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Filosofia Simone de Beauvoir Objetivo Analisar como Beauvoir foi adepta da teoria existencialista, onde a liberdade é a principal característica e aplicou essa proposta no campo dos estudos sobre o feminismo e na luta pela igualdade de gênero. Curiosidade Contrária à ideia de casamento, que entendia como uma instituição falida e prejudicial à mulher, Simone de Beauvoir manteve um relacionamento aberto com Jean-Paul Sartre por quase cinquenta anos. Teoria Quem foi Simone de Beauvoir? Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir, nasceu em Paris em 9 de janeiro de 1908 e faleceu, na mesma cidade, em 14 de abril de 1986. Filósofa, escritora, professora, intelectual e ativista, é considerada uma das teóricas mais importantes do movimento feminista, sobretudo entre as décadas de 1960 e 1980. Além disso, figura, ao lado de Jean-Paul Sartre, como um dos principais nomes do existencialismo. Dentre as suas obras, destacam-se A Convidada (1943) e O Segundo Sexo (1949), tida por muitos admiradores e estudiosos como a “bíblia do feminismo”. Existencialismo Em 1927, Simone de Beauvoir iniciou a sua formação em Filosofia na Sorbonne, onde conheceu Sartre, que foi o seu parceiro intelectual e amoroso ao longo de toda a vida. Dessa relação, Simone absorveu a premissa básica do existencialismo de Sartre, qual seja, a ideia de que no homem, a existência precede a essência. Em outras palavras, não há uma natureza humana, uma essência eterna e inalterável, comum a todos os homens, mas sim uma liberdade para que ele faça de si o que quiser ao longo de sua existência. O Segundo Sexo No primeiro volume de O Segundo Sexo intitulado Fatos e Mitos, Simone de Beauvoir buscou desmistificar os pressupostos relacionados à vivência da mulher, à “essência feminina”. Para isso, ela analisou diversas áreas do conhecimento que atribuem uma essência às mulheres, mas que não conseguem justificar porque elas se encontram em uma posição de subordinação em relação aos homens. Dentre essas áreas estão a biologia, a psicanálise e o materialismo. Filosofia No que diz respeito à biologia, ela concluiu que, mesmo que haja uma natureza feminina diferente da natureza masculina, isso não justifica a subordinação das mulheres na sociedade. Ou seja, isso não explica o fato das mulheres permanecerem na vida doméstica, presas à vida privada e não conseguirem transcender, isto é, se elevarem para o meio da cultura, como acontece com os homens. Desse modo, qualquer argumentação de caráter biológico não é suficiente para fundamentar a suposta inferioridade das mulheres. Do ponto de vista psicanalítico, ela analisou as teorias tanto de Sigmund Freud quanto de Alfred Adler a respeito das mulheres. Segundo ela, o discurso freudiano de que há um complexo de inferioridade nas mulheres depende de um contexto histórico. Ou seja, se existe um complexo de inferioridade feminino, em relação aos homens, é porque as mulheres estão inseridas em um contexto histórico e social que valoriza muito mais a virilidade do que a feminilidade. No que se refere ao materialismo, ela questionou, sobretudo, as ideias de Friedrich Engels e Karl Marx, pois assim como as teorias freudianas consideravam apenas o ponto de vista masculino, eles partiam de um monismo econômico. Ou seja, da noção de que a situação da mulher se deve apenas a fatores econômicos. No entanto, de acordo com Simone de Beauvoir, as relações entre homens e mulheres superam a dimensão econômica, como acontece, por exemplo, na esfera doméstica. O que é ser mulher? Para ela, "ser mulher" é uma categoria que existe na sociedade, assim como "ser homem". Porém, não se trata de duas categorias distintas, mas sim de uma categoria A e uma categoria não-A. Em outras palavras, é como se existisse a categoria masculina como positiva e a categoria feminina como negativa. Ou seja, ser mulher é ser um não-homem. Além disso, o homem além de compor a categoria positiva também compõe a categoria neutra. Quando falamos em ser humano, o que nos vem à cabeça é um homem. Aliás, na língua portuguesa, a própria expressão “os homens” se refere aos seres humanos em geral, no sentido de humanidade, enquanto que a expressão “as mulheres” corresponde apenas a uma singularidade da espécie humana. Assim, coube ao homem o papel de sujeito e à mulher o papel de objeto, de “outro” em relação ao homem. Porém, ao contrário do que aconteceu com os negros e com os judeus, que também foram transformados em “outro”, ao longo da história, as mulheres aceitam a própria submissão. De acordo com Beauvoir, essa aceitação se dá por três motivos. Primeiro, porque as mulheres não possuem os meios concretos de união, isto é, os meios para se constituir como unidade, para se afirmar e então se opor à visão de si mesma como o “outro”. No caso dos judeus, a religião atua como uma forma de unidade em oposição aos nazistas, por exemplo. No caso dos negros, a cor e as questões étnicas exercem essa função, onde o branco é quem assume o papel de “outro”. Entretanto, no caso das mulheres existem laços que dificultam o confronto direto com os homens, como acontece nas relações entre mãe e filho, pai e filha, irmão e irmã, tia e sobrinho etc. O segundo motivo que faz com que as mulheres aceitem a própria submissão é o fato de que elas não possuem história. Ou seja, não há como estabelecer o momento de início da opressão masculina sobre elas. Por fim, essa aceitação se dá também porque é confortável ser o "outro". Embora seja ruim estar alheio às próprias vontades e não se constituir como sujeito, pode ser também um caminho fácil. Nesse lugar, as mulheres não sentem a angústia que provém da liberdade, isto é, do desconforto que sentimos ao assumir a responsabilidade por nossas escolhas. Por isso, mesmo sendo prejudicadas, algumas mulheres são cúmplices da opressão masculina. Filosofia Por que o mundo sempre pertenceu aos homens? De acordo com Simone de Beauvoir, embora haja inúmeros discursos que tentam provar a inferioridade feminina para justificar o fato de as mulheres nunca terem comandado o mundo, nós devemos desconfiar de todas elas, uma vez que foram produzidas a partir de uma perspectiva masculina sobre o que é ser mulher. Aqui surge o conceito de androcentrismo, isto é, a ideia de que os homens construíram o mundo a partir de sua própria perspectiva, atribuindo a si mesmos o lugar de sujeito (essencial) e à mulher o lugar de objeto (inessencial). Assim, diversas questões relativas à mulher como a desigualdade salarial, a legalidade ou não do aborto e a ideia da sexualidade feminina foram tratadas sempre pela ótica masculina. “Não se nasce mulher: torna-se” Simone de Beauvoir admite que as mulheres são inferiores, porém não por uma questão de natureza ou por uma questão de essência, mas sim por uma construção social. Essa reflexão nos leva ao segundo volume da obra O Segundo Sexo, intitulada Experiências Vividas. Aqui, após toda a argumentação desenvolvida na primeira parte, Beauvoir abre com a sua polêmica e famosa frase: "Não se nasce mulher: torna-se." Note-se que é possível estabelecer um paralelo entre essa frase e a frase: “A existência precede a essência”. Ou seja, não há uma essência feminina, então não se nasce mulher, torna-se mulher por meio de diversas práticas ao longo da existência. Por isso, ela apresenta as experiências que as mulheres vivenciam, de maneira geral. A primeira parte, denominada formação, mostra como se dá o processo formativo das meninas no que diz respeito à infância e à sexualidade. Já a segunda parte, intitulada situação, busca compreender qual é a situação da mulher, analisando desde a mulher casada até a prostituta. A terceira parte, por sua vez, chamada de transcendência, aborda a possibilidade de superação dessa condição feminina.Porém, isso se dá sempre de maneira individual e nunca coletiva, o que dificulta a verdadeira transformação social. Na última parte, intitulada mulher independente, ela trata do momento em que as mulheres conquistaram direitos, como o direito ao voto e a possibilidade de trabalhar. No entanto, isso não libertou as mulheres nem da exploração do mundo do trabalho e nem dos afazeres domésticos. Essa dupla jornada termina por piorar a situação das mulheres. Para sair dessa condição, é preciso transformar a estrutura androcêntrica do mundo. Filosofia Exercícios de fixação 1. Como Simone de Beauvoir lida com a argumentação da biologia acerca da natureza feminina? 2. Como Simone de Beauvoir lida com a argumentação psicanalítica de que as mulheres possuem um complexo de inferioridade? 3. Como Simone de Beauvoir lida com a argumentação materialista a respeito da condição da mulher? 4. Explique o conceito de androcentrismo. 5. Por que, na perspectiva de Simone de Beauvoir, o trabalho não libertou as mulheres? Filosofia Exercícios de vestibulares 1. (IF PI 2012) A educação para a mulher, para ser guardiã, não será uma para preparar os homens, e outra para as mulheres, sobretudo porque toma a seu cargo uma natureza idêntica. O fragmento acima foi extraído de uma obra filosófica onde se percebe a reflexão sobre o lugar e o papel da mulher na sociedade e sobre a educação que lhe é conveniente, deixando transparecer suposta defesa do igualitarismo entre homens e mulheres ao apontar uma mesma educação para ambos os sexos. Trata-se de fragmento da obra: a) Contribuição para a explicação do Imperialismo, de Rosa de Luxemburgo. b) Segundo sexo, de Simone de Beauvoir. c) A República, de Platão. d) A condição humana, de Hannah Arendt. e) Microfísica do poder, de Michael Foucalt 2. (UERJ 2020, Adaptada) APÓS 70 ANOS, SIMONE DE BEAUVOIR AINDA MOSTRA CAMINHO DA LIBERDADE FEMININA “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. A célebre frase que abre o segundo volume de O segundo sexo, de 1949, sintetiza as teses apresentadas por Simone de Beauvoir nas mais de 900 páginas de um estudo fascinante sobre a condição feminina. Beauvoir admite que as diferenças biológicas desempenham algum papel na construção da inferioridade feminina, mas defende que a importância social dada a essas diferenças é muito mais determinante para a opressão. Ser mulher não é nascer com determinado sexo, mas, principalmente, ser classificada de uma forma negativa pela sociedade. É ser educada, desde o nascimento, a ser frágil, passiva, dependente, apagada, delicada, discreta, submissa e invisível. MIRIAN GOLDENBERG Adaptado de www1.folha.uol.com.br, 10/03/2019. As reflexões de Simone de Beauvoir na obra O segundo sexo continuam presentes nos debates atuais referentes ao feminismo e às condições de vida das mulheres, em diversas sociedades. De acordo com o texto de Mirian Goldenberg, a abordagem realizada por Simone de Beauvoir valoriza princípios do seguinte tipo: a) étnico-raciais b) político-religiosos c) histórico-culturais d) econômico-científicos e) biológico-psicanalíticos Filosofia 3. (Colégio Pedro II 2016, Adaptada) Até os doze anos a menina é tão robusta quanto os irmãos e manifesta as mesmas capacidades intelectuais; não há terreno em que lhe seja proibido rivalizar com eles. Se, bem antes da puberdade e, às vezes, mesmo desde a primeira infância, ela já se apresenta como sexualmente especificada, não é porque misteriosos instintos a destinem imediatamente à passividade, ao coquetismo, à maternidade: é porque a intervenção de outrem na vida da criança é quase original e desde seus primeiros anos sua vocação lhe é imperiosamente insuflada. (BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo (Vol. 2). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 9-10.) Os estudos de Simone de Beauvoir (1908-1986) contribuíram incontestavelmente para os debates acerca da situação da mulher e a luta para a igualdade de gênero. A partir do trecho acima, assinale a opção que melhor demonstra o problema apresentado pela filósofa. a) Beauvoir afirma a distinção entre os sexos e inaugura o pensamento de uma feminilidade que faz parte da condição humana da mulher. A natureza feminina é que compõe seu ser enquanto mulher. b) Beauvoir discute a consolidação da posição social da mulher, pois, biológica e psiquicamente suas distinções se apresentam de forma clara para um tratamento diferenciado em relação aos homens. c) Não há, para Beauvoir, qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos. Esse é um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. d) A ideia de que “ninguém nasce mulher: torna-se mulher” representa o ápice da filosofia feminista presente em O segundo sexo, afirmando que, por natureza, qualquer um pode-se tornar mulher socialmente. e) Beauvoir contesta a ideia de Sartre que diz que a existência precede a essência. Para ela, a natureza feminina defendida pela biologia, o complexo de inferioridade descrito por Freud e a desigualdade econômica observada por Engels são provas de que a essência da mulher é inferior à do homem. Filosofia 4. (Unimontes 2018, Adaptada) A abordagem do tema “Corporeidade: dimensão humana e formas de ser” remete, na contemporaneidade, à discussão da sexualidade e da questão de gênero. Filósofos como Michel Foucault e Simone de Beauvoir trataram desse assunto em obras importantes para o conhecimento e a compreensão sobre o sexo no ocidente. Foucault, em sua obra História da sexualidade: a vontade de saber (1976), conforme Sílvio Gallo, “investigou como as sociedades viveram a sexualidade ao longo do tempo e notou um paradoxo. Nas sociedade dos séculos XVI e XVII, embora se acreditasse que o sexo era reprimido, ele foi valorizado como o segredo por excelência; em decorrência disso, falava-se muito sobre sexo, na medida em que ele era reprimido”. Foucault estende a sua investigação até o século XX e aponta o desenvolvimento de uma moral sexual que impõe um absoluto predomínio heterossexual nas relações sociais, “que afirma a distinção absoluta entre homem e mulher, centrada numa visão biológica”, de acordo com Sílvio Gallo. Em “O segundo sexo”, obra de Simone de Beauvoir, publicada em 1949, a filósofa francesa trata da condição da mulher e afirma que “ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher” à medida que vive. Para ela, não há uma essência no “ser mulher”, e nega, pois, a existência de uma “natureza feminina”. Gallo compreende a posição de Beauvoir e afirma que o “ser mulher” “é uma construção que cada mulher faz em sua vida”. Diante do impacto que a afirmação da filósofa francesa teve nos movimentos feministas do século XX, ele acrescenta que “A construção da sexualidade é biológica, cultural e histórica, assim como a construção do que somos em outras esferas” e conclui que a formulação “tornar-se mulher” se aplica ao homem, pois “ninguém nasce homem, torna-se homem. Ou, ainda: ninguém nasce homossexual, mas se torna homossexual.” (GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. vol. único. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2013, p. 102-103). A partir do exposto, todas as alternativas estão corretas, EXCETO a) Estudando a obra de Simone de Beauvoir, Sílvio Gallo conclui que “a construção da sexualidade” é apenas cultural. b) A moral sexual predominante no século XX, conforme registrou Foucault em 1976, impõe uma distinção entre homem e mulher, centrada numa visão biológica. c) Nas sociedades dos séculos XVI e XVII, a repressão sexual não impedia que se falasse muito sobre sexo, conforme constatou Michel Foucault. d) Em sua obra O segundo sexo, Simone de Beauvoir, aoafirmar que “ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher”, nega uma natureza feminina e uma essência da feminilidade. e) Assim como Sartre, Simone de Beauvoir defende que a existência precede a essência. Portanto, podemos considerá-la como existencialista. Filosofia 5. (UERR 2017) “Em 1949, Simone de Beauvoir já havia escrito que não se nasce mulher, torna-se. Em O Segundo Sexo, desafiava a ideia de destino natural feminino e mais, destacava o caráter cultural e, portanto, mutável nas definições de feminilidade” (BASSANEZI, Carla Beozzo; PEDRO, Joana Maria (org.). Nova história das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012). Sobre as transformações culturais no mundo após 1945, assinale a única afirmativa falsa: a) Os diversos movimentos feministas destacaram-se em muitas sociedades ocidentais denunciando as desigualdades de gênero e reivindicando direitos iguais para homens e mulheres. b) A chamada Guerra Fria polarizou o debate políticoideológico no mundo, afetando a descolonização na Ásia e África, as ditaduras de segurança nacional na América Latina, a corrida espacial e até mesmo os jogos olímpicos. c) Na década de 1960, os jovens foram protagonistas de movimentos de contestação política e cultural que rejeitavam a submissão da mulher ao homem e os papéis tradicionais de mãe e dona de casa atribuídos à condição feminina. d) O avanço tecnológico e científico que resultou na pílula anticoncepcional e outros métodos contraceptivos, na segunda metade do século XX, teve um papel na mudança cultural que levou muitas pessoas a verem o sexo como fonte de prazer e não mais apenas como meio de reprodução. e) Depois de décadas de lutas feministas, homens e mulheres já se encontram atualmente em plena igualdade social e política em todo o mundo, na representação parlamentar, na valorização profissional, nos papéis familiares etc. 6. “O Segundo Sexo” é um clássico publicado por Simone de Beauvoir em 1949. É uma obra seminal que estabeleceu de imediato uma discussão sobre a condição feminina e o(s) feminismo(s). No livro, a autora afirma que: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.” Apesar das várias polêmicas suscitadas, tem servido de referência para a maior parte dos ensaios, debates e discussões posteriores. São dois livros sobre a situação da mulher e o seu papel na sociedade. Com base no recorte do texto de Simone de Beauvoir, assinale a alternativa CORRETA: a) O texto de Simone de Beauvoir é uma afirmação determinista sobre o processo de formação da mulher, que se torna plena apenas quando atinge a maturidade. b) Segundo a perspectiva de Beauvoir, uma menina não nasce mulher, mas se torna mulher apenas quando cumprir com a perspectiva tradicional que a sociedade lhe exige. c) Numa perspectiva histórica e apoiando-se sobre experiências vividas, Simone de Beauvoir mostra o conceito de feminilidade como uma construção cultural em um mundo dominado pelos homens. d) Simone de Beauvoir despreza a experiência histórica quando afirma que a mulher se torna plena apenas quando cumpre com seu papel social de mãe e mantenedora dos valores da família. e) Segundo Beauvoir, é impossível uma igualdade total entre os homens e mulheres, já que historicamente os homens conquistaram maiores espaços de poder. Filosofia 7. A mulher tem progesterona; estrogênio. A questão é afirmar que a produção desses hormônios definem e determinam o comportamento da mulher. Ou, em relação ao homem, dizer: a testosterona faz com que o homem seja mais aguerrido, um líder. Logo, uma mulher pode pensar: “eu não tenho testosterona, então não faz parte da minha natureza ser líder”. Comparando o pensamento de Beauvoir ao expresso na frase anterior, marque qual das afirmações abaixo está correta: a) Beauvoir diria que a mulher e os papéis que irá assumir na sociedade não são determinados por sua biologia. b) O pensamento de Beauvoir e o expresso acima não tem qualquer relação. c) Beauvoir concordaria com o autor ao reconhecer que a biologia humana define os papéis que a mulher poderá assumir na sociedade. d) Beauvoir não poderia aceitar as ideias relatadas acima, pois para ela a mulher possui um complexo de inferioridade, de caráter psíquico e não biológico. e) Beauvoir diria que a Biologia expressa de maneira científica a essência, que antecede a existência da mulher. 8. O que é ser mulher? Filósofa francesa, existencialista e feminista, Simone de Beauvoir escreveu O segundo Sexo em 1949 a fim de investigar respostas populares para essa questão. No livro, Beauvoir argumenta que a mulher não nasce com uma essência definida, ela se torna o que é a partir de sua educação e de suas escolhas. Ela não é por natureza incapaz de cuidar de assuntos políticos ou se dedicar a atividades fora de casa, por exemplo. Ao contrário pode fazer isso desde que não seja tolhida pela educação. No entanto, ainda hoje persistem ideias de que mulheres possuem uma essência ou natureza definida, expressas em várias afirmações cotidianas. Assinale a alternativa que seja compatível com o raciocínio de Beauvoir. a) Cuidar dos filhos é tarefa primordial das mulheres. Elas ficam grávidas, os homens não. b) Ao incentivarmos meninos pequenos a brincar de carrinho e de luta, e meninas a brincar de boneca e de cozinha, estamos educando para comportamentos diferentes na vida adulta. c) As mulheres são o sexo frágil e por isso precisam ser protegidas pelos homens. Homens são mais fortes física e emocionalmente. d) As mulheres são mais aptas ao contato humano, ao cuidado interpessoal. Por isso vemos tantas enfermeiras mulheres, e não homens. e) Toda mulher sonha em casar e ter filhos. Por isso, elas possuem um dom natural paras tarefas domésticas e para a maternidade. Filosofia 9. TEXTO I É preciso, inicialmente, reunir as pessoas que não podem passar umas sem as outras, como o macho e a fêmea para a geração. Essa maneira de se perpetuar não é arbitrária e não pode, na espécie humana, assim como entre os animais e as plantas, efetuar-se senão naturalmente. É para a mútua conservação que a natureza deu a um o comando e impôs a submissão ao outro. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. TEXTO II Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. Comparando os dois texto, é correto afirma que a) Beauvoir concorda com Aristóteles quando ele afirma que a natureza deu ao homem o comando e a submissão à mulher. b) Beauvoir discorda de Aristóteles ao defender que a natureza não determina o que deverá ser a mulher. c) Aristóteles defendia a importância de fatores culturais na definição de papéis de gênero, da mesma forma que Beauvoir. d) Beauvoir, como Aristóteles, partia da biologia para entender que papéis a mulher deveria desempenhar. e) Beauvoir defendia a importância dos fatores econômicos na forma que a mulher assume na sociedade, enquanto Aristóteles defendia a importância dos fatores biológicos 10. (Enem, 2015) Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. (BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980) Na década de1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a): a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual. b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho. c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero. d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos. e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas. Filosofia Gabaritos Exercícios de fixação 1. No que diz respeito à biologia, ela concluiu que, mesmo que haja uma natureza feminina diferente da natureza masculina, isso não justifica a subordinação das mulheres na sociedade. Ou seja, isso não explica o fato das mulheres permanecerem na vida doméstica, presas à vida privada e não conseguirem transcender, isto é, se elevarem para o meio da cultura, como acontece com os homens. Desse modo, qualquer argumentação de caráter biológico não é suficiente para fundamentar a suposta inferioridade das mulheres. 2. Do ponto de vista psicanalítico, ela analisou as teorias tanto de Sigmund Freud quanto de Alfred Adler a respeito das mulheres. Segundo ela, o discurso freudiano de que há um complexo de inferioridade nas mulheres depende de um contexto histórico. Ou seja, se existe um complexo de inferioridade feminio, em relação aos homens, é porque as mulheres estão inseridas em um contexto histórico e social que valoriza muito mais a virilidade do que a feminilidade. 3. No que se refere ao materialismo, ela questionou, sobretudo, as ideias de Friedrich Engels e Karl Marx, pois assim como as teorias freudianas consideravam apenas o ponto de vista masculino, eles partiam de um monismo econômico. Ou seja, da noção de que a situação da mulher se deve apenas a fatores econômicos. No entanto, de acordo com Simone de Beauvoir, as relações entre homens e mulheres superam a dimensão econômica, como acontece, por exemplo, na esfera doméstica. 4. O conceito de androcentrismo é a ideia de que os homens construíram o mundo a partir de sua própria perspectiva, atribuindo a si mesmos o lugar de sujeito (essencial) e à mulher o lugar de objeto (inessencial). Assim, diversas questões relativas à mulher como a desigualdade salarial, a legalidade ou não do aborto e a ideia da sexualidade feminina foram tratadas sempre pela ótica masculina. 5. Na última parte de O Segundo Sexo, intitulada mulher independente, Simone de Beauvoir trata do momento em que as mulheres conquistaram direitos, como o direito ao voto e a possibilidade de trabalhar. No entanto, isso não libertou as mulheres nem da exploração do mundo do trabalho e nem dos afazeres domésticos. Essa dupla jornada terminou por piorar a situação das mulheres. Para sair dessa condição, é preciso transformar a estrutura androcêntrica do mundo. Exercícios de vestibulares 1. B O fragmento apresentado foi extraído da obra O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir. Publicada em 1949, esta obra busca justamente refletir sobre o lugar e o papel da mulher, bem como sobre qual tipo de educação lhe é conveniente. Desse modo, Simone de Beauvoir defende, entre outras coisas, a igualdade entre homens e mulheres. 2. C De acordo com o texto de Mirian Goldenberg, a abordagem realizada por Simone de Beauvoir valoriza princípios do tipo histórico-culturais. Ou seja, busca mostrar que não há uma essência feminina, então não se nasce mulher, torna-se mulher por meio de diversas práticas ao longo da existência. Por isso, ela apresenta as experiências que as mulheres vivenciam, de maneira geral. Filosofia 3. C A alternativa C é a que melhor demonstra o problema apresentado por Simone de Beauvoir. Ou seja, a ideia de que não há, para Beauvoir, qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos. Esse é um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. 4. A A alternativa A está incorreta. De acordo com Silvio Gallo, "A construção da sexualidade é biológica, cultural e histórica, assim como a construção do que somos em outras esferas” e não apenas cultural. 5. E A alternativa E é falsa. Mesmo depois de décadas de lutas feministas, nós ainda não alcançamos a plena igualdade entre homens e mulheres, seja no âmbito social, político, profissional ou familiar. 6. C Se a ideia central do primeiro volume de O Segundo Sexo é provar que não existe uma essência da feminilidade. No segundo volume, a proposta é demonstrar como essa feminilidade é o resultado de uma construção cultural, que corresponde ao mundo androcêntrico em que vivemos. 7. A Comparando o pensamento de Simone de Beauvoir ao pensamento expresso no texto, podemos concluir que Beauvoir diria que a mulher e os papéis que irá assumir na sociedade não são determinados por sua biologia. Portanto, a alternativa A é o gabarito da questão. 8. B Dentre as alternativas, a única que é compatível com o raciocínio de Beauvoir é aquela que diz: "ao incentivarmos meninos pequenos a brincar de carrinho e de luta, e meninas a brincar de boneca e de cozinha, estamos educando para comportamentos diferentes na vida adulta." Assim, o papel da mulher na sociedade se apresenta sempre como sendo inferior ao papel do homem. 9. B Comparando os textos de Simone de Beauvoir e Aristóteles, podemos afirmar que ela discorda de Aristóteles ao defender que a natureza não determina o que deverá ser a mulher. Segundo Beauvoir, a essência da mulher se constrói a partir da sua educação e das suas escolhas e vivências. 10. C Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca a organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero. Por isso, ela é considerada uma das teóricas mais importantes do movimento feminista, sobretudo entre as décadas de 1960 e 1980.
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