Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GUIA METODOLÓGICO HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR GUIA METODOLÓGICO Higiene e Saúde Escolar 2010 FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMÁRIO REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Equipa ESE/ESS de Setúbal (Portugal) Ana Paula Gato Fátima Bicho Lino Ramos Paula Leal MP Benguela (Angola) Colaboração de Ana Paula Saldanha Criação e Design JL Andrade www.jlandrade.com ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL www.ese.ips.pt MAGISTÉRIO PRIMÁRIO DE BENGUELA também disponível em http://moodle.ese.ips.pt Índice 1. Introdução, 9 2. Estrutura do guia, 11 3. Sugestões para a gestão do Programa, 13 4. Orientações Metodológicas, 21 5. Unidades temáticas - conceitos teóricos, roteiros de actividades e materiais pedagógicos, 37 UNIDADE TEMÁTICA - SAÚDE, AMBIENTE E ALIMENTAÇÃO TEMA 1 – higiene e saúde, 37 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos TEMA 2 – saúde ambiental, 76 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos TEMA 3 – alimentação, 103 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos UNIDADE TEMÁTICA - PROMOÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA E FAMÍLIA TEMA 4 – saúde reprodutiva, 144 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos TEMA 5 – a criança na família, 172 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos UNIDADE TEMÁTICA - PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ESCOLA TEMA 6 – educação para a saúde, 186 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos TEMA 7 – saúde escolar, 225 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos UNIDADE TEMÁTICA - DOENÇAS INFECCIOSAS E PROBLEMAS DE SAÚDE – SUA PREVENÇÃO TEMA 8 – as doenças infecciosas e parasitárias mais comuns em angola e sua prevenção, 243 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos TEMA 9 – as doenças sexualmente transmissíveis, 249 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos TEMA 10 – vacinação, 254 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos UNIDADE TEMÁTICA - PREVENÇÃO DE ACIDENTES E PRIMEIROS SOCORROS TEMA 11 – primeiros socorros, 278 Enquadramento conceptual Roteiros de actividades Materiais pedagógicos Actualmente não existe uma visão fragmentada da missão do professor; as expectativas sociais acerca do seu papel exigem-lhe uma formação diversificada que o leve a ajustar a sua prática à realidade que o rodeia. Por outro lado, para crescer pessoal e profissionalmente, o professor deve ir fazendo um percurso de construção de saberes ecléticos e em permanente actualização, não esquecendo que as práticas profissionais estão ligadas às transformações sociais e culturais do meio envolvente. Tendo em conta que o acto de educar tem uma dimensão social, e deve pre- parar os estudantes para a vida estimulando-lhes a criatividade, a vontade de aprender, a curiosidade e a cidadania, a promoção da saúde nas escolas revela- se essencial para um desenvolvimento integral dos estudantes. A formação dos professores na área da saúde permite-lhes aumentar o seu reportório científico e técnico, partir das vivências e da análise do real para aumentar as suas competên- cias e as dos estudantes nesta área. Os aspectos multidimensionais da saúde fa- cilitam também o trabalho de parceria com outros técnicos e com a comunidade. Assim a disciplina de Higiene Saúde Escolar pretende contribuir para a aqui- sição e desenvolvimento de competências na área da saúde dos futuros profes- sores primários angolanos. Surge, não só como disciplina integradora de diver- sos conhecimentos adquiridos noutras disciplinas e até noutros contextos, como oportunidade para que os estudantes possam integrar nas suas práticas ped- agógicas as questões da saúde. Conscientes da relevância do professor primário INTRODUÇÃO 1 10 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA como um dos mais representativos intervenientes no processo educativo dos mais jovens, espera-se que esta disciplina contribua para que também ele possa ajudar na divulgação de estilos de vida e comportamentos saudáveis, de medi- das preventivas e de manutenção da saúde. Este guia metodológico, não pretendendo ser uma resposta acabada para to- das as situações que se possam colocar ao professor neste domínio, apresenta- se como um instrumento de gestão e planeamento das actividades docentes e como recurso de apoio científico e pedagógico ao trabalho do professor. Privi- legiou-se na sua organização um aprofundamento dos conceitos e problemáti- cas de saúde, facto que foi considerado vantajoso para os professores visto que, como líderes locais, poderão desenvolver um trabalho notável na promoção da saúde das populações. Acreditamos que este documento se constitui como mais um contributo para a melhoria da saúde nas escolas angolanas e das co- munidades que poderão usufruir do trabalho e conhecimentos dos professores primários. A organização deste guia é baseada no programa oficial da disciplina de Higiene e Saúde Escolar dos cursos de formação inicial de professores para o Ensino Primário. É um dos produtos do processo de formação de formadores desenvolvido no âmbito do Projecto PREPA e resulta do trabalho realizado pe- los formadores do Magistério Primário de Benguela e por professores da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal (Portugal)1 , procurando articular a formação científica e a formação pedagógica desenvolvida no âmbito das sessões de trabalho realizadas em Benguela. O guia está organizado numa primeira parte onde é explicada a sua estrutura; segue-se uma proposta de gestão do programa da disciplina e algumas orienta- ções metodológicas e, finalmente, por unidade temática, são apresentados al- guns conceitos teóricos, roteiros de atividades e materiais pedagógicos. 1 De referir a colaboração dos técnicos do INIDE responsáveis por esta área disciplinar. ESTRUTURA DO GUIA 2 A estrutura do guia metodológico foi construída em conjunto com os professores da disciplina da Escola do Magistério Primário de Benguela, na 1ª missão do Projecto PREPA em Novembro de 2006. Procurou-se que o guia constituísse um apoio científico e pedagógico. Em primeiro lugar, é realizada uma proposta de gestão dos temas do programa por unidades temáticas, onde estão incluídos os vários temas a abordar nas sessões lectivas, com uma distribuição de carga horária por tema. São dadas num capítulo posterior algumas recomendações pedagógicas em termos de metodologias a utilizar, especificando cada uma delas. São feitas depois, por unidade temática e tema, a explicitação teórica de conceitos e sugestões pedagógicas. As sugestões pedagógicas feitas para cada tema pretendem disponibilizar um leque variado de actividades e materiais, que permitam ao professor introduzir alguma reflexividade sobre os temas e adaptar os conteúdos e actividades às realidades locais. Dado que a disciplina não tem manual, considerou-se dever integrar alguns conceitos que permitissem ao professor do Magistério Primário facilmente contextualizar os conteúdos mais relevantes, sem prejuízo de uma pesquisa mais aprofundada. Segue-se uma representação esquemática da estrutura do guia por unidade temática: 12 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA UNIDADE TEMÁTICA TEMA Enquadramento conceptual Roteiros de atividades Roteiro 1, Roteiro2, Roteiro 3, … Materiais pedagógicos Todo o desenrolar destas propostas de intervenção deverá assentar numa preocupação constante, por parte dos professores, em promover aprendizagens integradas, desenvolvendo uma acção concertada com os professores de outras disciplinas. Valoriza-se o desenvolvimento de competências de cooperação e de auto-aprendizagem dos estudantes. Procura-se também envolver estudantes e professores em tarefas significativas de interacçãocom a escola, e a comunidade, que possam constituir um desafio no sentido de criar mais saúde na própria Escola do Magistério Primário. No âmbito do processo de formação, o primeiro trabalho realizado em con- junto foi uma análise preliminar do programa da disciplina. Da análise, do estudo e discussão sobre as temáticas nele previstas, resultou uma proposta de gestão do programa que aqui é apresentada, sequenciando os conteúdos e propondo uma determinada organização do trabalho do professor, com vista a facilitar o planeamento das suas actividades pedagógicas. Do programa estabelecido na reforma educativa de 2001 constam os objec- tivos da disciplina: • Reconhecer a necessidade da auto-estima e de respeito pelas diversas realidades humanas; • Desenvolver o sentido das responsabilidades face à saúde individual, fa- miliar e da comunidade; • Identificar factores que influenciem os processos de um desenvolvim- ento harmonioso e saudável do ser humano; • Analisar os principais indicadores de saúde na comunidade em que se insere: escola, bairro, comuna, município, província ou país, com as razões que os determinam; SUGESTÕES PARA A GESTÃO DO PROGRAMA 2 14 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA • Analisar, de forma autónoma e responsável, as decisões sobre saúde in- dividual, familiar e colectiva; • Promover a adopção de atitudes e valores que fomentem a saúde; • Intervir como agente promotor do bem estar individual e colectivo re- alizando projectos de promoção de educação para a saúde, utilizando técnicas eficazes de interacção com a comunidade: escolar, rural, urbana ou suburbana que sejam estimuladoras de decisões responsáveis sobre saúde; • Motivar as crianças sob sua responsabilidade para adoptarem compor- tamentos de acordo com as regras básicas em matéria de higiene e saúde para através delas atingir crianças fora do sistema escolar, a família e desta a comuni- dade; • Dominar técnicas de comunicação como: material escrito (Script), áudio, vídeo e audiovisuais1. Os objectivos da disciplina assumem que os professores primários têm pa- pel determinante enquanto educadores para a saúde. Por outro lado apelam claramente ao desenvolvimento de competências na área da saúde, do exercí- cio activo da cidadania e da intervenção social, com ênfase para as questões da responsabilidade, comunicação interpessoal e uso adequado de tecnologias de comunicação/informação. Tendo em consideração os objectivos do programa e a realidade dos contextos educativos, certos de que apenas os professores nas várias escolas poderão conferir um maior sentido a todas as propostas, flexibilizou-se a gestão do programa com base na experiência pedagógica já existente, agrupando temáticas. Assim considerou-se dividir o programa em unidades temáticas: na Unidade Temática I, que se denomina Saúde, Ambiente e Alimentação, estão incluídos os seguintes temas: higiene e saúde, saúde ambiental, alimentação. Na Unidade Temática II, Promoção da Saúde da Criança e Família, incluem-se os temas de saúde reprodutiva e da criança e família. Da Unidade Temática III - Pro- moção da Saúde na Escola, fazem parte os temas de educação para a saúde, saúde escolar, higiene e segurança nas escolas. Na Unidade Temática IV Doen- ças Infecciosas e Problemas de Saúde – sua prevenção, incluem-se as doenças infecciosas e parasitárias mais comuns em Angola e sua prevenção, as doenças 1 República de Angola, Ministério da Educação e Cultura – Programa de Higiene e Saúde Escolar GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 15 sexualmente transmissíveis e a vacinação. Na Unidade Temática V denominada Prevenção de Acidentes e Primeiros Socorros, estão incluídos os temas dos aci- dentes e sua prevenção, e os primeiros socorros. UNIDADE TEMÁTICA 1 – SAÚDE, AMBIENTE E ALIMENTAÇÃO Carga horária – 28h Conteúdos programáticos 1.1 – Higiene e saúde – 10h • Conceito de saúde • Determinantes da saúde (internos e externos: psicoculturais, políticos, geográficos, económicos e sociais) • 26 • Estilos de vida e saúde • Indicadores de saúde • Conceito de doença • Conceito de higiene • Higiene pessoal e saúde oral • Higiene da habitação (medidas de higiene pessoal e sua adaptação às realidades locais, higiene da habitação: saneamento, construção de latrinas, cui- dados com os lixos, iluminação e ventilação) 1.2 – Saúde ambiental – 8h • Conceito de saúde ambiental • Dimensão ecológica da saúde • O ambiente e seu impacto na saúde (o ar, a água, o solo, os resíduos…) 16 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA 1.3 – Alimentação – 10h • Alimentação saudável • Os alimentos – constituição e funções • Preparação, conservação, distribuição e transporte de alimentos • Segurança alimentar UNIDADE TEMÁTICA 2 – PROMOÇÃO DA SAÚDE DA CRIANÇA E FAMÍLIA Carga horária – 18h 2.1 – Saúde reprodutiva – 10h • A vivência saudável da sexualidade – responsabilidade e vigilância de saúde na idade reprodutiva • O aparelho reprodutor humano – breve abordagem • A condição feminina e suas implicações na saúde (prevenção da violên- cia sobre a mulher, a mutilação genital feminina, problemas mais comuns na mulher em idade reprodutiva, mortalidade materna: suas causas) • Educação para o Planeamento familiar (os métodos contraceptivos mais usados, o aborto: sua prevenção) 2.2 – A criança na família – 8h • O desenvolvimento saudável da criança (desenvolvimento fisiológico, a criança com deficiência) • Cuidados a prestar à criança – (alimentação, vestuário, higiene, repouso, tempos livres, vigilância de saúde ….); papel dos adultos • A vida em família e seu impacto na saúde mental da criança (a prob- lemática dos maus tratos, abandono e orfandade) GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 17 UNIDADE TEMÁTICA 3 – PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ESCOLA Carga horária – 20h Conteúdos programáticos 3.1 – Educação para a saúde – 7h • Conceitos de promoção da saúde e educação para a saúde • Técnicas de educação para a saúde 3.2 – Saúde escolar – 9h • Conceito de saúde escolar • O trabalho de equipa e de parceria em saúde escolar • Actividades em saúde escolar • As escolas promotoras de saúde • Papel do professor em saúde escolar • O absentismo escolar e o insucesso – problemáticas de saúde a eles asso- ciadas (fadiga, deficiências alimentares, défices na visão, audição, na linguagem ou na cognição) 3.3 – Higiene e segurança nas escolas – 4h • Higiene do ambiente escolar – papel do professor • Ergonomia na escola – conceito, as questões da adequação dos espaços, recursos e postura corporal • Segurança e protecção na escola (construção e localização dos edifícios, organização dos espaços, saneamento, ventilação, iluminação, mobiliário, lim- peza e manutenção; a segurança dos estudantes; os horários escolares) 18 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA UNIDADE TEMÁTICA 4 – DOENÇAS INFECCIOSAS E PROBLEMAS DE SAÚDE – SUA PREVENÇÃO Carga horária – 16h Conteúdos programáticos 4.1– As doenças infecciosas e parasitárias mais comuns em Angola e sua pre- venção – 10h • A cólera • As gastroenterites • As hepatites • A febre tifóide • A malária • A doença do sono • A elefantíase humana • A bilharziose • A tuberculose • A pneumonia • O sarampo • A tosse convulsa • A gripe • As zoonoses • Medidas de prevenção e papel da escola (a evicção escolar e a educação para saúde) GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 19 4.2 – As doenças sexualmente transmissíveis – 3h (são apenas atribuídos 3 tempos lectivos porque este tema é também abor- dado na disciplina de Biologia) • A SIDA • A blenorragia • A gonorreia • A sífilis • A pediculose e a sarna • Como prevenir as DST 4.3– Vacinação – 3h • Conceitos de vacinas e de vacinação • A vacinação em Angola • Como colaborar em campanhas de vacinação UNIDADE TEMÁTICA 5 – PREVENÇÃODE ACIDENTES E PRIMEIROS SOCOR- ROS Carga horária: 14 h Conteúdos programáticos 5.1 – Acidentes e sua prevenção – 4h • Tipificação dos diversos tipos de acidentes, conceitos • Os acidentes domésticos • Os acidentes rodoviários • As intoxicações 20 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA • Picadas e mordeduras • Acidentes com minas e engenhos explosivos 5.2 – Primeiros socorros – 10h • Feridas e queimaduras • Fracturas • Intoxicações (por via digestiva, respiratória e dérmica) • Picadas e mordeduras • Afogamento • Asfixia • Actuação em caso de acidentes com minas e engenhos explosivos • Actuação perante a criança com epilepsia • Actuação perante a criança diabética O trabalho desenvolvido com vista à construção deste guia conduziu à neces- sidade de nele ver incluídas algumas sugestões em relação a metodologias que auxiliassem o professor a construir uma prática pedagógica inovadora e partici- pativa. Privilegiam-se metodologias activas, num conjunto de dispositivos pedagógicos que procuram ajudar, e inspirar, os professores da disciplina a de- senvolver uma prática pedagógica que permita olhar para as questões da saúde como essenciais em qualquer projecto educativo. O uso destas metodologias não coloca à margem o recurso ao método expositivo de aula magistral, mas sugere outras formas de aprender, e ensinar, que enriquecerão o professores, os alunos e, muitas vezes, a própria comunidade que se vê envolvida nas activi- dades. • A opção pelos exemplos escolhidos parte dos seguintes pressupostos: • Centrarem-se na realidade cultural angolana • Acolherem as sugestões feitas no programa da disciplina • Serem de fácil implementação • Não acarretarem custos elevados ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS 3 22 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA • Permitirem a construção de alguns materiais inovadores que possam contribuir para o o desempenho pedagógico não só dos professores do Magisté- rio Primário como dos futuros professores primários Estratégias e Actividades de Aprendizagem1 Tempestade de ideias (Brain Storming) Consiste numa técnica em que o animador/professor lança para o grupo a sugestão para que cada elemento, possa expor as suas ideias sobre o tema de discussão, sem que haja julgamentos ou comentários críticos sobre as mesmas. Pretende-se que se crie um ambiente de exposição de ideias liberto de con- strangimentos e promotor do diálogo, reunindo o maior número de ideias face ao tema de discussão lançado. Processo de desenvolvimento da actividade: • O professor explica a actividade, regras e etapas. Cada participante ex- põe uma ideia; • No quadro, ou em folha de papel um ou dois alunos aponta as ideias que vão sendo referidas; • O Animador/professor lança seguidamente a discussão para a turma so- bre as ideias expostas, havendo uma síntese final acordada com a turma. Observação com Roteiro Consiste numa actividade de observação de um local de interesse, objecto, filme, edifício, pessoas, actividade profissional. O objectivo desta actividade visa recolher dados a serem posteriormente or- ganizados/sistematizados em relatório, poster, ou trabalho de grupo, jornal de parede ou apresentação oral à turma. Organizar a apresentação gráfica Processo de desenvolvimento da actividade: • O professor propõe a construção de um roteiro de observação (ver ex- emplo abaixo) 1 Adaptado de Trindade, R. (2001) – Experiências Educativas e Situações de Aprendizagem. Lis- boa: Edições ASA. GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 23 • O professor propõe a organização em grupos (máximo de 4 elementos) que deverão[,]com base no roteiro previamente definido, observar a situação es- colhida e preencher o roteiro entregue pelo professor. • Os trabalhos de grupo serão depois apresentados na forma previamente definida e discutidos na turma. Exemplo: À descoberta dos Serviços de Saúde de _______________ Nome dos elementos do grupo: Data: _____/_____/_____ Actividades: 1. Anota o nome das instituições de saúde que identificaste, assim como a sua localização; 2. Anota as características dos edifícios e a sua organização; 3. Refere três aspectos positivos destas instituições de saúde observadas, rela- tivamente á sua localização no terreno; 4. Refere três aspectos a melhorar em relação às mesmas instituições obser- vadas; 5. Refere três sugestões que consideres pertinentes apresentar; 6. Apresenta desenho ou foto da instituição. Estudos de caso É um método que permite, através do estudo de situações singulares, debater e compreender a a realidade associada a determinada problemática. Seja acon- tecimento ou história individual acaba por ser representativo de um tempo e de uma cultura. Os objectivos dos estudos de caso: confrontar os alunos com situações/reali- dades concretas, a partir das quais podem desenvolver competências sociais e de conhecimento, abordar diferentes problemáticas contemporâneas, valorizar a iniciativa dos alunos. 24 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Processo de desenvolvimento da actividade: • O professor ou os alunos, por sugestão do professor, seleccionam um caso para debater ou investigar, dependente da importância que este assuma para o grupo; • O caso de estudo pode ser comum para toda a turma ou cada grupo ter um caso específico para estudar; • Planifica-se o estudo tendo em conta a divisão de tarefas (Quem faz?), quais as questões que devem ser colocadas (Como se faz?) e o quando se faz e com que recursos. • Vai-se recolhendo informação e discutindo sobre ela. Importa haver mo- mentos de discussão e partilha entre alunos e professores e ir fazendo a avalia- ção do trabalho realizado pelos elementos da turma ou grupo. • No final o trabalho é apresentado à turma, ou à escola, ou à comunidade e aos pais. Visitas de estudo As visitas de estudo constituem um estímulo à aprendizagem, permitindo aos alunos o contacto directo com o meio envolvente e realidades concretas de vida que os ajudam a integrar aprendizagens. O professor deve no entanto ter pre- sente que as actividades pe-dagógicas de uma visita de estudo não se esgotam no momento da visita; esta deve ser acompanhada por uma preparação e aval- iação adequadas. Objectivos das visitas de estudo: promover a relação entre as aprendizagens teóricas e a prática, consolidar conhecimentos adquiridos em contexto da sala de aula, motivar os alunos para o estudo de determinado tema, promover o con- tacto com o contexto prático e com a realidade social e cultural envolvente, de- senvolver a observação. ETAPAS DA VISITA DE ESTUDO ETAPAS GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 25 ACTIVIDADES Preparação da visita • Marcação da visita • Pedido de autorização de deslocação dos alunos aos encarregados de educação • Delinear objectivos da visita • Verificar recursos necessários (ex. transporte até ao local) • Construção do guião tendo em conta o que se espera que os alunos experimentem, realizem e aprendam • Estabelecer regras para a visita em conjunto com os alunos • Elaboração de questionário ou roteiros, se necessário Realização da visita de estudo • Orientar os alunos • Verificar cumprimento dos objectivos e actividades programadas • Assegurar momentos de convívio no tempo livre Avaliação da visita de estudo • Fazer a avaliação da visita através de questionário individual ou em gru- po aos alunos • O professor, ou professores, devem também fazer a avaliação da visita 26 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Apresentação dos trabalhos realizados relacionados com a visita • A visita deve dar origem a um trabalho, ou trabalhos que deverão ser partilhados na escola, quer através de um álbum temático, de cartazes, de textos em jornal da escola, de dramatização, ou outros. Guião de visita de estudo(Exemplo) VISITA AO CENTRO DE SAÚDE DA CAMBANDA – BENGUELA Data ____________ Local de concentração___________________________________ Hora de partida ______________________ Hora de chegada______________________ Duração da visita ____________________ Professor acompanhante ________________________ Hora de início da visita no Centro de Saúde __________________ Pessoa que nos vai receber no Centro de Saúde _______________________ Objectivos • Reconhecer a relevância do trabalho das instituições de saúde • Conhecer as actividades desenvolvidas num centro de saúde e program- as de saúde existentes • Contactar com a realidade de trabalho dos profissionais de saúde GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 27 • Identificar as várias formas de intervenção em saúde Regras a observar durante a visita • Pontualidade • Silêncio • Colocar as questões de forma correcta • Respeitar as indicações/recomendações feitas pelo professor e pelo pro- fissional destacado para acompanhar a visita QUESTIONÁRIO A PREENCHER PELOS ALUNOS DURANTE A VISITA 1. Onde funciona o centro de saúde? __________________________________________________________ 2. Qual o seu horário de funcionamento? __________________________________________________________ 3. Como está organizado? __________________________________________________________ 4. Quais os objectivos do centro de saúde? __________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 5. Que população é abrangida pelos serviços do centro de saúde? __________________________________________________________ 6. Que actividades desenvolve o centro de saúde? __________________________________________________________ ____________________________________________________________ 28 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA 7. Que profissionais trabalham no centro de saúde? __________________________________________________________ ____________________________________________________________ 8. Que problemas de saúde são mais frequentes na região? _________________________________________________________ ____________________________________________________________ 9. Que medidas devem a população e a comunidade tomar para combater esses problemas? __________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 10. Como podem a escola e os professores ajudar a população a ter melhor saúde? __________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ Entrevistas As entrevistas são um método de recolha de informação que permite inter- acção entre duas, ou mais, pessoas. Trata-se de uma forma de interacção assimé- trica, pois enquanto o entrevistador pretende recolher dados, o entrevistado é a fonte de informação. Pressupõe que os alunos façam o guião da entrevista com a ajuda do profes- sor. Os objectivos das entrevistas: • Estimular os alunos a recolher informação útil de outros actores sociais • Analisar o sentido que as pessoas atribuem a determinadas práticas ou temas GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 29 • Recolher opiniões diversificadas sobre determinado assunto • Recolher informação útil para determinada aprendizagem ou projecto • Reconstituir experiências de vida passadas • Averiguar acontecimentos Processo de desenvolvimento da actividade: • Reflexão prévia – discutir se se trata da melhor forma de recolher a in- formação pretendida; o tipo de informação a recolher; como se vai tratar a infor- mação recolhida, como se vai recolher a informação, por escrito ou oralmente, quem se entrevista. • Preparação – determinar as perguntas a fazer; podem constituir-se pequenos grupos que sugerem as questões; verificar se as questões são perti- nentes face aos ojectivos da entrevista. Constrói-se o guião de entrevista com as questões escolhidas. Decide-se como e onde será a entrevista, quem vai ser entrevistador. Marca-se com o entrevistado o local e a hora, explicando-lhe os objectivos da entrevista. • Realização da entrevista – apresentar-se, explicar objectivos, pedir au- torização para tomar notas escritas ou gravar a entrevista, fazer as perguntas, não interromper nem comentar o que é dito; no final agradecer a disponibilidade e pedir autorização para publicar a entrevista no jornal da escola ou noutro documento pre- viamente acordado com o professor. • Avaliação – discute-se o modo como correu, a informação obtida e sug- estões para fazer melhor em entrevistas futuras. A avaliação continua até estar tratada a informação recolhida. 30 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Aprendizagem em grupo É um método que permite a aprendizagem cooperativa, num trabalho inter- dependente que torna o o aluno responsável pelo êxito da sua aprendizagem e também co-responsável pela aprendizagem dos outros elementos do grupo. Os objectivos da aprendizagem em grupo: • Desenvolver o diálogo, a cooperação e troca de ideias • Aumentar a responsabilização • Permitir o desenvolvimento de capacidades de organização, liderança e espírito de equipa • Estimular a partilha de conhecimentos e aptidões Processo de desenvolvimento da actividade: • O professor pede aos alunos para formarem grupos de 4 a 5 elementos • O professor expõe a matéria, divulgando a informação que considera ad- equada • O professor marca com os grupos o prazo para entrega do trabalho • O professor distribui roteiros de trabalho ou fichas de trabalho para o trabalho em grupo • O grupo estabelece as regras de funcionamento do grupo e distribui tarefas entre os membros • O grupo escolhe líder e/ou porta-voz • O grupo marca prazos para elaboração final do trabalho • O grupo trabalha em conjunto a tarefa/trabalho distribuído • Entrega e avaliação do trabalho de grupo GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 31 Dramatização (Role-play) Este método estimula e facilita a comunicação e debate entre os alunos e per- mite a expressão de ideias com criatividade visto que os alunos se colocam no papel de uma outra pessoa, assumindo uma personagem relevante para o tema. Os objectivos da dramatização: proporcionar um ambiente adequado à co- municação sobre um determinado tema; facilitar que os alunos se possam colo- car em perspectivas diferentes da sua perante o tema, possibilitar a discussão de um problema ou experiência comum. Processo de desenvolvimento da actividade: • O professor dá o tema, define as personagens, escolhe os alunos para representarem, dando indicações aos alunos sobre os papéis a interpretarem. O professor pode fornecer um guião escrito. • Os alunos representam os papéis que lhes foram atribuídos, enquanto os restantes assistem e podem tomar notas sobre a situação apresentada. • Depois da apresentação, o professor convida os alunos a darem a sua opinião sobre a situação que foi dramatizada. • No final, o professor faz a síntese da discussão e o balanço da actividade. Portefólio O portefólio é uma colecção organizada de trabalhos produzidos por um aluno, por um grupo ou pela turma, ao longo de um determinado período de tempo. Pode apresentar-se em dossier, numa pasta, em suporte informático, ou num outro suporte que a criatividade do aluno possa criar. Pode assumir-se como um instrumento de avaliação e/ou como elemento de reflexão sobre o percurso feito. O portefólio não tem que ter obrigatoriamente um tema, pode integrar trab- alhos sobre várias temáticas. Pode incluir fotos, textos, desenhos, relatórios,nar- rativas de situações vividas, recortes, etc. Todos os documentos incluídos devem ser comentados e datados. 32 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Os seus conteúdos devem abranger as várias áreas do programa da discip- lina, ser diversificados, mostrar as aprendizagens relevantes, expressar de forma clara o percurso feito pelo aluno ou turma. Os objectivos do portefólio: • Implicar os alunos de forma activa e responsável na sua aprendizagem • Estimular o pensamento reflexivo • Mostrar os saberes e competências adquiridas pelo aluno através de uma amostra representativa dos trabalhos realizados • Fomentar processos de comunicação e colaboração Processo de desenvolvimento da actividade: • Preparação: o professor explica e define os objectivos da construção do portefólio, a sua utilidade e a forma como será organizado. • Reflexão sobre as experiências de aprendizagem realizadas: o professor solicita aos alunos que se questionem sobre as actividades e experiências mais significativas. Depois disso, os alunos seleccionam os trabalhos a incluir no porte- fólio segundo critérios previamente estabelecidos. Todos os trabalhos incluídos devem ser datados e comentados pelos alunos, justificando assim a sua integra- ção no portefólio. • Inventário das aprendizagens realizadas: fazer a lista das aprendizagens realizadas e organizar os trabalhos no portefólio em função delas. Fazer uma introdução ao portefólio e incluir trabalhos que contemplem as categorias de aprendizagem do saber, do saber-fazer e do saber-ser. • Apresentação do portefólio à escola e/ou aos pais Álbum Os álbuns são semelhantes aos portefólios, mas obedecem a um tema espe- cífico e são realizados por um grupo de alunos, ou pela turma. Embora possam existir momentos de trabalho individual, os álbuns são trabalhos coletivos. GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 33 Os objectivos do álbum: dar visibilidade aos trabalhos realizados pelos alu- nos, estimular um processo de reflexão organizado e concreto, conferir um sen- tido concreto ao trabalho a realizar. Processo de desenvolvimento da actividade: • O professor explica e define os objectivos do álbum: • Porque é que o álbum vai ser realizado • Qual o tema do álbum • Quais os responsáveis pela construção e organização • Como vai ser organizado • Quais os critérios de inclusão de trabalhos no álbum • Fase de planificação dos trabalhos • Fase de produção dos trabalhos • Avaliação dos trabalhos para decidir: se vão ser incluídos no álbum, se vão ser ainda melhor trabalhados para serem incluídos, como vão ser incluídos. Debate – discussão em pequenos grupos Os debates permitem desenvolver nos alunos mecanismos de comunicação e cooperação, que estimulam a aprendizagem sobre um determinado assunto. Os objectivos do debate: estimular a expressão de diversidade de opiniões; contribuir para que os alunos acedam a outras opiniões num espaço mediado pelo professor, identificar os vários argumentos sobre um determinado tema e discuti-los. Processo de desenvolvimento da actividade: • O professor, depois de propor o tema, constrói com a turma um determi- nado número de regras a respeitar • Divide a turma em pequenos grupos, entregando um roteiro com questões a cada grupo 34 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA • Cada grupo discute as questões e responde a cada uma delas • Cada grupo, através de um porta-voz, partilha com os outros as respostas que foram consensuais, as que não foram e as dúvidas a discutir • O professor regista no quadro as informações dadas pelos porta-vozes dos grupos • Verifica-se ao nível da turma os consensos, os não consensos e dúvidas a discutir • O professor lidera depois o debate sobre as dúvidas e não consensos entre os grupos • O professor faz a síntese da discussão e um dos alunos, previamente escol- hido, faz a acta onde ficam enunciadas as conclusões e/ou decisões tomadas. Trabalho de projecto/ Metodologia de projecto É um método que permite, a partir de problemas identificados, desenvolver projectos de trabalho que favorecem a aprendizagem em equipa e a cooperação. Definem-se como problemas tarefas/necessidades ou situações complexas que se constituem como desafiantes para os alunos e que exigem deles iniciativa e mobilização de competências. Atribui-se um papel central à formulação/identificação do problema, valoriza- se o trabalho em equipa e a cooperação com pares, com a comunidade ou outras instituições. Implica uma acção planificada e organizada. A metodologia de projecto pressuopõe uma rotura com as metodologias clássicas de trabalho escolar, visto que o projecto só é mobilizador se for interes- sante e constituir um desafio para os alunos. O trabalho de projecto serve essencialmente como oportunidade de dar visi- bilidade a aprendizagens já realizadas, resolver um problema ou situação, ser aglutinador de vontades, ter a satisfação de tarefa concluída ou êxito alcançado. GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 35 ETAPAS DO PROJECTO (exemplo) ETAPAS PROJECTO “SAÚDE NA ESCOLA” 1. Selecção/definição do problema - diagnóstico • Que problemas de saúde afectam a nossa comunidade? 2. Escolha e formulação de problemas parcelares • È possível estudar todos esses problemas? • Que problemas de saúde existentes são mais relevantes? • Que interesse poderia ter o estudo/trabalho sobre esse problema? Porquê? • Como vamos concretizar o estudo sobre esse problema? • Como vamos tornar público o trabalho realizado? 3. Preparação e planeamento do trabalho • Quem nos pode ajudar? • De que recursos dispomos? • Que tarefas temos de realizar? • De que materiais precisamos? • Como obtê-los? • Como nos vamos organizar e dividir tarefas? • Como organizar o calendário de actividades? 4. Avaliação intermédia Finalidades da avaliação intermédia: • Avaliar em que medida as tarefas estão a ser cumpridas por todos • Dar conta dos obstáculos encontrados e problemas que entretanto surgiram • Identificar tarefas realizadas e a realizar • Avaliar o modo como o grupo está a funcionar. 5. Preparação da apresentação pública do trabalho • Em que dia, ou dias, vamos apresentar a peça de teatro que fizemos sobre o tema? • Onde vamos apresentar? • Quando nos encontramos para combinar a apresentação? • Vamos fazer cartazes para divulgação? • Quem vai ser convidado para estar presente no dia da estreia? 6. Apresentação pública • Apresentação pública à escola e à comunidade • Da peça escrita e representada pelos alunos, com orientação do professor, sobre o tema escolhido. 7. Avaliação final Finalidades da avaliação final: • Auto-avaliar o trabalho realizado e o funcionamento do grupo • Fazer sugestões para futuros trabalhos. 36 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA UNIDADES TEMÁTICAS CONCEITOS TEÓRICOS ROTEIROS DE ACTIVIDADES MATERIAIS PEDAGÓGICOS 4 UNIDADE TEMÁTICA – SAÚDE, AMBIENTE E ALIMENTAÇÃO Nesta unidade temática estão incluídos os temas de Higiene e Saúde, Saúde Am- biental e Alimentação, pretendendo-se apresentar alguns conteúdos teóricos de apoio ao professor, além das sugestões em relação ao desenvolvimento das ses- sões lectivas. Esta unidade reúne conceitos-chave e informações essenciais para o desenvolvimento das actividades curriculares seguintes. Não podemos deixar de salientar que cabe ao professor adaptar a linguagem e conteúdos à realidade sociocultural dos seus alunos. 1. TEMA – HIGIENE E SAÚDE ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL Saúde O conceito de saúde tem evoluído ao longo dos tempos passando de uma con- cepção de ausência de doença para um conceito holístico que tem em conta que a saúde é influenciada por múltiplos factores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu saúde como “ um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença.” Em1986, na cidade de Ottawa, no 38 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Canadá, a OMS definiu saúde como “o maior recurso para o desenvolvimento so- cial, económico e pessoal, assim como uma importante dimensão da qualidade de vida.”1 Muitas outras definições de saúde têm sido construídas a partir do conceito da OMS, tendo sempre em consideração que a saúde não é um estado imutável e pressupõe um equilíbrio entre as possibilidades da pessoa, a sua capacidade para satisfazer as suas necessidades básicas (alimentares, de segurança, de edu- cação, de afecto, de relação com os outros, …) e a sua capacidade de adaptação ao ambiente que a rodeia. O nosso próprio conceito sobre o que é ter saúde é afectado por factores culturais e económicos, pela religião, pela nossa idade e expectativas pessoais, enfim pela nossa realidade individual. Existe uma responsabilidade crescente dos indivíduos, das famílias e da comu- nidade perante as ameaças à saúde. Os problemas de saúde exigem uma abor- dagem multisectorial e multidisciplinar, o que significa que os profissionais de saúde, as autoridades, os professores, as associações, as famílias e os próprios indivíduos se devem organizar e trabalhar juntos para que a seja possível alcan- çar melhor saúde. Na 1ª Conferência Internacional de Promoção da Saúde, promovida pela OMS e realizada em Ottawa (Canadá) em 1986, a promoção da saúde é definida como “ o processo que habilita o indivíduo a aumentar e a melhorar o seu controlo so- bre a sua saúde”, sendo enunciados como requisitos fundamentais para alcançar uma vida saudável: a paz, a educação, a alimentação, o rendimento, um ecos- sistema estável, justiça social e equidade. Na mesma conferência reconhece-se a necessidade de reduzir as desigualdades existentes para que todas as pessoas possam alcançar o seu potencial máximo de saúde, dar prioridade às políticas públicas saudáveis e de que todos participem para que seja possível alcançar melhor saúde. A promoção da saúde exige: A acção concertada de todos os intervenientes (governos, parceiros sociais e económicos, instituições de solidariedade social, autarquias, empresas, meios de comunicação); A intervenção de indivíduos, família e comunidade; A intervenção dos profissionais de saúde como mediadores entre os vários sec- tores intervenientes em favor da saúde; 1 OMS, Carta de Ottawa, 1986 GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 39 Uma abordagem multidisciplinar e intersectorial. Determinantes de Saúde Quando falamos de determinantes de saúde falamos de factores que influen- ciam a saúde. Podem ser determinantes de saúde externos, ou seja, relaciona- dos com o ambiente social, económico, político e ambiental e sobre os quais o indivíduo não tem muitas vezes controlo directo, como são por exemplo: • Clima; • Vias de comunicação; • Qualidade do ar e da água; • Condições de saneamento; • Qualidade dos alimentos; • Funcionamento do sistema de saúde e legislação de saúde; • Rendimento e situação de emprego; • Género; • Distribuição da população e pirâmide etária; • Migrações; • Política de planeamento familiar; • Funcionamento do ensino; • Condições de habitação. Podemos dizer que, por exemplo, o clima é um determinante da saúde porque as condições climáticas afectam o nosso estado de saúde, nomeadamente o muito calor ou muito frio, ou os desastres naturais como as cheias, sismos, maremotos ou incêndios. A má qualidade da água também afecta a nossa saúde: basta pensarmos em doenças que podem ser adquiridas pelo consumo de água contaminada, como por exemplo a cólera. As vias de comunicação podem também ter impacto so- bre a nossa saúde pois o seu mau estado, ou inexistência, podem dificultar o nosso acesso a cuidados de saúde. 40 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA As condições de habitação como a falta de limpeza, falta de arejamento, elevado número de pessoas a compartilharem o mesmo espaço, falta de saneamento, podem constituir um risco para a saúde. O mesmo se pode dizer em relação a outros determinantes externos da saúde. A influência na saúde dos determinantes socioeconómicos é muito significativa, pois o rendimento, o emprego, as condições de habitação e de saneamento são decisivos para a saúde das pessoas. A grande maioria das pessoas a nível mundial tem uma situação de saúde precária porque o seu rendimento não lhe permite ter acesso a cuidados de saúde, a uma habitação adequada ou a uma alimenta- ção equilibrada. As situações de guerra, as migrações forçadas, a não existência de serviços e de profissionais de saúde, a subnutrição, a falta de água potável, a falta de saneamento básico, os baixos níveis de escolaridade contribuem para que as pessoas não tenham saúde. Existem ainda os determinantes de saúde internos, que estão ligados às nos- sas crenças e valores, à nossa religião, à nossa idade e desenvolvimento, à forma como vivenciamos as emoções, ao nosso estilo de vida: o que comemos e como comemos; os nossos cuidados com a higiene; o consumo de álcool, tabaco ou drogas; se temos ou não uma vida sexual segura; se dormimos as horas sufici- entes, as formas de uso dos tempos livres; as formas de relacionamento com os outros. Figura 1 – Determinantes externos da saúde1 Factores sanitários Factores socioeconómicos Factores demográficos Factores culturais Factores políticos Factores geográficos Promoção, protecção e recuperação da saúde 1 Adaptado de Monnier e tal, 1990 GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 41 Estilos de vida e saúde Os estilos de vida saudáveis implicam práticas e comportamentos da pessoa que contribuam para a sua saúde. Os comportamentos saudáveis são fundamentais para a qualidade de vida e saúde. “O componente estilo de vida representa o con- junto de decisões que toma o indivíduo com relação a sua saúde e sobre os quais exerce apenas certo grau de controlo1 . Muitos dos problemas de saúde poderiam ser evitados se adoptássemos comportamentos, estilos de vida mais saudáveis. Uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico, o controlo do consu- mo de bebidas alcoólicas, o não consumo de drogas, o sexo seguro, a condução prudente, os cuidados de higiene diários, a vigilância de saúde, a não violência, significam maior bem-estar e prevenção de futuros problemas de saúde. As pessoas em qualquer faixa etária são influenciadas por padrões de estilos de vida não saudáveis. Sabemos que o tabagismo está associado, por exemplo, a maior risco de cancro; que o excesso de peso aumenta o risco de doenças car- diovasculares; que a não utilização do preservativo aumenta o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis; que o consumo de bebidas alcoólicas au- menta o risco de acidentes e de comportamentos violentos, além de patologias como cirrose hepática e neoplasias do sistema digestivo. Práticas como higiene pessoal inadequada, repouso e sono insuficientes aumentam também o risco de contrair doenças. O impacto dos estilos de vida na saúde tem implicações para toda a vida. O papel dos professores é crucial no sentido de promoverem nos seus alunos comportamentos saudáveis, pois as crianças são influenciadas pelo exemplo dos seus educadores e/ou pessoas significativas. Doença Apesar de todos os avanços nas ciências da saúde e nas tecnologias, a humani- dade ainda sofre com um grande número de doenças. As pessoas vivem mais tempo, existem grandes movimentos migratórios, viajamos mais, transportamos materiais e seres vivos de região para região, de país para país e entre continen- tes, acontecem mudanças bruscas com frequência nas nossas vidas. São-nos ex- igidas adaptações contínuas. Alguns problemas de saúde persistem e têm sur- 1 In Kuhn, Eunice. Promoção da saúde bucal em bebés participantes de um programa educa- tivo-preventivo na cidade de Ponta-Grossa-P” R. [Mestrado] FundaçãoOswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2002. 77 p. 42 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA gido novas doenças. “Doença é um estado em que o funcionamento da pessoa, em termos físicos, emocionais, intelectuais, sociais, de desenvolvimento, ou espirituais, está diminuído ou afectado, quando comparado com a situação anterior”1 Num sentido restrito significa um acontecimento biológico, caracterizado por mudan- ças anatómicas, fisiológicas, bioquímicas ou por uma combinação de vários fac- tores. Num estado inicial da doença podem já existir alterações e a doença não ser ainda detectável, manifestando-se mais tarde através de sinais ou sintomas. As doenças podem classificar-se de forma geral em doenças agudas e crónicas. Uma doença aguda é de curta duração e geralmente grave; a doença crónica per- siste por mais de 6 meses e a pessoa pode manter-se durante anos sem grandes problemas ou alterações; no entanto, pode ter recaídas ou agravamento do seu estado que podem até conduzir à morte. De uma situação de doença aguda ou crónica pode resultar um estado de incapacidade, ou seja, redução temporária ou permanente da actividade da pessoa. A doença pode ter grande impacto nas pessoas e nas suas famílias, nomeada- mente levar a alterações emocionais e comportamentais, alterações na imagem corporal e na imagem e conceito que a pessoa tem dela própria, além do im- pacto negativo que pode ter a nível familiar e profissional. Uma experiência de doença pode levar a pessoa a ter no futuro comportamen- tos mais saudáveis. Indicadores de saúde Os indicadores de saúde são parâmetros utilizados internacionalmente com o objectivo de avaliar a saúde das populações, fornecer dados para um adequado planeamento em saúde e estudar a evolução da situação de saúde de diferentes populações. Ou seja, os indicadores de saúde reflectem o estado de saúde das pessoas numa comunidade. Os indicadores de saúde podem dividir-se em vários grupos, conforme aquilo que pretendem medir, podem por exemplo: • tentar traduzir a saúde ou a falta dela num grupo populacional; • medir as condições do meio que têm influência sobre a saúde; 1 Potter e Perry , 2006, p.11 GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 43 • medir os recursos naturais e humanos relativos às actividades de presta- ção de cuidados de saúde. • documentar a qualidade dos cuidados; • comparar instituições ou serviços ; • contribuir para estabelecer prioridades; • avaliar impacto dos cuidados de saúde prestados/acções desenvolvidas; • identificar os factores determinantes das doenças de modo a permitir a sua prevenção. Exemplo de alguns indicadores de saúde: • Esperança de vida - é empregue para referir a esperança de vida ao nascer, ou seja o número de anos que se espera venha a viver um recém-nascido. No en- tanto pode ser calculada para qualquer idade, por exemplo a esperança de vida aos 15 anos indica o número médio de anos de vida que restam a quem já atingiu aquela idade. • Incapacidade - redução temporária ou prolongada da actividade de uma pessoa devido a doença aguda ou crónica. • Taxa de mortalidade – A taxa de mortalidade é o número de óbitos por cada mil habitantes numa dada região num determinado período de tempo. • Taxa de natalidade – taxa de natalidade de uma população é o número de crianças nascidas por grupo de 1000 pessoas por ano. Ela pode ser represen- tada por:Taxa natalidade = a n/p*1000 onde n é o número de crianças nascidas no ano e p é a média populacional do período em questão (considera-se a popu- lação estimada a 1 de Julho do ano em questão). • Taxa de mortalidade infantil – é normalmente expressa em número de óbitos de crianças com menos de um ano, a cada mil nascidos vivos, num deter- minado período. O índice considerado aceitável pela OMS é de 10 mortes / mil nascimentos. A taxa de mortalidade infantil em Angola em 2008 foi de 130 em 1000 crianças até ao ano de idade1. 1 http://www.unicef.org/infobycountry/angola_30953.html 44 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA • Taxa de cobertura vacinal – percentagem de pessoas vacinadas numa de- terminada população. Por exemplo em 2008 em Angola 87% das crianças com menos de um ano foram vacinadas contra a tuberculose e 75% contra a polio- mielite1 . • Taxa de fecundidade - é o número de crianças nascidas vivas durante o ano em relação ao número de mulheres em idade fértil (entre os 15 e os 49 anos) desse ano, traduzindo-se em número de crianças nascidas vivas por 1000 mul- heres em idade fértil. • Uso da droga e álcool – pode calcular-se por determinado grupo, por ex- emplo: proporção de alunos numa determinada escola, proporção de habitantes numa vila, aldeia ou bairro, por grupos etários em determinada população. • Proporção da população em habitações deficientes; • Proporção da população vivendo abaixo do nível de pobreza. Alguns indicadores sobre a situação angolana (estimativas de 2008)2 • População: 18.021 milhões • Esperança de Vida ao nascer: 47 anos • População a viver em centros urbanos: 57% • Taxa de fertilidade: 5.8 crianças por mulher Higiene pessoal Os cuidados com o nosso corpo, incluindo a higiene pessoal, são necessários para o conforto, sensação de bem-estar e protecção com vista à manutenção da saúde. Por outro lado a manutenção de uma adequada higiene pessoal mani- festa o respeito que devemos ter para connosco próprios e para com as pessoas com quem nos relacionamos. Os hábitos de higiene das pessoas estão ligados às práticas sociais da família ou comunidade, ao seu estatuto socioeconómico, às crenças e valor atribuído à hi- 1 idem 2 ibidem GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 45 giene, às preferências pessoais e aos conhecimentos que as pessoas têm sobre a importância das boas práticas de higiene para a saúde. A higiene do nosso corpo é também fundamental para proteger a nossa saúde e evitar as doenças. Sobre alguns aspectos comuns relacionados com a higiene pessoal 1 A sudorese, ou suor, é um dos factores que contribui para um odor corporal, que se torna muitas vezes desagradável se não forem realizados os cuidados de hi- giene apropriados. O homem tem dois tipos de glândulas sudoríparas, as glân- dulas ecrinas, que produzem apenas líquido refrescante para o corpo, e as glân- dulas apocrinas, cuja secreção transporta gorduras e proteínas das células para o exterior do corpo. As glândulas ecrinas estão distribuídas por todo o corpo e segregam directa- mente para a superfície da pele, nomeadamente em situações de tensão ou cal- or. O suor que produzem é composto por 99% água e 1% de outras substâncias químicas e não tem um odor forte. As glândulas apocrinas, estão localizadas nas axilas, no couro cabeludo e nas regiões umbilical, púbica e anal. A secreção das glândulas apocrinas é alimento para as bactérias que estão na epiderme, e os produtos do metabolismo das gorduras e proteínas segregadas, digeridas pelas bactérias, é que produzem o cheiro desagradável do suor. São os europeus e os africanos que possuem maior quantidade de glândulas su- doríparas apócrinas. Têm que ter por isso um cuidado mais atento à sua higiene pessoal, devendo lavar-se diariamente e usar, se for possível, um desodorizante. As roupas retêm o calor do corpo e por isso favorecem o suor e a consequente produção dos resíduos bacteriológicos que geram mau cheiro, por isso devem ser mudadas e lavadas com frequência. Também o mau hálito pode ser ocasião de incómodo. São apontadas várias cau- sas para o mau hálito. É atribuído à inflamação das gengivas, à simples presença de alimentos retidos entre os dentes, à cárie dentária e também às amígdalas, ou ao tipo de alimentos consumidos. Na escola as crianças podem ser ensina- das a escovar os dentes de modo a deixá-los limpos.Falaremos mais adiante das questões da higiene oral. 1 Adaptado de Cobra, Rubem Q. - Higiene pessoal.Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 2001 46 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA O cabelo, independentemente do estilo, deve estar sempre limpo e bem corta- do, e a barba feita. Barba e cabelos crescidos e sujos geram, além de mau cheiro, comichão (prurido) do couro cabeludo devido ao suor e a parasitas (piolhos). A sujidade do couro cabeludo poderá levar a infecções. Aconselha-se a lavagem do cabelo pelo menos duas vezes por semana. Lavagem das mãos A lavagem das mãos com água e sabão, visa a remoção de bactérias, células des- camativas, suor, sujidade e oleosidade da pele. Deve fazer-se deste procedimen- to um hábito e incuti-lo nas crianças.Associados à lavagem das mãos estão os cuidados com as unhas, que devem ser limpas e cortadas sempre que necessário, pois unhas grandes e sujas são um meio propício para o desenvolvimento de bactérias. A má lavagem ou não lavagem das mãos está associada a doenças como in- fecções gastrointestinais e hepatite A, assim como à transmissão de microrganis- mos responsáveis por doenças como a cólera. A Poliitica Nacional de Saúde im- plementada pelo Governo em 2010, prevê que uma correcta lavagem das mãos possa diminuir em 35% os casos de diarreia1. Em 2011 o Ministério da Saúde lançou uma campanha nacional para a lavagem das mãos. A lavagem das mãos das crianças é uma medida importante para evitar trans- missão de doenças, deve ser feita cuidadosamente, e muitas vezes com o auxílio de um adulto, sempre antes de comer, após usar a casa de banho, após mexer em animais, no final de actividades em que tenha manuseado produtos como terra, areia, tintas e/ou outros produtos, que podem trazer alergias ou infecções se não forem removidos. Lavar sempre as mãos: • Antes e depois de mexer em comida • Após se ter servido da casa de banho ou da latrina • Depois de espirrar, tossir e de se assoar 1 A este propósito consultar a Politica Nacional de Saúde no Decreto Presidencial nº262/10 de 24 de Novembro, publicado no Diário da República de 24 de Novembro de 2010, I Série, nº222 GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 47 • Após ter tocado em animais ou em lixo • Após a prática de actividades ao ar livre Como lavar as mãos: • Usar SABÃO E ÁGUA ( se não tiver sabão pode usar cinza) • Esfregar as mãos vigorosamente durante PELO MENOS 20 SEGUNDOS • Lavar bem as costas das mãos, pulsos, entre dedos e debaixo das unhas • Enxaguar bem • Secar bem as mãos com toalha ou pano limpo O banho Deve-se tomar banho diário utilizando-se uma esponja, ou um pano. Deverá ter- se especial atenção à lavagem das axilas, da região genital, da região anal e dos pés. Deverá usar-se sabão ou sabonete e a aplicar-se, se possível, um desodori- zante comum, após o banho. Pode tomar-se banho de imersão em banheira ou num grande alguidar, mas o mais recomendado é o duche. Se não for possível usar banheira ou duche as pes- soas podem lavar-se por partes, tendo um alguidar para lavar o tronco e a cabeça e um outro para os órgãos genitais e pés. Também se pode tomar o banho diário num rio, tendo em atenção os cuidados que se deverão ter se este for habitado por animais potencialmente perigosos, ou se a pessoa não souber nadar. No rio as crianças deverão estar sempre acompanhadas por adultos. Saúde oral1 Uma boa higiene oral remove eficazmente os restos alimentares e ao mesmo tempo faz com que as bactérias não ataquem os dentes e gengivas. A acção das bactérias pode provocar a destruição dos dentes e a inflamação das gengivas. 1 http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/saude+oral/higiene- oral.htm 48 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA A higiene oral é o procedimento que pode prevenir eficazmente as doenças da boca. Uma correcta e eficaz higiene pode travar a progressão da maioria das doenças que afectam a cavidade oral. A principal função da higiene oral é a re- moção da placa bacteriana da superfície dos dentes e deve iniciar-se assim que surgem os primeiros dentes no bebé. A placa bacteriana é uma película aderente e transparente constituída por bacté- rias e seus produtos, formando-se constantemente sobre dentes e gengivas. É a principal causa da cárie dentária e de doenças que podem levar à perda de den- tes.Todos nós desenvolvemos placa bacteriana. As bactérias proliferam constan- temente na nossa boca. A placa bacteriana, em presença de hidratos de carbono (especialmente açúcares), produz os ácidos que vão desmineralizar os tecidos duros do dente (esmalte e dentina). Assim, sempre que se ingerem alimentos ou bebidas açucaradas, produzem-se ácidos. Com os ataques ácidos repetidos, o esmalte deteriora-se e as lesões de cárie iniciam-se. A placa bacteriana que não é removida também provoca inflamação gengival, conduzindo à gengivite (gengi- vas vermelhas, inchadas e sangrantes). Podemos prevenir a sua acumulação e as consequências que daí advêm. Assim deve-se: • Escovar cuidadosamente todas as superfícies dos dentes pelo menos duas vezes por dia; • Usar fio dentário diariamente para remover a placa bacteriana que se acumula entre os dentes e no sulco gengival; • Moderar o consumo de doces e bebidas açucaradas, pois estes facilitam a adesão das bactérias às faces dentárias e são usados para a produção de ácidos que destroem os dentes. Os principais cuidados a executar para ter uma correcta higiene oral são: • Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, sendo que uma delas deve ser, obrigatoriamente, antes de se deitar; • Utilizar uma escova de tamanho adequado. Normalmente as escovas dentárias devem ter uma cabeça pequena e serem macias, para evitar lesões so- bre os dentes e gengivas; • Utilizar diariamente fio para retirar restos alimentares e bactérias dos es- paços que existem entre os dentes e entre estes e as gengivas. O seu uso deve ser executado antes da escovagem, para que a acção protectora do dentífrico seja mais prolongada; GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 49 • Nas crianças, a lavagem dos dentes deve ser acompanhada por um adul- to, tendo especial atenção à quantidade de dentífrico colocado na escova e à possibilidade deste ser engolido; • No final da higiene oral não se deve passar a boca por água, mas sim cuspir os excessos de dentífrico, pois assim a acção dos compostos fluoretados ou antimicrobianos será mais prolongada. Técnica correcta de escovagem • Inclinar a escova em direcção à gengiva num ângulo de 45º de encontro à gengiva e fazer pequenos movimentos horizontais e vibratórios, tipo vaivém ou circulares, de modo a que os pêlos da escova limpem o sulco gengival (espaço que fica entre o dente e a gengiva). Fazer cerca de dez movimentos nas superfí- cies dentárias abrangidas pela escova; • A escova deve abranger dois dentes de cada vez; • Escovar com uma sequência que permita que todas as superfícies den- tárias sejam escovadas. Começar num extremo do maxilar e acabar no outro ex- tremo; • Escovar suavemente as superfícies exteriores (do lado da bochecha) e interiores (do lado da língua); • Escovar as superfícies de mastigação, fazendo movimentos curtos tipo vaivém; • Escovar a sua língua suavemente, desde a base em direcção à ponta, de modo a remover as bactérias e a refrescar o seu hálito; • E nunca é demais reforçar: a escovagem dos dentes demora 2 a 3 minu- tos. As escovas dos dentes devem ser guardadas em local seco e com os pelos volta- dos para cima; devem ser substituídas quando os pelos começam a ficar defor- mados (geralmente de 3 em 3 meses). A escova de dentes é um objecto pessoal que não deve ser utilizado por mais ninguém, pois há risco de transmissão de bactérias ou vírus de uma pessoa para outra. 50 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Higiene da habitação A casa é o nosso espaço privado e deve ser conservado em boas condições poisdisso também depende a nossa saúde. Assim devemos ter em conta alguns cui- dados práticos com a casa: • Cada coisa deve ter um lugar – a arrumação evita os acidentes e torna a nossa vida mais fácil; • A casa deve ter janelas que permitam o seu arejamento; • A limpeza periódica da casa torna-a mais agradável e evita que insectos e roedores possam fazer estragos e/ou prejudicar gravemente a nossa saúde; • A roupa e a loiça devem ser lavadas e bem secas para evitar possíveis contaminações; • Uma casa deve ter casa de banho ou latrina; no caso de ser latrina esta deve estar num compartimento à parte; • Devem ter-se sempre alguns utensílios básicos que devem ser usados exclusivamente para limpeza da habitação: vassoura, pá, panos para limpar pó, panos para lavar o chão, balde; • As janelas devem estar protegidas com rede mosquiteira; • Muitas vezes a água é um bem escasso; assim podemos aproveitar e usar a água da chuva para usos gerais, como lavar chão, descarga em latrinas, lava- gem de roupa. A água utilizada, por exemplo para lavar legumes, pode ser uti- lizada na lavagem do chão; • Os tetos devem ser forrados com um material liso que impeça a aglom- eração de insectos, como mosquitos ou moscas; • O interior da casa deve estar livre de roedores e insectos, pois estes trans- mitem doenças graves; • O lixo deve ter um recipiente próprio, devendo ser despejado logo que está cheio; • Devemos manter o espaço em redor da habitação limpo. GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 51 As latrinas Se as pessoas não têm acesso a casas de banho ou latrinas ou não têm possibi- lidades de as construir, enterrar as fezes no chão é uma solução simples. Isto re- duzirá o risco de contacto com as fezes e prevenirá doenças. Em Angola, segundo dados da Politica Nacional de Saúde, cerca de 41% dos agregados familiares não têm acesso a instalações sanitárias e a esgotos.Também o Ministério da Educação de Angola, no Balanço da Implementação da 2ª Reforma Educativa, refere que apenas 10% das escolas do país têm casa de banho em boas condições1. Assim a construção adequada de latrinas é um meio importante de reduzir algumas doenças provocadas pela falta de saneamento, tanto nas habitações familiares, como em escolas existentes em zonas sem saneamento, nomeadamente no meio rural e/ou no interior do país. Construir e usar latrinas é uma maneira de diminuir o risco de espalhar micróbios, além de melhorar o bem-estar da família e/ou comunidades. Usar uma latrina evita que as moscas, mosquitos, e outros animais, tenham contacto com fezes, não permitindo assim que eles espalhem os micróbios pelas casas e alimentos. É importante manter as latrinas limpas. O chão deve ser lavado regularmente com água e sabão e periodicamente pode ser desinfectado com creolina ou lexivia. CONSTRUÇÃO DE LATRINAS2 Onde construir? É conveniente construir a latrina próxima de casa, mas com cerca de 15m de dis- tância de um poço ou fonte de água, pois a água poderá ser contaminada. Uma ou duas fossas? Pode construir-se uma única fossa com aproximadamente 3m de profundidade (ou mais profunda se for por mais tempo). Se não se puder escavar tão profunda- mente, poderão então fazer-se duas fossas mais rasas. Se forem escavadas duas fossas, a primeira deve ser usada até que esteja quase cheia. Será então fechada enquanto a segunda fossa é usada. Depois de pelo me- nos um ano, o material que está na primeira fossa pode ser retirado de maneira 1 Governo de Angola, Balanço da 2ª Reforma Educativa em Angola, 2011, p.6 2 Adaptado de Brian Skinner, Richard Franceys e Isabel Carter in tilz.tearfund.org/.../0/FS3012La- trineP.gif . 52 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA segura e ser usado para adubar a terra. A fossa esvaziada está então pronta para ser usada novamente. A latrina deve estar tapada por um abrigo. Escavação e revestimento da fossa É recomendável que um revestimento de pelo menos 0,5m seja colocado no terço superior da parede interna da fossa em todos os tipos de solos. Isto apoia a placa onde a pessoa se agacha e pode também apoiar parte do abrigo. A neces- sidade de revestimento para o resto da fossa depende da firmeza do solo: • Solo firme e resistente: pode não requerer revestimento abaixo do reves- timento de 0,5 m do terço superior. • Solo rochoso: pode construir algumas fossas acima do nível do solo ro- deadas de montes de terra e com uma escada até ao topo da fossa. • Terra solta, pouco compacta: deverá revestir a fossa para evitar que as paredes desmoronem. • A parte inferior do revestimento deve ter orifícios pequenos para que o líquido possa escoar através dos orifícios para fora da fossa. As fossas circulares são mais firmes do que as de outros formatos. • Se existir um solo firme e não necessitar revestir toda a fossa, escava-se primeiro somente até à profundidade do revestimento e constrói-se aí a parede de revestimento. Quando a parede de revestimento endurecer, poderá continuar a escavar-se a fossa com um diâmetro um pouco inferior. Uma armação de guia e um prumo (ex. uma pedra amarrada num pedaço de cordel) são materiais úteis para se obter um buraco do tamanho certo com paredes verticais. Um octógono (8 lados) é uma boa referência para se fazer um buraco redondo. Figura 1 – Exemplos de revestimento de fossas1 1 in tilz.tearfund.org/.../0/FS3012LatrineP.gif GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 53 A tampa da latrina Para latrinas vedadas com tampa e fossas ventiladas (FVA) o melhor material para a placa onde a pessoa se agacha é o betão armado ( ou concreto), uma vez que é forte, não apodrece e pode ser limpo facilmente. As tampas planas devem ter pelo menos 8cm de espessura e barras de 6mm de diâmetro por cada 15cm em ambas as direcções. O tamanho da tampa pode ser o mesmo do revestimento exterior, se este foi construído com tijolos. Se o revestimento for feito com tambores ou vime, a placa deve ser um pouco maior para que pelo menos 20cm se apoiem no chão ao redor de toda a fossa. Não deve existir nenhuma brecha debaixo da tampa para que moscas e odores não saiam da fossa. Pode também construir-se um piso feito com materiais tradicionais, tais como madeira sã e grossa coberta com barro. Tamanho do buraco onde a pessoa se agacha O buraco não deve ser muito grande pois as crianças pequenas podem cair den- tro dele. Um buraco com 10cm largura, 40cm de comprimento, com um buraco redondo de 20cm de diâmetro em um dos lados é uma boa indicação. Figura 2 – Medidas do buraco1 Só deve ser usada uma tampa para o buraco onde a pessoa se agacha com as latrinas vedadas (porque impediria a ventilação). Esta tampa deve encaixar-se de maneira perfeita para controlar os odores e as moscas. O abrigo O abrigo pode ser construído de qualquer material que estiver disponível local- mente. Para uma latrina FVA, é necessário que esteja escuro do lado de dentro mas isto não é necessário para os outros tipos de latrina.Pode construir-se o abri- go em um formato espiral pois não precisa de porta mas mesmo assim oferece privacidade. 1 in tilz.tearfund.org/.../0/FS3012LatrineP.gif 54 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Latrinas FVA As latrinas FVA (Fossas ventiladas e aperfeiçoadas) devem possuir um tubo verti- cal, com pelo menos 15cm de diâmetro ou uma chaminé de tijolos conectada à fossa. A parte superior do tubo deve ser coberta com uma tela para impedir que as moscas usem o orifício de ventilação para entrarem ou sairem da fossa. Para evitar que a tela deteriore devido à luz do sol ou aos gases corrosivos da latrina, ela deve ser de fibra de vidro ou de aço inox e não de plástico ou arame normal. Os buracos devem ter aproximadamente 1,2 – 1,5mm quadrados. O vento que sopra na parte superior do tubo de ventilação puxa o ar para fora da fossa enquanto o ar fresco sopra para dentro da fossa através do buraco onde apessoa se agacha. Este fluxo de ar é melhorado se a porta estiver do lado onde o vento costuma soprar. O abrigo FVA precisa ficar um pouco escuro para impedir que as moscas que en- tram na fossa saiam através do buraco onde a pessoa se agacha, transportando com elas organismos causadores de doenças, pois as moscas são atraídas pela luz. Latrinas para crianças As crianças pequenas têm, geralmente, medo de usar uma latrina ou acham que é difícil usá-la. Uma ideia alternativa para crianças pequenas é cavar um buraco raso (0,5m de profundidade) com uma placa pequena com tampa (tal como a latrina vedada mas mais pequena). Não é necessário ter um abrigo. Incentive as crianças a usarem esta latrina e a colocar a tampa de volta no lugar. Se esta fossa rasa ficar com mau cheiro, coloque um pouco de cinza para ajudar. Mova a placa para uma fossa nova quando os 20cm do fundo estiverem cheios e encha a fossa usada com terra. Manter a latrina limpa Deve lavar-se regularmente a placa da latrina onde a pessoa se agacha, com uma escova e com água e sabão. (Pode ser usada a água que foi usada para lavar roupas). Deve-se lavar as mãos todas as vezes que se usar a latrina. GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 55 Bibliografia Angola - Decreto Presidencial nº262/10 de 24 de Novembro, publicado no Diário da República de 24 de Novembro de 2010, I Série, nº222 Kuhn, Eunice (2002) Promoção da saúde bucal em bebés participantes de um programa educativo-preventivo na cidade de Ponta-Grossa-P” R. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública;77 p. Potter, Patricia; Perry, Anne Griffin (2006) Fundamentos de Enfermagem.Lisboa: Lusociência. Referências Electrónicas Angola – Ministério da Educação (2011) – Balanço da Implementação da 2ª Re- forma Educativa em Angola. Disponível em http://www.med.gov.ao/VerPubli- cacao.aspx?id=705 Cobra, Rubem Q. (2001)- Higiene pessoal. Disponível em htpp:// www.cobra. pages.nom.br, INTERNET, Brasília. Portugal - Ministério da Saúde (2006) Higiene oral para prevenir. Disponív- el em http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/ saude+oral/higieneoral.htm Skinner , Brian; Franceys, Richard e Isabel Carter (2005) Planejamento de latrinas de fossas. Disponível em http://tilz.tearfund.org/NR 56 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA UNICEF (2010) Info by country - Angola Statistics. Disponível em http://www. unicef.org/infobycountry/angola_30953.html GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 57 ROTEIROS DE ACTIVIDADES – TEMA 1: HIGIENE E SAÚDE ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.1. Saúde e doença. Os indicadores de saúde. OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer os conceitos de saúde, doença, indicadores de saúde. • Conhecer os indicadores de saúde mais significativos em Angola • Analisar as implicações da saúde e doença na vida pessoal, familiar e es- colar NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS Saúde – Doença – Indicadores de saúde DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES Utilizando o método de tempestade de ideias o professor solicita aos alunos que possam dizer quais os seus conceitos de saúde e de doença. Escreve num quadro os vários conceitos mencionados pelos alunos, faz a síntese e discute com os alunos os vários conceitos. Menciona depois os conceitos teóricos existentes. Explicita o que são indicadores de saúde. Divide a turma em grupos de 4 a 5 elementos e distribui uma ficha escrita com texto sobre indicadores de saúde com as respectivas fórmulas. E com exercícios para resolução. Estabelece tempos para a resolução dos exercícios. Os grupos resolvem os exercícios e partilham com a turma. RECURSOS Alunos Professor 58 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Papel e lápis/canetas Ficha para resolução dos exercícios (Ficha de trabalho nº1) AVALIAÇÃO Resolução da ficha de exercícios. Reflexão sobre o contributo da actividade para o aumento dos conhecimentos sobre as questões da saúde e doença. ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.2. Determinantes de saúde e estilos de vida OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM • Reflectir sobre a noção de determinantes da saúde e o seu impacto na saúde. • Analisar os principais determinantes de saúde em Angola. • Consciencializar e reflectir sobre a relevância dos estilos de vida na situa- ção de saúde das pessoas. NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS Estilos de vida - Determinantes de saúde DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES O professor apresenta os conceitos de estilos de vida, estilos de vida saudáveis e determinantes de saúde. Após expor os conceitos, propõe trabalho de grupo sobre estilos de vida e determinantes de saúde, a partir de dois textos e de um roteiro de trabalho. GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 59 Desenvolvimento da actividade: • O professor, depois de propor o tema, constrói com a turma um determi- nado número de regras a respeitar durante o trabalho • Divide a turma em pequenos grupos entregando os dois textos (Texto apoio nº1 e 2) e uma ficha (ficha de trabalho nº 2) com questões a cada grupo • Cada grupo lê os textos, discute as questões e responde a cada uma de- las • Cada grupo, através de um porta-voz, partilha com os outros as respos- tas que foram consensuais, as que não foram e as dúvidas a discutir • O professor regista no quadro as informações dadas pelos porta-vozes dos grupos • Verifica-se ao nível da turma os consensos, os não consensos e dúvidas a discutir • O professor lidera depois o debate sobre as dúvidas e não consensos en- tre os grupos • O professor faz a síntese da discussão e um dos alunos, previamente es- colhido, faz a acta onde ficam enunciadas as conclusões e/ou decisões tomadas. O professor deve ficar com todos os documentos que resultaram do trabalho de grupo. RECURSOS Alunos Professor Papel e lápis/canetas Textos de apoio 1 e 2 e ficha de trabalho nº2. AVALIAÇÃO Realização do trabalho de grupo e apresentação escrita e oral do trabalho real- izado. 60 • PROjECTO DE FORMAÇÃO DE FORMADORES DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMáRIO EM ANGOLA Discussão sobre os aspectos positivos e negativos da metodologia utilizada. Que são estilos de vida saudáveis? Que determinantes de saúde considero terem mais impacto na saúde da popu- lação local? ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.3. Higiene pessoal OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM • Reflectir sobre a relevância da higiene pessoal na saúde. • Promover nos alunos a consciência de que serão no futuro educadores também nas questões de higiene. • Consciencializar que o bem-estar depende em grande parte dos cuida- dos com a higiene pessoal. NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS Higiene – Cuidados de higiene DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES O professsor propõe trabalho em grupos sobre o tema higiene pessoal desafi- ando os alunos a construir propostas de actividades a desenvolver com crianças do ensino primário, idades entre os 7 e os 9 anos de idade sobre o tema. Os grupos construirão histórias ou dramatizações sobre o tema a partir de uma ficha de trabalho fornecida pelo professor (ficha de trabalho nº3) Cada grupo apresenta o trabalho realizado em sala de aula. Os restantes grupos, enquanto assistem, tomam notas sobre os aspectos mais positivos da apresentação e sugestões de melhoria, que depois partilham com a turma. GUIA METODOLóGICO | HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR • 61 RECURSOS Alunos Professor Papel e lápis/canetas Ficha de trabalho nº3. AVALIAÇÃO Discussão do método e dos seus aspectos positivos. Como posso ser um bom educador nas questões da higiene e saúde das crian- ças? ROTEIRO DE ACTIVIDADES 1.4 Higiene da habitação e do meio OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM Sensibilizar para a importância da higiene da habitação e do meio na prevenção de doenças provocadas por parasitas, roedores e insectos. Aprender medidas de higiene do meio preventivas de doenças infecciosas e/ou parasitárias. NOÇÕES E CONCEITOS ESSENCIAIS Higiene da habitação e
Compartilhar