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Ética na Saúde (Aula 1) ~ 1 ~ 
Conceitos e modelos de ética 
 
Ética 
O termo ética deriva de éthos, que significa 
modo de ser (comportamento), e por isto, define-se 
com frequência a ética como a doutrina dos 
costumes ou hábitos adquiridos pelo homem. 
Para Aristóteles o campo ético deveria investigar as 
características do bem, da perfeição e da felicidade 
que são atribuídas ao homem, para ajustar a 
orientação pratica da conduta humana. 
Ele considerava que toda ação humana está 
orientada para a realização de algum bem unido a 
felicidade e o prazer. 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
Moral 
O ato moral, portanto, provocado por um 
ser humano real e contextualizado historicamente, 
deve ser avaliado sob o código moral que vigora na 
sociedade daquele que promoveu a ação. 
O conceito moral representa um conjunto 
de regras de conduta admitida numa época ou 
grupo. 
A moral se diferencia da ética, pelo fato da 
moral ser ligada a valores aceitos pelos homens ao 
se inter-relacionarem socialmente (SKLAR: 2008), a 
moral é ligada a fatos. 
Sánchez Vázquez (2002,23) diz que o 
sentido da ética pode ser compreendido: “teoria ou 
ciência do comportamento moral dos homens em 
sociedade”. 
 
Ética e Moral não são sinônimos, eles tratam da 
mesma temática., ambas lidam com o certo e o 
errado. 
Moral um conjunto de regras e normas 
adquiridas através da cultura, da educação, da 
tradição e cotidiano que orientam o comportamento 
humano em uma determinada sociedade. 
Ex. Moral e legal, no Brasil temos o casamento 
monogâmico, já em outro país é moral e legal o 
homem se casamentar com mais de 1 mulher. 
 
 
 
 
 
. 
 
Moral é algo coletivo, traz as normas a Ética 
como vamos cumpri as normas, como vamos 
administrar a cultura 
 
 
 
 
 
 
 
Ética grega 
Antes de Aristóteles encontramos precedentes 
para a constituição de uma ética filosófica. 
 Pré-socráticos: Heráclito utilizava o 
vocabulário éthos para situar a condição do 
homem “como aquela que necessita de um 
lugar” ou “morada”, definindo um “modo de 
estar” no mundo. 
 Demócrito: Mostra a virtude sob a busca 
de um equilíbrio interno diante do 
movimento das paixões. O saber e a 
prudência seriam, assim, essenciais, pois 
ensinariam ao homem de que modo ele 
deveria viver, conseguindo a felicidade 
A reflexão ética autônoma no mundo aparece 
apenas com Sócrates combatendo os sofistas, 
acreditou na estabilidade das leis, dos princípios 
verdadeiros e universais das normas, conferindo a 
elas um valor intrínseco. 
A partir dele, o termo ética se afasta tanto 
do sentido originário de morada quanto de equilíbrio 
das paixões, tal como Heráclito e Demócrito 
Ética é ter o poder de decisão de 
acordo com a regra social. 
Se constrói a partir do consenso de 
várias morais. 
A ética é associada a liberdade de 
escolha 
Moral depende da sociedade, 
é mutável. Podendo ser 
mudado com o tempo e 
com a sociedade. É o que 
fundamenta a ética. 
 
Moral traz as regras. 
Ética nos traz a capacidade de 
refletir sobre isso 
 
 Ética na Saúde (Aula 1) ~ 2 ~ 
respectivamente entendiam. Este avanço foi possível 
sob a elaboração de um método Maiêutica (significa 
dar luz intelectual), que levasse os diversos cidadãos a 
uma vida virtuosa. 
Aristóteles: A ética torna-se uma disciplina 
filosófica. 
Sua filosofia criticava o dualismo ontológico 
de Platão, a separação dos mundos sensível e 
inteligível. 
Para Aristóteles o bem se relaciona com a 
essência de cada coisa. 
O objeto da ética consiste em investigar as 
características do bem, da perfeição e da felicidade 
atribuídas ao homem, com o fim de ajusta-los a 
orientação pratica da conduta. 
Para ele o homem deve contentar-se com o ser e o 
bem que possui por estar limitado ao essencial e 
temporalmente, pela sua substancia mortal e 
corruptível. 
O conceito realidade condiciona a formulação 
da ética aristotélica, dominada por um relativismo 
radical. Considerava que toda ação humana esta 
orientada para a realização de algum bem ao qual 
estão unidos o prazer e a felicidade. 
Platão atribuiu a formação de conceitos 
socráticos não só um valor mental, logico e abstrato 
mais um valor também ontológico (filosofia que 
estuda o ser em si), considerando objeto de 
pensamento e situados numa dimensão superior ao 
universo físico percebido pelos sentidos. Desta forma 
a realidade fica dividida em 2 mundos distintos e 
contrapostos: um superior invisível, eterno e imutável 
das ideias subsistentes e o outro físico, visível, 
material, sujeito a transformação. 
A ética platônica gira em torno da aspiração 
dos homens a felicidade. 
 
Ética cristã e moderna 
A transformação do cristianismo na religião 
oficial de Roma no século IV trouxe novos sentidos 
para as doutrinas éticas gregas. O período medieval 
caracteriza-se por uma profunda fragmentação 
econômica e política, devido ao surgimento de duas 
classes que marcam o regime feudal: 
 Senhores feudais: donos absolutos da terra 
ou feudos. 
 Camponeses e servos: os quais eram vendidos 
e comprados com as terras as quais 
pertenciam e que não podiam abandonar. 
A religião garante certa unidade social, pois a 
politica depende da Igreja exercendo um forte poder 
espiritual e centralizando integralmente a vida 
intelectual, sobre as circunstancias: 
“A mora concreta, efetiva e a ética como 
doutrina moral, estão impregnadas de um conteúdo 
religioso que encontramos em todas as 
manifestações da vida medieval.” 
 
Neste período os pensadores cristãos 
conceberam uma nova ética que encontra em Deus 
os princípios da vida moral, denominada Teonomia 
(Théos, em grego, significa Deus). 
Estes pensadores aproveitaram as doutrinas 
gregas das virtudes e da correspondência do bom 
ao verdadeiro, agregando-as ao corpo de uma ética 
cristã, negando, por outro lado, fundamentos éticos 
naturalistas e hedonistas, incompatíveis com as ideias 
morais cristãs. 
Considerando, ainda, que o homem é um 
peregrino que se prepara para uma vida futura 
ultraterrena, rejeitaram a busca da felicidade 
(eudemonia) que caracterizou grande parte do 
pensamento grego. Ironicamente, no entanto, a ética 
cristã de igualdade é lançada no momento histórico 
em que os homens conhecem as maiores 
desigualdades: 
 A divisão entre escravos e homens livres 
 Ou entre servos e senhores feudais. 
Vázquez ressaltava que a ética cristã medieval 
“não condena esta desigualdade social e chega 
inclusive a justifica-la. 
 
“A igualdade e a justiça são transferidas para um 
mundo ideal, enquanto aqui se mantém e sanciona a 
desigualdade social.” 
 
Podemos afirmar que a formulação conceitual da 
ética cristã herda conceitos platônicos e aristotélicos, 
submetendo-os a um processo de cristianização, que 
transparece nas éticas de: 
 Santo Agostinho: Para ele a ascensão da alma 
que em Platão se eleva do mundo sensível ao 
 Ética na Saúde (Aula 1) ~ 3 ~ 
inteligível, transforma-se na elevação até Deus, 
cujo fim é o êxtase místico ou felicidade. 
 São Tomás de Aquino. tacam-se a 
contemplação e o conhecimento que dela 
decorre; São Tomás de Aquino se afasta, no 
entanto, da divisão das virtudes e da ética como 
doutrina dos costumes quando afirma que o fim 
supremo do conhecimento é Deus, entendido 
como o maior bem objetivo, cuja posse gera 
felicidade, um bem subjetivo. 
 
Durante os séculos XIV e XVI a história de ética 
ganhou um novo rumo com a valorização do 
homem nas ciências e nas artes, retomando algumas 
tendencias éticas antigas no inicio da Renascença, 
conhecido como ética moderna. (séculos XVI-XIX), 
alguns acontecimentos do período: 
 
1. Marcado pela criação e uma nova sociedade que 
substitui a ordem feudal da Idade Média, sob uma 
série de mudanças. 
2. No plano econômico teve o incremento de 
forças produtivas em função do 
desenvolvimento cientifico, mediante uma 
perspectiva cientifica mais pratica.3. No plano social temos o aparecimento de uma 
nova classe social, a burguesia, inicialmente na 
França (na revolução francesa 1789), 
desenvolvendo principalmente na Inglaterra. 
4. Vemos a implantação de um sistema em que o 
trabalhador ao trocar sua força de trabalho por 
um salário não é dono dos meios de produção, 
esses passam ao domínio da classe burguesa 
que ao vender as mercadorias produzidas pelos 
trabalhadores atribui um sobrevalor ao produzido, 
obtendo uma mais-valia ou lucro, o Capitalismo. 
 
No plano espiritual teve uma perda do papel de 
guia atribuído a Igreja Católica, pois a religião deixa de 
ser a forma ideológica dominante. 
Separam-se em linhas gerais: razão/fé, natureza 
e homem/deus, Estado/Igreja. A dimensão humana 
colocasse no centro da filosofia, ciência, arte, política, 
e também da moral. Dominando a maior parte dos 
pensadores modernos. 
 Nicolau Maquiavel: Chamou atenção 
sobre o papel da ação política, visando a 
sobrevivência de um grupo, não de 
indivíduos isolados, na formação e conceitos 
éticos. 
 Thomas Hobbes: Defende a tese que o 
homem é antissocial, comportando-se 
sempre para satisfazer seu interesse pessoal 
e absorvendo aquilo que é bom ou 
vantajoso para si: egoísmo ético. 
 Baruch Espinosa: buscou na 
correspondência alma-corpo fundamentos de 
uma ética voltada para o exercício da 
liberdade, afirmando que são os homens que 
causam as paixões, não que estas devam 
estar subjugadas a razão ou vice-versa. 
 
Iluminismo (século XVIII), é marcado pelo 
movimento intelectual onde exalta-se a capacidade 
que tem o homem de conhecer e agir por uma luz 
própria da razão. 
A este respeito ressalta a obra de Immanuel 
Kant para quem a consciência cognoscente ou moral 
é suscitada em um homem ativo, criador e legislador. 
A resposta kantiana: o único bem em si 
mesmo é a boa vontade, aquela que age por puro 
respeito ao dever, visando sujeição do homem à lei 
moral – autonomia humano-moral. O dever torna-se, 
nesse quadro, incondicionado ou absoluto, 
abrangendo algo que se estende a todos os seres 
humanos em quaisquer tempos ou condições. 
 
Duas outras importantes contribuições para o 
domínio ético são encontradas ainda no século XIX: 
 Friedrich Nietzsche: Analisando os valores da 
cultura europeia, os vê encarnados no 
cristianismo, socialismo e igualitarismo 
democrático e sustenta que são formas de uma 
moral a ser superada mediante a formulação de 
um ponto vista além do bem e do mal. 
 Franz Brentano: Para ele seria possível se 
estabelecer leis universais de caráter axiológico 
(filosofia de valores), na medida em que há um 
subjetivismo ético que se relaciona a uma teoria 
objetiva do valor. 
Este é enunciado sob atos de preferência 
(valorização) ou repugnância (desvalorização); assim, 
a experiência que algo seja bom inclui um aspecto 
 Ética na Saúde (Aula 1) ~ 4 ~ 
subjetivo (para alguém) e a intenção que leva um 
homem a preferir algo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ética contemporânea e 
relativismo ético 
As discussões sobre as questões a respeito 
do conceito de bem supremo, ou os debates sobre 
se o bem é o bem individual ou coletivo, se parte do 
particular para o geral ou vice-versa, tem encontrado 
certo consenso no sentido de que o bem só é 
possível quando compartilhado ao nível social. 
Assim, o ético se faz a partir do todo social e 
não a partir da ação individual. 
Torna-se necessária a noção de uma 
equidade cultural que possibilitaria a uniformidade de 
valores e consequentemente em uma única 
subjetividade de valores morais e sociais que 
uniformizasse também as expectativas e os desejos 
individuais. Caso contrário, esta posição seria utópica 
e desprovida de valor prático uma vez que o bem 
se relativiza a partir do valor cultural que o 
fundamenta como um bem próprio e típico do 
ponto de vista de uma dada Cultura. Estes ideais são 
direta ou indiretamente a raiz do que se 
convencionou chamar de Globalização. 
As atuais políticas governamentais têm 
pautado suas bases de atuação em critérios que 
desconsideram a necessidade de integração entre os 
diferentes níveis de desenvolvimento e negado os 
aspectos necessários à construção de um projeto 
social mais voltado para um futuro harmonioso nas 
relações sociais. 
 
 
Ética e Moral estão diretamente 
associados. Ambas dizem respeito ao modo como 
lidamos com o outro, aos costumes. 
A ética se constitui de princípios voltados 
para o bem comum. Ou seja, é a reflexão acerca 
dos princípios que irão nortear as relações humanas 
de modo justo e equânime. 
A moral, por sua vez, é o conjunto de 
hábitos, condutas e normas que constituem o padrão 
de um grupo social em determinada época, lugar ou 
mesmo classe social. Assim, moral são as normas de 
comportamento pertencentes a um grupo e ética os 
princípios norteadores destas normas, ou em outras 
palavras, os valores ideológicos que fundamentam a 
moral. 
Desta forma: 
Alguém é moral ou imoral na medida 
em que acata ou transgrida as normas de seu grupo. 
Alguém é ético ou antiético na medida 
em que fundamenta suas ações em princípios que 
consideram ou desconsideram a equidade, o respeito 
ao outro e a justiça. 
Por exemplo: Roubar é imoral (vai contra as 
normas de conduta de nossa sociedade). Roubar é 
imoral, porque consideramos que ninguém tem o 
direito de retirar o que é de outro contra a sua 
vontade (valor ideológico ético que fundamenta o 
comportamento moral). 
 
Extra: 
Quando o cristianismo ganha força como 
religião central, em Roma, sua influência atingiu todos 
os meios, inclusive os conceitos da filosofia grega 
sobre ética e moral, sendo ambas, impregnadas de 
ideais cristãos. 
O ato moral, provocado por um ser humano 
real e contextualizado historicamente, deve ser 
avaliado sob o código moral que vigora na sociedade 
daquele que promoveu a ação. 
Neste contexto, o ato de roubar é imoral. 
Podemos explicar a moral como a ética 
posta em prática. 
Desta maneira estremos sendo morais e, 
portanto, éticos, sempre que respeitarmos as regras 
e os limites impostos pelo meio social. 
Idade medial: a moral era 
associada as leis divinas, em buscar 
obediência as leis de Deus, a busca pela 
salvação e vida eterna. 
 A descrição do que era bom e ruim 
estava associada a igreja. 
Idade Moderna: com o 
movimento Renascentista volta a valorizar a 
razão, o indivíduo que faz as escolhas, 
racionalidade, criatividade e liberdade.

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