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Campo de Aplicação APRESENTAÇÃO A contabilidade pública se aplica a todas as entidades de direto público interno, por isso é considerada um dos ramos mais complexos da Ciência Contábil. Entre essas entidades estão os governos municipais, estaduais, federais e o distrito federal. Existem normas que precisam ser seguidas pelos profissionais de contabilidade que atuam nesse setor, são normas específicas. Nesta Unidade de Aprendizagem será possível entender melhor os aspectos relacionados ao seu campo de aplicação. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os aspectos do campo de aplicação da contabilidade pública.• Identificar a legislação aplicável a cada caso.• Distinguir os tipos de unidade contábil.• DESAFIO Não apenas os entes federativos, como união, estados e municípios precisam seguir as normas, leis e outras legislações da contabilidade pública. Existem alguns tipos específicos de empresa que também precisam se utilizar dessa contabilidade específica. São os entes federativos como pessoas de direito público, os ligados ao poder legislativo, poder judiciário e outros. Imagine que você é um gestor público de determinada localidade e sobre sua mesa chega a proposta de um projeto para a criação da "Casa de Cultura Artista Brasileiro da Silva". Esta iniciativa abrigará museu, teatro e atelier, entre outras instalações para o fomento da cena artística local. Esta entidade terá o seu funcionamento custeado por recursos públicos e não tem fins lucrativos. Com base nestas informações, de qual entidade do campo de aplicação da contabilidade pública estamos tratando? E qual unidade contábil é aplicada no caso da criação da "Casa de Cultura Artista Brasileiro da Silva"? Justifique suas respostas. INFOGRÁFICO A contabilidade pública é regulamentada por normas que auxiliam na elaboração e no controle dos orçamentos e dos balanços contábeis dos entes federativos como estados, união e municípios. Seu campo de aplicação compreende as entidades de direito público, como os entes federativos, autarquias e fundações. Assim como a contabilidade das empresas privadas, a contabilidade pública registra e evidencia o patrimônio das entidades a quem se destina. Veja, no esquema a seguir, os pontos-chave relacionados ao campo de aplicação da contabilidade pública, onde estão destacados os itens tratados nesta Unidade de Aprendizagem. CONTEÚDO DO LIVRO A contabilidade pública se aplica à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios através de metodologia especialmente concebida para tal, que se utiliza de contas escrituradas segundo normas específicas, que constituem o sistema contábil público. Leia mais informações sobre o assunto no conteúdo a seguir, indicado como base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Leia o capítulo Patrimônio público: campo de aplicação da obra Fundamentos de Contabilidade Pública que é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. FUNDAMENTOS DE CONTABILIDADE PÚBLICA Thiago Bernardo Borges B732f Borges, Thiago Bernardo. Fundamentos de contabilidade pública [recurso eletrônico] / Thiago Bernardo Borges. – Porto Alegre : SAGAH, 2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-43-2 1. Contabilidade pública – Fundamentos. 2. Administração pública. I. Título. CDU 657:35 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 Patrimônio público: campo de aplicação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os aspectos do campo de aplicação da contabilidade pública. � Identificar a legislação aplicável a cada caso. � Distinguir os tipos de unidade contábil. Introdução A contabilidade pública se aplica a todas as entidades de direito pú- blico interno, por isso é considerada um dos ramos mais complexos da ciência contábil. Neste texto, você entenderá melhor os aspectos relacionados ao seu campo de aplicação. Campo de aplicação A contabilidade pública se aplica à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Uma metodologia foi desenvolvida especialmente para ela. Essa metodologia utiliza contas escrituradas segundo normas específicas que constituem o sistema contábil público. A Tabela 1 apresenta um esquema do campo de aplicação da contabilidade pública. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA União CONTABILIDADE PÚBLICA Estados Municípios DF INDIRETA Autarquias Fundações públicas Empresas públicas* CONTABILIDADE PRIVADA Sociedades de economia mista* * Existem exceções, se forem dependentes (despesas de pessoal ou custeio geral). Tabela 1. Campo de aplicação da contabilidade pública. Exceções ao campo de aplicação Eventualmente, uma empresa pública ou de economia mista é classificada como dependente. Quando isso acontece, ela deixa de produzir as informa- ções contábeis sobre a base da contabilidade aplicada ao setor privado. Nesse caso, passa a utilizar a contabilidade aplicada ao setor público. Uma empresa é chamada de dependente quando é controlada e recebe do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pes- soal, de custeio em geral ou de capital. São excluídos, no último caso, aqueles custos provenientes de aumento de participação acionária. Um exemplo de empresa dependente é a Embrapa. Conforme a LOA 2012 do Governo Federal, ela receberia mais de R$ 1 bilhão para remuneração de seus funcionários. Patrimônio público: campo de aplicação 181 A NBC T 16.1 estabelece que a contabilidade aplicada ao setor público abrange todas as entidades deste. Essas entidades devem observar as normas e as técnicas próprias da CASP. Para isso, deve ser considerada a seguinte definição: � Integralmente: as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos pro- fissionais; � Parcialmente: as demais entidades do setor público, para garantir procedimentos suficientes de prestação de contas e instrumentalização do controle social. Saiba mais Aplicação integral pelos serviços sociais Os serviços sociais são conhecidos como Sistema S (Sebrae, Senai, Sesi, Sesc, Sest, etc.). Eles são pessoas jurídicas de direito privado. Suas receitas são oriundas de contribuição sociais e de serviços prestados. Aplicação integral pelos conselhos profissionais Os conselhos profissionais, federais ou regionais são autarquias tidas como atípicas. Elas são classificadas dessa forma pois defendem os interesse priva- dos de determinado grupo, ou seja, da respectiva categoria que representam. Figura 1. Empresa pública dependente. Fundamentos de contabilidade pública182 Contudo, também são entidades de interesse público. Isso porque fiscalizam e normatizam o exercício profissional da categoria. Podem, assim, ser finan- ciadas por contribuições estabelecidas pelo Estado. Aplicação parcial, apenas para fins de prestação de contas Abrange quem recebe pontualmente recursos públicos para aplicação em de- terminados projetos. Essas pessoas devem utilizar as regras de contabilidade pública de maneira parcial. Ou seja, apenas para registro e posterior prestação de contas desses recursos específicos. Pessoas físicas que recebam subvenção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício de órgão público As pessoas físicas se equiparam, para efeito contábil, a entidades do setor público. No link abaixo você vai ver mais informações sobre o campo de aplicação da contabilidade pública. https://bit.ly/3lb8lQZ Link Unidade contábil A unidade contábil é uma questão operacional. Ela busca realizar a delimita- ção do patrimônio público sob análise. Assim, permite que análises diferentes sejam realizadas a respeito de um mesmo objeto. É possível haver desde uma análise macro até uma no nível mais detalhado. A soma, agregação ou divisão de patrimônio de uma ou mais entidades do setor público resultará em novas unidades contábeis. Esse procedimentoserá utilizado nos seguintes casos: � Registro dos atos e fatos para atender à necessidade de controle e presta- ção de contas, de evidenciação e de controle social; Patrimônio público: campo de aplicação 183 � Unificação de parcelas do patrimônio público vinculadas a unidades con- tábeis descentralizadas; � Consolidação de entidades do setor público para atender às exigências le- gais ou gerenciais. ORIGINÁRIA Representa o patrimônio das entidades do setor público na condição de pessoas jurídicas. DESCENTRALIZADA Representa parcela do patrimônio da unidade contábil originária UNIFICADA Representa a soma ou a agregação do patrimônio de duas ou mais unidades contábeis descentralizadas CONSOLIDADA Representa a soma ou a agregação do patrimônio de duas ou mais unidades contábeis originárias. Tabela 4. Campo de aplicação da contabilidade pública. Legislação aplicável Leis basilares � Lei 4.320/64: institui as Normas Gerais de Direito Financeiro para ela- boração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal; � Lei Complementar 101/2000: conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), com destaque para o Capítulo IX, Seção II, da Escrituração e Consolidação das Contas (arts. 50 e 51); � Para o Governo Federal, ainda é importante destacar a Lei 10.180/01. Ela organiza e regula os sistemas federais de planejamento e orçamento, de ad- ministração financeira e de contabilidade, além de dar outras providências. Legislação complementar �NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL: Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público. � NBC T 16 – Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público; � Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (STN/SOF); � Manuais da Receita e da Despesa Nacional (STN/SOF). Fundamentos de contabilidade pública184 Regime contábil De acordo com a NBC TSP Estrutura Conceitual, o regime contábil que será aplicado é o regime de competência. Até 2009, o regime aplicado ao setor público, conforme a Lei 4.320/64, era o regime misto – caixa para receita e competência para a despesa. Hoje, o regime misto aplica-se ao sistema orçamentário e a mais dois casos. Fique atento O art. 6º da Portaria Conjunta STN/SOF nº 3/2008 assim dispõe: [...] São mantidos os procedimentos usuais de reconhecimento e registro da receita e despesa orçamentárias, de tal forma que a apropriação patrimonial: I – não modifique os procedimentos legais estabelecidos para o registro das receitas e despesas orçamentárias; II – não implique necessariamente modificação dos critérios estabelecidos no âmbito de cada ente da Federação para elaboração das estatísticas fiscais e apuração dos re- sultados fiscais de que trata a Lei Complementar nº 101/2000; III – não constitua mecanismo de viabilização de execução de despesa pública para a qual não tenha havido a devida fixação orçamentária. Saiba mais Patrimônio público: campo de aplicação 185 LEI COMPLEMENTAR 101/2000: CONHECIDA COMO LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF). Recuperado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso 27/06/2016. LEI 4.320/64. Recuperado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>. Acesso 27/06/2016. LEI 10.180/01. Recuperado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/ L10180.htm>. Acesso 27/06/2016. MANUAL DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO (STN/SOF). Recuperado de: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/mcasp>. Acesso 27/06/2016. NBC T 16 – NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS AO SETOR PÚBLI- CO. Recuperado de: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/ Setor_P%C3%BAblico.pdf>. Acesso 27/06/2016. PORTARIA CONJUNTA STN/SOF Nº 3/2008. Recuperado de: <http://www3.tesouro.gov. br/legislacao/download/contabilidade/PortariaConjunta3.pdf>. Acesso 27/06/2016. RESOLUÇÃO CFC Nº 1.111/07 – APÊNDICE II DA RESOLUÇÃO CFC Nº 750/93. Recuperado de: <www.oas.org/juridico/portuguese/res_750.pdf>. Acesso 27/06/2016. Leituras recomendadas ANDRADE, N. A. Contabilidade pública na gestão municipal. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ARAUJO, I. P. S.; ARRUDA, D. G.; BARRETO, P. H. T. O essencial da contabilidade pública: teoria e exercícios de concursos públicos resolvidos. São Paulo: Saraiva, 2009. BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade pública: teoria, técnicas de elaboração de balanços e 500 questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. KOHAMA, H. Contabilidade pública: teoria e prática. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LIMA, D. V.; CASTRO, R. G. Contabilidade pública: integrando união, estados e municípios. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, A. B. S. Controladoria governamental: governança e controle econômico na implantação das políticas públicas. São Paulo: Atlas, 2010. PEREIRA, J. M. Curso de administração pública: foco nas instituições e ações governa- mentais. São Paulo: Atlas, 2008. PISCITELLI, R. B.; TIMBÓ, M. Z. F. Contabilidade pública: uma abordagem da administração financeira pública. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Referências Patrimônio público: campo de aplicação 186 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR A contabilidade pública se destina a todos os [órgãos que são abrangidos pelo orçamento fiscal e a seguridade social. Essas entidades devem seguir as normas na NBC TSP Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil das empresas públicas. Não apenas a NBC TSP, existem outras Leis, decretos e resoluções que também precisam ser seguidos. Acompanhe no vídeo um detalhamento sobre os campos de aplicação, incluindo as unidades contábeis e a legislação aplicável. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A qual(ais) entidade(s) de direito público interno se aplica a contabilidade pública? A) Apenas à União. B) União e Estados. C) União, Estados, Distrito Federal e Municípios. D) Estados, Distrito Federal e Municípios. E) Apenas Municípios. 2) Qual escopo deve ser considerado pelas entidades ao observar as normas e técnicas próprias da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP)? A) Integralmente, as entidades privadas, os serviços terceirizados e os conselhos profissionais. B) Parcialmente, as entidades do terceiro setor, para garantir exclusão de procedimentos desnecessários para a prestação de contas. C) Integralmente, se utiliza de contas escrituradas segundo normas específicas que constituem o sistema contábil público. D) Parcialmente, entidade controlada que recebe do Ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária. E) Integralmente, as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos profissionais. 3) Em que caso poderá ser utilizado o procedimento de unidade contábil? A) Registro dos atos e fatos em atendimento à necessidade de controle e prestação de contas, de evidenciação e controle social. B) Divisão de parcelas do patrimônio público, desvinculando das unidades contábeis descentralizadas. C) Decadência de entidades do setor público por causa da rigidez no atendimento das exigências legais ou necessidades gerenciais. D) Registro das parcelas do patrimônio público vinculadas a atos e fatos em atendimento, para fins de atendimento das exigências legais. E) Unidade contábil é um conceito que caiu em desuso na contabilidade pública. 4) Qual unidade contábil representa a soma ou a agregação do patrimônio de duas ou mais Unidades Contábeis Descentralizadas? A) Consolidada. B) Unificada. C) Descentralizada. D) Originária. E) Aplicada. 5) Quanto ao campo de aplicação, podemos afirmar que: A) A autarquia desempenha serviço público de forma centralizada e o patrimônio inicial é formado pela transferência de bens do ente criador. B) A empresa pública explora atividade econômicaou executa serviço público; capital misto (público/privado), porém com controle público. C) A sociedade de economia mista explora atividade econômica ou executa serviço público; capital público ou privado (misto) e assume apenas a forma de sociedade anônima. D) A fundação é uma entidade dotada de personalidade jurídica de direito público, possui fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público. E) A sociedade de economia mista é uma empresa que recebe do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital. NA PRÁTICA Em uma periodicidade anual, a lei de diretrizes orçamentárias da União reforça o modo indireto. Isso acontece ao estabelecer que a execução orçamentária e financeira de receitas e despesas das entidades dotadas dos orçamentos fiscal e seguridade social, deve ser registrada na modalidade “total” no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI, que é o sistema utilizado pela Contabilidade Pública Federal. Há normas da Secretaria do Tesouro Nacional que disciplinam procedimentos para registro das receitas e despesas das empresas estatais dependentes. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Contabilidade e auditoria no setor público No link abaixo você vai ler um estudo que analisa uma amostra de contadores e verifica sua percepção sobre a adoção das normas brasileiras aplicadas ao setor público no Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Contabilidade pública e controle social No link abaixo você vai ler um estudo sobre as características da informação contábil, analisa também, as ferramentas utilizadas no controle social. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Contribuição da contabilidade na gestão dos recursos públicos No link abaixo você vai ler um estudo que identifica a contribuição da contabilidade para a gestão dos recursos públicos em saúde. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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