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A importância da relação familiar na educação infantil

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A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMILIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
De forma geral, a escola atual, infelizmente não consegue corresponder às demandas da sociedade, e as questões sociais e emocionais que acometem aos estudantes desta nova geração. Partindo da hipótese de que o acompanhamento familiar pode ser utilizado como uma importante ferramenta pedagógica, o objetivo essencial da condução deste estudo diz respeito a elucidar e determinar, quais os principais desafios vivenciados pelos profissionais da educação e pelas famílias na educação infantil no século XXI, pontuando a importância de uma nova concepção de educação. A construção teórica deste estudo foi elaborada por meio da metodologia de revisão bibliográfica e levantar diferentes pesquisas, com o intuito de analisar, investigar e estudar os diferentes conhecimentos científicos sobre o assunto proposto, comum caráter pragmático, um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. A metodologia deseja descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos.
Palavras-chave: Família; Educação Infantil; Desafios; Escola.
1. INTRODUÇÃO
Na atualidade, compreende-se que a chamada escola contemporânea (e todos os envolvidos na promoção do processo educativo) se coloca, diante das transformações sociais, necessariamente obrigada a buscar novos posicionamentos. Estes, por sua vez, devem se referir, essencialmente, a uma mudança de paradigma nas concepções de escola e de ensino-aprendizagem. Em meio a tais mudanças, tem-se que o processo de construção/reconstrução, inerente ao desenvolvimento humano e à aprendizagem, passam a adquirir significados diversos em função das características próprias do indivíduo, além de tomar concepções dispostas em meio ao contexto vivenciado pelo mesmo, à cultura, a sua família e à escola na qual se está inserido.
Com bases nesta perspectiva, diversos autores colocam que o papel do acompanhamento familiar é o de indicar caminhos entre os opostos que interliguem o saber e o não saber e, além disso, as referidas ações devem acontecer no âmbito do indivíduo, do grupo, da instituição e da comunidade, que se encontram em constante transformação. Este acompanhamento visa, de forma essencial, a aprendizagem, a informação e a formação. Assim, numa abrangência generalizada, compreende-se a imprescindibilidade do fator familiar para a formação de um indivíduo completo, que possa aproveitar da melhor maneira a relação entre educando e educador que se estabelecerá no âmbito escolar. Devido à natureza da proposta que ora se apresenta, foi feia uma escolha metodológica pela revisão bibliográfica para a promoção de um estudo qualitativo e exploratório fundamentado em artigos científicos, obras completas e demais produções científico-acadêmicas que se mostrem úteis e pertinentes à pesquisa em questão.
2. A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
A estrutura familiar tradicional, até antes da década de 60, consistia em um homem e uma mulher casados, seus filhos e demais parentes biológicos, em que o homem era o único ou principal provedor financeiro, enquanto a mulher era responsável pelos afazeres domésticos e criação dos filhos. Contudo, os padrões tradicionais de família sofreram inúmeras transformações nos últimos 50 anos. As diferentes estruturas familiares, que refletem o desenvolvimento econômico, científico e social da sociedade, fizeram com que os membros da família adotassem novos papéis. Por exemplo, os métodos anticoncepcionais modernos permitem aos casais limitar o tamanho de sua família e ampliar o espaço de tempo entre os nascimentos. Muitos jovens estão adiando o casamento e a procriação, decidindo ter um número menor de filhos (ou não ter filhos) que a geração anterior.
Isso contribuiu para o ideal da família igualitária, na qual cada membro é respeitado e nenhum dos dois tenta ser o chefe da família. Pelos mesmos motivos, o divórcio tornou-se mais comum. Nos anos 60, surgiram profundas mudanças culturais alterando o papel da mulher na sociedade. Mais mulheres participavam da força de trabalho remunerada, o que aumentava a insatisfação entre elas em relação às grandes disparidades de gênero no salário, nas promoções e ao assédio sexual no local de trabalho. No final da década, mais de 80% das esposas usavam métodos anticoncepcionais, como a pílula. Isto libertou as mulheres de problemas como a gravidez indesejada, dando a elas mais escolhas e liberdade em suas vidas pessoais.
Gradualmente, a população aceitou algumas conquistas básicas das feministas dos anos 60: salário igual para a realização do mesmo trabalho, a luta para o fim da violência doméstica e a responsabilidade compartilhada em cuidar dos filhos. Os movimentos antiguerra e a favor dos direitos civis ajudaram a transformar a visão das mulheres sobre a sociedade. 20% das mulheres com filhos abaixo de 6 anos e quase 25% daquelas com filhos abaixo de 16 possuíam empregos remunerados na década de 60. Em casamentos com muitos conflitos, como abuso ou violência físicas ou emocionais, as crianças normalmente se beneficiam no caso de uma separação. Entretanto, em casamentos com pouco ou nenhum conflito, elas tendem a sofrer na escola e em relações sociais após o divórcio. A turbulência emocional normalmente leva a sentimentos de perda, raiva, luto ou até a um amadurecimento precoce da criança. Pode haver uma ausência de limites geracionais que um jovem necessita para sua própria proteção e controle interno.
Um estudo de Hyun Kim (2012) mostra que crianças com pais divorciados normalmente estão atrasados em relação a seus colegas de classe, em matemática e potencialidades da vida social, tendo mais probabilidade de sofrer ansiedade, estresse, problemas de autoestima. A razão para que as habilidades para ciências exatas sejam afetadas é, provavelmente, o fato de que se tratam de conhecimentos cumulativos. Como pode-se ver, as últimas décadas foram um período de diversidade crescente nas estruturas familiares, de grandes mudanças nos relacionamentos e nos padrões sociais, englobando tanto o casamento, a fertilidade e quanto ao trabalho. Há maior probabilidade de que crianças sejam criadas, ainda que por um período, por um eixo familiar sem matrimônio e por mulheres que participam ativamente do mercado de trabalho. Muitos pais e mães solteiros enfrentarão desafios em alcançar as necessidades econômicas e sociais de sua família.
Esses desafios terão diversos impactos no futuro dos jovens, tanto econômicos, pela perda financeira de um dos cônjuges, quanto emocionais, pela ausência de apoio e orientação constantes de um membro familiar, normalmente a mãe, que passa a dividir seu tempo também ao emprego. Um número progressivo e crescente de crianças experimenta organizações familiares múltiplas durante a infância, que parecem ser negativamente afetadas em seu bem estar, de crucial importância para seu desenvolvimento sadio e seu sucesso na vida escolar, tanto em curto como em longo prazo. As estruturas familiares de hoje são mais variadas e complexas e a instabilidade normalmente tem um impacto negativo em crianças. Sua trajetória familiar depende, em parte, de sua estrutura familiar no nascimento, pois crianças nascidas de mães solteiras tendem a experienciar mais desequilíbrio emocional durante a infância do que aquelas nascidas dentro de casamentos estáveis. A família moderna requer um empirismo atento e uma disposição ilimitada a lidar com a diversidade, os agrupamentos fluidos, as novas formas de organização, é o pensamento conforme Goldani (1993).
2.1 Escola Contemporânea, Orientação Educacional e Mediação
A ideia de escola contemporânea está intimamente ligada aos avanços teóricos do ensino, representados em sua forma mais inovadora na escola construtivista cujos principais representantes são: Jean Piaget, L. S. Vigotsky, Leontiev e Henri Wallon. A obra científica desses autores é imensa, indo de anos de pesquisa no sentido mais estrito do tema, com experimentos em grupos de controle e a descrição sistemática dos processos deaprendizado (no caso de Piaget principalmente), à mais abrangente riqueza crítica teórica, psicológica, cognitiva e artística, da literatura às artes plástica, principalmente em Vigotsky. Compreende-se que o foco das principais mudanças propostas pelo construtivismo são as noções de desenvolvimento circunstancial, de interação significativa entre o ambiente e os processos de construção da individualidade em vários níveis. É uma tendência intelectual encarnada nas escolas que pretere tanto as concepções de estruturas inatas do aprendizado quanto as noções comportamentalistas puras. Preza pela adaptação intelectual, pela assimilação acomodada e complementar, aliás, por um equilíbrio necessário entre acomodação e assimilação. Piaget (1975, p. 18) resume o assunto da seguinte maneira:
Com efeito, a inteligência é assimilação na medida em que incorpora nos seus quadros todo e qualquer dado da experiência. Quer se trate do pensamento que, graças ao juízo faz ingressar o novo no conhecido e reduz assim o universo às suas noções, quer se trate da inteligência sensório-motora que estrutura igualmente as coisas percebidas, integrando-as nos seus esquemas, a adaptação intelectual comporta, em qualquer dos casos, um elemento de assimilação, isto é, de estruturação por incorporação da realidade exterior a formas devidas à atividade do sujeito.
Tendo como possibilidade de ação as ideias desses teóricos, que conseguiram mapear de alguma maneira processos complexos de aprendizado, sugerindo estruturas de conjunto e reações particulares, ordens de sucessão de capacidades cognitivas por idades e médias de idade, estruturas integrativas da personalidade com o aprendizado e, principalmente, o papel da contextualização e da experiência, os docentes da escola contemporânea tornaram-se capazes de adaptar realidades individuais em contextos de aprendizado. Na escola tradicional, bem sabemos, existe uma hipervalorização de métodos fechados, de técnicas e rotinas de ensino; na escola contemporânea, valem principalmente as necessidades particulares de cada grupo de alunos.
	A orientação das aulas da escola contemporânea deve ser muitíssimo clara. Em lugar de objetivos progressivos de ensino e recepção de uma lista de conhecimentos fixos, damos lugar a ampliações úteis e exames minuciosos de aspectos relevantes da realidade. O foco está na consideração de que o discente tem experiência extraescolares e que a formação escolar é apenas parte de um conjunto de realizações pessoais e sociais que não podem ser determinadas por um só organismo. Não pode-se jamais dizer, contudo, que por essa flexibilidade à escola contemporânea, não possui uma metodologia própria, uma organização no seu trabalho: o que existe é uma mudança formal, caracterizada antes, pela adaptabilidade por conteúdos formalmente hierarquizados.
2.1 O ambiente escolar
É preciso entender que a escola tem um papel fundamental não apenas na transmissão de conhecimentos, mas de fundamentos culturais. Pain (1992, p. 11) lembra que "o processo de aprendizagem se inscreve na dinâmica da transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra educação". Por ambiente escolar, não podemos entender apenas a escola tradicional, isto é, a instituição de ensino com currículo, fluxograma e programa didático específico dividido em um ou mais docentes, conforme suas especialidades e os diversos níveis seriados em que os alunos se encontram.
Um espaço de educação – doravante simplesmente ambiente escolar – pode existir onde quer que haja crianças ou jovens, em qualquer idade, acompanhados por pessoas que buscam lhes fornecer aprendizados educativos formais ou não, técnico-especializados ou simplesmente culturais e onde haja socialização com outros na mesma situação de aprendizado. A creche é um destes ambientes. Há diversas funções para o processo educativo elencados por Pain (ibidem, pág.), a saber:
Função mantenedora; isto é, cujo objetivo é manter o desenvolvimento da espécie humana, através da transmissão de um conjunto de regras e regulamentos sociais;
Função de socialização, isto é; aquilo que faz da criança um sujeito social, ideologicamente identificado a um grupo, partilhando dos mesmos usos linguísticos, do mesmo ambiente e de outros traços socioculturais;
Função repressora, isto é, aquele intento de exercer um controle repressivo de modo a impôr limites, como garantia de sobrevivência da estrutura social, que conforme Pain (ibidem, p. 12) significa "conservar e reproduzir as limitações que o poder destina a cada classe e grupo social";
Função transformadora, isto é, que de maneira interdependente e aliada à função repressora, conforme Pain (loc. cit.), procura transpor limites e obstáculos impostos socialmente, canalizando as incongruências sistemáticas para a produção de um novo paradigma. "em função do caráter complexo na função educativa a aprendizagem se dá simultaneamente como instância alienante e como possibilidade libertadora".
Nesta perspectiva, a escola traduz-se como o ambiente em que toda esta complexa rede de situações divergentes e convergentes se dá. As crianças que são os sujeitos passivos e ativos das mais diversas situações educacionais são os maiores alvos da educação, e ao seu redor dá-se a atuação não apenas de professores, coordenadores e diretores, mas também de toda a sua família, cuja importância é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem. Cordié, (1996, p. 23-24) diz que:
Desde a pré-escola, alguns pais se inquietam com as performances intelectuais de seus filhos e com suas possibilidades de sucesso; querem, às vezes, fazê-los “pularem” o último ano da pré-escola, pois um ano de avanço é sempre útil para a preparação dos concursos mais tarde! A criança percebe muito bem que ela tem de responder a uma expectativa. O sucesso é exatamente este objeto de satisfação que ela deve proporcionar aos pais. Boas notas, bons curriculuns são destinados a dar prazer. Ela pode responder docilmente a essa demanda durante um certo tempo, mas, cedo ou tarde, sozinha diante da folha branca ou da tarefa a desempenhar, ela será confrontada com seu próprio desejo.
Isto revela que o papel da família pode ser extremamente crítico ao desenvolvimento da criança, desde muito cedo exposta às expectativas e à influência negativa e potencialmente danosa à autoestima das condutas irresponsáveis dos pais. Lima (2007, p. 90), nesta perspectiva, lembra ainda que:
O lugar da criança na família é ambíguo: se de um lado implica renúncia e intranquilidade, por outro, sustenta a tese freudiana da expectativa de continuidade: “Sua Majestade o Bebê” deve realizar os sonhos dos pais. Espera-se sempre que a criança concretize o ideal paterno, sabendo-se, a priori, tratar-se de um ideal fracassado, pois o sonhador não realizou, ele mesmo, seu desejo.
Emergem, neste sentido, uma série de contribuições da psicologia ao entendimento da relação e a interação entre a criança, a escola e a família. Deve ser salientado, em princípio, que os pais projetam muitos de seus desejos e frustrações na criança, que é um intermediário, um ferramental projetivo através do qual os pais encontram satisfação e saciedade. Eventualmente, acontecerá de as atitudes da criança não estarem mais em conformidade ao esperado, e haverá uma ruptura de paradigma de ações, em que os desejos da criança entrarão em evidência frente ao Outro. Encontra-se assim definido por Cesarotto e Leite (1993, p. 88-89):
Outro não é um ser nem possui corpo ou mantém com o sujeito relações simétricas. Muito pelo contrário: o Outro determina o sujeito, e sem reciprocidade. Trata-se de um lugar, de um sistema, de uma referência lógica, de uma estrutura constituinte. Pode ser exemplificado como sendo a linguagem, o inconsciente, a lei, a cultura. Estes termos não são sinônimos, tendo cada um deles sua especificidade, embora suas consistências conceituais sejam interdependentes.
	Cordié (1996, p. 28) enfatiza que, muito embora as atitudes e reações variem individualmente conforme cada criança, “Pode-se,no entanto, afirmar que, qualquer que seja a forma como a criança enfrenta esse período, não ficará sem efeito sobre o despertar de sua inteligência lógica e sobre o interesse que dispensará às aprendizagens escolares”. Desta forma, a autora afirma que as interferências dos problemas familiares, da criação e do processo de crescimento e desligamento podem interferir em muito na forma como a criança responde às atividades escolares.Nesta mesma esteira, Salvari (2003, p. 54) afirma o entrecruzamento entre os problemas familiares e o processo de aprendizagem a partir de um reconhecimento da impossibilidade de os elementos psíquico e cognitivo desenvolverem-se de maneira independente: Desta forma: “Quando falamos nas questões psicodinâmicas que envolvem o processo de aprendizagem, estamos nos referindo a	o psiquismo como uma trama de afetos cuja dinâmica inconsciente modela e constitui o indivíduo como um sujeito capaz de pensar e desejar.”
2.2 A importância da Psicopedagogia como ferramenta pedagógica
É importante perceber-se o caráter integrativo e interdependente dos diversos passos metodológicos que podem caracterizar uma estratégia pedagógica, uma práxis docente. Não basta tão somente qualificar o professor, seja a partir da formação básica ou continuada, é preciso fazê-lo notar as diferenças fundamentais dos diversos estágios evolutivos da educação, conscientizá-lo do novo eixo paradigmático que guia ou deve guiar o docente na contemporaneidade, através, inclusive, do reconhecimento de que as inovações tecnológicas e científicas de vários campos interferem diretamente na dinâmica do ensino-aprendizagem, sendo fundamental portanto a consideração destas novas perspectivas.
Na esteira da interdisciplinaridade, não é mais possível analisar qualquer fato, hipótese, discussão teórica ou outro tipo de postulado representativo na contemporaneidade sem entendê-lo de maneira abrangente. Evidentemente, esta lógica multilateral nos obriga a, com honestidade intelectual, contemplar os aspectos evolutivos por um prisma tão abrangente quanto possível. Bernardete Gatti (2003) demonstra a relevância da questão da interdisciplinaridade na educação, à medida que contempla não apenas os aspectos cognitivos em si, isto é, relativos ao aprendizado e ao comportamento mental, portanto domínios clássicos da pedagogia e da psicologia, mas também as questões socioafetivas e culturais.
Nesta consideração, diversas contribuições de outras disciplinas se apresentam como fundamentais, entre as quais pode-se citar a sociologia, a antropologia e o próprio cruzamento disciplinar psicopedagogia. Assim, percebe-se a importância da psicopedagogia como ferramenta pedagógica, especialmente considerando que esta tem, segundo Rubenstein apud Fermino (1996 p. 127):
Por objetivo compreender, estudar e pesquisar a aprendizagem nos aspectos relacionados com o desenvolvimento e ou problemas de aprendizagem. A aprendizagem é entendida aqui como decorrente de uma construção, de um processo o qual implica em questionamentos, hipóteses, reformulações, enfim, implica um dinamismo. A psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos neste processo.
O intento, assim, é fornecer um instrumental teórico-prático eficiente e eficaz para combater o fracasso escolar, a dificuldade na aprendizagem, minimizando as reprovações e também facilitando o trabalho de professores, coordenadores e diretores, a partir de uma integração de diversas disciplinas como a psicanálise, a psicologia, a linguística e, é claro, a própria ciência da educação. Assim Rubenstein (ibidem, p. 128) define e caracteriza o profissional psicopedagogo:
O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando selecioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamentalmente é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para, valendo-se desta investigação, entender a construção da dificuldade de aprendizagem.
Espera-se, assim, do psicopedagogo uma postura abrangente, multilateral, não cerceada previamente por conceitos paradigmáticos tradicionais, bem como por valorações subjetivas que podem desestabilizar a solidez de seu trabalho. Desta forma, percebendo, analisando e utilizando a seu favor e a favor da educação dinâmica o maior número possível de variáveis e elementos descobertos, o psicopedagogo pode contribuir fundamentalmente com o desempenho dos alunos nas escolas. Como ferramenta pedagógica, a psicopedagogia contribui para a melhor do processo de ensino-aprendizagem, maximizando o desempenho escolar a partir de um diagnóstico eficaz dos problemas e desafios enfrentados bem como as melhores estratégias de tratamento.
Emerge no ambiente escolar, segundo Fagali (2008, p. 9), “como uma necessidade de compreender os problemas de aprendizagem, refletindo sobre as questões relacionadas ao desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo, implícitas nas situações de aprendizagem”. Desta forma, percebe-se o caráter abrangente desta disciplina, da máxima importância para a otimização dos processos educacionais na atualidade. Segundo o viés psicopedagógico, o discente é encarado de maneira global, isto é, em seus aspectos cognitivo, afetivo e motor, igualmente analisados e tidos em consideração. No ambiente escolar, as atividades desenvolvidas pela psicopedagogia pode ter basicamente duas formas: 
Proposta curativa, cujo público-alvo é 	aquela parcela de discentes com dificuldades, prováveis reforços 	estatísticos para os números de fracasso escolar. O intento desta 	metodologia é a reintegração, a readaptação da criança ao contexto dentro da sala de aula, considerando suas dificuldades, 	necessidades e a sua própria dinâmica individual de aprendizado; Assessoria e consultoria para docentes, 	pedagogos, coordenadores e orientadores. O intento é discutir os problemas pertinentes a relação interpessoal entre os docentes e 	os discentes, estabelecendo uma dinâmica de trabalho pedagógico 	adequada, interdisciplinar, em que se contemplem todas as esferas da 	rede psicológica do aluno (âmbito afetivo e âmbito cognitivo) 	conforme Fagali(op. cit.).
Conforme Fagali (ibidem), é possível perceber-se algumas formas principais de atuação da psicopedagogia no ambiente escolar:
- Através da releitura e repensando o programa curricular, contemplando os já citados âmbitos da cognição e dos afetos no que se refere ao desenvolvimento do aluno em especial em sua relação com o professor;
- A partir de uma avaliação minuciosa de conceitos, promovendo atividades que tragam mais flexibilidade às formas de efetivar-se, na prática, os conteúdos das disciplinas. Nesta perspectiva, integram-se os interesses pessoais e as experiências particulares do aluno ao contexto escolar. Além disso, com o treinamento dos professores e outros funcionários e o estabelecimento de como a confecção de material didático, a seleção de outras bibliografias e mídias para uso pedagógico, constrói-se o conhecimento de maneira mais abrangente e ampla, contemplando o universo afetivo e cognitivo.
É neste sentido que Weiss (1999, p.27) salienta que:
Todo diagnóstico psicopedagógico é, em si, uma investigação, é uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e, na maioria das vezes, da escola. No caso, trata-se do não-aprender, do aprender com dificuldade ou lentamente, do não revelar o que aprendeu, do fugir de situações de possíveis aprendizagens.
	É importante notar que a figura do psicopedagogo hoje encontra apoio governamental e é amplamente reconhecido por sua importância no cotidiano escolar, auxiliando na aquisição dos conhecimentos e saberes. É neste sentido que Beaufils (1974, p. 328) afirma que:
o Ministério da Educação nacional e o Ministério da Saúde tomaram consciência da necessidade de ação organizadora em favor de indivíduos cujos problemas não dependiam nem da falta demeios, nem de simples má vontade.
Bossa (2007, p. 24) assim delimita o campo de ação da psicopedagogia nos dias de hoje:
Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma da relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.
3. CONCLUSÃO
Desta forma, espera-se ter alcançado, com o presente trabalho, a demonstração de que, com a prática em sala de aula, é notável que os discentes que apresentam rupturas ou problemas nas estruturas familiares terão maiores dificuldades no processo de aprendizagem, ficando defasados na internalização dos conteúdos do que aqueles que não apresentam famílias envolvidas neste tipo de conflitos internos.
Assim, procurou-se demonstrar que a relevância da afetividade familiar no processo de aprendizagem da criança é inquestionável, sendo imprescindível que os pais acompanhem seus filhos durante a aquisição de saberes. Analisou-se, por fim, a família contemporânea e os desafios de aprendizagem que surgem ao psicopedagogo conforme há mudanças no núcleo familiar, além de identificar e avaliar, descrevendo, os benefícios que esta importante área do conhecimento, interdisciplinar por natureza, pode trazer para otimizar a relação entre família e ambiente escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil – Contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 3ª edição. 2007
CESAROTTO, O.; LEITE, S. P. M. Jacques Lacan: uma biografia intelectual. São Paulo: Iluminuras, 1993.
CORDIÉ, A. Os atrasados não existem: psicanálise de crianças com fracasso escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
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FERMINO, Fernandes Sisto. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes, 1996.
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GOLDANI, Ana Maria. As famílias no Brasil contemporâneo e o mito da desestruturação. Cadernos Pagu, n. 1, 1993.
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PAIN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem, 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
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