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Medidas e Materiais elétricos Prof.a Vanessa Galdino Mendes de Farias Machado Indaial – 2019 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.a Vanessa Galdino Mendes de Farias Machado Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: M149m Machado, Vanessa Galdino Mendes de Farias Medidas e materiais elétricos. / Vanessa Galdino Mendes de Farias Machado. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 181 p.; il. ISBN 978-85-515-0329-4 1. Aparelhos e materiais elétricos. - Brasil. 2. Medidas. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 621.3028 III apresentação Caro acadêmico! Conhecer os materiais e suas principais aplicações é importante para fundamentar escolhas adequadas de utilização desses em nosso dia a dia. Compreender suas propriedades facilitará o entendimento do comportamento dos materiais. A mensuração desses materiais também é uma característica essencial, pois a obtenção de medidas de precisão colabora no progresso da maioria das áreas de conhecimento. Desse modo, na Unidade 1 estudaremos os conceitos fundamentais relacionados às propriedades dos materiais e iniciaremos o estudo sobre esses com os materiais condutores, apresentando suas características e aplicações. Na Unidade 2 serão estudadas as principais características e aplicações dos materiais isolantes, semicondutores e magnéticos. Por fim, na Unidade 3 concluiremos com o estudo sobre as medidas elétricas. Ótima leitura e bons estudos! Prof.a Vanessa Galdino Mendes de Farias Machado IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS .................................................................. 1 TÓPICO 1 – PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS ............. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 ESTRUTURA ATÔMICA .................................................................................................................... 4 2.1 LIGAÇÃO IÔNICA ......................................................................................................................... 5 2.2 LIGAÇÃO COVALENTE ................................................................................................................ 6 2.3 LIGAÇÃO METÁLICA ................................................................................................................... 7 2.4 LIGAÇÃO SECUNDÁRIA OU DE VAN DER WAALS ............................................................. 8 3 ESTRUTURA CRISTALINA ............................................................................................................... 9 4 PROPRIEDADES ELÉTRICAS .......................................................................................................... 10 4.1 CONDUTIVIDADE E RESISTIVIDADE ELÉTRICA.................................................................. 10 4.2 CONDUÇÃO NOS SÓLIDOS ........................................................................................................ 12 4.3 CONDUÇÃO NOS LÍQUIDOS...................................................................................................... 13 4.4 CONDUÇÃO NOS GASES ............................................................................................................ 13 5 PROPRIEDADES MECÂNICAS ....................................................................................................... 14 5.1 DEFORMAÇÃO NOS METAIS ..................................................................................................... 14 5.2 OUTRAS PROPRIEDADES MECÂNICAS .................................................................................. 16 6 PROPRIEDADES TÉRMICAS ........................................................................................................... 18 7 PROPRIEDADES QUÍMICAS ........................................................................................................... 21 8 PROPRIEDADES ÓPTICAS ............................................................................................................... 22 8.1 REFRAÇÃO ...................................................................................................................................... 24 8.2 REFLEXÃO OU REFLETÂNCIA ................................................................................................... 26 8.3 TRANSPARÊNCIA, TRANSLUCIDEZ E OPACIDADE ........................................................... 29 8.4 ABSORÇÃO ...................................................................................................................................... 30 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 32 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33 TÓPICO 2 – MATERIAIS CONDUTORES ........................................................................................ 35 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35 2 CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS CONDUTORES .......................................................... 36 2.1 VARIAÇÃO DA RESISTIVIDADE COM A TEMPERATURA ................................................. 36 2.2 RESISTÊNCIA DE CONTATO NOS METAIS ............................................................................. 38 2.3 MATERIAIS DE ELEVADA CONDUTIVIDADE ....................................................................... 39 2.3.1 Cobre e suas ligas.................................................................................................................... 39 2.3.2 Alumínio e suas ligas ............................................................................................................. 41 2.3.3 Chumbo (Pb) ........................................................................................................................... 44 2.3.4 Estanho (Sn) ............................................................................................................................. 45 2.3.5 Prata (Ag) .................................................................................................................................46 2.3.6 Ouro (Au) ................................................................................................................................. 46 2.3.7 Platina (Pt) ................................................................................................................................ 47 2.3.8 Mercúrio (Hg) .......................................................................................................................... 48 2.3.9 Zinco (Zn) ................................................................................................................................ 49 2.3.10 Cádmio (Cd) .......................................................................................................................... 50 suMário VIII 2.3.11 Níquel (Ni) ............................................................................................................................. 50 2.3.12 Cromo (Cr) ............................................................................................................................. 51 2.3.13 Ferro (Fe) ................................................................................................................................ 52 2.4 MATERIAIS DE ELEVADA RESISTIVIDADE ............................................................................ 52 2.4.1 Ligas de aquecimento ............................................................................................................. 53 2.4.2 Ligas para fins de medição .................................................................................................... 53 2.4.3 Ligas para fins de regulação .................................................................................................. 53 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 55 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 58 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 59 UNIDADE 2 – MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS .................................................................. 61 TÓPICO 1 – MATERIAIS ISOLANTES .............................................................................................. 63 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63 2 POLARIZAÇÃO DOS DIELÉTRICOS ............................................................................................. 64 2.1 POLARIZAÇÃO ELETRÔNICA (DIPOLO INDUZIDO) ......................................................... 65 2.2 POLARIZAÇÃO IÔNICA ............................................................................................................. 67 2.3 POLARIZAÇÃO POR ORIENTAÇÃO DE DIPOLOS PERMANENTES ................................ 68 3 COMPORTAMENTO DOS DIELÉTRICOS EM SERVIÇO......................................................... 68 3.1 RESISTÊNCIA DE ISOLAMENTO ............................................................................................... 69 3.2 RESISTÊNCIA SUPERFICIAL ....................................................................................................... 69 3.3 RIGIDEZ DIELÉTRICA ................................................................................................................... 70 3.4 RIGIDEZ DIELÉTRICA SUPERFICIAL ........................................................................................ 70 3.5 RUPTURA DOS DIELÉTRICOS .................................................................................................... 70 3.6 EFEITO CORONA ........................................................................................................................... 70 4 TIPOS DE MATERIAIS ISOLANTES .............................................................................................. 72 4.1 ISOLANTES GASOSOS .................................................................................................................. 73 4.2 ISOLANTES LÍQUIDOS ................................................................................................................. 74 4.2.1 Óleo mineral ............................................................................................................................ 74 4.2.2 Óleos de silicone ..................................................................................................................... 77 4.3 ISOLANTES SÓLIDOS .................................................................................................................... 77 4.3.1 Papel ......................................................................................................................................... 77 4.3.2 Fibras sintéticas ....................................................................................................................... 78 4.3.3 Materiais cerâmicos ................................................................................................................ 79 4.3.4 Vidros ....................................................................................................................................... 81 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 83 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84 TÓPICO 2 – MATERIAIS SEMICONDUTORES .............................................................................. 85 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85 2 ESTRUTURAS DE BANDAS DE ENERGIA NOS SÓLIDOS .................................................... 85 3 CONDUÇÃO EM BANDAS ELETRÔNICAS ................................................................................ 88 4 SEMICONDUÇÃO INTRÍNSECA .................................................................................................... 91 5 SEMICONDUÇÃO EXTRÍNSECA ................................................................................................... 93 6 TIPOS E APLICAÇÕES DE SEMICONDUTORES ....................................................................... 97 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 99 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 100 TÓPICO 3 – MATERIAIS MAGNÉTICOS ......................................................................................... 101 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 101 2 MAGNETISMO .................................................................................................................................... 101 IX 3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS.................................. 103 4 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS ................................................................ 106 5 MAGNETIZAÇÃO E DESMAGNETIZAÇÃO DE UM METAL FERROMAGNÉTICO ....... 109 6 ALGUNS MATERIAIS MAGNÉTICOS E SUAS APLICAÇÕES ............................................... 110 7 SUPERCONDUTORES ........................................................................................................................ 114 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 116 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 120AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 121 UNIDADE 3 – MEDIDAS ELÉTRICAS .............................................................................................. 123 TÓPICO 1 – CONCEITOS DE MEDIDA ............................................................................................ 125 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 125 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM MEDIDAS .......................................................................... 126 2.1 PRECISÃO E EXATIDÃO ............................................................................................................... 126 2.2 ALGARISMO SIGNIFICATIVO ..................................................................................................... 127 2.3 TÉCNICAS DE ARREDONDAMENTO ....................................................................................... 128 2.4 ERRO DE ARREDONDAMENTO ................................................................................................ 129 3 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES ............................................................................. 129 4 PADRÕES DE MEDIDA ..................................................................................................................... 135 4.1 HIERARQUIA DE PRECISÃO E EXATIDÃO ............................................................................. 137 5 ERROS DE MEDIÇÃO ....................................................................................................................... 138 5.1 ERRO SISTEMÁTICO ..................................................................................................................... 138 5.1.1 Erro aleatório ou acidental .................................................................................................... 139 5.1.2 Erro grosseiro .......................................................................................................................... 140 6 CONCEITOS BÁSICOS EM ESTATÍSTICA E TRATAMENTO DE DADOS.......................... 141 6.1 CONCEITOS QUE SE APLICAM À ANÁLISE DAS VARIAÇÕES DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO ......................................................................................................................................... 143 7 PROPAGAÇÃO DE ERROS ............................................................................................................... 144 8 TERMINOLOGIA ................................................................................................................................. 144 9 CALIBRAÇÃO ....................................................................................................................................... 145 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 148 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 149 TÓPICO 2 – MEDIDAS ELÉTRICAS .................................................................................................. 151 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 151 2 GRANDEZAS ELÉTRICAS ................................................................................................................ 151 3 CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS ................................ 155 3.1 PRINCÍPIOS DE MEDIÇÃO ANALÓGICA EM CORRENTE CONTÍNUA E ALTERNADA ................................................................................................................................... 158 3.2 PRINCÍPIOS DE MEDIÇÃO DIGITAL ......................................................................................... 160 3.3 EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS ..................................................................................................... 161 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 167 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 174 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 175 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 177 X 1 UNIDADE 1 MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a estrutura do material em escala atômica; • compreender as principais propriedades elétricas, térmicas, ópticas e quí- micas dos materiais; • conhecer as características que definem o material condutor; • conhecer diferentes tipos de materiais condutores disponíveis para utili- zação; • compreender as principais aplicações dos materiais condutores; • compreender conceitos estruturais do material que o auxiliarão no estudo de todo o livro. Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com objetivo de reforçar o conteúdo apresentado: TÓPICO 1 – PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS TÓPICO 2 – MATERIAIS CONDUTORES 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 1 INTRODUÇÃO Olá, acadêmico! Neste tópico apresentaremos conceitos fundamentais dos materiais que servirão de base para os conteúdos que serão apresentados nas unidades seguintes. Desde o princípio, o homem tem usado os materiais para melhorar sua vida. Materiais tais como madeira, aço, plástico, vidro e borracha são alguns dos mais utilizados na fabricação de produtos que utilizamos em nosso dia a dia. O conhecimento de suas propriedades é uma ferramenta importante para compreender o comportamento dos materiais e para que estes sejam aplicados adequadamente (OLIVEIRA; BOFF; PRESTES, 2015). Uma função importante dos engenheiros é definir tecnologias que permitam a construção de novos materiais. Por isso, é relevante que conheçam a estrutura interna e suas propriedades e assim possam escolher os mais adequados para a produção (SMITH, 1998). Para Callister (2007) a acessibilidade a materiais produzidos adequadamente está intimamente relacionada ao avanço na compreensão dos tipos de materiais: O desenvolvimento de muitas tecnologias que tornam a nossa existência tão confortável tem sido intimamente associado ao acesso a materiais adequados. Um avanço na compreensão de um tipo de material é frequentemente o precursor para a progressão gradual de uma tecnologia (CALLISTER, 2007, p. 2, tradução nossa). O objetivo geral desta primeira parte dos estudos é habilitar o acadêmico na seleção e distinção de materiais apropriados ao uso em equipamentos e dispositivos eletrônicos, compreendendo e relacionando suas principais propriedades. De acordo com Smith (1998), os engenheiros de investigação e desenvolvimento tecnológico buscam criar materiais ou modificar as propriedades dos já existentes. Já os engenheiros projetistas usam materiais que existem, sejam esses modificados ou novos, para criar produtos e/ou sistemas. UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 4 Qual deles você pretende ser, caro acadêmico? Vamos estudar um pouco mais os materiais para que você possa escolher. Aproveite a leitura! 2 ESTRUTURA ATÔMICA Segundo Shackelford (2008), uma base para a classificação dos materiais é encontrada na essência de suas ligações atômicas: Para entender as propriedades ou características observáveis dos materiais da engenharia, é necessário entender sua estrutura emuma escala atômica e/ou microscópica. Praticamente, cada propriedade principal das cinco categorias de materiais que esboçamos resulta diretamente de mecanismos que ocorrem no nível atômico ou microscópico (SHACKELFORD, 2008, p. 9). A ligação atômica se divide em duas áreas principais: ligação primária e ligação secundária. Na primeira, encontram-se as ligações iônica, metálica e covalente que apresentam junção forte entre átomos adjacentes, além da possibilidade de compartilhamento de elétrons. Na segunda, estão as ligações de Van der Walls, com fracas conexões entre os átomos e ausência de compartilhamento de elétrons. De acordo com Callister (2007), as propriedades mais importantes do material dependem da sua organização geométrica atômica e das interações entre os átomos ou moléculas. A estrutura do material é diretamente relacionada aos tipos de átomo e ligações atômicas que são formadas. Os átomos consistem das partículas prótons, elétrons e nêutrons. As duas primeiras partículas subatômicas são carregadas eletricamente e suas cargas equivalem a aproximadamente 1,6 x 10 -19 C, sendo esse valor negativo para os elétrons e positivo para os prótons. Suas massas correspondem respectivamente a 1,67 x 10 -27 kg e 9,11 x 10 -31 kg. Já os nêutrons possuem carga nula e a massa é equivalente à do próton. Essas duas partículas estão concentradas em um pequeno núcleo no átomo, com os elétrons em sua volta em movimento. Os elétrons que circundam o núcleo do átomo possuem diferentes níveis energéticos que dependem da camada em que estão localizados. A camada mais externa é chamada de valência. De acordo com Caram (2000), os elétrons contribuem com uma pequena parcela da massa total do átomo. No entanto, eles são responsáveis, principalmente os que se localizam nas camadas mais externas, pelas principais características do material, tais como elétricas, mecânicas, químicas e térmicas. Desse modo, é importante estudá-los com mais atenção. TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5 A estrutura interna dos materiais resulta da junção de átomos por meio de forças de ligação conhecidas como interatômicas. Essa atração que ocorre entre os átomos e permite a junção entre eles, está também relacionada à sua estrutura eletrônica. Ou seja, os elementos com mais estabilidade, que são aqueles com oito elétrons em sua camada de valência, apresentam atração mais fraca entre os átomos. Entre esses se destacam os gases nobres, por exemplo, o Hélio (He) e o Neônio (Ne). A maioria dos outros elementos pode adquirir um arranjo de estabilidade recebendo, perdendo ou compartilhando elétrons. Os átomos que possuem facilidade em receber elétrons são chamados de eletronegativos ou ânions e os que têm em perder são conhecidos como eletropositivos ou cátions. 2.1 LIGAÇÃO IÔNICA A ligação iônica ocorre basicamente entre elementos metálicos, que tendem perder elétrons, e não metálicos, que tendem ganhá-los. De acordo com Askeland, Fulay e Wright (2011), se há mais de um tipo de átomos presente no material, um deles pode doar os elétrons de sua camada de valência para o outro, preenchendo os níveis de energia do segundo. Nesse caso, ambos ganharam carga elétrica e se comportaram como íons. O que perdeu elétron deixou uma carga positiva e o que recebeu adquiriu uma carga negativa, comportando-se respectivamente como cátion e ânion, como definimos no ponto anterior. Logo, esses íons com cargas contrárias se atraem formando uma ligação iônica. Observe a figura a seguir: FIGURA 1 - LIGAÇÃO IÔNICA ENTRE DOIS ÁTOMOS DIFERENTES. FONTE: Askeland, Fulay e Wright (2011, p. 38) Na figura anterior é possível observar dois átomos diferentes em que o átomo de Sódio (Na) doa um elétron de sua camada de valência para o de Cloro (Cl) e se tornam, respectivamente, eletrizados positiva e negativamente. Os íons são atraídos um pelo outro e o resultado dessa ligação é o cloreto de sódio (NaCl), o sal de cozinha. Uma característica importante da ligação iônica é que ela é não direcional, isto é, um átomo carregado positivamente atrairá elétrons do átomo adjacente carregado negativamente, em todas as direções. UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 6 Segundo Callister (2007) as forças de ligação iônica são resultantes da atração coulombiana, ou seja, ocorre entre cargas opostas. 2.2 LIGAÇÃO COVALENTE A ligação covalente ocorre por meio do compartilhamento de elétrons de átomos adjacentes comumentemente não metais, com semelhantes e elevadas eletronegatividades. Dois átomos com eletronegatividades similares atrairão elétrons um do outro ao se aproximarem. No entanto, o átomo que perde o elétron, além de retomá-lo, atrairá outro elétron e essa confi guração seguirá se repetindo, permitindo que esse par de elétrons constituído de um elétron de cada átomo orbite entre os dois átomos. Observe a representação deste comportamento na fi gura que segue: FIGURA 2 - LIGAÇÃO COVALENTE ENTRE ÁTOMOS DE SILÍCIO (Si) FONTE: Askeland, Fulay e Wright (2011, p. 36) Na fi gura anterior observamos as ligações covalentes entre átomos de Silício (Si) e, conforme já discutimos, os átomos compartilham seus elétrons da camada de valência com os adjacentes. No exemplo apresentado, os átomos de Silício, por possuírem quatro elétrons de valência, formam quatro ligações covalentes. Veja que a ligação covalente é direcional, ou seja, há apenas uma direção de compartilhamento entre os átomos. TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 7 2.3 LIGAÇÃO METÁLICA De acordo com Callister (2007), as ligações metálicas possuem átomos eletropositivos que doam seus elétrons da camada de valência e estes formam uma nuvem de elétrons em torno dele. Smith (1998) diz que os átomos dos metais estão agrupados de uma forma bastante compacta e nesta confi guração eles estão tão próximos uns dos outros que os elétrons da camada de valência são atraídos pelos núcleos dos vários átomos adjacentes. Logo, esses elétrons não fi cam associados a um único núcleo, mas em volta dos inúmeros átomos formando essa nuvem que é a causa da elevada condutividade elétrica dos metais. Segundo Shackelford (2008), esses elétrons livres são considerados deslocalizados, ou seja, têm a mesma probabilidade de estarem associados a qualquer um entre um elevado número de átomos próximos. A próxima fi gura representa a estrutura desta ligação. FIGURA 3 - LIGAÇÃO METÁLICA ENTRE ÁTOMOS QUE DOAM OS ELÉTRONS DE VALÊNCIA FONTE: Askeland, Fulay e Wright (2011, p. 35) Observamos a nuvem de elétrons formada e sua distribuição entre os inúmeros átomos próximos. UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 8 2.4 LIGAÇÃO SECUNDÁRIA OU DE VAN DER WAALS A ligação secundária ou de Van der Waals é fraca se comparada à força das ligações primárias que discutimos anteriormente, pois não há compartilhamento ou transferência de elétrons nesta ligação e são formadas de dipolos atômicos ou moleculares. Os dipolos surgem sempre que as cargas elétricas de átomos ou moléculas não estão distribuídas simetricamente. Segundo Shackelford (2008), o mecanismo de ligação secundária é similar à iônica e a diferença principal está na ausência de transferência de elétrons. A força de atração da ligação depende das assimetrias entre as cargas opostas dos átomos ou moléculas que estão sendo ligados, ou seja, dos dipolos. Há dois principais tipos de ligações secundárias a partir de dipolos elétricos: • Ligação secundária entre dipolos induzidos ou fl utuantes. • Ligação secundária entre dipolos permanentes. A ligação entre dipolos induzidos pode ser formada a partir de átomos ou moléculas cuja distribuição espacial dos elétrons é simétrica, ou seja, suas camadas externas são preenchidas e estáveis com oito elétrons. Shackelford (2008) menciona o exemplo do argônio (Ar), que é um gás nobre com camada orbital externa estável, e por esse motivo não forma ligação primária. Quando um átomo idêntico seaproxima, ele atrai elétrons para seu núcleo positivo e isso ocorre ao mesmo tempo nos dois átomos e o resultado dessa rápida assimetria na distribuição da carga forma o dipolo induzido. Essa confi guração é representada na fi gura seguinte. FIGURA 4 - DESENVOLVIMENTO DE DIPOLOS INDUZIDOS EM ÁTOMOS DE ARGÔNIO FONTE: Shackelford (2008, p. 35) Na fi gura anterior observamos o desenvolvimento dos dipolos induzidos em átomos (Ar) próximos que ocasionam uma ligação secundária fraca. A ligação entre dipolos permanentes, ou dipolo-dipolo, ocorre entre moléculas polares que são as possuem um polo positivo e outro negativo. TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 9 Em Smith (1998) é discutido o exemplo do hidrogênio. Em moléculas de água constituídas por hidrogênio (centro de carga positiva) e oxigênio (centro de carga negativa), a região carregada negativamente é atraída por forças coulombianas pela região positiva da outra molécula e são estabelecidas forças intermoleculares dipolo-dipolo entre as moléculas de água. 3 ESTRUTURA CRISTALINA A estrutura atômica para a maioria dos materiais é a cristalina, isto é, os átomos estão agrupados de forma regular e repetitiva. E esses arranjos dependem das forças interatômicas, fortes ou fracas, e da direção das ligações. Os materiais que não possuem estrutura atômica cristalina são chamados de amorfos e o vidro é um exemplo desta estrutura. A combinação de átomos é menos defi nida nos materiais amorfos; possuem ordem apenas em curtas distâncias e apresentam diferenças maiores em sua composição. Segundo Shackelford (2008), as possibilidades de estruturas cristalinas estão reduzidas a um número pequeno de geometrias de célula unitária, que é uma unidade estrutural representativa. Há sete tipos de células unitárias que podem ser agrupadas para ocupar o espaço tridimensional que são os sete tipos de sistemas cristalinos: cúbico, tetragonal, ortorrômbico, romboédrico, hexagonal, monoclínico e triclínico. A tabela a seguir descreve esses sistemas e seus subgrupos de forma simplifi cada. TABELA 1 - OS SISTEMAS E REDES CRISTALINOS UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 10 FONTE: Adaptado de Shackelford (2008, p. 46-47) A tabela mostra que os parâmetros a, b e c são os tamanhos da aresta de cada célula unitária e os parâmetros α, β e γ são os ângulos entre as células adjacentes. A igualdade entre as arestas não é exigida, mas pode ocorrer ocasionalmente. Por isso, em alguns sistemas, as arestas são comparadas com um símbolo de desigualdade (SHACKELFORD, 2008). 4 PROPRIEDADES ELÉTRICAS O estudo das propriedades elétricas dos materiais é importante, pois auxilia na seleção de materiais adequados ao objetivo estabelecido para o projeto. Para Callister (2007), em determinadas funções é necessário que o material tenha alta condutividade elétrica, como nos fi os que conduzem corrente. É interessante que o material que encapsula o fi o e o protege seja isolante, ou seja, não conduza corrente elétrica. O conhecimento das propriedades elétricas dos materiais ajudará nessa decisão. Discutiremos algumas a seguir. 4.1 CONDUTIVIDADE E RESISTIVIDADE ELÉTRICA De acordo com Shackelford (2008), a condução elétrica nos materiais ocorre por meio de portadores de carga como os elétrons, que possuem carga negativa equivalente a 1,6 X 10 -19 C e dos “buracos” eletrônicos, que ocorrem na inexistência de elétrons, em que se atribui a essa lacuna uma carga positiva com TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 11 valor idêntico ao do elétron. Em materiais iônicos, os cátions podem ser portadores de carga positiva e os ânions portadores de carga negativa. A carga dos íons é um múltiplo de 1,6 X 10 -19 C, devido à reduzida ou excedente quantidade de elétrons. Os portadores de carga se deslocam em forma de corrente elétrica. O movimento das cargas difere entre os diversos materiais que existem e formam um espectro de resistividade e condutividade, como é apresentado na figura a seguir. FONTE: Rolim (2002, p. 7) FIGURA 5 - ESPECTRO DE RESISTIVIDADE Na figura anterior observamos que os materiais condutores de eletricidade apresentam resistividade bem menor que os materiais isolantes, o que permite a condutividade de cargas elétricas com facilidade. Para compreender melhor o conceito de resistividade, observe a discussão proposta no Tópico 2: Variação da resistividade com a temperatura. IMPORTANT E A condutividade elétrica corresponde à facilidade com que a corrente pode circular em um material sujeito a uma diferença de potencial. A equação que a quantifica é apresentada em Shackelford (2008) e é dada por: (1)σ µ µ= +n n n p p pn q n q em que, • 𝞼 é a condutividade elétrica do material dada em Ω-1m-1; • nnenp são, respectivamente, a concentração de elétrons livres e lacunas (cm-3 ou m-3); UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 12 • qne qp são, respectivamente, as cargas elétricas elementares para elétrons e lacunas (1, 6022 x 10-19 C - Coulombs); • µn e µp mobilidade dos elétrons e lacunas dadas em m2/Vs. Os elétrons livres estão presentes em todos os materiais, no entanto, as lacunas, apenas nos semicondutores. Dessa forma, apenas a primeira parte da Equação (1) é utilizada para quantificar a condutividade em materiais condutores e isolantes. A condutividade elétrica depende de características microscópicas do material e é independente da geometria dele. Quantifica a oposição, em maior ou menor intensidade, à passagem da corrente elétrica em um material. Logo, é o inverso da condutividade e pode ser expressa por: ρ σ µ µ = = +n n n p p p 1 1 n q n q (2) A unidade da resistividade (ρ) é o Ωm. É importante mencionar que a resistividade possui uma relação com a temperatura. Em materiais condutores, com o aumento da temperatura, a resistividade aumenta devido à perda de mobilidade junto com o insuficiente aumento de elétrons livres disponíveis para condução da corrente elétrica. No entanto, nos materiais isolantes, a resistividade diminui com o aumento da temperatura por causa do aumento do número de elétrons livres para condução da corrente, que se sobrepõe à redução da mobilidade dos elétrons. 4.2 CONDUÇÃO NOS SÓLIDOS Os elétrons livres, nos materiais sólidos, estão em constante agitação térmica influenciados pela temperatura e podem estar agitados por influência de outras condições físicas também. Esse movimento é desordenado e não constitui corrente elétrica. No entanto, se esses materiais forem sujeitos a um campo elétrico, os elétrons serão atraídos a um movimento que gera a corrente. É importante destacar que não há corrente sem a presença de um campo e consequente movimento de cargas. E o sentido positivo dessa corrente será sempre o oposto ao do movimento dos elétrons. TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 13 4.3 CONDUÇÃO NOS LÍQUIDOS Quando se dissolvem algumas substâncias na água, pela hipótese de Arrhenius, elas se separam em íons que podem se deslocar naquela solução líquida. Na presença de um campo elétrico, os íons positivos se deslocam no sentido do anodo e os íons negativos em sentido oposto, em direção ao cátodo. A condução da corrente em líquidos se diferencia dos sólidos devido à possibilidade de movimento das cargas nos dois sentidos. 4.4 CONDUÇÃO NOS GASES O gás é considerado um bom isolante se estiver em pressão atmosférica, mas se for sujeito a um campo elétrico intenso ele poderá se tornar um condutor. O gás se torna ionizado quando o campo elétrico aplicado atinge um determinado valor e os elétrons começam a se distanciar dos átomos deixando- os, consequentemente, com carga positiva. Se há campo elétrico presente no gás ionizado, haverá passagem de corrente por meio dele e efeitos luminescentes, que são as luzes geradas em temperatura normal ou ambiente. Quando o que ocasionou a ionização do gás desvanece ele se mantém ionizado por um tempo, mas logo vai se dissipandoe desaparece. Assim, os íons se combinam novamente. O próximo gráfico nos mostra a variação da corrente com o campo elétrico, supondo que ela é uniforme nos gases ionizados e que a causa da ionização também se mantém constante. GRÁFICO 1 - VARIAÇÃO DA CORRENTE COM O VALOR DO CAMPO ELÉTRICO FONTE: Tavares (2009, p.11) UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 14 Com o gráfico anterior observamos que a variação da corrente com o campo é proporcional entre os pontos 0 e a, e que a partir do ponto a até o b ocorre uma saturação devido a produção de poucos íons na unidade de tempo e por volume do gás. Logo, quando a corrente atinge o valor suficiente para transportar esses íons produzidos, ela não pode mais crescer e por esse motivo a variação da corrente torna-se praticamente constante nesse intervalo. A partir do ponto b a corrente se liberta e volta a aumentar com o campo. 5 PROPRIEDADES MECÂNICAS As propriedades mecânicas de um material são mensuradas basicamente em função do seu comportamento quando submetido a uma força e são determinadas por suas deformações. Ou seja, essas propriedades dependem da microestrutura do material. Como mencionado em Callister (2007), alguns materiais estão sujeitos a cargas intensas quando utilizados: a liga de alumínio que é aplicada na construção de asas de avião e o aço utilizado em eixo de automóvel. Nesses casos é importante conhecer intrinsecamente o material que será utilizado e projetá-lo de modo que a deformação a qual ele estará sujeito não seja excessiva e não ocasione fraturas. As propriedades mecânicas são determinadas na execução detalhada de experimentos realizados em laboratório que simulam o mais próximo possível as condições que os materiais serão submetidos em atividade. Entre os fatores a serem analisados se destacam a natureza da força ou carga aplicada, a duração da aplicação e a condição ambiente. Os testes obtidos em laboratórios precisam ser realizados de forma cuidadosa. É importante que haja consistência na forma como eles são testados e na interpretação dos resultados. Para isso, há normas técnicas apropriadas que devem ser seguidas. Caro acadêmico, seguiremos o conteúdo conhecendo as principais propriedades mecânicas. 5.1 DEFORMAÇÃO NOS METAIS Quando uma tensão, que corresponde a força por unidade de área, é aplicada ao material, ele pode se tornar deformado. E a deformação pode ser elástica ou plástica. A deformação elástica possui um efeito temporário, ou seja, é dissipada quando a tensão é retirada. A deformação plástica é permanente, ou seja, ela permanece mesmo quando a carga é afastada e as dimensões do material não voltam à forma original. TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 15 Observe a seguir o comportamento do material elástico e plástico submetido a uma tensão. GRÁFICO 2 - CURVA DE TENSÃO VERSUS DEFORMAÇÃO FONTE: Shackelford (2008, p.122) A região elástica (gráfi co 2) é a parte linear no início da curva tensão versus deformação. A região plástica ocorre a partir do ponto em que a curva deixa de ser linear, que é quando a tensão atinge o seu limite elástico, ou seja, aproximadamente 400 MPa (SHACKELFORD, 2008). Na Figura 6 temos a representação de um ensaio de ruptura por tração(a) e as principais propriedades mecânicas obtidas no ensaio de tração de um metal(b). Esse ensaio corresponde a um teste cujo corpo de prova é submetido a uma força que poderá alongá-lo ou esticá-lo até o seu rompimento (SHACKELFORD, 2008). FIGURA 6 - ENSAIO DE RUPTURA POR TRAÇÃO EM UM METAL(A). PRINCIPAIS PROPRIEDADES MECÂNICAS OBTIDAS EM UM ENSAIO DE TRAÇÃO(B) FONTE: Shackelford (2008, p. 122) UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 16 Como definidos em Shackelford (2008), o ensaio de ruptura de tração representado na Figura 6(a), descreve a força do material e a deformação que ocorre quando ele é submetido à determinada carga. Na Figura 6(b) é representado o comportamento do metal (corpo de prova), por meio das principais propriedades mecânicas. O ponto 1 corresponde ao módulo de elasticidade ou módulo E, que é a inclinação da curva e que também pode ser chamado de módulo de Young. Ele demonstra a resistência à deformação elástica do material ou sua rigidez. O ponto 2 representa a tensão limite de escoamento (LE), que indica a resistência do metal à deformação permanente. No ponto 3 está representado o limite de resistência à tração (LRT), que corresponde à máxima tensão em que o material foi submetido. A região entre LE e LTR (pontos 2 e 3) na qual ocorre a elevação da resistência com o aumento da deformação, é chamada de endurecimento por encruamento, ou seja, deformação plástica a frio. O ponto 4 representa a área de ductilidade do material que é a capacidade do metal ser deformado plasticamente até o ponto de ruptura. E o ponto 5 é o módulo de resiliência do metal que representa a capacidade do material voltar ao estado inicial, quando submetido à tensão. É a área sob a curva (SHACKELFORD, 2008). 5.2 OUTRAS PROPRIEDADES MECÂNICAS Entre outras propriedades mecânicas do material, podemos citar a dureza que corresponde à resistência de um material a uma deformação local. De acordo com Shackelford (2008), há uma relação quase linear entre a dureza e a resistência que pode ser observada por meio da escala Brinell (BNH) que apresenta um grande intervalo de dureza dos materiais. Nos testes de Brinell, um objeto duro e esférico é penetrado na superfície do metal a ser testado. A carga aplicada no teste varia entre 500 e 3000 kg que se mantém constante por um período. Quanto mais duro for o material, maior será a carga aplicada. O número de dureza de Brinell depende tanto do tamanho da carga quanto do diâmetro da abertura que foi realizada. O valor mensurado do diâmetro é convertido em um número por meio de um gráfico no qual uma única escala é utilizada (CALLISTER, 2007). Outras técnicas, como o teste de Rockwell, podem ser aplicadas, onde várias escalas podem ser utilizadas para diferentes faixas de dureza (SHACKELFORD, 2008). Outra propriedade importante corresponde à tenacidade – que é a capacidade do material em absorver energia após o impacto da carga aplicada. Ela indica quanto de energia é necessária para ocasionar a ruptura da amostra testada. TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 17 Podemos citar ainda a fluência que, como definida em Shackelford (2008), pode ser uma deformação permanente em elevada temperatura e submetida a uma carga constante por um longo intervalo de tempo. Apenas o ensaio de ruptura por tração, mencionado anteriormente, não consegue descrever o comportamento do material em altas temperaturas. Os mesmos testes realizados em temperaturas elevadas geram resultados diferentes. Na Figura 7(a) é apresentado o formato padrão do teste de fluência e na Figura 7(b), a curva de fluência em função da deformação e do tempo. FIGURA 7 - TESTE DE FLUÊNCIA(A) CURVA DE FLUÊNCIA (B) FONTE: Shackelford (2008, p.143) Podemos observar na Figura 7(a) o teste de fluência padrão, cujo corpo de prova está submetido a uma carga constante e ao aquecimento em um forno. Na Figura 7(b) é possível analisar o comportamento do material submetido ao teste: no início há uma deformação elástica instantânea e logo em seguida ocorrem três fases de deformação por fluência. O primeiro estágio é o primário e apresenta uma taxa de deformação decrescente. Logo em seguida, o material entra no estágio secundário, definido por uma região com taxa de deformação constante. Nesta fase, o risco de deslizamento da amostra é amenizado pelas barreiras microestruturais que surgem. E no último estágio antes da fratura, a taxa de deformação aumenta por causa do crescimento da tensão que ocorre por começar a surgir o “pescoço” do corpo de prova, ou seja, a redução da área da seção reta (SHACKELFORD, 2008). Há ainda outras propriedades: a resistência ao choque, à fadiga, entre outras. UNIDADE1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 18 6 PROPRIEDADES TÉRMICAS De acordo com Callister (2007), a propriedade térmica corresponde à resposta do material ao calor. Um material sólido absorve energia em forma de calor e sua temperatura e dimensão aumentam. Essa energia pode ser absorvida pelas partes mais frias da amostra analisada podendo vir a derreter. Logo, a análise da reação dos materiais ao calor se torna importante. Três são as propriedades que configuram seu comportamento térmico: • Capacidade térmica. • Expansão térmica. • Condutividade térmica. A capacidade térmica indica a eficiência do material em absorver calor das regiões próximas. Quando ocorre essa absorção, a temperatura do material se eleva. E esse aumento da temperatura em função do calor pode ser expresso por (SHACKELFORD, 2008): = ∆ QC T (3) (4) em que, • C é a capacidade térmica do material; • Q é a quantidade de calor necessária para gerar uma mudança de temperatura; • ΔT é a variação de temperatura. A capacidade térmica pode ser expressa em J/mol-K ou cal/mol-K. Outra propriedade é a expansão térmica. De acordo com Shackelford (2008), corresponde a um aumento da dimensão do material e é resultante de uma maior distância entre os átomos vizinhos. Esse distanciamento ocorre devido ao aumento da vibração térmica dos átomos, ocasionada pela elevação da temperatura. Essa relação que ocorre entre o crescimento da dimensão do material e o aumento da temperatura é expressa pelo coefieciente linear de expansão térmica, dado por (SHACKELFORD, 2008): α = dL LdT em que, • α é o coeficiente linear de expansão térmica, mm/(mm. oC); • L é a dimensão total do material, mm; • T é a temperatura, oC. TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 19 A representação do fenômeno de espaçamento entre os átomos devido às vibrações ocasionadas pelo aumento de temperatura pode ser observada na figura a seguir. Na legenda atente para a posição normal do átomo e à nova localização após as vibrações (CALLISTER, 2007). FIGURA 8 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA VIBRAÇÃO E DISTANCIAMENTO ENTRE OS ÁTOMOS FONTE: Callister (2007, p. 724) No gráfico a seguir é possível observar que a partir de um ponto de vista atômico, a expansão térmica é refletida pelo aumento da distância entre os átomos. Essa ocorrência pode ser melhor compreendida por meio da curva de espaçamento, dada em função da energia atômica e da distância interatômica (CALLISTER, 2007). GRÁFICO 3 - ENERGIA POTENCIAL VERSUS A DISTÂNCIA ENTRE OS ÁTOMOS FONTE: Callister (2007, p. 727) UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 20 No gráfi co anterior é possível observar o aumento da separação entre os átomos com o aquecimento do material que gera maior energia vibracional. Perceba que o distanciamento interatômico cresce progressivamente de r0 para r1 , e assim sucessivamente (CALLISTER, 2007). No que diz respeito à condutividade térmica, Shackelford (2008) descreve como a propagação ou fl uxo do calor por meio de um material. É o fenômeno pelo qual o calor é transferido de uma região com elevada temperatura para uma com baixa. E essa capacidade de um material transferir calor pode ser expressa por (CALLISTER, 2007; ASKELAND, FULAY E WRIGHT, 2011): = Q dTk A dx (5) em que, • Q é o calor transferido; • A é a área em que ocorre a condução do calor; • K é a condutividade térmica (W/mK); • dT/dx é o gradiente de temperatura. Observe na fi gura a seguir a representação da expressão para condutividade térmica. FIGURA 9 - REPRESENTAÇÃO DA CONDUTIVIDADE DE CALOR EM UM MATERIAL FONTE: Askeland, Fulay e Wright (2011, p. 839) O calor Q é transferido por meio da área de um material cilíndrico quando aquecido por uma fonte de calor, conforme ilustrado anteriormente. Ou seja, ele é transferido da região mais aquecida para a mais fria. O gradiente de temperatura indica a direção e a taxa de variação da temperatura na área do material. A transferência da energia térmica no material pode ocorrer por meio de dois mecanismos: transporte de elétrons e vibração de fônons. Para Askeland, Fulay e Wright (2011), a quantidade da energia que será transportada pelo material dependerá principalmente do número de elétrons agitados e de sua mobilidade: TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 21 Os elétrons de valência ganham energia, movem-se para as áreas mais frias do material e transferem sua energia para outros átomos. A quantidade de energia transferida depende do númerode elétrons excitados e sua mobilidade; estes, por sua vez, dependem do tipo de material, imperfeições da rede e temperatura. Além disso, as vibrações dos átomos induzidas termicamente transferem energia por meio do material (ASKELAND; FULAY; WRIGHT, 2011, p. 840 - tradução nossa). “Um fônon é definido na mecânica quântica como um ‘movimento vibratório simples no qual uma estrutura de átomos ou moléculas oscila de maneira uniforme em uma única frequência”. FONTE: <http://br.amadamiyachi.com/glossary/glossphonon>. Acesso em: 14 dez. 2018. NOTA 7 PROPRIEDADES QUÍMICAS Há alguns efeitos químicos prejudiciais associados aos materiais, dentre esses a radiação e corrosão. Vamos estudá-los brevemente a seguir. Radiação A radiação é a propagação de ondas eletromagnéticas ou partículas em velocidade elevada. Pode ocasionar danos nos materiais e precisa ser levada em consideração, por exemplo, em um projeto de reatores nucleares. Ela possui a capacidade de modificar a estrutura do material. A energia extra gerada pela radiação direcionada ao material pode ocasionar ruptura de ligações e átomos rearranjados em estruturas novas. Nos materiais poliméricos, a radiação ultravioleta gera degradação (TAVARES, 2009). Corrosão A corrosão é o processo de degradação do material que resulta da ação do meio. O processo ocasiona variações químicas, desgastes e modificações na estrutura do material. A corrosão metálica ocorre por mecanismo eletroquímico na superfície do material, está relacionada à exposição do metal ou liga a um meio condutor de cargas elétricas em que estejam presentes moléculas de água, gás oxigênio e íons de hidrogênio (TAVARES, 2009). http://br.amadamiyachi.com/glossary/glossphonon UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 22 Materiais não metálicos como borracha, concreto, polímeros etc., também estão sujeitos ao processo de corrosão por causa da ação do meio ambiente. Alguns exemplos de corrosão nesses materiais são a degradação do cimento ocasionada pelo sulfato, a perda da elasticidade nas borrachas por ação do ozônio e a perda de resistência da madeira resultante da ação de hidrólise na célula (COSTA, 2009). 8 PROPRIEDADES ÓPTICAS Quando os materiais são expostos à radiação eletromagnética é importante poder prever e alterar as suas respostas, mas isso só é possível quando conhecemos as propriedades ópticas e compreendemos os mecanismos responsáveis por seu comportamento óptico (CALLISTER, 2007). Em determinados materiais, o comportamento óptico, que corresponde à forma como eles refl etem e transmitem a luz visível, é muito importante. O vidro é um exemplo da importância da análise do papel óptico em um material. E as telecomunicações possuem também várias aplicações práticas relacionadas ao comportamento óptico (SHACKELFORD, 2011). Para mais informações sobre as aplicações práticas do comportamento óptico nas telecomunicações, leia: KEISER, G. Comunicações por fi bras ópticas. Porto Alegre: McGRAW-HILL EDUCATION, 2014. DICAS Para compreendermos a natureza do comportamento óptico é necessário relembrar o espectro de radiação eletromagnética. De acordo com Callister (2007), a radiação é uma onda composta por componentes elétricos e magnéticos, perpendiculares entre si. Observe a seguir: FIGURA 10 - ONDA ELETROMAGNÉTICA FONTE: Callister (2007, p. 115) TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 23 Na fi gura anterior, conforme já mencionado, observamos queo componente elétrico (E) e o magnético (H) são perpendiculares entre si e na direção de propagação e que λ quantifi ca o comprimento da onda. Entre os exemplos de radiação eletromagnética podemos citar a luz, o calor, ondas de rádio, raios–x etc. Cada radiação é caracterizada pelo intervalo de comprimento de onda em que está inserida e pela forma como foi gerada (CALLISTER, 2007). FIGURA 11 - ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO FONTE: Callister (2007, p. 116) Conseguimos identifi car, na fi gura anterior, que a luz visível ocupa uma pequena faixa do espectro eletromagnético e está inserida entre os comprimentos de onda 0,4 µm e 0,7µm. Ela é a parte do espectro que pode ser observada pelo olho humano (CALLISTER, 2007; SHACKELFORD, 2008). A velocidade da luz corresponde aproximadamente a 3 x 108 m/s e pode ser representada pela relação entre propriedades elétricas e magnéticas (SHACKELFORD, 2008): ε µ = 0 0 1C (6) UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 24 em que, • ε0 corresponde à permissividade elétrica do vácuo; • µ0 é a permissividade magnética do vácuo. A permissividade elétrica e a permeabilidade magnética serão discutidas na Unidade 2: Materiais Magnéticos. NOTA A luz também pode ser definida como pacotes de energia chamados fótons, sendo que a energia de um fóton (Eg) pode ser representada por meio da expressão (SHACKELFORD, 2008): =E hfg (7) (8) em que, • h é a constante de Planck (6,626 x 10-34 J.s); • f é a frequência dada por (c/λ). Após discutirmos os conceitos fundamentais relacionados ao comportamento óptico do material e à faixa de luz visível, seguiremos estudando as principais propriedades ópticas nessa faixa que corresponde ao intervalo do espectro especialmente transmitido em materiais ópticos. 8.1 REFRAÇÃO É o fenômeno em que os feixes de luz seguem de um meio para o outro, passam por uma alteração na velocidade de propagação e uma mudança na direção. Ao passar por um material, a velocidade relativa da luz é definida como índice de refração n e corresponde à razão entre a velocidade no vácuo e a velocidade no meio (CALLISTER, 2007; SHACKELFORD, 2008): θ θ = = i r sen cn v sen TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 25 em que, • c é a velocidade da luz no vácuo; • v é a velocidade da luz em um material transparente; • θi e θr correspondem respectivamente aos ângulos de incidência e refração. A seguir, observe o fenômeno de refração: GRÁFICO 4 - REFRAÇÃO DA LUZ EM UMA SUPERFÍCIE TRANSPARENTE FONTE: Smith (1998, p. 835) Podemos observar no gráfico anterior a refração da luz quando passa do primeiro meio (vácuo ou ar), com n=1, para um segundo meio composto por um material transparente, que no exemplo é o vidro de sílica-sodo-cálcico (n’=1,51). Atente que o feixe de luz incide no material formando um ângulo θi= 30º com a normal à superfície no ponto em que ocorre a incidência e refrata no meio transparente com um ângulo θr= 19,3º, dessa forma conseguimos identificar um desvio em relação ao primeiro feixe (incidente). E quanto maior for o índice de refração do material em relação ao ar, maior será o desvio dos raios luminosos ao passar pelos meios. A maioria dos materiais possui índice de refração tabelado após testes realizados em laboratório. Os índices de refração para os vidros e cerâmicas variam entre 1,5 e 2,5 e para os polímeros entre 1,4 e 1,6. Na tabela a seguir observe os índices de refração calculados para algumas cerâmicas, vidros e polímeros. Material Índice de refração médio Cerâmicas e vidros Quartzo (SiO2) 1,55 Mulita (3AL2 O3 . 2SIO2) 1, 6444 Ortoclásio (KALSi3O3) 1, 525 TABELA 2 - ÍNDICE DE REFRAÇÃO PARA CERÂMICAS, VIDROS E POLÍMEROS UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 26 Albita (NaAlSi3O8) 1, 529 Coríndon (Al2O3) 1,76 Períclásio (MgO) 1,74 Espinélio (MgO . Al2O3) 1,72 Vidro de sílica (SiO2) 1, 458 Polímeros Cloreto de polovinila 1, 54-1, 55 Polipropileno 1, 47 Poliestireno 1,59 Celuloses 1,46-1,50 Poliamidas (náilon 66) 1, 53 Politetrafluoretileno (Teflon) 1, 35-1, 38 FONTE: Shackelford (2008, p. 374) Outra informação importante é quanto maior for o índice de refração maior será o brilho do material, devido às múltiplas reflexões internas da luz que ocorrem nele. Por exemplo, se for adicionado óxido de chumbo, cujo n= 2,61, a vidros de sílica, o índice de refração aumentará e o material terá o aspecto de vidro de cristal, que é bastante utilizado em peças decorativas. Outro exemplo é o diamante: o elevado índice de refração de 2,41 faz com que suas múltiplas faces cintilem (SMITH, 1998; SHACKELFORD, 2008). Discutiremos a propriedade da refletância na sequência. 8.2 REFLEXÃO OU REFLETÂNCIA Alguns raios luminosos que atingem um material transparente não são refratados, parte da luz é refletida pela superfície, ou seja, a luz volta a se propagar no meio inicial. A parcela de luz refletida na superfície é conhecida como reflexão e possui relação com o índice de refração pela fórmula de Fresnel, expressa por (SHACKELFORD, 2008): − = + 2 n 1R n 1 (9) A fórmula é válida para um ângulo de incidência nulo igual à normal, mas pode ser utilizada por aproximação para outros ângulos de incidência. Observe a seguir o comportamento do feixe de luz refletido em uma superfície transparente. TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 27 GRÁFICO 5 - REFLEXÃO DA LUZ NA SUPERFÍCIE DE UM MATERIAL TRANSPARENTE FONTE: Shackelford (2008, p. 375) É possível observar que parte dos feixes de luz é refletida e outra parte refratada. Isso ocorre se o material do meio de origem dos raios luminosos possuir índice de refração menor que o segundo meio. Para que ocorra apenas reflexão, além da condição citada, é necessário que o ângulo de incidência seja o ângulo limite e que o ângulo de reflexão seja igual a 90º. Conseguimos identificar também que o ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência, isso ocorre com base nas leis da reflexão que são divididas em duas: Primeira lei – O plano de incidência coincide com o plano de reflexão. Dito de outra forma essa lei estabelece que "O raio de incidência a reta normal e o raio refletido estão emitidos no mesmo plano". Segunda lei – O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. Na verdade, essas duas leis, essencialmente empíricas, podem ser entendidas a partir da natureza corpuscular da luz. De fato, podemos pensar na reflexão como resultado de colisão dos fótons com a superfície de separação entre dois meios. É algo parecido com a colisão de uma bola de tênis (ou outra bola) com uma parede. O fenômeno da colisão da bola com a parede obedece às mesmas leis da reflexão da luz (e vice-versa). (CEPA, 2017, s.p) “O ângulo limite é definido como ‘menor ângulo de incidência da luz em uma superfície de separação entre dois meios a partir dos quais ela é totalmente refletida”. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/reflexao-total-luz.htm>. Acesso em: 16 dez. 2018. NOTA https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/reflexao-total-luz.htm UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 28 De acordo com Shackelford (2008), em algumas situações a reflexão é desejável, como por exemplo em revestimentos com esmalte brilhante. No entanto, em outras ocasiões a refletividade não é interessante, como em aplicações com lentes. O autor afirma ainda que existem dois tipos principiais de reflexão, a especular e a difusa. A refletividade especular corresponde à reflexão relativa à superfície e a difusa é a reflexão que ocorre devido à rugosidade da superfície em que incide os raios luminosos, como representados a seguir: FIGURA 12 - REFLEXÃO ESPECULAR E DIFUSA FONTE: Shackelford (2008, p. 375) É possível observar que a reflexão especular ocorre em relação à superfície média e à difusa, em relação a elementos não paralelos na superfície. A relação entre a reflexão especular e a difusa pode ser melhor compreendida por meio de diagramas polares. Para Shackelford(2008, p. 376), “tais diagramas indicam a intensidade de reflexão em uma determinada direção pelo comprimento relativo do vetor”. A Figura 13 apresenta os diagramas polares para uma superfície plana com reflexão especular (a) e para uma superfície rugosa com reflexão difusa (b). A intensidade da reflexão pode ser representada pela lei dos cossenos (para a Figura 13(b), por se tratar de um diagrama circular perfeito) na seguinte expressão: θ= 0I I cos (10) em que, I0 é a intensidade espalhada em θ=0º. Tendo em vista que os segmentos da área serão encurtados vistos de um ângulo θ, o brilho da superfície com reflexão TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 29 difusa será sempre constante independentemente do ângulo de observação. Já os materiais como vidros chegam a ter um brilho superfi cial por causa do alto índice de refração em uma superfície plana. FIGURA 13 - DIAGRAMAS POLARES: (A) REFLEXÃO EM UMA SUPERFÍCIE PLANA / (B) REFLEXÃO EM UMA SUPERFÍCIE RUGOSA FONTE: Shackelford (2008, p. 376) Observe que a lei dos cossenos não pode ser aplicada na Figura 13(b) por sua refl exão não formar um diagrama perfeitamente circular. 8.3 TRANSPARÊNCIA, TRANSLUCIDEZ E OPACIDADE De acordo com Shackelford (2008), a maioria das cerâmicas, vidros e polímeros são bons transmissores de luz. A intensidade de transmissão será defi nida pela característica do material de transparência, translucidez e opacidade. Os materiais transparentes possuem a capacidade de transmitir uma imagem clara. Os materiais que são translúcidos transmitem uma imagem difusa e os opacos apresentam perda total de transmissão da imagem. A fi gura a seguir apresenta a refl exão de um feixe incidente em um material translúcido. Observe o comportamento da transmissão. UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 30 FIGURA 14 - REFLEXÃO E TRANSMISSÃO DA LUZ EM UMA PLACA TRANSLÚCIDA FONTE: Shackelford (2008, p. 376) Foi possível observar que uma parcela do feixe de luz incidente é transmitida em maior parte difusamente e outra parte é refletida (também com a maioria dos feixes difusos). Em relação à opacidade, ela pode ser ocasionada pela porosidade do material que pode ocasionar o espalhamento da luz em pequenos poros. A intensidade da opacidade depende da dimensão e concentração de poros e da diferença entre os índices de refração dos poros e do material analisado (para nporo > nmaterial). Os vidros, por exemplo, possuem partículas opacificantes com índice de refração (n=2), superior ao do vidro (n=1,5). 8.4 ABSORÇÃO Os materiais não metálicos podem ser opacos, translúcidos e transparentes à luz visível, como já vistos. Se forem transparentes, eles costumam parecer que são coloridos. A radiação da luz nesse tipo de material pode ser absorvida de duas formas (CALLISTER, 2007): • Absorção por polarização eletrônica. • Absorção por transições eletrônicas. A absorção por polarização eletrônica ocorre na transição de elétrons entre os níveis eletrônicos de uma molécula. Um componente de campo elétrico na faixa de luz visível interage com a nuvem de átomo de tal forma a ocasionar a polarização eletrônica. Como resultado, ocorre a absorção ou a alteração da nuvem de elétrons do átomo (CALLISTER, 2007). A absorção do fóton por transações eletrônicas ocorre pela excitação de um elétron da banda de valência para um estado de energia vazio da banda de condução. Observe a seguir: TÓPICO 1 | PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS 31 FIGURA 15 - MECANISMO DE ABSORÇÃO DE FÓTON DA BANDA DE VALÊNCIA FONTE: Callister (2007, p. 123) Observamos que um elétron é excitado por meio da banda de lacuna e deixa um buraco na banda de valência. A energia absorvida pelo fóton é ΔE e tem que ser maior que a energia da banda de lacuna (Eg), para que esse fenômeno ocorra. Caro acadêmico! Neste primeiro tópico conseguimos compreender as características básicas que defi nem a classifi cação dos materiais. Com base nestes conceitos fundamentais, estudaremos os materiais condutores no Tópico 2. 32 Neste tópico, você aprendeu que: • As ligações atômicas são de extrema importância para entender as propriedades dos materiais da engenharia. Praticamente, cada propriedade principal das cinco categorias de materiais que esboçamos resulta diretamente de mecanismos que ocorrem no nível atômico ou microscópico. • Os materiais também podem ser caracterizados por suas propriedades elétricas, mecânicas, térmicas, químicas, ópticas, entre outras. • Os materiais podem ser deformados mecanicamente e também modificados pela temperatura. • Só é possível prever as respostas do material quando submetido à radiação eletromagnética, quando conhecemos as propriedades ópticas e compreendemos os mecanismos responsáveis por seu comportamento óptico. RESUMO DO TÓPICO 1 33 1 No estudo do Tópico 1 vimos que a base para a classificação dos materiais é encontrada na essência de suas ligações atômicas. Dessa forma, discuta brevemente a respeito dos tipos de ligações químicas do material. 2 Um material metálico sujeito a um teste de tração pode apresentar deformações elásticas ou plásticas. Se um material deformado plasticamente for submetido a uma fonte de calor, qual efeito será observado no material? Leia atentamente as proposições e assinale a alternativa CORRETA. a) ( ) O material é submetido a algumas etapas de deformação plástica antes da ruptura. Inicialmente a deformação cresce, em seguida diminui e se torna constante. b) ( ) O material é submetido a algumas etapas antes da ruptura. Inicialmente a deformação decresce, em seguida se torna constante e elástica. c) ( ) Inicialmente é deformado elasticamente e depois é submetido a estágios de deformação plástica antes da ruptura. A deformação decresce, em seguida se torna constante e volta a crescer. d) ( ) Inicialmente é deformado elasticamente e depois é submetido a dois estágios de deformação plástica antes da ruptura. A deformação cresce e em seguida se torna constante. e) ( ) O material é submetido inicialmente às etapas de deformação crescente e decrescente e, em seguida, é deformado elasticamente. 3 Defina expansão térmica e discuta os principais efeitos ao material. AUTOATIVIDADE 34 35 TÓPICO 2 MATERIAIS CONDUTORES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Olá, acadêmico! No Tópico 1 apresentamos conceitos fundamentais dos materiais, importantes para a compreensão do comportamento dos diferentes tipos que estão disponíveis para nós. E a partir deste segundo tópico, habituados com os principais conceitos, estudaremos o que são os materiais e suas principais aplicações. Com base em suas propriedades, os materiais podem ser classificados em condutores, isolantes, semicondutores e magnéticos. No Tópico 2 discutiremos os materiais condutores. Os íons e elétrons se movimentam na presença de campo elétrico e conduzem corrente elétrica, como discutimos no Tópico 1. Os materiais condutores podem ser caracterizados por condutividade e resistividade elétrica, condutividade térmica, comportamento mecânico, entre outras. E essas são grandezas importantes na escolha de materiais, pois indicarão se os materiais possuem a capacidade de desempenhar suas funções. A escolha do material mais adequado nem sempre depende das características elétricas mais vantajosas, conforme discutido por Rolim (2002, p. 51): A escolha do material condutor mais adequado nem sempre é direcionada a aquele que possui características elétricas mais vantajosas, mas sim, outro metal ou liga que, apesar de apresentar mais desvantagens eletricamente, satisfaz as demais condições de utilização. Conforme a citação, embora determinado material não possua características elétricas superiores, ele poderá ser o material mais adequado caso satisfaça outras propriedades estabelecidas no projeto. Entre os principais materiais condutores estão os metais nobres e suas ligas. Esses conceitos serão discutidos a seguir. Ótima leitura!UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 36 2 CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS CONDUTORES O conhecimento das características dos materiais condutores envolve conceitos de resistividade, resistência e condutividade. Vamos discuti-los a seguir e analisar alguns materiais que compõem esse grupo. 2.1 VARIAÇÃO DA RESISTIVIDADE COM A TEMPERATURA A resistência de uma peça de determinado material é dada por (ROLIM, 2002): ρ = lR A (11) em que, • R é a resistência em (Ω); • ρ é a resistividade elétrica de um material (Ω.cm); • A é a seção transversal (cm2); • L é o comprimento do condutor (cm). Logo, quanto maior for a área do condutor, menor será a resistência elétrica ou resistência específica do material. Ou seja, as cargas elétricas possuem mais facilidade em passarem pelo condutor. Resistência elétrica é uma medida da oposição ao movimento de cargas, ou seja, representa a dificuldade que as cargas encontram para se movimentarem através do condutor. Quanto maior a mobilidade de carga, menor a resistência elétrica do condutor. [...] A resistência elétrica é uma característica do condutor, portanto, depende do material de que é feito, de sua forma e dimensões, bem como da temperatura a que está submetido o condutor. Resistividade elétrica (ρ) é uma grandeza característica do material com que é feito o condutor, que só depende da temperatura, não dependendo da forma ou dimensão do condutor. Disponível em: <http://uab.ifsul.edu.br/tsiad/conteudo/modulo1/fis/fis_ud/at1/01. html>. Acesso em: 17 dez. 2018. IMPORTANT E http://uab.ifsul.edu.br/tsiad/conteudo/modulo1/fis/fis_ud/at1/01.html http://uab.ifsul.edu.br/tsiad/conteudo/modulo1/fis/fis_ud/at1/01.html TÓPICO 2 | MATERIAIS CONDUTORES 37 Quando um condutor é submetido a uma temperatura elevada, as partículas começam a vibrar e interferem no movimento dos elétrons, ocasionando perdas em seu deslocamento e consequente aquecimento do corpo condutor (ROLIM, 2002). Nos metais, quanto maior a temperatura, maior será resistência do condutor. Observe no gráfi co seguinte a curva de resistência versus temperatura. GRÁFICO 6 - VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA COM A TEMPERATURA FONTE: <http://www.eletrica.ufpr.br/~jean/Eletrotecnica/Material_Didatico/Materiais_ Condutores.pdf >. Acesso em: 8 mar. 2019. No gráfi co anterior observamos que a curva não segue uma relação constante entre R e T em toda sua extensão. O trecho de interesse em termos práticos é o setor reto AB, cuja inclinação é dada por (ROLIM, 2002): α ∆= ∆ Rtg T (12) (13) A relação tgα/R é o coefi ciente de temperatura da resistência. Em alguns materiais, na medida em que a temperatura aumenta a resistência diminui, tais como o carbono e o telúrio (O UAB-IFSUL, 2018). A resistividade do material em função da temperatura é dada por (O UAB-IFSUL, 2018): ( )ρ ρ α = + − 0 1 T T0 em que, • α é o coefi ciente de temperatura em ºC -1 ou 1/ ºC; • ρ0 é a resistividade elétrica na temperatura inicial (tomada como referência T0=20 ºC); UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 38 • T é a máxima temperatura a que for submetido o material; • T0 é a temperatura inicial. O coeficiente α depende do material e varia com a temperatura, logo ele não é constante no mesmo material. Mas, como a variação é pequena, ele pode ser considerado constante para algumas dezenas de graus (O UAB-IFSUL, 2018). Observe na tabela a seguir a relação de alguns materiais e suas respectivas resistividades elétricas. Material Resistividade (Ω.m) Condutores Prata 1, 58 x 10-8 Cobre 1, 67 x 10-8 Alumínio 2, 65 x 10-8 Tungstênio 5, 6 x 10-8 Ferro 9, 71 x 10-8 Semicondutores Carbono (3-60) x 10-5 Germânio (1-500) x 10-3 Silício 0, 1 - 60 Isolantes Vidro 109 - 1012 Borracha 1013 – 1015 TABELA 3 - RESISTIVIDADE DOS MATERIAIS FONTE: Adaptado de <http://uab.ifsul.edu.br/tsiad/conteudo/modulo1/fis/fis_ud/at1/01.html>. Acesso em: 17 dez. 2018. Na tabela anterior observamos que os materiais isolantes possuem elevada resistividade comparada aos materiais condutores. A condutividade de metais e ligas é também muito importante, pois demonstra a capacidade do material em liberar o aquecimento gerado pelas perdas no ambiente. 2.2 RESISTÊNCIA DE CONTATO NOS METAIS Se com o objetivo de contato elétrico são colocadas duas peças metálicas, uma sobre a outra, elas não se unirão, ficarão distanciadas em uma ordem de µm e apresentarão apenas alguns pontos de contato perfeito, seja qual for a pressão a que forem submetidas. Ou seja, ocorre uma resistência de contato (ROLIM, 2002). TÓPICO 2 | MATERIAIS CONDUTORES 39 A propagação da energia de uma peça a outra pode ocorrer por duas formas: • Por meio de condução ou de uma região de contato íntimo. • Por meio de uma região de interrupção dos padrões estabelecidos, na qual o gradiente de potencial pode alcançar um alto valor. Quando se apresentam ao mesmo tempo, efeitos condutivos e disruptivos no contato entre as peças, a lei de Ohm não pode ser aplicada. A relação entre a tensão das peças metálicas de um contato e a força da corrente que passa por meio delas corresponde à resistência de contato. A resistência não é constante e depende de outras grandezas, tais como: pressão de contato, composição, forma, entre outras. Um bom contato é caracterizado por uma mínima diferença entre a temperatura dele e os pontos adjacentes (ROLIM, 2002). 2.3 MATERIAIS DE ELEVADA CONDUTIVIDADE Os materiais que se destacam como bons condutores de corrente elétrica são os metais. Rolim (2002, p. 51) os conceitua como: “[...] elementos químicos que formam sólidos opacos, lustrosos, bons condutores de eletricidade e calor e, quando polidos, bons refletores de luz. A maioria dos metais é forte, útil, dúctil, maleável e, em geral, de alta qualidade”. Entre os principais materiais metálicos, destacam-se: o cobre e suas ligas, o alumínio e suas ligas, chumbo, estanho, prata, ouro, platina, mercúrio, zinco, cádmio, níquel, cromo e o ferro. Cada um desses materiais será brevemente discutido a seguir. 2.3.1 Cobre e suas ligas O cobre é um metal de cor avermelhada e pode ser representado como (Cu) na química. Sua importância no desenvolvimento industrial precisa ser destacada, pois representa a base da indústria elétrica e de equipamentos devido a sua excelente condutividade elétrica (SILVA, 2011). Possui propriedades importantes que o caracterizam como bons condutores, dentre elas temos (ROLIM, 2002; IFBA, 2000): • baixa resistividade: permite a passagem da corrente com facilidade. A prata possui um valor mais baixo de resistividade, mas como possui um custo mais alto não é possível utilizá-la em grandes quantidades; • características mecânicas favoráveis: boa ductibilidade e maleabilidade que permitem que o material seja deformado sem ruptura; UNIDADE 1 | MEDIDAS E MATERIAIS ELÉTRICOS 40 • baixa oxidação para a maioria das aplicações: ele se oxida lentamente quando submetido à umidade, mas esse processo se torna rápido quando exposto a uma temperatura elevada; • Fácil deformação a frio e quente: o cobre é facilmente deformado em temperatura baixa e alta, mesmo aqueles que possuem diâmetro mínimo, como os fi os. Outra característica do cobre é que sua condutividade é infl uenciada por impurezas: quanto mais puro for o material, maior será sua condutividade. Aplicações do cobre O cobre duro ou encruado é utilizado em redes aéreas, tais como fi os de telefone e peças de contato devido às características de resistência à tração, dureza e pequeno desgaste que possui. Nas demais aplicações, como em enrolamentos e barramentos, usa-se o cobre mole ou recozido. Em algumas situações o cobre puro não pode ser utilizado, sendo substituído pelas ligas discutidas a seguir. Ligas de Cobre e algumas aplicações De acordo com Rolim (2002), as ligas são constituídas por metais escolhidos para compensar alguma propriedade do Cobre. As ligas de Cobre são formadas com a adição de outros elementos químicos, tais como o níquel (Ni),
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