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APOSTILAS 1º BIM CULTURA E SOCIEDADE

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Prévia do material em texto

1º Bimestre - Unidade 1.1 
Cultura e Produção Cultural
Cultura e Sociedade
 
Osvaldo Luís Meza Siqueira
S618 Siqueira, Osvaldo Luís Meza.
 Cultura e sociedade [recurso eletrônico] / Osvaldo Luís Meza
 Siqueira. - Curitiba: UTP, 2013.
 196p.
 
 ISBN 978-85-7968-042-7
 ISBN 978-85-7968-043-4 - Disponível em: http://ead.utp.edu.br
 
 
 1. Cultura. 2. Sociedade. 3. Cidadania.
 I. Siqueira, Osvaldo Luís Meza. II.Título.
CDD – 301.02
Material 
de uso 
didático.
Reitoria 
Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró-Reitoria de Planejamento e 
Avaliação 
Afonso Celso Rangel dos Santos
Pró-Reitoria Administrativa 
Carlos Eduardo Rangel Santos
Pró-Reitoria Acadêmica 
Carmen Luiza da Silva
Divisão Acadêmica 
Marlei Gomes da Silva Malinoski
Divisão Pedagógica 
Analuce Barbosa Coelho Medeiros 
Margaret Maria Schroeder
Divisão Tecnológica 
Flávio Taniguchi 
Haydée Silva Guibor
Neilor Pereira Stockler Junior
Projeto Gráfico 
Neilor Pereira Stockler Junior
Editoração Eletrônica
Haydée Silva Guibor
Todos os direitos desta edição reservados à Universidade 
Tuiuti do Paraná.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida e transmitida 
sem prévia autorização.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Biblioteca “Sydnei Antonio Rangel Santos” 
Universidade Tuiuti do Paraná 
3
NOTAS SOBRE O AUTOR
Possui graduação em Licenciatura em História pela Universidade Tuiuti 
do Paraná (1999) e especialização em Metodologia do Ensino de 
História pela Faculdade Internacional de Curitiba (2001). Atualmente é 
professor da Universidade Tuiuti do Paraná, professor da Sociedade de 
Ensino Unificado, professor da Escola Social Madre Clélia e professor 
do Grupo Educacional UNINTER. Tem experiência na área de História, 
com ênfase em Metodologia do Ensino de História.
4
Citação Referencial
Destaque
Dica do Professor
Explicação do Professor
Material On-Line
Para Reflexão
ORIENTAÇÃO PARA LEITURA
5
APRESENTAÇÃO
Educação a Distância Instrumentalizando e 
Otimizando a Extensão
A educação a distância, EAD tem sido tema da agenda 
de inúmeras organizações (acadêmicas, sociais e políticas), 
em virtude do seu impacto em todas as dimensões do homem 
moderno. Bem mais do que meras discussões em relação à 
importância, aos desafios e a própria história do tema, iniciativas 
concretas e projetos com abrangência internacional, nacional, 
regional e local estão sendo executada. Desta forma a EAD 
deixa de ser apenas um tópico nas discussões para adquirir 
forma e consistência no cenário em foco em crescimento 
exponencial.
O crescimento da EAD na extensão se faz mais forte 
graças ao e-learning, o qual conta com o apoio das redes de 
comunicação, em especial, a internet, que está a alavancar, 
a desenvolver e transformar o modelo educacional vigente a 
desafiar professores, técnicos e alunos a desempenharem novos 
papéis diante das necessidades de uma prática pedagógica, a 
qual se encontra em fase de descoberta e de estruturação.
A operacionalização da EAD na extensão tem sido 
observada em todo o mundo em especial no Brasil, principalmente 
nos cursos de Extensão Universitária os quais são voltados, 
preferencialmente, para os acadêmicos de qualquer curso 
de graduação que queiram aprofundar os conhecimentos já 
adquiridos em sala de aula ou, que desejam ampliar seu foco 
de estudos, possibilitando assim, uma aproximação maior com 
o cenário profissional futuro, além de contribuir para aquisição 
de novos conhecimentos. A EAD na extensão pode ser usada 
pela Instituição para atender percentual exigido pelo currículo 
no tocante a questão Atividade Complementar.
No referente à educação continuada ela visa capacitar 
pessoas e atender as exigências do mercado de massa crítica 
qualificada.
Além destes aspectos positivos a EAD aplicada à 
extensão apresenta inúmeras vantagens, entre estas se nomina: 
o fomento da educação continuada, o novo conceito de sala de 
aula, de professor e de aluno, a perspectiva política e social desta 
modalidade educativa, uma vez que além de democratizar o 
6
acesso ao mundo do ensino, capacita o trabalhador, permitindo-
lhe que se mantenha ou adentre no mercado de trabalho. 
Destaca-se ainda, a flexibilidade da legislação no tocante 
à sua execução, vez que pode ser executada,sem o preconizado 
pelas Portarias e Decretos Regulatórios tais como o Decreto 5622, 
e a Portaria 2/2007, editada pelo Ministério da Educação, a qual 
segundo o próprio Secretário é muito restritiva no que concerne à 
criação dos polos e a exigência de avaliações presenciais. 
Estas vantagens talvez sejam responsáveis pela 
proliferação de cursos de extensão na modalidade de educação 
a distância, capacitando recursos humanos, investindo em 
novas tecnologias e pesquisas que, certamente, proporcionarão 
à comunidade uma participação ativa no processo, ocupando 
oportunidades de trabalho e adquirindo condições para formação 
continuada e aprendizado por toda vida.
No entanto, é preciso destacar que, para que os 
cursos de extensão na modalidade EAD tenham o sucesso 
esperado, é necessário que a Instituição alie a vontade política 
à pedagógica, ou que implica que a Instituição assegure 
uma infraestrutura tecnológica, pedagógica e administrativa 
de qualidade; é necessário que haja um bom gestor deste 
sistema, com competência para assegurar que a integração do 
ensino com a pesquisa e com a extensão seja mediada pelas 
tecnologias de comunicação e de informação; é preciso que haja 
um Planejamento Estratégico que unifique os demais tipos de 
planejamento e garanta a participação de todos, bem como um 
fluxo comunicacional multidirecional de qualidade.
A EAD deve oportunizar a reescrita da história institucional 
e a manutenção de sua memória, além de possibilitar o fomento 
do e-learning na instituição, o qual possibilitará por sua vez a 
abertura de novas parcerias com empresas e serviços regionais, 
nacionais e internacionais.
Pelo exposto pode se constatar que a educação a distância 
representa indiscutivelmente um dos temas atuais da sociedade 
globalizada, sendo objeto de interesse da empresa, do Estado e 
alvo de incentivos materiais e financeiros para projetos inovadores, 
os quais por sua vez representam excelentes oportunidades de 
trabalho e aprendizado. 
Pró-Reitoria de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão
7
SUMÁRIO
Unidade 1.1
CULTURA E PRODUÇÃO CULTURAL
INTRODUÇÃO AO ESTUDO ........................................................ 
OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................
PROBLEMATIZAÇÃO ...................................................................
REFLEXÕES SOBRE O TEMA ....................................................
CONCEITUAÇÃO DO TEMA ........................................................
Cultura e sua dinâmica .................................................................
O que matou realmente o último filho de Kripton? ........................
SISTEMATIZANDO .......................................................................
REFERÊNCIAS .............................................................................
8
10
11
12
15
15
18
26
27
8
INTRODUÇÃO AO ESTUDO 
Acultura representa o aspecto fundamental de nossa vida 
em sociedade. Ela nos conecta com o grupo e a comunidade a 
que pertencemos e nos diz quem somos. Neste sentido, como 
podemos compreender a cultura brasileira e, de forma mais geral, 
a cultura mundial na contemporaneidade? Existe, nos dias de hoje, 
uma cultura hegemônica, isto é, dominante que nos permeia? 
A globalização é responsável por uma descaracterização das 
diferentes culturas do mundo?
Influências culturais todos os povos recebem e exercem 
no decorrer de sua história, conforme o nível da natureza de 
suas relações. No caso do Brasil, desde o início isso se verificou 
através do branco europeu, invasor e colonizador, do índio, 
habitanteoriginal desta terra, depois do negro escravo e dos 
diversos grupos de imigrantes. Portanto, não há uma cultura 
genuinamente brasileira composta apenas de samba, carnaval, 
feijoada e caipirinha. Nossa cultura se moldou a partir de 
diferentes e variados elementos, dos quais também se compõem 
agora o norte-americano, pois cultura não é uma coisa imóvel, 
acabada e isenta de transformação e movimento. 
 [...] Ser conscientes de nossos enraizamentos 
culturais, dos processos de hibridização e de negação 
e silenciamento de determinados pertencimentos 
culturais, sendo capazes de reconhecê-los, nomeá-
los e trabalhá-los constitui um exercício fundamental. 
(CANDAU, V. M.)
9
Ruth Benedict escreveu que a cultura é como uma lente 
através da qual o homem vê o mundo, portanto, homens de 
culturas diferentes usam lentes diversas que lhes proporcionam 
também visões diversas de mundo, visões estas que podem ser 
iguais se um aprende a olhar com os olhos do outro.
Segundo Cliford Geertz, “cultura é um sistema de 
símbolos e significados. Compreende categorias 
ou unidades e regras sobre relações e modos de 
comportamento”. Portanto, estudar uma cultura é 
estudar um código de símbolos partilhados pelos 
membros dessa cultura.
O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem 
moral e valorativa, os diferentes comportamentos 
sociais e mesmo as posturas corporais são assim 
produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado 
da operação de uma determinada cultura. (LARAIA, 
R. de B.)
10
OBJETIVOS DO ESTUDO
Compreender a forma que compartilhamos, assimilamos e 
reinterpretamos a cultura.
11
PROBLEMATIZAÇÃO
Como podemos compreender a cultura brasileira e a 
cultura mundial na contemporaneidade?
Existe, nos dias de hoje, uma cultura hegemônica?
A globalização é responsável por uma descaracterização 
das diferentes culturas do mundo?
12
REFLEXÕES SOBRE O TEMA
Primeira Página do Planeta Diário: A 
morte do Superman
Após derrotar o terrível monstro chamado Apocalypse, o 
corpo inerte do herói jaz sem vida sobre os escombros de uma 
Metrópolis parcialmente destruída. O que será de “nós” agora? O 
que será do “mundo”?... O que será da (Norte) América?
Em 1993 a DC Comics, editora detentora dos direitos 
sobre o personagem criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 
1938, produziu uma história em quadrinhos que obteve grande 
repercussão. Nesta história, o primeiro e mais famoso dos super-
[...] Nos anos que virão, algumas testemunhas vão 
falar muito sobre este confronto insano. Outros irão 
lembrar da enorme cratera que resultou dos golpes. 
Mas a maioria irá se lembrar deste triste dia como o 
dia em que o homem mais nobre de todos os tempos 
finalmente tombou. Para aqueles que o amaram, 
aquela que o chamaria de marido [Lois Lane], aquele 
que foi seu amigo [Jimmy Olsen] ou aqueles que o 
chamaram de filho, este é o dia mais sombrio de 
suas vidas. Eles [seus pais] o criaram para ser um 
herói, para saber o valor do sacrifício. Para saber o 
valor da vida. [...} Para uma cidade viver, um homem 
deu tudo de si... e mais. Mas é tarde demais. Pois 
este é o dia em que o Superman morreu. (A morte do 
Superman, DC Comics, p.152-157)
13
heróis empreendeu sua mais violenta e definitiva aventura, da qual 
não escapou vivo. Seu funeral foi bonito e digno de um verdadeiro 
herói. Todos compareceram, inclusive o então Presidente Bill 
Clinton e a Primeira Dama. Nada mais justo após todos os anos 
de “serviços” prestados por ele à nação norte-americana. Jamais 
voltaríamos a voar com o Superman novamente. Jamais, como 
Peter Pan, ele voltaria a nos levar à Terra-do-Nunca. 
Uma notícia dramática e dolorosa para todo fã de “Histórias 
em Quadrinhos”, mas também bastante significativa. Por que 
aquele que foi o maior e mais poderoso super-herói da Terra teve 
que morrer?...
A DC Comics chegou a garantir que não havia sido um golpe 
publicitário e que a morte do personagem havia sido decidida de 
forma definitiva. No entanto, a inesperada repercussão a fizera 
repensar sua decisão de encerrar com as revistas do personagem. 
Foi então, que outras edições se seguiram depois. Porém, estas 
estavam destinadas a ressuscitá-lo.
Quatro Supermans se apresentaram a Metrópolis e ao 
mundo. Um jovem Superboy com cara de latino e jeito irreverente. 
Um ser cibernético, metade humano e metade máquina, resultado 
de uma modernidade insana. Outro afro-americano, voltado aos 
excluídos e segregados da sociedade. E, um último, sombrio, de 
aspecto cruel e contaminado pela violência das cidades. O grande 
mistério que se colocou então foi: qual seria o verdadeiro? Qual 
seria o escolhido pela DC Comics, para ser o “novo Superman”? 
Deveria ser aquele que melhor se identificasse com o público que 
ele deveria (re)conquistar. Apenas na última edição a verdade se 
revelou. Ao final, nenhum dos quatro foi o escolhido e, sim, um 
quinto que, resguardadas algumas características físicas básicas 
do original, se aproximou mais do homem comum, morador 
normal de qualquer cidade do mundo. Seu uniforme não exaltava 
mais as cores da bandeira dos Estados Unidos, mas era uma 
mescla de cores difusas e metálicas, sem nacionalidade aparente. 
E, como um ser de energia, ele viajava agora nos cabos de 
conduíte à velocidade da luz em ondas que interligam um mundo 
de realidade integrada e globalizante. Renascido e pronto para 
14
o novo milênio, ele voltava a nos assediar para mais uma vez 
tentar nos seduzir, não com um interesse “norte-americanizante” 
como antes, mas com o mesmo interesse capitalista sob um novo 
uniforme, para mais tarde retornar a sua velha forma.
Talvez, morrer tenha valido a pena, afinal?...
15
CONCEITUAÇÃO DO TEMA 
Cultura e sua dinâmica
É certo que a comunicação de massa tende a 
padronizar e a homogeneizar os produtos e os públicos. 
As diferenciações culturais, políticas, comportamentais, 
ideológicas e éticas tendem a ser contornadas ou mesmo 
a desaparecer em favor da internacionalização, ou numa 
palavra mais atualizada, em favor da globalização. As 
relações culturais estão permeadas por questões de poder e 
hierarquização, levando esta internacionalização a significar 
necessariamente em uma de descaracterização da cultura 
do mais fraco em favor da do mais forte. O processo de 
aculturação ocorre a partir da recepção e assimilação até 
certo ponto involuntária dos elementos culturais de um grupo 
humano por parte de outro em detrimento dos componentes 
de sua própria cultura. De acordo com Gimeno Sacristán, a 
modernidade aborda a diversidade de duas formas básicas: 
através da assimilação de tudo que é diferente a padrões 
unitários e universalizantes ou segregando em categorias 
fora da normalidade de uma cultura dominante, fazendo 
com que a multiplicidade e heterogeneidade das culturas 
cedam espaço à homogeneização, papel, aparentemente, 
fundamental da comunicação de massa.
16
Muitos consideram o cinema hollywoodiano uma “fábrica 
de sonhos” de pura alienação, que afasta o espectador de 
sua realidade, oferecendo os carros magníficos, as luxuosas 
mansões e a vida glamorosa e de aventura de seus personagens, 
propondo o sonho e a fantasia contra as agruras do dia a dia. 
Um modelo do qual “aprendemos” a gostar, feito de narrativas 
rápidas e happy ends. Tendemos a considerar chatos ou sem 
atrativo, filmes europeus ou mesmo brasileiros que não tenham 
esse mesmo ritmo.
Nessa linha do intertainment (entretenimento e diversão) 
caminha o cinema, mas também os quadrinhos, levando sua 
diversão mas também suas mensagens e os padrões de valores 
da sociedade que os produziu. E não poderia ser diferente, toda 
a obra, seja qual for, retrata aquele que a criou, suas concepções, 
suas crenças, as normas de sua instituição ou empresa e as 
noções de valores da sua sociedade e de seu país. Como toda 
a produção cultural, os quadrinhos estão impregnados pelo ar 
de seu tempo porque são obra de alguém que vive e sofre todas 
as influências de sua época e de seu meio. Seus personagens,mesmo que de forma ficcional, refletem os anseios, preocupações, 
valores, padrões e vivências de seus autores em seu tempo.
O caráter coletivo das representações mentais 
decorre do fato de que elas são o resultado de 
estímulos transmitidos pelo ambiente cultural, ou 
seja, de condições históricas e sociais determinadas. 
(AZEVEDO, Cecília,In ABREU; SOIHET. Identidades 
compartilhadas: a identidade nacional em questão, 
p.43)
o sujeito sempre fala de um lugar, de uma história, de 
uma cultura, de uma linguagem particular, cujo peso na 
construção de sua subjetividade e de sua identidade 
não pode ser negligenciado. (AZEVEDO, Cecília,In 
ABREU; SOIHET. Identidades compartilhadas: a 
identidade nacional em questão, p.50-51)
17
A centralidade atribuída à produção cultural e à 
comunicação de massa traz à tona as questões quanto à 
diversidade de culturas existentes hoje e de como lidar com 
essa realidade multicultural que se apresenta como um indicador 
do caráter plural das sociedades contemporâneas. Existem 
inúmeras e diversas culturas, que de modo algum podemos 
qualificar entre superiores ou inferiores. As diferenças culturais 
são frutos de fatores diversos que determinaram os meios 
necessários à sobrevivência e da relação com o meio. O respeito 
e o entendimento quanto a estas diferenças representa o ponto 
fundamental, não no sentido de levar a uma aceitação ou 
tolerância em relação a uma pretensa cultura dominante, mas 
sim com o objetivo de levar a um diálogo entre as culturas que 
relacione e integre, proporcionando o entendimento, a inter-
relação e a assimilação.
O fato de termos hoje uma maior consciência da influência 
da cultura norte-americana de forma hegemônica não nos livra 
absolutamente dela. Além do que, nos descartarmos de todos os 
elementos dessa cultura, mesmo que fosse possível, não teria 
sentido, já que fazem parte agora também do que chamamos 
de “nossa cultura”, depois que muitos deles nós já engolimos, 
digerimos e abrasileiramos “`a moda Sardinha” como proposto 
em 1922 no Manifesto Antropofágico por Mário de Andrade.
Na verdade o que se estabelece é um diálogo entre as 
culturas, que pode em um primeiro momento ser dominado pelo 
mais forte, que acaba por se sobrepor. Mas a relação mesmo que 
hegemônica por um lado, permite a troca e assimilação mútua que 
hibridiza e molda a seu jeito os elementos, como componentes 
de uma cultura multifacetada. Ao abrasileirarmos a cultura norte-
[...] nas sociedades em que vivemos os processos de 
hibridização cultural são intensos e mobilizadores da 
construção de identidades abertas, em construção 
permanente, o que supõe que as culturas não 
são ”puras”. (CANDAU,Vera Maria,In MOREIRA, 
CANDAU.(org). Multiculturalismo: diferenças culturais 
e práticas pedagógicas, p.22)
18
americana, a cobrimos com nossas cores e tropicalismo, alterando 
a nosso gosto seu ritmo e tons, sua identidade e pertencimento, 
rejeitando àquilo que não nos interessava. O terrível destino do 
Superman já estava traçado. Como ele poderia ter resistido e 
sobrevivido a algo assim?... 
O que matou realmente o último filho 
de Kripton?
Se morrer valeu a pena para reconquistar o mercado de 
quadrinhos, o que levou a que suas vendas decaíssem? Seria por 
que o modelo que ele cumpriu defender ao longo de tantos anos 
já não nos empolgava da mesma forma? Antes, ele jamais teria 
sucumbido a monstro algum, por mais apocalíptico que fosse.
Os quadrinhos do Superman, assim como de outros 
personagens, juntamente com a Coca-Cola, a calça jeans, 
o cinema e a música, marcaram, a partir da década de 20, a 
divulgação do chamado american way of life, isto é, do “estilo 
de vida (norte)-americano” pelo mundo, norte-americanizando a 
cultura do século XX.
Quando finalmente terminou a Primeira Guerra Mundial em 
1918, a Europa, após quatro anos de conflito, ficou completamente 
arrasada. Para dar conta da guerra as potências europeias 
haviam mobilizado todos os seus recursos e indústrias para a 
fabricação de armamentos e, por fim, acabaram por perder a 
hegemonia econômica mundial, dando o espaço necessário para 
que os Estados Unidos se tornassem a nova potência mundial. 
Até então o domínio político, econômico e cultural do mundo 
estivera essencialmente em mãos europeias. Desde o século XIX, 
Inglaterra e França detinham os dois maiores impérios coloniais, 
ditando uma cultura de supremacia e superioridade europeias 
sobre o restante do mundo. O desenvolvimento da produção 
industrial e do avanço científico-tecnológico haviam levado 
a Inglaterra a ser vista como a oficina do mundo, enquanto a 
França, e em especial, Paris, firmara-se como o centro universal 
do bem-estar, do conforto e da cultura, com seus cafés-concertos, 
19
balés, operetas, livrarias, teatros e boulevards. Porém, o final da 
Primeira Guerra trouxe uma nova realidade na qual os Estados 
Unidos despontaram como uma nova potência capitalista, 
passando a viver uma fase de grande prosperidade econômica, 
particularmente na década de 20. Nesse período, os norte-
americanos foram tomados por uma grande euforia. Fabricavam 
e compravam quase tudo. Foram os chamados “anos felizes”, a 
partir dos quais o american way of life foi divulgado para o mundo, 
principalmente através do cinema, incentivando ao consumo de 
todo o tipo de produtos, automóveis e eletrodomésticos. Viver 
bem tornou-se então sinônimo de consumir sempre mais, toda e 
qualquer novidade da indústria.
Mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, Walt Disney 
veio até a América do Sul a pedido do governo norte-americano 
para auxiliar na chamada Política de Boa Vizinhança adotada 
pelos Estados Unidos em relação aos países da América Latina. 
Foi quando ele visitou o Brasil e providenciou a criação de Zé 
Carioca para ser amigo de Pato Donald numa das mais eficazes 
peças de propaganda “estadunidense”, o desenho animado Você 
já Foi à Bahia?, que seus estúdios produziram em 1945. Desde 
a criação, em 1940, do chamado “Birô” (Office of the Coordinator 
of Inter-American Affair), para coordenar as relações econômicas 
e culturais dos EUA com a América Latina, que cursos e colégios 
foram organizados e financiados pelos norte-americanos, com 
incentivo ao ensino da língua inglesa e ao estudo da América, 
com ênfase, à História dos Estados Unidos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa perdeu 
definitivamente sua posição de liderança internacional. Seu 
lugar foi ocupado por Estados Unidos e União Soviética que 
se tornaram as grandes potências mundiais do pós-guerra. Os 
norte-americanos lideraram o bloco dos países capitalistas; e os 
soviéticos, o bloco dos países socialistas.
Disputando áreas de influência em todo o mundo, Estados 
Unidos e União Soviética viveram um período de graves tensões, 
denominado Guerra Fria. Os países pobres do chamado então 
Terceiro Mundo foram os principais alvos dessa disputa. Iniciada 
20
em 1946. a Guerra Fria caracterizou-se pela extrema rivalidade 
entre Estados Unidos e União Soviética. O clima de rivalidade 
somado aos interesses das indústrias de armamentos levou 
as grandes potências à chamada corrida armamentista. Em 
1949, formou-se uma aliança militar entre os países da Europa 
Ocidental, que pertenciam à área de influência dos Estados 
Unidos. Essa aliança ficou conhecida como Organização do 
Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Depois, em 1955, revidando 
a criação da OTAN, os países do bloco socialista da Europa 
Oriental firmaram uma aliança de ajuda militar mútua por meio 
do Pacto de Varsóvia.
Em 1947, o presidente norte-americano Harry Truman 
proferiu um intransigente discurso contra o que chamou de 
ameaça comunista: “os povos livres do mundo olham para nós 
esperando apoio na manutenção de sua liberdade...”. Neste 
discurso Truman afirmou que os EUA assumiam o compromisso 
de defender o mundo dos soviéticos e decretou com esta atitude 
o fim da coexistência pacífica. A partir deste momento, os países 
do mundo tiveram que definir seu posicionamento, seao lado dos 
Estados Unidos ou contra ele na luta pela defesa do chamado 
mundo-livre, que, em verdade, significava a defesa dos interesses 
norte-americanos e de sua hegemonia. 
A partir de então, os capitais, o comércio e as empresas 
norte-americanas tornaram-se dominantes em todos os países 
da América Latina, demonstrando mais que em qualquer outra 
região do planeta que a Guerra Fria constituiu-se, na verdade, 
em um grande instrumento de controle dos Estados Unidos 
sobre os governos, povos e economias locais. O uso político do 
discurso anti-soviético visava sobretudo legitimar a ação contra 
qualquer atitude que atrapalhasse os interesses dos Estados 
Unidos nesses países.
Em 1951, o senador norte-americano Joseph McCarthy 
iniciou um movimento de perseguição a supostos simpatizantes 
do comunismo nos Estados Unidos que ficou conhecido 
como macarthismo, que passou a investigar a vida pessoal 
principalmente de intelectuais e artistas suspeitos de atividades 
21
consideradas “subversivas”, promovendo audiências públicas, 
nas quais essas pessoas eram obrigadas a depor. Entre alguns 
dos investigados estavam algumas figuras conhecidas, como 
o famoso cineasta Charles Chaplin. A partir de então toda a 
produção cultural estadunidense deste período, filmes, séries 
de TV, desenhos animados, quadrinhos, esteve engajada com a 
idealização da sociedade capitalista norte-americana, utilizando-
se de mitos e imagens que manipulassem com a imaginação das 
populações. A “ameaça soviética” e a “defesa do mundo-livre” 
constituíram-se em mitos mobilizadores e legitimadores dos 
norte-americanos como os “grandes heróis” do ocidente contra 
os “vilões soviéticos”.
Os anos que se seguiram, até a década de 80, portanto, 
foram anos de uma produção cultural norte-americana marcada 
pela Guerra Fria, com filmes como os de James Bond, com títulos 
significativos como Moscou contra 007 (From Russian with Love), 
Rocky IV e a luta contra um terrível boxeador soviético no ringue. 
De séries como Jornada nas Estrelas (Star Trek) em que os 
grandes inimigos vinham do lado oriental da galáxia,— nenhum 
astrônomo até hoje jamais ouviu falar em um lado “oriental” 
da galáxia — os chamados Klingons. Outras séries voltadas à 
temática de espionagem como Missão Impossível e Agentes da 
ANCLE, que valorizaram os “superagentes” norte-americanos 
e suas habilidades. Desenhos animados como Transformers e 
suas duas grandes potências robóticas alienígenas em disputa, 
os bondosos cybertrons, contra os maldosos decepticons. Nos 
quadrinhos também a questão Estados Unidos versus União 
Soviética se colocou. Os famosos X-Men tiveram seu mais terrível 
e cruel inimigo na figura de um mutante soviético superpoderoso 
chamado Ômega Red, o Homem de Ferro teve também seus 
maiores inimigos entre personagem orientais, como o soviético 
Homem de Titânio e o chinês Mandarin (a China tornou-se 
socialista em 1949 após uma revolução liderada por Mao Tsè-
Tung). Superman também esteve fortemente engajado e voltado 
a enculcar em seu público os valores e os padrões norte-
americanos. Mais do que qualquer outro personagem ele era o 
22
super-herói que partia dos Estados Unidos para salvar o mundo. 
O homem perfeito, sem defeitos, escoteiro e paladino do bem, o 
ideal de homem norte-americano. Um deus entre os homens, um 
predestinado que levava as cores da bandeira estadunidense ao 
mundo.
Os diversos campos da cultura não escaparam. 
Utilizando principalmente os meios de comunicação de massa, 
as mensagens difundidas pela indústria cultural conduziram 
a viver, pensar e consequentemente consumir toda a sorte de 
produtos “made in USA”. Surgida no Brasil em 1965, sob a 
proteção do governo militar, a TV Globo mostrou-se perfeita para 
atender aos interesses do capital norte-americano, tornando-se 
a mais poderosa rede de televisão brasileira. Com ela, veio a 
padronização de uma forma brasileira de “ser” sob os tons da 
cultura norte-americana.
Já em 1933, Noel Rosa denunciava em um samba a 
influência que sofríamos principalmente dos filmes de Hollywood, 
que cada vez mais provocavam filas enormes nos cinemas, 
antevendo a exagerada presença de elementos norte-americanos 
em nosso cotidiano mais recente: nos supermercados, nas 
lojas de roupas e calçados, na programação das rádios e TV, 
revistas e videogames. Ao público infanto-juvenil, grande 
consumidor de TV, quadrinhos, brinquedos e videogames, foram 
destinados conteúdos e mensagens de profundo cunho “norte-
americanizante”, como também denunciou Renato Russo através 
da letra inteligente de sua música “Geração Coca-Cola”:
Quando nascemos fomos programados 
A receber o que vocês nos empurraram 
Com os enlatados dos USA, de 9 às 6 
Desde pequenos nós comemos lixo 
Comercial e industrial 
Mas agora chegou nossa vez 
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês 
Somos os filhos da revolução 
(Renato Russo 1985) 
Na América Latina, crise e mobilização popular começaram 
23
a se avolumar, onde cinturões de miséria das grandes cidades 
eram engrossados pela explosão demográfica e pelo êxodo 
rural. A inflação, as desigualdades sociais, o analfabetismo e o 
baixo nível de vida e saúde criaram condições para a expansão 
de movimentos democráticos nacionais, que atritavam com as 
oligarquias (grupos dominantes) locais e com os interesses 
estrangeiros, principalmente norte-americanos. Em Cuba, 
Fidel Castro, em 1959, derrubou com uma revolução popular a 
ditadura de Fulgêncio Batista, tirando das mãos de grupos norte-
americanos o domínio dos principais setores da economia do 
país. Profundamente insatisfeitos e pretendendo a qualquer custo 
derrubar o novo regime cubano, os Estados unidos promoveram 
várias ações contra a ilha, entre elas, a expulsão de Cuba da 
OEA (Organização dos Estados Americanos). Politicamente, 
os barbudos de Havana passaram a representar um desafio 
inaceitável, um mau exemplo para os outros países da América 
Latina sob sua influência que precisava ser neutralizado.
Porém, os Estados Unidos jamais conseguiram derrubar 
Fidel Castro e seu regime socialista na América, mesmo depois 
da queda da União Soviética em 1991. E o “mau exemplo” 
vingou. Mais do que isso, movimentos internos identitários e 
de contraposição a intervenções norte-americanas começaram 
a se multiplicar entre os países latino-americanos. Movimentos 
impulsionados contra governos de elites que por décadas e 
décadas se mantiveram no poder despojando de qualquer 
cidadania a maior parte da população. A maioria destas elites e 
destes governos autoritários colocados em check eram apoiados 
pelos Estados Unidos em sua manutenção no poder.
A latino-américa cada vez mais voltou-se para si mesma 
e para a construção de uma identidade própria, surgida de sua 
própria sociedade, realidade e cultura, afastando-se do modelo 
norte-americano. Clark Kent já não nos enganava mais ao colocar 
seus óculos, ríamos do ridículo de seu disfarce e zombávamos 
de seus poderes. A ingenuidade finalmente havia sucumbido, e 
com ela a invulnerabilidade do Superman. O Homem de Aço de 
forma alguma estava preparado para os novos tempos e para 
24
o terrível monstro, que caído do espaço, lhe serviu de algoz e 
carrasco.
O Superman retornou da morte, seguindo uma tendência 
inaugurada na década de 60 por Stan Lee da Marvel Comics, 
rival da DC. Com sua principal criação, o Homem-Aranha, Stan 
Lee trouxe a ideia de um herói humano que se identificava com 
seus leitores. Antes da era iniciada por ele, os super-heróis eram 
seres à semelhança de deuses, indestrutíveis e infalíveis, acima 
de qualquer ser humano comum e de suas fraquezas ou temores. 
O Homem-Aranha fugia a essa regra e foi uma revolução, pela 
primeira vez na história dos quadrinhos um personagem ganhava 
o coração dos leitores não apenas pelos feitos heroicos e poderes 
espetaculares, mas por também, e principalmente, amargar os 
mesmos problemas que as pessoas comuns vivem todos os 
dias.
Filho típico da década de 60, o Homem-Aranharefletiu 
o movimento da contracultura de contestação político-cultural 
aos velhos valores e à Guerra do Vietnã em pleno período das 
disputas entre Estados Unidos e União soviética. Nos EUA, 
milhares de jovens recusavam-se a partir para o desconhecido 
em uma guerra que não era sua. Essa foi a fonte de inspiração 
do movimento hippie e seu lema: “Faça amor, não faça guerra”. 
Inconformados com a família, o governo, as injustiças sociais 
e a segregação racial, os jovens disseram não, e passaram a 
discutir abertamente temas como sexo e drogas. Possivelmente 
nenhuma forma de manifestação artista identificou-se mais com 
o jovem do que o rock’n’roll, como forma de expressar toda sua 
rebeldia e contestação à sociedade conservadora, opressora e 
bélica, que o cercava.
Em termos de mercado, o filme do Homem-Aranha, de 2002, 
foi o amadurecimento de uma tendência que vinha se formando 
desde a década de 70, quando George Lucas transformou seu 
filme Guerra nas Estrelas num evento muito além do cinema. O 
filme foi um trampolim para a venda de brinquedos, biscoitos, 
cadernos, jogos, estratégia seguida principalmente pela Disney 
em seus lançamentos desde então. Com o mercado de games, 
25
CDs e DVDs que se expandiu a partir do final da década de 90, 
grande parte dos filmes saídos de Hollywood seguiu o mesmo 
percurso. Poucos meses antes da estreia, o mercado é invadido 
por uma enxurrada de produtos ligados ao filme. Os recentes 
lançamentos e continuações como Senhor dos Anéis, Batman, 
Harry Potter e Vingadores, reeditam a fórmula de sucesso, 
alcançando só em bilheteria nos cinemas vários e vários milhões 
de dólares e milhares de produtos licenciados em todo o mundo.
26
A cultura norte-americana no Brasil, assim como em outros 
países do mundo, se tornou dominante durante o século XX. Sua 
linguagem e padrões se tornaram mundiais e foram assimilados 
por todos os povos que sofreram o processo massivo dos meios 
de comunicação. No entanto, todas as culturas exercem e sofrem 
influências mesmo que em diferentes níveis. Quando uma cultura 
se sobrepõe a outra, ela também sofre influências e se transforma, 
se molda, hibridiza, adquirindo um pouco da cultura sobre a qual 
se sobrepôs. Podemos então compreender que, como resultante 
desses processos, a cultura brasileira, diria o antropólogo Darcy 
Ribeiro, é como um caldeirão, onde estão misturados diferentes 
e variados ingredientes que já não podem ser distinguidos uns 
dos outros, mas que somados e tão somente somados, são eles 
que compõem e dão o tempero à cultura brasileira.
SISTEMATIZANDO
27
REFERÊNCIAS
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2008.
CAMBI, Franco. História da pedagogia. São Paulo, Fundação Editora da 
UNESP (FEU), 1999.
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sair da modernidade. 3.ed. São Paulo: Ed. USP, 2000.
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2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
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JÚLIA, F.A. A invasão cultural norte-americana. 26ª edição. São Paulo: 
Editora Moderna, 1998.
MARTINS, L. A. MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 1ª edição. São 
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MOREIRA, A. F. CANDAU, V. M.(Orgs) Multiculturalismo: diferenças 
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ORTIZ, R. Cultura Brasileira & Identidade Brasileira. São Paulo: 
Brasiliense, 2003.
28
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prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
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culturais. 3ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000
SIMMEL, Georg. Questões fundamentais da sociologia. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar Ed, 2006.
SIMONSON, Louise. A morte do Superman. São Paulo: Abril Jovem, 
1993 (edição especial).
1º Bimestre - Unidade 1.2 
O Homem e a Vida em Sociedade
Cultura e Sociedade
 
Osvaldo Luís Meza Siqueira
S618 Siqueira, Osvaldo Luís Meza.
 Cultura e sociedade [recurso eletrônico] / Osvaldo Luís Meza
 Siqueira. - Curitiba: UTP, 2013.
 196p.
 
 ISBN 978-85-7968-042-7
 ISBN 978-85-7968-043-4 - Disponível em: http://ead.utp.edu.br
 
 
 1. Cultura. 2. Sociedade. 3. Cidadania.
 I. Siqueira, Osvaldo Luís Meza. II.Título.
CDD – 301.02
Material 
de uso 
didático.
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Avaliação 
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Todos os direitos desta edição reservados à Universidade 
Tuiuti do Paraná.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida e transmitida 
sem prévia autorização.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Biblioteca “Sydnei Antonio Rangel Santos” 
Universidade Tuiuti do Paraná 
3
NOTAS SOBRE O AUTOR
Possui graduação em Licenciatura em História pela Universidade Tuiuti 
do Paraná (1999) e especialização em Metodologia do Ensino de 
História pela Faculdade Internacional de Curitiba (2001). Atualmente é 
professor da Universidade Tuiuti do Paraná, professor da Sociedade de 
Ensino Unificado, professor da Escola Social Madre Clélia e professor 
do Grupo Educacional UNINTER. Tem experiência na área de História, 
com ênfase em Metodologia do Ensino de História.
4
Citação Referencial
Destaque
Dica do Professor
Explicação do Professor
Material On-Line
Para Reflexão
ORIENTAÇÃO PARA LEITURA
5
APRESENTAÇÃO
Educação a Distância Instrumentalizando e 
Otimizando a Extensão
A educação a distância, EAD tem sido tema da agenda 
de inúmeras organizações (acadêmicas, sociais e políticas), 
em virtude do seu impacto em todas as dimensões do homem 
moderno. Bem mais do que meras discussões em relação à 
importância, aos desafios e a própria história do tema, iniciativas 
concretas e projetos com abrangência internacional, nacional, 
regional e local estão sendo executada. Desta forma a EAD 
deixa de ser apenas um tópico nas discussões para adquirir 
forma e consistência no cenário em foco em crescimento 
exponencial.
O crescimento da EAD na extensão se faz mais forte 
graças ao e-learning, o qual conta com o apoio das redes de 
comunicação, em especial, a internet, que está a alavancar, 
a desenvolver e transformar o modelo educacional vigente a 
desafiar professores, técnicos e alunos a desempenharem novos 
papéis diante das necessidades de uma prática pedagógica, a 
qual se encontra em fase de descoberta e de estruturação.
A operacionalização da EAD na extensão tem sido 
observada em todo o mundo em especial no Brasil, principalmente 
nos cursos de Extensão Universitária os quais são voltados, 
preferencialmente, para os acadêmicos de qualquer curso 
de graduação que queiram aprofundar os conhecimentos já 
adquiridos em sala de aula ou, que desejam ampliar seu foco 
de estudos, possibilitando assim, uma aproximação maior com 
o cenário profissional futuro, além de contribuir para aquisição 
de novos conhecimentos. A EAD na extensão pode ser usada 
pela Instituição para atender percentual exigido pelo currículo 
no tocante a questão Atividade Complementar.No referente à educação continuada ela visa capacitar 
pessoas e atender as exigências do mercado de massa crítica 
qualificada.
Além destes aspectos positivos a EAD aplicada à 
extensão apresenta inúmeras vantagens, entre estas se nomina: 
o fomento da educação continuada, o novo conceito de sala de 
aula, de professor e de aluno, a perspectiva política e social desta 
modalidade educativa, uma vez que além de democratizar o 
6
acesso ao mundo do ensino, capacita o trabalhador, permitindo-
lhe que se mantenha ou adentre no mercado de trabalho. 
Destaca-se ainda, a flexibilidade da legislação no tocante 
à sua execução, vez que pode ser executada,sem o preconizado 
pelas Portarias e Decretos Regulatórios tais como o Decreto 5622, 
e a Portaria 2/2007, editada pelo Ministério da Educação, a qual 
segundo o próprio Secretário é muito restritiva no que concerne à 
criação dos polos e a exigência de avaliações presenciais. 
Estas vantagens talvez sejam responsáveis pela 
proliferação de cursos de extensão na modalidade de educação 
a distância, capacitando recursos humanos, investindo em 
novas tecnologias e pesquisas que, certamente, proporcionarão 
à comunidade uma participação ativa no processo, ocupando 
oportunidades de trabalho e adquirindo condições para formação 
continuada e aprendizado por toda vida.
No entanto, é preciso destacar que, para que os 
cursos de extensão na modalidade EAD tenham o sucesso 
esperado, é necessário que a Instituição alie a vontade política 
à pedagógica, ou que implica que a Instituição assegure 
uma infraestrutura tecnológica, pedagógica e administrativa 
de qualidade; é necessário que haja um bom gestor deste 
sistema, com competência para assegurar que a integração do 
ensino com a pesquisa e com a extensão seja mediada pelas 
tecnologias de comunicação e de informação; é preciso que haja 
um Planejamento Estratégico que unifique os demais tipos de 
planejamento e garanta a participação de todos, bem como um 
fluxo comunicacional multidirecional de qualidade.
A EAD deve oportunizar a reescrita da história institucional 
e a manutenção de sua memória, além de possibilitar o fomento 
do e-learning na instituição, o qual possibilitará por sua vez a 
abertura de novas parcerias com empresas e serviços regionais, 
nacionais e internacionais.
Pelo exposto pode se constatar que a educação a distância 
representa indiscutivelmente um dos temas atuais da sociedade 
globalizada, sendo objeto de interesse da empresa, do Estado e 
alvo de incentivos materiais e financeiros para projetos inovadores, 
os quais por sua vez representam excelentes oportunidades de 
trabalho e aprendizado. 
Pró-Reitoria de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão
7
SUMÁRIO
Unidade 1.2
O HOMEM E A VIDA EM SOCIEDADE
INTRODUÇÃO AO ESTUDO ........................................................
OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................
PROBLEMATIZAÇÃO ...................................................................
CONCEITUAÇÃO DO TEMA ........................................................
Regras e normas para a vida em sociedade ................................
Sociedade e ideologia....................................................................
Nazismo e antissemitismo ............................................................
REFERÊNCIAS .............................................................................
8
11
12
13
13
15
17
22
8
INTRODUÇÃO AO ESTUDO 
A História estuda o homem no tempo, ou ainda, a trajetória 
das sociedades humanas ao longo do tempo. Nesse sentido, o 
conhecimento histórico alarga a compreensão do homem sobre 
si mesmo e sobre sua sociedade enquanto ser que constrói sua 
trajetória no mundo. De acordo com Klaus Bergmann, a história 
tem por preocupação “possibilitar uma consciência histórica”, de tal 
maneira que forneça uma identificação do indivíduo com o coletivo 
e dele mesmo como agente dentro do processo histórico.
Como disse o historiador da contemporaneidade, Eric 
Hobsbawn, “Não há povo sem história ou que possa ser 
compreendido sem ela.” Portanto, todo o ser humano produz 
história individualmente e em sociedade. Desde a pré-história 
e das chamadas comunidades primitivas o homem vive em 
agrupamentos e produz sua história em sociedade e a partir dela.
Se nos dedicarmos a um olhar mais próximo e detalhado, 
veremos a história de cada indivíduo, mas se, no entanto, nos 
dedicarmos a um olhar mais distanciado e macro, veremos a história 
da comunidade, que é a história da sociedade como um todo. 
[...] Ao nos aproximarmos de certa dimensão da 
existência humana, podemos ver precisamente como 
cada indivíduo se desvincula dos demais; assumindo 
um ponto de vista mais distanciado, percebemos o 
indivíduo enquanto tal desaparecer e, em seu lugar, se 
nos revelar a imagem de uma “sociedade” com suas 
formar e cores próprias, imagem que surge com...
9
Os primeiros grupos humanos dependiam inteiramente 
da natureza, e tentando dominá-la desenvolveram instrumentos 
cada vez mais elaborados, de pedras, ossos, pedaços de 
madeira. Organizaram-se inicialmente em bandos para poderem 
sobreviver, pois o homem, comparado a outros seres vivos que 
habitam o planeta, é bastante frágil e indefeso, tornando o grupo 
a única forma possível de sobrevivência. Portanto, para o homem, 
desde o primeiro momento de sua história, viver em sociedade 
tornou-se uma necessidade fundamental.
A princípio, nas comunidades pré-históricas, existia 
uma forma de apropriação coletiva dos bens necessários à 
sobrevivência, isto é, tudo era compartilhado entre todos. A divisão 
do trabalho se dava naturalmente entre o homem, a mulher, a 
criança e o velho, de acordo com as possibilidades físicas de 
cada um. A cooperação era indispensável para a sobrevivência 
do grupo e, portanto, do indivíduo.
É importante ressaltar que denominamos de período 
Pré-Histórico porque se refere a um período anterior ao 
surgimento da escrita, e, portanto, anterior ao que chamamos 
convencionalmente de História, já que o homem ainda não 
registrava, através de uma escrita, dados, informações sobre 
seu mundo, cotidiano, costumes e vida. Mas, no entanto, ele 
não deixava de ter um cotidiano cercado de acontecimentos 
individuais e coletivos que permeavam sua vida, e que, 
portanto, lhe proporcionavam uma História.
Foi a descoberta e o domínio da agricultura, chamada 
de revolução agrícola, que levou o homem a passar de caçador, 
pescador e coletor que vivia em bandos nômades a procura de 
alimentos, à condição de agricultor e pastor sedentário, produtor 
de sua própria sobrevivência.
... a possibilidade de ser conhecida com maior ou 
menor precisão, mas que de modo algum terá menos 
valor que a imagem na qual as partes se separam 
uma das outras, ou ainda da imagem na qual serve 
apenas como estudo preliminar das partes. (SIMMEL, 
Georg. Questões fundamentais da sociologia, p.14)
10
Numa economia produtora, a vida sedentária e mais segura 
de uma aldeia, tornou possível o crescimento da população, o 
desenvolvimento de uma cultura mais elaborada e também o 
aumento da complexidade da vida em sociedade, das tarefas e 
das relações sociais. 
Com o passar do tempo estas aldeias, a partir do gradual 
aumento da complexidade da vida em sociedade, levaram 
ao surgimento de cidades, ao aparecimento do Estado (aqui 
caracterizado como a soma de um território, um povo e um poder 
político constituído) e das primeiras civilizações.
Com um controle maior sobre a natureza foi possível 
produzir além do estritamente necessário à sobrevivência do 
grupo, levando ao surgimento do excedente de produção (sobra) 
e com ele à ideia de propriedade. O Estado seria então, o poder 
instituído que agiria como defensor da propriedade privada e 
de seus detentores, e também como árbitro entre as diferentes 
classes sociais que se formaram.
A civilização representaria, então, o estágio de maior 
complexidadeda sociedade, em que já se tem uma cultura própria, 
um Estado constituído com seu corpo administrativo e força 
militar, diferentes grupos sociais e divisão social do trabalho, isto 
é, cada grupo produz de acordo com seu nível social, portanto, 
havendo acumulação de riqueza e exploração do trabalho de um 
grupo social sobre outro. Poderíamos interpretar, ironicamente, 
que ao nos tornarmos civilizados deixamos de ser cooperativos 
em nossa vida em sociedade para nos tornarmos exploradores.
11
OBJETIVOS DO ESTUDO
Compreensão do homem sobre si mesmo e sobre sua 
sociedade enquanto ser que constrói sua trajetória no mundo.
12
PROBLEMATIZAÇÃO
O poder cultural é uma forma reguladora da vida do homem 
em sociedade?
13
Regras e normas para a vida em 
sociedade
É possível dizer que a sociedade humana surge porque 
o homem é um ser capaz de criar interdições, isto é, proibições, 
normas que definem o que pode e o que não pode ser feito, a 
fim de estabelecer regras que normatizem a vida em comum. 
Portanto, cada sociedade, para a vida em comum, isto é, 
em comunidade, estabelece seus valores morais de certo e 
errado, de bem e mal, de permitido e proibido. Estes chamados 
valores morais correspondem ao conjunto de regras e normas 
de conduta consideradas válidas para a vida em determinada 
sociedade. E estes valores resultam da experiência vivida 
pelo homem ao se relacionar com o mundo e com os outros 
homens, e que podem variar de acordo com o povo e com a 
época. 
Os valores são herdados da cultura, que de acordo 
com o que vimos na unidade 1.1, Ruth Benedict definiu 
como uma lente através da qual o homem vê o mundo, e que 
homens de culturas diferentes usam lentes diversas que lhes 
proporcionam também visões diversas de mundo. Portanto, a 
primeira compreensão que temos do mundo é fundada no solo 
da comunidade em que vivemos.
Esses valores nos chegam através do que chamamos de 
senso comum (o conhecimento espontâneo ou conhecimento 
CONCEITUAÇÃO DO TEMA 
14
vulgar) que representa a forma geral de agir e pensar, 
condicionado a partir de uma determinada interpretação de 
mundo e da visão que o homem tem de si próprio de acordo 
com as mais diversas culturas. Nesse sentido, podemos deduzir 
que o homem é o resultado do que a cultura faz com que ele 
seja, de forma a prepará-lo como indivíduo pertencente a uma 
determinada sociedade.
Para tanto, a sociedade impõe controle sobre o 
comportamento de seus indivíduos. Esse controle pode ser 
estabelecido através de instrumentos de coerção formais 
estabelecidos a partir do poder político vigente, ou de maneira 
informal, pela própria sociedade e de seus membros sobre o 
indivíduo, através da família, do grupo social, dos amigos, da 
Igreja. Aqueles elementos que são transgressores, que não 
seguem às normas e regras estabelecidas são marginalizados, 
isto é, colocados à margem da sociedade. Para o filósofo 
francês Michel Foucault o poder está além e aquém do Estado. 
Não é uma coisa tão somente de leis constituídas. Sequer, é 
exclusividade de um grupo, na hierarquia institucional. Poder 
é exercício local de forças, sempre móveis e mutáveis, do 
interior das relações que se estabelecem, e não algo que 
acontece de cima para baixo tão somente, por ação de lei ou de 
regulamentação. Corresponde a uma tensão constante no dia a 
dia, e não por força de determinados “grupos de poder”. 
Para Foucault, política e poder estão intimamente 
relacionados. Política refere-se, portanto, a toda e qualquer 
relação de poder estabelecida na sociedade e no interior dos 
grupos sociais ao longo do cotidiano.
 Em 1977, em sua obra Vigiar e Punir, Foucault analisou 
as modalidades de controle da infração e do infrator no sistema 
penal. Voltou-se, em sua análise, à mudança que o sistema 
sofreu entre os períodos anteriores e a modernidade. Nos tempos 
anteriores a transgressão era considerada um desacato ao 
poder do rei, que através do chamado direito divino de governar, 
tornava lesar ao rei e lesar a Deus. A punição era exemplar, 
através do suplício, da dor, do esquartejamento, estripação, 
15
da queima ou enforcamento em praça pública. A penalidade, o 
castigo tinha como alvo o corpo. As praças transformavam-se em 
verdadeiros palcos públicos, onde se desenrolava o espetáculo 
do suplício da “carne”. 
O sistema punitivo, seja em qual sociedade for, visa sempre 
a restauração da ordem. A forma como a restauração dessa 
ordem será feita, depende da estratégia do poder dominante 
em determinada época ou lugar. A partir deste olhar, Foucault 
percebeu a estratégia predominante de poder na modernidade 
que não se voltou mais a pena corpórea. Não se voltou mais 
a dor física. O alvo primordial nesse momento passa a ser o 
cerceamento da liberdade. O objetivo imediato tornou-se a 
reeducação do transgressor para que ele se livre da delinquência. 
Para tanto, a pena voltou-se ao tolhimento do tempo, do fazer, do 
lazer através da privação da liberdade.
Melhor explicando, na modernidade, a ofensa não foi mais 
voltada ao rei e a sua soberania divina, mas ao corpo social 
que não exige mais a pena capital, e sim, uma resocialização 
do individuo ao mundo do trabalho, do capital e do respeito à 
propriedade. 
Sociedade e Ideologia
Os grupos humanos precisam de regras para viver, como 
já vimos, mesmo que variem seu conteúdo conforme a época 
ou lugar, todas as comunidades têm a necessidade formal de 
regras morais. Portanto, ninguém nasce moral, mas torna-se 
moral para poder ser capaz de “con-viver”. A moral, então, surge 
do controle da vontade e do desejo imposto pela cultura de uma 
determinada sociedade. Certos atos, cujo cumprimento antes 
eram garantidos por força legal (leis), por constrangimento 
social (costumes) ou por imposição religiosa, passam a ser 
cumpridos por exclusiva obrigação moral.
Uma visão de mundo com padrões morais e de 
comportamento próprios pode ser imposta a partir de uma 
ideologia. 
16
A ideologia exerce uma função de cimento, tornando a 
sociedade em uma unidade que se estabelece a partir de crenças 
que se tornam comuns pela força das tradições ou da invenção de 
tradições que, conforme Eric Hobsbawn, são criadas, por exemplo, 
para justificar o fortalecimento ou instauração de um regime 
político. Foi nesse sentido que no século XX, durante as décadas 
de 30 e 40, foi disseminada na Alemanha a ideologia nazista.
A crise do capitalismo ocorrida no início do século XX 
e que ficou conhecida como Crise de 29 e que abalou não 
somente aos Estados Unidos mas também ao mundo inteiro, 
após a Primeira Guerra, agravou os problemas enfrentados por 
diversos países da Europa e trouxe consequências desastrosas: 
desemprego, queda na produção, inflação e falências, que 
provocaram o aumento dos conflitos entre as classes sociais. 
Neste contexto, os governos democráticos mostraram-se 
impotentes perante a situação sócio-econômico que envolvia 
a maioria da população. Surgiram, então, ideologias políticas 
oportunistas, que criticavam as democracias e defendiam o 
fortalecimento do Poder Executivo como única solução para o 
caos que havia se instalado. As elites econômicas e as classes 
médias passaram a apoiar as novas ideologias, que defendiam a 
formação de governos fortes e autoritários (totalitários), capazes 
de restaurar a ordem e de conter as crescentes manifestações 
operárias de inspiração socialista.
Essas Ideologias Totalitárias baseavam-se em um 
extremado nacionalismo, em que o Estado e os interesses 
[A ideologia é o conjunto de representações e ideias, 
bem como de normas de conduta por meio das quais 
o homem é levado a pensar, sentir e agir da maneira 
que convém à classe dominante. Essa consciência da 
realidade é uma falsa consciência, porque camufla a 
divisão existente dentro da sociedade, apresentando-a 
como una e harmônica, como se todos partilhassem 
dos mesmos objetivos e ideais. (ARANHA, Maria Lúcia 
de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires Temas de 
filosofia, p.58)
17
do Estadoestariam acima do cidadão, que então se tornaria 
submetido a uma forte censura e controle social operados 
através da força e de uso de violência sempre que conveniente. 
O Estado, a nação, passaria a caracterizar-se por uma grande 
centralização de poder, através de um profundo autoritarismo e 
da existência de um partido único.
Ao final da Primeira Guerra Mundial, a Itália estava ao 
lado das nações vencedoras, mas nada havia lucrado com a 
vitória. Isso gerou uma enorme desilusão no país, agravada pela 
crise econômica que afetava a maioria das nações europeias. O 
desemprego, o atraso industrial e o aumento da dívida externa, 
completavam o quadro negativo que atingia o país, despertando 
na população italiana o desejo de mudança. Iniciou-se, então, 
uma fase de numerosas manifestações populares, greves e 
pilhagens no comércio, assustando a elite dominante, pois o 
governo não conseguia controlar a situação. Em meio a toda 
essa crise, surge Benito Mussolini, fundador do Partido Fascista 
Italiano, que pregava a necessidade de um governo ditatorial 
para eliminar os problemas sociais. Os fascistas criaram 
uma milícia armada conhecida como os camisas negras, que 
combatiam violentamente os adversários. Com essa prática, 
eles conseguiram conter as diversas manifestações operárias 
e ganharam o apoio da classe média e da elite econômica 
do país, finalmente apoderando-se do poder e do governo do 
país. A partir daí, Mussolini criou uma poderosa máquina de 
propaganda e empenhou-se na organização do ensino público, 
como meios de transmitir a doutrina fascista à sociedade. Os 
professores juravam fidelidade ao governo e os alunos vestiam-
se com uniformes fascistas, em cerimônias especiais.
Nazismo e Antissemitismo
A princípio, nacionalismo poderia ser definido como 
um amor tão intenso pela pátria que leva ao ódio ao “outro” (o 
estrangeiro). A palavra “nacionalismo” apareceu pela primeira 
vez em fins do século XIX, para descrever grupos que brandiam 
18
entusiasticamente a bandeira contra os estrangeiros e a 
favor de uma expansão agressiva de seus próprios Estados 
Foi nesta época que a canção “Deutschland Über Alles” (A 
Alemanha acima de todos os outros) tornou-se o hino nacional 
da Alemanha. A essência do nacionalismo que emergia era 
a apropriação do patriotismo pelo Estado. Os governos 
precisavam, agora, alcançar o cidadão e ligá-lo ao Estado 
para garantir uma eficaz obediência social. A “nação” deveria 
tornar-se a nova religião cívica do Estado. Para tanto, a escola 
deveria ensinar todas as crianças a serem bons cidadãos. 
O nacionalismo à medida que agregava alguns à nação 
identificada com o Estado, alienava outros, excluindo-os da 
nacionalidade oficial, como ocorreu com os povos das colônias 
na Ásia, África e Oceania por não pertencerem as raças 
europeias supostamente “superiores”. Nesse sentido, o final do 
século XIX e a primeira metade do século XX foi a era clássica 
da xenofobia, da aversão ao considerado estrangeiro, que, na 
Alemanha, levou ao antissemitismo, principalmente durante os 
anos da Grande Depressão, após 1929.
O nacionalismo como ideologia consistiu em movimentos 
de governos voltados a sua legitimação e manutenção no 
poder, com programas que consistiam em resistir, excluir, 
derrotar, conquistar, submeter ou eliminar o “estrangeiro” e 
em anunciar um futuro glorioso para a nação, propondo ao 
povo todos os sacrifícios para alcançá-lo. À princípio, o termo 
fatherland (pátria) se referia a “terra natal”, simplesmente 
ao local ou a cidade em que a pessoa nascera e não a uma 
“comunidade” imaginária de centenas ou milhões de pessoas 
que supostamente estariam ligadas fraternalmente como filhos 
de um mesmo país, independente das diferenças sociais que 
os separassem. Como fator de unidade social, o patriotismo 
advindo do nacionalismo compensava a inferioridade social 
e igualava os cidadãos, atribuindo a culpa pelos males ao 
estrangeiro. Entre outros fatores, em fins do século XIX, a 
linguagem tornou-se um critério fundamental de identificação 
étnica e, portanto, de nacionalidade.
19
A crise tornou-se muito mais grave na Alemanha. 
Responsabilizados pela Primeira Guerra Mundial e penalizados 
com extremo vigor no chamado Tratado de Versalhes, os alemães 
tiveram que assumir a dívida da guerra e pagar indenização às 
potências vencedoras. A economia ficou arrasada, as taxas de 
desemprego eram altíssimas e a sociedade apresentava-se 
completamente desestruturada. Além disso, a derrota na guerra 
e as humilhações impostas pelo Tratado de Versalhes deixaram 
o orgulho nacional alemão extremamente abalado. Foi então que 
surgiu em Munique, em 1919 um grupo político com propostas 
totalitárias, nos moldes do fascismo italiano. O novo partido 
passou a se chamar Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores 
Alemães, mais tarde transformado em Partido Nazista e liderado 
por Adolf Hitler. Assim como os “camisas negras” dos fascistas 
italianos, os nazistas também atuavam contra seus opositores 
com grupos denominados de tropas de assalto (SA) ou “camisas 
pardas”. 
Em 1923, os nazistas tentaram um golpe de Estado, que 
ficou conhecido como o Putsch de Munique ou Golpe da Cervejaria, 
esse levante foi abafado e Hitler foi preso. Na prisão, o líder nazista 
escreveu o livro Mein Kampf (Minha Luta), no qual estabeleceu os 
fundamentos básicos do nazismo: pregava a luta contra judeus 
e comunistas, responsabilizando-os pela miséria da Alemanha; 
defendia a superioridade da raça ariana, o nacionalismo, a 
necessidade de um governo totalitário e a expansão territorial, 
que levasse a Alemanha a conquistar o “espaço vital”, ou seja, 
o território necessário para seu desenvolvimento. Em 1933 o 
presidente Hindenburg indicou Adolf Hitler para primeiro ministro 
(chanceler). A partir daí, os nazistas criaram condições para que 
Hitler assumisse o poder no país. Então, em 1934, com a morte 
do presidente Hindenburg, ele tornou-se líder do governo alemão 
com o título de Führer, voltando-se à criação do Terceiro Reich 
(Império).
A ditadura nazista passou a ser mantida e imposta à 
sociedade por um violento aparato policial formado pela antiga 
tropa de choque, a SA, por uma tropa de elite, a SS e pela polícia 
20
secreta, a GESTAPO. Também consolidou-se utilizando para a 
disseminação de sua ideologia na sociedade alemã de intensa 
propaganda que era conduzida por Joseph Goebbels, Ministro 
da Educação e Propaganda. Tinha Goebbels como um de seus 
pensamentos favoritos “uma mentira dita cem vezes torna-se 
verdade“. Através da educação e da propaganda o nazismo 
construiu na sociedade alemã um amor extremado a nação, a 
seu líder, o führer, e, em contraposição, um ódio profundo ao 
povo judeu.
Desde seus primeiros meses de poder, o nazismo 
iniciou sua ação de segregação e preconceito contra os judeus 
(antissemitismo). Já em 1933 decretou o boicote aos negócios 
e aos profissionais judeus, que passaram a ser vistos como 
causadores de decadência alemã e de todos os males sociais. 
Em setembro de 1935 foram decretadas as Leis de Nuremberg 
através das quais os judeus deixaram de ser considerados 
cidadãos alemães. Foram proibidos casamentos entre judeus e 
arianos. Todo alemão que tivesse um bisavô de origem judaica 
passou a ser considerado infectado e, portanto, não ariano. Os 
Judeus foram confinados em guetos, que eram antigos bairros já 
existentes nas cidades desde a Idade Média, com o objetivo de 
serem isolados e eliminados por fome pestes e epidemias.
Os nazistas aproveitaram os judeus como mão-de-obra 
escrava nas indústrias principalmente de material militar. Leis 
obrigavam os judeus a levar em sua roupa um sinal (distintivo) 
de cor amarela, com uma estrela de seis pontas, com a inscrição 
“judeu”. 
Diante da aceleração das deportações para os campos 
de concentração e de extermínio houve revolta em muitos 
guetos, principalmente por parte dos jovens judeus que não 
concordavam com a acomodação de seus dirigentes. A mais 
notávelfoi a Revolta do Gueto de Varsóvia em abril de 1943. 
Especialmente na Polônia e na Alemanha foram criados campos 
de concentração para os quais eram enviados judeus de toda 
a Europa conquistada. Muitos morriam durante a viagem nos 
vagões dos trens, sem ventilação, sanitários, água e alimentos. 
21
Os que chegavam aos campos eram selecionados. Aqueles que 
podiam trabalhar eram enviados para as equipes de trabalho 
forçado. Os considerados sem condições, na maioria velhos e 
crianças, eram enviados para o extermínio nas câmaras de gás e 
depois incinerados nos fornos crematórios. Aproximadamente 6 
milhões de judeus foram mortos no que ficou conhecido como a 
Solução Final para o Problema Judaico.
A ideologia é veiculada pela família, escola, empresa, 
religião, e pelos diferentes meios de comunicação. Por sua vez, 
o senso comum, por ser ingênuo e acrítico, torna-se permeado 
pelos valores da ideologia vigente que se caracteriza por buscar 
o consenso e a coesão da sociedade, escondendo as distorções, 
mascarando as desigualdades e ocultando as explorações e os 
preconceitos sob a camuflagem do natural.
22
REFERÊNCIAS
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2008.
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Brasiliense, 2003.
23
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culturais. 3ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000
SIMMEL, Georg. Questões fundamentais da sociologia. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar Ed, 2006.
SIMONSON, Louise. A morte do Superman. São Paulo: Abril Jovem, 
1993 (edição especial).
1º Bimestre - Unidade 1.3 
A Identidade e a Relação com o Outro
Cultura e Sociedade
 
Osvaldo Luís Meza Siqueira
S618 Siqueira, Osvaldo Luís Meza.
 Cultura e sociedade [recurso eletrônico] / Osvaldo Luís Meza
 Siqueira. - Curitiba: UTP, 2013.
 196p.
 
 ISBN 978-85-7968-042-7
 ISBN 978-85-7968-043-4 - Disponível em: http://ead.utp.edu.br
 
 
 1. Cultura. 2. Sociedade. 3. Cidadania.
 I. Siqueira, Osvaldo Luís Meza. II.Título.
CDD – 301.02
Material 
de uso 
didático.
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Avaliação 
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Todos os direitos desta edição reservados à Universidade 
Tuiuti do Paraná.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida e transmitida 
sem prévia autorização.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Biblioteca “Sydnei Antonio Rangel Santos” 
Universidade Tuiuti do Paraná 
3
NOTAS SOBRE O AUTOR
Possui graduação em Licenciatura em História pela Universidade Tuiuti 
do Paraná (1999) e especialização em Metodologia do Ensino de 
História pela Faculdade Internacional de Curitiba (2001). Atualmente é 
professor da Universidade Tuiuti do Paraná, professor da Sociedade de 
Ensino Unificado, professor da Escola Social Madre Clélia e professor 
do Grupo Educacional UNINTER. Tem experiência na área de História, 
com ênfase em Metodologia do Ensino de História.
4
Citação Referencial
Destaque
Dica do Professor
Explicação do Professor
Material On-Line
Para Reflexão
ORIENTAÇÃO PARA LEITURA
5
APRESENTAÇÃO
Educação a Distância Instrumentalizando e 
Otimizando a Extensão
A educação a distância, EAD tem sido tema da agenda 
de inúmeras organizações (acadêmicas, sociais e políticas), 
em virtude do seu impacto em todas as dimensões do homem 
moderno. Bem mais do que meras discussões em relação à 
importância, aos desafios e a própria história do tema, iniciativas 
concretas e projetos com abrangência internacional, nacional, 
regional e local estão sendo executada. Desta forma a EAD 
deixa de ser apenas um tópico nas discussões para adquirir 
forma e consistência no cenário em foco em crescimento 
exponencial.
O crescimento da EAD na extensão se faz mais forte 
graças ao e-learning, o qual conta com o apoio das redes de 
comunicação, em especial, a internet, que está a alavancar, 
a desenvolver e transformar o modelo educacional vigente a 
desafiar professores, técnicos e alunos a desempenharem novos 
papéis diante das necessidades de uma prática pedagógica, a 
qual se encontra em fase de descoberta e de estruturação.
A operacionalização da EAD na extensão tem sido 
observada em todo o mundo em especial no Brasil, principalmente 
nos cursos de Extensão Universitária os quais são voltados, 
preferencialmente, para os acadêmicos de qualquer curso 
de graduação que queiram aprofundar os conhecimentos já 
adquiridos em sala de aula ou, que desejam ampliar seu foco 
de estudos, possibilitando assim, uma aproximação maior com 
o cenário profissional futuro, além de contribuir para aquisição 
de novos conhecimentos. A EAD na extensão pode ser usada 
pela Instituição para atender percentual exigido pelo currículo 
no tocante a questão Atividade Complementar.
No referente à educação continuada ela visa capacitar 
pessoas e atender as exigências do mercado de massa crítica 
qualificada.
Além destes aspectos positivos a EAD aplicada à 
extensão apresenta inúmeras vantagens, entre estas se nomina: 
o fomento da educação continuada, o novo conceito de sala de 
aula, de professor e de aluno, a perspectiva política e social desta 
modalidade educativa, uma vez que além de democratizar o 
6
acesso ao mundo do ensino, capacita o trabalhador, permitindo-
lhe que se mantenha ou adentre no mercado de trabalho. 
Destaca-se ainda, a flexibilidade da legislação no tocante 
à sua execução, vez que pode ser executada,sem o preconizado 
pelas Portarias e Decretos Regulatórios tais como o Decreto 5622, 
e a Portaria 2/2007, editada pelo Ministério da Educação, a qual 
segundo o próprio Secretário é muito restritiva no que concerne à 
criação dos polos e a exigência de avaliações presenciais. 
Estas vantagens talvez sejam responsáveis pela 
proliferação de cursos de extensão na modalidade de educação 
a distância, capacitando recursos humanos, investindo em 
novas tecnologias e pesquisas que, certamente, proporcionarão 
à comunidade uma participação ativa no processo, ocupando 
oportunidades de trabalho e adquirindo condições para formação 
continuada e aprendizado por toda vida.
No entanto, é preciso destacar que, para que os 
cursos de extensão na modalidade EAD tenhamo sucesso 
esperado, é necessário que a Instituição alie a vontade política 
à pedagógica, ou que implica que a Instituição assegure 
uma infraestrutura tecnológica, pedagógica e administrativa 
de qualidade; é necessário que haja um bom gestor deste 
sistema, com competência para assegurar que a integração do 
ensino com a pesquisa e com a extensão seja mediada pelas 
tecnologias de comunicação e de informação; é preciso que haja 
um Planejamento Estratégico que unifique os demais tipos de 
planejamento e garanta a participação de todos, bem como um 
fluxo comunicacional multidirecional de qualidade.
A EAD deve oportunizar a reescrita da história institucional 
e a manutenção de sua memória, além de possibilitar o fomento 
do e-learning na instituição, o qual possibilitará por sua vez a 
abertura de novas parcerias com empresas e serviços regionais, 
nacionais e internacionais.
Pelo exposto pode se constatar que a educação a distância 
representa indiscutivelmente um dos temas atuais da sociedade 
globalizada, sendo objeto de interesse da empresa, do Estado e 
alvo de incentivos materiais e financeiros para projetos inovadores, 
os quais por sua vez representam excelentes oportunidades de 
trabalho e aprendizado. 
Pró-Reitoria de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão
7
SUMÁRIO
Unidade 1.3
A IDENTIDADE E A RELAÇÃO COM O OUTRO
INTRODUÇÃO AO ESTUDO ........................................................
OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................
PROBLEMATIZAÇÃO ...................................................................
CONCEITUAÇÃO DO TEMA ........................................................
Construção da identidade .............................................................
Os imigrantes chegaram! ..............................................................
Os inferiores e os maus ................................................................
O espaço urbano, lugar de diversas e plurais identidades ...........
SISTEMATIZANDO .......................................................................
REFERÊNCIAS .............................................................................
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22
23
8
INTRODUÇÃO AO ESTUDO 
Construção da Identidade
Nas duas unidades anteriores falamos sobre cultura e 
sobre sociedade, como sendo dois componentes fundamentais 
para o entendimento do homem e de sua vida no meio social. 
Como vimos, todo homem está inserido em uma sociedade que 
influencia sua formação e comportamento. Esta influência carrega 
os padrões éticos e morais que irão se estabelecer e perpetuar 
através do componente cultural. É a cultura que nos conecta 
com o grupo e a comunidade a que pertencemos, dizendo quem 
somos e forjando nossa identidade. 
9
OBJETIVOS DO ESTUDO
Compreender os elementos fundantes da nossa 
identidade.
10
PROBLEMATIZAÇÃO
Mas como se processa a construção 
dessa identidade?
Como construímos nossa noção de pertencimento a um ou 
outro grupo, nação, etnia ou gênero?
11
Construção da Identidade
Como coloca Kathryn Woodward, a identidade é relacional. 
A identidade depende, para existir, de algo fora dela: de outra 
identidade, de uma identidade que ela não é, que difere, mas que 
fornece as condições para que ela exista. Portanto, a identidade 
se distingue por aquilo que ela não é. Sendo assim, marcada pela 
diferença, seja ela qual for, de cor, de religião, de nacionalidade, de 
sexualidade, ou qualquer outra forma de contraposição que marque 
o diverso, o oposto, o outro. O denominado princípio da alteridade.
E quem é esse outro? Ele é o oposto, o diferente de mim. 
Aquele que não sou e que, portanto, serve de contrapondo para 
a construção de minha identidade. Segundo o filósofo búlgaro 
Tzvetan Todorov o que chamamos de eu só pode existir a partir 
do olhar sobre o outro. É a partir desta visão que o autor analisa os 
diversos olhares que foram construídos na conquista da América 
pelos portugueses e espanhóis. Segundo ele, cada outro é um 
sujeito que olha a partir do seu próprio eu.
CONCEITUAÇÃO DO TEMA 
As identidades são fabricadas por meio da 
marcação da diferença. Essa marcação da 
diferença ocorre tanto por meio de sistemas 
simbólicos de representação quanto por meio de 
formas de exclusão social. A identidade, pois, não 
é o oposto da diferença: a identidade depende da 
diferença. (WOODWARD, Kathryn. In SILVA (org) 
Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos 
culturais, p.39-40) 
12
É da diferença, e da não aceitação dela, que se forjam 
as segregações, intolerâncias e preconceitos. Como vimos 
na unidade anterior, foi em fins do século XIX, que grupos 
que brandiam entusiasticamente suas bandeiras nacionais 
se voltaram contra os estrangeiros com um forte sentimento 
xenofóbico, isto é, de aversão. O nacionalismo, naquele momento 
da história, à medida que identificava e agregava alguns à 
nação, alienava outros, excluindo e segregando com fúria e 
ódio. No século XX, então, tal fúria e ódio forjados nas chamas 
do fervor nacionalista levariam ao holocausto antissemítico de 
6 milhões de judeus nos campos de concentração e extermínio 
da Alemanha nazista.
A identidade surge como uma resultante das semelhanças 
e diferenças entre os indivíduos e grupos humanos, mas também 
pode ser imposta de forma intencional por um pensamento 
que irá se sobrepor de maneira a forjar as representações de 
pertencimentos e afastamentos que serviram de base para a 
construção da imagem do eu (nós) e do outro, como, por exemplo, 
através de uma ideologia, como vimos na unidade anterior. 
Ao firmar-se a partir da diferença, a identidade estabelece 
as não similaridades que levarão a não aceitação daquele que será 
visto como o “outro”. As similaridades que determinam a ligação 
entre os indivíduos podem estar ligadas a diversos aspectos, 
como por exemplo, a um passado comum do qual preservam 
as mesmas memórias e representações, isto é, categorias de 
pensamento que expressam uma forma de interpretar e explicar 
a realidade. 
A nação, portanto, não passaria de uma construção 
recente de ideólogos empenhados em produzir 
instrumentos de legitimação e mobilização, através 
dos quais manipulariam emoções atávicas, medos 
e ressentimentos das massas, pelo apelo a um 
sentimento de diferença cultural, do qual decorreria o 
equívoco da identidade nacional. (AZEVEDO, Cecília. 
In ABREU, SOIHET (org) Ensino de história: conceitos, 
temáticas e metodologias, p.44) 
13
No entanto, esse passado pode ser construído ou 
reconstruído de forma a servir de fator legitimador e agregador no 
presente. Foi o que aconteceu com relação à ideologia nazista, 
que baseou-se em uma suposta ligação entre a Alemanha de Hitler 
e a glória do que foi o antigo Sacro Império Romano-Germânico 
do período medieval. Para a doutrina nazista, o governo de Hitler, 
significava o III Reich, isto é, o 3º império germânico (Alemão). O 
primeiro quando a Alemanha foi grande e poderosa no medievo 
com o Sacro Império Romano-Germânico; o segundo, durante 
o século XIX, quando o país se unificou e se tornou poderoso 
através do colonialismo imperialista característico da época; e 
finalmente o de Hitler, o terceiro, e que supostamente duraria 
mil anos, mas que mal chegou a uma década. Outro exemplo, 
inclusive contemporâneo ao anterior, foi Benito Mussolini, líder 
do regime fascista na Itália que insistia em ligar seu governo 
com os césares (imperadores) do Antigo Império Romano. A 
Itália comandada por ele deveria reconquistar sua glória antiga, 
porém, a Itália do século XX não era, e não poderia ser, a Roma 
do passado. Poderíamos ainda pensar em mais um exemplo, o 
do grande general francês Napoleão Bonaparte, conquistador e 
imperador, que tentou ligar sua imagem a do lendário rei franco 
Carlos Magno.
A representação inclui as práticas de significação 
e os sistemas simbólicos por meio dos quais os 
significados são produzidos, posicionando-nos 
como sujeito. É por

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