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Livro do professor Livro didático 5 6 Arte enlatada 2 O caminho dos independentes 17 9o. ano Volume 3 Arte 5 6 © Sh ut te rs to ck /D cw cr ea tio ns 1. Quais as principais características de uma indústria? 2. O que diferencia um produto industrial de um artesanal? 3. Em qual desses dois sistemas de produção você acha que a arte se encaixa? Arte enlatada 5 © Sh ut te rs to ck /F ai za l R am li • Latas de sopa Campbell’s dispostas em uma prateleira de supermercado Encaminhamento da atividade.1 Aula 1 © Sh ut te rs to ck /M ik ha il Gr ac hi ko v 2 Objetivos • Conhecer a Pop Art. • Saber mais sobre Andy Warhol, considerado o “papa” desse tipo de arte. • Criar pinturas em série. • Aprender a produzir e a usar um estêncil. Você consegue imaginar latas de sopa, como as que acabou de ver, inspirando importantes obras de arte? Pois isso já aconteceu. Veja a foto a seguir: são 32 quadros do artista estadunidense Andy Warhol expostos um ao lado do outro, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Aprofundamento do conteúdo.2 © M us eu d e Ar te M od er na WARHOL, Andy. 1962. Sopas Campbell’s. 32 serigrafias sobre papel, color., 50,8 cm × 40,6 cm. Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, Estados Unidos. Andy Warhol (1928-1987) Filho de imigrantes eslavos, Andy Warhol nasceu na cidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e teve uma infância muito simples, além de uma saúde bastante frágil. Por isso, ele era muito ligado à mãe, tanto que ela o acompanhou mesmo durante a vida adulta e morou com ele em Nova Iorque, quando ele se mudou para a cidade. Lá, Warhol iniciou seus trabalhos como artista comercial e produziu desenhos para anúncios de moda. Esse trabalho influenciou profundamente sua arte, que contou também com produções para o cinema. ©G et ty Im ag es B ra zil /H ul to n Ar ch iv e - R M E di to ria l I m ag es 3 Cineminha RETRATO COMPLETO DE ANDY WARHOL Direção: Chris Rodley Gênero: Documentário Ano de lançamento: 2002 Duração: 100 min País: Estados Unidos Sinopse: Nesse documentário, há depoimentos de artistas, assistentes, ami- gos e também dos irmãos de Andy Warhol, o que nos possibilita conhecer melhor a vida e a obra dele. © M ag nu s O pu s Troca de ideias Encaminhamento da atividade.3 De que forma a série de quadros produzida por Andy Warhol retratando latas de sopa está relacionada a la- tas de sopa de verdade, que estão à venda nos supermercados? E o que elas têm a ver com as imagens a seguir? © Sh ut te rs to ck /O le g Go lo vn ev © Sh ut te rs to ck /k itt ira t R oe kb ur i Para responder a essas questões, preste atenção na disposição espacial de latas, quadros, livros e cartazes de filmes: Qual a finalidade da exposição de cada um em seus ambientes (supermercado, galeria de arte, museu, livraria, cinema)? Compartilhe suas reflexões com os colegas e o professor. Aulas de 2 a 5 Ao visitar um supermercado, é provável que você já tenha visto alimentos e diversos outros itens produzidos em série disponíveis para a venda. Essa produção em série é necessária porque nós vivemos sob a lógica industrial do capitalismo, que estimula o consumo de diversos bens. Mas como isso impacta o campo da arte? Quando um produto é fabricado em grandes quantidades, em uma linha de montagem. • Livros à venda em uma livraria • Filmes em cartaz em uma sala de cinema © Sh ut te rs to ck /H aa li 9o. ano – Volume 34 Em sua arte, quando Andy Warhol retrata fiel- mente um produto industrial (no nosso exemplo, as latas de sopa), inclusive colocando as latas lado a lado, como em uma prateleira de supermerca- do, podemos fazer a seguinte leitura: a arte pode ser transformada em um produto industrial fei- to para o consumo, assim como qualquer outra coisa. Agora, se você comparar a imagem das latas que vimos na página 3 com a foto da livraria ou do foyer do cinema, da página 4, verá que exis- tem semelhanças entre elas: desde a disposição dos produtos (latas de sopas, livros, filmes), um ao lado do outro, até a finalidade dessa disposição, que é a venda, o consumo. Ou seja, mesmo as obras de arte visuais, como as de Warhol, seguem essa lógica quando ficam disponíveis para a com- pra em galerias de arte. 4 Texto complementar. © Ge tty Im ag es B ra zil /P re m iu m A rc hi ve - RM E di to ria l I m ag es Andy Warhol chamou seu ateliê de Factory, que traduzido para o português significa fábrica. O local reunia uma grande quantidade de artistas, que produziam criações coletivas, além dos assistentes que o auxiliavam na produção de suas obras. Esse nome foi dado porque, antes de ser ateliê, o prédio abrigava uma antiga fábrica de chapéus, mas é impossível não fazermos uma relação com a forma como Warhol produzia suas obras: em série, em grande quantidade e com foco na venda e no lucro. Aprofundamento do conteúdo.5 Troca de ideias Encaminhamento da atividade.6 • Você já comeu algo enlatado? Podemos dizer que esses alimentos são frescos e saudáveis? Eles duram muito ou pouco tempo? Por quê? São produzidos artesanalmente ou de acordo com uma linha de montagem? • Que leitura você faria da obra Sopas Campbell’s, de Andy Warhol? Saiba + No caso do cinema, temos mais uma camada de significado no que se refere à essa lógica de massificação e consumo: os rolos de filme normalmente são guardados em latas para conservação e transporte. Por causa dessa característica e também pela possibilidade de comparação com os alimentos enlatados, parte dos filmes e se- riados produzidos no polo cinematográfico de Hollywood, nos Estados Unidos, são cha- mados ironicamente de “enlatado norte- -americano”. Isso porque são produtos de fá- cil assimilação, feitos em larga escala, tendo a venda como principal finalidade. © Sh ut te rs to ck /J os hu a Ra in ey P ho to gr ap hy • Rolos de filmes armazenados em latas, para que se- jam adequadamente conservados e transportados Arte 5 Nasce a indústria da cultura No final do século XIX, surgiram invenções como a fotografia e o gramofone, e então o mundo todo co- nheceu a possibilidade de reprodução de imagens, sons e músicas. As consequências dessas invenções foram muitas. Perceba que, com elas, os produtos culturais (que até então eram únicos e que normalmente tinham de ser apreciados ao vivo) passaram a ser reproduzíveis. Ou seja, uma grande quantidade de pessoas passou a ter acesso a esses produtos. Esse foi o marco que podemos chamar de nascimento da indústria cultural. Aliás, esse termo, indústria cul- tural, foi criado pelos filósofos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer, na década de 1940, para definir o novo sistema no qual a cultura deixou de ser produzida como uma livre expressão humana e passou a ter outra finalidade principal: a venda. Orientação didática.7 Encaminhamento da atividade.8 [...] A cultura – feita em série, industrialmente, para o grande número – passa a ser vista não como instrumento de livre expressão, crítica e conhecimento, mas como produto trocável por dinheiro e que deve ser consumido como se consome qualquer outra coisa. E produto feito de acordo com as normas gerais em vigor: produto padronizado, como uma espécie de kit para montar, um tipo de pré-confecção feito para atender necessidades e gostos médios de um público que não tem tempo de questionar o que consome. Uma cultura perecível, como qualquer peça de vestuário. Uma cultura que não vale mais como algo a ser usado pelo indivíduo ou grupo que a produziu e que funciona, quase exclusivamente, como valor de troca (por dinheiro) para quem a produz. COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural. Brasiliense: Rio de Janeiro, 2007. p. 11-12. Nós podemos chamar de cultura de massa os produtos que são fabricados nessa indústria cultural. Isso porque eles são criados por alguns grupos de pessoas, mas destinados ao consumo das multidões, visando principalmente ao lucro. Por exemplo, os folhetinsestão entre os primeiros produtos da cultura de massa, e as novelas televisivas que as pessoas consomem atualmente são derivadas deles. Histórias melodramáticas que antigamente eram publicadas em capítulos nos jornais. Troca de ideias Já mencionamos que as telenovelas são produtos da cultura de massa. Você conhece outros produtos que podem ser considerados dessa cultura? Converse com os colegas e o professor sobre isso. Existe também a comunicação de massa, que é a comunicação feita por mídias como jornais, rádios e te- levisões. Chamamos assim porque essas mídias são normalmente controladas por grandes grupos empresariais e, nelas, a veiculação de informações é voltada para as multidões. Isso frequentemente provoca aumento da cultura de massa, uma vez que, para atingir seus interesses, os grupos empresariais responsáveis por esse tipo de comunicação procuram influenciar o consumo em grande escala. © Sh ut te rs to ck /H aa li 9o. ano – Volume 36 Saiba + As latas das sopas Campbell’s marcaram profundamente a carreira de Andy Warhol e a história da arte. Foi usando a imagem da sopa que o artista começou a se tornar conhecido, na década de 1960. Leia o trecho a seguir para saber como ele teve essa ideia. “Não sei o que fazer! Muriel, você tem ideias fabulosas. Não pode me dar uma?” Sim, ela podia, respondeu Muriel, mas isso custaria a ele algum dinheiro. – Quanto? – perguntou ele. – Cinquenta dólares – ela respondeu. Andy imediatamente preencheu um cheque e disse: – OK, adiante. Me dê uma ideia fabulosa! – De que é que você mais gosta neste mundo? – Muriel perguntou. – Não sei. De que é que mais gosto no mundo? – Dinheiro – disse ela. – Você deveria pintar quadros de dinheiro. – Oh, céus – Andy falou ofegando. – Essa é realmente uma grande ideia! No silêncio que se seguiu, Muriel elaborou: “Você deveria pintar alguma coisa que todo mun- do vê todo dia, que todo mundo reconhece... como uma lata de sopa”. Pela primeira vez naquela noite, Andy sorriu. Como diria mais tarde a Robert Heide: “Muitos dias, na hora de comer, Mamãe abria uma lata de sopa de tomate Campbell’s para mim, porque era tudo que a gente podia ter. Amo aquelas latas até hoje.” Na manhã seguinte, Andy mandou Julia [sua mãe] comprar uma lata de cada uma das 32 variedades de sopa Campbell’s, no supermercado local, e começou a trabalhar. Primeiro, fez uma série de desenhos. Depois, fez slides coloridos de cada lata, projetou-os numa tela e começou a experimentar com diferentes dimensões e combinações. Enquanto isso, fazia a mesma coisa com notas de dólar, pintando-as individualmente, depois em fileiras de duas, depois em fileiras de uma centena. Finalmente chegou ao que queria para seu modelo para as latas de sopa. Muitos artistas pop estavam usando imagens de alimentos de supermercados em suas obras, mas enchiam seus quadros com elas. Andy investiu esses mesmos objetos de uma nova seriedade, da dignidade de um ícone, pelo fato de isolá-los: decidiu fazer um retrato de cada uma das 32 latas, o mais exato possível, perfeito, contra um fundo branco. BOCKRIS, Victor. Andy Warhol: a biografia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1991. p. 143-144. Atividades 1. Como você leu no texto, Andy, de fato, consumia as sopas Campbell’s. Isso começou quando ele era criança, em sua infância pobre, mas continuou na vida adulta, mesmo depois que ele se tornou um homem rico. Existe alguma marca ou produto de seu cotidiano cuja embalagem chame a atenção pelo design? Procu- re se lembrar de algo de que você goste muito e que de alguma forma tenha marcado sua história. Você pode também ir até o supermercado e investigar. Após selecionar o melhor produto, você pode fazer uma foto dele ou, se não custar muito, pode comprá-lo. 2. Agora, assim como Andy Warhol, você vai produzir uma série de pinturas com esse motivo. • No diário de bordo, crie sua versão para o produto que escolheu. Tente se aproximar o máximo possível da realidade. Você pode usar grafite, lápis de cor e canetinha. • No material de apoio, há seis molduras disponíveis para que você reproduza esse mesmo desenho. • Dê um título para sua primeira série de pinturas e, claro, lembre-se de assiná-la! Arte 7 O papa Warhol Andy Warhol fez parte da Pop Art, que foi um movimento artístico que se desenvolveu principalmente nos Estados Unidos, misturando cultura erudita e popular. É muito provável que Warhol não tenha tido exatamen- te a intenção de fazer isso, mas mui- tos críticos de arte leem a obra dele afirmando que o artista se infiltrou no sistema capitalista para criticá-lo. Texto complementar.10 Aprofundamento do conteúdo.9 Pop Art: “Chamou-se de pop a arte com que Warhol se identifica por ter como tema os objetos e práticas da cultura de massa: produtos comerciais, histórias em quadrinhos, jornais, bandeiras nacionais, astros do cinema. A Pop Art, nome proposto por um curador inglês em 1956, não começou com Warhol no início dos anos 60. [O inglês] Richard Hamilton apresentara em 1956 uma colagem [veja a seguir] com o interior de uma casa moderna onde se vê um pirulito (em inglês lollipop) no qual está escrito ‘POP’”. DicionArte © Ku ns th al le Tu bi ng en HAMILTON, Richard. O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes? 1956. 1 colagem, 26 cm × 25 cm. Kunsthalle Tübingen, Coleção Prof. Dr. Georg Zundel. COELHO, Teixeira. Warhol, Warhol, Warhol. Bravo!, São Paulo, v. 3, n. 25, out. 1999. p. 109. Embasamento teórico.11 Por conta de sua experiência como artista comercial, Warhol conhecia de perto o funcionamento da publi- cidade e a usou a seu favor para se tornar conhecido. Primeiramente, sabia que precisava estar no lugar certo, na hora certa e isso significava, na época, apresentar seu trabalho na galeria de arte de Leo Castelli (1907-1999), que já havia lançado grandes nomes da Pop Art em Nova Iorque. Em segundo lugar, negou o status de obra única e original em sua arte. Para ele, o trabalho do artista estava mais relacionado a escolher uma imagem do que a produzir algo, e seu objetivo era tornar o que quer que fosse sensacional – ou seja, algo que provocasse grandes emoções, que fosse espetacular. © Sh ut te rs to ck /s tu di os to ks 9o. ano – Volume 38 Aprofundamento do conteúdo.12 Aprofundamento do conteúdo.14 serigrafia: a serigrafia ou silkscreen é uma técnica de transferência feita por meio da aplicação de tinta. Com ela, é possível transferir desenhos, fotos e textos para um tecido. Andy Warhol produzia suas obras assim e hoje essa técnica é ainda muito usada para estampar camisetas. Acontece assim: primeiro, é produzida uma espécie de tela, disposta em uma moldura de metal ou madeira, com a ilustração desejada. Nela, alguns pontos são vazados e outros não, de acordo com a estampa escolhida. Depois, essa tela é posta sobre a superfície que se deseja estampar e, então, com um rodo, basta espalhar tinta sobre toda a tela. Dessa forma, a tinta passará apenas pelos pontos não vazados da rede metálica, transferindo o desenho. DicionArte Para isso, o artista trabalhou fazendo intervenções em fotografias de desastres publicados na imprensa. Depois, buscou o sensacional em objetos absolutamente banais, como latas de sopa, notas de dinheiro e garrafas de refrigerante. E, ainda, na figura de celebridades como Marylin Monroe, Liz Taylor e Elvis Presley – ícones pop construídos pela indústria cinematográfica e fonográfica dos Estados Unidos. Era como se, ao associar-se a objetos e personalidades conhecidos de todos, Warhol se alçasse à mesma condição deles. Uma das estratégias para impactar o público era o tamanho de suas imagens e a grande repetição delas. Por exemplo, há uma obra bastante conhecida que é formada por 100 Marilyns Monroes, medindo 2 por 5 metros; há obras que consistem na representação de 112 garrafas de refrigerante, 80 notas de dois dólares, etc. Se, em um primeiro momento, para dar o efeito de repetição, o artista pintouuma a uma as telas represen- tando as latas de sopa, mais tarde ele conheceu a técnica da serigrafia e passou a usá-la intensamente. © La tin st oc k/ M ag nu m P ho to s/ Ev e Ar no ld • Andy Warhol trabalhando com serigrafia em seu estúdio, em Nova Iorque, 1964 A repetição foi a maneira que Warhol encontrou para apagar sua identidade do trabalho artístico, de forma que qualquer um pudesse realizá-lo e fossem até mesmo geradas dúvidas sobre sua autoria. Embasamento teórico.13 © Sh ut te rs to ck /H aa li © Sh ut te rs to ck /H aa li Arte 9 ApreciArte © An dy W ar ho l © Co le çã o pa rti cu la r Uma das primeiras ideias de Andy Warhol foi reproduzir notas de um dólar em série. Para fazer pinturas de Marilyn Monroe, Andy usou fotos em preto e branco, a fim de produzir um estêncil para a impressão de serigrafia. O artista era religioso, ia à missa todos os domingos e acredita-se que a inspiração para suas pinturas tenha vindo dos ícones religiosos, encontrados em abundância nas igrejas. Ele coloca os artistas no lugar de ídolos, tão adorados quanto as imagens religiosas. Observe as semelhanças entre algumas das pinturas de Warhol e o retábulo de Jan van Eyck. A obra de motivo religioso consiste em um total de 24 painéis emoldurados, que oferecem ao espectador duas cenas diferentes, dependendo da sua posição aberta ou fechada (a da imagem está na posição fechada), obtida dobrando para dentro os painéis nas suas extremidades. Os painéis são apresentados em três linhas no retábulo fechado e em duas linhas no retábulo aberto. • Na imagem, você vê algu- mas das Marilyns de Andy Warhol. Ele passou a pintar imagens da atriz logo de- pois que ela faleceu • Perceba a semelhan- ça entre a disposição das imagens religio- sas na imagem de Jan van Eyck e a dis- posição escolhida por Wahrol nas imagens que você já analisou © Sh ut te rs to ck /s tu di os to ks WARHOL, Andy. Notas de um dólar. 1962. Tinta acrílica e silkscreen sobre tela, em duas partes. Cada uma: 210,2 cm × 48,3 cm. VAN EYCK, Jan. O retábulo de Ghent com as folhas fechadas. 1432. 1 óleo sobre painel, cada painel 146,2 cm x 51,4 cm. Catedral de São Bavão, Gand, Bélgica.©W ik im ed ia C om m on s 9o. ano – Volume 310 • Como você pode ver na imagem, Elvis Presley foi outro ídolo pop a quem Warhol dedicou vá- rias de suas pinturas WARHOL, Andy. Elvis triplicado. 1964. Serigrafia sobre tela, 209 cm × 152 cm. Coleção particular, Nova Iorque, Estados Unidos. • Essa obra de Andy foi criada com base em uma fotografia publicada no jornal New York Mirror – um retrato do acidente mais grave da aviação estadunidense até então WARHOL, Andy. 129 mortos (catástrofe aérea). 1962. 1 acrílico sobre tela, 254,5 cm × 182,5 cm. Museu Ludwig, Colônia, Alemanha. Com base na sua leitura das obras apresentadas, converse com os colegas sobre estas questões: 1. Que temas são comuns entre as imagens apresentadas? 2. Que outras interpretações podem ser feitas sobre o elemento da repetição nas obras de Warhol? 3. É possível fazer um paralelo entre a obra de Warhol com a imagem da atriz Marilyn Monroe e o quadro de Jan van Eyck? Explique. 4. Que diferenças você percebe entre a imagem 129 mortos (catástrofe aérea) e as outras obras de Warhol que viu nesta seção? Comentários sobre as questões.15 © M us eu L ud w ig © Co le çã o pa rti cu la r Arte 11 Como já mencionamos, Andy gostava de inspirar a sua arte nas coisas mais banais. Por exemplo, em uma banana! Isso mesmo, em 1970, a imagem dessa fruta se transformou em uma obra icônica de Andy Warhol, retratada na capa do disco da The Velvet Underground, banda de rock hoje internacionalmente conhecida. © Po ly do r R ec or ds • Andy Warhol ao lado de Lou Reed, líder da banda The Velvet Underground © Ge tty Im ag es B ra zil /R ed fe rn s - R M E di to ria l I m ag es • Capa do disco da banda The Velvet Underground, desenhada por Andy Warhol Atividades Como você já sabe, Andy Warhol usou várias técnicas de reprodução em série em suas obras, como a fotografia e a serigrafia. Agora, você vai conhecer melhor uma delas: vamos experimen- tar o estêncil, que é uma técnica comum na arte urbana, usada para reproduzir desenhos rapida- mente. Ela consiste em uma folha vazada que re- cebe tinta para ser decalcada em outra superfície. Materiais • revistas velhas • estilete • cartolina ou papel de gramatura maior Como fazer 1. Destaque, do material de apoio, os dois mo- delos de estêncil no formato de banana. Você pode criar uma obra semelhante à capa do disco da banda The Velvet Underground. 2. Use um estilete para retirar algumas partes da banana. No primeiro estêncil, remova toda a parte interna do desenho, mantendo apenas seu contorno. No segundo, contorne com o estilete todas as partes do desenho que es- tão em preto, removendo-as. Faça isso sobre • fita-crepe • lápis de cor e canetinha uma revista velha, para não danificar a mesa ou outra superfície que estiver por baixo e, se precisar, peça ajuda ao professor. 3. Posicione o primeiro estêncil sobre a carto- lina. Se considerar necessário, utilize a fita- -crepe para fixá-lo. Contorne-o com a cane- ta hidrográfica ou com o lápis de cor. 4. Você pode optar por preencher a sua obra com cor ou por manter apenas o contorno. Não é necessário usar a cor amarela, você é livre para experimentar. 5. Posicione o segundo estêncil, preenchendo suas partes vazadas com caneta hidrográfi- ca preta ou alguma outra cor que contraste com a primeira que você utilizou. 6. Finalize sua pintura dando os últimos retoques e desenhando, por exemplo, as pintinhas pretas da banana. Agora que você já sabe como se faz para criar um estêncil, use sua experiência para criar outras obras. Faça um novo decalque com algo da sua escolha. Para os próximos, em vez de papel, utilize radiografias velhas ou transparências compradas na papelaria. Assim eles vão durar mais. Siga as orientações do professor. Aulas de 6 a 8 © Sh ut te rs to ck /s tu di os to ks 9o. ano – Volume 312 Saiba + Pop Art x Expressionismo abstrato Na década de 1960, estava em curso nos Estados Unidos um importante movimento da história da arte: o Expressionismo abstrato. Foi em paralelo com esse movimento que Andy Warhol começou a pintar. Entre os principais representantes do Expressionismo abstrato estão Jackson Pollock (1912- 1956) e Willem de Kooning (1904-1997). A produção desses artistas era essencialmente abstrata, como o próprio nome sugere, e contava com influências das diversas correntes do Modernismo europeu do início do século XX. Pollock, por exemplo, pintava arremessando ou pingando tinta sobre grandes telas estendidas no chão. Às vezes ele também deitava sobre as telas e se movia para imprimir traços usando o próprio corpo. Esse modo de pintar ficou conhecido como Action Painting ou Pintura de ação. © G et ty Im ag es B ra zi l/T he L IF E Pi ct ur e Co lle ct io n - R M E di to ria l ©Galeria Nacional da Austrália • Jackson Pollock em ação: o artista estadunidense é um dos principais representantes do Expressionismo abstrato POLLOCK, Jackson. Mastros azuis: número 11. 1952. 1 óleo, esmalte e tinta de alumínio com fragmentos de vidro sobre tela, color., 2,13 m × 4,89 m. Galeria Nacional da Austrália, Canberra, Austrália. Acontece que, de modo geral, esses artistas do Expressionismo abstrato desprezavam a cultu- ra popular e a arte comercial. E foi nesse contexto que Warhol iniciou a sua produção. No início, ele mesclava a linguagem dos anúncios publicitários a respingos de tintas e borrões, como uma forma de se aproximar do Expressionismo abstrato e tentar ser reconhecido pelos artistas desse movimento, que era tão prestigiado na época. Porém, a tentativa de Andy fracassou. Ele não conseguiu esse reconhecimento e, com o tem- po, passou a se empenhar no desenvolvimento da suaprópria linguagem, ao lado de artistas como Roy Lichtenstein e Robert Rauschenberg, que faziam parte do movimento da Pop Art. Como você já aprendeu aqui, essa era uma arte para ser con- sumida pelas multidões, assumidamente comercial, assim como a música pop, cujo principal precursor surgiu na mesma época: Elvis Presley. Que se manifesta antes ou que vem antes, dando origem a algo. Arte 13 A loja do pop Andy Warhol estudou a dinâmica do mercado da arte e tirou proveito desses conhecimentos para vender suas obras a preços cada vez mais altos. Sob encomenda e em troca de altas somas de dinheiro, ele produziu também uma série de retratos de personalidades prestigiadas da época. Quando morreu, o patrimônio de Warhol foi avaliado em 600 milhões de dólares. Comecei minha carreira como artista comercial e quero terminá-la como um ‘business-artist’ [...]. Eu queria ser um homem de negócios da arte ou um artista-homem de negócios. [...] Ganhar dinheiro é uma arte, trabalhar é uma arte e fazer bons negócios é a melhor das Artes. – Andy Warhol CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins, 2005. p. 117. O estadunidense Keith Haring (1958-1990) fez parte da geração de artistas que veio depois de Andy Warhol e que foi profundamente influenciada por ele. Haring ficou conhecido por desenhar com giz nos painéis vazios de publicidade dos metrôs de Nova Iorque e também por pintar grandes muros da cidade. Como eram lugares de grande visibilidade, sua arte foi ficando cada vez mais conhecida, ganhando fama em diversos países. Haring participou da 17.ª Bienal de São Paulo, em 1983, e foi convidado a pintar um muro na capital paulista. O traço de Keith Haring era simples e ele era bem ágil em sua produção, especialmente porque pintava em locais proibidos e, às vezes, precisava fugir da fiscalização. Chegou a ser preso, mas foi solto logo em seguida, pois seus desenhos eram facilmente removidos. Troca de ideias Se possível, pesquise na internet o vídeo que registrou a passagem de Keith Haring pelo Brasil e assista-o. Depois converse com os colegas sobre as questões a seguir. • Que tipo de paralelo podemos fazer entre a arte de Keith Haring e os atuais grafites de rua que conhecemos? • Você considera que, atualmente, é mais fácil ou mais difícil um artista ficar famoso em comparação com a época em que Keith Haring viveu? • Como podemos comparar a arte de Keith Haring à arte de Andy Warhol? Comentários.16 © Sh ut te rs to ck /In am el © Ke ith H ar in g HARING, Keith. Pop shop II. 1988. Silkscreen sobre papel. 30,5 cm x 38 cm. 200 impressões. 9o. ano – Volume 314 A influência de Andy Warhol no Brasil Um exemplo da influência de Andy Warhol e da Pop Art no Brasil é o da artista carioca Beatriz Milhazes. Em seus traba- lhos, ela reúne colagens com papéis coloridos, embalagens de bala e chocolates – materiais banais e produzidos em escala industrial. Outro ponto em comum são as altas cifras que seus quadros têm atingido nos últimos anos. Em 2016, uma de suas telas foi vendida por R$ 16 milhões na Feira SP-Arte – um dos maiores valores já pagos pelo trabalho de um artista brasileiro. Se Haring, inspirado em Warhol, jogou com a publicidade ao pintar em locais de grande visibilidade e com materiais facilmente apagáveis, deu também um passo além. Em 1986, mais do que buscar expor em galerias importantes, o artista inaugurou sua própria loja, para democratizar o acesso das pessoas à sua produção, sem nenhum tipo de intermediário, como ocorria com os grandes galeristas. Ele estampou seus desenhos em camisetas, ímãs, pôsteres, brinquedos e colocou tudo à venda a preços acessíveis, na Pop Shop. A loja física ficou aberta até 2011, em Nova Iorque, e atualmente continua funcionando pela internet. © Ge tty Im ag es B ra zil /C or bi s P re m iu m H ist or ic al • Keith Haring na Pop Shop, vestindo uma blusa com uma estampa de sua criação © Co le çã o pa rti cu la r MILHAZES, Beatriz. Yogurt. 2008. 1 colagem de mídias diversas, color., 1,85 m × 1,41 m. Coleção particular, Miami, Estados Unidos. © Fo lh ap re ss /D an ilo V er pa • A artista carioca Beatriz Milhazes é um fenômeno do mercado da arte internacional Leia, na reportagem a seguir, os “4 passos” que a artista Beatriz Milhazes seguiu para atingir o sucesso. O ritual do sucesso A trajetória da pintora Beatriz Milhazes, feita de talento e estratégias de galeristas, mostra o que faz um artista chegar ao topo do mercado de arte nos dias de hoje [...]. 1.º PASSO: ESTAR NO LUGAR CERTO NA HORA CERTA [...] A Beatriz artista estava no lugar certo, na hora certa e com o talento afinado para tirar proveito da circunstância favorável. A [...] explosão da Geração 80: “Fiquei um pouco assustada com o mercado, que de repente mostrava-se sedento por novos nomes e acolhia a todos com promessas de exposições aqui e no exterior”, diz a pintora. [...] Arte 15 KATO, Gisele. O ritual do sucesso. Bravo!, São Paulo, v. 11, n. 124, dez. 2007. p. 42, 44 e 45. Hora de estudo Com base no que você estudou neste capítulo, analise as afirmativas e aponte o somatório daquelas que estiverem corretas. (01) Andy Warhol estava no lugar certo e na hora certa. Morando na década de 1960 em Nova Iorque, local de grande efervescência cultural, seu trabalho foi aceito pelo movimento artístico em evi- dência, o Expressionismo abstrato. (02) O trabalho de Warhol tinha um diferencial. Mesmo fazendo parte do movimento da Pop Art ao lado de outros artistas, Warhol desenvolveu uma linguagem única ao elevar produtos industriais e celebridades à categoria de ícones quase religiosos. (04) O artista estadunidense Andy Warhol conseguiu grandes somas de dinheiro em troca do seu trabalho por disponibilizar apenas alguns poucos exemplares para a venda. (08) Logo no início da carreira, Warhol contou com duas exposições importantes: uma em Los An- geles e outra em Nova Iorque, com o grande galerista do momento: Leo Castelli. Isso foi decisivo para a divulgação de suas obras na cidade e em outros países. Somatório: 10 X Correta X Correta (04) Incorreta. Warhol produziu muito ao longo da vida. As técnicas da fotografia e da serigrafia contribuíram muito nesse sentido, já que por meio delas era possível ter muitas obras em pouco tempo. (01) Incorreta. O trabalho de Warhol se opunha à proposta do Expressionismo abstrato e ele não foi aceito pelo movimento, mas isso não impediu que ele fizesse sucesso desenvolvendo sua arte com outro tipo de linguagem, dentro da estética da Pop Art. 2.º PASSO: TER UM DIFERENCIAL – NO CASO, O SABOR BRASILEIRO Sua galerista em São Paulo, Márcia Fortes, acredita que é justamente essa característica – de uma aparente alegria descompromissada, bastante associada a um Brasil festeiro – uma das razões que tornam hoje Beatriz Milhazes uma artista tão bem-sucedida. [...] 3.º PASSO: A CLÁSSICA LEI DA OFERTA E DA PROCURA Outra questão é o tamanho da produção da artista. Atualmente, ela abre uma única expo- sição comercial por ano, com uma média de seis a sete telas inéditas, no máximo. [...] E aqui entra a lei máxima da economia: pouca oferta e muita demanda resultam, invariavelmente, em preço mais alto. 4.º PASSO: TER BONS CARTÕES DE VISITA Os quadros de Beatriz estão a cargo de quatro galeristas escolhidas a dedo: A Fortes Vilaça, em São Paulo; a Stephen Friedman, em Londres; a Max Hetzler, em Berlim; e a James Cohan, em Nova York. Assim, Beatriz [...] mantém representações nos principais centros da cena artística contemporânea. A atuação e o prestígio desses endereços também contam para sustentar o lugar que ela ocupa hoje nesse universo [...]. © Sh ut te rs to ck /In am el © Ab ril C om un ic aç õe s S .A ./G ise le K at o 9o. ano – Volume 316 1. Imagine que você é um artista profissional. Em quais lugares de sua cidade você poderia apresentar suas obras? 2. Como você divulgaria essas produções? 3. Quantovocê poderia ganhar com seus trabalhos e quais seriam os gastos para produzi-los? 4. De que forma você acha que as condições de produção, exposição e custo podem afetar a produção de um artista? 6 O caminho dos independentes HARING, Keith. Andy mouse. 1986. 1 serigrafia, color., 96,5 cm × 96,5 cm. Keith Haring Foundation, Nova Iorque, Estados Unidos. Encaminhamento da atividade.1 © Ke ith H ar in g Fo un da tio n g © Ke ith H ar in g Fo un da tio n 17 Converse com um artista de sua cidade sobre os desafios de uma carreira artística independente. Se for possível, com a ajuda do professor, a turma pode convidá-lo para um bate-papo na escola. Juntos, elaborem questões sobre a vida profissional para que o artista responda, tais como: Anote suas reflexões sobre essa experiência no diário de bordo. Objetivos • Refletir sobre a atuação dos artistas independentes. • Conhecer um movimento musical inovador que marcou a década de 1980 em São Paulo. • Analisar como os meios de comunicação popularizam certos artistas, mas ignoram outros. • Entender como a internet e outras ferramentas digitais afetam a produção e a divulgação artística. Como você viu no capítulo anterior, os artistas, em geral, além de se preocuparem com a criação de suas obras, precisam saber lidar com questões práticas do universo da indústria cultural. Afinal, por mais que uma obra seja de muita qualidade, ela precisa de espaço e de divulgação para chegar ao grande público. Da mesma forma, a obra precisa gerar retorno financeiro para que o artista possa sobreviver da arte e seguir sua carreira. Mas o cenário real não é bem esse. Se de um lado existem profissionais que se tornaram extremamente co- nhecidos e bem pagos, especialmente por estarem associados a grandes empresas e a instituições da indústria cultural, como vimos nos exemplos do capítulo anterior, existe uma outra realidade, que não é cheia de glamour e é vivida pela maioria dos artistas. Muitos profissionais, inclusive, precisam de outros empregos para poder sobreviver e financiar a arte que produzem. Esses artistas que seguem criando por conta própria, mesmo com poucos recursos financeiros e com pouca divulgação, costumam ser chamados de independentes ou autoproduzidos. Aprofundamento do conteúdo.2 Encaminhamento da atividade.3 Troca de ideias 1. Que caminhos você trilhou até se tornar um artista profissional? 2. Quais os principais desafios que você enfrenta para continuar fazendo sua arte? 3. Você precisa ter outros empregos para sobreviver? 4. Que conselhos você daria a um jovem que deseja viver de arte no Brasil? 18 © Shutterstock/Grafvision Itamar Assumpção (1949-2003) Nascido em Tietê, São Paulo, o cantor e compositor de MPB Itamar Assumpção passou a juventude na cidade de Arapongas, no interior do Paraná. Além de músico apaixonado por diversos ritmos, ele também foi ator, e por isso suas apre- sentações musicais são cheias de elementos teatrais. Na década de 1970, Itamar se mudou para a capital paulista e, como menciona na canção Prezadíssimos ouvintes, enfrentou muitas dificuldades para seguir sua carreira musical, especial- mente porque nunca aceitou as condições impostas pelas gravadoras e pelos meios de comunicação para divulgar sua música. Talvez seja por isso também que Itamar não alcançou grande fama, equivalente a outros nomes da música. Mas, mesmo assim, ele sempre foi elogiado pela crítica musical, gravou doze discos – não por acaso, um deles tem o título Às próprias custas (1982) –, fez turnês pelo Brasil e pela Europa e conquista fãs até hoje. Sem fama, sem dinheiro, mas com talento ApreciArte O seu professor vai tocar a música Prezadíssimos ouvintes, do músico paulista Itamar Assumpção. Per- ceba que, na canção, o artista aborda os desafios en- frentados por um cantor para seguir sua carreira. Veja o trecho inicial da letra: Aulas de 2 a 5 Prezadíssimos ouvintes Itamar Assumpção e Domingos Pellegrini [...] pra chegar até aqui eu tive que ficar na fila aguentar tranco na esquina e por cima lotação [...] A música de Itamar foi lançada em 1985, e o tema central dela é um artista que já passou por muitas coi- sas para poder cantar e expressa seu desejo de, final- mente, apresentar-se na televisão. • Por que será que a TV era tão importante para os artistas na década de 1980? • Sua importância continua a mesma atualmente? • O que mudou da década de 1980 para hoje? • De que outros meios os artistas dispõem para di- vulgar seus trabalhos? • Imagine quais podem ser as dificuldades encon- tradas atualmente pelos artistas. São as mesmas de 30 ano atrás? Justifique sua resposta. © Fo lh ap re ss /J oã o W ai ne r • Na foto, o cantor e compositor Itamar Assumpção, que é um exemplo de artista que construiu uma carreira mesmo sem o apoio de grandes gravadoras PELLEGRINI, Domingos. Prezadíssimos ouvintes. Intérprete: Denise Assunção, Gigante Brazil, Itamar Assumpção, Luiz Waack, Paulo Lepetit. In: ASSUMPÇÃO, Itamar. Sampa Midnight: isso não vai ficar assim. São Paulo: Baratos e Afins, 1983. 1 LP. Faixa 1. Encaminhamento da atividade.4 Arte 19 Cineminha DAQUELE INSTANTE EM DIANTE Direção: Rogério Velloso Gênero: Documentário Ano de lançamento: 2011 Duração: 1 h 49 min País: Brasil Sinopse: Assista a esse documentário para saber mais sobre a trajetó- ria musical de Itamar Assumpção. Na obra, há muitas cenas de shows, depoimentos de parceiros e discussões sobre o motivo de Itamar não ter se tornado um cantor de sucesso popular, mesmo sendo um gran- de artista da MPB. Em uma das entrevistas do filme, o cantor afirma: “A mídia não está interessada no autêntico. Se ela estivesse, eu estaria fazendo sucesso faz muito tempo.” © In st itu to It áu C ul tu ra l Atividades Como você viu, Itamar Assumpção não tinha “nem fama, nem grana”, mas tinha muito talento. Agora, vamos descobrir um talento da sua turma. • Forme um grupo com três colegas e escolham um talento de algum de vocês. • Juntos, pensem em uma forma de divulgar esse talento para torná-lo público. Pode ser por meio de uma produção (ex.: cartazes, vídeos, performance, apresentação ao vivo, etc.). • Por fim, avaliem os efeitos do trabalho de divulgação. Vocês alcançaram os resultados esperados? Revolução musical independente No início da década de 1980, um grupo de artistas começou a lotar o pequeno teatro independente Lira Paulistana, em São Paulo. Por isso, esse conjunto de artistas (entre eles Itamar Assumpção) passou a ser chama- do pelos críticos de Vanguarda paulista. Músicos como Itamar e Arrigo Barnabé, e também grupos como Rumo e Premeditando o Breque (conhe- cido como Premê), adotavam estilos bem diversos, mas tinham alguns elementos em comum: eles produziam obras ousadas, aproveitavam elementos teatrais em suas apresentações e fugiam de certos padrões dissemina- dos pelas emissoras de rádio e televisão da época. Dessa forma, mesmo sem ganhar muito espaço nos veículos de comunicação de massa e sem o apoio de grandes empresas fonográficas, esses artistas conquistaram um público local. Embasamento teórico.5 9o. ano – Volume 320 © Fo lh ap re ss - Di gi ta l/A na O tto ni Em várias de suas músicas, Arrigo faz referência ao universo das histórias em quadrinhos. Seu disco Tubarões Voadores (1984) é inspirado no quadrinho de mesmo nome, criado por Luiz Gê. Arrigo Barnabé, cantor e compositor nascido em Londrina, PR, usa em sua arte técnicas da música erudita combinadas com rock, samba e outros ritmos populares. O grupo Premê foi criado em 1976 por Claus Petersen, Marcelo Galbetti, Mário Manga e Wandi Doratiotto. Fez sucesso em São Paulo, na década de 1980, apresentando letras com humor inteligente e músicas de estilos diversos. Além disso, o Premê foi muito elogiado pela crítica musical e chegou a gravar dois discos em uma grande gravadora, mas nunca se tornou um fenômeno pop nacional. Atividades Você já ouviu algum dos artistas da VanguardaPaulista? Pesquise e ouça algumas músicas deles com seus colegas. Em sites de busca na internet, procure por palavras-chave como: “Brigando na lua” + “Premê”; “Ladeira da Memória” + “Grupo Rumo”; “Kid Supérfluo, Consumidor Implacável” + “Arrigo Barnabé”. • Depois de ouvir as canções, escolha uma delas para criar um roteiro de divulgação: Como você a divulgaria? Para qual público? Em quais mídias? Faça uma justificativa dos motivos que o fizeram escolher essa música em específico. Orientação didática.6 © AE /E st ad ão /J uv en al P er ei ra Em várias de suas músicas Arrigo faz referência ao universo das histórias em quadrinhos Seu © Lu iz Gê Arte 21 Conexões Como você deve se lembrar, o Movimento Modernista brasileiro foi iniciado na Semana de Arte Moderna, em 1922, e incorporou uma série de influências das vanguardas europeias. Por sua vez, a Vanguarda Paulista teve alguns pontos de contato com esse célebre movimento. Aprofundamento do conteúdo.7 Semelhanças entre o Movimento Modernista brasileiro e a Vanguarda Paulista • Ambos os movimentos surgiram em São Paulo. • Reuniam artistas de tendências diversas, mas que estavam interessados em criar livremente, fugindo dos padrões artísticos vigentes. • O nome do teatro Lira Paulistana, no qual muitos artistas da Vanguarda Paulista se apresentavam, faz referência a um livro de poemas de Mário de Andrade (1893-1945), que foi um dos principais articula- dores do Movimento Modernista e da Semana de 1922. © Ac er vo Ic on og ra ph ia O livro de poemas intitulado Lira Paulistana (1945), de Mário de Andrade (foto), serviu de inspiração para batizar o teatro dos artistas da Vanguarda Paulista, na década de 1980. O teatro Lira Paulistana tinha capacidade para receber 200 pessoas. Funcionou de 1979 a 1986, em São Paulo, e reunia sempre vários artistas da Vanguarda Paulista. Também foi palco para bandas que, pouco mais tarde, se tornaram famosas no rock nacional, como Titãs, Ultraje a Rigor e Ira!. Aos poucos, o Lira também se transformou em uma gravadora e editora, lançando discos, livros e um jornal de cultura. Transmissões controladas Como você sabe, os meios de comunicação como TV, rádio, jornais e sites são responsáveis pela veiculação de diversas obras artísticas. Mas por que certas obras são divulgadas e outras não? Por que alguns artistas são divulgados e outros não? Quem decide se uma obra merece ser divulgada? Como a maioria dos veículos de comunicação é controlada por grupos privados, podemos dizer que a pro- gramação apresentada costuma priorizar os artistas que proporcionam retorno financeiro. No Brasil, desde a década de 1940, algumas emissoras de rádio recebem dinheiro e também outros be- nefícios para divulgar constantemente determinados artistas. Esse tipo de pagamento – que não é divulgado ao público e também é feito em outros meios de comunicação, como TV e jornais – é chamado de jabá. Isso explica, em muitos casos, por que algumas músicas são tocadas repetidamente, ao longo de dias, em algumas rádios. Esse “sistema” faz com que sobre pouco ou nenhum espaço em algumas mídias para artistas que não ofere- cem benefícios aos meios de comunicação. O que, consequentemente, afeta tanto a carreira dos artistas quanto a percepção do público. Em função disso, é comum as pessoas acharem que o sucesso depende apenas do mérito de cada artista, mas, na verdade, existem outros fatores que o determinam, como o pagamento de jabá e o investimento em anúncios publicitários. Ou seja, o público pode ser levado a pensar que, se um artista não é famoso, ele não deve ser bom, mas, como vimos, essa pode não ser a realidade. Aprofundamento do conteúdo.8 © Ac er vo L ira P au lis ta na /C al il Ne to 9o. ano – Volume 322 ApreciArte Observe a obra a seguir, do artista Keith Haring. © Ke ith H ar in g Fo un da tio n • Que crítica a imagem está fazendo à televisão? Anote sua opinião no diário de bordo. • Pesquise na internet e ouça a música Televisão, do grupo de rock Titãs, presente no disco de mesmo nome, de 1985. HARING, Keith. [Sem título]. 1981. 1 tinta sumi sobre papel, p&b., 96,5 cm × 127 cm. Keith Haring Foundation, Nova Iorque, Estados Unidos. © W EA © Fo lh ap re ss /N ie ls An dr ea s Titãs é uma das bandas de rock mais famosas do Brasil. O grupo foi criado em São Paulo, em 1982, e permanece ativo até hoje. Televisão foi seu segundo disco, lançado em 1985 – época em que o grupo era formado por Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Marcelo Fromer (1961-2001), Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto. A primeira faixa desse álbum também é intitulada Televisão. Preste atenção: na letra de Televisão, a banda menciona, indiretamente, um ícone de programas humorísticos populares da TV, o comediante Ronald Golias (1929-2005). Ao interpretar um personagem chamado Pacífico, ele repetia o bordão “Ô Cride, fala pra mãe...” (em referência a um amigo de infância, chamado Euclides), que é usado no refrão da letra dos Titãs. bordão: uma expressão ou frase que é repetida constantemente, com a finalidade de atingir um efeito cômico ou dramático. Um bom bordão costuma ser facilmente lembrado e repetido pelo público. refrão: conjunto de versos repetidos regularmente em uma canção. Uma música com um refrão forte é mais rapidamente memorizada pelo público do que outras. DicionArte • De que modo a letra da canção Televisão também faz críticas à TV? Debata com os colegas sobre essa ques- tão e anote, no diário de bordo, as suas opiniões acerca do assunto. Anote também os trechos da letra que você considera mais significativos. Encaminhamento da atividade.9 Arte 23 Atividades Agora, vamos refletir sobre como os meios de comunicação influenciam as artes. Essa ativida- de será dividida em duas etapas. 1. Pesquisa Forme um grupo com mais três colegas. Cada membro do grupo terá a função de analisar, ao longo de determinado período de tempo, como um tipo específico de mídia divulga produções artísticas – sejam elas de dança, teatro, cinema, artes visuais, sejam de música. Vocês devem pesquisar/analisar: • um programa ou a programação geral de uma estação de rádio; • um programa ou a programação geral de um canal de TV; • um jornal impresso local; • um site. A análise pode ser estruturada tendo estas perguntas como base: 1. Quais foram os artistas e linguagens mais di- vulgados na mídia que você analisou? 2. Esses artistas já são famosos ou foram reve- lados recentemente? Organize as ideias Relacione corretamente as colunas. (a) Artistas independentes ou autoproduzidos (b) Lira Paulistana (c) Itamar Assumpção (d) Jabá (e) Vanguarda Paulista ( d ) Sem o conhecimento do público, é a oferta de dinheiro e de outros benefícios feita a meios de comunicação para que um artista seja divulgado. ( a ) Aqueles que criam suas obras por conta própria, mesmo com pou- cos recursos financeiros e de divulgação. ( e ) Movimento musical inovador que surgiu no início da década de 1980, em São Paulo. ( c ) Cantor e compositor paulista. Apesar de não ter sido muito divulga- do por veículos de comunicação de massa, conseguiu gravar doze discos, fez turnês pelo Brasil e pela Europa e conquista fãs até hoje. ( b ) Teatro independente que funcionou de 1979 a 1986, em São Paulo, reunindo artistas inovadores da música. 3. Quais artistas da sua cidade ou do seu esta- do foram apresentados? 4. Quais as linguagens artísticas menos divul- gadas na mídia que você analisou? As respostas devem ser anotadas no diário de bordo. 2. Debate Na segunda etapa da atividade, cada grupo vai se apresentar aos demais, falando sobre os re- sultados da pesquisa. Depois disso, façam um debate para conversar sobre os dados apresen- tados. Durante essa conversa: • levante hipóteses sobre os motivos que fazem certos artistas ou linguagens serem mais conhecidos do que outros;• fale sobre artistas que mereceriam ser co- nhecidos e ter mais espaço nas mídias; • expresse opiniões pessoais: Se você tivesse o poder de divulgar um artista que ainda tem pouco ou nenhum espaço nas gran- des mídias, quem você divulgaria? Qual obra desse artista mereceria ser conhecida e por quê? Encaminhamento da atividade.10 9o. ano – Volume 324 Fenômenos da internet No início do século XXI, a internet se popularizou e o mundo foi profundamente transformado com o de- senvolvimento de novas tecnologias. Como não poderia deixar de ser, essas mudanças todas transformaram também alguns dos setores artísticos da indústria cultural. Por exemplo, uma das mudanças foi que as pessoas passaram a copiar e a compartilhar arquivos digitais, como músicas, textos, imagens e filmes, com facilidade e velocidade. Como a internet disponibilizou acesso gratuito a muitas obras, por meio de programas de compartilhamento de arquivos e redes sociais, muitos con- sumidores deixaram de comprar CDs e DVDs. Além disso, devemos levar em conta a pirataria, que afetou nega- tivamente as finanças de alguns artistas e de muitas empresas. Porém, alguns artistas, especialmente os independentes, conseguiram impulsio- nar suas carreiras e aproveitar as novas oportunidades que a internet (e também outras ferramentas digitais) proporcionou. pirataria: cópia ou reprodução de obras feita de modo ilegal, sem a autorização dos autores. DicionArte A Banda Mais Bonita da Cidade alcançou popularidade por meio da internet. Esse grupo de Curitiba é formado por Uyara Torrente, Thiago Ramalho, Luís Bourscheidt, Vinícius Nisi e Marano. Aulas de 6 a 8 Um exemplo disso é A Banda Mais Bonita da Cidade – um grupo formado em 2009 e que era pouco conhecido até mesmo em sua cidade de origem, Curitiba (PR). Em 2011, a banda se tornou famosa no Brasil por conta de um clipe autoproduzido, disseminado pelas redes sociais. Em uma semana, o clipe da música Oração foi rapidamente compartilhado pelos usuários da internet e visto gratuitamente por praticamente um milhão de pessoas, número que continuou crescendo. Esse sucesso virtual impulsionou a carreira do grupo, que passou a fazer inúmeros shows no país e até mesmo no exterior. © Fo lh ap re ss /C ar lo s C ec co ne llo An ge la G ise li. 20 19 . D ig ita l. Aprofundamento do conteúdo.11 © Sh ut te rs to ck /L uc k Lu ck yf ar m 25 Arte Saiba + Fãs financiam sonhos artísticos Além de ter se popularizado sem o auxílio de mídias tradicionais, como a televisão e o rádio, e sem ter ainda um disco lançado, A Banda Mais Bonita da Cidade soube usar a ferramenta do crowdfunding para produzir seu primeiro álbum. No crowdfunding, o artista solicita a seus fãs uma contribuição finan- ceira para a produção de uma determinada obra, e a doação é feita por meio de um site específico para isso. Em troca, cada fã recebe produtos e outros benefícios de acordo com o valor da sua contribuição. Por meio desse tipo de financiamento, A Banda Mais Bonita da Cidade obteve cerca de R$ 42 mil reais, que foram usados na gravação de um álbum homônimo, produzido de maneira independente, três meses após o lançamento do clipe Oração. O uso do crowdfunding tem se disseminado na produção de obras artísticas diversas, como filmes, quadri- nhos, livros, peças de teatro e dança. Em 2013, o documentário Inocente, sobre uma jovem artista mexicana que vive em condições precárias nos Estados Unidos, tornou-se o primeiro filme financiado desse modo a ganhar um prêmio Oscar. crowdfunding: termo em inglês que pode ser traduzido como “financiamento colaborativo” ou “financiamento coletivo”. homônimo: palavra de origem grega que significa “com o mesmo nome”. Quando se diz que um álbum é homônimo é porque ele tem o mesmo nome da banda. DicionArte © Ed iç õe s Id ea l, au to r: G ab rie l T ho m az e Il us tr ad or : D an ie l J uc a. Você certamente já ouviu falar nas fitas cassete. Esse tipo de mídia magnética foi criado na década de 1960 e teve grande importância na divulgação de vários músicos independentes. Isso porque, embora a maioria das fitas não reproduzisse sons com muita qualidade, elas eram vanta- josas por seus preços acessíveis e por serem gravadas e regravadas facilmente. Atualmente, as fitas cassete são usadas por pouquíssimas pessoas, pois perderam espaço com a grande popularização dos CDs e, principalmente, com o compartilhamento de arquivos digitais pela internet. © Ed iç õe s Id ea l, au to r: G ab rie l T ho m az e Ilu st ra do r: D an ie l J uc a. Essas imagens são da história em quadrinhos Magnéticos 90. A obra foi escrita pelo músico Gabriel Thomaz, com ilustrações de Daniel Juca, e tem como tema central a história do rock nacional da década de 1990. Há, nos quadrinhos, um destaque para a importância das fitas cassete na divulgação de uma série de bandas independentes. • As fitas cassete foram criadas na década de 1960 © Ed iç õe s Id ea l, au to r: G ab rie l Th om az e Il us tr ad or : D an ie l J uc a. 26 9o. ano – Volume 3 © Yo ut ub e Quais artistas você já descobriu por meio da internet? E você aceitaria financiar a produção de uma obra por meio do crowdfunding? Converse com os colegas a respeito desses assuntos. Troca de ideias Encaminhamento da atividade.12 O clipe Oração, d’A Banda Mais Bonita da Cidade, é um exemplo de que artistas independentes do século XXI contam com novas formas de popularizar seus trabalhos por meio da internet. Filmado como uma longa cena, sem cortes – técnica cinematográfica chamada de plano sequência –, o vídeo mostra o cantor e compositor Leo Fressato passeando por cômodos de uma casa, onde ele encontra outras pessoas que também passam a interpretar a música, marcada por uma letra romântica e festiva. Leia, a seguir, uma reportagem em que os músicos falam sobre a produção do clipe. [...] – Nunca foi tão fácil produzir um bom viral Com o vídeo de “Oração”, A Banda Mais Bonita da Ci- dade provou que questões técnicas já não impõem limites artísticos. É só seguir alguns passos, como eles próprios ensinam: AGOSTINI, Tiago. Nunca foi tão fácil produzir um bom viral. Disponível em: <http://rollingstone.uol.com.br/edicao/58/nunca-foi-tao-facil- produzir-um-bom-viral#imagem4>. Acesso em: 12 nov. 2018. viral: termo usado para conteúdos de internet, como vídeos e imagens, muito divulgados pelas pessoas. Por se espalharem como um “vírus”, esses conteúdos geram grande repercussão. DicionArte Cena do clipe Oração, d’A banda mais bonita da cidade PENSE COM SIMPLICIDADE “A harmonia [da música] é fácil, a melodia é simples, então não precisamos trabalhar muito no arranjo”, comenta o guitarrista Rodrigo Lemos. “Foi bem livre para cada um tocar o que quisesse na sua parte.” A entrada de cada músico em cena foi natural, de acordo com a apresentação no ro- teiro do vídeo, em plano sequência. “Só planejamos acabar todos juntos, numa grande festa”, diz. DEIXE A PRETENSÃO DE LADO “Oração” foi pensada originalmente como um presente para os amigos e familiares, no Natal de 2010. O clima curitibano não colaborou e as gravações foram feitas somente neste ano, no sítio de uma das amigas da banda, em Rio Negro (PR). “A ideia era fazer um registro do final de semana, nunca foi gravar um clipe”, lembra Lemos. CONTE COM OS AMIGOS “Não escolhemos quem iria participar do vídeo. Não tem figurante, são todas pessoas que convivem com a gente no dia a dia”, comenta o guitarrista. O vídeo de “Oração” foi gravado no mesmo final de semana em que a vocalista Uyara fazia aniversário, o que facilitou o clima de comunhão. “As pessoas passam o vídeo adiante com vontade de fazer aquilo com os próprios amigos.” NÃO TENHA MEDO DE IMPROVISAR Apesar de terem feito um pré-roteiro, a trupe foi para Rio Negro sem conhecer a casa onde o vídeo seria gravado. “Cheguei no lugar e filmei o caminho com o celular”, conta o diretorVinícius Nisi. No fim de semana, os planos ainda mudaram. A cena final, com todos juntos, havia sido pensada para o jardim. “Mas choveu, ficou tudo molhado e tivemos que fazer na sala”, conta. © Sh ut te rs to ck /L uc k Lu ck yf ar m 27 Arte Falsa. O crowdfunding pode ser usado por todas as linguagens artísticas. Hora de estudo Assinale as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F). ( V ) É possível dizer que o clipe de Oração foi gravado de maneira colaborativa, isto é, com o tra- balho voluntário de várias pessoas, especialmente amigos, que acreditaram no projeto. Esse mesmo espírito está por trás do crowdfunding, modo de financiamento colaborativo em que os fãs de um artista se unem para bancar a produção de uma obra. ( F ) Como foi pirateado de maneira viral pelos internautas, o clipe de Oração gerou mais prejuízo para A Banda Mais Bonita da Cidade do que lucro. ( V ) Nos dias de hoje, por meio da internet, um artista é capaz de divulgar suas obras nacionalmente, mesmo sem o apoio de gravadoras ou pagamento de jabá a veículos de comunicação de massa, como rádio e televisão. ( F ) Na década de 1980, a internet também foi responsável pelo sucesso dos artistas da chamada Vanguarda Paulista, como Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé. ( F ) Usada para a produção de obras musicais, o crowdfunding ainda deixa de fora outros produtos artísticos importantes, como filmes e peças de teatro. Falsa. O sucesso virtual impulsionou a carreira da ban- da, que passou a fazer inúmeros shows depois do clipe. Falsa. A internet ainda não era popular no Brasil na década de 1980. Festival das Artes Para a apresentação no Festival das Artes, você e sua turma podem pensar em apresentar as pinturas em série que fizeram. São opções: • Apresentar o conjunto exclusivo que cada um criou, retratando seis vezes um mesmo produto indus- trializado da atualidade. • Criar uma mostra inspirada em Warhol, dispondo as pinturas que vocês fizeram com estêncil, uma ao lado da outra, para criar uma grande série de bananas. • Organizar um bate-papo com um artista local independente. Lembrem-se de cuidar do entorno da exposição; escolham um espaço que mais dialogue com a mostra e, se for preciso, façam nele as adaptações necessárias para criar mais camadas de significado em relação ao conjunto que o público verá. 28 Capítulo 5 – Página 7 – Atividades 9o. ano – Volume 3 Material de apoio Arte 1 Capítulo 5 – Página 12 – Atividades 9o. ano – Volume 3 Material de apoio Arte 3
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