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Faculdade Unidep – Sistema Orgânico Integrado @valecarneiro Coração Mal Formado Judith, 43 anos, 24 semanas de gestação. Nos últimos dias leu no Facebook que sua idade era avançada para engravidar, gerando preocupação. Na consulta de pré-natal levou consigo o resultado do exame morfológico para apresentar ao médico. A translucência nucal feita anteriormente estava alterada e o laudo atual relatou a presença de cardiopatia no feto. O médico tranquilizou a mãe e começou a esclarecer suas dúvidas sobre o desenvolvimento de seu filho. questões 1. Quais os fatores de risco que interferem no desenvolvimento embrionário? R: Idade, Características genéticas, bons e maus hábitos, patologias adquiridas ao longo da vida. 2. Porque o exame de transluscência nucal causa tanto medo em gestantes? R: O exame causa medo pois ele demonstra as síndromes que o feto pode apresentar como síndromes (exemplo: síndrome de Dawn) e cardiopatias. 3. Quais as cardiopatias mais comuns em fetos? R: Todas as cardiopatias congênitas. 4. Como funciona o desenvolvimento embrionário do coração? R: Gástrula ou Nêurula. 5. Quais as alterações morfológicas e fisiológicas que a cardiopatia fetal causa? R: Má formação do coração e não acompanhamento do desenvolvimento cardíaco com o decorrer das semanas. objetivos 1. Relembrar a histologia cardíaca 2. Estudar o desenvolvimento cardíaco na fase embrionária 3. Analisar quais os fatores de risco interferem no desenvolvimento embrionário cardíaco 4. Identificar as principais cardiopatias fetais 4.1 Compreender as alterações morfológicas e fisiológicas que as principais cardiopatias causam resumo HISTOLOGIA E CITOLOGIA CARDÍACA Constituição do tecido cardíaco: → Tecido estriado cardíaco (miocárdio) → Células cilíndricas alongadas, as vezes ramificadas (tecido estriado cardíaco) → As fibras cardíacas são envoltas por uma bainha de tecido conjuntivo → Controle nervoso involuntário, com contrações rítmicas e espontâneas. Essenciais para a fisiologia cardíaca. → Estriações transversais similares ao do musculo esquelético, se distinguem porque no cardíaco suas fibras contem apenas um ou dois núcleos elípticos, que se localizam no centro das fibras, e não nas extremidades → Essas fibras se prendem entre si por junções intercelulares chamadas de discos intercalares ou discos escalariformes, uma característica exclusiva dos músculos cardíacos → Contém inúmeras mitocôndrias, essas ocupam cerca de 40% do volume citoplasmático, característica do intenso metabolismo aeróbico desse tecido. → As proteínas contrateis são muito parecidas em suas funções e estruturas com as do musculo esquelético. A diferença fica na sua organização. O sistema T e o reticulo sarcoplasmático não estão tão bem organizadas nesse musculo. Coração e embriologia Faculdade Unidep – Sistema Orgânico Integrado @valecarneiro • Os túbulos T cardíacos estão situados na banda Z, e não na junção das bandas A e I, como acontece no musculo esquelético • O reticulo sarcoplasmático não é tão desenvolvido e fica irregularmente disposto nas miofibrilas. • Díades: constituídas por um túbulo T e uma cisterna do reticulo sarcoplasmático (tríades são comuns em tecido esquelético) → Armazena ácidos graxos na forma de triglicerídeos → Pequena quantidade de glicogênio, que fornece glicose quando precisa → As células não se multiplicam, mas tem uma vida longa, por esse motivo podem apresentar grânulos de lipofuscina (pigmento) → Apresentam grânulos secretores, próximo ao complexo de golgi, bem abundantes no átrio esquerdo, também podem aparecer no VE, VD e AD. • Esses grânulos apresentam moléculas precursoras do hormônio ou peptídeo atrial natriurético, que atua nos rins (aumentando a eliminação de sódio – natriurese e água – diurese) • Diminuem a pressão arterial, fazendo contraposto ao hormônio presente nos rins, aldosterona, que aumenta a pressão arterial por fazer retenção de sódio. → Discos Intercalares: Aspecto de escada, quando vistos no microscópio eletrônico. Podem ser junções comunicantes ou junções de adesão • Junção de Adesão: filamentos de actina dos sarcômeros terminais estão ancoradas nesses discos. Oferecem forte adesão as células musculares, que previne que elas não se separem durante a contração cardíaca • Junções Comunicantes: são responsáveis pela comunicação iônica entre as células musculares adjacentes. A passagem de ions permite que as células musculares se comportem como um grande sincício, pois o sinal de contração passa de uma célula para a outra. → Rede de células e moléculas cardíacas modificadas e acopladas a outras células musculares do coração que produzem e conduzem estímulos que faz contração dos átrios e ventrículos – auto excitáveis EMBRIOLOGIA CARDÍACA O coração é o primeiro órgão funcional do embrião Começa sua formação no meio da 3ª semana. O coração começa a bater entre o 22º e 23º dia e tem sua formação completa nos dois primeiros meses de gestação Surge primeiro porque o embrião não consegue suprir suas necessidades nutricionais e de oxigênio somente pela difusão, devido ao seu rápido crescimento. A função do coração é levar sangue e nutrientes para todos os outros sistemas, e para que isso ocorra, o coração precisa está formado para que os outros órgãos consigam se desenvolver. No inicio do desenvolvimento o coração é uma ESTRUTURA TUBULAR, que depois sofrerá dobramentos e septações Essa estrutura é formada quando células do MESODERMA LATERAL ESPLÂNCNICO se diferenciam e formam CORDÕES ANGIOBLÁSTICOS, isso acontece na região cranial do disco embrionário tridérmico (três folhetos embrionários), mas depois essas células migram lateralmente para formar cordões angioblastos laterais, ou seja, o TUBO CARDÍACO Faculdade Unidep – Sistema Orgânico Integrado @valecarneiro Na quarta semana do desenvolvimento embrionário, com o dobramento lateral do embrião, os dois tubos endocárdicos vão se juntar para formar um único tubo cárdico, que irá possuir: • Constrições: Bulbo cardíaco, ventrículo primitivo, átrio primitivo e seio venoso • Dilatações: são os primórdios das cavidades no coração → Transformação de estrutura tubular para coração adulto O coração, depois de formar esse tubo único, sofre um dobramento entre o átrio primitivo e ventrículo primitivo. Isso faz com que o bulbo e o ventrículo venham para frente e para baixo, e o átrio e o seio venham para trás e para cima, chamado de DOBRAMENTO CAUDAL E DORSO CEFALICO Isso faz com que os átrios fiquem posicionados na região posterior do coração e os ventrículos na região anterior caudal, formando o ápice do coração A região do bulbo e ventrículo primitivo cresce mais rápido que as outras regiões do coração, lembrando que o coração ta crescendo dentro de uma cavidade que não acompanha esse crescimento acelerado, por isso ele irá dobrar, porque ele tem que crescer em um espaço limitado Lembrar da presença de indutores embriológicos importantes, genes que participam desse processo, que se não forem liberados/produzidos esse dobramento não irá acontecer, ou acontece de maneira incorreta. RECORDANDO: → Momento da SEPTAÇÂO Até então o tubo cardíaco contem um átrio, um ventrículo e um bulbo • Septação Atrio Ventricular Acontece com a formação das valvas atrioventriculares. Tubo cardíaco (bulbo, átrio, ventrículo primitivos e seio venoso), inicialmente era só um endotélio (tubo endotelial), mas o mesoderma esplâncnico ao redor vai se diferenciar para formar cardiomiocitos, que são os primórdios das célulasformadoras do miocárdio Cardiomiocitos: vão produzir uma substancia que é chamada de GELEIA CARDIACA, que vai ficar entre o tubo endotelial e o miocárdio em desenvolvimento. Essa geleia é essencial para aa septação do átrio e ventrículo porque a partir dela são formados os coxins endocárdicos Faculdade Unidep – Sistema Orgânico Integrado @valecarneiro coxins endocárdicos: surgem entre o átrio e o ventrículo primitivo, numa região anterior e posterior Coxim Ventral Coxim Dorsal Esses se proliferam e se aproximam para dividir o canal atrioventricular Posteriormente as valvas atrioventriculares, que são formadas a partir de cristas que surgem ao redor dos orifícios atrioventriculares, vão sofrer uma cavitação e vão formar as cúspides da valva mitral e da valva tricúspide • Septação atrial Átrio primitivo vai ser dividido em átrio esquerdo e átrio direito LEMBRANDO: Lado direito do coração recebe sangue pobre em o2 que vai para os pulmões para fazer a oxigenação Lado direito do coração distribui sangue oxigenado, que vieram dos pulmões, para o corpo Se esses sangues se misturarem não vai chegar oxigênio necessário para todos os órgãos do corpo humano No embrião o pulmão não faz hematose, quem a faz é a placenta. O sangue oxigenado chega ao feto pelas veias umbilicais, que desembocam na veia cava inferior. No feto o sangue oxigenado chega no átrio direito. (o que nos levaria a pensar que o órgão que receberia mais sangue seria o pulmão, porem o pulmão só para de se desenvolver aos 8 anos) Na formação do septo interatrial temos a formação de dois septos. O forame (forame 1 ou forame imprimu), é uma abertura entro o átrio esquerdo e o átrio direito que precisa ser fechado. Para que isso aconteça, surge uma prega delgada no átrio primitivo que cresce em direção ao coxim endocárdico Essa prega é chamada de septo1 FORAME 1 É FECHADA PELO SEPTO 1 Enquanto o septo está crescendo para se fundir com o coxim endocárdico em sua região cranial surgem perfurações que coalescem e formam o 2º forame (forame 2) Ainda temos comunicação entre os átrios, o forame 2 precisa ser fechado SEPTO 2 FECHA O FORAME 2 Septo 2 é uma prega muscular que surge no teto do átrio primitivo á direta do septo 1. Tem a forma de meia lua, é um septo incompleto, que fecha o forame dois, porem forma outro forame, o oval. O forame oval é uma via de passagem rápida do sangue do átrio direito para o átrio esquerdo. Sangue oxigenado chega ao átrio direito, faz pressão, empurra o septo 2 que abre passagem para o sangue fluir para o átrio esquerdo e continuar seu percurso. Depois do nascimento esse forame oval tende a se fechar. Até então ele tem uma característica fisiológica, depois ele vira uma característica morfologia, e deixa de existir Faculdade Unidep – Sistema Orgânico Integrado @valecarneiro Os átrios possuem dois apêndices, as aurículas, tem uma parede lisa e outra rugosa, cheia de músculos pectíneos. Em ambos os átrios a parede rugosa e as aurículas são formadas pelo átrio primitivo. No Atrio direito a parede lisa é formada pela incorporação do corno direito do seio venoso, já no átrio esquerdo a parede lisa é formada pela incorporação das veias pulmonares • Septação ventricular Mais simples que a septação atrial Septo intraventricular: parte membranosa, parte muscular que tem origens embriológicas diferentes Muscular: Crista muscular mediana – surge no assoalho do ventrículo primitivo que cresce em direção cranial do ventrículo primitivo Membranosa: Deriva das cristas bulbares direita e esquerda e do coxim endocárdico. Essa crista muscular mediana cresce em direção ao coxim, e lá ela se fusiona com ele e com as cristas bulbares direita e esquerda formando o septo intraventricular O forame ventricular (comunicação entre os dois lados do ventrículo primitivo) vai se fechar com 7 semanas de desenvolvimento embrionário • SEPTAÇÃO DO BULBO CARDÍACO Bulbo cardíaco esta junto com o ventrículo primitivo e do fluxo de saída. Sua septação da origem a aorta e ao tronco pulmonar LEMBRANDO: Esses vasos tem funções distintas, a aorta leve sangue oxigenado para todo o corpo, participa da circulação sistêmica e tronco pulmonar leva sangue desoxigenado aos pulmões para ser oxigenado novamente. Essas estruturas tem que sair dos ventrículos certos para terem suas funções adequadas O bulbo cardíaco vai ser septado através do aparecimento de cristas que são proliferações mesenquimais na parede dele, são chamadas de cristas bulbares. Podem surgir lateralmente ou ante posteriormente Na região de fluxo de saída, tronco arterioso, vão surgir cristas troncais Quando essas cristas surgem e se juntam na linha mediana elas formam um septo aorticopulmonar, que possui uma estrutura espiralada, que tem uma espiralização de 180º, que faz com que a veias aórtica seja as vezes lateral, as vezes anterior e as vezes posterior. Faculdade Unidep – Sistema Orgânico Integrado @valecarneiro Isso faz com que a aorta saia do ventrículo esquerdo e o tronco pulmonar do ventrículo direito FATORES DE RISCO DE MAL FORMAÇÃO CONGENITA CARDIACA → Idade materna: Mulheres com mais de 35 anos podem apresentar mais risco de má formação congênita do embrião pois os óvulos estão envelhecidos → Antecedentes familiar, associados a fatores genéticos e ambientais → Doenças durante a gestação: rubéola, diabetes, obesidade → Etilismo, tabagismo, lítio e Trimetadiona CARDIOPATIAS CONGÊNITAS Cardiopatia congênita: defeitos que aparecem durante a formação fetal levando alterações dos septos, válvulas ou grandes vasos As falhas no coração de um feto, acontece na fase embrionária, podem provocar ou não provocar cianose Acianóticas: → Comunicação Interventricular (CIV): Os maiores defeitos costumam ser membranosos ou infundibulares e, em geral, permanecem abertos, permitindo grande fluxo de sangue da esquerda para a direita. Cerca de 50% dos pequenos CIV musculares fecham de modo espontâneo, e o restante é, em geral, bem tolerado durante anos. Porém se persistirem pode levar a morte. → Comunicação Interatrial (CIA), podem ser de 3 tipos: • Óstio secundum, que é responsável por cerca de 90% dos casos de de CIA. É um defeito na fossa oval. Normalmente não está associada a outras anomalias. Pode estar junto a outro defeito, mas ela não será a causa principal. • Óstio primum (5% das CIA) ocorrem numa localização adjacente às valvas AV e, em geral, estão associadas a um folheto mitral anterior fendido. Essa combinação é conhecida como DSAV parcial. • Defeitos do seio venoso (5%), é localizado próximo a entrada da veia cava superior, dando origem a uma veia cava superior conectada aos dois átrios. Normalmente acompanhada de conexões das veias pulmonares direitas com a veia cava superior, ou com o átrio direito → Persistência do Canal Arterial (PCA): persistência da comunicação normal entre o sistema arterial pulmonar e a aorta do feto. Um canal estreito pode não exercer nenhum efeito sobre o crescimento e desenvolvimento durante a infância. Sua existência pode ser detectada por um sopro áspero contínuo, descrito como semelhante a maquinaria. → Coarctação de Aorta (CoAo): a coarctação (estreitamento, constrição) da aorta ocupa uma das primeiras posições quanto à sua frequência entre as anomalias estruturais comuns. Foram descritas duas formas clássicas: • Forma infantil: hipoplasia tubular do arco aórtico proximal a um PCA, que é quase sempre sintomático no início da infância. • Forma adulta, em que existe um discreto pregueamento semelhantea uma crista na aorta, exatamente oposto ao canal arterial fechado (ligamento arterial). Cianóticas: → Tetralogia de Fallot: os quatro componentes da tetralogia de Fallot são a CIV de via de saída, obstrução de via de saída de ventrículo direito (estenose subpulmonar), aorta que se sobrepõe ao CIV (cavalgamento; → Transposição das Grandes Artérias e Atresia Tricúspide: implica discordância ventrículo-arterial, de modo que a aorta se origina do ventrículo direito, enquanto a artéria pulmonar do ventrículo esquerdo. → Defeitos do Septo Atrioventricular (DSAV): resultam do desenvolvimento anormal do canal AV embriológico, em que os coxins endocárdicos superior e inferior não sofrem fusão adequada, resultando em fechamento incompleto do septo AV e formação inadequada das valvas tricúspide e mitral. Faculdade Unidep – Sistema Orgânico Integrado @valecarneiro • DSAV parcial: constituindo em DSA primum e folheto mitral anterior fendido, causando insuficiência mitral. • DSAV completo: consistindo em grande DSAV combinado e grande valva AV comum – em essência, um orifício no centro do coração. Na forma completa, todas as quatro câmaras cardíacas comunicam-se livremente, induzindo hipertrofia de volume de cada uma delas. Mais de um terço de todos os pacientes com DSAV completo apresentam síndrome de Down. O reparo cirúrgico é possível. Algumas outras cardiopatias congênitas acontece por questões estruturais do posicionamento do coração durante o desenvolvimento do embrião, que são: → DEXTROCARDIA: Quando o tudo cardíaco se dobra para esquerda e não para a direita, o coração é deslocado para a direita, e existe uma troca, onde o coração e seus vasos são invertidos. É o defeito posicional mais frequente. Quando a Dextrocardia é situs inversus (transposição da vísceras abdominais) a incidência de defeitos cardíacos é baixa, porque todos os sistemas estão espelhados. Já na Dextrocardia isolada, só o coração descoloca, causando vários defeitos cardíacos severos. → ECTOPIA CORDIS: Doença extremamente rara, onde o coração fica posicionado em local anormal, por exemplo, na superfície, total ou parcial, do toráx.
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