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1 Tipicidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online TIPICIDADE O crime no seu conceito analítico é formado por fato típico, antijurídico e cul- pabilidade. Dentro do fato típico há: conduta, resultado, nexo e tipicidade. NEXO DE CAUSALIDADE (Cont.) Relação de causalidade Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resul- tado não teria ocorrido. O artigo 13 do CP trata da causalidade simples ou a equivalência dos antece- dentes causais. Toda a conduta que leva a um resultado é causa. A exceção é o artigo 13, § 1º. Superveniência de causa independente § 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Refere-se à causalidade adequada. Relevância da omissão § 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 2 Tipicidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Causalidade normativa. Esta é a posição do garante, aquele que devia e podia agir. O artigo 13, § 2º, refere-se ao crime comissivo por omissão, a posição do garante. O que é o crime omissivo por comissão? É o crime que deveria ser omissivo, mas que responde por comissão. O crime é praticado por comissão. Exemplo: O agente A, na posição de garante que deveria agir para evitar um resultado, deve proteger. Surge o agente B e o agarra, impedindo que A aja. Esse B age em relação a A. O A, ao não agir, em tese, responderia por crime comissivo por omissão (omissivo impróprio), mas B, ao não o deixar agir, cometeu o crime omissivo por comissão. O mesmo ocorre na omissão própria. Exemplo: alguém que está morrendo precisa ser ajudado (dever genérico, artigo 135 do CP). Se A não ajuda, há omissão de socorro. A vai ajudar, mas B o impede, o que caracteriza o crime como omissivo por comissão. TIPICIDADE A tipicidade é o quarto elemento do fato típico. • Tipicidade objetiva (formal e material) Inicialmente a tipicidade, no seu conceito mais antigo era apenas a tipicidade formal. Exemplo: matar alguém (conduta) → atirar (nexo) → morte (resultado). A tipicidade era condição legal, a previsão, para classificar essa conduta como criminosa. A tipicidade formal é a previsão legal da conduta. Para ocorrer o crime, há a necessidade de uma previsão legal de que aquela conduta é criminosa. No artigo 121 do CP, matar alguém é a previsão legal, é a tipicidade formal. Com o tempo verificou-se que só a tipicidade formal causava algumas injustiças. 3 Tipicidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Exemplo: artigo 155 do CP, “subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel”. Determinadas pessoas subtraiam milhões, furtos relevantíssimos e outras pessoas furtavam uma penca de bananas para dar de comer aos filhos. Olhando apenas a tipicidade formal, as duas situações são de subtração para si ou para outrem de coisa alheia móvel. A doutrina concluiu que a tipicidade prevista nesse artigo 155 só pode ser considerada se for relevante para o direito penal. Se não for relevante, não há tipicidade formal, criando-se, então, o conceito de tipicidade material. Hoje a tipicidade é formada pela tipicidade formal da previsão legal e pela tipi- cidade material quando a conduta precisa ser relevante para o direito penal. Se for ínfima, o direito penal não considera e é aplicado o princípio da insignificância. O princípio da insignificância exclui a tipicidade material. A tipicidade material é o inverso do princípio da insignificância. Ou há tipici- dade material e a conduta é relevante para o direito ou a conduta é irrelevante e aplica-se o princípio da insignificância. Modernamente, a doutrina também subdivide a tipicidade em objetiva e tipi- cidade subjetiva. • Tipicidade subjetiva A doutrina considera que, por exemplo, no artigo 121 do CP, “matar alguém”, há elementos subjetivos como o dolo ou de forma culposa. A tipicidade subjetiva é o dolo que está presente no crime, a tipicidade sub- jetiva é subentendida. A prática do crime é de forma dolosa a menos que haja a previsão legal de forma culposa (artigo 121, § 3º). A tipicidade subjetiva é dolo ou culpa. Dentro da tipicidade subjetiva, também o dolo especial, os crimes que pos- suem uma finalidade especial, específica. O dolo geral está subentendido (“matar alguém”), mas quando a lei estabe- lece “com o fim de”, “com a finalidade de”, é o dolo específico. • Fases da tipicidade As fases da tipicidade é a relação do fato típico da tipicidade com a ilicitude ou a antijuridicidade. a) Total independência (Belling); 4 Tipicidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Na teoria clássica do delito, primeiro era verificada a conduta humana, mecâ- nica, não presumia nada quanto à ilicitude. Primeiramente se atentava para a tipicidade e a seguir para a ilicitude. b) Caráter indiciário (ratio cognoscendi) (Mayer); Se há tipicidade, presume-se que é ilícito, há indício de ilicitude. No caráter indiciário, há o pressuposto do ilícito, a não ser que esteja presente uma exclu- dente. c) Essência da ilicitude (ratio essendi) (Mezger); A tipicidade está ao lado da ilicitude. Uma é a essência da outra. d) Teoria dos elementos negativos do tipo. A teoria dos elementos negativos do tipo estabelece que se houver a sub- sunção para não ser ilícito no próprio tipo só será determinado que é típico se a pessoa tiver praticado a conduta, excluindo-se as causas excludentes. No próprio tipo já existem elementos negativos. Exemplo: Somente será homicídio (tipicamente falando) se a pessoa matar e não esti- ver em legítima defesa (elemento negativo). Se matar em legítima defesa, não há o fato típico. A teoria majoritariamente aceita pela doutrina é a de caráter indiciário (ratio cognoscendi) em que há uma presunção iuris tantum, uma presunção relativa porque o agente pode provar que houve uma causa excludente. A presunção absoluta é Iuris et Iure. FORMAS DE ADEQUAÇÃO TÍPICA A adequação típica é a subsunção: é adequar o fato à norma. É o que o dele- gado de polícia faz. Há formas de adequação típica: • Adequação típica por subordinação imediata ou direta A adequação típica por subordinação imediata ou direta dá-se pela simples observação e subsequente encaixe da conduta e do tipo. Exemplo: 5 Tipicidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online A atirou em B e B morreu. Há alguns casos nos quais a pessoa corresponde à adequação típica, mas não imediata. • Adequação típica por subordinação mediata ou indireta (normas de extensão) A atirou em B, mas B não morreu por circunstâncias alheias à sua vontade. No tipo “matar alguém”, o resultado “não morreu” não encaixa. O artigo 121 do Código Penal (CP) é matar alguém, mas não houve morte. Ele tentou, portanto, recorre-se a uma outra norma que se ajuste, o artigo 14 inciso II do CP. Só houve adequação com o recurso a outra norma denominada norma de extensão, que pode ser de duas espécies: – Norma de extensão temporal O agente iniciou a execução, mas o resultado morte não ocorreu por circuns- tâncias alheias a sua vontade. O artigo 121 está no “matar alguém” (resultado). As circunstâncias alheias a sua vontade caracterizam a tentativa. Num momento anterior o agente responde pela tentativa, aplicando-se,portanto, o artigo 121 mais o artigo 14, inciso II, do CP. Esse artigo 14, inciso II, é denominado norma de extensão temporal, porque ela volta no tempo para encontrar condutas ante- riores ao resultado. No final, ela é causa para diminuição de pena (1/3 a 2/3). – Norma de extensão subjetiva A norma de extensão subjetiva aplica-se aos casos de concurso de agentes porque o tipo “matar alguém” é para uma pessoa matando. Quando há duas pes- soas matando, as duas respondem pelo mesmo crime, por homicídio (artigo 121 do CP), mas para que elas possam responder conjuntamente é necessária a apli- cação de uma norma de extensão (artigo 29 do CP) que adote a teoria monista. Se A e B matam C, A e B respondem pelo artigo 121 mais o artigo 29 do CP, que é uma norma de extensão subjetiva porque é relacionada a pessoas. O melhor exemplo de norma de extensão subjetiva é o artigo 29, § 1º do CP, que dispõe sobre o caso do partícipe. O tipo penal é “matar alguém”, o partícipe que colabora, que ajuda, não mata alguém, o que impede que o artigo 121 do CP seja aplicado diretamente a ele. 6 Tipicidade DIREITO PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online A pessoa que entrega a arma para alguém matar está dando auxílio, está colaborando, mas não mata ninguém e é necessária a norma de extensão sub- jetiva. Aquele que colabora também responde. A ATIPICIDADE RELATIVA E A ATIPICIDADE ABSOLUTA A atipicidade é quando a conduta não se amolda, o fato é atípico. A conduta tem que se moldar para que haja o fato típico. Exemplo: A atirou em B, mas B não era uma pessoa, era um boneco. Não matou alguém, não existia alguém, esse fato é atípico. O fato é atípico quando não existe um dos elementos do crime, as chamadas elementares de um crime. Quando falta uma elementar, o fato torna-se atípico. Peculato e prevaricação O artigo 312 do CP é o peculato e o artigo 319 do CP é a prevaricação. No peculato há o desvio, a pessoa se apropria de um bem público ou particu- lar que está na sua posse em razão do cargo. No peculato há uma elementar do tipo, que é ser funcionário público. Na prevaricação a elementar do tipo também é ser funcionário público. Há a mesma elementar tanto para o peculato quanto para a prevaricação. Retirando a elementar, provoca-se a atipicidade. No caso do artigo 312, se for um particular, o peculato não será crime de peculato, será atípico; mas é possível que subsista outro crime, por exemplo, apropriação indébita, que caracteriza uma atipicidade relativa. Na prevaricação não subsiste outro crime, o que constitui uma atipicidade absoluta. ��������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Wallace França.
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