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15 06 Linguagem- funções, variações, tipos, elementos e figuras

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Somos indivíduos sociais e interagimos com o mundo e com os outros por meio da 
linguagem. 
 
 
 
 
 
Na interação social, faz-se o uso de diferentes linguagens, que podem ser não verbal, 
verbal ou mista. 
 
Linguagem não verbal 
É composta por todas as formas de interação que não utilizam a palavra escrita ou 
falada, como é o caso de esculturas, pinturas, música instrumental, mímica, dança, 
cartuns, fotografias, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Linguagem verbal 
Materializa-se por meio da palavra, que pode ser oral ou escrita. São exemplos de 
textos constituídos por linguagem verbal: as notícias, as entrevistas, os discursos, 
os seminários, os artigos científicos, as receitas culinárias, os contos, etc. Ao observar um 
texto, oral ou escrito, verifica-se que ele não é constituído exclusivamente por uma única 
linguagem. Na fala, gestos acompanham as palavras; ao escrever, o layout do texto 
também produz significados. Nesse sentido, todo texto é multimodal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tudo é linguagem 
A linguagem permite a interação humana, sendo sua principal função a 
comunicação. Ela surge da capacidade de simbolizar, de elaborar signos, que são 
formas de representação. Por exemplo, gestos representam sentimentos ou ações; 
uma placa na estrada com o desenho de um prato, um garfo e uma faca representam 
um restaurante; uma pomba branca, a paz. 
 
Linguagem mista 
Tanto a linguagem não verbal quanto a linguagem verbal podem estar articuladas em um 
mesmo texto. A linguagem mista está presente em anúncios publicitários, tiras, charges, 
telejornais, novelas de televisão e filmes, por exemplo. 
 
 
 
 
 
 
 
A linguagem não verbal 
Na maior parte das vezes, não se percebe a pluralidade da linguagem não verbal. 
Essa pluralidade está presente nas cores das bandeiras, no som do apito e nos gestos dos 
guardas de trânsito, nas luzes dos semáforos, nos sons musicais, nos desenhos, por 
exemplo. 
Como a linguagem verbal tem sido privilegiada nos meios de comunicação, chega-
se a acreditar que esta é a única forma de linguagem e que, apenas por meio de textos 
orais ou escritos, é possível adquirir conhecimento e interpretar o mundo. No entanto, a 
linguagem não verbal é um instrumento importante de leitura de mundo e interação. 
Observe o cartum a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No cartum acima, são usadas apenas as cores branca e preta. O cartum é bastante 
minimalista e a cor preta faz contraste com a cor branca, procurando enfatizar alguns 
detalhes do desenho. Além disso, o personagem como um homem com um coração visível 
no peito e que carrega uma maleta. Ele corre de um lado para o outro e parece ofegante, 
com a boca sempre aberta. A cor preta significa “cheio”; a cor branca, “vazio”. Observa-
se que o coração, que estava cheio no primeiro quadro, vai se esvaziando à medida que a 
maleta, que estava vazia, vai ficando cheia. Ademais, o coração é um símbolo de amor, e 
a maleta é um símbolo de trabalho. O cartum faz uma crítica às pessoas que vivem em 
função do trabalho e deixam de lado suas emoções, as relações afetivas. 
 
A linguagem verbal 
É pela linguagem verbal, constituída de palavras, que organizamos nosso conhecimento, 
contamos histórias, expomos e explicamos nossas ideias. Também é pela linguagem 
verbal que o saber é perpetuado, isto é, passado de geração para geração. 
As palavras são signos linguísticos e seus significados são convencionados, ou seja, são 
estabelecidos arbitrariamente e aceitos socialmente. 
 
A linguagem mista 
Um texto também pode ser composto de linguagem mista, ou seja, apresentar linguagens 
verbal e não verbal integradas. 
 
Todo texto é multimodal, na medida em que, na fala, utilizam-se recursos da linguagem 
não verbal (gestos, entonações, expressões faciais, etc.) e, ao escrever, faz-se uso de 
recursos gráficos. 
 
 
 
Definir o que é língua não é fácil. Diferentes teorias linguísticas definem “língua” sob 
perspectivas variadas. Há estudiosos que veem a língua como um sistema imutável e 
normativo constituído por formas linguísticas. 
Teorias mais recentes, por outro lado, consideram a língua não como um fenômeno 
homogêneo, mas como uma atividade social que sofre todo tipo de influência do meio e 
está em constante transformação. Nesse sentido, a língua é situada em um contexto 
cultural, sendo uma construção social e uma atividade histórica. Portanto, devem ser 
privilegiadas as suas funções e possibilidades de interação, e não apenas seu aspecto 
formal e estrutural. Afinal, a língua é um sistema de signos, e os signos são criados 
somente na interação social. 
O significado de um signo linguístico se dá por uma convenção social, assim, todo signo 
é ideológico. Logo, a língua nunca é neutra, pois ela serve de veículo para as ideologias 
presentes na sociedade. 
Quanto maior o repertório, maior será a capacidade de um leitor para compreender, não 
apenas as informações explícitas em um texto mas também o que nem sempre está visível, 
como os preconceitos do sujeito enunciador, sua simpatia por determinada ideologia e até 
A língua 
Apesar de seguir regras gramaticais, a língua não é 
homogênea, pois, por ser produto da ação humana, está 
sempre em transformação. Assim, em todas as sociedades, há 
variações de uso que fogem à norma padrão – o que ocorre 
por conta da divergência da fala em cada país falante do 
mesmo idioma e, também, por conta de diferenças 
linguísticas regionais e sociais. A isso, dá-se o nome de 
variação linguística. Além disso, a língua é um conjunto de 
práticas sociais e cognitivas historicamente situadas, é um 
sistema de práticas sociais e históricas sensíveis à realidade 
sobre a qual atua, sendo-lhe parcialmente prévio e 
parcialmente dependente esse contexto em que se situa. 
 
mesmo intenções ocultas, como o interesse de defender uma ideia que não está expressa 
no texto (por exemplo: ao criticar um candidato à eleição em um texto, o autor pode ter o 
interesse – consciente ou não – de favorecer o candidato rival, mesmo que não o cite). 
Observe, na tirinha, como Mafalda percebe o sarcasmo na fala do amigo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como vimos, a comunicação se dá quando, no mínimo, duas pessoas interagem por meio 
da língua. Vejamos, agora, como se constitui a comunicação (cena comunicativa): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando nos comunicamos com alguém, transmitimos ao nosso interlocutor uma 
determinada mensagem (“ideia”), que, sob a forma de um código (por exemplo: língua 
portuguesa), é levada até ele por meio de um canal ou veículo de comunicação. 
1. Enunciador / Falante / Escritor: é aquele que transmite a mensagem. 
2. Destinatário / Receptor / Ouvinte / Leitor: é aquele que recebe a mensagem (ou 
interage) com o falante / leitor). 
3. Código: o conjunto de sinais / símbolos compartilhados entre enunciador e 
destinatário. 
4. Mensagem: é aquilo que transmitido ao destinatário pelo enunciador. 
5. Canal: é meio pelo qual a mensagem é passada. (ondas sonoras, atenção...) 
6. Contexto / Referente: é tudo que engloba ou envolve os interlocutores 
(falante/ouvinte). 
Agora que conhecemos os elementos que constituem a linguagem, vamos estudar um 
pouco sobre as funções da linguagem. Não podemos nos enganar com o fato de que a 
função da linguagem é apenas transmitir informações de um indivíduo a outro, a 
linguagem vai muito além disso. A linguagem pode apresentar seis funções, vamos ver 
cada uma delas a seguir. 
Função Referencial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A função referencial da linguagem consiste em transmitir informações do enunciador 
ao destinatário. Essa função está centrada no contexto já que reflete uma preocupação 
em transmitir conhecimentos referentes a pessoas, objetos ou acontecimentos. A função 
referencial, por ter como foco o próprio conteúdoda mensagem, é a função que 
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) suspendeu dois alunos do 
curso de medicina acusados de expor documentos confidenciais do Hospital 
Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam). Eles divulgaram o exame 
de um universitário diagnosticado com HIV, em 2017. O Ministério Público 
apura o caso. 
A universidade informou que a decisão foi tomada após a abertura de um 
inquérito administrativo disciplinar para apurar a conduta dos universitários. 
A comissão inicialmente considerou desligar os estudantes. 
A Ufes, porém, considerou que essa foi primeira vez que infringiram o 
regulamento da universidade e que os estudantes estão no 12º período do curso 
de medicina. A comissão considerou o investimento feito nos alunos durante 
os seis anos de graduação e suspendeu um por 60 dias e outro por 90 dias, o 
que vai resultar no atraso da conclusão do curso. A pena é considerada severa 
pela instituição. 
 
predomina nos noticiários (de TV, rádio e internet), nos jornais impressos, nas revistas de 
informação, nos textos técnicos, contratos, relatórios etc. 
 
Função Apelativa (Conativa) 
A função conativa da linguagem consiste em influenciar o comportamento do 
destinatário. Essa função está centrada no destinatário, já que ele é o alvo da informação. 
Caracteriza-se pela presença das formas tu, você, vocês (explícitas ou subentendidas no 
texto), por vocativos (chamamentos) e por formas verbais no imperativo, ou seja, formas 
que expressam pedido, recomendação, aviso, ordem etc. A função apelativa é muito usual 
em anúncios publicitários, placas de aviso etc. Veja alguns exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Função Emotiva 
A função emotiva da linguagem consiste na 
exteriorização da emoção do enunciador em 
relação àquilo que fala de modo que essa emoção 
transpareça no nível da mensagem. Essa função 
está centrada no próprio enunciador, visto que é 
sua emoção que está em jogo na mensagem. Em 
mensagens marcadas por esta função, podemos 
detectar a emoção do remetente na entonação que 
usa (é difícil imaginar um locutor narrando uma 
partida de futebol com uma entonação sonolenta 
já que sua tarefa também é passar a emoção do 
jogo) ou em sua escolha vocabular (entre as frases 
“Ele saiu de casa” e “O canalha abandonou o lar”, a segunda é certamente mais emotiva 
uma vez que reflete um envolvimento do falante com a situação). 
 
Função Metalinguística 
Consiste em usar a linguagem para se referir à própria linguagem. Centrada no 
código, essa função se justifica pelo fato de os humanos utilizarem a linguagem para se 
referir não apenas à realidade biossocial, mas também aos aspectos relacionados ao 
código ou à linguagem utilizados para esse fim. Veja alguns exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Função Poética 
Esses textos possuem algo em comum? 
Nos dois, a linguagem foi trabalhada para produzir 
determinados efeitos expressivos e, assim, despertar 
maior interesse do leitor. Perceba que houve uma 
preocupação estética dos textos, organizando, assim, as 
palavras de modo a promover um determinado efeito, uma 
determinada sonoridade, um ritmo das frases e as rimas 
para que a 
mensagem 
ganhasse destaque, 
mais ênfase. Essa 
função da 
linguagem, que é centrada na mensagem, 
denomina-se função poética. A função poética 
consiste na seleção e combinação de elementos 
linguísticos. 
Gastei uma hora pensando 
um verso 
que a pena não quer 
escrever. 
No entanto, ele está cá 
dentro 
inquieto, vivo. 
Ele está cá dentro 
e não quer sair. 
Mas a poesia deste 
momento 
inunda minha vida inteira. 
 
ANDRADE, Carlos 
Drummond de 
Quando se trata de identificar, em um 
texto, uma determinada função da 
linguagem, dizemos que ela 
predomina naquele texto (ou em 
determinada parte dele). Isso porque 
dificilmente uma função ocorre 
isoladamente; o mais comum é que 
em um texto se combinem duas ou 
mais funções da linguagem. 
 
Função Fática 
A função fática consiste em iniciar, prolonga ou terminar um ato de comunicação. 
Está, portanto, centrada no canal, pois não visa propriamente à comunicação, mas ao 
estabelecimento ou ao fim do contato, refletindo também a preocupação de testar o 
contato, checar o recebimento da mensagem e, em muitos casos, tentar manter o contato. 
Palavras ou expressões como “alô!”, “oi!”, “tudo bem?”, “certo?”, “né?”, “tá ligado?”, “e 
aí?”, “fui!”, “tchau” e “até mais” caracterizam essa função da linguagem. Veja alguns 
exemplos a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exercícios 
 
1. A leitura da charge evidencia que 
a) A pergunta feita pelo locutário não foi 
entendida pelo locutor. 
b) A resposta do locutário levou em conta 
aspectos contextuais que não condizem 
com a realidade brasileira. 
c) Houve pouco entendimento entre os 
interlocutores por conta da variedade 
linguística utilizada pelo enunciador. 
d) A resposta não foi compreendida pelo questionador pela variedade linguística da qual 
fez uso a entrevistada. 
e) O “ladrão” referenciado pela receptora da mensagem não condiz com aquele que foi 
pensado pelo locutor. 
 
Leia o trecho abaixo e responda à questão: 
 “A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide 
em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e 
até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de 
organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.” 
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 
2. Predomina no texto a função da linguagem 
a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia. 
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação. 
c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem. 
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor. 
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. 
 
Leia o texto a seguir e responda à questão 
 
A questão é começar 
 
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, 
mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização 
apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. 
Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No escrever também poderia 
ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até 
encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos 
ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, 
mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: 
escrever para pensar, uma outra forma de conversar. 
Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais. Fomos induzidos a, desde o 
início, escrever bonito e certo. Era preciso ter 
um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque 
bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) 
conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato 
inaugural; não 
apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas 
inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o 
leitor 
lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, 
espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho.” 
Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, 
imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre 
ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram 
na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde. 
 
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso,Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13). 
 
3. Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada, 
o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer 
assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.” Ela faz referência à função da 
linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita essa 
função. 
a) Função emotiva 
b) Função referencial 
c) Função fática 
d) Função conativa 
e) Função poética 
 
Leia os textos abaixo 
 
O canto do guerreiro 
Gonçalves Dias 
 
Aqui na floresta 
Dos ventos batida, Façanhas de bravos 
Não geram escravos, 
Que estimem a vida 
Sem guerra e lidar. 
— Ouvi-me, Guerreiros, 
— Ouvi meu cantar. 
Valente na guerra, 
Quem há, como eu sou? 
Quem vibra o tacape 
Com mais valentia? 
Quem golpes daria 
Fatais, como eu dou? 
— Guerreiros, ouvi-me; 
— Quem há, como eu sou? 
 
Macunaíma (Epílogo) 
Mário de Andrade 
 
Acabou-se a história e morreu a vitória. 
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela 
se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, 
furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era 
solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum 
conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão 
pançudos. Quem podia saber do Herói? 
 
4. Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que 
a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no 
segundo texto. 
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina 
a linguagem formal. 
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena. 
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da 
linguagem e, no segundo, no relato de informações reais. 
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, 
está ausente no primeiro. 
 
Leia o texto a seguir 
Desabafo 
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não 
dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela 
luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na 
secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou 
nervoso. Estou zangado. 
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento). 
5. Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da 
linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da 
crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, 
pois 
a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código. 
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito. 
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem. 
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais. 
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As figuras de linguagem consistem em “fugas” discursivas da língua, uma vez que 
nem sempre uma ideia pode (ou precisa) ser comunicada literalmente. A criatividade 
humana permite uma comunicação fluida e que, muitas vezes, não se adapta à literalidade 
ou à realidade palpável do mundo. 
Chamamos de figura de linguagem os recursos expressivos empregados para gerar 
efeitos nos discursos, ampliando a ideia que se pretende passar e que não seria possível 
com o uso restrito e literal das palavras. Esses recursos podem dar o efeito de exagero, 
ausência, similaridade, lirismo ou estranheza, priorizando a alteração da construção das 
sentenças ou a semântica (o significado) ou a sonoridade (a forma). 
Veremos a seguir as principais figuras de linguagem: 
→ Metáfora: a metáfora ocorre quando se faz qualquer comparação sem utilizar 
expressões que indiquem que uma comparação está sendo feita (“como”, “tanto 
quanto”, “parece”, entre outras). 
É o emprego da palavra fora do seu sentido básico, recebendo nova significação 
por uma comparação entre seres de universos distintos. 
 
Vejamos o exemplo a seguir: 
 
Você tem uma pedra dentro do peito. 
 
No exemplo, a metáfora serve para dizer que a insensibilidade de alguém é como 
um coração tão duro quanto uma pedra. 
 
O pai dela é uma fera. 
 
No exemplo, a metáfora serve para dizer que o pai dela é bravo como uma fera. 
 
→ Comparação: Não confunda metáfora com “comparação” (ou símile) porque na 
metáfora não há conectivo explicitando a relação de comparação. Na comparação 
(ou símile) sempre há um conectivo ou uma expressão estabelecendo a relação de 
comparação. 
 
Vejamos os exemplos a seguir: 
 
Ela é gorda como uma vaca. 
“Meu coração tombou na vida tal qual uma estrela ferida pela flecha de um 
caçador.” (Cecília Meireles) 
 
Figuras de linguagem 
https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/sintaxe.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/sintaxe.htm
→ Catacrese: ocorre quando, geralmente, não existe um termo específico para 
designar algo, e, por isso, utiliza-se outros termos para substituir essa falta. 
 
Vejamos o exemplo a seguir: 
 
Precisei chamar um marceneiro para consertar o pé da mesa. 
 
Não existe um termo específico para designar tal parte da mesa, por isso, toma-se 
“pé” como empréstimo para designá-la. 
 
Estou com coceira no céu da boca. 
 
→ Metonímia: é o uso de um nome no lugar de outro, pelo emprego da parte pelo 
todo, do efeito pela causa, do autor pela obra, do continente pelo conteúdo etc.” 
Essa substituição é feita pela proximidade de referências entre os dois termos. 
 
Vejamos o exemplo a seguir: 
 
Comeu o prato todo. 
 
No exemplo, “prato” substitui o termo “comida”, que estava dentro do prato. 
 
Adoro ouvir Caetano Veloso. 
 
No exemplo, “Caetano Veloso” é o termo que equivale a: músicas do Caetano 
Veloso. 
 
→ Personificação (Prosopopeia): ocorre quando se atribui características 
humanas àquilo que não é humano, como objetos ou sentimentos. 
 
Vejamos os exemplos a seguir: 
 
Eu podia ver o cansaço rastejando-se no chão e vindo em minha direção. 
 
Na frase, atribui-se um corpo à sensação de cansaço, que se rasteja em direção do 
eu-lírico. 
 
→ Sinestesia: ocorre quando se constrói uma expressão que mistura duas 
sensações diferentes entre aquelas percebidas pelos órgãos sensoriais e também 
entre as referidas sensações e sentimentos. 
 
Vejamos os exemplos a seguir: 
 
Tinha olhos bem pretos, quentes e doces. 
 
Na frase, temos a mistura da visão (“bem pretos”) com o tato (“quentes”) e o 
paladar (“doces”) para descrever os olhos de alguém. 
 
Sua voz aveludada (audição, tato) me tornou um de seus fãs. 
 
→ Ironia: ocorre quando se expressa uma ideia por meio de uma construção que diz 
o oposto do que realmente se quer dizer. 
 
Veja os exemplos a seguir: 
 
Não para de chover: que ótima ideia vir hoje para a praia. 
 
Que motorista excelente você, quase me atropelou. 
 
→ Hipérbole: corresponde ao uso intencional de expressões muito 
exageradas para passar-se uma ideia. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
Que demora! Estou esperando há séculos! 
 
A expressão “há séculos” é um exagero para indicar que se estava esperando há 
muito tempo. 
 
→ Eufemismo: ocorre quando se utiliza expressões para atenuar uma ideia tida 
como agressiva ou desagradável. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
Ele estava muito doente e acabou batendo as botas. 
 
A expressão “bater as botas” é um equivalente para “morrer”, a fim de expressar 
esse conceito de maneira atenuante. 
 
→ Antítese: é o contraste entre duas palavras (antônimos), expressões ou 
pensamentos, provocando uma relação de oposição. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
“Quem ama o feio, bonito lhe parece.” (Ditadopopular) 
 
Na frase, “feio” e “bonito” são ideias opostas, mas utilizadas em conjunto para 
passar o pensamento desse ditado popular: se alguém ama uma pessoa 
considerada feia, tal pessoa será considerada bonita pelo ser que a ama. 
 
→ Paradoxo: O paradoxo ocorre quando duas expressões opostas são utilizadas de 
maneira que foge à lógica. 
 
Veja os exemplos a seguir: 
 
Ela achava-o feio e bonito ao mesmo tempo. 
 
Não faz sentido que alguém seja considerado feio e bonito ao mesmo tempo por 
alguém, por isso, na frase, ocorre paradoxo. 
 
Que música silenciosa ele toca! 
 
→ Pleonasmo: O pleonasmo ocorre quando a mesma ideia é repetida 
excessivamente com palavras diferentes na mesma sentença. Quando é feito de 
modo intencional, é visto como figura de linguagem, quando sem intenção, trata-
se de um vício de linguagem (“subir para cima”, “entrar para dentro” e similares). 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
“Me sorri um sorriso pontual” (Chico Buarque) 
 
A repetição é feita propositalmente por Chico Buarque para intensificar o sorriso 
visto pelo eu-lírico e para gerar maior sonoridade à canção. 
 
→ Elipse: omissão de um termo na sentença sem haver prejuízo de sentido. Isso 
porque o termo omitido fica subentendido pelo contexto. 
 
Veja os exemplos: 
 
Começamos o namoro há um mês. 
 
Na frase, houve omissão do sujeito “Nós”, que está subentendido pela conjugação 
do verbo “começar”. 
 
O menino apoiou-se na bancada, olhos e ouvidos atentos. 
 
No exemplo houve elipse da preposição “com”: (...) com os olhos e os ouvidos 
atentos. 
 
“Subiu a escada. A cama arrumada. O quarto. O cheiro do jasmineiro. E a voz de 
uma das filhas, embaixo: 
— Papai! O telefone...” 
(Machado de Assis) 
 
No exemplo, há uma série de elipses usadas como recurso estilístico para 
descrever de maneira esquemática e ágil os ambientes, os estados de alma, de 
perfis etc. 
 
→ Zeugma: é um tipo de elipse: ocorre quando há omissão de um termo na 
sentença, mas porque tal termo já foi utilizado anteriormente e, portanto, será 
subentendido. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
Ele vai bastante à praia, mas também às montanhas. 
 
No exemplo, em vez de repetir o termo “vai [às montanhas]”, já utilizado no início 
da sentença, optou-se por omiti-lo, visto que está subentendido. 
 
→ Assíndeto: O assíndeto é outro tipo de elipse: trata-se da omissão 
de conjunções (“e”, “mas”, “porque”, “logo” etc.) 
 
Veja os exemplos a seguir: 
 
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) 
 
Não havia sido convidada para a festa, foi mesmo assim. 
 
Nos exemplos, foram omitidas as conjunções “e” e “mas”, que apareceriam entre 
as palavras grifadas. 
 
→ Polissíndeto: é a repetição proposital de uma mesma conjunção como recurso 
estilístico. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
“Vão chegando as burguesinhas pobres 
e as criadas das burguesinhas ricas 
e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.” 
(Manuel Bandeira) 
 
No excerto, a mesma conjunção “e” é usada repetidamente para ligar as sentenças. 
 
→ Anáfora: a repetição proposital de uma mesma palavra ou expressão como 
recurso estilístico, dando ênfase àquilo que se repete. É muito utilizada em poesias 
e músicas. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
“É preciso casar João, 
https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/conjuncao.htm
é preciso suportar, Antônio, 
é preciso odiar Melquíades 
é preciso substituir nós todos.” 
(Carlos Drummond de Andrade) 
A repetição do termo “é preciso” em todo verso constitui a anáfora. 
 
→ Hipérbato: ocorre quando há inversão proposital de palavras ou de 
trechos nos enunciados como recurso estilístico. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas 
De um povo heroico o brado retumbante” 
(Hino Nacional Brasileiro) 
 
Os primeiros versos do Hino Nacional Brasileiro são compostos por hipérbatos 
para gerar rima e pelo recurso estilístico. O enunciado poderia ser escrito da 
seguinte maneira para facilitar o seu entendimento: Ouviram o brado retumbante 
de um povo heroico às margens plácidas do Ipiranga. 
 
→ Aliteração: é a repetição de um mesmo som consonantal propositalmente em 
um texto como recurso estilístico. 
 
Veja os exemplos a seguir: 
 
“Vozes veladas, veludosas vozes, 
Volúpias dos violões, vozes veladas 
Vagam nos velhos vórtices velozes 
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” 
(Cruz e Souza) 
 
No excerto, ocorre aliteração com o som da letra “V” e das letras “S” e “Z”, o que 
pode dar a ideia de vozes sussurrando. 
 
“Maioral, melhores momentos 
Marginal, maldito movimento 
Melodia, memória mó mensageiro” 
(MC Lon) 
 
No excerto, a repetição do som consonantal da letra “m” gera aliteração. 
 
→ Assonância: é a repetição de um mesmo som vocálico propositalmente em um 
texto como recurso estilístico. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
 
“Berro pelo aterro, pelo desterro 
Berro por seu berro, pelo seu erro 
Quero que você ganhe, que você me apanhe 
Sou o seu bezerro gritando mamãe” 
(Caetano Veloso) 
No excerto, ocorre assonância com o som das letras “e” e “o”. 
 
→ Onomatopeia: é a tentativa de reproduzir sons e barulhos pela escrita. É 
muito comum em histórias em quadrinhos. 
 
Veja os exemplos a seguir: 
 
Derrubou o prato enquanto enxugava a louça: CRASH! 
“Do berro, do berro que o gato deu: miau!” (Cantiga popular) 
 
→ Gradação: enumeração que denota crescimento ou diminuição. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
Estava muito frio, congelando, uma temperatura glacial. 
 
Na frase, temos a gradação na descrição do frio para intensificar a ideia de que a 
temperatura estava realmente baixa. 
 
→ Silepse: é empregada mediante a concordância da ideia e não do termo utilizado 
na frase. Dessa forma, ela não obedece às regras de concordância gramatical e sim 
por meio de uma concordância ideológica. 
 
Dependendo do campo gramatical que ela atua, a silepse é classificada em: 
• Silepse de Gênero: quando há discordância entre os gêneros (feminino e 
masculino); 
Ex.: A velha São Paulo cresce a cada dia. - Notamos a união dos gêneros 
masculino (São Paulo) e feminino (velha). 
Vossa excelência está preocupado. - O adjetivo preocupado concorda com o 
sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa 
excelência. 
 
• Silepse de Número: os números são singular e plural. A silepse de número 
ocorre quando o verbo da oração não concorda gramaticalmente com o sujeito 
da oração, mas com a ideia que nele está contida 
Ex.: O povo se uniu e gritavam muito alto nas ruas. – O uso do singular e 
plural denota o uso da silepse de número: povo (singular) e gritavam (plural). 
Como vai a turma? Estão bem? 
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. 
 
• Silepse de Pessoa: três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a 
terceira. A silepse de pessoa ocorre quando há um desvio de concordância. O 
verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito da oração, mas sim com 
a pessoa que está inscrita no sujeito. 
Ex.: Todos os pesquisadores estamos ansiosos com o congresso. - O verbo não 
concorda com o sujeito, e sim com a pessoa gramatical: pesquisadores 
(terceira pessoa); estamos (primeira pessoa do plural). 
O que não compreendo é como os brasileiros persistamos em aceitar essa 
situação. 
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. 
"Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos." (Machado 
de Assis) 
 
 
Exercícios 
 
1) 
I. "À custa de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e sobretudo de muita 
paciência..." 
II. "... se se queria que estivesse sério, desatava a rir..." 
III. "... parece que uma mola oculta o impelia..." 
IV. "... e isto (...) dava em resultado a mais refinada má-criação que se pode 
imaginar." 
Quanto às figuras de linguagem, há neles, respectivamente, 
a) gradação, antítese, comparação e hipérbole 
b) hipérbole, paradoxo, metáfora e gradação 
c) hipérbole, antítese,comparação e paradoxo 
d) gradação, antítese, metáfora e hipérbole 
e) gradação, paradoxo, comparação e hipérbole 
 
2) 
Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode 
determinar a supressão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; 
mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a 
condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal 
e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. 
Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam 
para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha 
e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos 
dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e 
morrem de inanição 
A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos 
extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, 
aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. 
Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo 
real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e 
pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente 
a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. 
(ASSIS, Machado fr. Quincas Borba. Rio de Janeiro, 
Civilização Brasileira/INL, 1976.) 
 
Assinale dentre as alternativas abaixo, aquela em que o uso da vírgula marca a 
supressão (elipse) do verbo: 
a) Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as batatas. 
b) A paz, nesse caso, é a destruição (…) 
c) Daí a alegria da vitória, os hinos, as aclamações, recompensas públicas e 
todos os demais efeitos das ações bélicas. 
d) (…) mas, rigorosamente, não há morte (…) 
e) Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se (…) 
 
3) 
Tecendo a manhã 
Um galo sozinho não tece uma manhã: 
ele precisará sempre de outros galos. 
De um que apanhe o grito que um galo antes 
e o lance a outro; e de outros galos 
que com muitos outros galos se cruzem 
os fios de sol de seus gritos de galo, 
para que a manhã, desde uma teia tênue, 
se vá tecendo, entre todos os galos. 
E se encorpando em tela, entre todos, 
se erguendo tenda, onde entrem todos, 
se entretendendo para todos, no toldo 
(a manhã) que plana livre de armação. 
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo 
que, tecido, se eleva por si: luz balão. 
(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979) 
 
Nos versos 
“E se encorpando em tela, entre todos, 
se erguendo tenda, onde entrem todos, 
se entretendendo para todos, no toldo…” 
tem-se exemplo de 
 
a) eufemismo 
b) antítese 
c) aliteração 
d) silepse 
e) sinestesia 
 
4) 
A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, 
ocorre em: 
a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo. 
b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura. 
c) Apressadamente, todos embarcaram no trem. 
d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal. 
e) Amanheceu, a luz tem cheiro. 
 
5) 
Assinalar a alternativa correta, com relação às figuras de linguagem, presentes nos 
fragmentos a seguir: 
I. “Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puros viste.” 
II. “A moral legisla para o homem; o direito, para o cidadão.” 
III. “A maioria concordava nos pontos essenciais; nos pormenores porém, 
discordavam.” 
IV. “Isaac a vinte passos, divisando a vulto de um, para, ergue a mão em viseira, 
firma os olhos.” 
a) anacoluto, hipérbato, hipálage, pleonasmo 
b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto 
c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato 
d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo 
e) hipálage, silepse, polissíndeto, zeugma 
 
6) 
Leia estes versos: 
“As ondas amarguradas 
Encostam a cabeça nas pedras do cais. 
Até as ondas possuem 
Uma pedra para descansar a cabeça. 
Eu na verdade possuo 
Todas as pedras que há no mundo, 
Mas não descanso”. 
(Murilo Mendes) 
 
A figura de linguagem que ocorre nos versos 5 e 6 é: 
a) metáfora 
b) sinédoque 
c) hipérbole 
d) aliteração 
e) anáfora 
 
7) 
Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô", encontramos 
a figura de linguagem chamada: 
a) silepse de pessoa 
b) elipse 
c) anacoluto 
d) hipérbole 
e) silepse de número 
 
8) 
Cada frase abaixo possui uma figura de linguagem. Assinale aquela que não está 
classificada corretamente: 
a) O céu vai se tornando roxo e a cidade aos poucos agoniza. (prosopopeia) 
b) "E ele riu frouxamente um riso sem alegria". (pleonasmo) 
c) Peço-lhe mil desculpas pelo que aconteceu. (metáfora) 
d) "Toda vida se tece de mil mortes." (antítese) 
e) Ele entregou hoje a alma a Deus. (eufemismo) 
 
9) 
No trecho: “…dão um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o 
máximo”, a figura de linguagem presente é chamada: 
a) metáfora 
b) hipérbole 
c) hipérbato 
d) anáfora 
e) antítese 
 
10) 
"Seus óculos eram imperiosos." Assinale a alternativa em que aparece a mesma 
figura de linguagem que há na frase acima: 
a) "As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes." 
b) "Nasci na sala do 3° ano." 
c) "O bonde passa cheio de pernas." 
d) "O meu amor, paralisado, pula." 
e) "Não serei o poeta de um mundo caduco." 
 
Gabarito: 
1) Alternativa d: gradação, antítese, metáfora e hipérbole. 
Gradação, porque as ideias se apresentam de forma progressiva “muitos 
trabalhos, muitas fadigas, muita paciência”; 
Antítese, porque utiliza termos com sentidos opostos “... que estivesse sério, 
desatava a rir...”; 
Metáfora, porque faz uma comparação sem utilizar conectivo de comparação - 
como, tal qual - “parecia uma mola oculta”; 
Hipérbole, porque exagera de forma intencional “a mais refinada má-criação”. 
 
2) Alternativa a: Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as batatas. 
Na frase acima é possível identificar facilmente a omissão de algo como “seja 
dado/sejam dadas”. Assim, a frase completa, ou seja, sem a utilização da figura 
de linguagem elipse, seria: “Ao vencido, seja dado ódio ou compaixão, ao 
vencedor, sejam dadas as batatas.”. 
 
3) Alternativa c: aliteração. 
Aliteração é a repetição de sons consonantais, tal como se verifica nos versos 
acima em que o som do “t” se repete - tela, todos; tenda, todos; todos, toldo. 
 
4) Alternativa c: Apressadamente, todos embarcaram no trem. 
“Embarcar” é uma palavra que deriva de barco, e significa entrar no barco, mas 
na ausência de termos específicos para eles, também é usada para outros meios de 
transporte. Essa é a função que caracteriza a catacrese, ou seja, usar uma palavra 
por não haver outra mais específica. 
 
5) Alternativa b: hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto. 
Hipérbato, porque a ordem da oração está alterada. A ordem direta seria: “... que 
já viste nos meus olhos tão puros.” ("viste nos meus olhos", em vez de "nos olhos 
meus viste"); 
Zeugma, porque foi omitida a palavra “legisla” para evitar a repetição: “A moral 
legisla para o homem; o direito (legisla) para o cidadão.”; 
Silepse, porque o verbo “discordar” não está concordando com a palavra 
“maioria” (como na primeira oração “A maioria concordava...”), mas com a ideia 
de que a palavra “maioria” traz de várias pessoas, ou seja: “a maioria discordavam 
nos pormenores” (a ideia implícita é "(pessoas) discordavam nos pormenores"); 
Assíndeto, porque não foram usados conectivos. Com conectivos, a oração 
poderia ficar assim: “Isaac a vinte passos, divisando a vulto de um, então, para, 
ergue a mão em viseira e firma os olhos.”. 
 
6) Alternativa c: hipérbole. 
A hipérbole é uma figura de pensamento que apresenta um exagero intencional 
do autor para dar ênfase às expressões. Observamos a presença da ideia 
intensificada em “todas as pedras que há nomundo”, porque é um exagero alguém 
dizer que tem todas essas pedras. 
 
7) Alternativa e: silepse de número. 
Na oração acima, o verbo “estar” concorda com a ideia de número de pessoas que 
a palavra “pessoal” transmite: “O pessoal estão exagerando” em vez de "O pessoal 
está exagerando". 
 
8) Alternativa c: Peço-lhe mil desculpas pelo que aconteceu. (metáfora). 
A alternativa está incorreta, porque a metáfora representa uma comparação, algo 
que não está presente na oração acima. 
O recurso estilístico utilizado é hipérbole, o qual se identifica na expressão “mil 
desculpas”, que é um exagero para explicar o quanto alguém sente pelo que 
aconteceu e quer muito se desculpar. 
 
9) Alternativa c: "O bonde passa cheio de pernas.". 
A figura de linguagem presente em “óculos imperiosos” e “bonde cheio de 
pernas” é a prosopopeia ou personificação, uma vez que em ambos os casos são 
atribuídas qualidades humanas a seres irracionais. 
 
10) Alternativa c: "O bonde passa cheio de pernas.". 
A figura de linguagem presente em “óculos imperiosos” e “bonde cheio de 
pernas” é a prosopopeia ou personificação, uma vez que em ambos os casos são 
atribuídas qualidades humanas a seres irracionais.

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