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de que modificações meramente quantitativas em certo ponto se trans- formam em diferenças qualitativas.582 O mínimo da soma de valor que deve dispor um possuidor indi- vidual de dinheiro ou de mercadorias para metamorfosear-se em ca- pitalista varia em diferentes graus de desenvolvimento da produção capitalista e, dado o grau de desenvolvimento, é diferente nas diferentes esferas de produção, conforme as condições técnicas específicas de cada uma. Certas esferas de produção exigem já nas primeiras etapas da produção capitalista um mínimo de capital que ainda não se encontra em mãos de indivíduos isolados. Isso leva, em parte, o Estado a sub- sidiar tais particulares, como na França no tempo de Colbert e em alguns Estados alemães até a nossa época, em parte à constituição de sociedades com monopólio legal para explorar determinados ramos in- dustriais e comerciais583 — as precursoras das modernas sociedades por ações. Não nos deteremos em detalhes das modificações que a relação entre capitalista e trabalhador assalariado sofreu no curso do processo de produção, nem, portanto, nas demais determinações conseqüentes do próprio capital. Apenas destacaremos aqui alguns poucos pontos principais. Dentro do processo de produção, o capital evoluiu para o comando sobre o trabalho, isto é, sobre a força de trabalho em atividade, ou seja, sobre o próprio trabalhador. O capital personificado, o capitalista, cuida de que o trabalhador execute seu trabalho ordenadamente e com o grau adequado de intensidade. O capital evolui, além disso, para uma relação coercitiva que obriga a classe trabalhadora a executar mais trabalho do que exigia o estreito círculo de suas próprias necessidades vitais. E como produtor de laboriosidade alheia, extrator de mais-trabalho e explorador da força de trabalho, o capital supera em energia, exorbitância e eficácia todos os sistemas de produção anteriores baseados em trabalho forçado direto. De início, o capital submete o trabalho ao seu domínio nas con- dições técnicas em que o encontra historicamente. Não altera, portanto, imediatamente o modo de produção. A produção da mais-valia na forma MARX 423 582 A teoria molecular aplicada pela Química moderna e desenvolvida cientificamente, pela primeira vez, por Laurent e Gerhardt, não se baseia em outra lei. — {Aditamento à 3ª edição} — Para esclarecer essa anotação, bastante obscura para quem não é químico, ob- servamos que o autor fala aqui das “séries homólogas” de compostos de hidrocarbonetos, assim denominados pela primeira vez por C. Gerhardt em 1843, cada uma das quais tem sua própria fórmula algébrica de composição. Assim a série das parafinas: CnH2n+2; a dos álcoois normais: CnH2n+2O; a dos ácidos graxos normais: CnH2nO2 e muitas outras. Nos exemplos acima, obtém-se cada vez um corpo qualitativamente diferente mediante simples adição quantitativa de CH2 à fórmula molecular. Quanto à participação de Laurent e Ger- hardt, sobrestimada por Marx, na verificação desse fato importante, ver KOPP. Entwicklung der Chemie. Munique, 1873. p. 709-716; e SCHORLEMMER. Rise and Progress of Organic Chemistry. Londres, 1879. p. 54. — F. E. 583 Martin Luther chama a tais instituições de “Sociedade Monopolia”.
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