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421_marx-karl-o-capital-1

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fossem produzidos mais baratos. Essa economia no emprego dos meios
de produção decorre apenas de seu consumo coletivo no processo de
trabalho de muitos. E eles adquirem esse caráter de condições do tra-
balho social ou condições sociais do trabalho em contraste com os meios
de produção dispersos e relativamente custosos de trabalhadores au-
tônomos isolados ou pequenos patrões, mesmo quando os muitos apenas
trabalham no mesmo local, sem colaborar entre si. Parte dos meios
de trabalho adquire esse caráter social antes que o próprio processo
de trabalho o adquira.
O economizar meios de produção, em geral, tem de ser considerado
de um duplo ponto de vista. Uma vez, na medida em que barateia
mercadorias, abaixando desse modo o valor da força de trabalho. Outra
vez, na medida em que modifica a proporção entre mais-valia e o capital
global adiantado, isto é, a soma de valor de seus componentes constante
e variável. Esse último ponto será examinado na parte primeira do
Livro Terceiro desta obra, onde, por causas contextuais, trataremos
também de assuntos que teriam aqui seu lugar. A marcha da análise
exige essa quebra do objeto que corresponde, ao mesmo tempo, ao
espírito da produção capitalista. Como aqui, com efeito, as condições
de trabalho se colocam em face do trabalhador de forma autônoma, o
economizá-las apresenta-se também como uma operação particular, que
em nada lhe interessa e que por isso se separa dos métodos que elevam
sua produtividade pessoal.
A forma de trabalho em que muitos trabalham planejadamente
lado a lado e conjuntamente, no mesmo processo de produção ou em
processos de produção diferentes, mas conexos, chama-se cooperação.596
Do mesmo modo que a força de ataque de um esquadrão de ca-
valaria ou a força de resistência de um regimento de infantaria difere
essencialmente da soma das forças de ataque e resistência desenvol-
vidas individualmente por cada cavaleiro e infante, a soma mecânica
das forças de trabalhadores individuais difere da potência social de
forças que se desenvolve quando muitas mãos agem simultaneamente
na mesma operação indivisa, por exemplo, quando se trata de levantar
uma carga, fazer girar uma manivela ou remover um obstáculo.597 O
efeito do trabalho combinado não poderia neste caso ser produzido ao
todo pelo trabalho individual ou apenas em períodos de tempo muito
mais longos ou somente em ínfima escala. Não se trata aqui apenas
do aumento da força produtiva individual por meio da cooperação, mas
OS ECONOMISTAS
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596 "Concours de forces." (DESTUTT DE TRACY. Op. cit., p. 80.)
597 "Existem numerosas operações de espécie tão simples que não permitem sua decomposição
em partes, entretanto apenas mediante ação conjunta de muitos pares de mãos podem ser
executadas. Assim, o levantar um grande tronco de árvore sobre um carro (...), em suma,
tudo que não pode ser feito, sem que grande número de pares de mãos se ajudem mútua
e simultaneamente na mesma tarefa indivisa." (WAKEFIELD, E. G. A View of the Art of
Colonization. Londres, 1849. p. 168.)

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