Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pop Art Popular ; efêmera ; descartável; barata; produzida em massa; jovem ; espirituosa; sexy; chamativa; glamourosa; e um grande negócio Segunda metade do século XX - Após a Segunda Guerra Mundial, a comunicação de massa configurou o termo “indústria cultural”, que consiste na produção de arte e cultura nos padrões comerciais, em um sistema de planejamento e de organização das fabricações em série – revistas, músicas, filmes –. Os Estados Unidos divulgou neste momento o chamado “sonho americano” e mostrava ao mundo uma imagem de opulência que encantava. Foi neste cenário, na América, que a Pop Art tomou forma, a partir do início dos anos 1960, sustentada pelo consumismo varejista norte-americano com imagens icônicas como da Coca-Cola, da sopa Campbell’s, imagens do cinema norte-americano e de estrelas do rock’n’roll. Início dos anos 1950 - Independent Group associado ao Institute of Contemporary Art (ICA): sentindo que a cultura do pós-guerra seria democrática, inclusiva e acessível, argumentavam que a arte moderna deveria seguir o exemplo, rejeitando a dificuldade misteriosa de grande parte da arte moderna anterior, assim como a crença de que arte e vida eram esferas separadas sem pontos de contato. Lawrence Alloway e os artistas Eduardo Paolozzi e Richard Hamilton discutiam a crescente cultura de massa que se manifestava na propaganda, no consumismo, na mídia e nas comunicações, que se originaram nos Estados Unidos, mas que se espalharam por todo o Ocidente. O termo Pop Art surgiu em um artigo escrito em 1958 por Alloway, entretanto, em 1956, a colagem de Richard Hamilton O que será que torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes? já trazia estampado “POP” na embalagem de um gigantesco pirulito Tootsie, feita com anúncios tirados de revistas populares americanas. - O que será que torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes? - mostra Charles Atlas, um célebre, halterofilista da época, e uma pin-up glamourosa como o novo casal doméstico. Uma tira em histórias em quadrinhos e uma lata de presunto. Em resumo: um mundo de fantasia consumista, disponível por um bom preço, prometia uma fuga do enfadonho trabalho na vida do pós-guerra na Grã-Bretanha. Reino Unido: alunos do Royal College of Art usavam materiais, objetos ou fragmentos não pensados, inicialmente, como materiais de arte. Entre 1959 e 1962: exposições anuais chamadas Jovens Contemporâneos. Destacaram-se David Hockney , Allen Jones , Patrick Caulfield e R. B. Kitaj. As obras desses artistas remetiam a um imaginário urbano. Eles introduziram elementos abstratos em seus trabalhos, o consumismo em estilo americano como tema, mas também técnicas associadas aos pintores abstratos norte-americanos. Hockney: pinturas figurativas gestuais com uso do grafite e por uma consciência aguda dos estilos artísticos anteriores - suas tea paintings, de 1960 e 1961: embalagens do cha Typhoo, seus primeiros nus e até mesmo seu primeiro quadro de “piscina”, se basearam em fotos de revistas. O quadro de piscina mais conhecido é Bigger Splash. Pop Art Americana, as obras de Jasper Johns, como os quadros da bandeira dos Estados Unidos da sua série Bandeira e os trabalhos de Robert Rauschenberg, cujas colagens e “combinações” tridimensionais (combine paintings) uniam pintura, escultura, ilustrações de revistas a símbolos do consumo de massa como em - Bed: uma colcha verdadeira de cama, desarrumada e suja, e um travesseiro pintado ou garrafas de Coca-Cola, mostravam um novo tipo de imagem para a arte americana. Essas obras abriram caminho para a Pop Art americana. Mais tarde, os artistas participaram de um breve movimento denominado Neodadá. Estados Unidos-1960 Roy Lichtenstein, Tom Wesselmann, Claes Oldenburg , James Rosenquist e Andy Warhol . Em um primeiro momento, os cartuns intensamente coloridos de Lichtenstein - Whaam! e as reproduções em serigrafia de Warhol - Lata de sopa Campbell’s, foram recebidos com incompreensão. Ao mesmo tempo, o escultor Claes Oldenburg expunha imensas telas hiper-realistas e versões de objetos corriqueiros em espuma de borracha - Hambúrguer gigante. Um ponto de convergência entre a Arte Pop na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos é o elemento de classe social. Max Kozloff definiu os artistas pop como “novos vulgares”, já outros consideraram o pop uma nova manifestação de pintura da cena americana ou do realismo social. A linguagem transparente da propaganda, que sugeria uma troca simples de dinheiro por gratificação, era familiar à maioria dos ocidentais nos anos 1960 sendo presente no design comercial e decoração de vitrine. 1960: Os artistas norte-americanos estavam unidos por um estilo semelhante no uso de cores vibrantes e de desenho simplificado, assim, como às vezes, por um tema comum, interesse por revistas em quadrinhos, pelo cinema de Hollywood e por fontes fotográficas. Embora não tivessem precursores teóricos, os norte-americanos se inspiraram na postura estética do compositor John Cage , cuja receptividade aos ruídos mais insignificantes e mesmo triviais chamou a atenção dos artistas para as minúcias do mundo que os cercava. Los Angeles se mostrou um lugar particularmente receptivo, com suas tradições artísticas estratificadas e uma população jovem, abastada e disposta a colecionar arte contemporânea. Os significados do termo “pop”: o que se refere às belas-artes e outro uma definição cultural, ampla, que engloba música pop, cultura pop, ficção pop, etc. Os espetáculos extravagantes dos anúncios e a introdução deste apelo espalhafatoso ao olhar dentro de casa, tudo isso se tornou disponível à sociedade. Como a Arte Pop havia se inspirado no design comercial e na cultura popular, ela acabou também se voltando para a propaganda. Duas das mais famosas criações pop nas artes gráficas são do designer Milton Glaser: um adesivo com um coração vermelho e o texto “I Love NY” e o pôster com Bob Dylan. No mobiliário, Jonathan De Pas, Donato D’Urbino e Paolo Lomazzi, que criaram a poltrona Blow, a primeira cadeira inflável do mundo, com apelo ao lúdico na forma, no material e nas cores, além de ser leve e, portanto, fácil de transportar, além de barata. O grupo também criou o Sofá Joe, em homenagem ao jogador de beisebol Joe DiMaggio. Charles Eames, pai do design orgânico, que gostaria que sua cadeira fosse tão confortável quanto uma luva de beisebol. A arte e o design pop fazem parte de uma reação ao domínio dos estilos modernistas do pós-guerra, a partir de uma rejeição à extrema seriedade, à angústia e ao elitismo associados ao Expressionismo Abstrato e à Arte Informal. Em 1964, a Pop Art norte-americana foi mostrada na Bienal de Veneza, representada por Jasper Johns, Jim Dine e Claes Oldenburg. Robert Rauschenberg ganhou o Grande Prêmio Internacional de Pintura. The Factory, a “Fábrica” de Mr. América A exposição de Andy Warhol na Ferus Gallery, em Los Angeles, em 1962. Ele apresentou 32 telas pintadas com latasindividuais de sopa Campbell’s apoiadas sobre uma estreita prateleira. Pinturas subsequentes com múltiplas imagens de latas de sopa, garrafas de Coca-Cola, cupons de desconto e dinheiro reiteraram a ideia das obras de arte como mercadorias, que seria ainda mais reforçada pelas pilhas de Caixa de Brillo. O artista apresentou as caixas na exposição The American Supermarket, realizada em Nova York, e as vendeu por 350 dólares cada. Em outra exposição, na galeria de Leo Castelli, Warhol cobriu as paredes com uma imagem repetida de flor, e na Stable Gallery, encheu o espaço com reproduções de caixas de sopa Campbell’s. Mais tarde, em 1966, também na galeria de Castelli, o artista “redecorou” o local com Papel de parede – Vaca (rosa no amarelo).Warhol, praticamente abandonou a tradicional pintura de cavalete, em 1962, para se concentrar na serigrafia. A vantagem dessa técnica em relação à pintura vinha da produção de múltiplas cópias de imagens únicas, de modo que mais pessoas podiam comprar a mesma obra. Quando produzia com os assistentes de seu ateliê, denominado The Factory, era capaz de “fabricar” obras em massa, garantindo a ele uma maior parcela do mercado da arte. As coisas representadas nas pinturas estavam, agora, disponíveis a pessoas de quase todas as classes, enquanto as próprias pinturas, que se mostravam altamente vendáveis como mercadorias de arte, estavam igualmente disponíveis, especialmente quando reproduzidas como gravuras, pôsteres e cartões postais. Desse modo, os artistas pop podiam usar o sucesso de mercado de certos produtos amplamente conhecidos para ajudar a vender seu próprio trabalho.A partir de 1963, Warhol passa a fazer filmes experimentais. Com o uso da câmera fixa, ausência de estrutura narrativa e grandes durações, Sleep, de 1963, mostra um homem dormindo; e, em Império, de 1964, uma tomada estática do edifício Empire State. O artista mostra uma nova relação entre o tempo real e o tempo fílmico ao pesquisar a qualidade da atenção dada pela audiência, quando confrontada com imagens pictóricas. Chelsea Girls, de 1966, rodado no famoso Hotel Chelsea, é o filme mais conhecido do artista. Salvador Dalí com 35 minutos de duração, mostra o pintor surrealista visitando a The Factory e conhecendo a banda de rock The Velvet Underground. Em 1969, ele publica a primeira edição da revista Interview, da Warhol Enterprises Inc. e, em 1971, cria a capa do disco Sticky Fingers, dos Rolling Stones. Andy Warhol “No futuro, todos serão mundialmente famosos por 15 minutos”. O prognóstico tinha como base dois temas de grande interesse para os artistas pop: meios de comunicação de massa – a partir do boom ocorrido, na época, da televisão e das revistas populares que celebravam a abundância norteamericana – e o mundo das celebridades, no qual a fama dependia do reconhecimento público, por meio da exposição na mídia.A morte de Marilyn Monroe e a adoção da serigrafia: uma fotografia de publicidade, quando Marilyn era jovem, dando atenção para o rosto dela e especialmente o cabelo e a imprimiu em uma série de telas. Warhol encontrou na atriz a fusão de dois dos temas mais recorrentes em toda a sua obra: a morte e o culto à celebridade. O contraste entre cor e preto-e-branco na tela de Díptico de Marilyn, composta por 50 representações da atriz, sugerem, segundo a crítica, uma mortalidade inevitável. Ele produziu serigrafias coloridas dos rostos de celebridades como Elvis Presley, Jacqueline Kennedy e Elizabeth Taylor, e políticos e líderes como Che Guevara e Mao Tsé-tung. Estas obras foram um grande sucesso, o que não aconteceu com a sua série Death and Disaster: reproduções monocromáticas de desastres brutais de automóvel, suicídios, de uma nuvem em forma de cogumelo e de uma cadeira elétrica. Todas as serigrafias derivaram de fontes da mídia e reduziam significativamente o glamour, por exemplo, de se dirigir em uma estrada aberta, enquanto que os suicídios (sendo o mais famoso o de Marilyn Monroe) sugeriam a falência das promessas de riqueza e de felicidade da mídia e o desespero de muitas pessoas que não encontraram a tal “felicidade”. A forma de cogumelo marcava os 20 anos da explosão da bomba atômica no Japão, em 1945, e a cadeira elétrica era o emblema mais público da crença dos norte-americanos na pena capital. O artista volta-se para outras avaliações e irônicas especulações sobre a condição humana. A Arte Pop O movimento evitou a rigidez e a censura, em favor de uma arte que era visual e verbal, figurativa e abstrata, criada e apropriada, artesanal e produzida em massa, irônica e sincera. Foi um dos primeiros movimentos artísticos pós-modernos a tentar descobrir qual é o lugar do artista e do seu produto – a obra de arte única, assinada pelo autor – no mundo moderno do consumo e da comunicação de massa. Possuía ambição de romper a barreira entre cultura de elite e cultura de massa. Excepcionalmente, cruzaram a fronteira da cultura popular, especialmente com a criação de capas de discos de música pop. Com imagens facilmente reconhecíveis e infinitamente repetidas para estabelecer a fama por meio da mídia. Pop Art no Brasil As mostras Nova Figuração da Escola de Paris e Opinião 65 ,no Rio de Janeiro; e Proposta 65 , em São Paulo, mostraram um novo posicionamento dos artistas brasileiros, com forte presença do movimento pop em forma e técnica, mas não em conteúdo, especialmente nas obras de Rubens Gerchman e Antônio Dias . Entretanto, ligada diretamente aos Estados Unidos, a influência pop era um incômodo para muitos artistas, por relacionar-se ao “centro do imperialismo mundial”. Buscavam uma nova condição da produção artística ao reforçarem a ligação do debate artístico com a realidade. A obra de Warhol mostra os meios de comunicação de massa, da publicidade e das celebridades, enquanto a produção artística brasileira estava voltada para o analfabetismo, a censura e o subdesenvolvimento. Os ícones pop no Brasil: Coca-Cola, Marilyn Monroe e Che Guevara. Os dois personagens mais importantes da obra pictórica de Gerchman, Lindonéia – A Gioconda do subúrbio e Monalou mostram a tradução de ícones fundamentais de Warhol: Gold Marilyn Monroe e a Mona Lisa .Assim como alguns artistas pop ingleses e norte-americanos, Gerchman também criou uma capa de disco para o LP Tropicália ou panis et circencis, em 1968. Che Guevara seria o ícone de lutas revolucionárias latino-americanas no final dos anos 1960 – lembrado por Warhol – e, na década seguinte, consumido como pop star. Cildo Meireles gravou, em garrafas de Coca-Cola informações e opiniões críticas, e as devolveu à circulação. Utilizou o processo de serigrafia com tinta branca vitrificada, que não aparece quando a garrafa está vazia, mas sim quando está cheia, quando fica visível a inscrição contra o líquido. Na Cosmococa intitulada CC5 HENDRIX WAR, Hélio Oiticica e Neville d’Almeida incluíram uma caixa de fósforos com a marca Coca-Cola,fazendo alusão à cocaína. Nelson Leirner: obra experimental e transgressiva, buscando espaços alternativos para a prática artística, com engajamento político frente à ditadura. A partir do popular cria uma obra repleta de ironia e de polêmica. Questionador, utilizou diversas linguagens para reflexão sobre a arte no mundo e na própria sociedade, um dos artistas pioneiros no modo de levar o humor a sério, trazendo-o para o centro da produção cultural sob formas e ações transgressivas. No final da década de 1960, apresenta serigrafias com nítida influência pop nas cores, formas e na repetição.
Compartilhar