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Análise e Modelagem de Dados Objetivos Unidade I: Introdução à Análise e Modelagem de Dados • Conhecer os princípios da abstração de dados; • Aprender a identificar atributos e entidades. Univates EAD2 Unidade I A construção de um software demanda conhecimentos ligados a diversas áreas da computação, tais como componentes de hardware, linguagens de programação, banco de dados, gestão do processo de software, testes, dentre outras. A área de Análise e Modelagem de Dados estuda a forma com que os dados devem ser estruturados e conectados de forma a prover informação para o Sistema de Informações. Por isso, neste componente curricular, vamos estudar os princípios de abstração de dados; identificar entidades, atributos e relacionamentos; estabelecer cardinalidade; estudar os principais tipos de dados; e desenvolver exemplos de modelagem de dados. Nesta unidade, será realizada uma introdução ao assunto de Análise e Modelagem de Dados, partindo do ponto básico e fundamental que é a informação. A matéria-prima da sociedade moderna corresponde a todo e qualquer dado gerado por indivíduos e empresas. Por meio da agregação, armazenamento e manipulação desses dados, temos condições de gerar análises sobre os mais diversos ramos de negócio e, então, prospectar e planejar novas ações. Para tanto, faz-se necessário entender como as informações estão dispostas em nosso cotidiano e de que forma elas se relacionam. A correta compreensão sobre o modo com que tudo se organiza, propicia maior clareza sobre as áreas de negócio (serviço, varejo, atacado, indústria etc.). É importante perceber, também, que os dados disponíveis são de variados tipos, não padronizados, por vezes incompletos ou até insuficientes. Neste componente curricular, serão trabalhados os conceitos que permitem analisar formulários, casos reais e situações-problema, e, a partir deles, extrair um modelo que represente a melhor estrutura para armazenamento desse conjunto de informações. Introdução à Análise e Modelagem de Dados Conforme Oliveira (2004), dado é um elemento ou valor discreto identificado em sua forma bruta. Visto isoladamente, não possui relevância e/ou propósito, isto é, não leva ao entendimento de um fato ou de uma situação que se está analisando, mas sua importância é fundamental para o conhecimento. Já a informação refere-se ao produto de análise dos dados que existem na empresa e se encontram devidamente registrados, classificados, organizados e relacionados em um determinado contexto, para transmitir conhecimento e permitir a tomada de decisão. Univates EAD 3Univates EAD Análise e Modelagem de Dados A partir desses conceitos, percebe-se que, diariamente, geramos e manipu- lamos uma enorme quantidade de dados, que, rapidamente, se transformam em informação. Eles podem estar em diversos contextos, tais como e-mails, fotos, documentos relacionados com estudo, trabalho ou lazer, ou, ainda, na mídia, em músicas e filmes. Nesse sentido, é possível imaginar a importância e a necessidade de haver um mecanismo para armazenar, de forma organizada, segura e eficiente, os dados com os quais trabalhamos diariamente. Essa ferramenta deve, ainda, levar em con- ta a diversidade de informação que existe e o crescimento, nos últimos anos, dos tipos de dados em formato de mídia (áudio ou vídeo). Com o intuito de organizar os dados, surgem os bancos de dados ou base de dados, ou seja, segundo Heuser (2009), corresponde a uma estrutura organizada de informação capaz de se comunicar com os sistemas de informação. Na prática, os bancos de dados são softwares que executam rotinas para manipulação de dados. Normalmente, esses softwares estão em execução em máquinas específicas, denominadas servidores, mas também podem executar em computadores convencionais, porém com menor desempenho. Executados em plataformas diversas, como Windows, Linux e Mac OS, os bancos de dados podem ser acessados diretamente por meio de consoles de comando ou ferramentas gráficas, para fins de manutenção. No entanto, os usuários finais realizam o acesso por meio de aplicações/programas feitos em uma linguagem de programação, como Java, PHP, Delphi e C# (os conhecimentos relacionados à lógica de programação e linguagens de programação serão abordados em outros componentes curriculares). Isso ocorre quando, por exemplo, em uma loja, os vendedores usam um sistema de lançamentos de pedidos para efetuar a venda de um produto. Nesse caso, ao concluir a venda, a própria aplicação (ou seja, o sistema) envia os dados para serem gravados em um banco de dados. Observe na imagem a relação entre o banco de dados, o servidor e o usuário: Univates EAD4 Unidade I Como exemplos de bancos de dados, temos os seguintes: Oracle, PostgreSQL, MySQL, SQL Server, Firebird, DB2 IBM e SQLite. Os bancos de dados PostgreSQL, MySQL, Firebird e SQLite são free e open source, logo, possuem uma licença aberta, que permite seu uso e acesso ao código-fonte. Contudo, antes de trabalhar com qualquer um dos bancos de dados citados, é importante considerar os seguintes aspectos: • planejar previamente os dados que serão armazenados; • ter domínio sobre a área de negócio em que serão armazenados os dados; • identificar os dados relevantes a serem armazenados e estabelecer relações entre eles; • usar a técnica de abstração para melhor visualizar o todo e realizar um mapeamento mais preciso dos dados. Dentro do contexto de Sistemas de Informação - isto é, a área a que seu curso pertence -, os dados armazenados e gerenciados por bancos de dados são previamente analisados e projetados na fase de análise e modelagem, da qual estamos tratando neste componente curricular. Nesse momento, um breve conceito de banco de dados foi fornecido com intuito de enquadrar a utilidade dessa fase de modelagem de dados no desenvolvimento de um software. Em componente curricular específico, os bancos de dados serão abordados com maior profundidade. Fonte: Univates (2018). Univates EAD 5Univates EAD Análise e Modelagem de Dados Agora que você já sabe um pouco mais sobre dado e informação, realize o desafio para testar seus conhecimentos. Desafio Você é capaz de diferenciar dado de informação? Leia atentamente as frases a seguir e escreva 1 para dado e 2 para informação. a. ___ Saldo inicial: R$ 150.000,00. b. ___ Horários de entrada de um funcionário no mês de janeiro. c. ___ Taxa de analfabetismo da população brasileira em 2010. d. ___ Lucro obtido ao final de um ano. e. ___ Quantidade de atrasos/faltas de um funcionário no mês de janeiro. f. ___ Resultado de um jogo de futebol. g. ___ Posição de um time na tabela de classificação de um campeonato de futebol. Abstração de dados Segundo a definição do dicionário, o termo abstração corresponde a uma “operação intelectual por meio da qual se separam, apenas no pensamento, elementos ou aspectos de uma totalidade que não podem subsistir isoladamente” (AULETE, 2018, texto digital). No contexto da análise para preparação da modelagem de dados, a abstração de dados consiste em procurar entender quais são as informações importantes de serem mapeadas, mesmo que não se saiba muito sobre a área de negócio. Nessa etapa, alguns detalhes, como tecnologia (linguagem de programação), plataforma operacional, conhecimento da equipe desenvolvedora e hardware, devem ser desprezados. De uma forma mais prática, imaginemos que estamos projetando um caixa eletrônico bancário. No momento da concepção da ideia e das discussões iniciais, a preocupação deve estar voltada para o problema e os elementos que compõem esse negócio. Dessa forma, em vez de debater sobre a cor do equipamento, os tipos de botão a serem utilizados ou o horário de abertura/fechamento da agência, é necessário definir quem são os usuários que utilizam esse equipamento/sistema e quais tipos de ações eles realizam. Em resumo, o importante é manter o foco na ação central do negócio. Outro exemplo é o uso de banco de dadosem um pequeno mercado. Sabemos que pessoas frequentam um mercado em busca de produtos. Após escolherem seus produtos, elas se dirigem ao caixa para, então, efetuar a compra. Quando vamos planejar um banco de dados para uma empresa com essas características, devemos imaginar, de maneira imparcial, a solução para o problema. Para isso, Univates EAD6 Unidade I Princípios da organização de dados Até esse momento, vimos alguns conceitos básicos a respeito de dados, informações e abstração. Para melhor compreender como isso se encaixa no processo de Análise e Modelagem de Dados, vamos exemplificar alguns casos do nosso dia a dia. Observe as duas imagens a seguir: Fonte: Univates (2018). focamos nosso pensamento em: • Pessoa: dados relevantes a serem armazenados acerca de uma pessoa qualquer; • Produto: características de um produto; • Venda: o que é relevante armazenar a respeito de uma venda. Univates EAD 7Univates EAD Análise e Modelagem de Dados Fonte: https://goo.gl/2R8VRb. A primeira imagem refere-se a um exemplo genérico de comanda, comumente utilizada em restaurantes, bares e afins. Já a segunda imagem apresenta a escala de voos exibida nos telões de aeroportos. Em ambas as situações, não é costume perguntarmos como as informações estão organizadas e como estão armazenadas, uma vez que ter acesso à informação é suficiente para os usuários em geral. Contudo, será que as informações são armazenadas da forma como são exibidas? Quantos elementos estão envolvidos nas duas circunstâncias aqui apresentadas? No caso da comanda, podemos estabelecer a lógica de que todo pedido é anotado por um garçom em relação ao pedido de um cliente que está sentado em uma mesa. Esse pedido envolve itens, quantidades e valores. Podemos perceber, portanto, que estão envolvidos, pelo menos, quatro elementos: Garçom, Mesa, Cliente e Produtos. Já no exemplo do painel de voos, percebem-se os elementos seguintes: Companhia aérea, Portão de embarque, Escala de horário, Número do voo e Situações dos voos. Embora todas essas informações apareçam juntas em uma única visualização - seja num painel digital (escala de voos) ou num papel (comanda) -, na lógica de construção de um Sistema de Informações, esses dados são extraídos de fontes diferentes, relativas a cada elemento envolvido - seja ele Cliente, Garçom ou Número do voo. Essa separação prévia das informações garante vantagens, como organização, padronização e facilidade em replicar os dados. Univates EAD8 Unidade I Exemplo disso é um restaurante que passa a produzir um novo prato, isto é, um novo produto. A estrutura da comanda em si não necessita ser alterada, pois ela permite continuar vendendo todos os itens já existentes no cardápio e, ainda, acrescentar com facilidade e flexibilidade o novo prato. Desse modo, a entrada de um novo produto no cardápio não exige modificação em sua estrutura de armazenamento, pois cadastrar produtos é diferente de registrar sua venda em uma comanda. Há comunicação/relação entre esses elementos, mas a independência entre eles é o que possibilita essa inclusão de produto de forma fácil e estruturada. Essa linha de raciocínio apresentada se aplica, também, aos exemplos a seguir: pedidos de compra, cupons fiscais de supermercado, notas e frequências de alunos em escolas, ordens de produção em indústrias e registros financeiros, tais como contas a pagar, contas a receber e movimentação de caixa. Introduzindo os conceitos de Modelo e Modelagem Um termo muito utilizado no planejamento de uma base de dados é modelagem. Diz-se que antes de construir um sistema qualquer, realiza-se a modelagem de dados desse sistema. Segundo Rumbaugh (1994, p. 23), “um modelo é a abstração de alguma coisa para permitir que se conheça essa coisa antes de construí-la”. A “coisa” a ser modelada, de acordo com Rumbaugh, pode ser qualquer item que nos cerca e que acompanha os mais variados ramos de negócio. O mais interessante na ação de modelar, sob o ponto de vista de Sistemas de Informação, é a necessidade enxergar as coisas e transpô-las para um mundo digital. Essas coisas podem ser tangíveis ou intangíveis. Se pensarmos em uma revenda de carros, por exemplo, o Veículo, o Vendedor e Cliente, participantes de uma transação de compra/venda, são totalmente tangíveis. No entanto, temos que enxergar a necessidade de mapear, também, nessa transação, elementos como a Marca do veículo e o Modelo do veículo, que são fundamentais para o processo de negócio, apesar de não existirem fisicamente. Modelagem Entidade-Relacionamento – ER Como já vimos nesta unidade, os dados são partes isoladas de conteúdo; no entanto, aos relacionarmos com outros dados, tornam-se informação. Além disso, com base nos exemplos apresentados anteriormente, percebemos que existe relação entre dados distintos, como é o caso de uma transação de compra/venda, em que há elementos diversos, como Cliente, Vendedor, Itens vendidos, Marcas, Modelos etc. Univates EAD 9Univates EAD Análise e Modelagem de Dados Uma forma de representar a relação existente entre as coisas, sob o ponto de vista da relação de dados, é a construção de um Modelo Entidade-Relacionamento ou Modelo ER. Para isso, são passos fundamentais o entendimento do problema, a identificação das entidades e, então, o estabelecimento de uma relação entre elas. Dessa forma, faz-se algumas afirmações a esse respeito: • A Modelagem de Dados descreve de maneira formal a estrutura de um banco de dados; • A Modelagem ER é uma técnica de modelagem amplamente utilizada para expressar os dados e seus relacionamentos; • Origina-se da Modelagem ER o Diagrama de Entidade-Relacionamento, que será estudado na Unidade 2. Para entendermos melhor, pensemos na área da Arquitetura/Engenharia: um arquiteto ou engenheiro planeja (projeta) uma casa. O cliente aprova o projeto e, então, inicia-se a construção. De maneira similar é a função do Analista de Sistemas, responsável por analisar o problema a ser resolvido. De posse das informações, projeta-se o software por meio de modelos, definições de regras de negócio e técnicas. Ao desenvolvedor - isto é, o profissional que codifica o sistema utilizando uma determinada linguagem de programação, um banco de dados e demais ferramentas pertinentes ao processo-, cabe implementar a solução. A ideia aqui é compreender, ainda de maneira macro, que, antes da construção de algo, é natural que seja elaborado um modelo ou projeto. A ação de construir um modelo dá aos projetistas ideia mais precisa sobre a implementação do artefato a ser produzido. A Modelagem ER é composta pelos seguintes elementos: • entidade: “conjunto de objetos da realidade modelada sobre os quais deseja-se manter informações no banco de dados” (HEUSER, 2009, p. 34); • atributos: pertencentes a uma entidade. Caracterizam uma entidade. • valor de atributo: são informações em um dado momento para uma certa entidade ou instância de entidade; • relacionamento: conjunto de associações entre ocorrências de entidades. Observe, no quadro abaixo, uma aplicação desses elementos: Univates EAD10 Unidade I Como podemos perceber, os atributos representam as características genéricas pertencentes às entidades. Já o valor de atributo é apenas uma possível ocorrência de cada entidade. Lembre-se Uma das fases mais complexas do processo de desenvolvimento de um sistema diz respeito ao processo de modelagem do banco de dados, pois ele define quais informações devem ser armazenadas pela aplicação. Visto que uma entidade pode ser qualquer objeto, classe ou grupo do mundo real, é comum dizer que ela só existe se for possível determinar pelo menos dois atributos (características) relacionados a ela. Para a entidade Pessoa, por exemplo, podemos pensar nos seguintes atributos: Nome, Data de nascimento, CPF, Peso, Altura, Tipo sanguíneo etc. A entidade Pessoa pode representar um exemplo, de certa forma, desleal, pois é fácil encontrar atributos para essa entidade.Uma pessoa pode ser caracterizada por diversos atributos, alguns múltiplos como: e-mail 1 e e-mail 2, telefone residencial, telefone celular 1 e telefone celular 2. Dados como esses são muito comuns hoje em dia. Nesta unidade, você foi introduzido à área de Modelagem de Dados. Foram explorados conceitos de abstração de dados, entidade, atributos, ainda que de maneira breve. A identificação de entidades e mapeamento de atributos será explorada com maior profundidade na próxima unidade. Fonte: Univates (2018). Univates EAD 11Univates EAD Análise e Modelagem de Dados Nesta primeira unidade, estudamos sobre os dados que nos cercam e sobre a importância de armazená-los com o objetivo de gerar informação. Para continuarmos o nosso debate sobre o assunto, acesse o Ambiente Virtual e siga as orientações para a elaboração de uma postagem no fórum. Resposta do desafio a. ( 1 ) b. ( 1 ) c. ( 2 ) d. ( 2 ) e. ( 1 ) f. ( 2 ) g. ( 1 ) Exercício Univates EAD12 Unidade I Referências AULETE. Abstração. 2018. Disponível: <http://www.aulete.com.br/ abstra%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 4 abr. 2018. HEUSER, Carlos Alberto. Projeto de banco de dados. Porto Alegre: Bookman, 2009. OLIVEIRA, Djalma de P. R. de. Sistemas de Informações Gerenciais: estratégicas, táticas, operacionais. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2004. RUMBAUGH, James; BLAHA, Michael; PREMERLANI, William. Modelagem e projetos baseados em objetos. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
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