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O que é o Direito ao Esquecimento?

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Faculdade Mineira de Direito
Professor: Ricardo Guerra Vasconcelos
Turma: 1 – Matutino – 2º Período
Como o Direito ao Esquecimento não está previsto expressamente na Constituição da República, seria ele um direito fundamental implícito?
	O direito fundamental implícito pode ser conceituado como um direito que não é explicitado na Constituição Federal Brasileira de 1988, devendo ser então interpretado seguindo o que diz a própria Constituição no artigo 5º, parágrafo 2º: “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Desse modo, fica evidente que os direitos fundamentais não são limitados a formalidade, podendo ser vistos em uma dimensão material. Os direitos implícitos, nesse sentido, podem ser deduzidos através do que se encontra presente nos seguimentos do sistema jurídico, mesmo que não de maneira evidente. O direito fundamental implícito necessita de um maior esforço hermenêutico, de um considerável esforço por parte do intérprete dos textos de Direito, e de uma colaboração até mesmo do próprio cidadão, para que este possa ter sua fundamentalidade, bem como sua significância, entendidas e aplicadas dentro do sistema de leis. Dessa forma, para que tal direito seja feito valer, deve-se utilizar o método dedutivo, havendo diretrizes prévias a partir das quais serão procedidas as análises desse direito.
	Dessa maneira, é importante entender o conceito de “Direito do Esquecimento”, para que assim, seja possível responder se este é ou não um direito fundamental implícito. O Direito ao esquecimento é um direito que surgiu após a implantação do Marco Civil da Internet – uma lei criada para definir os direitos civis do cidadão dentro do mundo cybernético. A partir dele, uma pessoa possui o direito de não permitir que um fato que é considerado verídico, ocorrido de um determinado momento de sua vida, seja exposta ao público em geral - por meio de televisão, revista, jornais ou até mesmo da internet -, permitindo que a mesma possua privacidade. O direito ao esquecimento é um direito do princípio da dignidade da pessoa humana e é uma garantia aos direitos da personalidade, como a intimidade, a imagem e a privacidade. Este tipo de direito tem como objetivo dar uma liberdade maior aqueles que utilizam dos meios de comunicação, impedindo que informações pessoais sejam divulgadas. Tal direito tipo de direito acaba ganhando cada vez mais forças nos tribunais, porém, no Brasil, o mesmo não está constado em nenhuma lei, apesar de estar enunciado dentro do Marco Civil da Internet. 
O Direito ao Esquecimento é decorrente de outros direitos de personalidade, e é indizível, protegendo a memória individual de cada pessoa. Nesse sentido, o mesmo pode ser considerado como a proteção ao patrimônio moral do indivíduo, podendo ainda ser visto como uma expansão da lei da privacidade que já existente, apesar de ainda não ser um princípio dentro da Constituição Brasileira. A aplicação deste é algo que precisa ser analisado com muita cautela, pois cada país possui suas leis, normas e diretrizes, e consequentemente, cada um o interpreta de forma diferente, solucionando casos de diferentes maneiras em um mesmo determinado conceito.
A partir daí, é possível responder o questionamento: “como o Direito ao Esquecimento não está previsto expressamente na Constituição da República, seria ele um direito fundamental implícito?”. Como o Direito ao Esquecimento é uma maneira de proteger o indivíduo contra um abuso de informação a respeito de sua vida privada, mesmo que este não esteja explícito em nenhuma lei ou artigo de maneira específica, não deixa de ser de suma importância para o indivíduo. O Direito ao Esquecimento é uma construção jurisprudencial e doutrinária que parte de alguns princípios pertencentes ao ordenamento jurídico, tendo como um grande exemplo, presente dentro da própria Constituição Federal, o princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, pode-se citar o artigo 1º: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana;”. Há, ainda dentro da Constituição Brasileira, o artigo 5º, inciso X, que diz: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. 
Além da Constituição Federal, os princípios dos Direitos das Personalidades, que encontra-se presente no Código Civil, no artigo 21, também serve como referência para o Direito ao Esquecimento, tendo em vista de que eles referem-se ao direito inviolável da vida privada: “a vida privada da pessoa natural é inviolável, e o ,,juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.”
Esses princípios que estão delineados no ordenamento jurídico é que emergem o entendimento que há a existência válida a esse, portanto, justamente por sua importância e por não estar previsto expressamente na Constituição Federal, o Direito ao Esquecimento é sim um direito fundamental implícito. 
Referências:
GUEDES, Luiza Helena. Direito ao Esquecimento. Âmbito Jurídico. 1º de junho de 2017. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-161/direito-ao-esquecimento/>. Acesso em: 01 de novembro de 2020.
ROVER, Tadeu. Direito ao esquecimento criou obrigações para veículos de comunicação. Revista Consultor Jurídico. 28 de agosto de 2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-ago-28/direito-esquecimento-criou-obrigacoes-meios-comunicacao>. Acesso em: 01 de novembro de 2020.
STF deve buscar equilíbrio entre direito ao esquecimento e à informação. Estado de Minas. 30 de setembro de 2020. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2020/09/30/interna_nacional,1190414/stf-deve-buscar-equilibrio-entre-direito-ao-esquecimento-e-a-informaca.shtml>. Acesso em: 02 de novembro de 2020.
MARTINEZ, Pablo Dominguez. Direito ao Esquecimento: A proteção da Memória Individual na Sociedade da Informação. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2014.

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