas limpas com álcool 70% e 
protegido por campos limpos. Alguns equipamentos finalizam o ciclo com a secagem do material; assim, 
se não saírem secos, deve-se realizar a secagem com panos limpos ou secadoras para essa finalidade 
(SOBECC, 2013).
Todos os parâmetros de desinfecção precisam ser registrados adequadamente, garantindo a 
rastreabilidade do processo e sua qualidade.
 Lembrete
Outra forma de realizar a desinfecção física é o forno de Pasteur. O 
processo de pasteurização destrói bactérias por meio da coagulação da 
proteína da célula e da água, devido à sua alta condutividade térmica, que 
é cerca de 20 vezes maior que o ar. Trata-se de um sistema econômico e 
seguro ao meio ambiente.
80
Unidade II
7.2 Desinfecção química
Para o processo de desinfecção química, em primeiro lugar precisamosescolher um germicida. 
Esse germicida deve ser registrado na Anvisa, sendo que para seu registro são exigidos laudos de ação 
microbiocida realizados em laboratórios de referência, com metodologia validada. Também devem ser 
apresentados parâmetros de toxicidade, mutagenicidade e ação teratogênica e carcinogênica, além 
de neurotoxicidade. 
Para escolha do desinfetante químico, pode-se considerar: poder de corrosão, odor, ocorrência de 
manchas nos materiais, aprovação do fabricante para o uso do germicida em materiais delicados, custo/
litro de solução pronta para uso, estabilidade, facilidade de uso e tempo de processo de desinfecção 
(SOBECC, 2013).
As características do germicida ideal são descritas pela Sobecc (2013):
•	 Possui largo espectro de ação.
•	 Apresenta ação rápida.
•	 É pouco afetado por condições ambientais.
•	 Não é inativado por matéria orgânica.
•	 É compatível com detergentes.
•	 É atóxico para o trabalhador e o paciente.
•	 É compatível com as matérias-primas dos produtos a serem processados.
•	 É fácil de utilizar.
•	 Apresenta baixo nível de odor.
•	 É econômico.
•	 É difusível.
•	 É estável.
•	 É monitorável.
•	 Favorece a limpeza.
•	 É inócuo ao meio ambiente.
81
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
A seguir, apresentamos os princípios ativos indicados para a desinfecção de produtos para a saúde.
7.2.1 Aldeídos
7.2.1.1 Gluteraldeído
É um dialdeído de amplo espectro, com estabilidade e compatibilidade com as mais diversas 
matérias-primas de produtos para a saúde. Não é corrosivo com o metal e não danifica os equipamentos 
óticos, nem as borrachas e plásticos.
A solução de glutaraldeído precisa ser ativada por meio de agente alcalinizante e passa a ter 
ação esporicida, ou seja, destrói esporos bacterianos. Após ser ativado, tem vida útil dependendo da 
recomendação do fabricante.
A ação do glutaraldeído se dá pela alquilação de radicais sulfifril, hidroxil, cornoxil e do grupo amino 
dos microrganismos, alterando seu RNA e DNA e sua síntese proteica.
As desvantagens do glutaraldeído se referem à sua possibilidade de fixar matéria orgânica nos 
materiais, o que causa incrustações e obstrução de canais e lúmens. Outra característica polêmica do 
glutaraldeído é sua toxicidade, sendo que em pacientes existem relatos de colites causadas por resíduos 
de glutaraldeído em materiais de colonoscopia e casos de lesões oculares por instrumental oftalmológico 
desinfetados com esse produto e sem o enxágue eficaz do material.
O glutaraldeído pode causar reações nos profissionais ao manipularem esse germicida, como dermatites, 
irritação de mucosas dos olhos, nariz e boca, epistaxe, rinites e ainda asma, bronquites e traqueítes. Para 
monitorar o uso dessa substância, exige-se o uso de ventilação no local com sistema de exaustão de 7 a 
15 trocas de ar por hora, além de seus níveis não poderem ultrapassar 0,05 ppm de concentração no ar.
Os EPIs (por exemplo, luvas nitrílicas ou butílicas, óculos de proteção, avental impermeável de mangas longas 
e respirador semifacial especificação de PFF2 + VO) também precisam ser utilizados com rigor (SOBECC, 2013).
Figura 53 - Respirador facial que precisa ser utilizado ao ser manipulado 
o glutaraldeído, prevenindo doenças e alergias respiratórias 
82
Unidade II
 Saiba mais
A Secretaria de Saúde do estado de São Paulo emitiu a Resolução SS 
nº 27, de 28 de fevereiro de 2007, com medidas de controle sobre o uso do 
glutaraldeído, tendo como foco a segurança do profissional.
Acesse a Resolução SS nº 27 para conhecer melhor o que se recomenda 
sobre a manipulação do glutaraldeído: 
CREMESP. Resolução SS-SP nº 27, de 28 de fevereiro de 2007. 2007. 
Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=LegislacaoBusca&n
ota=377>. Acesso em: 29 nov. 2016.
Ainda destacamos que de acordo com a RDC 15, em seu artigo 13, parágrafo único, “Produtos para 
saúde utilizados na assistência ventilatória e inaloterapia não poderão ser submetidos à desinfecção por 
métodos de imersão química líquida com a utilização de saneantes à base de aldeídos” (ANVISA, 2012).
Nessa mesma resolução, encontramos a recomendação de evitar o uso desse germicida em materiais 
de inaloterapia e oxigenoterapia, ou seja, materiais de assistência ventilatória, dando as alternativas de 
realização de desinfecção física ou mesmo ácido peracético e soluções cloradas. 
O glutaraldeído pode ser utilizado como agente esterilizante, porém deve ser aumentado seu tempo 
de ação e exposição ao germicida para em média 8 a 10 horas de exposição. A esterilização química 
não é autorizada no Brasil devido à possibilidade de falhas humanas e também por causa do surto de 
micobactéria acontecido em 2009 no país.
7.2.1.2 Ortoftaldeído
É uma solução composta por 0,55% de 1,2 benzenedicarboxaldehyde (OPA). Tem aspecto límpido e cor 
azul-clara. Age pela interação com aminoácidos e proteínas e microrganismos. Tem ação em micobactérias 
e boa atividade, mas baixa ação, sobre esporos; portanto, é contraindicado para esterilização química.
Tem estabilidade em relação ao glutaraldeído e menor odor. Além disso, não precisa ser ativado. O 
uso de EPIs é recomendado, assim como acontece com o glutaraldeído, apesar de ser menos irritante 
às mucosas. Entre as desvantagens, podemos encontrar manchas por ação residual nos materiais e 
também nas mãos dos profissionais. É contraindicada a desinfecção de cistoscópios por aldeídos OPA, 
devido a relatos de reações anafiláticas (SOBECC, 2013).
7.2.1.3 Formaldeído
Era muito utilizado para desinfecção de capilares de hemodiálise. De alta toxicidade, foi proibido 
pela Anvisa, e hoje encontramos recomendações de uso desse germicida associado a um processo de 
esterilização devido à garantia de eficácia e segurança desse processo (SOBECC, 2013).
83
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
7.2.2 Ácido peracético
Associação de ácido acético e peróxido de hidrogênio, tem rápida ação microbicida, agindo na 
desnaturação das proteínas e na sua oxidação. A solução de ácido peracético pode ser utilizada para a 
desinfecção de produtos semicríticos, incluindo aqueles de assistência ventilatória, ou na esterilização 
de dialisadores e linhas de hemodiálise.
Produz resíduos de baixa toxicidade, pois na sua decomposição gera ácido acético, água, oxigênio e 
peróxido de hidrogênio, e tem características esporicidas mesmo em baixas temperaturas, mas não pode 
ser usado em componentes metálicos, pois pode causar oxidação (SOBECC, 2013).
7.2.3 Peróxido de hidrogênio
É um tipo de germicida encontrado em associação com o ácido peracético, o que aumenta sua 
capacidade de ação esporicida. É usado principalmente em linhas de diálise e filtros capilares. Não 
existem evidências de toxicidade e seu odor é bem aceito. 
7.2.4 Água eletrolizada 
Chamada também de água superoxidada, é criada a partir de solução de cloreto de sódio, que 
quando eletrolizada gera ácido hipocloroso. Tem como vantagem o baixo custo, mas existe a necessidade 
de investimento em equipamento e sua aquisição. Relatos mencionam que uma desvantagem desse 
método é o fato de que na presença de matéria orgânica ele pode ter seu efeito diminuído; portanto, 
deve-se dar atenção especial à limpeza do material. 
7.2.5 Soluções cloradas
Desinfetantes a base de cloro orgânico ou inorgânico pertencem ao grupo dos halogênios. O 
hipoclorito é um dos mais comuns desse grupo e dos mais utilizados. A forma de ação se dá por meio 
de oxidação de enzimas e aminoácidos, perda de componentes celulares, inibição de síntese proteica, 
quebra de DNA e diminuição da absorção de nutrientes e oxigênio pelo microrganismo. 
A estabilidade depende de sua concentração, da presença de matérias orgânicas, do pH das 
concentrações e das condições de armazenagem. Podem ser corrosivos ao metal e ter incompatibilidade 
com detergentes, ação descolorante e odor forte e irritante para mucosas. Entre suas vantagens, temos 
baixo custo, ação rápida, baixa toxicidade e amploespectro microbiano (SOBECC, 2013).
Podem ser usados em superfícies, lactário e cozinha, além de produtos de inaloterapia e oxigenoterapia 
nos quais a concentração é de 1.000 ppm (0,1%) por 30 minutos ou 200 ppm por 60 minutos (GRAZIANO; 
SILVA; PSALTIKIDIS, 2011).
O cloro tem rápida ação, baixo custo, baixa toxicidade e fácil manuseio e não é inflamável. Como 
desvantagens, apontamos a sua ação corrosiva e o fato de sofrer interferência na presença de matéria orgânica. 
Possui odor forte, em concentrações elevadas, o que pode gerar desconfortos e sensibilidade (POSSARI, 2010).
84
Unidade II
7.2.6 Álcool 
O álcool etílico tem ação germicida, menor custo e toxicidade que o álcool isopropílico. É ativo contra 
vírus lipofílicos, bactericida, fungicida, tuberculocida e não esporicida, ou seja, não pode ser utilizado 
como agente esterilizante. Os álcoois são indicados em caso de desinfecção de nível intermediário de 
produtos para a saúde e superfícies. Suas concentrações mais altas acabam tendo pouco tempo de ação 
por seu alto grau de evaporação. 
Tem boa atividade germicida, baixo custo e pouca toxicidade, porém é contraindicado em materiais 
acrílicos, enrijece materiais com látex e tubos plásticos e ainda pode danificar cimentos das lentes de 
equipamentos e provocar corrosão em materiais metálicos (POSSARI, 2010).
A fricção do álcool em produtos deve ser indicada por 30 segundos e feita com uso de luvas, pois 
pode causar ressecamento da pele. Outra característica do álcool é ele ser inflamável e volátil, devendo 
ser estocado em local ventilado e seco, livre de possibilidade de gerar faíscas (GRAZIANO; SILVA; 
PSALTIKIDIS, 2011).
Figura 54 - O álcool pode ser utilizado como desinfetante de nível intermediário e 
de baixo nível, em especial nas concentrações próximas de 70%, e álcool etílico 
7.2.7 Quaternário de amônia
É usado como desinfetante e também remove sujidades. Inativa as enzimas do microrganismo, agindo 
na desnaturação de proteínas celulares do microrganismo e na ruptura de sua membrana celular. 
85
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
Tem ação bactericida, virucida e fungicida, não sendo eficaz contra o bacilo da tuberculose e os 
vírus não lipídicos, e não é esporicida. Os desinfetantes de quaternário de amônia têm sido usados para 
materiais não críticos e superfícies. Possuem alta toxicidade (GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011). 
7.2.8 Fenóis
Agem por ação de inativação de enzimas essenciais e perda de metabólicos pela parede celular, 
apresentando ação bactericida, fungicida, virucida (vírus lipídicos) e tuberculocida. São usados para 
produtos para a saúde não críticos ou para superfícies, com concentrações de 2 a 5%, por tempo de 20 
a 30 minutos. Devem ser manipulados com luvas, pois podem causar pigmentação na pele. 
Seu uso é contraindicado em berçários devido à ocorrência de hiperbilirrubinemia em recém-nascidos 
nos berços desinfetados por compostos fenólicos (GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011). 
7.3 Desinfecção de endoscópios
A desinfecção dos endoscópios merece destaque, uma vez que esse tipo de material representa 
um desafio ao profissional do CME e que deve haver POPs específicos para esse produto. Ao receber 
o endoscópio para ser processado, o profissional deve emergir completamente o endoscópio e suas 
válvulas em solução desinfetante adequada, ou seja, para realizar a desinfecção de alto nível. 
Deve-se irrigar todos os canais com o desinfetante, com seringas, evitando espaços com ar. Também 
é necessário observar sempre as recomendações do fabricante em relação ao tempo de exposição e 
contato, além de dados como temperatura da água para a solução desinfetante, e seguir também 
as recomendações em relação aos testes de eficácia do produto, com fitas reagentes fornecidas pelo 
fabricante. Além disso, é preciso remover o desinfetante aplicando ar antes do enxágue. 
Também deve-se descartar a água usada para o enxágue após cada uso e, após o enxágue, proceder 
secagem antes da armazenagem ou novo uso, evitando o crescimento de microrganismos nos canais 
do endoscópio. 
Os endoscópios também podem ser processados em equipamentos de desinfecção automatizada. 
Esse equipamento deve ser utilizado respeitando os passos do processamento do produto, sendo 
reduzida a possibilidade de omissão de qualquer passo do processo. Todos os componentes internos 
e externos do endoscópio são submetidos a desinfecção e enxágue uniformes, e todos os canais são 
irrigados igualmente. 
A contaminação cruzada é prevenida pelo uso único de soluções de limpeza, desinfecção e enxágue. 
Ela reduz a exposição do profissional ao germicida e a poluição atmosférica também, pela redução da 
dispersão de aerossóis no ambiente (POSSARI, 2010).
86
Unidade II
 Saiba mais
Para mais detalhes do processo de desinfecção de endoscópios acesse 
o material a seguir: 
SOBEGG. Manual de limpeza e desinfecção de aparelhos endoscópicos. 
[s.d.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/
sobeeg_manual.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2016.
O uso de EPIs na área de desinfecção deve ser observado e rigorosamente utilizado, pois durante 
o manuseio do produto químico pode haver riscos ao profissional; portanto, devem ser usados: 
aventais impermeáveis e descartáveis que protejam todo o tórax, abdome e membros inferiores, luvas 
antiderrapantes de cano longo, para proteger a região de antebraços dos respingos, óculos de segurança, 
máscaras faciais impregnadas de carvão e gorros de proteção aos cabelos (POSSARI, 2010).
8 ESTERILIZAÇÃO
A esterilização é o processo de destruição de todas as formas microbianas (vírus, fungos, 
bactérias, em forma vegetativa e esporulada) mediante a aplicação de métodos físicos, químicos 
e físico-químicos. Ela deve garantir segurança e incapacidade de desenvolvimento de formas 
sobreviventes ao processo de esterilização, sendo os métodos disponíveis para a esterilização os 
físicos, químicos e físico-químicos. 
Os métodos físicos são o calor e a radiação, sendo que os métodos de uso do calor são o vapor 
saturado sob pressão (calor úmido) e o calor seco. A radiação é usada com raios gama (emitidos pelo 
cobalto 60) e por meio de feixe de elétrons (GRAZIANO; SILVA; PSALTIKIDIS, 2011). 
Destacamos que entre os métodos físicos, o mais utilizado é o calor, sendo também o mais antigo, 
pois a percepção de que o calor destruía os microrganismos é antiga, e lembramos que a radiação é 
um método muito usado, porém a nível industrial, não acontecendo em CMEs devido à impossibilidade 
técnica e ambiental e também por causa de riscos ocupacionais envolvidos.
Inicialmente, trataremos do método de vapor saturado sob pressão.
8.1 Vapor saturado sob pressão
É um método utilizado em produtos para a saúde que resistem a altas temperaturas. Esse processo 
acontece em um equipamento conhecido como autoclave.
O princípio da autoclave a vapor se baseia na transferência do calor latente contido no vapor de 
água, que, ao contato com pacotes frios dispostos nas prateleiras da câmara interna, se condensa para 
87
MÉTODOS DE REPROCESSAMENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
a forma líquida, liberando nessa ação grande quantidade de calor em torno de todos os pacotes de 
produtos a serem esterilizados.
Esse calor coagula as proteínas microbianas, levando a um efeito letal ao microrganismo e 
possibilitando a esterilização dos produtos expostos ao processo. O contato do vapor com o pacote 
e, consequentemente, com o material é essencial ao processo e seu sucesso. Outros fatores também 
influenciam no sucesso do processo de esterilização, entre eles a qualidade da água que gerará o vapor a 
ser produzido, a quantidade de ar na câmara e pacotes, a qual deve ser mínima, para facilitar a formação 
do vácuo dentro da câmara, e a disposição dos materiais na câmara, além de respeitarmos o limite do 
equipamento, facilitando a penetração e difusão do vapor por toda a câmara interna (GRAZIANO; SILVA; 
PSALTIKIDIS, 2011). 
Figura 55 - Autoclave é o equipamento

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