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Guerra Fria - Pdf

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Professora
Ana Laura
Gabas
A Guerra Fria e seus
desdobramentos em todo o
mundo
A Guerra Fria e seus
desdobramentos em todo o
mundo
 
 
 
 
O que vamos conhecer: 
A Guerra Fria: confrontos de dois modelos
políticos A Revolução Chinesa e as tensões
entre China e Rússia A Revolução Cubana e
as tensões entre Estados Unidos da
América e Cuba.
As experiências ditatoriais na América Latina.
Os processos de descolonização na África e na
Ásia.
Avaliar as tensões geopolíticas no interior dos blocos
liderados por soviéticos e estadunidenses ao longo da
Guerra Fria.
Descrever as múltiplas experiências ditatoriais na América
Latina em nível diplomático, local, econômico e social
E vamos conseguir:
Explicar e avaliar os resultados atuais dos processos de
descolonização na África e na Ásia. 
Investigar os regimes ditatoriais latino-americanos, com
especial atenção para a censura política, a opressão e o uso da
força, bem como para as reformas econômicas e sociais e
seus impactos.
 
 
Habilidades: 
(EF09HI28) Identificar e analisar aspectos
da Guerra Fria, seus principais conflitos e
as tensões geopolíticas no interior dos
blocos liderados por soviéticos e
estadunidenses.
Objeto do conhecimento: 
 
A Guerra Fria: confrontos de dois modelos
políticos; A Revolução Chinesa e as tensões
entre China e Rússia; A Revolução Cubana
e as tensões entre Estados Unidos da
América e Cuba.
 
Você já assistiu a algum
filme de ação
estadunidense em que o
vilão é de algum país
distante ou mesmo de um
país vizinho a nós? A
imagem acima te faz
lembrar de algum filme em
específico?
E agora... Herói ou Vilão?
A chance é realmente grande que sim, ainda mais se
você já viu os filmes de franquias de sucesso de
público como 007 ou mesmo Missão Impossível. Eles
seguem geralmente a mesma estrutura: os vilões
sejam aquelas figuras maldosas e bastante antiéticas
que usam e abusam do poder para dominar cada vez
mais e ganhar sempre mais riqueza, enquanto o
herói tem de passar por uma série de dificuldades
até superar o vilão da vez.
Os sobrenomes, os trejeitos e até mesmo as
características físicas dos vilões são
milimetricamente escolhidas para criar um ambiente
de medo e de perversidade. A pergunta que salta aos
olhos, no entanto, é: por que esses sobrenomes ou
características remetem sempre ao estrangeiro e aos
lugares distantes do centro da Europa (no caso de
007) ou dos EUA (no caso de Missão Impossível)?
A divisão de heróis e vilões não é ingênua, ou seja,
não é gratuita e sem uma intencionalidade. O
objetivo deste artigo é produzir uma reflexão sobre
os eventos históricos complexos que deram origem
a essa dicotomia (herói x vilão) e colocá-los, na
medida que esclarecemos suas condições e
conflitos, em perspectiva crítica.
BBC
Por que os russos são sempre vilões
em Hollywood?
 
De um sádico antigo espião da KGB em Os Vingadores aos
personagens malvados de Duro de Matar – Um Bom Dia para Morrer,
não faltam vilões russos nas telas ultimamente. Políticos e cineastas
da Rússia já deixaram claro seu descontentamento com a maneira
como a indústria cinematográfica americana retrata personagens
russos como os malvados da trama. Houve até uma ameaça de
boicote dos russos aos filmes de Hollywood, trazendo à tona o
debate sobre o risco que os estúdios correm quando decidem
demonizar uma nacionalidade.
BBC
Por que os russos são sempre vilões
em Hollywood?
 
Em agosto, a agência de notícias russa Interfax informou que Batu Khasikov,
membro da comissão de cultura da Assembleia russa, afirmou que "os filmes nos
quais as referências à Rússia fossem negativas ou exibidas de maneira tola
deveriam ter sua exibição proibida nos cinemas do país".
Mas mostrar os russos como vilões é algo que vem de longa data. "Mesmo antes da
Guerra Fria, a Rússia costumava ser representada como uma ameaça geopolítica
ao Ocidente", diz James Chapman, professor de estudos do cinema na Universidade
de Leicester, na Grã-Bretanha. "Mas [esse estereótipo] ganhou uma inflexão
ideológica ainda mais acentuada durante a Guerra Fria, quando começa a
associação não só com a Rússia, mas também com o comunismo soviético".
BBC
Por que os russos são sempre vilões
em Hollywood?
 
Surpreendentemente, a queda do Muro de Berlim não acabou com os vilões russos
das telas. "As coisas nunca se acalmaram o suficiente para a Rússia começar a
sentir que não é um inimigo constante", diz a professora russo-americana Nina
Krucheva, bisneta do líder soviético Nikita Kruchov e radicada nos Estados Unidos.
Acadêmicos veem a postura durona do presidente russo, Vladimir Putin, como o
motivo para a presença cada vez maior de vilões russos atualmente.
"Principalmente depois da volta de Putin à Presidência, com um regime muito mais
linha dura, surgiu essa sensação de que a Rússia continua sendo uma ameaça
geopolítica e uma potência hostil, mesmo depois do fim do comunismo", afirma
Chapman.
BBC
Novo tipo de maldade
 
Se a Rússia representa o sétimo maior mercado de cinema do mundo, por que os
estúdios se arriscam em antagonizar um de seus clientes mais importantes? Uma
possibilidade é que as reclamações dos russos sobre os filmes de Hollywood
podem ter um impacto positivo para os estúdios no que se refere à publicidade. "Os
produtores gostam do interesse e da atenção", diz James Chapman.
se a Rússia representa o sétimo maior mercado de cinema do mundo, por que os
estúdios se arriscam em antagonizar um de seus clientes mais importantes? Uma
possibilidade é que as reclamações dos russos sobre os filmes de Hollywood
podem ter um impacto positivo para os estúdios no que se refere à publicidade. "Os
produtores gostam do interesse e da atenção", diz James Chapman.
BBC
Novo tipo de maldade
 
Com tão poucas nacionalidades para Hollywood demonizar hoje em dia, está claro que os
produtores precisam encontrar novos vilões. 
O autodenominado "Estado Islâmico" poderia ser uma fonte de personagens cruéis, mas a
possibilidade é encarada com cautela porque a organização é composta por pessoas de várias
nacionalidades, incluindo dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Com a complexidade da
geopolítica atual, é possível também que os vilões deixem de ser definidos primariamente por
suas nacionalidades. Para especialistas, uma das tendências será ter como malvados os
poluidores e destruidores do meio ambiente. Esse, aliás, foi o tipo de vilão no filme de maior
faturamento de todos os tempos, Avatar, de 2009.
O problema é que nenhum dos vilões atuais têm o peso daqueles de outrora. Durante a Guerra
Fria, um malvado russo nas telas parecia muito mais ameaçador porque o público sabia que os
Estados Unidos e a União Soviética poderiam entrar em guerra de verdade.
Talvez tenhamos que esperar até que Hollywood encontre uma nova inspiração para reinventar
o supervilão do cinema.
 
A Guerra Fria pode ter
acabado, mas parece
que os Estados Unidos
ainda não esqueceram
os anos conflituosos
com a União Soviética. 
“Eu fui um
comunista para
o F.B.I” (1951)
 
 O drama policial de 1951 trouxe bem a tona o
que os Estados Unidos pensavam sobre a época.
Em Pittsburgh, um agente do F.B.I. trabalha
infiltrado no Partido Comunista durante anos, o
que faz com que a sua família acredite que ele é
um comunista de verdade.
No longa, os comunistas são retratados como
oportunistas, cínicos, racistas e bandidos
violentos, interessados em apenas uma coisa:
tomar o poder em nome da URSS.
Filmes de Hollywood que já alfinetaram a Rússia e a URSSFilmes de Hollywood que já alfinetaram a Rússia e a URSS
Comunistas são retratados como cínicos e violentos
 “Rocky IV” (1986)
 
 
 Sylvester Stallone ressurge como Rocky Balboa
neste longa que mostra o personagem planejando
se aposentar e viver com a sua esposa. Entretanto,
durante uma exibição, um amigo do lutador acaba
sendo espancado impiedosamente por um russo
recém-chegado. Assim, Balboa busca acabar com
aquele homem frio e violento, como são
representados os russos, dando o troco.Ele voa
para a Rússia para treinar para uma luta bem no
dia de natal e lutar contra o inimigo.
Filmes de Hollywood que já alfinetaram a Rússia e a URSSFilmes de Hollywood que já alfinetaram a Rússia e a URSS
“Red 2 – Aposentados e
Ainda Mais Perigosos”
(2013)
 
 
 
 A sequência do filme de comédia traz mais umaaventura para os aposentados mais famosos de
Hollywood. De acordo com Marvin Boggs (John
Malkovich), as suas vidas estão em perigo. Frank
Moses (Bruce Willis) parece não acreditar, mas acaba
sendo levado para um interrogatório e é quase
morto.
A missão é rastrear um dispositivo nuclear portátil
que está desaparecido e a partir daí eles precisam
encontrar maneiras de sobreviver e combater
assassinos, terroristas e oficiais do governo... russos.
Filmes de Hollywood que já alfinetaram a Rússia e a URSSFilmes de Hollywood que já alfinetaram a Rússia e a URSS
“Capitão América:
Soldado Invernal” (2014)
 
 
 
 
 Apesar de achar que a Hydra, uma organização que
tem como intuito dominar o mundo, tenha acabado, a
sequência de “Capitão América” mostra que as
coisas não são bem assim. No segundo filme, o longa
traz um cenário de Estados Unidos repleto de
agentes infiltrados.
Agora, a grande missão do super-herói é combater o
mal e, no filme, o símbolo desse mal é nada mais nada
menos que os próprios russos.
Filmes de Hollywood que já alfinetaram a Rússia e a URSSFilmes de Hollywood que já alfinetaram a Rússia e a URSS
Século XX e seu enigma:
como da fervente
bomba atômica
acabamos na Guerra
Fria?
 
 
O conhecimento físico-químico, de que você pôde desfrutar no vídeo disponibilizado,
pode nos dar uma ideia do quão gigantesco foi o avanço técnico e científico da
primeira metade do século XX: as fissões nucleares foram responsáveis pelas maiores
descobertas, mas também pelas maiores violências contra a humanidade. Dezenas de
milhares de vidas foram mortas instantaneamente na explosão – a eficiência da bomba
é trágica, mas era previsível pelos oficiais estadunidenses que a lançaram; as
centenas de milhares de vidas, humanas e não, que ainda hoje descobrem os efeitos
da das duas explosões em 6 e 8 de agosto de 1945. Essas mudanças sensíveis e em
tão pouco tempo são a característica mais marcante do século XX. O historiador inglês
Eric Hobsbawm o chamou de "breve século", porque seus movimentos decisivos, que
até hoje interferem, no modo de organização de nossas experiências políticas e sociais
se centralizam nas quase exatas sete décadas que vão de 1914 a 1991.
Exibição do vídeo: https://www.youtube.com/watch?
time_continue=126&v=f18W_ITQGa8&feature=emb_logo
Como funciona uma bomba nuclear e por que causa tanta destruição? BBC NEWS
BRASIL/YOUTUBE
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh, não se esqueçam
Da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
 
 
(Vinícius de Moraes. Rio de
Janeiro, 1954)
O início do poema mostra os efeitos da radioatividade nas
vítimas civis que foram atingidas. As crianças, alheias ao
conflito de duas grandes nações, tornaram-se nos versos
de Vinicius de Moraes mudas telepáticas. As meninas
cegas inexatas parecem fazer menção às consequências
da radioatividade nas gerações futuras.
Os versos a seguir tratam das migrações feitas após a
queda da bomba. As cidades atingidas, ambientalmente e
economicamente devastadas, precisaram ser evacuadas
devido ao alto risco de contaminação.
Os versos a seguir tratam das migrações feitas após a
queda da bomba. As cidades atingidas, ambientalmente e
economicamente devastadas, precisaram ser evacuadas
devido ao alto risco de contaminação.
A bomba é comparada com uma rosa porque quando
explodiu, resultou na semelhante imagem de uma rosa a
desabrochar. Uma rosa normalmente está relacionada
com a beleza, no entanto, a rosa de Hiroshima remete
para as horríveis consequências deixadas pela guerra.
Logo a seguir vemos a imagem da rosa se contrapor com
o rastro que é deixado pela bomba. "A rosa hereditária / A
rosa radioativa" exibem o contraste entre a flor, o auge de
um vegetal crescido em um ambiente saudável, e a
destruição causada pelo homem.
O poema de Vinicius de Moraes fala das gerações
afetadas pela guerra e pelo rastro de sofrimento e
desespero deixado nas gerações posteriores. "A rosa com
cirrose" faz referência à doença, ao fumo, uma antirrosa
sem qualquer beleza, "sem cor sem perfume".
 
O poema tenta dar imagem a uma transformação nunca vista no mundo: a capacidade
do homem de conhecer e descobrir coisas o levou a cometer atrocidades. O terror da
Guerra foi calado pelo horror da bomba.
O poeta Vinicius de Moraes, no entanto, não aceita o cálculo da bomba nuclear: nada
se pôde tirar daquele raciocínio mortífero da bomba, afinal, "A rosa hereditária / A rosa
radioativa / Estúpida e inválida" não vitimou só combatentes, mas deixou marcadas
muitas gerações que viriam e que ainda hoje vivem sob o medo de desenvolverem
novas mutações.
 
Imagem da bomba
atômica, que serve
como tema para a
composição de
Vinicius de Moraes.
Imagem da bomba
atômica, que serve
como tema para a
composição de
Vinicius de Moraes.
 
A marca do fim da Segunda Guerra Mundial não foi a libertação de homens e
mulheres, crianças e adultos, mas a abertura para uma expectativa não muito clara,
sem contornos sobre os limites das violências que poderiam aparecer depois.Como
nos declamaria o poeta, a vitória – muitas vezes premiada com uma flor – recebeu de
presente a "antirrosa atômica / Sem cor sem perfume / Sem rosa sem nada."
 
O emprego das armas nucleares tornou-se necessário – segundo as fontes oficiais
norte-americanas – pois visava interromper a guerra e salvar a vida de centenas de
milhares de soldados. Estudos recentes desmentem essa tese e revelam que a
destruição tinha por objetivo impressionar os soviéticos, impedindo o avanço de suas
tropas e marcando, na realidade, o início da Guerra Fria.
(MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Revista scientiæ studia, São Paulo, v. 3, n. 4,
p. 683, 2005)
Da fervente bomba ao frio da guerra ideológica.
 
 
 
A citação do professor e astrônomo brasileiro Ronaldo Mourão (1935-2014), que rompe
com o discurso oficial estadunidense à época, traz à tona uma questão que durante 46
anos marcou o cenário mundial: a Guerra Fria. 
Desde a Revolução de 1917 na Rússia e seu desenvolvimento econômico, militar e
social em torno do princípio socialista, o país assumiu uma posição de destaque por sua
relevância no cenário global. Sendo um dos responsáveis centrais pela derrota do eixo
nazi-fascista no fim da Segunda Guerra Mundial, com o seu futuro adversário, os EUA.
Tal mudança de posição: da aliança à oposição, deu-se pela possibilidade de se
aprofundar as zonas de influências depois do término de uma guerra como a de 1939-
1945. Ora, se há como influir nas decisões e reações de países durante períodos de
exceção como são os períodos de Guerra, porque não pensar essa influência em tempos
de paz?
 
Como você pode ler abaixo, esse é um consenso histórico, o segredo é
entendê-lo bem.
[O historiador] Daniel Yergin, em uma obra considerada clássica, assevera que, em 1945, o mundo
havia sido remodelado pela morte, pela destruição e pela convulsão social. A Alemanha e o Japão
estavam vencidos e ocupados, e os velhos impérios europeus encontravam-se à beira da
desintegração. Para o autor, o antigo sistema internacional baseado na balança de poder havia
ruído, restando apenas duas nações dominantes, os Estados Unidos e a União Soviética.
(Apud. MUNHOZ, Sidney J. Guerra Fria: História e Historiografia. Curitiba, Appris Editora, 2020, p.
4)
 
Mesmo diante de novos desafios como as mudanças climáticas e as desigualdades sociais que
se impõem diante da humanidade, em alguns filmes de ação menos sofisticados ou contos de
ficção ainda persisteum certo receio em relação a bombas nucleares.
Ainda que hoje ele seja mais difícil, pensar a partir dos dados de 2018 sobre a quantidade de
bombas nucleares em posse de países em quase todos os continentes é um choque e tanto.
Em relatório do Instituto de Pesquisa de Estocolmo para a Paz Internacional (em inglês,
Stockholm International Peace Research Institute; com a sigla SIPRI), temos o registro de nove
países que juntos somam quase 15 mil armas nucleares, sendo EUA e Rússia os maiores
detentores desse armamento, com cerca de 6.500 cada um.
O próprio SIPRI é um instituto que tenta cada vez mais viabilizar o desarmamento, porque se
há armas disponíveis, o que garantiria de uma vez por todas que elas não fossem usadas?
Como ter um inimigo em tempos de bombas
atômicas?
 
 
 
 
Mesmo diante de novos desafios como as mudanças climáticas e as desigualdades sociais que
se impõem diante da humanidade, em alguns filmes de ação menos sofisticados ou contos de
ficção ainda persiste um certo receio em relação a bombas nucleares.
Ainda que hoje ele seja mais difícil, pensar a partir dos dados de 2018 sobre a quantidade de
bombas nucleares em posse de países em quase todos os continentes é um choque e tanto.
Em relatório do Instituto de Pesquisa de Estocolmo para a Paz Internacional (em inglês,
Stockholm International Peace Research Institute; com a sigla SIPRI), temos o registro de nove
países que juntos somam quase 15 mil armas nucleares, sendo EUA e Rússia os maiores
detentores desse armamento, com cerca de 6.500 cada um.
O próprio SIPRI é um instituto que tenta cada vez mais viabilizar o desarmamento, porque se
há armas disponíveis, o que garantiria de uma vez por todas que elas não fossem usadas?
Como ter um inimigo em tempos de bombas
atômicas?
 
 
 
 
Se isso se verifica, mesmo que de forma remota nos dias de hoje, como deveria ser o cenário
em pleno embate entre nações, depois de uma experiência catastrófica no Japão como
Hiroshima e Nagasaki?
Como ter um inimigo em tempos de bombas
atômicas?
 
 
 
 
Você pode acompanhar uma pequena síntese dos eventos mais
comumente conhecidos sobre a Guerra Fria, desde as estratégias de
influência cultural até os embates entre espionagens na corrida
armamentista desse período histórico em que a paz era impossível e a
guerra impossível, como a caracterizou o sociólogo francês Raymond Aron
(1905-1983) – inclusive, ele também foi o criador do termo "Guerra Fria".
Indicação de vídeo
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=qlg99VT8aqw
 
A importância do século XX é também gigante quando falamos da experiência
histórica. A expressão do historiador Eric Hobsbawm de que o século XX foi um "breve
século" provoca em um estranhamento: afinal, como um século pode ser breve ou
longo se ele sempre terá 100 anos?
 Deste estranhamento, Hobsbawm consegue nos dar dimensão de como esse século
se diferencia dos demais, mesmo que tenha sido também influenciado por todos os
eventos que o precederam, o século XX nos faz experimentar mudanças históricas de
maneira mais sensível e generalizada.
 
Pense um pouco sobre isso com um exemplo: você imagina sua vida sem a internet ou
acesso à energia elétrica? Você imagina viver em um mundo que não possua
transportes rápidos? Essas mudanças, embora recentes, transformaram os modos de
vida de grande parte da população. Tal como esses exemplos, o historiador precisa
refletir sobre as interferências que o século XX produziu e ainda produz hoje em dia.
 
“A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa
experiência pessoal às das gerações passadas – é um dos fenômenos mais
característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje
crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o
passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é
lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes do que nunca no fim
do segundo milênio.”
(HOBSBAWM, E. A Era dos extremos. O breve século XX. 1914-1991. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995. p.13)
 
Supor que o passado, só porque já passou, não interfere em nosso dia a dia é uma ingenuidade que
não se pode cometer. Tanto as violências que foram testemunhadas no século XX (e as tantas outras
que vivemos hoje) quanto a diminuição dessas violências, só porque aconteceram há menos de 100
anos, são atitudes que fragilizam a humanidade para enfrentar os seus novos desafios.
Se as violências em si produziram morte e dor de tantas pessoas, a nossa irresponsabilidade,
nós que vivemos os dias contemporâneos, de não repetir e reparar essas mesmas violências
se torna ainda mais extravagante e terrível. O papel da História, como bem escreveu o Eric
Hobsbawm, não é encadear os fatos como se fossem causas e efeitos um seguidos dos
outros, mas entender que existem perigos que podem ressurgir, que existem injustiças que
mudaram somente em aparências e direitos que ainda não foram totalmente garantidos,
mesmo depois de declarados.
Presente sem passado só pode produzir um futuro simplista e desigual.
 
Supor que o passado, só porque já passou, não interfere em nosso dia a dia é uma
ingenuidade que não se pode cometer. Tanto as violências que foram testemunhadas no
século XX (e as tantas outras que vivemos hoje) quanto a diminuição dessas violências, só
porque aconteceram há menos de 100 anos, são atitudes que fragilizam a humanidade para
enfrentar os seus novos desafios.
Se as violências em si produziram morte e dor de tantas pessoas, a nossa irresponsabilidade,
nós que vivemos os dias contemporâneos, de não repetir e reparar essas mesmas violências
se torna ainda mais extravagante e terrível. O papel da História, como bem escreveu o Eric
Hobsbawm, não é encadear os fatos como se fossem causas e efeitos um seguidos dos
outros, mas entender que existem perigos que podem ressurgir, que existem injustiças que
mudaram somente em aparências e direitos que ainda não foram totalmente garantidos,
mesmo depois de declarados.
O confronto e as
influências da Guerra Fria
 
O confronto e as
influências da Guerra Fria
 
As charges são recursos interessantíssimos para que possamos
iniciar uma discussão: as imagens podem escancarar as questões
para que nós entendamos seus alcances. Nessa charge, você pode
encontrar dois "jogadores" muito importantes para a Guerra Fria, que
se iniciou ainda no último ano da Segunda Grande Guerra, 1945.
De óculos e à esquerda da imagem está o presidente dos Estados
Unidos, Harry S. Truman, que esteve no cargo de 1945 até 1953; do
outro lado está o líder da União Soviética (ou da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, a URSS), Josef Stáli, que esteve no cargo de
1922 até 1953. Eles correm atrás de uma bola diferente: o globo
terrestre. Aquele que conseguir dominá-la, será o vencedor. O
conflito entre essas nações ocorria já em meio às guerras, mas só vai
ter a sua conformação depois delas.
[O] sistema internacional pré-guerra desmoronara, deixando os EUA diante
de uma URSS enormemente fortalecida em amplos trechos da Europa e em
outros espaços ainda maiores do mundo não europeu, cujo futuro político
parecia bastante incerto – a não ser pelo fato de que qualquer coisa que
acontecesse nesse mundo explosivo e instável tinha maior probabilidade de
enfraquecer o capitalismo (...) e de fortalecer o poder que passava a existir
pela e para a revolução.
(HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos, p. 228)
Os eventos econômicos, sociais e culturais das guerras deixaram
aparentemente instáveis as convicções políticas e econômicas que
estavam consolidadas desde a Revolução Industrial: o capitalismo e
sua forma de produzir se complicam com a Crise econômica de 1929
e a sua quebra financeira, desemprego e fome em índices
gigantescos colocaram esse modo de organização em contraste com
o outro, o comunista.
Os choques e as contradições desse embate entre capitalismo e
comunismo não puderam chegar ao mais bem-acabado confronto
por ocasião da Segunda Guerraque reorientou os esforços contra o
nazifascismo europeu e a sua franca expansão a ser derrotada.
A charge, que abriu nosso texto acima, é boa porque expressa uma
preocupação internacional depois das experiências das duas guerras
mundiais: após acabado o conflito de guerra entre os blocos de
países, o que fazer durante essa tal nova "paz" adquirida?
Superado o inimigo comum foi necessário enfrentar o adversário de
sempre.
Guerra não é só feita por
disparos de armas
 
 
Guerra não é só feita por
disparos de armas
 
 
A maioria dos seres humanos atua como os historiadores: só em
retrospecto reconhece a natureza de sua experiência. Durante os anos
50, sobretudo nos países “desenvolvidos” cada vez mais prósperos,
muita gente sabia que os tempos tinham de fato melhorado,
especialmente se suas lembranças alcançavam os anos anteriores à
Segunda Guerra Mundial. Um primeiro-ministro conservador britânico
disputou e venceu uma eleição geral em 1959 com o slogan “Você
nunca esteve tão bem”, uma afirmação sem dúvida correta.
(HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos, p. 253)
O cenário de aparente melhora, de desenvolvimento e retomada da vida
produtiva no mundo pode nos dar a impressão de que, de fato, a guerra havia
terminado. Aquela guerra, sim. O que não podemos é simplesmente
confundir prosperidade com paz. Se as dinâmicas do jogo mudam, precisam
surgir novas ferramentas que garantam sucesso de um ou de outro país.
Imagine: como não mudar as dinâmicas do jogo? Depois das duas explosões
de bombas em Nagasaki e Hiroshima, a devastação naqueles territórios
japoneses, não era mais possível imaginar uma guerra em que se trocassem
ataques tão violentos como aqueles. O poder nuclear mudou o foco do
disparo potente da arma para a exposição do poder possível da arma.
"Embora o aspecto mais óbvio da Guerra Fria fosse o confronto militar e a
cada vez mais frenética corrida armamentista no Ocidente, não foi esse o seu
grande impacto. As armas nucleares não foram usadas. As potências
nucleares se envolveram em três grandes guerras (mas não umas contra as
outras)."
(HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos, p. 238)
Entende-se, portanto, o que o adjetivo "fria" da guerra: a guerra deverá ser
travada muito mais pelo discurso e zonas de influências do que de fato pelo
confronto direto. É necessário, porém, deixar claro que o tal adjetivo só se
reservará nos territórios das grandes potências, enquanto em outros países
periféricos as temperaturas militares "subirão".
"Abalados pela vitória comunista na China, os EUA e seus aliados (disfarçados
como Nações Unidas) intervieram na Coreia em 1950 para impedir que o regime
comunista do Norte daquele país se estendesse ao Sul. O resultado foi um empate.
Fizeram o mesmo, com o mesmo objetivo, no Vietnã, e perderam. A URSS retirou-se
do Afeganistão em 1988, após oito anos nos quais forneceu ajuda militar ao governo
para combater guerrilhas apoiadas pelos americanos e abastecidas pelo Paquistão.
Em suma, o material caro e de alta tecnologia da competição das superpotências
revelou-se pouco decisivo."
(HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos, p. 239)
A Guerra Fria reorientou a própria essência do conflito de guerra com que se
está habituado a assistir nos grandes filmes: o heroísmo não possui mais a
relevância que tinha, até mesmo pensar nesse heroísmo configura uma
ingenuidade. Nem mesmo para a tradição ele tem efeito mais, porque o modo
de agir entre os inimigos políticos não pode mais apostar na habilidade pura
e simples do seu exército, mas significa enfraquecer as bases e zonas de
influência que esse inimigo tem.
Estratégias políticas e econômicas enquadram todas as estratégias de
guerra: da ocupação militar em países aliados dos inimigos até mesmo à
ostentação de um novo aparato tecnológico a ser veiculado na televisão,
passando por filmes e propagandas contra os modos de vida desses
mesmos inimigos. A nova guerra recriou o conflito internacional sem chance
de volta. Percebamos que as mesmas estratégias dos quase 50 anos de
Guerra Fria ainda surtem efeito nos conflitos internacionais de hoje em dia.
As veias
abertas pela
Guerra Fria
 
As veias
abertas pela
Guerra Fria
 
Estratégias políticas e econômicas enquadram todas as estratégias de
guerra: da ocupação militar em países aliados dos inimigos até mesmo à
ostentação de um novo aparato tecnológico a ser veiculado na televisão,
passando por filmes e propagandas contra os modos de vida desses
mesmos inimigos. A nova guerra recriou o conflito internacional sem chance
de volta. Percebamos que as mesmas estratégias dos quase 50 anos de
Guerra Fria ainda surtem efeito nos conflitos internacionais de hoje em dia.
https://atlas.fgv.br/marcos/revoluc
ao-de-1964/mapas/ditaduras-
militares-na-america-latina-dos-
anos-1960-70
A partir do mapa disponibilizado, faça algumas reflexões:
Qual a primeira evidência que você consegue retirar da observação dele?
Quais pontos comuns conseguem organizar os eventos que esse mapa está
representando?
Convite para análise: repare que o recorte do mapa está na América Latina;
repare também no período histórico que ele está apresentando, mostra-se as
décadas de 1960 a de 1980. Esses dois pontos já podem nos dar a noção de
como a Guerra Fria entre os blocos comunista e capitalista começou a
emplacar seus efeitos nada gélidos nos territórios que não são dos líderes de
cada bloco - EUA (bloco capitalista) e URSS (bloco comunista).
“Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas
naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é
suficientemente conhecida. ”
(HOBBES, Thomas. Leviatã. Editora Abril: Os Pensadores, 1983, p. 75)
A frase do filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) pode ajudar na
compreensão deste momento histórico, mesmo estando tão distante do que
foi a Guerra Fria e das especificidades que encontramos nesse período
histórico.
A filosofia política de Hobbes compreende que a guerra não é o domínio do
confronto direto, mas da consciência de que o tal confronto pode surgir e
desenrolar eventos que eram conhecidos suficientemente em potência pelos
envolvidos. Tal coisa se verifica no mundo pós-1945, porque ainda durante a
Segunda Guerra, tais desdobramentos históricos, culturais, militares e
econômicos que se verificaram nas décadas já podiam ser esperados.
Essa "vontade de travar batalha", portanto, estaria adormecida por conta da
expansão nazifascista no globo, mas faria – assim que interrompida
expansão – orbitar os centros dos dois polos de forças, o capitalismo
estadunidense e o socialista soviético. 
Mas como se comportaram essas "vontades de travar batalha"?
Fotos de desaparecidos e mortos pela ditadura latinoamericana. 
JOSÉ CARVALLIDO/SHUTTERSTOCK
Manifestação argentina pela memória contra a ditadura
BEATRICE MURCH/FLICKR/CC BY 2.0
Manifestação brasileira pela memória contra a ditadura
FELIPE MANOROV GOMES/SHUTTERSTOCK
Essas imagens mostram manifestações de repúdio contra a Ditadura Militar
de seus respectivos países: Uruguai, Argentina, Chile e Brasil,
respectivamente. Todas ditaduras que foram interrompidas na década de
1980. Mas se acabaram, por que seguem acontecendo manifestações como
essas ainda hoje?
"A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos
em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o
homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele
representa como passadas. (...) O estudo da memória social é um dos meios
fundamentais de abordar os problemas do tempo e da história, relativamente
aos quais a memória está ora em retraimento, ora em transbordamento."
(LEGOFF, Jacques. História e Memória. Edunicamp, 1990, p. 423 e 426)
A relação entre memória cotidiana e a memória histórica não é a identificação de uma com
a outra, mas também não é sua completa separação.
Quando acontecem manifestações contemporâneas de resistência contra a ditadura, se
está diante de uma experiência da memória histórica que concretizareceios profundos: a
volta desse regime violento e violador. Quando essa memória histórica transborda para
nossos dias, mesmo que sem se materializar no cotidiano, temos aí uma confluência entre
os tipos de memórias tratadas: a cotidiana se insere na preocupação da memória histórica
porque enxerga os perigos de ela se repetir e retroceder ao ponto de opressões já vividas.
Colocar-se, portanto, a serviço dessa memória que se preocupa e se ocupa em resistir
contra a volta de experiências como as das ditaduras é o fundamento de todo
conhecimento histórico. Afinal, se existem as Ciência Humanas é para a libertação de
todos os controles autoritários.
"A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado
para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva
sirva para a libertação e não para a servidão dos homens."
(LEGOFF, Jacques. História e Memória. Edunicamp, 1990, p. 477)
"A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado
para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva
sirva para a libertação e não para a servidão dos homens."
(LEGOFF, Jacques. História e Memória. Edunicamp, 1990, p. 477)
Quais veias sangram, afinal? Sobre as
ditaduras latino-americanas.
 
 
 
Quais veias sangram, afinal? Sobre as
ditaduras latino-americanas.
 
 
 
MÚSICA 
CÁLICE 
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta?
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
MÚSICA 
CÁLICE 
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
Mas o que isto tem a dizer sobre a dicotomia do mundo em Guerra Fria?
O modo cifrado e enigmático da música nos aponta os sinais de uma violência que fazia
desaparecer e assassinava pessoas. 
https://www.youtube.com/watch?v=wImBk5PO9GQ&t=216s - Visualizar vídeo: A anatomia
da violência e da interferência da Guerra Fria
“Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas
naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é
suficientemente conhecida. ”
(HOBBES, Thomas. Leviatã. Os Pensadores, 1983, p. 75)
Retomar essa citação ao lado da animação disponibilizada acima é um experimento crítico
interessante: se o conflito foi encenado pelos palitos de fósforo de modo evidente e direto
isso não significa que a batalha entre os blocos tenha assim ocorrido. É justamente, aliás,
porque esses confrontos não se realizam tal como estão sendo representados que fica
claro o sentido da frase de Thomas Hobbes. 
Podemos interpretar a animação como uma crítica à guerra e aos ataques militares, já que
todos se tornaram vítimas. Mas mesmo assim, o tratamento deste assunto em plena
Guerra Fria demonstra que o seu tempo é o da véspera de um choque que pode ocorrer e
se vier não será uma grande surpresa.
Retomar essa citação ao lado da animação disponibilizada acima é um experimento crítico
interessante: se o conflito foi encenado pelos palitos de fósforo de modo evidente e direto
isso não significa que a batalha entre os blocos tenha assim ocorrido. É justamente, aliás,
porque esses confrontos não se realizam tal como estão sendo representados que fica
claro o sentido da frase de Thomas Hobbes. 
Podemos interpretar a animação como uma crítica à guerra e aos ataques militares, já que
todos se tornaram vítimas. Mas mesmo assim, o tratamento deste assunto em plena
Guerra Fria demonstra que o seu tempo é o da véspera de um choque que pode ocorrer e
se vier não será uma grande surpresa.

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