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Notas o Comentários à HARMONIA DOS EVANGELHOS Egidio Gioia Notas e Comentários à HARMONIA DOS EVANGELHOS EGIDIO GIOIA. Notas e Comentários à HARMONIA d o s EVANGELHOS Vol. I 196 9 J U N T A D E E D U C A Ç Ã O R E L IG IO S A E P U B L IC A Ç Õ E S Caixa Postal 320 — ZC 00 Rio de Janeiro — GB Dedico esta obra a todos quantos são vocacionados pelo SENHOR DA SE A RA ao Santo Ministério da Palavra, quer como ministros quer como leigos, que se dedicam, com tôdas as veras de sua alma crente, ao estudo e meditação das SAG RAD AS ES C RITU RAS, para melhor servirem ao nosso Deus e Salvador lesus Cristo. APRESENTAÇÃO O livro H a rm onia dos E van g e lh os , da autoria de João A . Broadus e A . T. Ro- bertson, atualizada e complementada na presente edição preparada por S. L . Watson e W . E . Allen, é um a obra/ notável que por muitos anos vem enriquecendo os estu dos em português do Nova Testamento. Aparece agora sua complementação, No,.as e C om entários à H a rm on ia dos E va ng e lho s , do Pastor Egidio Gioia. Esta obra do Pastor Egidio representa suas convicções e pensamentos sôbre a Pessoa, V ida e M i nistério de Jesus, formulados durante mais de trinta anos de estudos minuciosos das Escrituras. Oom a experiência adquirida durante trin ta e sete anos como pastor de várias igrejas, entre as quais está a Primeira Igre ja Batista de Campinas, Estado de São Paulo, onde atualmente exerce o seu ministério; com o conhecimento resultante dos estudos e ensinos feitos no Nôvo Testamento enquanto servia durante três anos como Professor de Extensão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e como professor do Nôvo Testamento desde 1962 no Instituto Batista de Bauru; e com a capacidade de compreender as necessidades dos jovens aspirantes ao ministério, julgamos que dificilmente haja outro entre nós mais competente para produzir uma obra desta natureza. A excelente documentação indica a larga consulta feita de obras múltiplas e variadas durante longos anos de pesquisas. O fato de o autor ter acesso a algumas obras italianas dos valdenses enriquece grandemente o livro. É de se observar que o Pastor Gioia, depois de relacionar as interpretações divergentes de certos trechos difíceis, não hesita em afirmar claramente a sua opinião quanto à interpretação mais correta. O seminarista, o pastor e o professor da Escola Bíblica Dominical hão de en contrar um a preciosidade neste volume. Terão às suas mãos um comentário quase completo da vida de Jesus. Como o livro semelhante, na língua inglêsa, do grande missionário D r. J . W . Shepard, tem sido a obra básica nos estudos dos Evangelhos para muitos seminaristas americanos, assim N o ta s e C om entários à H a rm o n ia dos E va n g elh o s é destinado a servir como o fundamento bíblico para muitos jovens, pas- tôres e leigos que estudam a Palavra no Brasil. Portanto, é com imensa satisfação que apresentamos esta obra àqueles que desejam fazer um estudo cronológico e sis temático da vida de nosso Salvador bendito. São P aulo , 7 d e novem b ro d e 1967 T hu rm on B ry a n t A OPORTUNIDADE DÊSTE LIVRO O meu prezado amigo, Pastor Egidio Gioia, autor dêste excelente trabalho, inti- tulado — Notas e Comentários à Harmonia dos Evangelhos, convidou-me a dizer algo a respeito do livro que em boa hora êle encaminhara ao nosso Departamento de Literatura Permanente, para publicação. Creio que seria suficiente a apresentação feita pelo irmão Dr. Thurmon Earl Bryant, ilustre catedrático na Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Todavia, seu convite foi para m im muito honroso e de público lhe agradeço. É excelente o arranjo do livro: o autor, tomando por base a Harmonia dos Evan gelhos de S. L . Watson, W . E . Allen e A . Ben Oliver, segue paralelamente as suas divisões e seções, facilitando, assim, grandemente o estudo dos Evangelhos. Seria incompreensível um pastor batista ou mesmo de outro ramo evangélico deixar de possuir e manusear, de contínuo, êstes dois livros: a Harmonia e êste Comentário. Um pouco de história sôbre a literatura dêsse gênero em português. Que eu saiba, «a mais antiga versão portuguesa de qualquer porção das Escrituras de que temos notícia é uma Harmonia dos Evangelhos publicada em 1495, pela Rainha Leonora e D . João II», reis de Portugal. Honremos-lhes a memória. A antiga Casa Editora Batista, de Salvador, fundada e dirigida, creio, pelo saudoso missionário pioneiro Zacharias Clay Taylor, publicou uma pequena obra dêsse gênero, que ainda devo ter entre os meus livros, mas não posso localizá-la. Não lhe lembro exatamente o título, mas, se me não falha a memória, é — Harmonia do Evangelho de Jesus Cristo. Anos mais tarde, ali por 1920 e tanto, veio a tradução da Harmonia de Broadus e Robertson, edição da nossa Casa. Esgotou-se essa edição e, algum tempo depois, S. L . Watson e W . E . Allen editavam a Harmonia dos Evangelhos a que já me referi, da qual já surgiu nova edição, em que colaborou o ilustre ex-reitor do nosso Seminário do Sul, D r. A . Ben Oliver. Surge, agora, para acompanhar aquela mui bem organizada Harmonia de Watson, Allen e Oliver, o presente Comentário de Egidio Gioia. È um trabalho honesto e consciencioso, em que o autor procurou seguir as linhas mestras de interpretação, com excelente orientação. Como sói acontecer num trabalho dessa natureza, pode ser que o leitor e consulente dêste Comentário não concorde in totum com a inter pretação dada ao texto, aqui ou ali, no que, aliás, tem plena liberdade, mas reco nhecerá a seriedade e o critério seguidos pelo autor como fiel ministro do evangelho e provecto pastor batista. As páginas que o leitor vai percorrer e, sem dúvida, consultar muitas vêzes, não são obra de fancaria, mas representam o labor honesto de meses e anos de estudo, consulta e meditação. Saindo agora do prelo êste Comentário, nós queremos estender os nossos parabéns ao prezado colega Dr. Egidio Gioia pela boa obr,a realizada, pela qual receberá, certamente, os louros da vitória. Parabéns aos leitores que o vão consultar e por isto mesmo aprofundar-se nesse veio aurífero que são os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Embora sem autorização ou insinuação do autor, atrevo-me a recomendar êste livro especialmente às cátedras dos nossos Seminários e aos pastores em seus gabi netes de estudo e meditação. Perdoe-me o irmão Gioia se disse demais, mas não o disse supèrfluamente. Não tenho o hábito de lisonja. O que aqui escrevi, o fiz de coração, com admiração e entusiasmo sinceros. 20-6-1968 Almir S. Gonçalves P R E F Á C I O Digo-o diante de Deus, que é com grande temor e tremor que faço publicar estas NOTAS E COMENTÁRIOS ao Texto da Harmonia dos Evangelhos, de Watson e Allen. Esta obra humilde é, essencialmente, de cunho devoto e doutrir nário, para maior aproximação de Deus, pela fé e meditação na verdade eterna do evangelho. M inha oração ao Senhor é de ação de graças, porque me conce deu o privilégio santo de meditar e expressar aquelas eternas verdades que estão reveladas no seu Livro Santo, a Bíblia, verdades que, pela graça de Deus, foram experimentadas, embora parcialmente, em m inha alma e em meu viver. Agradeço também a Deus pelas riquezas espirituais por êle concedidas a tão grande número de servos seus, ministros do evangelho e professores de semi nários e faculdades teológicas que, através de séculos, escreveram livros de valor inestimável, enriquecendo, destarte, a literatura genuinamente cristã e, assim, pondo ao alcance das futuras gerações a explanação dos Textos Sagrados, em bora reconhecendo, humildemente, que o homem é limitadíssimo para exaurir da Sagrada Fonte tôdas as riquezas espirituais da Revelação de Deus, em Cristo Jesus. Portanto, nenhum motivo o homem tem de gloriar-se, “a não ser”, como diz o Apóstolo, “na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”. Entretanto, não posso deixar de agradecer ao digníssimo Diretor da Faculdade de Teologia do Colégio Batista Brasileiro de São Paulo, Dr. Thurmon Earl Bryant, que, sem dúvida, constrangido pelo amor de Cristo, leu o original, fa zendo cuidadosa apreciação e preciosas sugestões para melhorar seu conteúdo e forma. Semelhantemente, agradeço, de coração, o interêsse genuinamente cristão do D r. A lm ir S. Gonçalves que, com muito carinho, leu o livro, fazendo valiosas sugestões para o aperfeiçoamento do mesmo. Outrossim, o Autor, cedendo seus direitos autorais à Casa Publicadora Batista, consultou o Dr. A lm ir S. Gonçal ves, que é o Diretor de Literatura Permanente da Casa Publicadora Batista, sôbre se poderia usar os Títulos e Explicações das 196 Seções da Harmonia dos Evangelhos, de Watson e Allen, para que houvesse um entrosamento das “Notas e Comentários” ao Texto da Harmonia, o que achou de valor se fizesse. Que o Senhor abençoe ricamente os amados em Cristo Jesus que irão ler, meditar e praticar o evangelho de nosso glorioso Salvador, para sua própria edificação espiritual e de seus irmãos em Cristo e para a evangelização, doutri- namento e salvação dos pecadores. Egidio Gioia Í N D I C E Página Apresentação ..................................................................................................... 6 A Oportunidade dêste Livro .......................................................................... 7 Prefácio ............................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................... 13 I . Os Evangelhos .................................................................... .............................. 15 I I . Os Evangelistas ................................................................................................. 17 PARTE I — TRINTA ANOS PREPARATÓRIOS ............................................. 19 I. Introdução ............................................................................................... 19 1. Prefácio ao Evangelho de Lucas ........................................... 19 2. Prólogo do Evangelho de João — O Cristo Preexistente 20 I I . Prenúncios do Nascimento de Jesus ............................................... 24 3. Duas Genealogias de Jesus .................................................... 24 4. Anunciação do Nascimento de João Batista ................... 25 5. O Nascimento de Jeisus Anunciado à Virgem Maria . . . . 27 6. Visita da Virgem Maria a Isabel ......................................... 29 7. Nascimento de João Batista, Profecia de Zacarias e Vida de João no Deserto ....................................................... 30 8. O Nascimento de Jesus Anunciado a José ......................... 32 I I I . Nascimento e In fânc ia de Jesus ..................................................... 34 9. O Nascimento de Jesus ........................................................ 34 10. O Nascimento de Jesus Proclamado pelos Anjos aos Pas tores de Belém ............................................................................ 35 11. A Circuncisão de Jesus ............................................................ 36 12. A Apresentação de Jesus no Templo ................................. 36 13. Magos do Oriente Visitam o Recém-nascido Rei dos Judeus .......................................................................................... 38 14. O Menino Jesus Levado para o Egito e a Matança dos Infantes em Belém .................................................................... 40 15. O Menino Jesus Trazido do Egito para Nazaré .............. 41 IV . Sua Vida em Nazaré ............................................................................ 42 16. A Meninice de Jesus em Nazaré ......................................... 42 17. Jesus, aos Doze Anos de Idade, Assiste à Páscoa e É Achado no Meio dos Doutores no Templo em Jerusalém 43 18. Jesus Ainda em Nazaré, dos 12 aos 30 Anos ................... 4& PARTE I I — IN ÍC IO DO M INISTÉRIO DE JESUS ..................................... 45 V. Os Começos da Pregação do Evangelho ......................................... 45 19. João Batista In ic ia o Seu Ministério ................................... 45 20. O Batismo de Jesus .................................................................... 50 21. A Tentação de Jesus ................................................................ 51 P á g in a 22. Testemunho de João Batista perante a Comissão Vinda de Jerusalém ................................................................................ 55 23. João Identifica Jesus como Sendo o Cordeiro de Deus 56 24. Os Primeiros Discípulos de Jesus ......................................... 57 25. O Primeiro Milagre de Jesus ................................................. 61 26. A Primeira Estada de Jesus em Cafarnaum (Acompa nhado de Seus Parentes e Primeiros Discípulos) .......... 63 V I. O Ministério In ic ia l de Jesus na Judéia ....................................... 65 27. Jesus Efétua a Primeira Purificação do Templo . ................. 65 28. A Situação de Jesus em Jerusalém Durante a Primeira Páscoa do Seu Ministério ...................................................... ......... 67 29. Nicodemos em Entrevista com Jesus ................................. ......... 68 30. Os Ministérios de Jesus e João em Paralelo ................... ......... 71 V II. Um Ministério de Dois Dias Numa Aldeia dos Samaritanos 78 31. Razões pelas Quais Jesus Deixou a Judéia ................... 76 32. Jesus Evangeliza a Mulher Samaritana e a Cidade de Sicar ............................................................................................. 77 33. Jesus, Chegado à Galiléia, É Recebido de Boa Mente pelo Povo ...................................................................................... 82 PARTE I I I — SEU GRANDE M INISTÉRIO NA GALILÉIA ....................... 83 V I I I . Os <5omeços do Ministério Galileu ..................................................... 83 34. Os Prefácios Sinópticos do Grande Ministério de Jesus na Galiléia .................................................................................... 83 * 35. Jesus, Estando em Caná, Cura em Cafarnaum o Filho de um Oficial do Rei ............................................................ 84 36. A Primeira Rejeição de Jesus pelo Povo de Nazaré -- 85 37. Deixando Nazaré, Fixa Residência em Cafarnaum . . . . 88 38. Jesus Chama Definitivamente Quatro Pescadores e Pro mete Fazer Dêles Pescadores de Homens ......................... 88 39. Jesus, pelos Seus Sublimes Ensinos e pela Cura dum ' Endemoninhado, Causa Grande Admiração em Cafar naum ............................................................................................. 90 40. Jesus Cura a Sogra de Pedro e Muitos Outros .............. 91 IX . A Par de Sua Fama Crescente, Cresce Também a Hostilidade Contra Jesus ........................................................................................... 93 41. Jesus, Acompanhado dos Seus Quatro Discípulos, Inicia a Sua Primeira Viagem Evangellstica pela Galiléia ___ 93 42. A Cura de um Leproso; Grande Excitação Popular ___ 95 43. Apertado pela Multidão em Cafarnaum, Jesus Cura um Paralítico Descido pelo Telhado da Casa ..................... 96 44. A Chamada de Levi, o Publicano, e o Banquete por Ele Oferecido ...................................................................................... 98 45. Jesus Profere Três Parábolas em Defesa dos Discípulos, Quando Criticados por Não Jejuarem ............................. 100 46. Havendo Curado um Enfêrmo em Jerusalém por Ocasião da Páscoa, Jesus Teve que Defender-se por Tê-lo Feito no Sábado ...................................................................................... 102 47. Os Discípulos Colhem Espigas num Sábado e Jesus os Defende da Conseqüente Critica dos Fariseus.............. 106 48. Jesus Cura no Sábado a Mão M irrada dum Homem e Novamente Se Defende dos Fariseus Que, Encolerizados, Queriam Matá-lo ........................................................................ 107 P á g in a X . Jesus Dá um Nôvo Passo: Funda uma Organização e Proclama um Código .......... .................................................................................. 108 49. Jesus à Beira do Mar da Galiléia, Acompanhado de Hostes Volúveis que Atestam a Sua Larga Fama ........ 108 50. Depois de Passar um a Noite em Oração, Jesus Escolhe os Doze Apóstolos ...................................................................... 109 51 No Sermão do Monte, Jesus Proclama o Código do Reino Messiânico .................................................................................... 112 X I. Transição: Jesus Age A inda Sozinho, Embora Tendo Chamado os Doze ............................................................................................ 135 52. Jesus Cura em Cafam aum o Servo de um Centurião 135 53. Jesus Ressuscita o Filho duma Viúva da Cidade de Naim, Repercutindo a Noticia Largamente para o Sul .......... 137 54. O Batista Envia um a ü lt im a Mensagem a Jesus, e Êste Depois de Lhe Responder, o Elogia perante o Povo -- 138 55. Jesus Lança Ais sôbre Três Cidades Impenitentes; Dis correndo acêrca da Sua Filiação Divina, Oferece Alivio aos Aflitos ...................................................................................... 141 56. Uma Mulher Pecadora Unge os Pés de Jesus em Casa de Simão, o Fariseu ........................................................................ 143 X I I . Jesus Intensifica a Propaganda do Reino, Viajando, Curando e Instruindo por meio de Parábolas ............................................... 144 57. Jesus, na Sua Segunda Viagem pela Galiléia, É Acom panhado pelos Doze Discípulos e por Algumas Mulheres Que os Serviam com os Seus Bens ................................... 144 58. Jesus, Acusado pelos Fariseus de Estar em Aliança com Belzebu, Rebate Esta Blasfêmia, Classificando-a de Pe cado Imperdoável ........................................................................ 145 59. Os Escribas e Fariseus, Repugnando os Ensinos de Jesus, Exigem-lhe um Sinal ................................................................ 147 60. A Fam ília Espiritual de Jesus ............................................... 149 61. Primeiro Grande Grupo de Parábolas, em Que Jesus Faz Frente à Oposição dos Fariseus e Instrui os Discí pulos Quanto à Natureza e ao Crescimento do Reino Messiânico .................................................................................... 150 62. Jesus Acalma uma Tempestade ao Atravessar o Mar da Galiléia ........................................................................................ 156 63. Jesus Cura Dois Endemoninhados Gadarenos .............. 158 64. Jesus, Tendo Voltado de Gergesa, Ressuscita a Filha de Jairo e Cura uma Mulher .................................................. 161 65. Jesus Cura Dois Cegos e um Mudo; Outra Acusação Blasfema ..................................................................................... 163 X II I . Jesus Prossegue na Sua Grande Atividade de Doutrinação e Evangelização ....................................................................................... 164 66. A ú ltim a Visita de Jesus a Nazaré ................................... 164 67. Tendo Instruído os Doze e os Enviado Dois a Dois pela Galiléia, Jesus Mesmo Enceta Viagem ............................. 165 68. A Intranqüilidade de Herodes Antipas ao Ouvir Noticias dos Milagres Feitos por Jesus .............................................. 169 PARTE IV — A ÉPOCA DAS RETIRADAS — UM PERÍODO DE INSTRU ÇÃO ESPECIAL AOS DOZE ..................................................... 171 X IV . Primeira Retirada e Eventos Subseqüentes ................................. 171 69. A Primeira Tentativa de Retirada e a Primeira M ulti plicação de Pães e Peixes .................................................... 171 70. Jesus Desvia as Multidões do Propósito de o Fazerem Rei, Isto É, um Messias Político ........................................... 173 71. Jesus, Andando sôbre o Mar Revolto, Aparece aos Dis cípulos ......................................................................................... 173 72. Tendo Chegado a Genezaré, Continua Fazendo Muitas Curas ........................................................................................... 175 73. Jesus Ensina em Cafarnaum; o Discurso sôbre o Pão da Vida ............................................................................................... 176 74. Os Discípulos Acusados de Transgredirem as Leis Ceri moniais ......................................................................................... 181 XV . Viagem ao Norte, pela Fenícia, e a Volta a Decápolis .............. 184 75. A Segunda Retirada, na Qual Vai até ã Região de Tiro e Sidom e Cura a Filha da Siro-fenlcia ............................. 184 76. Jesus Prossegue na Viagem, Rodeando para o Norte, o Leste e o Sul, até Decápolis, Curando Muitos e Fazendo /a Segunda Multiplicação de Pães e Peixes ................... 186 T l / Voltando à Galiléia, Jesus Encontra Forte Oposição da Parte dos Fariseus e Saduceus ............................................. 187 X V I. Retirada para a Região de Cesaréia de Filipe ............................. 187 78. Iniciando a Terceira Retirada, Jesus Adverte os Discí pulos Contra o Fermento dos Fariseus e Cura um Cego de Betsaida Júlias ...................................................................... 187 79. Jesus Põe à Prova a Fé dos Discípulos; a Grande Con fissão ............................................................................................. 189 80. Jesus Previne os Discípulos Quanto à Sua Paixão, Morte e Ressurreição; Exorta-os à Renúncia Própria e Pro mete-lhes Que Há de Voltar em Grande Glória .............. 195 81. A Transfiguração de Jesus e Questões por E la Suscitadas 197 82. Jesus Cura um Jovem Endemoninhado Que os Discípulos Não Puderam Curar .................................................................. 199 83. Voltando Secretamente pela Galiléia, Jesus Prediz No vamente a Sua Morte e Ressurreição ................................. 201 X V II. De Volta da Terceira Retirada, Jesus Passa Alguns Dias em Cafarnaum com os Doze, antes de Subir à Festa dos Taber náculos ..................................................................................................... 201 84. Jesus Paga o Sagrado Tributo do Templo, com um Es- táter Encontrado na Bôca de um Peixe ............................... 201 85. Os Doze Contendem pela Preeminência no Reino, e Jesus Lhes Dá uma Lição de Humildade ................................... 202 86. O Zêlo Imprudente de João Suscita do Mestre Lições sô bre Tropeços ................................................................................ 203 87. O Espírito de Conciliação e Perdão com Que Se Deve Tratar a um Irmão Ofensor ................................................. 206 88. Jesus Requer Renúncia Própria de Seus Seguidores . . . 209 89. Jesus Rejeita o Conselho de Seus Irmãos Incrédulos Quanto à Publicidade de Sua Obra ................................. 210 P á g in a P á g in a 90. Jesus, Indo a Jerusalém, Passa Secretamente por Sa- maria, Onde a Oposição dos Habitantes Irrita os Dis cípulos .......................................................................................... 212 PARTE V — O M INISTÉRIO ULTERIOR NA JUDÉIA ............................... 213 X V III . O Ensino de Jesus por Ocasião da Festa dos Tabernáculos 213 91. Estando a Festa J á em Meio, Chega Jesus e Se Põe a Ensinar no Templo, Causando, Assim, Grande Sensação 213 92. O Caso da Mulher Adúltera ....................................... 217 93. Jesus SeDeclara Luz do Mundo; os Fariseus, Encoleri zados pelas Suas Pretensões Messiânicas, Travam com Êle Forte Controvérsia e Acabam Procurando Matá-lo 218 94. A Sensacional Cura do Cego de Nascença ......................... 221 95. A Parábola do Bom Pastor ................................................... 224 X IX . Ministério na Judéia, Fora de Jerusalém ................................... 227 96. A Missão dos Setenta ............................................................ 227 97. Pela Parábola do Bom Samaritano, Jesus Interpreta a Lei do Amor ao Próximo para o Doutor da Lei Que o Tentava ........................................................................................ 229 98. D iante da Queixa de Marta, Jesus Defende Maria por Ter Escolhido a Boa Parte ................................................... 230 99. Pela Segunda Vez Jesus Ensina os Discípulos a Orar 232 100. Uma Cura Sensacional e uma Acusação Blasfema 233 101. Jesus, Estando à Mesa de um Fariseu, Lança Veementes Ais Contra os Escribas, Fariseus e Doutores da Lei ___ 234 102. Tendo-se A juntado Muitos Milhares de Pessoas, Jesus Pronuncia um Poderoso Discurso ....................................... 236 103. Jesus Aproveita Dois Acontecimentos Contemporâneos e a Parábola da Figueira para Ensinar a Urgente Necessi dade de Arrependimento ........................................................ 239 104. Jesus, num Sábado, Cura uma Mulher Encurvada e De fende o Ato Diante da Critica do Príncipe da Sinagoga 241 105. Jesus, na Festa da Dedicação, Ainda É Acossado pelos Judeus e Retira-se de Jerusalém ......................................... 242 PARTE V I — MINISTÉRIO DE JESUS NA PERÉIA ................................. 245 X X . O Trabalho de Jesus na Feréia até à Morte de Lázaro .......... 245 106. Jesus Retira-se de Jerusalém para Betânia de Além Jor dão, Onde João Batizava no Principio do Seu Ministério 245 107. Depois de Certa Demora em Betânia, Jesus Percorre as Cidades e Aldeias da Peréia, Ensinando e Caminhando Novamente para Jerusalém .................................................... 245 108. Avisado de Que Herodes Antipas o Quer Matar, Res ponde com Santa Altivez e Conhecimento de Causa . . . . 247 109. Jesus Cura no Sábado um Hidrópico, Logo Se Dafenden- do e Prosseguindo com Vários Ensinos ............................... 248 110. Jesus Ensina a uma Grande Multidão o Custo de Ser Discípulo Dêle .............................................................................. 249 111. Três Parábolas sóbre a Graça: a Ovelha Perdida, a Moe da Perdida e o Filho Perdido ............................................. 251 112. Duas Parábolas sóbre a Mordomia: a do Mordomo Infie l e a do Rico e Lázaro .............................................................. 254 113. Três Virtudes Recomendadas: Magnanimidade, Fé e Mo déstia Cristã ................................................................................ 259 P á g in a X X I . O Ministério' Pereu Interrompido pela Morte de Lázaro ........ 260 114. Jesus Ressuscita a Lázaro ...................................................... 260 115. Trama Contra a Vida de Jesus ........................................... 263 U iL Jesus Cura Dez Leprosos ........................................................ 264 O Advento do Reino Messiânico ......................................... 265 118. Duas Parábolas sôbre a Oração: a da Viúva Im portuna e a do Fariseu e o Publicano ............................................. 266 X X I I . F inal do Ministério Pereu ................................................................ 267 119. A Questão do Divórcio ............................................................ 267 120. Jesus Abençoa Algumas Crianças de Tenra Idade ___ 269 121. O Jovem Rico Suscita de Jesus Ensinos sôbre o Perigoso Apêgo às Riquezas .................................................................... 270 X X I I I . Subindo a Jerusalém ............................................................................ 273 122. Jesus Prediz pela Terceira Vez a Sua Paixão .............. 273 123. A Ambição Descabida de Tiago e João Provoca de Jesus Ensinos sôbre Como Ser “Primus Inter Pares” ................ 273 124. Jesus Cura Dois Cegos Perto de Jericó ............................. 274 125. Jesus Visita a Zaqueu ............................................................ 275 126. A Parábola das Dez M inas ................................... ............. 276 PARTE V II — ÚLTIMA SEMANA DO M IN ISTÉRIO DE JESUS E SUA CRU CIFICAÇ AO .......................................................................... 278 X X IV . Jesus Termina o Seu Ministério Público ......................................... 278 127. Cochicham em Jerusalém & Respeito de Jesus, e em Betânia Procuram-no e a Lázaro, para os Matarem ___ 278 128. Com a Sua Entrada Triunfal em Jerusalém Jesus Se De clara o Messias ........................................................................ 278 129. A Figueira Infrutífera Amaldiçoada ................................... 280 130. A Segunda Purificação do Templo ..................................... 281 131. Alguns Gregos Procuram uma Entrevista com Jesus . . . 282 132. A Figueira Infrutífera Achada Sêca ............................... 286 133. Jesus Responde aos Principais Sacerdotes e Anciãos Quanto à Autoridade com Que Êle Agia ......................... 287 134. Jesus Responde ao Segundo Interrogatório Malicioso: sôbre o Tributo .......................................................................... 291 135. Jesus Responde ao Terceiro Interrogatório: sôbre a Res surreição .................................................................................... 292 136. Jesus Responde ao Quarto Interrogatório: sôbre o P ri meiro Mandamento ..." .............................................................. 293 137. Jesus Ainda Confunde os Inim igos com uma Pergunta a Respeito Dêle Mesmo .......................................................... 295 138. Jesus Denuncia Fortemente os Escribas e Fariseus no Seu ü ltim o Discurso Público ................................................. 295 139. Jesus Destaca, com Louvor, a Pequena Oferta duma Viú va Pobre ........................................................................................ 298 140. Jesus É Rejeitado pelos Judeus ............................................. 298 X X V . Jesus, à Sombra da Cruz, Esforça-se no Sentido de Preparar os Discípulos para o Que Havia de Acontecer ............................. 300 141. O Grande Discurso Escatológico de Jesus: a Destruição de Jerusalém ................................................................................ 300 142. O Grande Discurso Escatológico de Jesus: Transição da Destruição de Jerusalém para a Sua Segunda V inda 302 143. O Grande Discurso Escatológico de Jesus: a Sua Segun da Vinda; Galardão e Retribuição ................................... 307 P á g in a 144. Jesus Prediz a Sua Próxima Crucificação, Enquanto Ele mentos do Sinédrio Tramam a Morte dêle ........................ 311 145. Jesus Ungido para a Sepultura num a Festa em Betânia 311 146. Judas Combina com os Principais Sacerdotes a Traição de Jesus .......................................................................................... 313 147. A Páscoa: Jesus M anda Fazer os Preparativos .............. 313 148. A Páscoa: Jesus a Celebra com os Doze ......................... 316 149. A Páscoa: Jesus Resolve a Contenda Ambiciosa entre os Discípulos ................................................................................ 317 150. A Páscoa: Jesus, à Mesa com os Discípulos, Lava-lhes os Pés .............................................................................................. 318 151. A Páscoa: Jesus Prediz Sua Traição por Judas .............. 321 152. A Páscoa: Jesus Prediz Que Pedro o Negará .................. 322 153. A Páscoa: JesusD á Alguns Rápidos Ensinos, Inclusive o Nôvo Mandamento ................................................................ 324 154. A Páscoa: Jesus D á uma Lição Enigmática sôbre a Es pada e Outras Coisas Materiais ........................................... 325 155. A Páscoa: Jesus Institu i a Ceia Memorial .................... 326 156. Jesus, o Mestre, Faz um Discurso de Despedida aos Dis cípulos .......................................................................................... 330 157. Jesus, o Divino Mediador, Faz uma Grande Oração In- tercessória .................................................................................... 340 X X V I. Sofrimento e Morte de Jesus pelo Pecado do Mundo .............. 344 158. Jesus no Getsêmane Sofre Horrenda Agonia ................... 344 159. Jesus no Getsêmane É Traldo, Prêso e Abandonado 345 160. Jesus Sendo Processado: Perante as Autoridades Juda i cas — D iante de Anás, Interrogado e Ferido .............. 348 161. Jesus Sendo Processado: Perante as Autoridades Juda i cas — D iãnte de Caifás e do Sinédrio; Interrogado, Zombado, Esbofeteado e Condenado ................................... 349 162. Jesus Sendo Processado: Perante as Autoridades Juda i cas — Diante de Caifás e do Sinédrio; Três Vêzes Ne gado por Pedro . ...................................................................... 352 163. Jesus Sendo Processado: Perante as Autoridades Juda i cas — Diante de Caifás e do Sinédrio, É Formalmente Condenado para Ser Entregue a Pilatos ...... .................... 354 164. Jesus Sendo Processado: Sendo Êle Conduzido a Pilatos, Judas, Roido de Remorsos, Suicida-se ............................. 355 165. Jesus Sendo Processado: Perante as Autoridades Ro manas — Diante de Pilatos, pela Primeira Vez É In terrogado ...................................................................................... 35« 166. Jesus Sendo Processado: Perante as Autoridades Ro manas — D iante de Herodes Antipas, Interrogado e Es carnecido .................................................................................... 358 167. Jesus Sendo Processado: Perante as Autoridades Ro manas — D iante de Pilatos pela Segunda Vez, F inal mente Açoitado, Escarnecido, Condenado e Sentenciado 360 168. Jesus Sofre, M altratado pelos Soldados Romanos 365 169. Jesus Sofre, pela “Via Dolorosa” desde o Pretório (Fó rum) até ao Calvário ............................................................ 366 170. Jesus Crucificado: As Três Primeiras Horas n a Cruz 368 171. Jesus Crucificado: as Três ü ltim as Horas na Cruz; Rei na Escuridão, Morrendo Jesus às 15 horas .................... 372 172. Jesus Crucificado: Morto, Ainda Pendurado no Madeiro, Assinalam-se Fenômenos Sobrenaturais ........................... 374 P á g in a 173. Jesus Sepultado: Verificada a Sua Morte, É Sepultado no Túmulo Nôvo de José de Arimatéia ............................. 376 174. Jesus Sepultado: o Sepulcro É Oficialmente Selado e Guardado ...................................................................................... 379 PARTE V III — RESSURREIÇÃO, APARECIMENTO E ASCENSÃO DE JESUS ........................................................................................... 381 X X V II. Jesus Ressurge no Primeiro D ia da Semana; o Sepulcro £ Encontrado Vazio .................................................................................... 381 175. O Sepulcro Visitado pela Primeira Vez por Algumas Mulheres ...................................................................................... 381 176. O Sepulcro Descerrado por um Anjo Durante o Terre moto ............................................................................................. 382 177. O Sepulcro, Visitado pela Segunda Vez pelas Mesmas Mulheres, É Encontrado Vazio ........................................... 383 178. Jesus Ressurrecto: Assim o Declaram os Anjos às Mulhe res Perplexas e Atemorizadas ............................................... 384 179. Jesus Ressurrecto: o Fato É Narrado aos Discípulos pelas Mulheres; Dois Dêles Examinam o Sepulcro Vazio . . . . 385 X X V III . Jesus Aparece aos Fiéis Cinco Vêzes no Domingo da Sua Res surreição ................................................................................................. 386 180. Jesus Aparece Primeiramente a Maria Madalena, M an dando por Ela uma Mensagem aos Discípulos .................. 386 181. Jesus Aparece a Diversas Mulheres, Mandando por Elas Outra Mensagem aos Discípulos ............................. .......... 388 182. O Suborno dos Guardas pelos Príncipes dos Sacerdotes para Encobrir o Fato da Ressurreição de Jesus .................389 183. Jesus Aparece a Cleopas e ao Seu Companheiro em Ca m inho para Emaús .................................................................... .......390 184. Jesus Aparece a Simão Pedro (Cefas) ................................. ....... 391 185. Jesus Aparece a um Grupo de Discípulos, Estando Tomé Ausente ...............................................................................................391 X X IX . Jesus Encarrega os Discípulos ãa Evangelização ão Munão, Aparecendo-lhes Mais Cinco Vêzes Antes de Sua Ascensão 393 186. A Primeira das Comissões Finais Que Jesus Dá aos Dis cípulos ....................................................................................' . . . 393 187. Jesus Aparece de Nôvo aos Discípulos e Desta Vez In clusive a Tomé .......................................................................... 394 188. Jesus Aparece a Sete dos Discípulos (Terceira Vez aos Mesmos) à Margem do Mar de Tiberlades ................... 396 189. Jesus Reabilita a Pedro ........................................................ 397 190. Jesus Fala em Têrmos Apocalípticos sôbre a Morte de Pedro e João ................................................................................ 39& 191. Jesus Aparece aos Discípulos (Quarta Vez aos Mesmos) e a uma Grande M ultidão ..............................................................400 192. A Segunda das Comissões Finais Que Jesus Dá aos Dis cípulos ......................................................................................... .......401 193. Jesus Aparece a Tiago .......................................................... .......403 194. Jesus Aparece pela Décima Vez, Dando a Terceira das Comissões Finais aos Discípulos .................................................. 403 195. O Senhor Jesus Ressurrecto e Elevado aos Céus Suscita Adoração e Confirma a Obra dos Seus Servos ....................... 405 196. A Conclusão do Evangelho de João ..................................... ....... 407 BIBLIOGRAFIA ........................................................................ 411 INTRODUÇÃO GERAL I. OS EVANGELHOS II. OS EVANGELiSTAS I. OS EVANGELHOS O evangelista Marcos, inspirado pelo Espírito Santo, começou a escrever uma das partes das Escrituras Sagradas com estas memoráveis palavras: «Princípio do Evangelho de Jesus Cristo». Nesta breve frase de introdução nos é apresentado o AUTOR do Evangelho, Jesus Cristo, o Filho unigénito de Deus. E, de fato, o evangelho não podia vir de outra fonte, senão do próprio Deus, pois, «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus» (João 1:1). Por isso, o Evangelho é um só, porque um só é o seu AUTOR, DEUS. H á três outros evangelistas que também escreveram o Evangelho de Jesus Cristo: Mateus, Lucas e João. Todos êles, movidos pelo Espírito Santo de Deus, nos narram fatos históricos da vida de Cristo, quando tabernaculou neste mundo. Entretanto, essas biografias de Jesus Cristo são apenas parciais. O próprio apóstolo João escre ve: «Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; êstes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e paraque, crendo, tenhais vida em seu nome» (João 20:30,31). O vocábulo evangelho vem da palavra grega (euaggelion) e significa, no verná culo, Boas-novas, isto é, Boas-novas trazidas pelo F ilho de Deus ao homem. Em últim a análise, significa SALVAÇÃO. As Boas-novas de salvação consistem: — Em saber que Jesus Cristo é «o Verbo que se íêz carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigénito do Pai» (João 1:14). — Em saber que Jesus Cristo é o Filho unigénito de Deus, que foi gerado na virgem Maria, por virtude do Espírito Santo: «José, filho de Davi, não temas re ceber a Maria, tua mulher, porque o que nela se gerou é do Espírito Santo» (Mat. 1:20). (i) —• Em saber que Jesus Cristo é o Deus unigénito, que veio ao mundo revelar o Pai; portanto, os homens podem, se quiserem, conhecer a Deus, o Pai, por inter médio de seu Filho, Jesus Cristo: «Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigénito, que está no seio do Pai, êsse o deu a conhecer» (João 1:18). — Em saber que Jesus Cristo veio ao mundo para «Buscar e salvar o que se havia perdido»; «porque salvará o seu povo dos seus pecados» (Luc. 19:10 e Mat. 1 :21). — Finalmente, em saber que Jesus Cristo fêz a obra completa da salvação dos pecadores, depositando sôbre o altar do sacrifício a sua própria vida, ressuscitando dentre os mortos, pelo poder do Espírito, e agora está à destra do Pai, para inter- (1) V e ja Seção 8. 15 ceder a favor de todo pecador que, arrependido de seus pecados, crê evangèlica- mente nêle como o Filho de Deus vivo, eterno e único Salvador e Senhor de sua alma e de sua vida. No Evangelho segundo João, cap. 3, v. 16, encontramos como que a sintese das Boas-novas de Salvação, a m iniatura do EVANGELHO: «Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigénito, para que todo aquêle que nêle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.» Eis o que é absolutamente necessário ao pecador: saber, crer e aceitar o Evan gelho de Cristo, ao próprio Filho de Deus vivo, JESUS CRISTO, para que seja salvo. Deus deu seu Filho unigénito ao mundo para que, havendo feito o sacrifício da cruz, aniquilasse o pecado e se tornasse o eterno Salvador do mundo. E a f i nalidade dêste infinito amor de Deus é: «Para que todo aquêle que nêle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.» Há salvação absoluta, perfeita e infalível no Evangelho de Jesus Cristo, pois é o próprio AUTOR do Evangelho que diz: «ARRE- PENDEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO.» 16 II. OS EVANGELISTAS - Estilo e Característicos Como vimos, Marcos afirma que o AUTOR do Evangelho é Jesus Cristo. Mateus dá início à narrativa ccm o «Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão». Lucas declara que o que escreveu em seu Evangelho o recebeu por «aquêles que desde o princípio foram testemunhas oculares». E João afirma que êle mesmo foi testemunha: «Êste é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu». . . «O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida (pois a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela testificamos, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e a nós se manifestou); sim, o que vimos, isso vos anunciamos, para que vós também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu F ilho Jesus Cristo» (João 21:24 e I João 1:1,2). O Dr. B .H . Carroll fala de um «Quinto Evangelho», referindo-se à expressão do apóstolo Paulo, em Rom. 2:16, «meu evangelho». De modo geral, cs quatro escritores dos Evangelhos são bem concisos em seu estilo descritivo e apropriado ã narração dos fatos do Evangelho, como João claramente o expressou: «E ainda muitas outras coisas há que Jesus fêz; as quais, se fôssem escritas um a por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem» (João 21:25). Mas o Espírito Santo, utilizando-se do conhecimento intelectual, da capa cidade, dos dons, dos talentos e da personalidade de cada um dêles, inspirou-os a escreverem o Evangelho conforme sua divina vontade, sem, contudo, tolher-lhes a liberdade de pensar e de escolher. E, daí, a diferença de estilo que constatamos na forma exterior das idéias, da imaginação e até dos sentimentos dos quatro ■evangelistas. Mateus é inspirado a dirigir-se especialmente aos judeus, citando, constante mente, profecias do Velho Testamento e seu cumprimento, para provar que Jesus é o Messias prometido, é o Cordeiro Sacrificial, é o Sacerdote divino, é o Rei do reino Messiânico e que a teocracia do Velho Testamento foi transformada em Reino dos Céus. É interessante, ainda, notar que êste Evangelho faz conexão imediata com o Velho Testamento, cujo Velho Pacto transforma em Nôvo Pacto. Marcos, inspirado a escrever de modo realista, vivo e prático, apresenta Jesus como o Servo do Senhor, com sua mensagem distintiva: «O Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos» (Mar. 10:45). Acurado estudo dêste Evangelho, comparado aos outros dois, o de Mateus e o de Lucas, torna evidente que o Evangelho de Marcos é o mais antigo dos Sinópticos. É de supor-se que Marcos houvesse recebido do apóstolo Pedro e outros apóstolos e missionários, que foram testemunhas oculares, a narrativa fidedigna de muitos episódios e ensinamentos do Senhor Jesus. Lucas é inspirado a escrever a narração de seu Evangelho com acurada inves tigação e exatidão histórica (pôsto que os outros evangelistas também apresentem um Evangelho histórico e fidedigno), acentuando o universalismo do evangelho, a oração e ação de graças, o valor e dignidade da mulher e, particularmente, o amor e a profunda simpatia de Jesus para com os pobres, as crianças, a sociedade sofredora e os enfermos. Lucas era o médico amado que acompanhou muitas vêzes o apóstolo Paulo e outros companheiros nas viagens missionárias aos povos gentios. Foi o único gentio que escreveu não somente o Evangelho mas o livro de Atos dos Apóstolos, que é a história da expansão do cristianismo, pelo poder do Espírito, no mundo gentio. João, com clareza, simplicidade e, não menos, com profundidade doutrinária e teológica, é inspirado a escrever especialmente sôbra mais alguns dos muitos fatos, episódios e ensinamentos de Jesus, tendo como objetivo fundamental fazer sobressair 17 a deidade e humanidade do unigénito Filho de Deus encarnado. Daí o não se preocupar com a genealogia natural de Jesus, mas expressar, por seu espírito amadurecido na meditação e comunhão íntim a com Deus, o que cria ser o Filho de Deus. Entretanto, cremos, que João não escreveu seu Evangelho meramente como um complemento dos Sinópticos. Para o apóstolo, Jesus Cristo era o LOGOS preexistente, o eterno VERBO que se fêz carne e que veio trazer ao homem a Re velação de Deus, completa e final, e a fazer a obra expiatória da cruz, para salvar o mundo perdido. Assim, apresenta não meramente uma genealogia hum ana e natural, a qual tem comêço e fim, mas, se assim podemos parafrasear, um a «genea logia metafísica», eterna, que não tem princípio nem fim . Entretanto, não deixa, também, de acentuar a humanidade real de Jesus; pois, sua humanidade é igualmente fundamental e imprescindível para a salvação do homem, segundo o eterno plano de Deus. Para tanto, basta transcrevermos o que João escreveu no cap. 1, v. 14, de seu Evangelho: «E o Verbo se fêz carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, glória do unigénito do P a i.» Assim, a descendência natural de Jesus está relacionada com a natureza essen cialmente divina e eterna do Filho de Deus, que é o LOGOS eterno. Ê DEUS. Paulo. Quanto ao «Quinto Evangelho» ou «o Evangelho, segundo Paulo», é realmente precioso o que nos diz o preclaro D r. B .H . Carroll, em sua obra, tra duzida do inglês, «Los Cuatro Evangelios»: «Éinteressante, ao comparar Mateus, Marcos, Lucas, João e Paulo, notar a contribuição especial de cada um para a his tória completa de nosso Senhor. Nenhum dêles só nem todcs êles juntos intentam fazer um a -biografia completa, tal como achamos na história de um ser humano.» «Há um ‘quinto Evangelho’, m ui distinto dos demais, igualmente necessário e crível como os outros. A mesma inspiração que nos deram os Evangelhos de Ma teus, Marcos, Lucas e João, nos deu também o Evangelho de Paulo. Nenhum dêles relatou tôda a história; cada um dos cinco contribui com uma parte impor tante e indispensável para fazer completa a história. Pois bem, dêstes cinco Evan gelhos, o mais importante, o mais extenso, o mais compreensivo é o Evangelho de Paulo. De tôdas as maneiras possíveis, Paulo afirma, com ênfase, que seu Evan gelho era independente de tôda fonte hum ana de informações. . . Se alguém pensa que é profeta, um homem inspirado, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor ( I Cor. 14:37). O conteúdo de seu Evangelho ó maravi lhoso em sua plenitude, lucidez e compreensão. «Estas são umas poucas coisas que podem ser ditas com verdade, acêrca do alcance e do valor do ‘Quinto Evangelho’ . Por que é, pois, que os harmonistas pas sam por alto do ‘Quinto Evangelho’?» O ) (1) Carroll-Hale, Los Cuatro Evangelios, V o l. I, In trod., págs. 20-31 18 P R I M E I R A P A R T E TRINTA ANOS PREPARATÓRIOS I. INTRODUÇÃO 1. Prefácio ao Evangelho de Lucas Lucas 1 :l-5 O evangelista Lucas prefacia o Evangelho de Jesus Cristo com estas palavras, ins piradas pelo Espírito Santo: «Visto que muitos têm empreendido lazer um a narração coordenada, dos fatos que entre nós se realizaram, segrundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a m im, depois de haver investigado tudo cuidadosamente, desde o comêço, pareceu-me bem, 6 excelentíssi mo Teófilo, escrever-te um a narração em ordem, para que conheças plenamente a verdade das coisas em que fôste instruído.» Lucas dedicou a narração de seu Evangelho ao «excelentíssimo Teófilo», oom a finalidade de que êle conhecesse a verdade das coisas em que fôra instruído. Não sabemos quem era Teófilo (que significa amado de Deus), mas, pelo texto, concluí mos, evidentemente, que êle era um grande amigo de Lucas, conhecedor, em parte, da verdade do evangelho, e que, sem dúvida, foi fortalecido na fé-crença e na fé- -confiança em Jesus Cristo, enfim, foi fortalecido na verdade histórica e na verdade evangélica do Evangelho da Salvação. Não há dúvida: «Sem fé, é impossível agradar a Deus» (Heb. 11:6). Cremos que somos salvos pela graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo e no seu sacrifí cio vicário da cruz. CREMOS. Mas, esta fé salvadora não é cega; pelo contrário, é um a preciosíssima dádiva divina que nos abre os olhos do espírito, para podermos contemplar a face gloriosa de Deus, em Cristo Jesus, seu Filho amado, e, em Cristo, contemplarmos o infinito e vislumbrante universo espiritual. E, lado a lado da fé, Deus nos prodigaliza também a CIÊNCIA . A verdadeira ciência é dom de Deus à criatura humana. Mais: a fé e a ciência são irmãs gêmeas. A ciência classifica-se ou subdivide-se em múltiplos ramos, sendo um dos mais fru tíferos a Sociologia, de que faz parte a Ciência Histórica. «O critério histórico fundamenta-se na evidência do testemunho.» Êste testemunho pode ser divino ou humano. Quanto ao testemunho divino, é o critério infalível da verdade. Quanto ao testemunho humano, é o mais seguro meio de conhecer a verdade histórica. Ora, no prefácio ao Evangelho de Jesus, segundo Lucas, encontramos o tes temunho humano fundamentado no testemunho divino: Testemunhas oculares e ministros da palavra de Deus transmitiram os fatos históricos do Evangelho de Cristo e a sua verdade eterna. Portanto, êstes fatos históricos, escritos pelo evangelista Lucas, constituem documento inconcusso do Evangelho de Cristo. 19 2. Prólogo do Evangelho de João — O Cristo Preexistente João 1:1-18 1) O Logos «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo ©ra Deus» (João 1:1). João está apresentando a genealogia sobrenatural e divina de Jesus Cristo, o F ilho eterno de Deus. Jesus Cristo é o LOGOS divino, o VERBO eterno que se íéz carne e tabernaculou entre os homens. B . H . Carroll distingue três elementos essenciais de divindade: a) A eternidade absoluta de seu ser: «No princípio era o V ERBO .» b) A personalidade distinta: «E o VEKBO estava com Deus» — duas pessoas, juntas. c) Natureza e essência da Deidade: «E o VEKBO era Deus.» (i) W .C . Taylor, interpretando o têrmo LOGOS, diz: «O têrmo LOGOS não signi fica somente Razão, mas a Fala com que a Kazão se comunicou aos hom ens... O têrmo LOGOS tem duas linhas na sua hereditariedade... Para o grego, o LOGOS era a Razão que procede de Deus. Para o hebreu, o LOGOS era a Vontade e Plano de Deus entrando na história, para guiá-la e controlar seu curso ... A idéia hebraica é a mais forte no significado resultante do vocábulo. O LOGOS é a plena expressão da mente divina e do seu coração, no tocante à redenção do hom em ... O LOGOS de Deus, sua Expressão de si mesmo, tomou para si um a realidade perfeita. Cristo é sinônima de Deus em têrmos da experiência hum ana.» (2) A expressão «No princípio», nos versetos 1 e 2, evidentemente significa «na eter nidade», pois o VEKBO é o eterno Filho de Deus. É o próprio Deus. Esta mesma expressão, «no princípio», acha-se também em Gên. 1:1, porém se refere ao princípio ou origem ou comêço de tôdas as coisas existentes pelo ato criador de Deus, em sentido absoluto da criação da matéria não existente, e que Deus criou-a do nada; e, também, dos sêres celestiais e tudo quanto possa existir como criação de Deus. Ainda temos a expressão «desde o princípio», em João 8:44, que, indubitavel mente, não tem o mesmo sentido da de João 1:1,2, mas se refere ao comêço de um ato de rebelião de um ser angélico criado por Deus, que é o diabo, e que. portanto, não era eterno. 2) A Trindade e a Triunidade de Deus Os têrmos Trindade e Triunidade, referindo-se a Deus, não se acham na Es critura Sagrada. TRINDADE D IV IN A não significa três deuses num só nem, três pessoas numa só e nem significa que Deus se manifesta em três modos diferentes. A Escritura nos revela «Deus uno em essência e em três pessoas distintas, eternas e iguais». (3) «Essência é aquilo que faz que uma coisa seja o que é: natureza íntima das coisas.» (4) «Pessoa, indivíduo, que subsiste por si, espiritual: v.g. em Deus há três pessoas distintas e uma só Divindade.» (5) «Personalidade, qualidade do que é pessoal; caráter essencial e exclusivo de um a pessoa; aquilo que a distingue de outra; individualidade consciente.» (0) As três pessoas da SANTÍSSIMA TRIN DADE têm um a só essência, um a Só personalidade, que chamamos T RIU N IDADE de Deus. í l ) B .H . Carroll. Los Cuatro Evangelios, Carroll-Hale, V o l. I, pág . 69, Casa Bautista de Publicacio- nes, E l Paso. Texas (2) W .C . Taylor. Comentário do Evangelho de João, V o l. I, pág. 184, Casa Publicadora Batista, Rio (3) Strong, Sistematic Theology — Complete ~ Três Volumes em um, pág . 334 (4) Figueiredo, Nôvo Dicionário da Língua Portuguesa, V o l. I, pág . 560 (5) Moraes, D icionário da Língua Portuguesa, V o l. II, pág . 443 (6) Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, 109 edição, pág . 924 20 O Pai é Deus: «Trahalhai, não pela comida que perece, mas pela comida; que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, im prim iu seu sêlo (João 6:27). O Filho é Deus: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus» (João 1:1). O Espirito Santo é Deus: «Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para •que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno?... Não mentiste aos homens, mas a Deus»(A t. 5:3,4). DEUS £ PA I, F ILH O E ESPIR ITO SANTO. a) Deus é uno em essência e em três pessoas DISTINTAS. «A essência de Deus é única e indivisível, mas tem três modos de subsistência, e não três modos de manifestação. A pluralidade da Divindade não é pluralidade de essência, mas pluralidade pessoal.» Portanto, a essência de Deus é única e indivisível, em três pessoas distintas e em três modos de subsistência. Por isso, o nome da TRIUNIDADE D IV INA é: «EU SOU O QUE SOU.» «EU SERE I O QUE SEREI.» b) Deus é uno em essência e em três pessoas eternas. O Pai é eterno: «Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aquê- les que me tens dado, para verem a m inha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo» (João 17:24). O Filho é eterno: «Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o go verno está sóbre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz» (Is. 9:6). O Espirito Santo é eterno: « . . . quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espirito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a D e u s ...» (Heb. 9:14). c) Deus é uno em essência e em três pessoas iguais. Deus é Pai, primordialmente, em virtude da relação que êle mantém para com o Eterno Filho. «Esta relação é de prioridade e não de superioridade.» O Filho nos é apresentado pelas Escrituras como sendo o LOGOS, a IM AGEM e a EFUL- GÊNCIA de Deus, o Filho unigénito do Pai (João 1:14-18). Deus declara o Verbo eterno como tendo autoridade de Filho, ungindo-o como Rei do Universo e constituindo-o Sumo Sacerdote (Salmo 2:7; I I Sam. 7:14; Heb. 1:8-10). O F ilho de Deus nunca, jamais, teve um comêço de existência, mas uma relação eterna com o Pai. A subordinação do Filho ao Pai não é uma subordinação de essência, como também a prioridade do Pai não significa superioridade. O teólogo Strong, em sua famosa Teologia Sistemática, resume a igualdade das três pessoas da TRINDADE no seguinte: «O Pai não é Deus por ser Pai, porque Deus não é somente Pai, mas também Filho e Espírito Santo. O Filho não é Deus por ser Filho, porque Deus não é somente Filho, mas também Pai e Espírito Santo. O Espírito Santo não é Deus por ser Espírito Santo, porque Deus não é somen te Espírito Santo, mas também Pai e F ilho .» (i) Deus é Pai, Filho e Espírito San to . E Deus se revelou no Pai, no Filho e no Espírito Santo. O modo da triúna existência de Deus é inescrutável. Entretanto, a Escritura nos revela Deus nessa inescrutável existência eterna, e nós, pela graça de Deus, CREM OS. E isso nos basta. E negar a doutrina da TRINDADE E TRIUN IDADE de Deus, porque é inescrutável ao homem, é pecado de presunção, pois o homem finito jamais poderá definir o Infinito . Negar a TRIN DADE de Deus é negar a Verdade da Palavra de Deus. Negar a TRINDADE é negar que Jesus Cristo é a Verdade. Negar a T RIN DADE é negar o Espírito da Verdade. Negar a T R IN DADE é negar que Cristo é o verdadeiro Deus ( I João 5:20). Negar a TRINDA DE é negar a igualdade do Pai, do Filho e do Espírito Santo (João 10:34; At. 5:3). Negar a SANTÍSSIMA TRIN DADE é cometer horrível pecado. Entre os muitos heréticoi que negam a TRINDADE D IV IN A acham-se os modernos «Testemunhas de Jeová» e os «Mórmons». Sua literatura é perniciosís sima, saturada de erros bíblicos de tôda sorte, exatamente porque negam a dou- (1) Strong, obra cit., pág. 334 2t trina da Trindade. Mas a doutrina da Trindade nos fornece a chave de tôdas as outras doutrinas bíblicas. Quem erra na doutrina da Trindade, errará fundamen talmente em tôdas as demais doutrinas da Bíblia Sagrada. 3) O Cristo Preexistente fêz-se Carne (João 1:14,15) Neste PRÓLOGO de profunda revelação divina, o Apóstolo inspirado apresenta o Cristo histórico do Evangelho na sua preexistência eterna, sua divindade, sua obra criadora, sua relação com o Pai, sua encarnação, sua missão redentora, sua revelação, sua graça e sua glória. Jesus Cristo é o Verbo eterno, a luz da vida, em sua expressão real, perfeita, completa e infin ita. O Verbo eterno que se fêz carne revelou a natureza e a pa ternidade de Deus, revelou o plano divino da salvação do homem e revelou seu amor, sua justiça, sua santidade, sua verdade e sua glória. «No princípio», isto é, antes que existissem quaisquer sêres celestes, humanos ou animais, o VERBO estava face a face com Deus. No Filho unigénito de Deus estava a vida na sua essência e na sua maravilhosa expressão. E a vida que es tava no VERBO era a luz dos homens — luz intelectual, luz moral, luz espiritual, luz divina. Jesus Cristo é a revelação plena e perfeita de Deus aos homens: «Nêle estava a vida, e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam» (João 1:3-6). Luz é figura da verdade e do conhecimento. A luz espanca as trevas e perma nece brilhando: «Eu, que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquêle que crê em m im não permaneça nas trevas» (João 12:46). Verdadeiramente, «Em ti está a fonte da vida; na tua luz, veremos a luz.» (Salmo 39:9). A Luz divina, que é Jesus Cristo, o Filho de Deus, tem não somente o testemunho da TRINDADE, mas até o testemunho humano de que êle é a vida e a luz. Deus mesmo provi denciou êstó testemunho na pessoa de João Batista. Sua missão singular e glo riosa era A e testemunhar que Jesus Cristo era o VERBO eterno e o verdadeiro Deus, a luz dos homens para ilum inar os corações que jazem nas trevas do pecado e da morte (João 1:26-34). Jesus Cristo, que era a luz, já estava no mundo que êle criou, mas o mundo não o conheceu (João 1:10,11). O mundo, na sua incre dulidade e depravàção, já não podia conhecer o seu Criador. Entretanto, havia, na terra, um povo que devia conhecê-lo: era o povo de Israel, o povo escolhido de Deus, a quem, através de milênios, se havia revelado e lhe havia manifestado seu santo Nome, sua Personalidade, sua misericórdia e seu amor. O Messias tinha o direito divino de ser escolhido e recebido pelo povo; mas, que fizeram? «Êste é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança seja nossa» (Luc. 20:14). Mas, no meio das trevas da ignorância e do pecado, havia um pequenino «resto» que aguardava o «Oriente do Alto» e «a Consolação de Israel», e que re conheceria e receberia o Messias prometido, o Salvador do mundo (Luc., caps. 1 e 2 ). Estes receberiam o poder de se tornarem filhos de Deus (João 1:12). Todos os sêres humanos são criaturas de Deus, mas poucos são filhos de Deus. Sòmente aquêle que crê no NOM E de Jesus Cristo é que recebe o poder de se tornar filho de Deus. Esta filiação é, pois, espiritual, metafísica e pessoal. Não é por hereditariedade de raça ou de fam ília ou mesmo da vontade do homem, e nem ê por hereditariedade religiosa ou espiritual. A verdadeira filiação divina está num nôvo nascimento, nascimento espiritual, nascimento do Espirito Santo: «os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus» (João 1:13 e 3:5,6). E, como? CRENDO no NOM E de Jesus Cristo, o Verbo eterno que se fêz carne. Crendo que êle é o Filho unigénito de Deus, e é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Crendo que o Verbo se fêz carne, para que pudesse fazer o sacrifício da cruz, para levar no seu corpo o pecado do mundo e lavar em seu sangue o pecado de todo aquêle que nêle crê e o recebe, pela fé, como seu Redentor, Salvador e Deus. É dêste Cristo histórico que testificam a Santíssima Trindade (M at. 3:13-17) e João Batista (João 1:15-34) e, ainda, todos os apóstolos, os evangelistas e os dis cípulos de Cristo, em todos os tempos. «E o Verbo se fêz carne, e habitou entr* nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade» (v. 14). 22 Somente Jesus Cristo é cheio de graça, porque êle é Deus. Maria, a bendita virgem e mãe de Jesus, não era cheia de graça, mas, como afirma, o texto sagra do: «agraciada». Maria recebeu a graça de Deuse não é despenseira da graça. A graça pertence a Deus, e somente êle é quem a distribui a quem êle quer. «Cristo é, pois, a revelação da graça divina dada aos homens para a redenção dêles, e também da verdade divina na sua relação com a graça (Salmo 85:11). Qual vida, a Palavra, o VERBO eterno, é ‘cheio de graça’ ; qual luz, êle é ‘pleno de verdade’ . Importa notar que êste versículo confuta plenamente a heresia so- ciniana da simples humanidade de Cristo, segundo a qual Cristo não teria exis tido antes de ser concebido da virgem Maria. Também da heresia ariana, a qual nega sua divindade, embora considerando-o como o primeiro e o mais nobre de todos os sêres criados, e o instrumento com o qual foi criado o universo. . . Êste verseto contém, ainda, a confutação de muitas outras heresias nascidas na igreja primitiva, por não ter compreendido a União da natureza humana e divina da pessoa de Cristo. Entre estas, notamos a dos docetos, os quais, tendo a teoria dos gnósticos (de que foram um ramo), que o mal tenha por origem e centro a maté ria, fugiam naturalmente da idéia de que o Filho de Deus houvesse tomado um corpo material, e negavam a encarnação, sustentando que o corpo de Cristo não era um a realidade, mas um a sombra, um a aparência por êle tomada para satisfa zer às funções da vida. A heresia de Apolinário, que ensinava que Cristo assume sòmente o corpo humano, no qual a divindade estava em lugar da alma. A heresia dos nestorianos, segundo os quais, havia em Cristo, não só duas naturezas, mas duas personalidades, um a divina, outra humana, cada uma das quais cumpria aquê- les atos a que elas pertenciam. A de Eutíquio, que sustentava serem as duas naturezas tão intimamente unidas que formavam uma só, tendo os atributos de ambas. Tôdas estas heresias são confutadas por quem claramente entende o que é dito: ‘E o VERBO se fêz carne.’» O) 4) A recepção da plenitude de Cristo, da graça, da verdade e do conhecimento do Pai a) A recepção da plenitude de Cristo «Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sôbre graça» (João 1:16). Estas palavras não são de João Batista, mas de João, o Apóstolo, interpre tando todos os outros apóstolos e crentes genuínos. Em Jesus Cristo habita a plenitude de Deus (Col. 2:9), o que significa que «a inteira soma dos divinos atributos acha-se reunida em Cristo». Cristo é o despensador da graça, porque êle é pleno de graça, e, da plenitude desta graça transbordante, vem «graça sôbre graça», isto é, «graça acumulada, efusões abundantes de graça, graça acrescen tada à graça, à medida que a fé se torne mais apta para recebê-la e usufrui-la». (2) b) A recepção da graça e da verdade «Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo (João 1:17). A lei, aqui, é contrastada à graça e à verdade. «A lei opera a ira» e de modo algum justifica pela graça; pelo contrário, condena. Em Rom. 10:5, o apóstolo Paulo, interpretando a lei de Moisés (Lev. 18:5), diz: «O homem que pratica a justiça que vem da lei viverá por ela.» É verdade. Mas, quem já alguma vez pra ticou a justiça que vem da lei? Sòmente um, Jesus Cristo. A lei, pois, é verdade que vem de Deus, para que o homem conheça que Deus é justo e santo, e que exige do homem justiça e santidade. Mas a realidade desta verdade da lei sòmente foi expressa e cumprida por Jesus Cristo. Em Cristo, pois, temos a verdade: «Eu sou a verdade» (João 14:6). E, semelhantemente, em Cristo temos a graça, e dêle recebemos a graça e a verdade. (1) R . G . Stewart, Commentario Esegetico Pratico dei Nuovo Testamento, V o l. 1. pág. 755. Matteo- -Giovanni, Firenze. Libreria e Tipografia Claudiana, Itália (2) Stewart, obra c it., pág . 757 *»o c) A recepção do conhecimento do Pai «Ninguém jamais viu a Deu». O F ilho unigénito, que está no seio do Pai, êsse o deu a conhecer» (João 1:18). «Deus é Espírito», portanto, não pode ser visto pelos órgãos visuais do homem. Quando lemos, na Escritura, de criaturas humanas terem visto a Deus (Êx. 24:9,10; Is. 6:1; Jó 11:7) são teofanias de Deus, isto é, Deus se manifestando em formas acessíveis à visibilidade dos olhos do corpo humano. Mas, «o F ilho unigénito», que é o VERBO eterno, viu a Deus. O VERBO, neste texto, é chamado «o Deus un i génito» (monogenes theos), o que está em perfeita consonância com João 1:1. O) Êle está no seio do Pai. É um com o Pai. Por isso, somente êle pode dar a co nhecer quem é o P a i. E somente êle pode plenamente interpretar a natureza e a vontade do Pai. «Portanto, João, em seu Prólogo, nos diz que Cristo é o Verbo de Deus, pelo qual (e por quem) revela seus propósitos e executa sua von tade no mundo.» (2) «João dá ênfase em Cristo como revelação final: esta ênfase em Cristo como a revelação final de Deus é um dos sustentados e firmes característicos dos es critos joaninos. João conclui o Prólogo a êste Evangelho com a asserção de que ninguém jamais viu a Deus em qualquer tempo, senão o F ilho unigénito que o tem declarado ou revelado.» «Na sua obra salvadora, Cristo nos revelou a reali dade do ser de Deus. A única posição cristã é que a revelação final de Deus veio em Cristo (como uma realidade objetiva) e que a bondade de Deus revelada em Cristo — o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo — é reveladâ para nós outros em nenhuma outra parte e em nenhum outro senão em Cristo.» (8 ) «Cristo é o revelador de Deus. Nêle, certamente, não temos um a revelação que diz respeito à substância da natureza divina. Realidades essenciais dessa clas se são o material da especulação filosófica. Em Jesus Cristo, porém, se nos dá a conhecer a últim a realidade de Deus como ser espiritual e m oral.» (4) REFLEXÕES Jesus Cristo é a própria Vida. «Eu sou a vida» (João 14:6). Êle é, pois, o Autor^da vida. É o próprio Deus eterno que veio ao mundo, encarnou-se na Vir gem e tabernaculou no mundo em forma humana (João 1:14). Jesus Cristo é o Livro Vivo do Deus humanado. Os dias em que o Filho eterno de Deus estêve na terra são páginas escritas com letras vivas, divinas e eternas. Êle é o Revelador perfeito, absoluto e final da natureza e da personalidade de Deus. Êle é quem foi escolhido, desde a eternidade, e enviado ao mundo pelo Deus eterno e mise ricordioso, para ser o único Mediador entre Deus e o homem, a fim de que êste possa receber, pela graça, vida eterna, mediante a fé em Cristo crucificado, res- surrecto e glorificado, Êle é o Filho de Deus vivo. Êle é o Salvador do mundo. II. PRENÚNCIOS DO NASCIMENTO DE JESUS 3. Duas genealogias de Jesus (A genealogia em Mateus é de José e a em Lucas talvez seja de Maria.) (Veja-se discussão do problema das genealogias, no 1» tópico do apên dice.) Mateus 1:1-17 e Lucas 3:23-38 1) Livro da genealogia de Jesus Cristo Pelo exame intrínseco do Evangelho segundo Mateus, inferimos que o Autor, inspirado pelo Espirito Santo, teve o escopo de apresentar, aos judeus, Jesus como o Messias profetizado no Velho Testamento. Por isso, começou traçando a genea logia de Abraão, pai da raça hebraica, e terminou com José, dando, assim, a descendência legal de Jesus. «A tábua genealógica de Jesus Cristo, com a qual se abre o primeiro Evangelho, constitui o vínculo de união entre o Velho e o Nôvo Testamentos.» (1) A .T . Robertson, W o rd Pictures in New Testament, V o l. ,V , pág . 17 (2) W .C . Conner, La Fé del Nuevo Testamento, págs. 430, 431 (3) W .C . Conner, Revelation and God, págs. 113, 119, Broadman Press. Nashville, Tennessee, U .S .A . (4) E .Y . Mullins, La Religion Cristiana em su Expression Doctrinal, pág . 168, El Paso, Texas 24 O evangelista Lucas também apresenta a genealogia de Jesus, porém sob pontos de vista diferentes (Lucas 3:23-38). Pelos relatos das duas genealogias, nos Evange lhos Sinópticos, concluímos que Mateus traça a descendência régia de Cristo, por José, espôso de Maria (M at. 1:16); Lucas, a descendência natural, que talvez seja a de Maria (Luc. 3:23,38).Mas João apresenta não a genealogia régia ou natural e nem a genealogia do Verbo, porquanto o Verbo é eterno e não tem genealogia, mas sim a encarnação sobrenatural e divina de Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus (João 1:1,14). O vocábulo livro, aqui, significa registro, resenha dos nomes principais que formam a árvore genealógica de Jesus como homem. Provàvelmente, parte desta resenha foi obtida por Mateus, pelo compulsar dos registros genealógicos públicos do Estado hebraico, que cuidadosa e escrupulosamente registrara as genealogias durante séculos, tendo em vista especialmente a divisão da herança das tribos de Israel (Esd. 2:62). A resenha dos nomes em Mateus, comparada com os nomes dados nas gera ções no Velho Testamento, apresenta diferenças e omissões, aparente discrepância essa, que tem sua cabível e aceitável explicação no que acabamos de considerar. Mas o nosso argumento de crentes é a fé que temos: que o Espírito Santo inspirou a Mateus como também a Lucas a fazerem a resenha desta genealogia, extraindo os nomes necessários, quer dos registros públicos quer dos Livros Sagra dos e outras fontes fidedignas (o que não é incompatível com a inspiração da Escritura), omitindo os nomes que convinham e acrescentando os que julgavam necessários (Lucas 1:1-4). 2) O nome «JESUS CRISTO» Jesus, em hebraico Jehoshua, Josué, que significa: Jeová salva, Salvador, é o nome próprio de nosso Senhor. Cristo, em hebraico Meshiah, significa: O Ungido, isto é, o Ungido de Deus, e é o nome que indica o seu ofício de Sumo Sacerdote, Rei e Profeta, Sacerdote Eter no, Rei espiritual, Profeta infalível. 3) Os epítetos «Filho de Davi» e «Filho de Abraão» O vocábulo filho, aqui, em ambos êstes epítetos, significa descendente. Filho de Davi é, também, o título com que o Messias seria chamado, segundo a profecia. Jesus é, pois, da descendência real de Davi, a quem foi feita a promessa do trono eterno. E, Filho de Abraão, porque na descendência de Abraão cumprir-se-ia a pro messa a êle feita por Deus: «Em ti serão benditas tôdas as famílias da terra» (Gên. 12:3). Assim, êstes dois epítetos caracterizam, a priori, que Jesus é o M essias. 4. Anunciação do nascimento de João Batista (Ao sacerdote Zacarias) (Jerusalém,^ no templo. Em 7 ou 6 a. C .) Lucas 1:5-25 Zacarias servia ao Senhor, no Templo, como sacerdote. Fazia parte de uma das 24 turmas de sacerdotes que, havia m il anos passados, o grande rei Davi assim di vidira, sendo que cada turm a de 25 sacerdotes servia durante sete dias. Sua espôsa tinha o mesmo nome da espôsa do primeiro sumo sacerdote, Aarão. Chamava-se Isabel, Elizabeth. í!ste piedoso casal, já avançado em idade, distinguia-se pela pureza e santidade de vida. Ambos eram justos, não no sentido absoluto do têrmo, mas era aquela mesma justiça que Abraão recebera graciosamente de Jeová — a justiça que vem da fé — a qual se manifesta nas boas obras, pois andavam «irrepreensíveis cm todos os mandamentos e preceitos do Senhor». Tinham, portanto, vida exemplar, de cren tes genuínos, tanto diante de Deus quanto diante dos homens. Não tinham filhos (como Sara, Rebeca e Ana), contudo, apesar de, em Israel, ser opróbrio o não ter filhos, êste admirável casal nãò cometeu pecado contra o Senhor, neste respeito: conformara-se à vontade e desígnio de Deus. 25 1) Anúncio e promessa do nascimento de João Batista, pelo anjo Gabriel (Luc. 1:5-14) Êste ofício de sacerdote — o de entrar no Santuário —■ era sumamente honro so; por isso, somente duas vêzes por dia, às 9 e às 15 horas (Êxodo 30:7), era oferecido o incenso santo ao Senhor, e só era permitido a um dos sacerdotes de cada vez, pertencente às 24 turmas, e sendo auxiliado por dois outros: um removia as cinzas do serviço do dia anterior; outro, punha sóbre o altar de ouro o braseiro cheio de brasas vivas, tiradas do altar do holocausto; e, o terceiro, lançava solene mente o incenso santo sôbre as brasas vivas. E, enquanto o fumo odorífero do incenso se elevava, êste terceiro sacerdote (que, neste dia era Zacarias), fazia intercessão pelo povo. O incenso oferecido a Deus é emblema da intercessão de Cristo, e era feito exa tamente na hora do sacrifício (Ef. 5:2); esta hora era chamada «a hora de oração». O povo todo estava na parte exterior do templo, onde se achava o altar do holo causto. Foi nesta hora soleníssima, em que Zacarias orava intercedendo pelo povo, e quando o sacrifício e o incenso eram oferecidos a Deus, que o anjo Gabriel lhe apareceu, «pôsto em pé, à direita do altar do incenso». «E Zacarias, vendo-o ficou turbado, e o temor o assaltou.» Sim, a presença do que é santo perturba o coração impuro. Mas o Senhor co nhece o homem na sua imperfeição e, por isso, o anjo encorajou-o, dizendo-lhe: «Não temas, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João .» O nascimento e missão dêste menino que havia de nascer e que se chamaria João, o Batista, já haviam sido preditos no livro das profecias de Isaías e no de Malaquias (Is. 40:3; M al. 4:5; conf. Mar. 1:1-3). Agora cumpria-se a palavra do Senhor. João (nome que significa, em hebraico, «dádiva de Jeová», «Jeová grati ficou»), deveria ser, para os pais, uma constante fonte de alegria, pois as multidões, mais tarde, haveriam de converter-se dos seus maus caminhos e os que se conver tessem se tom ariam servos do Senhor: «e terás gôzo e alegria, e muitos se regozi jarão com o seu nascimento». E o anjo, continuando sua mensagem divina, profetiza qual seria a vida, O cará ter e a missão de seu filho (Luc. 1:15-17). Seria «grande diante do Senhor», por que seria o Precursor do Filho de Deus. Seu caráter e sua vida seriam de santida de; seria nazireu (Núm. 6:3), separando-se voluntàriamente para o ministério a que Deus o vocacionara desde a eternidade, e seria «cheio do Espírito Santo»; e isto seria a coroa de sua santificação e a plena certeza da vitória de sua missão pelo poder do Espirito. Antes mesmo de seu nascimento, João seria cheio do Es pírito Santo, o que significa que o Espírito Santo tomaria conta totalmente do me nino, porque a graça de Deus nêle se manifestaria, por haver êle sido escolhido e separado para o ofício único de Precursor do Messias. João Batista, entretanto, não foi gerado, como Jesus, por obra e-virtude do Espírito Santo (Mat. 1:20), mas simplesmente nasceu de Zacarias e Isabel. Nasceu de natureza pecaminosa do homem e, quando chegou à idade de responsabilidade, êle também caiu em pecados, como qualquer filho de Adão, e teve de arrepender-se de seus pecados para ser perdoado e salvo pela graça de Deus, mediante a fé que lhe foi graciosamente oferecida por Deus, crendo que Jesus Cristo era o Messias prometido e o seu Salvador pessoal, como provou-o, anunciando às multidões que Jesus era «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (João 1:29) A boa-nova anunciada pelo anjo a Zacarias foi que seu filho estava cheio do Espírito Santo, mesmo antes de nascer. Era êste, sem dúvida, um poderoso motivo de encorajamento para os pais, para que pudessem orientar seu filho no preparo para a sua futura e gloriosa missão de Precursor do Messias. Mésmo antes de nas cer, seus pais orariam por seu filho, e, depois de seu nascimento, continuariam, ainda mais intensamente, no sagrado ministério da oração a seu favor e persevera riam no magistério santo de ensinar-lhe as Sagradas Letras, guiando-o no Caminho do Senhor. REFLEXÕES Ê bem oportuno, nesta altura, os pais crentes se lembrarem de que seus filhos devem ser dedicados a Deus, mesmo antes de nascerem, e que devem ser criados diligentemente, pacientemente e com todo o sacrifício, no santo temor do Senhor. 26 Devem ser tomados pela mão e levados até à presença de Deus, pela oração, pela aprendizagem da Palavra de Deus, pelo culto doméstico, pelo culto na igreja e pela observância sincera dos mandamentos do Senhor. Seguir o exemplo de Zacarias e Isabel será,
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