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Manutenção Industrial Me. Alessandro Trombeta NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Fabio Augusto Gentilin. Designer Educacional Raquel B. Meneses Frata. Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira, Erica Fernanda Ortega e Silvia Caroline Gonçalves. Editoração Andre M. de Freitas, Isabela M. Beli- do e Lavígnia S. Santos Ilustração Natalia de Souza Scalassara e Weling- ton Vainer Satin de Oliveira. Realidade Aumentada Maicon D. Curriel, Thiago M. Surmani e Cesar H. Seidel. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional Débora Leite; Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; TROMBETA, Alessandro. Manutenção Industrial. Alessandro Trombeta. Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. Reimpresso 2021. 256 p. “Graduação - Híbridos”. 1. Manutenção. 2. Indústria. 3. Máquinas. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-65-5615-006-2 CDD - 22 ed. 621.816 CIP - NBR 12899 - AACR/2 PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Olá, caro(a) aluno(a)! Bem-vindo(a) a este livro, escrito pensando em você e em suas necessidades. Sou o professor Alessandro Trombeta e preparei este material especialmente a você, com muita pesquisa, empenho e dedicação. O meu objetivo é apresentar conhecimento relevante para você que está em um curso de graduação e que necessita de informações para a construção de sua própria formação profissional e intelectual. A disciplina de Manutenção Industrial é muito importante para a for- mação básica de qualquer engenheiro. Assim, há bastante conteúdo a ser discutido e,com certeza, precisará de mais profundidade e muito mais pesquisa, caso você necessite utilizar os conceitos em sua vida profissional, acadêmica, científica ou até mesmo pessoal. Na primeira unidade, você terá uma breve introdução a respeito da Manutenção Industrial, com seus principais conceitos, como se deu a sua evolução, as principais terminologias e tipos de manutenção que podem ser aplicadas em um processo industrial. Na segunda unidade, estudaremos o fator humano e o seu impacto nas atividades de manutenção industrial. De nada adianta uma organização ter o melhor equipamento se não tiver pessoas preparadas e capacitadas para operá-lo e mantê-lo ao longo do tempo. A Unidade 3 nos traz o conceito que chamamos de “produto da manu- tenção”, além de abordar a interface que existe entre a produção, a enge- nharia e a manutenção. A Unidade 4 tem foco em um tema de extrema importância em qual- quer organização: o Planejamento e Controle da Manutenção. Este assunto é fundamental para a definição das rotinas de manutenção preventiva, alocação de recursos (mão de obra e materiais), cadastro e classificação de equipamentos. Dentro da Unidade 5, os conteúdos a serem apresentados são rela- cionados aos conceitos de 5S e de Total Productive Maintenance (TPM) ou Manutenção Produtiva Total), que ajudam na limpeza, organização e padronização do ambiente de trabalho, além de inserir o operador no contexto da manutenção. A Unidade 6 nos ensina a aplicar o conceito de Overall Equipment Effectiveness ou Eficiência Global do Equipamento (OEE) com foco na identificação e tratativa das chamadas 6 Grandes Perdas, aumentando a eficiência de um equipamento ou processo industrial. Na Unidade 7, o tema é Manutenção Centrada em Confiabilidade, e o objetivo é aprender uma metodologia a ser aplicada nos equipamentos mais complexos e, ao mesmo tempo, com maior criticidade, objetivando eliminar as falhas, porém, levando-se em consideração o contexto opera- cional no qual os equipamentos estão inseridos. Aqui vale ressaltar que o conceito de Manutenção Centrada em Confiabilidade surgiu na aviação, um dos segmentos considerados mais seguros e confiáveis da atualidade. A Unidade 8 nos faz refletir sobre o conceito de qualidade e também nos traz várias ferramentas que podem ser aplicadas no dia a dia da manutenção, melhorando os processos e contribuindo para um melhor desempenho da organização. Por fim, mas não menos importante, a Unidade 9 tratará de temas mo- dernos relacionados à gestão estratégica da manutenção, com a necessidade de quebra de paradigmas relacionados ao tema, e ainda abordará um pouco mais sobre o novo conceito de Gestão de Ativos, que tem se destacado desde 2014 com a chegada da série ISO 55.000. Espero que aproveite muito este material e o conteúdo, o qual está sen- do disponibilizado a você com o intuito de despertar o seu interesse em adquirir novos conhecimentos. Ainda há muita informação a ser lapidada a respeito dessa área, por isso não se acomode em apenas uma única infor- mação ou ponto de vista. Explore mais conhecimentos e ótimos estudos! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Mestre Alessandro Trombeta Possui Mestrado em Engenharia Química com Ênfase em Modelagem, Controle e Automação de Processos (UEM/2013), Pós-Graduação MBA em Gerenciamento da Engenharia da Ma- nutenção (Unicastelo em parceria com Pragma Academy e Abraman - Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos/2012), Automação Industrial (UEM/2010), Engenharia da Manutenção (PUCPR/2009), Gestão Ambiental (UEM/2007) e Graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2003). Atualmente atua como Coordenador Corporativo de Confiabilidade em uma multinacional e possui experiência na área de Ges- tão da Manutenção, em projetos de Análise & Diagnóstico da Manutenção, Implementação e Reestruturação de Planos de Manutenção, implementação da Gestão de Ativos com base na ISO 55.000 e Auditoria do Sistema de Gestão da Manutenção. Atuou como docente por 8 anos nas áreas de Engenharia de Manutenção e de Confiabilidade. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/8950838071250336. Introdução à Manutenção Industrial 13 O Fator Humano na Manutenção Industrial 41 O Produto da Manutenção 67 Planejamento e Controle da Manutenção 5s E Tpm Na Manutenção 87 125 Overall Equipment Effectiveness (OEE) 155 Manutenção Centrada em Confiabilidade Qualidade Na Manutenção 209 Gestão de Ativos 235 177 24 Intervalo P-F 92 Vista Explodida 165 Entendendo o conceito do OEE Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Alessandro Trombeta • Conceituar e contextualizar a manutenção industrial. • Compreender as estratégias de manutenção. • Estabelecer a importância socioeconômica da manutenção. Introdução à Manutenção Terminologias da Manutenção Tipos e Estratégias de Manutenção Introdução à Manutenção Industrial Introdução à Manutenção Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Apresento a você a primeira unidade do livro Manutenção Industrial. Tenho certeza de que você já passou por situações no seu dia a dia, envolvendo tare- fas de manutenção, porém pode não ter se dado conta disso. A manutenção faz parte do nosso dia a dia, seja na substituição de uma lâmpada queimada da sala da nossa residência, na troca de óleo do motor do nosso carro, seja na substituição de um simples reparo da torneira do banheiro, que está pingando. Nesta unidade, abordaremos conceitos relacio- nados à manutenção. Você sabe o significado da palavra manutenção? Ele vai muito além do con- ceito de “manter” algo em funcionamento. Trocar uma lâmpada queimada garante a manutenção da iluminação do ambiente, mas trocar o óleo do motor, de forma preventiva, garante que não tenhamos uma falha que pode comprometer o funcionamento do veículo e gerar custos elevados. Tudo o que você verá, daqui para frente, será extremamente importante para atingir os obje- tivos: entender que a manutenção é estratégica para uma organização, ao contrário do que muitos pensam ao acharem que se trata apenas de um centro de custo. 15UNIDADE 1 Preparado? Espero que sim. Então, vamos lá! O surgimento da manutenção se deu em vir- tude da necessidade de manter algo em funcio- namento. O termo manutenção, segundo Viana (2002), vem do latim manus tenere, que significa manter o que se tem, e nos dá uma ideia de manter um item em pleno funcionamento, para atender às expectativas a ele associadas. Viana (2002), ainda, afirma que o termo manu- tenção industrial surge no século XVI, ao mesmo tempo em que surgiram os primeiros teares, po- rém as atividades de operação e de manutenção eram de responsabilidade do operador da máqui- na. Desde então, a manutenção passa por profun- das mudanças dentro de quatro gerações distintas. A primeira geração teve início em 1914 e tinha como característica predominante a Manu- tenção Corretiva, ou seja, os reparos eram reali- zados após a quebra. Vale lembrar que esses repa- ros eram realizados pela equipe de operação, pois a manutenção ainda não havia se consolidado como um departamento dentro das organizações da época. Isso resultava em desperdícios, perda de tempo, retrabalho, muito esforço com pouco resultado, além do custo, é claro. Com o passar do tempo, com a crescente de- manda de itens de todos os tipos após a guerra, as organizações perceberam que já não havia mais espaço para improvisos, soluções paliati- vas e desperdícios. Concluiu-se que era preciso fazer algo para reduzir o número de quebras dos equipamentos. Logo, as inspeções e lubrificações começaram a fazer parte do dia a dia da operação. Surge, então, no início da década de 50, o con- ceito da Manutenção Preventiva, que era basea- da em inspeção e lubrificação dos equipamen- tos. Aqui é importante pontuar que o conceito da Manutenção Preventivasurgiu nos Estados Unidos, mas se desenvolveu no Japão, que tinha sido devastado pela Segunda Guerra Mundial e precisava de novos caminhos para se reerguer e retomar as suas atividades. A Manutenção Preventiva marca, no início da década de 50, um novo marco histórico, conhe- cido como a segunda geração da manutenção. Nessa geração, temos o destaque das atividades de planejamento da manutenção, que foram realiza- das em conjunto com as tarefas preventivas. Outro ponto de destaque da segunda geração consiste no início das atividades de manutenção preditiva, mesmo que de forma modesta (VIANA, 2002). Na década de 70, tem início a terceira geração da manutenção, decorrente do elevado custo de manutenção frente aos custos operacionais. Essa geração chega em meio a um mercado competi- tivo, em uma época de avanços tecnológicos nas áreas de informática e automação, tornando as plantas industriais cada vez mais complexas, com exigência cada vez maior da manutenção e da operação. 16 Introdução à Manutenção Industrial • Conjunto de ações para assegurar o bom funcionamento das máquinas e instala- ções, garantindo o rendimento proposto ao equipamento (CABRAL, 2006). • Formalmente, a manutenção é definida como a combinação de ações técnicas e ad- ministrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida (ABNT, 1994). • Combinação de todas as ações técnicas, administrativas e de gestão, durante o ciclo de vida de um bem, destinadas a mantê-lo ou repô-lo em um estado em que pode desempenhar a função requerida (EN 13306, 2010). Uma ferramenta de grande destaque nessa geração foi o Total Productive Maintenance - TPM, conhecido, também, como Manutenção Produtiva Total, que tem por filosofia integrar a produção e a manutenção na busca por um objetivo comum: quebra zero, acidente zero e defeito zero! A manutenção autônoma, que consiste nas atividades e cuidados básicos dos equipamentos, reali- zada pelo operador, passa a ter uma grande força nessa geração; também ficam evidentes os cuidados com padrões de qualidade, meio ambiente e segurança ocupacional, e os custos, disponibilidade e confiabilidade passam a ser vistos como pontos-chave dessa geração. A manutenção não evoluiu somente em campo, o seu conceito também passou por mudanças ao longo do tempo. Vejamos alguns exemplos: Logo, fica evidente a grande mudança do conceito de manutenção, iniciando da necessidade de manter um item em operação, no seu primeiro momento, passando, em seguida, pela incorporação de ações administrativas, cujo foco é planejar e controlar as tarefas a serem realizadas e o custo da manutenção, chegando a um terceiro momento, no qual a manutenção passa a se preocupar, também, com a gestão, o que faz todo o sentido quando analisamos a terceira geração. Outro ponto importante abordado na norma europeia diz respeito ao ciclo de vida de um bem, que nos introduz à quarta geração da manutenção, que teve início a partir de 2010. A quarta geração chega em um cenário de competitividade global, no qual a manutenção está, literalmente, cada vez mais perdendo o seu significado. Quando falamos em manutenção, estamos nos referindo a um sistema de gestão, ou seja, uma nova organização da forma de entendimento da necessidade de sinergia entre todos os departamentos envolvidos nos processos produtivos. Assim, podemos dizer que o termo “manutenção”, aos poucos, será substituído por “Gestão de Ativos”, pois esta nova visão não é de responsabilidade apenas do De- partamento de Manutenção, mas de toda a empresa, e o que se espera é resultado. Esta nova geração tem como foco maximizar a eficácia de um ativo, minimizar as falhas, reduzir perdas e maximizar ganhos. Para isso, de acordo com Mortelari, Siqueira e Pizzati (2011), novos de- safios devem fazer parte do dia a dia da manutenção, como: gestão de risco, confiabilidade humana e acuracidade na medição e demonstração dos resultados. A Figura 1 mostra um comparativo entre as gerações da manutenção. 17UNIDADE 1 Figura 1 - Evolução da Manutenção Fonte: Mortelari, Siqueira e Pizzati (2011, p. 40). Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração Conserto após avaria Maior disponibildade das instalações Maior vida útil dos equipamentos Custos menores Maior disponibilidade e con�abilidade das instalações Maior segurança Melhor qualidade dos produtos Ausência de danos ao meio ambiente Maior vida útil dos equipamentos Maior efetividade de custo Maior disponibilidade e con�abilidade das instalações Maior segurança Melhor qualidade dos produtos Ausência de danos ao meio ambiente Maior vida útil dos equipamentos Maior efetividade de custo Gestão do Risco aplicada aos ativos Con�abilidade humana Novos métodos preditivos Acuracidade na medição e demonstração de resultados 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2010 2011 Até aqui você teve uma breve contextualização e histórico da Manutenção. A seguir, discutiremos suas principais terminologias e os tipos e estratégias mais comuns de manutenção, como corretiva, preventiva, preditiva, autônoma e engenharia da manutenção. A manutenção começa muito antes do dia da primeira pane (parada de emergência) de uma máquina. De fato, ela começa desde a sua concepção. É na concepção que a sua manutenibilidade (aptidão de ser conservada), a sua confiabilidade e a sua disponibilidade (aptidão de ser “operacional” e a sua durabilidade (duração de vida prevista) serão predeterminadas. Fonte: Monchy (1989, p. 2). 18 Introdução à Manutenção Industrial Para um bom entendimento da manutenção, é preciso entender alguns termos comumente utili- zados como item, função requerida, falha e defeito. O termo item é definido pela ABNT (1994) como qualquer parte, componente, dispositivo, subsistema, parte funcional, equipamento ou sis- tema que possa ser considerado individualmente. Para facilitar o nosso entendimento, utilizaremos um exemplo simples, de um item comum e que muitas pessoas possuem em suas residências: o carro. Após definido o item, a ABNT (1994, p. 2) nos traz a definição de função requerida como: “função ou combinação de funções de um item que são consideradas necessárias para promo- ver um dado serviço”. Continuando com o nosso exemplo, para o item carro, podemos definir a sua função requerida como transporte. Ou seja, com ele podemos transportar várias coisas, como pessoas, animais, objetos etc. Assim, definimos o item, no caso, o carro, e a sua função requerida, o transporte. Terminologias da Manutenção 19UNIDADE 1 Agora, é importante entendermos a diferença entre falha e defeito. A ABNT (1994, p. 3) define falha como sendo “o término da capacidade de um item em desempenhar a sua função requerida”. É importante ressaltar que após a falha, o item tem uma “pane”. Falha é um evento e pane é um estado. Para o nosso carro, são consideradas falhas todas as ocorrências que impedirão o veículo de desem- penhar a sua função requerida. Assim, podemos citar como exemplos de falhas: bateria sem carga, correia dentada quebrada e pneu furado. Em relação ao defeito, a ABNT (1994, p. 3) traz a seguinte definição: “qualquer desvio das características de um item em relação aos seus requisitos”. É importante ressaltar que um defeito não compromete o item em realizar a sua função requerida. Para entendermos melhor, voltaremos ao nosso item do exemplo, o carro. A função requerida do carro é o transporte. Um pneu furado é considerado uma falha. En- tretanto, um pneu descalibrado é um defeito, pois não está atendendo a um requisito de projeto do veículo, que é a pressão de 30 psi, por exemplo. Veja que o pneu furado impede o carro de cumprir a sua função requerida, que é o transpor- te. No entanto, com o pneu descalibrado, o carro pode rodar. É muito importante deixar claro que o defeito, se não tratado, pode evoluir para uma falha, além de trazer prejuízos.No caso do nosso veículo do exemplo, o defeito de pneu descali- brado vai gerar maior consumo de combustível, desgaste prematuro do pneu e até o comprome- timento da segurança do veículo em curvas e fre- nagens emergenciais. Na sequência desta unidade, abordaremos as mais importantes estratégias aplicadas na ma- nutenção. Começaremos com as manutenções corretiva e preventiva, e suas variantes, conforme o anexo A da norma EN 13306 (2010), mostrado na Figura 2. Figura 2 - Manutenção Corretiva e Preventiva segundo a Norma EN 13306:2010 Fonte: EN 13306 (2010, p. 20). MANUTENÇÃO PREVENTIVA CORRETIVA Baseada na condição Sistemática Contínua, programada e a pedido Programada Imediata Adiada 20 Introdução à Manutenção Industrial Neste tópico, você conhecerá os tipos de manu- tenção que podem ser definidos para cada equi- pamento, de acordo com a sua importância para o processo em geral, com o objetivo de atingir os resultados operacionais de custo, disponibilidade e confiabilidade dos equipamentos. Tipos e Estratégias de Manutenção 21UNIDADE 1 Manutenção Corretiva A manutenção corretiva é efetuada após a ocor- rência de uma falha em um equipamento, com o objetivo de recolocá-lo em uma condição na qual possa desempenhar a sua função requerida. De acordo com a norma EN 13306 (2010), ela pode ser dividida em dois tipos: a manutenção corretiva imediata e a manutenção corretiva adia- da, conforme a gravidade da ocorrência. A imediata ocorre quando uma falha em um equipamento de extrema importância dentro de um processo faz com que este equipamento deixe de operar, vindo a comprometer a produtivida- de da planta, por exemplo. Assim, a ocorrência deve ser solucionada o mais breve possível, pois existem custos elevados envolvidos em função da parada da planta, por exemplo. É dever da manutenção trabalhar em busca da eliminação da ocorrência de falhas em equipa- mentos de alta importância para o processo, visto que o custo da manutenção corretiva imediata é, em média, sete vezes maior que o custo de uma manutenção preventiva. A quebra de um compo- nente pode comprometer outros que estavam em bom estado, elevando o custo da manutenção com as peças utilizadas no reparo, além dos custos in- diretos, como energia elétrica que está comprada e não está sendo utilizada, mão de obra ociosa e estoque de matéria-prima parado. A manutenção corretiva adiada pode ser de- finida como a atividade que não é efetuada ime- diatamente após a detecção de uma falha, mas é retardada de acordo com certas regras da manu- tenção. A queima de uma lâmpada em um setor com várias luminárias é um exemplo deste tipo de manutenção. A troca não necessariamente tem que ser feita na hora, de imediato, podendo ser adiada. Conheça alguns casos em que a manutenção corretiva pode ser aplicada como uma estratégia de manutenção, sem perdas para o processo: em equipamentos de baixo custo operacional, em equipamentos que possuem back up, em equipa- mentos de baixa criticidade e em equipamentos de fácil e rápida manutenção. Fonte: adaptado de Pereira (2009). 22 Introdução à Manutenção Industrial Manutenção Preventiva A manutenção preventiva, de acordo com a norma EN 13306 (2010), é caracterizada por ações efetuadas a intervalos de tempo pré-deter- minados, ou de acordo com outros critérios prescritos, como quan- tidade produzida e quilômetros rodados, por exemplo, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item. A norma EN 13306 (2010) divide a manutenção preventiva em dois tipos, com abordagens distintas: manutenção preventiva siste- mática e manutenção preventiva baseada na condição. A manutenção preventiva sistemática ocorre em intervalos prees- tabelecidos de tempo, ou segundo um número definido de unidades de utilização, ou até mesmo outro fator relacionado ao desgaste do equipamento. A sua principal característica consiste na ausência de controle prévio do estado do equipamento ou componente a ser substituído, por exemplo, o manual de um equipamento possui uma tarefa de manutenção preventiva sistemática descrita como a substituição de um determinado rolamento a cada 8.000 horas de utilização. Assim, a cada intervalo de 8.000 horas, o item é substituído, sem uma análise prévia do seu estado de conservação e de sua condição operacional, simplesmente, é trocado por um novo. Aqui, não existe a máxima “roda mais um pouquinho!”. A manutenção preventiva sistemática é muito vantajosa quando se conhece a durabilidade de um componente, ou seja, o seu Tempo Médio para Falha - TMPF, caso contrário, estaremos substituindo um componente antes da hora, ou seja, será substituído ainda em condi- ções de uso, contribuindo para o aumento do custo da manutenção. Por outro lado, a manutenção preventiva baseada na condição possui processo bem diferente. Este tipo de manutenção tem como objetivo reduzir a quantidade de paradas do equipamento durante a sua utilização, bem como utilizar o máximo possível da vida útil de um componente. Essas ações privilegiam o tempo de operação do equipamento, contribuindo para um maior faturamento da empresa e um menor custo de manutenção. A manutenção preventiva baseada na condição é definida pela norma europeia EN 13306 (2010) como um conjunto de ações de monitoramento do funcionamento de um determinado item e/ou dos parâmetros significativos desse funcionamento, integrando as ações daí decorrentes. Nesse caso, um componente passa a ter um monitoramen- to de sua condição operacional durante toda a sua vida útil, ga- rantindo maior disponibilidade e confiabilidade ao processo e, consequentemente, maior fatu- ramento e menor custo de ma- nutenção. Manutenção Preditiva A manutenção preditiva é defi- nida pela norma ABNT (1994) como um conjunto de ações condicionadas e efetuadas de acordo com previsões extrapo- ladas da análise e da avaliação de parâmetros significativos da degradação do bem. Trata-se de uma atividade preventiva baseada na condição e que per- mite um maior controle da vida útil dos equipamentos a partir da aplicação sistemática de téc- nicas de análise e da utilização de meios de supervisão centra- lizados ou de amostragem. O objetivo consiste em re- duzir ao máximo a manutenção preventiva sistemática e dimi- nuir a manutenção corretiva, aumentando a disponibilidade da planta. É considerada uma forma de manutenção inteligen- te, pois a intervenção só ocorre quando realmente é necessário. 23UNIDADE 1 Alguns exemplos de técnicas de manutenção preditiva que podemos citar são: a análise de vibração, a termografia, a boroscopia, o raio X, o ultrassom, os líquidos penetrantes, as partículas magnéticas e a emissão acústica. Este tipo de manutenção é eficaz quando podem ser identificados parâmetros mensuráveis que estão diretamente ligados aos sinais de falha, por exemplo, a medição dos níveis de vibração, a análise da temperatura ou a análise do óleo lubrificante quanto à oxidação. Kardec e Nascif (2009) elencam as condições básicas para se adotar a manutenção preditiva: • O equipamento, sistema ou instalação devem permitir algum tipo de monitoramento ou medição. • A utilização deste tipo de manutenção deve ser justificada pelo equipamento, sistema ou ins- talação em função dos custos envolvidos. • As falhas devem ser provenientes de causas que possam ser monitoradas e cuja progressão possa ser acompanhada. • Seja estabelecido um programa de acompanhamento, análise e diagnóstico sistematizado. A manutenção preditiva pode ser classificada em três fases distintas, de acordo com Mirshawka (1991): 1. A detecção do defeito que se desenvolve. 2. O estabelecimento de um diagnóstico. 3. A análise da tendência. A detecção do defeito que se desenvolve A detecção de um defeito é a primeira etapa da manutenção preditiva. Hoje, a manutenção dispõe de modernos equipamentos capazes de identificar defeitos em equipamentos e sistemas em operação, como: vibraçãode um rolamento; temperatura em um painel elétrico; espessura da chapa de um vaso de pressão; viscosidade de um óleo lubrificante. O estabelecimento de um diagnóstico Após a detecção de um defeito a partir da aplica- ção de uma técnica preditiva, o técnico respon- sável precisa estabelecer o diagnóstico do proble- ma, incluindo a origem e a gravidade do defeito constatado. É extremamente importante realizar o diagnóstico com sucesso para que se possa pro- gramar o reparo. 24 Introdução à Manutenção Industrial A análise da tendência A análise do diagnóstico possibilitará ao responsável pela manu- tenção determinar o tempo que ele dispõe até que a falha ocorra. A Figura 3 mostra a evolução do defeito ao longo do tempo, também, comumente conhecido na manutenção por intervalo P-F. Figura 3 - Intervalo P-F Fonte: adaptado de Gulati e Smith (2009). Na figura, a zona A indica o início de uma falha, que pode ser por uma redução da lubrificação, uma falha humana, defeito no material ou qualquer outra razão. Na zona B, temos uma evolução da falha ao longo do tempo. A partir do ponto Falha Potencial, a equipe de manutenção precisa identificar os efeitos que estão sendo gerados pela falha e, com isso, programar a solução para o problema, antes do término da zona C. Caso a falha não seja identificada, no final da zona C, temos a ocorrência da Falha Funcional, que é quando o equipamento tem a sua operação interrompida e não exerce mais a sua função requerida. A zona D é caracterizada pelo equipamento fora de operação. Para Gulati e Smith (2009), a melhor estratégia para procurar e encontrar um defeito ou condição anormal, na zona B, é a utilização de tarefas baseadas na condição, como a manutenção preditiva. As principais vantagens da aplicação da manutenção preditiva são: • Evita a ocorrência de falhas, reduzindo a manutenção corretiva emergencial e evitando, assim, a interrupção da produção. A B C INTERVALO P-F D Tempo Co nd iç ão Falha Potencial Início da Falha Falha Funcional Intervalo P-F 25UNIDADE 1 • Possibilita um controle efetivo de peças sobres- salentes, diminuindo os custos com estoques elevados. • Permite que a produ- ção e a manutenção tenham conhecimento do estado real dos equi- pamentos, a qualquer instante, permitindo a tomada de decisões no momento certo. • Permite que as inter- venções, independente do porte, sejam progra- madas. • Cria um histórico da planta, dos equipamen- tos e componentes. • Possibilita a tomada de decisão com base em dados e fatos concretos, e não mais no famoso “achômetro”. • Aumenta a Eficiência Global do Equipamen- to - Overall Equipment Effectiveness (OEE). Os principais tipos de manu- tenção preditiva são: análise de vibração, termografia, ul- trassom, raio X, boroscopia, líquidos penetrantes e análise de óleo. A análise de vibração consiste em uma técnica pre- ditiva destinada a detectar falhas em componentes me- Figura 4 - Análise termográfica de um painel elétrico cânicos móveis de um equipamento, sem a necessidade de sua parada. Kardec e Nascif (2009) afirmam que a maior ênfase de acom- panhamento da vibração está concentrada nos equipamentos ro- tativos, para os quais tanto a metodologia de análise quanto os instrumentos e aparelhos, além de softwares de apoio e sistemas especialistas, se encontram em um estágio bem avançado. Toda máquina possui uma característica de vibração definida em função dos seus componentes mecânicos e sua vibração está associada às frequências características de seus componentes. Dessa forma, o equipamento é avaliado em pontos acessíveis e a sua condição operacional passa a ser conhecida. Cabe ao técnico definir a necessidade, ou não, de intervenção após uma medição e análise de tendência. Cada componente possui uma característica própria de vibração, possibilitando diagnosticar com exatidão qual é o problema que está ocorrendo no equipamento. Por outro lado, a termografia consiste em uma técnica muito utilizada na indústria e de grande importância para a manutenção. A partir da radiação infravermelha emitida por um corpo, a câmera termográfica realiza o registro gráfico das temperaturas em diversos pontos, como mostra a Figura 4. 26 Introdução à Manutenção Industrial A partir da inspeção, é possível identificar os componentes que apresentam temperatura fora do normal, podendo evoluir para uma falha, como mostra a Figura 5. Figura 5 - Pontos de Aquecimento - Inspeção Termográfica O ultrassom é outra técnica muito utilizada no meio indus- trial. Tem seu funcionamento baseado nas leis da física e de- tecta lacunas, trincas, porosida- des e espessura de paredes por meio da propagação de ondas sonoras de alta frequência em determinados materiais sólidos. Kardec e Nascif (2009) aler- tam para o cuidado com trincas e outras descontinuidades do material, pois podem compro- meter a utilização pretendida, podendo até colocar vidas em risco. A Figura 6 mostra a aná- lise de espessura de uma tubu- lação industrial utilizando-se a técnica de ultrassom. Figura 6 - Medição de espessura por ultrassom Fonte: Utmaax ([2020], on-line)1. O raio X é uma técnica que consiste basicamente na aplicação de radiações ionizantes em determinada peça e as falhas são determinadas por meio da absorção diferenciada da radiação penetrante pela peça que está sendo inspecionada. A radiografia industrial é amplamente utilizada na inspeção de soldas, materiais fundidos e forjados. 27UNIDADE 1 A Figura 7 mostra a análise de uma determinada peça utilizando a radiografia. Figura 7 - Inspeção de solda em tubulação por Raio X A boroscopia é uma técnica de inspeção em equi- pamentos industriais por meio da utilização de uma câmera de videoscopia. Esta técnica também é amplamente utilizada na indústria e permite visualizar possíveis falhas e danos na parte interna de equipamentos. Mais um tipo de técnica, o ensaio por líquido penetrante é utilizado para detectar descontinui- dades em superfícies abertas, tais como: trincas, poros, dobras etc., podendo ser aplicado em todos os materiais sólidos e que não sejam porosos ou com superfície muito grosseira. Kardec e Nascif (2009) alertam para o cuidado da aplicação dessa técnica, que só pode ser aplicada para detectar trincas superficiais e porosidades. Seguindo na conceituação das técnicas, a análise de óleo consiste na submissão de uma amostra de óleo a diversos testes laboratoriais. Os resultados levantam informações essenciais sobre as condições do óleo, viscosidade, os níveis de contaminação e o desgaste dos componentes do equipamento lubrificado pelo óleo. É uma técnica também utilizada na área elétrica, na análise de óleos isolantes de equipamentos, como de trans- formadores. O Quadro 1 mostra alguns ensaios físico-químicos que podem ser realizados. 28 Introdução à Manutenção Industrial Quadro 1 - Análises físico-químicas de óleos lubrificantes Fonte: Kardec e Nascif (2009, p. 293). Assim, apresentamos as principais técnicas utilizadas na indústria para diagnóstico de problemas em equipamentos. Vale ressaltar a importância da utilização destas técnicas, uma vez que elas possibilitam a detecção de uma falha com antecedência, ou seja, no estágio de defeito, dando ao departamento de manutenção tempo para se organizar e evitar a parada do equipamento. Com isso, também se evitam outras consequências para o processo e para a produção, contribuindo para o aumento da disponibi- lidade da planta. Ensaio físico-químico de óleos lubrificantes Padrão Ensaio Finalidade ASTM D 1500 Cor Padronização de produção e es- tado de oxidação do óleo lubri- ficante. ASTM D 445 (Saybolt Universal) Viscosidade Propriedade mais importante do óleo lubrificante, definida como a resistência ao escoamento apre- sentado pelos fluidos. ASTM D 2270 Índice de viscosidade Variação de viscosidade com a temperatura. ASTM D 92 (Open cup) . ASTM D 644 Ponto de Fulgor Índice de Acidez (TAN)Determinação da mais baixa tem- peratura na qual uma amostra de óleo desprende vapores, ao ser aquecida, em proporção su- ficiente para formar uma mistura inflamável com o ar e provocar um “flash” ou se aproximar uma chama padrão definida no en- saio. Grau de acidez do óleo lubrifi- cante. ASTM D 4793 Índice de Basicidade (TBN) Determinação da reserva alcalina do óleo lubrificante ASTM D 2711 Demulsibilidade Característica de um óleo sepa-rar-se da água rapidamente. ASTM D 1401 Emulsibilidade Característica de se mistura com a água, necessária em certos ti- pos do óleo. ASTM D 482 Cinzas Materiais não combustíveis pre-sentes no óleo. ASTM D 892 Espuma Estabilidade da espuma formada sob condições de aeração. ASTM D 189 Resíduo de Carbono (Conrad Re-sidue Carbon Test) Resíduo obtido da evaporação lenta sem a presença de ar em condições definidas. 29UNIDADE 1 Manutenção Autônoma A manutenção autônoma tem origem na metodologia Total Productive Maintenance - TPM, e tem por objetivo unir forças da manutenção e da produção na busca por um objetivo comum: melhorar os resultados, eliminar falhas, acidentes e defeitos. O papel da manutenção autônoma é desenvolver nos operadores um senso crítico de cuidado com os equipamentos, capacitando-os para realizarem tarefas básicas, como limpeza, reaperto e lubrificação, também inspeções com o objetivo de detectar possíveis problemas nos equipamentos. A manutenção autônoma é implementada em sete passos: • Passo 1: limpeza inicial. • Passo 2: eliminação de fontes de sujeira e locais de difícil acesso. • Passo 3: definição dos padrões provisórios de limpeza e lubrificação. • Passo 4: inspeção geral. • Passo 5: inspeção autônoma. • Passo 6: padronização da organização e ordem. • Passo 7: consolidação da manutenção autônoma. Com isso, é possível afirmar que a manutenção autônoma é essencial para o envolvimento do operador no processo de manutenção de equipamentos, capacitando-o para inspeções e cuidados básicos do dia a dia. Engenharia da Manutenção A engenharia da manutenção é o ramo da engenharia voltado para a otimização dos equipamentos, processos e custos, de modo a atingir um outro patamar de confiabilidade, disponibilidade e manuteni- bilidade dos equipamentos. Tem como objetivo deixar de ficar consertando continuamente os equipamentos para procurar as causas básicas das falhas, mo- dificar situações responsáveis pelo baixo desempenho, deixar de conviver com problemas crônicos e focar na manutenibilidade. Viana (2002) complementa afirmando que o objetivo da enge- nharia da manutenção é de promover o progresso tecnológico da Manutenção, por meio da aplicação de conhecimentos científicos e empíricos na solução de problemas encontrados em processos e equipamentos, buscando a melhoria da manutenibilidade dos equipamentos, maior produtividade e eliminação de riscos em se- gurança do trabalho e danos ao meio ambiente. 30 Introdução à Manutenção Industrial As principais atribuições da engenharia da manu- tenção, de acordo com Kardec e Nascif (2009), são: • Aumentar a confiabilidade. • Aumentar a disponibilidade. • Melhorar a manutenibilidade. • Aumentar a segurança. • Eliminar problemas crônicos. • Solucionar problemas tecnológicos. • Melhorar a capacitação do pessoal. • Gerir materiais e sobressalentes. • Participar de novos projetos, fazendo in- terface com a engenharia; • Dar suporte à execução. • Conduzir análises de falhas e estudos de melhoria. • Elaborar planos de manutenção e de ins- peção, fazendo a sua análise crítica. • Monitorar os indicadores de desempenho da manutenção. • Zelar pela documentação técnica. O potencial de ganho está na busca constante de desenvolvimento e implementação de soluções na intenção de aumentar a disponibilidade e a confiabilidade dos equipamentos e reduzir os cus- tos de manutenção. A engenharia da manutenção deve estar focada na consolidação das rotinas de manutenção e também na implementação de me- lhorias, segundo Kardec e Nascif (2009). A Figura 8 mostra os ganhos que podem ser obtidos com a engenharia da manutenção. Figura 8 - Ganhos com a Engenharia da Manutenção Fonte: adaptada de Kardec e Nascif (2009). Tipo de Manutenção Cu st os Resultados D is po ni bi lid ad e, C on a bi lid ad e Se gu ra nç a, M ei o A m bi en te EVOLUÇÃO CORRETIVA PREVENTIVA PREDITIVA ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO Com base nisso, sabemos que conhecer os tipos de manuten- ção e definir corretamente a es- tratégia para cada tipo de equi- pamento são fatores essenciais para quem busca a excelência na manutenção. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 31UNIDADE 1 Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, introduzimos os conceitos de manutenção e vimos como se deu a evolução da manutenção ao longo dos anos. Hoje, falamos muito em inovação e, por esse mo- tivo, vale ressaltar a importância da inovação nos processos de manutenção. A manutenção surgiu com o objetivo de manter as máquinas e equipamentos, mas, com o passar do tempo, evoluiu e inovou, sem- pre buscando novas ferramentas e metodologias com o objetivo de evitar as falhas e garantir os equipamentos disponíveis e confiáveis para a produção por um maior período de tempo. Também, entendemos as principais terminologias associadas à gestão da manutenção e abordamos os tipos de manutenção mais comumente utilizados nas empresas, mostrando as diferenças entre cada uma e como sua aplicação pode contribuir para uma gestão com resultados na manutenção. Espero que, ao fim desta unidade, você tenha percebido a im- portância da manutenção para todas as organizações. Na próxima unidade, abordaremos o fator humano na manuten- ção, entrando em detalhes nos papéis e responsabilidades de cada função dentro da manutenção. Você verá que manutenção não é somente a utilização de ferramentas e procedimentos, mas também uma sinergia entre pessoas de várias áreas. Até lá! Uma boa gerência técnica implica a execução, pelo serviço de manutenção, de atividades complemen- tares às ações de manutenção corretiva e preventiva estudadas anteriormente. Essas atividades são: • Os trabalhos de melhoramento e modernização. • As renovações e as reconstruções. • A gerência dos trabalhos subcontratados. • O comportamento de certos equipamentos periféricos. • Os estudos e os novos projetos. • Os trabalhos de conservação das instalações. Fonte: Monchy (1989, p. 52). 32 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. A Manutenção tem por objetivo manter os equipamentos em condições nas quais possam operar de forma segura e confiável. A Manutenção pode ser definida como: a) A recolocação de um equipamento, após uma falha, em um estado no qual possa desempenhar uma tarefa dentro de um contexto industrial. b) Conjunto de ações para assegurar o bom funcionamento das máquinas e ins- talações, garantindo o rendimento proposto ao equipamento. c) Combinação de ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa de- sempenhar uma função requerida. d) Combinação de todas as ações técnicas, administrativas e de gestão, durante o ciclo de vida de um bem, destinadas a mantê-lo ou repô-lo em um estado em que pode desempenhar a função requerida. e) Todas as alternativas anteriores estão corretas. 33 2. Manter os equipamentos consiste em um processo em constante evolução e com a implementação de técnicas inovadoras ao longo do tempo. Leia as afir- mações a seguir: I) A manutenção passou, ao longo do tempo, por várias gerações. Atualmente estamos na terceira geração. II) A primeira geração da manutenção tem foco na manutenção corretiva, ou seja, conserto após a falha. III) A terceira geração está totalmente apoiada no conceito de manutenção pre- ventiva, não levando em consideração outros pontos, como custos, qualidade e meio ambiente. IV) A quarta geração da manutenção consisteem uma extensão da terceira ge- ração, agregando pontos importantes, como gestão de riscos, confiabilidade humana, acuracidade e novos métodos preditivos. Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas: a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas II e IV estão corretas. c) Somente a afirmativa IV está correta. d) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 34 3. Buscar as causas dos problemas e otimizar a operação e a manutenção dos equipamentos é parte das atividades da manutenção. Assinale verdadeiro (V) ou falso (F): ) ( A Engenharia da Manutenção tem como foco fabricar novos equipamentos. ) ( A Engenharia da Manutenção promove a otimização de equipamentos, pro- cessos e custos associados. ) ( Um dos objetivos da Engenharia da Manutenção é buscar a causa raiz dos problemas, além de eliminar problemas crônicos. ) ( A Engenharia da Manutenção não pode ser aplicada a processos industriais que possuam tarefas mais simples de manutenção. A sequência correta para a resposta da questão é: a) V, F, F, V. b) V, V, F, F. c) F, F, V, V. d) V, F, V, F. e) F, V, V, F. 4. As estratégias de manutenção são aplicadas de forma a se ter o cuidado mais adequado com o equipamento e de acordo com a sua importância no processo industrial. Associe as definições da primeira coluna com as alternativas a seguir: (A) Manutenção Corretiva. (B) Manutenção Preventiva. (C) Manutenção Preditiva. (D) Manutenção Autônoma. ) ( Manutenção realizada pelo próprio operador da máquina. ) ( Manutenção realizada com base em parâmetros mensuráveis. ) ( Manutenção realizada após a ocorrência de uma falha. ) ( Manutenção realizada em intervalos de tempo pré-determinados. 5. Explique o significado do intervalo P-F e qual a sua importância para as ativida- des da manutenção. 35 Técnicas de Manutenção Preditiva Autor: Lauro Xavier Nepomuceno Editora: Blucher Sinopse: inicialmente o presente trabalho deveria ser uma segunda edição do livro “Procedimentos Técnicos de Manutenção Preditiva em Instalações Indus- triais”. Como este livro foi utilizado em vários cursos de extensão, reciclagem e mesmo treinamento de interessados em problemas de Manutenção, foi de- cidido elaborar outro livro, totalmente diverso do original, embora baseado nos mesmos motivos. Foram feitas várias modificações e ampliações, como: a) acrescentado capítulo sobre alguns conceitos básicos, assim como os métodos de investigação da ocorrência dos diferentes tipos de falhas; b) ampliação da des- crição dos processos de medição dos parâmetros de interesse à Manutenção; c) acrescentado um capítulo sobre Vibrações Mecânicas e Movimento Ondulatório, visando os fundamentos que interessam aos envolvidos com a Manutenção; d) acrescentado um capítulo sobre o processamento e análise dos sinais de inte- resse à Manutenção, incluindo ideias básicas da análise pelas Séries de Fourier; e) acrescido um capítulo descrevendo e apresentando vários estudos sobre a elaboração de diagnóstico de falhas através do espectro das vibrações, com o seu acompanhamento a partir de um dado instante até o momento adequado à intervenção; f) ampliado o capítulo referente à limpeza ultrassônica, incluindo descrição do novo processo de desobstrução de tubulações; g) os ensaios não destrutivos, assim como a medida e controle da pressão e temperatura e a aná- lise dos lubrificantes são apresentados por especialistas que possuem longos anos de experiência prática; h) foi introduzido um capítulo referente aos ensaios não destrutivos não convencionais. É fornecida uma ideia do cálculo da vida útil residual de componentes que apresentam descontinuidades. LIVRO 36 O que é Manutenção Industrial de máquinas e equipamentos? O texto que pode ser acessado pelo link abaixo traz conceitos de manutenção e lubrificação, os tipos de manutenção e também um pouco mais sobre a gestão da manutenção na indústria. No final, traz um vídeo de como iniciar as mudanças na manutenção. WEB Perdido em Marte Ano: 2015 Sinopse: o filme retrata o drama vivido por Mark Watney (Matt Damon), um astronauta que é dado como morto por sua equipe em uma missão espacial a Marte após uma tempestade no planeta vermelho que acabou separando-o de toda a sua equipe. No entanto, o que ninguém imagina é que Mark sobreviveu e precisa encontrar uma forma de voltar para casa. Comentário: além do lado humano, do controle emocional e da liderança — qualidades que todo profissional precisa ter em sua carreira —, o filme mostra aos aspirantes a engenheiro, principalmente da área aeronáutica, que precisam ser bons em cálculos, ter noções de química, física, sistemas elétricos e várias outras coisas que envolvem a manutenção e gerenciamento de equipamentos e atividades espaciais. FILME https://industriahoje.com.br/o-que-e-manutencao-industrial-de-maquinas-e-equipamentos 37 ABNT. Associação Brasileiras de Normas Técnicas. NBR 5462: Confiabilidade de mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. CABRAL, J. P. S. Organização e Gestão da Manutenção - dos conceitos à prática. Lisboa: Lidel Edições Téc- nicas, 2006. CUIGNET, R. Gestão da Manutenção. Lisboa: Lidel Edições Técnicas, 2006. EN - European Committee for Standardization. BS EN: 13306:2010: Maintenance - Maintenance terminology. Union European, 2010. GULATI, R.; SMITH, R. Maintenance and Reliability Best Practices. New York: Industrial Press, 2009. MIRSHAWKA, V. Manutenção preditiva: caminho para zero defeitos. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991. MONCHY, F. A Função Manutenção. Formação para a gerência da manutenção industrial. São Paulo: Ebras Editora Brasileira Ltda., 1989. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: Função Estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. MORTELARI, D.; SIQUEIRA, K.; PIZZATI, N. O RCM na quarta geração da manutenção de ativos. São Paulo: RG Editores, 2011. PEREIRA, M. J. Engenharia de Manutenção - Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2009. VIANA, H. R. G. PCM: Planejamento e Controle da Manutenção. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: https://www.utmaax.com.br/ultrassom-convencional-industrial. Acesso em: 29 jan. 2020. 38 1. E. 2. B. 3. E. 4. D, C, A, B 5. O intervalo P-F consiste no tempo decorrido entre a detecção de uma falha potencial (P) e a ocorrência de uma falha funcional (F). Este intervalo é importante para que a manutenção possa se programar e corrigir a falha potencial, evitando-se, assim, a falha funcional com a possível parada do equipamento e até do processo. 39 40 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Aprender como as pessoas interagem na manutenção. • Entender os papéis e responsabilidades das pessoas na manutenção. • Compreender as causas de insucesso na manutenção. • Aprender a aumentar a produtividade da manutenção. As Pessoas e a Manutenção O Fator Humano na Manutenção Insucesso e Perda de Produtividade na Manutenção Papéis e Responsabilidades na Manutenção Me. Alessandro Trombeta O Fator Humano na Manutenção Industrial As Pessoas e a Manutenção Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) novamente ao universo da manutenção! Na Unidade 1, abor- damos os primeiros conceitos relacionados à ma- nutenção, bem como a sua evolução, que ocorreu a partir da necessidade de reparar um equipamento em falha, passando também pela fase de aplicação de novas técnicas com o objetivo de eliminar a ocorrência de falhas e, por último, pela busca da otimização dos equipamentos. Em todas essas etapas, o ser humano foi pro- tagonista, o que nos leva – após entendermos os conceitos básicos da manutenção, as terminolo- gias e os tipos e estratégias – a buscar mais infor- mações a respeito da influência das pessoas na manutenção. Nesta unidade, você entenderá a importância das pessoas nos processos relacionados à ma- nutenção, além de fatores importantes paraum gestor de manutenção, como liderança, resiliência e capacidade de adaptação. Abordaremos, tam- bém, os papéis e responsabilidades das principais pessoas envolvidas na manutenção, das quais os resultados dependem diretamente. 43UNIDADE 2 A palavra manutenção nos induz a pensar em ferramentas, técnicas, metodologias e equipamen- tos, e acabamos nos esquecendo de um item de extrema importância para o sucesso deste proces- so: o fator humano. De acordo com Pinto (2013), a manutenção é uma atividade que muito depende das pessoas que a executam e das pessoas que a planejam. Por este motivo, deve estar integrada no organograma da empresa, fazer parte da sua cadeia de valor, ter um número adequado de colaboradores e uma gestão adequada à extensão e complexidade do trabalho a desenvolver. A capacitação de todos os colaboradores de uma empresa é um trabalho muito importante para o crescimento não só das pessoas, mas tam- bém das organizações. E gerir uma equipe de manutenção é um traba- lho árduo, que exige conhecimento, disciplina e li- derança, visto as diversidades que encontramos na manutenção: níveis de conhecimento diferentes; Você já ouviu falar em “equipes de alta performance”? “Nessas equipes, a maioria dos funcionários age como se fosse dona da empresa; aceita novos desafios; não tolera colegas acomodados ou medíocres e pensa em ficar na empresa por muitos anos se as regras e a cultura do mérito continuarem a prevalecer”. Fonte: Ferraz (2018, p. 187). interação das pessoas da manutenção com outros setores, como a produção; nem sempre as regras e princípios da manutenção estão claros para todos, incluindo o gestor; falta de atribuição de tempos para as tarefas; nem sempre as tarefas são repeti- tivas, uma vez que os equipamentos apresentam muitos componentes e diversos modos de falha. Pessoas da Manutenção As pessoas da manutenção, de acordo com Pinto (2013), podem ter como proveniência cursos técnicos, profissionalizantes e até de diversos ramos da engenharia. Trata-se de uma formação e expe- riência profissional muito diversificada. Um técnico de manutenção deverá possuir um forte senso crítico e grande capacidade para discernir entre o trivial e o importante. Os processos e seus equipamentos evoluem muito rápido, e essa evolução tecnológica exige do profissional de manutenção cons- tante aprendizado e atualização de técnicas e conhecimentos. Além disso, Zen (2004) afirma que o profissional da manutenção deve saber compreender as novas dimensões das funções da empresa, tais como Engenharia, Produção, Operação, Planejamento, Vendas, Marketing, Finanças, Recursos Humanos, Serviços etc. 44 O Fator Humano na Manutenção Industrial Já no dia a dia da manutenção, para um bom andamento das atividades, cada grupo ou equipe deve estar associado a um respon- sável que realize a coordenação das atividades, conforme definido a seguir, por Pinto (2013, p. 201): • Atribuir as ordens de serviço aos elementos de cada equipe de acordo com a sua disponibilidade e qualificação. • Assegurar que os trabalhos são executados nas condições e nos tempos previstos. • Assegurar a qualidade do trabalho executado. • Identificar e procurar remover obstáculos à boa execução das ordens de serviço. • Promover o aperfeiçoamento profissional e a formação de seus colaboradores. De um modo geral, Pinto (2013, p. 201) afirma que o responsável pelo departamento de manutenção deverá possuir as seguintes qualidades: • Ter formação técnica e pessoal adequada às atividades de liderança e de gestão. • Estar sempre informado sobre o que se passa na empresa, sobre a evolução tecnológica e as tendências de gestão e liderança de pessoas. • Concentrar-se no essencial, evitar a dispersão, saber dizer não ao trivial. • Ter sentido político, nas relações com outros departamentos. • Saber escolher o momento para intervir. A satisfação no trabalho de- pende de fatores associados às necessidades superiores e que se encontram, geralmente, no conteúdo do trabalho. Esses fatores incluem o reconheci- mento, o trabalho a executar, a responsabilidade, a realização e o avanço tecnológico. Por sua vez, a insatisfação no trabalho depende de fato- res associados às necessidades básicas e que se encontram, geralmente, no ambiente de trabalho. Esses fatores incluem a política da empresa, a super- visão, as condições de trabalho, a remuneração e as relações de trabalho. Stevenson (2002) afirma que não se deve racionalizar o trabalho para se aumentar a eficiência das equipes, e sim enriquecê-lo de modo a produ- zir uma motivação real. Liderança na Manutenção A liderança está relacionada com a capacidade de um indivíduo de atrair seguidores, influenciando de forma positiva o seu comporta- mento, gerando motivação e, por consequência, ótimos resultados. Pereira (2009) acredita não existir um líder ideal, mas um perfil mais adequado às pessoas que se lidera, e de acordo com a cultura da empresa. O gestor de manutenção precisa passar da viabilização do possível para a viabilização do impossível, sempre buscando direcionar a equipe para novos desafios, estimulando-a de forma contínua. Os desafios do gestor da manutenção são imensos e dobrados: diagnosticar rápido um problema e a sua solução (em uma manutenção corretiva) ou definir tarefas para evitar que a máquina ou equipamento tenha uma falha. O líder é caracterizado por um profissional que faz aconte- cer, tem competência para decidir e para negociar as necessidades assegurando a realização das ações no tempo e no espaço. Essa negociação, geralmente, envolve o pessoal da produção, uma vez que é papel da manutenção co- laborar para o equilíbrio entre o “ “ 45UNIDADE 2 risco e a recompensa, além do foco em antecipação e prevenção das falhas, falhas essas que podem estar relacionadas à segurança, ao meio ambiente e, na maioria dos casos, à produção. Para um bom líder de manutenção, Zen (2004, p. 32) afirma que “o passado é para se meditar e não para se reproduzir”. Assim, busca-se aplicar no dia a dia da manutenção o princípio da melhoria contínua. É importante ressaltar que não existe um lí- der ideal. Pereira (2009) afirma que o líder deve possuir um perfil mais adequado às pessoas que lidera, sem deixar de lado a cultura da empresa. Diante disso, o líder de manutenção precisa ser flexível, sabendo se reportar à alta direção de uma organização e ao mesmo tempo à fun- ção mais simples, mas não menos importan- te, da organização. E, além destes, o líder de manutenção também se depara com líderes de outros departamentos, uma vez que todas as áreas de uma empresa demandam manu- tenção, ele precisa saber lidar muito bem com essa situação, buscando atender a todos os seus clientes internos, evitando conflitos e fazendo negociações. Armstrong (2011, p. 25) ressalta a necessidade de se fazer uma distinção entre gestão e liderança: “ • A preocupação da gestão é alcançar resultados a partir da obtenção, destinação, aplicação e controle de todos os recursos necessários (pessoas, dinheiro, infraestrutura, instalações, equipa-mentos, informações e conhecimentos); • A liderança já tem seu objetivo nas pessoas. É um processo de desenvolvimento e comunicação de uma visão de futuro, que envolve e motiva as pessoas. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 46 O Fator Humano na Manutenção Industrial Alguns pontos são extremamente importantes quando o assunto é o fator humano na manu- tenção, como: o conhecimento, a criatividade, a comunicação, a tecnologia e a resiliência. Falare- mos de cada um deles na sequência. Conhecimento Ao longo da vida todos recebem uma grande quantidade de informações, que são armazena- das por intermédio da experiência ou da apren- dizagem. A esse conjunto de informações damos o nome de conhecimento. E conhecer procedi- mentos, equipamentos, tecnologias e princípios de funcionamentode máquinas e equipamentos é fundamental para as equipes de manutenção. Ferraz (2018) classifica o conhecimento em explícito e tácito. Segundo o autor, o primeiro está relacionado ao domínio da teoria e o segundo com a habilidade para realizar a tarefa, ou seja, a prática. O Fator Humano na Manutenção 47UNIDADE 2 Para facilitar o entendimento, Ferraz (2018) traz dois exemplos: primeiro, o de um enge- nheiro agrônomo, que passa meses da sua gra- duação estudando o cultivo da soja (variedades, sementes, épocas de plantio, adubação, controle químico de ervas daninhas, doenças, insetos etc.), mas que, mesmo com todo esse conhe- cimento teórico, pode não ter sucesso em um ciclo completo do plantio à colheita por falta de experiência prática. No segundo exemplo, porém, o autor diz que muitos agricultores que nunca tiveram uma única aula teórica sobre o cultivo da soja utilizam o conhecimento práti- co (experiência de muitos anos) para conduzir as suas lavouras, obtendo excelentes resultados. Na manutenção não é diferente, vamos encontrar pessoas que não tiveram formação técnica e executam seus trabalhos com exce- lentes resultados. Da mesma forma, teremos pessoas altamente qualificadas, mas com pou- co ou nenhum conhecimento prático. É papel do gestor de manutenção realizar a integração dessas pessoas para que o conhecimento seja multiplicado e disseminado entre todos, ge- rando, assim, excelentes resultados com sus- tentabilidade. Criatividade na Manutenção Ser criativo é essencial nos dias atuais, principalmente para as equi- pes de manutenção, que precisam acompanhar a velocidade dos eventos sociais, políticos, econômicos e culturais, não podendo deixar de lado o foco no futuro e o avanço acelerado da tecnologia. É preciso estimular a capacidade criativa das equipes, pois só assim é possível gerar processos de mudança nas organizações, no comportamento dos profissionais, além de facilitar uma consequen- te quebra de paradigmas. Vale lembrar que: • O homem de manutenção do passado se sentia realizado quando realizava um bom reparo. • O homem de manutenção do presente se sente realizado quando evita a ocorrência de falhas. • O homem de manutenção do futuro se sentirá bem ao con- seguir extrair do equipamento/planta a sua melhor perfor- mance (KARDEC; NASCIF, 2009). A criatividade é uma capacidade humana incrível na superação dos obstáculos encontrados no dia a dia. 48 O Fator Humano na Manutenção Industrial Comunicação na Manutenção Comunicação é uma palavra derivada do termo latino commu- nicare, que significa "partilhar, tornar comum". Por meio da co- municação, os seres humanos e os animais partilham diferentes informações entre si, tornando o ato de comunicar uma atividade essencial para a vida em sociedade. Na manutenção não é diferente, há uma grande necessidade de troca de informações, sejam estas referentes aos equipamentos, ao uso das ferramentas, a um procedimento específico de reparo ou manutenção preventiva e até para o correto nivelamento técnico da equipe. A interação entre produção e manutenção também precisa ter uma comunicação clara e assertiva, para que os serviços preven- tivos sejam realizados e a necessidade de ações corretivas cheguem até a manutenção. Existem diversas formas de comunicação na manutenção, sejam elas diretas ou indiretas. Saber interpretar um desenho ou diagrama, entender as etapas de um plano de manutenção e até mesmo iden- tificar os componentes e ferramentas necessários para a realização de uma boa manutenção fazem parte da comunicação indireta. Relatar um fato, ouvir a reclamação de um operador quanto ao desempenho de uma máquina, discutir com o supervisor/gerente uma possível melhoria em um processo ou equipamento fazem parte da comunicação direta. Infelizmente não é raro encontrarmos problemas relacionados à comunicação nas organizações, sejam eles relacionados à falta de divulgação de um procedimento, um recado que deixou de ser dado, um e-mail que não chegou ao destinatário correto, um sobressalente que não foi reservado no almoxarifado para a manutenção preven- tiva a ser realizada na próxima semana, ou a falta de informações nas ordens de serviço referentes às tarefas executadas. Podemos pensar o departa- mento de Planejamento e Con- trole da Manutenção - PCM como sendo um “processador de informações”, sejam essas informações provenientes dos manuais e planos de manu- tenção dos equipamentos, das falhas ocorridas, ou das dificul- dades enfrentadas pela manu- tenção. O resultado de todo esse processamento é a melhoria contínua dos processos de ma- nutenção, que devem repercutir no aumento da produtividade, da segurança e da redução dos custos, trazendo mais competi- tividade para a organização. A comunicação é funda- mental para o sucesso desse processo e Zen (2004) observa que o profissional da manuten- ção deve aprender a conviver com a incerteza, dessa forma, estará sempre em busca de in- formação e conhecimento, pos- sibilitando uma evolução cons- tante da comunicação dentro da organização. Avanço da Tecnologia na Manutenção O nosso mundo se torna mais tecnológico a cada dia que passa. Zen (2004) ressalta que é necessário que o profissional da manutenção tenha habilidades para entender o significado das mudanças tec- nológicas, uma vez que este tem impacto direto em diversas áreas, como finanças, marketing, recursos humanos, produção e, é claro, na manutenção. É incrível a velocidade com que a tecnologia evolui. Já estamos vivenciando a era dos carros elétri- cos e autônomos, da impressora 3D, da evolução da inteligência artificial. O mundo encontra-se em constante evolução tecnológica. 49UNIDADE 2 Passamos por várias revoluções, quebras de paradigmas e novos conceitos. A primeira revolução industrial foi marcada pela invenção da máquina a vapor, já a segunda pela utilização de motores à combustão, energia elétrica e o foco na produção, com o modelo de produção da Ford. A terceira revolução veio com o advento do desenvolvimento da eletrônica, com a utilização de Controladores Lógicos Programáveis (CLP) no chão de fábrica e sistemas de auxílio à produção, como Plant Infor- mation Management System - PIMS e Manufacturing Execution System - MES. Atualmente, ouve-se com certa frequência o termo Indústria 4.0, símbolo da quarta revolução indus- trial. E o que a Indústria 4.0 traz de novo? Simples, muita tecnologia aplicada aos processos industriais. A internet, que já faz parte do nosso dia a dia, passa a fazer parte do chão de fábrica, chegando aos processos, recebendo sinal de sensores instalados nos equipamentos e auxiliando os gestores na tomada de decisão em tempo real. A manutenção passa ser direcionada pela baixa pressão detectada por um determinado sensor e não mais pela manutenção corretiva oriunda da falha no equipamento por baixa pressão de óleo, com a consequente parada total de toda planta. A inteligência artificial passa a fazer parte do dia a dia dos processos, dando mais fluidez ao trabalho, tornando algumas tarefas automatizadas, gerindo melhor o tempo e melhorando os processos de produção. O profissional da manutenção precisa conviver com mudanças mais velozes, mas, sobretudo, deve estar preparado para lidar com elas de forma mais consistente e assertiva. Resiliência na Manutenção Resiliência é um termo denominado pela física para designar uma propriedade que alguns cor- pos apresentam ao retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. Apesar de ser uma definição da física, ela pode ser utilizada de forma análoga para o ser humano. Assim, a resiliência humana é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse, algum tipo de evento traumático etc. – sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encon- trar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades.Nas organizações, a resiliência pode ser vista como uma tomada de decisão quando alguém se depara com um contexto entre a tensão do am- biente e a vontade de vencer. Essas decisões propi- ciam forças estratégicas na pessoa para enfrentar a adversidade. Para que o profissional da manutenção tenha sucesso em sua carreira, precisa desenvolver a ha- bilidade da resiliência, pois todos os dias surgem problemas, obstáculos, mudanças e a pressão pelo atingimento dos resultados é constante, ou seja, a dificuldade faz parte do dia a dia da manutenção e a resiliência é uma habilidade que o gestor precisa desenvolver para ter sucesso nesse ramo de atuação. 50 O Fator Humano na Manutenção Industrial Neste tópico, abordamos o fa- tor humano na manutenção e estudamos alguns pontos con- siderados chaves para o desen- volvimento das pessoas da ma- nutenção. Agora é importante entendermos o papel de cada um dentro de um departamento de manutenção. Um ponto relevante, destaca- do por Kardec e Nascif (2009), é a valorização, sobre a qual os autores evidenciam a im- portância em abrir espaço na reunião semanal da Manu- tenção para que cada setor, obrigatoriamente, “tenha a sua vez de falar”, fornecendo notícias específicas sobre ele. Isso aproxima as equipes de operação e manutenção, gera uma sinergia e obtém melho- res resultados. 51UNIDADE 2 Nos processos de manutenção, atuam persona- gens com papéis e responsabilidades muito bem definidos. É importante definir com clareza quem são os principais: gerente de manutenção, super- visor de manutenção, planejador de manutenção, programador de manutenção, manutentor e en- genheiro de manutenção. Conheça, a seguir, cada um desses profissionais. Papéis e Responsabilidades Na Manutenção 52 O Fator Humano na Manutenção Industrial Gerente de Manutenção O gerente de manutenção tem a responsabilidade de conduzir a manutenção no todo, devendo acom- panhar seus principais eventos diários, cuidar do fator humano e, principalmente, pensar a respeito do amanhã neste processo. Também, é papel deste profissional: • Tomar decisões orientadas no sentido de atingir as metas definidas pela alta direção. • Eliminar anomalias crônicas, atuando nas suas causas fundamentais. • Dar suporte e direcionamento para a su- pervisão de manutenção para a melhoria dos processos e resultados. • Saber promover, contratar e recolocar re- cursos humanos, uma vez que suas deci- sões serão de grande impacto no resultado. • Delegar tarefas. • Possuir papel preponderante no processo. • Direcionar de forma produtiva os recursos humanos e materiais. Supervisor de Manutenção O supervisor de manutenção é uma peça chave para o processo de manutenção, coordenando e orientando as equipes no dia a dia. Também, deve verificar se os procedimentos operacionais da manutenção estão sendo cumpridos de acor- do com as regras estabelecidas (com segurança e qualidade), se as melhorias necessárias nesse processo estão sendo promovidas, se os planos de manutenção estão sendo executados e se todas as informações pertinentes ao processo de ma- nutenção estão sendo geradas e registradas, para decisões e ações futuras. Faz parte do papel do supervisor de manu- tenção: • Administrar conflitos internos (manuten- ção) e também com a produção. • Saber conduzir negociações e também re- uniões. • Conhecer a legislação de trabalho. • Saber administrar contratos. • Promover melhorias nos processos de ma- nutenção, podendo utilizar ferramentas como 5S, TPM, RCM, Kaizen. • Realizar análises sistemáticas de falhas. As ferramentas 5S, TPM e RCM serão estudadas nas próximas unidades. O 5S é uma metodologia japonesa com o objetivo de promover a limpeza, a organização e a padronização, melhorando o ambiente de trabalho e tornando-o mais eficiente. O TPM (Total Productive Maintenance ou Ma- nutenção Produtiva Total) é uma metodologia, também japonesa, que se preocupa em prevenir falhas e eliminar as perdas geradas no processo produtivo, por meio da integração dos setores de manutenção e operações. Você consegue pensar como seria a manutenção de uma grande organização sem uma gerência de manutenção? Kardec e Nascif (2009, p. 177) afirmam que gerenciar processos é “planejar, acompanhar a execução, verificar se há desvios e, quando necessário, fazer as devidas correções”. Neste texto, é possível entender a importância de uma boa gestão da manutenção, confira: http://www.inovarse.org/sites/default/files/ T14_0203_0.pdf http://www.inovarse.org/sites/default/files/T14_0203_0.pdf http://www.inovarse.org/sites/default/files/T14_0203_0.pdf 53UNIDADE 2 Por sua vez, o RCM (Reliability Centered Maintenance ou Manutenção Centrada em Confiabilidade) consiste em um novo conceito de planejamento de manutenção cujo objetivo é garantir que os sistemas continuem fazendo o que o usuário exige no atual contexto operacional, aplicando as estratégias de manutenção de forma estratégica e eficiente. Por fim, o Kaizen, também de origem japonesa, cuja tradução é “melhoria contínua”, é uma metodologia que busca o aprimoramen- to diário e constante, com pequenas e simples ações que buscam melhorar a produtividade. Planejador de Manutenção O planejamento de manutenção busca definir as estratégias de manu- tenção ideais para cada tipo de equipamento de um processo industrial, sempre pensando a médio e longo prazo. O papel principal do planejador é questionar a conformidade do sistema de gestão da manutenção, mensurando a eficiência, analisando o desempenho do sistema, planejando as necessidades de recursos e analisando os custos envolvidos nas tarefas de manutenção. Dentre as suas principais responsabilidades, destacam-se: • O gerenciamento dos planos de manutenção. • A coordenação e tratamento de inspeções. • A coordenação de materiais e demais recursos necessários para a manutenção. • O gerenciamento dos cadastros de manutenção. Programador de Manutenção O programador de manutenção é responsável pelo dia a dia da manutenção. Suas principais tarefas são: • Acompanhar diaria- mente a disponibili- dade e a utilização dos recursos humanos da manutenção. • Programar serviços de manutenção, definindo os executantes e a data da realização. • Utilizar critérios para priorização de serviços emergenciais. • Realizar a programação de paradas de manu- tenção. • Manter atualizados os indicadores da manu- tenção. “O perfil para o programador de manutenção deve incluir: senso de organização, responsabilida- de, iniciativa e principalmente, formação técnica ou experiência mínima em áreas de manutenção, produção ou qualidade. A empresa estará fadada ao insucesso caso opte por uma pessoa que não entenda a importância desta atividade”. Fonte: Pereira (2009, p. 122). 54 O Fator Humano na Manutenção Industrial Manutentor Os manutentores, mecânicos, eletricistas, instrumen- tistas, lubrificadores, torneiros mecânicos etc. são os responsáveis diretos por executar as atividades de manutenção, com segurança e atendimento às boas práticas de fabricação. Devem dominar o conheci- mento dos processos e equipamentos, possuir educa- ção formal técnica, conhecimentos em informática, atitudes proativas, organização e espírito de equipe. Todas as pessoas envolvidas com a manuten- ção precisam estar atentas às normas de seguran- ça, respeitando-as e trabalhando como agentes de mudança, sendo exemplo para outras pessoas e departamentos. Engenheiro de Manutenção A denominação Engenharia de Manutenção surgiu entre os anos de 1950 e 1960 e, segundo Pereira (2009), ficou mais evidente no Brasil a partir dos anos 90. Os programas de qualidade e a globalização trouxeram a função para o mercado atual. O Quadro 1 mostra as principais competências e habilidades que se espera de um Engenheiro de Manutenção. Competência Conhecimentos Habilidades Atitudes Capacidade de decisão Conhecimento específico em equipamentos e utilidades Prioridade Agilidade Planejamento
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