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Resenha O Discurso da origem da desigualdade Rousseau

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG 
FACULDADE DE DIREITO 
FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA 
 
 
 
Virgínia Zdradek G. S. de Castro – 150039 – Turma B (noite) 
 
 RESENHA CRÍTICA 
J.J. Rousseau foi um dos principais filósofos da Modernidade, o qual exerceu grande 
influência no Iluminismo. Dentro de suas obras mais importantes, estão O Contrato Social e o 
Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens, obra que será 
discorrida ao longo deste trabalho. 
Na obra em questão, é possível perceber desde a leitura da dedicatória, “À República 
de Gênebra”, a ideação de Rousseau acerca da igualdade por meio da constituição de um 
governo, no qual, ao formar uma unidade, tanto o soberano, quanto o povo tivessem o mesmo 
interesse. Ainda nesse ínterim, Rousseau cita o desejo por viver em uma sociedade pacífica a 
qual não buscasse a conquista de outros territórios e reitera, também, o desprezo pelos governos 
autoritários. O filósofo suíço, cita também, a importância de aceitar o “ser” ao invés do “ter” 
para que dessa forma se atinja a felicidade. Nesse cenário, é válido salientar a força coerência 
acerca do pensamento de Rousseau, visto que este reafirma a cada obra suas ideias referentes 
aos seus ideais de igualdade e do estado de natureza do homem. 
Primeiramente, ao ler a primeira parte do Discurso, Rousseau apresenta uma crítica à 
sociedade partindo da mesma convicção apresentada na sua obra O Contrato Social, afirmando 
que “ O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe” (ROUSSEAU, 1762), o filósofo, 
então, enfatiza que o ser humano mudou de forma que é quase irreconhecível ao seu eu 
primitivo, ou seja, o homem em estado de natureza. Nesse contexto, Rousseau explica, também, 
a existência de duas desigualdades: a desigualdade natural e física, consequência da natureza; 
e a desigualdade moral política, originada pelas convenções criadas pelo homem. O estudo 
discorrido pelo pensador, entretanto, visa analisar a desigualdade moral, política. O escritor 
afirma, além disso, a existência de muitos equívocos nas teorias de origem da desigualdade, 
pois mesmo ao falar do homem selvagem, estas retratavam, com efeito, o homem civil em 
assim, realizavam apenas hipóteses as quais resultavam em um paradoxo Partindo desse ponto 
de vista, o filósofo ressalta a importância de refletir a respeito do homem primitivo, o tem a sua 
origem comparada a origem dos animais, frisando que a fonte da desigualdade seria, portanto, 
os indivíduos que desenvolvem características não inerentes aos seu estado de natureza, ou seja, 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG 
FACULDADE DE DIREITO 
FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA 
 
 
 
esta é construída a partir da inserção do homem à sociedade, ao adquirir conhecimentos. Desse 
modo, Rousseau levanta um questionamento acerca da possibilidade de evitar a infelicidade, se 
por um acaso, o homem voltasse a viver em seu estado de natureza, pois com o passar do tempo, 
ao viver em sociedade, o homem passa a realizar escolha não apenas pelo instinto, mas pelo 
livre arbítrio, o que remove a sua ingenuidade e o torna, como diria o pensador suíço o “seu 
próprio tirano”. 
“Não será porque volta assim ao seu estado primitivo e, enquanto o 
animal, que nada adquiriu e nada tão pouco tem que perder, fica sempre com o 
seu instinto, ele, perdendo de novo, com a velhice ou outros acidentes, tudo o 
que a sua perfectibilidade lhe fizera adquirir, torna a cair assim mais baixo do 
que a própria besta? Tristes de nós se fossemos forçados a convir que essa 
faculdade distintiva e quase ilimitada é a fonte de todas as desgraças do homem; 
que é ela que o tira à força de tempo dessa condição originária na qual ele 
passaria dias tranqüilos e inocentes: que é ela que, fazendo desabrochar com os 
séculos suas luzes e seus erros, seus vícios e suas virtudes, o torna, com o tempo, 
o tirano de si mesmo e da natureza”. (ROUSSEAU, 1755, pg. 56-57) 
Ao fazer a leitura dessa parte, me impressiona o fato de certas convicções de Rousseau 
serem tão pontuais de forma que estas têm um retrato atemporal da sociedade. É inegável que 
desde o surgimento das esferas de poder da sociedade, o que gera a infelicidade (e a 
desigualdade, também) do homem não só é o conhecimento adquirido a partir da existência de 
um modelo não natural de sociedade (e da perfectibilidade), mas também, a vontade como 
sentimento de posse, de dominação e do querer afirmar-se. Esse conceito de vontade é muito 
bem fundamentado em uma leitura que já fiz do filósofo alemão, posterior à Rousseau, Arthur 
Schopenhauer. 
Outrossim, na segunda parte do livro, Rousseau começa discorrendo acerca do 
precursor da sociedade civil afirmando que “o primeiro que, tendo cercado um terreno, se 
lembrou de dizer: Isto é meu, e encontrou pessoas bastantes simples para o acreditar, foi o 
verdadeiro fundador da sociedade civil.” (ROUSSEAU, 1755). Nesse contexto, é válido 
ressaltar que a teoria de Rousseau em qualquer uma das suas obras é pautada na afirmação de 
que a propriedade privada é, de fato, divisora dos homens e originadora de desigualdade. Desse 
modo, o princípio de desigualdade entre os homens, para o filósofo suíço, tem-se no mesmo 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG 
FACULDADE DE DIREITO 
FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA 
 
 
 
momento em que o homem separa para si um conjunto de terra e diz para todos os outros que 
aquilo lhe pertence, criando então, a propriedade privada. A partir disso, surge a ideia de que 
uns merecem mais que outros, tornando o “ter” mais importante que o “ser”, acarretando no 
surgimento de grupos ricos e grupos pobres, e, portanto, a desigualdade entre os homens. Além 
disso, Rousseau afirma, também, que a transformação de um estado de natureza para um estado 
social deve-se a necessidade de adaptação do homem, pois ao surgir as dificuldades foi preciso 
aprender a vencê-las. Logo, o homem aprendeu a vencer os obstáculos da natureza, agindo em 
grupos para combater os outros animais, e, então, convivendo em “nações particulares”, 
aprendeu a disputar a subsistência com outros homens, fortalecendo assim a existência de 
condição do mais forte acima do mais fraco. É preciso destacar também, que segundo a opinião 
do filósofo suíço, a estima pública, fruto da vontade de “olhar e ser olhado”, tem papel 
importante no nascimento da vaidade e do desprezo, que originam, consequentemente, a 
desigualdade. Ademais, o pensador discorre acerca da revolução trazida pelo surgimento da 
agricultura e da metalurgia, que proporcionou a divisão do trabalho e o aumento da noção de 
propriedade privada, surgindo assim, a necessidade das primeiras regras de justiça que 
garantisse a cada um o que é seu e aumentando, também, uma hierarquia e uma desigualdade, 
visto que dois trabalhadores poderiam receber valores distintos. 
Por fim, Rousseau acredita também que a lei contribui para a extinção do estado de 
natureza e para a afirmação da diferença entre o mais forte e o mais fraco. 
“Tal foi ou deve ter sido a origem da sociedade e das leis, que deram 
novos entraves ao fraco e novas forças ao rico, destruíram sem remédio a 
liberdade natural, fixaram para sempre a lei da propriedade e da desigualdade, 
de uma astuta usurpação fizeram um direito irrevogável, e, para proveito de 
alguns ambiciosos, sujeitaram para o futuro todo o gênero humano ao trabalho, 
à servidão e à miséria.” (ROUSSEAU, 1755) 
Portanto, para Rousseau a desigualdade está fundamentada nos diversos fatores que 
contribuíram para que o homem abandonasse o seu estado de natureza, fazendo com que este, 
então, passa-se a viver no estado social, sendo os principais deles: o surgimento da propriedade 
privada e a lei. Sendo assim, é indubitável, que as características do homem, responsáveis pelo 
abandono da sua natureza, como a luxúria, a vaidade, a inveja, a ganância e o ódio sãoUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG 
FACULDADE DE DIREITO 
FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA 
 
 
 
construções da sociedade, impostas pelas necessidades do homem que vive no estado social. 
Nesse sentido, é possível afirmar que apesar de ser uma obra do século XVIII, as ideias 
apresentadas na obra do filósofo suíço, poderiam bem ser uma previsão, ou um retrato, da 
sociedade contemporânea capitalista do século XXI, na qual o homem encontra-se vislumbrado 
pela necessidade do ter, acima do ser, distante de toda sua ingenuidade de natureza desde os 
seus primeiros contatos com a sociedade de forma “racional”. Acerca disso, vale salientar que 
todos esses fatores negativos ligados ao homem no estado social, são os grandes responsáveis 
pelas desigualdades vivenciadas hoje, mais contrastantes do que nunca, em um planeta no qual 
alguns pagam milhões de reais por um objeto descartável, enquanto outros morrem de fome em 
situação de miséria. 
 
 
REFERÊNCIAS 
ROUSSEAU, Jean Jacques. Discurso Sobre A Origem E Os Fundamentos Da Desigualdade 
Entre Os Homens. L&PM, 2008.

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